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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DOS MATERIAIS

Aula 4 - Sustentabilidade em
engenharia

JOÃO VICTOR MARQUES ZOCCAL


Objetivo

Entender os aspectos mais importantes sobre


sustentabilidade.

Nesta aula

• Desenvolvimento sustentável

• A Agenda 21

• Arquitetura sustentável
Introdução

Sustentabilidade é um conceito sistêmico,


relacionado à continuidade dos aspectos econômicos,
sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Para
ser alcançado o desenvolvimento sustentável, é preciso
considerar que isso depende do planejamento e do
reconhecimento de que os recursos naturais são finitos.
Esse conceito representou uma nova forma de
desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio
ambiente (SILVA et al., 2015).

O desenvolvimento econômico é vital para os países


mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o
mesmo adotado pelos países industrializados, mesmo
porque não seria possível. Se as sociedades do Hemisfério
Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a
quantidade de combustíveis fósseis consumida
atualmente aumentaria 10 vezes, e a de recursos minerais,
200 vezes (WWF, s.d.).

Desenvolvimento sustentável

Sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e


para o ambiente, tanto agora como para um futuro
indefinido. Segundo o Relatório de Brundtland (1987),
sustentabilidade é "suprir as necessidades da geração
presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de
suprir as suas" (PORTAL EDUCAÇÃO, s.d).

Figura 1: Princípios do desenvolvimento sustentável.


Fonte: https://www.todamateria.com.br/desenvolvimento-sustentavel/

Em outras palavras, a sustentabilidade objetiva


possibilitar que os seres humanos, no presente e no futuro,
consigam atingir um nível satisfatório de desenvolvimento
social e econômico, como também de realização humana
e cultural, não se esquecendo de se utilizar de forma
razoavel os recursos naturais, buscando preservar as
espécies e os habitats naturais (OECO, 2014).

Para um empreendimento humano ser sustentável, é


preciso ter em vista 4 requisitos básicos: ser
ecologicamente correto; economicamente viável;
socialmente justo e culturalmente aceito. Um exemplo real
de comunidades humanas que praticam a
sustentabilidade em todos níveis são as ecovilas (Instituto
Valor, 2020).

Um pouco de história

Muitos acontecimentos, ao longo do tempo,


marcaram a evolução do conceito de desenvolvimeno
sustentável, de acordo com a evolução da tecnologia e da
conscientização cada vez maior das pessoas em relação
ao problema de exploração de recursos naturais finitos,
aquecimento global e desenvolvimento. A seguir,
retrataremos os principais (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012).

➢ Em 1968, a criação do Clube de Roma contou com a


participação de economistas, políticos, chefes de
estados e cientistas, os quais buscaram retratar a
busca de um crescimento econômico e sustentável da
humanidade.
➢ Em 1972, ocorreu a Conferência sobre o Ambiente
Humano das Nações Unidas, em Estocolmo, na qual
retrataram a importância da conservação da natureza,
surgindo pela primeira vez o conceito de
"desenvolvimento sustentável".

➢ Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento criou o Relatório Brundtland,
conhecido como “Our Common Future”, formalizando o
conceito de desenvolvimento sustentável.

➢ Em 1992, ocorreu a Conferência das Nações Unidas


sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, dando origem à
Agenda 21, em que se aprovaram a Convenção sobre
Alterações Climáticas, a Convenção sobre Diversidade
Biológica e a Declaração de Princípios sobre Florestas.

➢ Em 1997, ocorreu a 3ª Conferência das Nações Unidas


sobre as Alterações Climáticas, em Quioto,
estabelecendo-se o Protocolo de Quioto, um documento
que retratou poluentes que provocam o aquecimento
global.

➢ Em 2002, ocorreu a Conferência Mundial sobre o


Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo, na qual
buscaram reafirmar o conceito do desenvolvimento
sustentável, dando-se um novo impulso à ação mundial
para combater a pobreza e para a proteção do ambiente.
➢ Em 2007, ocorreu a Conferência de Bali, que teve o
intuito de criar um sucessor do Protocolo de Quioto,
buscando estabelecer metas mais ambiciosas e
exigentes a respeito das alterações climáticas.

➢ Em 2012, ocorreu a Conferência das Nações Unidas


sobre Desenvolvimento Sustentável, na cidade do Rio
de Janeiro, evento que ficou conhecido como Rio+20,
que teve como objetivo a renovação dos
compromissos firmados sobre o desenvolvimento
sustentável.

O Relatório Brundtland

De acordo com Bursztyn e Bursztyn (2012), o Relatório


Brundtland, publicado em 1987, é o documento, também
conhecido como Nosso Futuro Comum, elaborado pela
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Neste documento, o termo
“desenvolvimento sustentável” foi conceituado como “o
desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes,
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
suprir suas próprias necessidades”.
O Relatório Brundtland constitui um documento que
faz parte de uma série de iniciativas, as quais buscam
reafirmar um modelo de desenvolvimento que foi adotado
por muitos países industrializados, e que deve ser
reproduzido pelas nações em desenvolvimento. Este
documento visa a ressaltar os possíveis riscos que todos
apresentamos com o uso excessivo dos recursos naturais
sem considerar a capacidade de suporte dos
ecossistemas (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012).

Em suma, de acordo com Bursztyn e Bursztyn (2012),


o relatório aponta para a incompatibilidade entre
desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e
consumo vigentes. Ou seja, é necessário que exista um
limite mínimo para o bem-estar da sociedade a partir da
visão das relações homem-meio ambiente, como também
deve existir um limite máximo para a utilização dos
recursos naturais, de modo que sejam preservados.

Diante disto, os países devem tomar uma série de


medidas, conforme Bursztyn e Bursztyn (2012), para se
promover o desenvolvimento sustentável, por exemplo:
- limitação do crescimento populacional;
- garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia)
a longo prazo;

- preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;

- diminuição do consumo de energia e desenvolvimento


de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;

- aumento da produção industrial nos países não


industrializados com base em tecnologias
ecologicamente adaptadas;

- controle da urbanização desordenada e integração entre


campo e cidades menores;

- atendimento das necessidades básicas (saúde, ensino,


moradia).

Outras orientações do Relatório Brundtland

O relatório ainda ressalta que a importância do


conceito de desenvolvimento sustentável seja assimilado
pelas lideranças de empresas, tendo uma nova visão na
forma de produzir, ou seja, crescer economicamente sem
degradar o meio ambiente (ROMEIRO, 2012).
Além disto, é necessário que esta visão da cultura da
sustentabilidade seja estendida a todos os níveis da
organização, ou seja, desde o presidente até os operários,
a fim de que seja formalizado um processo de
identificação do impacto gerado diante do processo
produtivo da empresa no meio ambiente, resultando,
dessa forma, na execução de um projeto que alie produção
e preservação ambiental, com uso, por exemplo, de
tecnologia que seja adaptada a esse preceito (ROMEIRO,
2012).

Diante disto, podemos citar medidas que podem ser


utilizadas em programas que visam ao desenvolvimento
sustentável (MATTOZO, 2007), como:

- uso de novos materiais na construção;


- reestruturação da distribuição de zonas residenciais e
industriais;

- aproveitamento e consumo de fontes alternativas de


energia, como a solar, a eólica e a geotérmica;

- reciclagem de materiais reaproveitáveis;

- consumo racional de água e de alimentos;

- redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde


Sustentabilidade ambiental

A sustentabilidade ambiental, segundo Moura (2010),


é uma área que visa, de modo sustentável, à manutenção
das funções e componentes do ecossistema, ou seja, é a
capacidade que o ambiente natural tem de manter as
condições de vida para as espécies, bem como a
qualidade de vida para a humanidade, permeando a beleza
do ambiente, sua função como fornecedor de energias
renováveis, bem como sua habitabilidade.

Ecossistema designa o conjunto formado por todas


as comunidades que vivem e interagem em determinada
região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essas
comunidades. Consideram-se como fatores bióticos os
efeitos das diversas populações de animais, plantas e
bactérias, umas com as outras, e abióticos os fatores
externos como a água, o sol, o solo, o gelo, o vento. Ou seja,
podemos definir ecossistema como sendo um conjunto
de comunidades interagindo entre si e agindo sobre e/ou
sofrendo a ação dos fatores abióticos (KRZYSCZAK, 2010).
Sustentabilidade ecológica

Na economia, crescimento sustentável refere-se a


um ciclo de crescimento econômico real do valor da
produção (descontada a inflação), sendo portanto
relativamente constante e duradouro, assentado em bases
consideradas estáveis e seguras (ROMEIRO, 2012).

Figura 2: Sustentabilidade ecológica.

A gestão sustentável é uma capacidade para dirigir o


curso de uma empresa, comunidade, ou país, por vias que
valorizam e recuperam todas as formas de capital,
humano, natural e financeiro. A gestão de processos deve
ser vista sempre como um processo evolutivo de trabalho
e gestão e não somente como um projeto com início, meio
e fim. Desenvolvimento sustentável não é ambientalismo
nem apenas ambiente, mas sim um processo de equilíbrio
entre os objetivos econômicos, financeiros, ambientais e
sociais (OLIVEIRA, 2012).

A sustentabilidade econômica é um ramo do


desenvolvimento sustentável que objetiva medidas e
políticas que buscam a incorporação de preocupações e
conceitos ambientais e sociais. Diante disto, o lucro é
medido tanto na vertente financeira, como igualmente nas
vertentes ambiental e social, propiciando, dessa forma, o
uso mais eficaz das matérias-primas e dos recursos
humanos (OLIVEIRA, 2012).

Sustentabilidade sociopolítica

A sustentabilidade sociopolítica, na visão do


desenvolvimento sustentável, centra-se no equilíbrio
social, buscando integralizar as vertentes do
desenvolvimento social, como socioeconômica. Neste
sentido, foram desenvolvidos dois grandes planos: a
Agenda 21 e as Metas de Desenvolvimento do Milénio
(RODRIGUES, 2012).
A Agenda 21 é um documento gerado
internacionalmente que visa à tomada de ações a nível
global, nacional e local, por meio de organizações das
Nações Unidas, como também por governos e grupos
locais, nas diversas áreas onde se verificam impactos
significativos no ambiente (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012).

A partir da Declaração do Milênio das Nações Unidas,


adotada pelos 191 estados membros, surgiram As Metas
de Desenvolvimento do Milênio, criadas a fim de sintetizar
acordos internacionais que foram alcançados em várias
cúpulas mundiais ao longo dos anos 1990, onde foram
tratados assuntos relativos ao meio ambiente e
desenvolvimento, direitos das mulheres, desenvolvimento
social, racismo, entre outras (RODRIGUES, 2012).

As Metas de Desenvolvimento do Milênio tiveram


como principais objetivos: integrar os princípios do
desenvolvimento sustentável nas políticas e programas
nacionais e reverter a perda de recursos ambientais; diminuir
de forma significativa a perda da biodiversidade; reduzir para
a metade a proporção de população sem acesso à água
potável e a saneamento básico; alcançar, até 2020, uma
melhoria significativa em pelo menos cem milhões de
pessoas que vivem abaixo do limite da pobreza (RODRIGUES,
2012).
A Agenda 21
A Agenda 21 é o principal documento resultante da
conferência que ocorreu no Rio de Janeiro, no ano de 1992,
sendo mais conhecida por Eco-92 ou Rio-92. É importante
ressaltar que cada país desenvolve a sua Agenda 21. No
Brasil, as discussões são coordenadas pela Comissão de
Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21
Nacional (CPDS) (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012).

Com a Agenda 21, criou-se um instrumento aprovado pela


OMF, internacionalmente, que tornou possível repensar
o planejamento. Abriu-se o caminho capaz de ajudar a
construir politicamente as bases de um plano de ação e de um
planejamento participativo em âmbito global, nacional e local,
de forma gradual e negociada, tendo como meta um novo
paradigma econômico e civilizatório (BURSZTYN; BURSZTYN,
2012).

A Agenda 21 brasileira tem como ações prioritárias os


programas de inclusão social (com o acesso de toda a
população à educação, saúde e distribuição de renda), a
sustentabilidade urbana e rural, a preservação dos recursos
naturais e minerais, e a ética política para o planejamento
rumo ao desenvolvimento sustentável. No entanto, o mais
importante ponto dessas ações prioritárias é o
planejamento de sistemas de produção e consumo
sustentáveis contra a cultura do desperdício (BURSZTYN;
BURSZTYN, 2012).
Arquitetura Sustentável

A arquitetura sustentável é um processo que surgiu


na década de 2000, e objetiva a criação de uma harmonia
entre a obra final, o seu processo de construção e o meio
ambiente. Diante disto, para que esta visão seja eficaz,
este movimento necessita estar em permanente evolução,
buscando estratégias inovadoras e tecnologias para
melhorar a qualidade de vida cotidiana (NUNES;
CARREIRA; RODRIGUES, 2012).

Figura 3: Conceito de cidade verde.


Com isso, de acordo com Nunes, Carreira e Rodrigues
(2012), a abordagem da arquitetura sustentável envolve
principalmente: diretrizes projetuais formais e espaciais;
eficiência energética na construção e sua manutenção;
aproveitamento de estruturas preexistentes;
especificação de materiais utilizados; e planejamento
territorial envolvendo a proteção de contornos naturais.

Projeto sustentável

Uma edificação sustentável é aquela que quantifica


os impactos que causa ao meio ambiente e à saúde
humana, empregando todas as tecnologias possíveis para
diminuí-los. Deve ser uma edificação planejada para
consumir menor quantidade de água, energia e outros
recursos naturais e, além disso, considerar o ciclo de vida
dos materiais utilizados na construção, operação e
manutenção, até o esgotamento e destinação final dos
mesmos.

Um edifício, de maneira geral, pode ainda não atingir a


sustentabilidade, mas pode ser avaliado em itens como o
uso racional da água, se existem sistemas para reuso e
captação, uso de materiais com menor impacto ambiental,
facilidades que oferecem para a reciclagem, durabilidade
das estruturas e baixa manutenção (ARAÚJO, s.d.).
Figura 4: Construção verde.

Avaliação ambiental de edifícios

Um edifício deve ter baixo impacto ambiental,


propiciando boas condições de conforto e saúde para os
usuários. Alguns aspectos a serem considerados são o
baixo consumo de energia para iluminação e ar-
condicionado, racionalização do consumo de água potável
e uso de sistemas construtivos e execução da obra, de
modo a minimizar a geração de resíduos (GOULART, s.d.).

A maioria dos sistemas de avaliação ambiental de


edifícios baseia-se em indicadores de desempenho, que
atribuem uma pontuação técnica em função do grau de
atendimento a requisitos relativos aos aspectos
construtivos, climáticos e ambientais, enfocando o interior
da edificação, o seu entorno próximo e a sua relação com
a cidade e o meio ambiente global (GOULART, s.d.).

Sistemas de aproveitamento de águas pluviais

É um item que pode ajudar a tornar a edificação


sustentável, sendo que a maioria das cidades já exige a
captação e o armazenamento de águas pluviais no projeto
de edifícios. Para muitos serviços, não se justifica mais o
uso de água tratada, como na limpeza de pátios e
calçadas, pisos e paredes, reservas para combate a
incêndio, descargas de bacias sanitárias e mictórios,
limpeza de veículos, além de irrigação de jardins
(GOULART, s.d).

A captação e o uso de águas pluviais diminuem a


demanda de água potável em se tratando do sistema
como um todo, pode diminuir o pico de inundações quando
aplicada em larga escala, de forma planejada, além de,
evidentemente, diminuir as despesas de condomínio.
Existem muitos projetos sobre o assunto, e a maioria dos
esquemas é simples, baseando-se no uso das coberturas
para o recolhimento (GOULART, s.d).
O telhado verde

Trata-se de um projeto que sugere a instalação de


jardins nos telhados de casas e edifícios, com o objetivo
de melhorar a política urbana e resolver problemas
ambientais em escala metropolitana. As vantagens para
as edificações individuais incluem maior eficiência
energética e isolamento térmico otimizado.

Figura 5: Construção verde.

Para a cidade, ocorre a diminuição de inundações


como resultado da retenção de água, bem como a redução
das ilhas de calor devido ao mecanismo de transpiração
das plantas. Em termos globais, pode contribuir para o
controle da emissão do CO 2 pelo crescimento da
vegetação. Alguns projetos que se denominam
sustentáveis incluem esse modelo (GOULART, s.d.).
Habitação popular

Quando se fala em sustentabilidade, pressupõe-se o


uso responsável dos recursos naturais e a redução do
consumo, de forma geral. Entretanto, envolve também o
conceito de que é preciso garantir a todos o acesso aos
bens fundamentais, habitação, saneamento e o consumo
de bens que propiciem uma vida digna (ABIKO; ORNSTEIN,
2002).

Figura 6: Construções populares e meio ambiente.

Introduzir os conceitos de sustentabilidade nos


projetos de habitação popular envolve algumas iniciativas
interligadas. Entre as prioridades, destacam-se: melhoria
das condições socioeconômicas, durabilidade da
construção, acesso, conservação de água e energia
(ABIKO; ORNSTEIN, 2002).
Habitação e ecologia

Conservar o meio ambiente é e


será um dos assuntos mais
discutidos no mundo. As leis,
existindo e regulando as atividades
econômicas, ajudam a alterar, aos
poucos, a conscientização do
empresário, que muitas vezes se vê
forçado a uma alteração de hábitos
por força de multas e penalizações.
A população ainda descarta, de
maneira inadvertida, lixo e
recicláveis misturados, muitas
Figura 7: Habitação e ecologia.
vezes não participando dos
programas de coleta seletiva
existentes nas cidades. Esse hábito, ou falta de hábito,
precisa mudar (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012).

As características de uma habitação ecológica, que


podem ser acrescidas de outras, conforme projetos de um
país, são (GOULART, s.d.):
1. Saúde do usuário: as edificações devem oferecer uma
boa qualidade do ar, da água e de iluminação nos
ambientes.

2. Eficiência energética: o projeto precisa considerar a


eficiência dos sistemas utilizados na iluminação e na
ventilação, reduzindo a perda de calor no inverno e o
aumento da temperatura no verão.

3. Otimizar os recursos naturais para a edificação,


prevendo o reaproveitamento de resíduos da construção
na própria obra, com seleção de materiais de melhor
durabilidade, recicláveis, assim como contar com um
sistema de reaproveitamento de água e aproveitamento
de águas pluviais.

4. Os projetos precisam considerar as alternativas de


implantação de modo a reduzir o impacto ambiental,
mesmo que a redução do tamanho das edificações seja
uma necessidade; o aproveitamento máximo dos
espaços também é uma responsabilidade ambiental.

5. Em relação ao custo, uma edificação ecológica deve


ser boa para o usuário, para o construtor e para as
gerações futuras. O projeto deve permitir fácil adaptação
às necessidades diversas dos usuários.
Conclusão

Podemos perceber que o conceito de sustentabilidade


ainda é amplamente discutido; no entanto, fica claro que, no
momento, não é possível perceber com clareza a
aplicabilidade das ações pactuadas nestas discussões, as
quais buscam pelo desenvolvimento sustentável. Simples
fatos não sustentáveis podem ser notados ainda hoje no
meio urbano, como a não utilização nas edificações de
conforto térmico/acústico, ocorrendo, dessa forma, elevado
consumo de energia elétrica. Vemos, ainda, a degradação de
grandes áreas ambientais, com o descarte de resíduos em
lixões, o lançamento de esgotos domésticos e industriais em
cursos d’água, entre outros.

Percebemos esforços por meio de certos setores


produtivos que estão propondo ações que visam a criar
alternativas sustentáveis para solucionar os problemas
urbanos, como o caso da criação dos programas de
reciclagem de resíduos. Entretanto, para os programas
serem eficientes, os materiais a serem reciclados necessitam
de qualidade, ou seja, separação prévia dos resíduos, o que
normalmente não acontece. Diante disto, a falha é
essencialmente um problema cultural, e deve envolver vários
setores da sociedade, promovendo ações de educação
ambiental, permitindo que todos os envolvidos tenham
conhecimento da importância e abrangência de suas ações
na busca pela sustentabilidade como um todo.

Com esse olhar, devemos ter em mente que a tecnologia


se altera em uma velocidade vertiginosa; no amanhã, a
tecnologia hoje bastante sustentável pode ser obsoleta ou
não mais atender os quesitos de uma construção
sustentável. Diante disto, é sempre necessária a busca por
novas tecnologias que venham a atender as necessidades
primordiais dos seres humanos, sem se esquecer da
preservação dos recursos naturais, para se alcançar o
equilíbrio ecológico e sustentável.

Desta maneira, uma forma para buscar a


sustentabilidade seria se identificar com o conceito
estabelecido no Relatório Brundtland: "suprir as
necessidades da geração presente sem afetar a habilidade
das gerações futuras de suprir as suas".
Referências

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