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Capítulo 14

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: NOVOS DESAFIOS PARA AS


ORGANIZAÇÕES

Mata-Lima, H.; Akamatsu, K.; Alvino-Borba, A.

14.1. INTRODUÇÃO

14.1.1. Desenvolvimento Sustentável


A preocupação com o Desenvolvimento Sustentável (doravante designado por DS)
remonta a Malthus (1766-1834) que se debruçou sobre o problema da escassez de recursos
para uma população em crescimento (vide, e.g., MEBRATU, 1998; BAKER, 2006). Contudo,
o conceito do DS surgiu em 1972 no âmbito da conferência das Nações Unidas, realizada em
Estocolmo (Suécia), que reconheceu a importância da gestão ambiental e do uso da avaliação
ambiental como uma ferramenta de gestão, e tornou-se ‘popular’ em 1980 com a apresentação
do documento intitulado World Conservation Strategy (Estratégia de Conservação Mundial)
pela International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources – IUCN
(União Internacional para Conservação da Natureza e Recursos Naturais) (BAKER, 2006).
A definição mais conhecida do DS consta do relatório Brundtland 1 (intitulado «O
Nosso Futuro Comum»), da Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento, que
estabeleceu o seguinte: “Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras
satisfazerem as próprias necessidades” (WCE, 1987, p. 43). Esta definição está baseada no
fato de que “se a tendência atual de crescimento da população, produção de alimentos, uso e
poluição dos recursos [naturais] continuar, a capacidade de carga do planeta será excedida …”
(BAKER, 2006, p. 18).
A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento, realizada no
Rio de Janeiro-1992 (Declaração do Rio ou Earth Summit 1992), estabeleceu a Agenda 21

1
Gro Harlem Brundtland foi a Primeira Ministra da Noruega que presidiu a World Commission on Environment
and Development – WCED (Comissão Mundial para Ambiente e Desenvolvimento).
que representa um compromisso com o desenvolvimento sustentável, através de um plano de
ação para o desenvolvimento social e econômico que inclua a conservação do ambiente e
recursos naturais. Por conseguinte, todas as nações que se comprometeram com a Agenda 21
devem implementá-la (i.e., incluir progressivamente as dimensões ambiental, econômica e
social no planejamento das políticas de desenvolvimento) ao nível local e regional, sendo
monitoradas pela Comissão Internacional para o Desenvolvimento Sustentável.
Após a Conferência do Rio-92, realizou-se no ano de 2002, em Joanesburgo (África
do Sul), uma nova Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (Earth Summit
2002) que serviu para reforçar o compromisso com o DS mediante, designadamente a
avaliação da evolução alcançada desde a conferência do Rio-92 e definição de novas
estratégias de ação para atingir os objetivos preconizados. Vale ressaltar que o objetivo
crucial consiste em mudar os padrões de produção e consumo das sociedades como condição
sine qua non para alcançar o DS. Nesse sentido, foi reforçada a importância das três
dimensões (ambiental, econômica e sociocultural) como elementos cruciais do DS. É
importante salientar que, em conjugação com as três dimensões mencionadas, deve ser
garantido o uso crescente de tecnologia cada vez mais eficiente (DALY, 1991) – conforme se
representa na Figura 14.1.

Figura 14.1. Dimensões da sustentabilidade

ECONÔMICA

TECNOLÓGICA

SOCIAL AMBIENTAL

Fonte: elaboração própria

Recentemente, em 2012, ocorreu mais uma conferência das Nações Unidades sobre o
tema em apreço, no Rio de Janeiro, conhecida como Rio+20 (ou Rio Earth Summit 2012).
Nesta última conferência foram tomadas decisões relevantes no âmbito de objetivos setoriais,
dos quais se destacam os seguintes (UNITED NATIONS, 2012): Água e Saneamento Básico
– reduzir a poluição da água, aumentar a capacidade de tratamento de esgoto e reduzir perdas
nos sistemas de abastecimento de água; Energia – garantir energia para todos e aumentar a
proporção de energia de origem renovável); Turismo – promover a conscientização ambiental
para preservar os ecossistemas e diversidade cultural, criação de emprego decente
estimulando o ecoturismo e turismo cultural); Transporte – promover um sistema de
transporte sustentável para facilitar o crescimento econômico e mobilidade de pessoas e bens;
Mineração – fortalecer os instrumentos legais e boas práticas no setor de mineração para
promover benefícios socioeconômicos e reduzir os impactos ambientais; e Segurança
Alimentar, Nutrição e Agricultura Sustentável – aumentar o investimento público e
privado na agricultura sustentável, manejo do solo e desenvolvimento rural.
Pelo exposto, o DS pode ser definido como um processo dinâmico que visa
proporcionar um ambiente biofísico, social e psicológico no qual o comportamento do ser
humano esteja harmoniosamente ajustado de acordo com uma abordagem holística que
considere a interdependência com a natureza para satisfazer as necessidades humanas
conservando a capacidade dos sistemas da terra suportarem as gerações (atual e futura) e
reduzindo a fome e a pobreza2.

14.1.2. Sustentabilidade
A sustentabilidade é um conceito que teve origem em pesquisa sobre o comportamento
dos sistemas ecológico e socioeconômico (GOODLAND, 1995). É hoje classificada como
uma ciência que resultou do desafio de satisfazer as necessidades da sociedade mundial em
pleno crescimento demofórico3 preservando os sistemas planetários básicos de suporte à vida
e reduzindo substancialmente a fome e a pobreza (CLARK, 2007).
O Desenvolvimento Sustentável (DS) e Sustentabilidade não possuem o mesmo
significado (vide, e.g., BELL; MORE, 2008), apesar de concorrerem para um mesmo
objetivo. O DS4 tem a humanidade no âmago das suas preocupações (UNCED, 1992) e visa
alcançar uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza (MOLDAN et al.,
2012), ou seja, baseia-se no antropocentrismo5. Por sua vez, a sustentabilidade corresponde ao
estado ou qualidade de uma propriedade do (eco)sistema e subdivide-se em três dimensões
(ambiental, econômica e social) interligadas:
i. Sustentabilidade ambiental (ou ecológica) – significa manter as qualidades e
características do ambiente natural e a sua capacidade de desempenhar todas as suas funções,

2
Esta definição resulta da fusão das definições propostas por Palmer et al. (2005) e Brandon; Lombardi (2011).
3
Envolve os efeitos combinados do crescimento da população em um sentido biológico e da produção-consumo
em um sentido tecnológico (WETZEL, 1996).
4
Maclaren (1996) definiu o desenvolvimento sustentável como um processo através do qual a sustentabilidade
pode ser alcançada.
5
O bem-estar do Homem (resulta do usufruto de bens e serviços oferecidos pela natureza) é reconhecido como o
âmago no contexto do desenvolvimento sustentável (EKINS et al., 2003; MOLDAN et al., 2012).
designadamente a preservação da biodiversidade. É necessário manter a capacidade de stock
do capital natural para garantir a conservação das suas funções (GOODLAND, 1995; EKINS
et al., 2003);
ii. Sustentabilidade econômica – consiste em otimizar o desenvolvimento econômico,
estabilizando o capital econômico, assegurando a distribuição equilibrada dos benefícios pelas
pessoas e considerando os limites (ou capacidade de carga) do ambiente, numa perspectiva de
longo prazo (GOODLAND, 1995; OPOKU; AHMED, 2014);
iii. Sustentabilidade social – significa garantir os valores sociais, tais como a qualidade de
vida, tradição, cultura, acesso a informação e envolvimento participativo dos cidadãos, entre
outras características sociais ao longo do processo do desenvolvimento, considerando a ética e

a responsabilidade social (GOODLAND, 1995; OPOKU; AHMED, 2014).

A sustentabilidade econômica é influenciada pelos impactos negativos das atividades


humanas sobre as funções ambientais e a sustentabilidade social é influenciada pelos impactos
negativos das atividades humanas sobre as funções ambientais necessárias para saúde e bem-
estar humano.
Do exposto resulta que a sustentabilidade depende da manutenção do stock de capital
(manufaturado, humano, social e natural) que oferece um fluxo de serviços para o processo
produtivo e conservação da biodiversidade (vide, e.g., WORLD BANK, 2006; DIETZ;
NEUMAYER, 2007), a saber:
i. Capital manufaturado (ou produzido) – inclui bens materiais como ferramentas,
máquinas, edifícios e infraestrutura necessária para o processo produtivo;
ii. Capital humano – envolve as capacidades dos indivíduos para o trabalho;
iii. Social (ou organizacional) – reflete as características estruturais da organização social que
favorecem a formação de redes, sistema de valores, relações de confiança e envolvimento
participativo que viabilizam a coordenação e cooperação entre os diferentes atores; e
iv. Natural (ou ecológico/ambiental) – responsável pela resiliência6 do ecossistema e envolve
(i) provisão de recursos para produção e consumo – matéria prima que se transforma em
alimento, combustível, madeira, metais, etc.; (ii) assimilação de resíduos resultantes da
produção e consumo; (iii) bem-estar humano através de serviços da paisagem – beleza da
geobiodiversidade; e (iv) oferece função de suporte à vida (e.g., equilíbrio do clima e

6
Resiliência é um termo técnico que surgiu no campo da ecologia nos anos 70 (HOLLING, 1973) e define-se
como a capacidade de um (eco)sistema resistir (ou adaptar-se) e recuperar as suas funções após sofrer
perturbações (HILL CLARVIS et al., 2014).
ecossistemas, proteção contra a radiação ultravioleta que é oferecida pela camada de ozônio)
da qual dependem o Homem e as outras três categorias supracitadas.
A sustentabilidade é hoje uma área interdisciplinar que envolve múltiplas disciplinas,
tais como geografia, física, economia, ecologia, ciência política, ciências sociais ambientais e
humanidades (vide, e.g., HULME, 2011; MACGILLIVRAY; FRANKLIN, 2015). Assim,
importa abordar os conceitos da sustentabilidade fraca e forte que se diferenciam pelo
seguinte (EKINS et al., 2003; GARMENDIA et al., 2010):
i. Sustentabilidade fraca – admite que o bem-estar não depende de um tipo específico de
capital, razão pela qual pode ser preservado através da substituição entre os capitais (ou
dimensões), i.e., assume que receitas financeiras resultantes da exploração do capital natural
podem ser investidas no capital manufaturado que por sua vez substituirá o capital natural;
ii. Sustentabilidade forte – não admite a substituição do capital natural pelo manufaturado
como algo virtualmente certo visto que, por exemplo, o meio ambiente possui algumas
características irreversíveis e o capital natural contém componentes específicos que
proporcionam o bem-estar de maneira particular. Embora possa ser possível admitir a
substituição entre o capital natural (na forma de matéria-prima para produção e consumo
direto) e capital manufaturado7, não há garantia de que isso possa acontecer no futuro devido
à progressiva exigência respeitante à eficiência no uso do recurso, além de não ser possível
substituir sistemas de suporte à vida que têm a função de nos prover de alimentos, água, ar
respirável e clima estável.
Para facilitar a implementação de ações, visando alcançar a sustentabilidade, foram
definidos os princípios da sustentabilidade que devem ser considerados como diretrizes
quando da definição de políticas, planos e programas voltados para conservação das funções
ambientais. A Tabela 14.1 sintetiza o essencial dos princípios da sustentabilidade.

7
A economia já superou restrições na produção e no consumo de recursos no passado. Para obter mais
informações, ver Neumayer (2000).
Tabela 14.1: Princípios da sustentabilidade relacionados com a função ambiental

Tipo de função Princípios da sustentabilidade

Fonte (source) Garantir a renovação dos recursos renováveis (e.g. evitar super exploração de
recursos)
(Habilidade para fornecer
recursos) Usar os recursos não renováveis com prudência (evitar explorar a uma taxa
superior a da criação dos recursos renováveis que os possam substituir).
Sumidouro (sink)
Prevenir o aquecimento global (depleção da camada do ozônio)
(Habilidade de
neutralizar/assimilar resíduos Respeitar as capacidades de carga críticas dos ecossistemas.
e suportar a estresse)
Suporte à vida
Conservar a biodiversidade (essencialmente espécies e ecossistemas)
(Habilidade de conservar a
saúde e funções do Aplicar o princípio de precaução.
ecossistema)
Saúde e bem-estar humano
Respeitar os padrões para a saúde humana (e.g. padrão dos mananciais de
(Habilidade para manter a abastecimento de água)
saúde humana e promover
Conversar a beleza da paisagem natural.
outras formas do bem-estar)
Fonte: elaborada com base no Ekins et al. (2003)

Este capítulo foi redigido com o intuito principal de esclarecer sobre as questões que
dominam o debate do desenvolvimento sustentável e está organizado nas cinco seções
seguintes: Introdução – esclarece sobre o significado do desenvolvimento sustentável e
sustentabilidade e os requisitos a satisfazer para alcançar a sustentabilidade; Agenda do
Desenvolvimento Sustentável – trata das prioridades no âmbito da agenda do DS; O Papel das
Organizações no Desenvolvimento Sustentável – debruça-se sobre o papel das organizações
empresariais no contexto da agenda do DS e abordam-se a importância e os requisitos dos
indicadores de sustentabilidade; e Considerações Finais – apresenta uma súmula dos
principais desafios a ultrapassar rumo ao desenvolvimento sustentável.

14.2. AGENDA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Desde o surgimento da preocupação com o DS (em 1972) até a atualidade não se
registraram mudanças significativas no domínio dos padrões de desenvolvimento na medida
em que, por exemplo, 2/3 da população mundial continuam a viver em regiões pobres (países
do hemisfério sul) e estima-se que existem 2,2 bilhões de pessoas pobres ou quase pobres, os
problemas de poluição e aquecimento global continuam a agravar-se, o crescimento continua
a ocorrer com base na intensificação da economia do carbono, a maior parte das nações
pobres ou em vias de desenvolvimento não consegue melhorar o Índice de Desenvolvimento
Humano – IDH, entre outros aspectos relacionados à degradação sociocultural (vide PNUD,
20148).
A Tabela 14.2 sintetiza os 17 objetivos transversais (integram as dimensões ambiental,
econômica e social) que representam a estratégia mundial para o DS.

Tabela 14.2: Objetivos do desenvolvimento sustentável para 2030


1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre
todos os lugares eles
2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos
melhorar a nutrição e promover agricultura sustentável inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem- 12. Assegurar padrões de produção e consumo
estar para todos sustentáveis
4. Garantir educação inclusiva, equitativa, de 13. Tomar medidas urgentes para combater a
qualidade e promover a oportunidade de aprendizagem mudança do clima e seus impactos
ao longo da vida para todos 14. Conservar e promover o uso sustentável dos
5. Alcançar a igualdade de género e capacitar todas as oceanos, mares e recursos marinhos
mulheres e meninas 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável
6. Garantir a disponibilidade e gestão sustentável da dos ecossistemas terrestres, gerir florestas de modo
água e saneamento básico para todos sustentável e combater a desertificação e perda da
7. Garantir o acesso à energia barata, confiável e biodiversidade
sustentável para todos 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o
8. Promover o crescimento econômico sustentado, desenvolvimento sustentável e facilitar o acesso a
inclusivo e sustentável, bem como pleno emprego e justiça
trabalho decente para todos 17. Fortalecer os mecanismos de implementação e
9. Construir infraestrutura resiliente, promover revitalizar a parceria global para o DS.
industrialização inclusiva e sustentável e estimular a
inovação
Fonte: baseada na United Nations (2012, 2015)

Os 17 objetivos9 incluídos na Tabela 14.2 ilustram bem a existência de interligações


entre as dimensões ambiental, econômica e sociocultural e entre os diferentes estresses
(fatores de pressão) de uma mesma dimensão. Com fim elucidativo, apresenta-se abaixo os
exemplos de interligações apresentados por Susan Baker:

Um bom exemplo de ligações ambientais é o fato da desflorestação causar a erosão do solo que, por sua vez,
pode provocar o assoreamento dos cursos d’água e lagos. Exemplos de ligações entre os estresses (fatores de
pressão) ambientais e padrões de desenvolvimento econômico são quando a política agrícola encoraja o uso
excessivo de fertilizantes que, por sua vez, podem causar a degradação do solo e poluição da água, ou quando a
política de energia se baseia na produção de energia mediante o uso do carvão mineral que desencadeia a

8
Relatório do Desenvolvimento Humano 2014: < http://www.pnud.org.br/arquivos/RDH2014pt.pdf>. Acesso:
29 de novembro de 2015.
9
Convém realçar que os objetivos definidos para 2030 não são tangíveis num período tão curto. Contudo, ao
longo das últimas décadas as organizações internacionais relativas, por exemplo, às Nações Unidades e a União
Europeia têm estabelecido sucessivos objetivos e metas que nunca foram alcançados. Como exemplo de objetivo
e meta fracassada salienta-se o Millennium Development Goals para 2015 (UNITED NATIONS, 2010;
http://www.un.org/millenniumgoals/).
emissão de gases de estufa que, por sua vez, estão ligados à mudança climática. Problemas econômicos e
ambientais estão ligados à fatores sociais e políticos visto que, por exemplo, o rápido crescimento populacional
causa estresses no ambiente físico. Isso, por sua vez, pode ser relacionado com a posição da mulher na
sociedade. Melhorias na posição da mulher em termos social, político, econômico e educativo geralmente
provocam redução na taxa de fecundidade (natalidade) que abranda o crescimento da população. Essas ligações
não ocorrem apenas dentro de cada nação, mas também entre nações – muitas ligações são de âmbito global.
Por exemplo, a agricultura subsidiada do norte inviabiliza a agricultura nos países em desenvolvimento.
Baker (2006, p. 19)

Importa salientar que foram também definidos vários objetivos regionais e setoriais no
âmbito da prossecução da estratégia do DS, que dependem intrinsecamente da contribuição
das organizações empresariais, dos quais se descrevem sinteticamente dois exemplos
(Regional: meta 40–27–27 da União Europeia; Setorial: agenda do turismo) nos subcapítulos
seguintes.

14.2.1. A Meta 40–27–27 da União Europeia


Em 2007, o Conselho Europeu estabeleceu as seguintes metas, no âmbito do pacote de
clima e energia, para o ano de 202010: (1) reduzir em 20 por cento as emissões de gases de
estufa, (2) elevar a contribuição das energias renováveis para 20 por cento no âmbito da
matriz energética e (3) melhorar em 20 por cento a eficiência energética. Em 2014, 6 anos
antes do cumprimento do fim do prazo, os líderes europeus anteciparam como compromisso
para 2030 a atualização das metas anteriores para 40, 27 e 27 por centos, respectivamente.
A definição de objetivos e metas é essencial para fomentar políticas, planos e
programas rumo à sustentabilidade, mas é necessário ter-se o cuidado de verificar se são
tangíveis de acordo com as conjunturas socioeconômicas regional.

14.2.2. Agenda do Turismo


A indústria do turismo é um caso particular visto que, apesar de pertencer ao setor
terciário, exerce grande influência sobre os objetivos do DS porquanto movimenta
internacionalmente mais de um bilhão de turistas por ano, conforme indica a United Nations
World Tourism Organization (UNWTO). A (UNWTO) 11 refere ainda que, em termos de
emissões de CO2, o setor contribui para mais de 5% das emissões globais e as previsões
apontam para um aumento de 130% até 2035.

10
Comissão Europeia: <http://ec.europa.eu/clima/policies/strategies/2030/index_en.htm>. Acesso: 30 de
novembro de 2015.
11
Disponível: <http://www2.unwto.org/> e <http://sdt.unwto.org/>. Acesso: 30 de novembro de 2015.
Para este setor os objetivos não estão definidos em termos mensuráveis, mas irão
contribuir para implementação de ações que contribuem para os objetivos do DS para 2030, a
saber:

i. Garantir o desenvolvimento econômico inclusivo, garantindo emprego decente para todos e


promovendo a cultura e produtos locais (em conformidade com o objetivo 8 da Tabela 14.2);
ii. Desenvolver e implementar ferramentas de monitoramento de indicadores de
sustentabilidade para promover um turismo sustentável que promova o bem-estar das
populações (em conformidade com o objetivo 12 da Tabela 14.2);
iii. Promover o aumento dos benefícios econômicos nas regiões desfavorecidas através do uso
sustentável de recursos marinhos, designadamente através da pesca, aquacultura e turismo
sustentáveis (em conformidade com o objetivo 14 da Tabela 14.2).
Os objetivos acima estão alinhados com a definição da UNWTO segundo a qual o
turismo sustentável é aquele que considera os impactos da situação econômica, social e
ambiental do presente e futuro, incluindo as necessidades dos turistas, da indústria, do
ambiente e das comunidades de acolhimento.
Assim, a conscientização ambiental 12 e social dos stakeholders (e.g. operadores
turísticos, comunidades locais, etc.) é essencial para incentivar um comportamento orientado
para preservação dos ecossistemas e, por inerência, dos serviços por eles oferecidos. Esta
situação assume particular importância no caso dos Small Island Development States13 (SIDS)
que possuem economias frágeis e predominantemente dependentes de serviços como turismo
e, adicionalmente, também exibem ecossistemas sensíveis que já vêm sendo devastados pela
mudança do clima manifestada pelos eventos extremos de precipitação e temperaturas
elevadas (acompanhadas de seca e incêndios florestais).

14.3. O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

14.3.1. Desafios a Enfrentar


A Agenda do DS impõe vários desafios às nações e organizações (e.g., empresas,
instituições de ensino e pesquisa, organismos públicos, etc.) no que concerne à conservação
dos serviços dos ecossistemas e proteção social. Para alcançar os objetivos preconizados é
necessário adotar um plano estratégico mundial que envolva a criação de um quadro jurídico

12
A Global Sustainable Tourism Council possui ações em curso neste domínio: < http://www.gstcouncil.org/>.
Acesso: 30 de novembro de 2015.
13
Disponível: <ec.europa.eu/clima/policies/strategies/2030/index_en.htm>. Acesso: 30 de novembro de 2015.
– medidas coercivas – e normativo cada vez mais exigente, assim como a concretização do
monitoramento dos indicadores de evolução e promoção de benchmarking entre as
organizações. No que diz respeito aos ecossistemas, vale ressaltar que a preocupação está
relacionada com os problemas da poluição resultante do crescimento demofórico,
desflorestação, mudança climática, erosão e degradação do solo e adulteração (química) dos
alimentos. Quanto à proteção social merecem destaque os problemas relativos à fome,
pobreza, desemprego, saúde coletiva e violação dos direitos humanos.
Para responder aos dois desafios acima mencionados (i.e., conservação dos
ecossistemas e proteção social) as organizações deverão:
i. Garantir a conservação dos serviços dos ecossistemas (oferecidos pelo solo, água, atmosfera
e biota) através da redução substancial dos seus aspectos e impactos ambientais
significativos. É oportuno salientar que as organizações, sobretudo as dos setores primário e
secundário, têm um grande contributo a dar no domínio do DS porque exercem um impacto
significativo (direto e indireto) na depleção dos recursos naturais (incluindo a
biodiversidade), na poluição do solo, água e atmosfera e na saúde e bem-estar;
ii. Promover a proteção social aumentando o nível de responsabilidade social à escalas local,
regional e/ou global mediante um envolvimento participativo e proativo nas ações sociais de
combate à pobreza, desigualdade, desemprego e precariedade das condições sanitárias e de
saúde.
Portanto, a contribuição das organizações é fundamental para satisfazer todos os
objetivos descritos na Tabela 14.2, destacando-se os cinco prioritários 14 : (1) Assegurar
padrões de produção e consumo sustentáveis; (2) Reduzir a desigualdade dentro dos países e
entre eles; (3) Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; (4)
Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, bem como pleno
emprego e trabalho decente para todos; e (5) Acabar com a fome, alcançar a segurança
alimentar, melhorar a nutrição e promover agricultura sustentável. No que respeita aos
objetivos sociais, urge introduzir a prática de responsabilidade social nas empresas, conforme
as diretrizes da norma ISO 26000 (Guia Sobre a Responsabilidade Social), e incentivar
parcerias público-privadas visando promover o benefício social desonerando parcialmente o
sistema público (e.g. de previdência social) que, de outra forma, não é sustentável na atual
condição demográfica (i.e. elevado índice de envelhecimento da população).

14
Le Blanc (2014) organizou os 17 objetivos do DS em função da relevância, i.e., do número de outros objetivos
com os quais cada objetivo está ligado.
No âmbito deste capítulo serão abordadas apenas questões relacionadas ao primeiro
objetivo prioritário visto que exerce influência determinante na satisfação dos outros objetivos
do DS. Assim, e tendo em conta que as indústrias de maior intensidade tecnológica 15 –
pertencentes aos setores primário (extração de recursos) e secundário (transformação de
matéria-prima) – possuem aspectos e impactos ambientais mais significativos16 (AZAPAGIC,
2004; YATES, 2013), para assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis é
necessário que os aspectos da sustentabilidade sejam considerados numa perspectiva de ciclo
de vida (extração da matéria-prima, produção, distribuição, uso e manutenção e fim de vida) e
em relação a outros aspectos, tais como funcionalidade e manufaturabilidade (HALLSTEDT
et al., 2015). A esse respeito vale frisar que a sustentabilidade do negócio significa a adoção
de estratégias e atividades que satisfazem as necessidades da organização e os seus
stakeholders (e.g. acionistas, trabalhadores) enquanto protege, mantém e melhora os capitais
humano e natural que serão necessários no futuro.
Portanto, de modo a contribuir para o DS, as organizações deverão expandir as suas
preocupações para além da fronteira do custo e dos objetivos intrinsecamente da qualidade
para incluir também as dimensões ambiental e social da sustentabilidade. Por conseguinte,
importa realçar que a implementação de ações que visem incluir não só os requisitos das
normas ISO 9001 (Gestão da Qualidade) e ISO 14001 (Gestão Ambiental), como também os
das normas OHSAS 18001 (Segurança e Saúde no Trabalho), ISO 9004 (Gestão para o
Sucesso Sustentável de uma Organização) e ISO 26000 (Responsabilidade Social), na
atividade cotidiana da organização, são de importância vital. No que concerne à dimensão
ambiental, as organizações deverão integrar os paradigmas do desenvolvimento de
Brundtland, aqui representados na forma de objetivos-chave e princípios de ecoeficiência, na
sua estratégia (vide Tabela 14.3).

15
No Brasil as indústrias de maior intensidade tecnológica localizam-se nas regiões sudeste e sul (SABOIA,
2013; MATA-LIMA et al., 2014).
16
Significa dizer também que possuem maior Pegada Ecológica (Ecological Footprint) que corresponde ao
impacto que a sociedade (ou simplesmente uma organização) exerce sobre os recursos naturais e ecossistemas
afetando a sua capacidade de carga, considerando a área (do espaço biofísico) e o capital natural que utiliza para
suportar a população e o sistema produtivo quer em termos de recursos consumidos quer em termos de
assimilação dos resíduos gerados (vide, e.g., BAKER, 2006; DIETZ; NEUMAYER, 2007).
Tabela 14.3: Objetivos-chave e princípios de melhoria da ecoeficiência nas organizações

Objetivos-chave Princípios de ecoeficiência


1. Reduzir a intensidade do uso 1. Ser relevante e útil para proteção ambiental, saúde humana e/ou
do material melhoria da qualidade de vida
2. Reduzir a intensidade do uso 2. Facilitar a tomada de decisão baseada em evidências objetivas para
da energia melhorar a performance da organização
3. Reduzir a dispersão de 3. Reconhecer a inerente diversidade do negócio
substâncias tóxicas 4. Privilegiar o benchmarking e monitoramento ao longo do tempo
4. Melhorar a capacidade de 5. Ser claramente definido, mensurável, transparente e verificável
reciclagem de material 6. Ser compreensível e útil para stakeholders (partes interessadas)
5. Maximizar o uso de recursos identificados
renováveis 7. Ser baseado na avaliação integrada dos processos operacionais, produtos
6. Aumentar o ciclo de vida dos e serviços da organização, focando especialmente nas áreas suscetíveis do
produtos controle direto da organização
7. Aumentar a intensidade de 8. Reconhecer assuntos relevantes e úteis relacionados com os aspectos a
serviços. montante (e.g. fornecedores) e jusante (e.g. uso do produto) das atividades
da organização.
Fonte: World Business Council for Sustainable Development, WBCSD (2000)

As indústrias de construção e de mineração estão entre as que possuem aspectos e


impactos ambientais mais significativos (vide Tabela 14.4). Por esse motivo, optou-se por
debruçar sobre a contribuição que devem oferecer para satisfazer os objetivos-chave e
princípios da ecoeficiência acima descritos.

Tabela 14.4: Aspectos ambientais significativos das indústrias de construção (IC) e de mineração (IM)

Aspectos ambientais IC IM
1. Depleção dos recursos não renováveis X X
2. Emissão de poluentes para atmosfera X X
3. Despejo de efluentes líquidos no solo e água X
4. Geração de grandes quantidades de resíduos X X
5. Consumo de combustível fóssil e contribuição para o aquecimento global X X
6. Modificação da paisagem natural e habitats X X
7. Extração de certos minerais metálicos que causa drenagem ácida X
8. Uso de substâncias químicas tóxicas no processo de separação dos minerais. X
Fonte: elaboração própria

No contexto das indústrias de construção e mineração a (1) sustentabilidade ambiental


leva em conta os impactos das atividades sobre o ambiente minimizando os resíduos e usando
a energia e os recursos naturais com eficiência, (2) sustentabilidade econômica implica a
implementação de ações que favorecem o desenvolvimento econômico através da criação de
empregos, melhoria da competitividade e redução de custos de operação e manutenção e (3)
sustentabilidade social requer atuação com ética para melhorar a qualidade de vida das
pessoas respeitando os colaboradores, trabalhando colaborativamente e contribuindo para
reduzir a vulnerabilidade social das comunidades.
Fica claro que a contribuição dessas indústrias para satisfação dos objetivos do
desenvolvimento sustentável requer mudanças profundas, designadamente no processo de
concepção e dimensionamento, produção e transporte dos materiais, uso de energia,
responsabilidade social e ambiental, entre outros. Por outro lado, existem muitas barreiras
(sociocultural e estrutural) às mudanças necessárias para concretização dos objetivos do DS
que são comuns a todas as áreas, das quais se destacam (OPOKU; AHMED, 2014): (1) baixo
nível de conhecimento sobre a sustentabilidade; (2) a percepção de que a sustentabilidade
implica custos adicionais; (3) escassez de recursos humanos qualificados na área; (4) gestão
de conflito de interesses e prioridades entre as várias áreas/objetivos da organização; (5) fraca
contribuição das instituições de ensino superior para formação de técnicos habilitados a
implantar a prática de sustentabilidade nas indústrias; (6) fraca integração entre as diferentes
fases do projeto e membros da equipe; (7) ausência da prática de coleta de dados para o
cálculo de indicadores de monitoramento da sustentabilidade ambiental, econômica e social.
Em consonância com o conteúdo das Tabelas 14.3 e 14.4, Hallstedt et al. (2015)
salientaram que, para promover a ecoeficiência produtiva, as organizações devem responder
às seguintes quatro questões: (1) Quais são os aspectos e impactos ambientais e sociais dos
materiais e químicos usados nos produtos e processo produtivo?; (2) Quais são os aspectos e
impactos ambientais do processo produtivo adotado?; (3) Como ajustar a linha de produção
para melhorar o ambiente de trabalho?; (4) Como melhorar o design do produto de modo a
viabilizar a reciclagem e prolongar o ciclo de vida dos materiais?
As questões acima estão diretamente relacionadas com a dimensão ambiental da
sustentabilidade, sendo, por isso, necessário que a organização contemple também questões
de foro socioeconômico. É oportuno salientar que ecoeficiência pressupõe que o desempenho
econômico e ambiental de um sistema (vide equação 1) seja melhorado e integra um conjunto
de ações visando a produção mais limpa, conforme discrimina a coluna esquerda (objetivos-
chave) da Tabela 14.4.

𝑉𝐸𝐶
𝐸𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = (1)
𝐼𝐴
onde: VEC – valor econômico criado (e.g. renda, produtos, serviços, emprego, etc.) e IA –
impactos ambientais provocados pelo produto ou serviço.
14.3.2. A Importância dos Indicadores de Sustentabilidade
O desenvolvimento sustentável requer ferramentas que permitam medir e comparar os
impactos (ambiental, econômico e social) das atividades das organizações. No contexto das
organizações, o indicador de sustentabilidade pode ser entendido como uma medida
quantitativa que permite verificar e comunicar tendências e progresso ao longo do tempo, no
que concerne as dimensões ambiental, econômica e social. Desempenham um papel
importante como ferramenta para sintetizar informação relevante para planejamento e gestão
das atividades das organizações visto que subsidiam a tomada de decisão, baseada em
evidências objetivas, no âmbito do processo do desenvolvimento sustentável.
Existem várias propostas de indicadores para medir a sustentabilidade ambiental,
econômica e social das organizações. Para garantir melhor entendimento e comparabilidade,
os indicadores devem denifir (1) unidade de medida (e.g. kg, hora, porcento, moeda, número,
etc.), (2) tipo de medição (i.e. pode ser medido em termos absoluto – consumo de água em m3
num ano – ou relativo – volume de água consumida por unidade do produto/horas de
trabalho), (3) período de medição (i.e. intervalo de tempo com que o indicador deverá ser
calculado) e (4) abrangência (i.e. envolver todo o ciclo de vida do produto/serviço ou limitar-
se ao perímetro da empresa).
De um modo geral, as organizações devem implementar um sistema de avaliação de
indicadores com as seguintes finalidades: (1) evidenciar a sua contribuição para
conservação ou melhoria da qualidade/situação ambiental e socioeconômica; (2) controlar
o nível de alcance dos objetivos e metas de curto, médio e longo prazo; (3) diagnosticar a
situação de referência (antes da intervenção) para comparar com a evolução posterior; (4)
comparar os impactos dos diferentes resultados ou processos dentro da organização ou
entre organizações diferentes; (5) reduzir a quantidade e complexidade de informação para
tomada de decisão; (6) facilitar a comunicação entre os stakeholders por permitir fácil
interpretação; e (7) instrumentalizar a etapa de monitoramento (follow-up) após a
implementação para acompanhar e avaliar continuamente um determinado programa de
ação.
Os métodos de cálculo de indicadores estão fora do escopo deste capítulo, mas
salienta-se que, em termos de indicadores operacionais para as organizações industriais, os da
Global Reporting Initiative (www.globalreporting.org) são indicados como mais adequados
porque permitem métodos de cálculo mais objetivos e ajustados ao contexto das organizações,
além de facilitarem o benchmarking entre organizações do mesmo setor17.

14.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


As organizações que se comprometem com a agenda do desenvolvimento sustentável
devem integrar as dimensões ambiental, econômica e social na avaliação dos impactos das
suas decisões.
Desenvolvimento sustentável requer que sejam adotadas estratégias que viabilizem o
uso de recursos naturais renováveis sem que sejam esgotados ou degradados ao ponto de ficar
comprometida as suas funções para as gerações futuras. Quanto aos recursos não renováveis,
a intensidade do uso não deve exceder a capacidade de criação de substitutos renováveis, ou
seja, a sua depleção (e.g. fontes de energia primária ou de matéria-prima) deve ser
suficientemente lenta para permitir uma transição gradual para o uso predominante de
recursos renováveis.
O capital natural encontra-se sob crescente pressão devido ao acentuado crescimento
demofórico que intensifica os estresses (fatores social, cultural e econômico), razão pela qual
as organizações devem identificar as atividades (ou ações) com mais aspectos (e.g. consumo
de recursos, emissões para a atmosfera, geração de resíduos, criação de condições de
vulnerabilidade) e impactos ambientais (e.g. poluição do ar, solo e água, degradação das
condições de vida) negativos. Entendendo-se o ambiente como capital natural que garante os
serviços do ecossistema necessários para suster atividades econômicas e o bem-estar social.
As organizações estão habituadas a dedicar atenção aos fatores tradicionais que
influenciam a rentabilidade, a economicidade, a produtividade e (mais recentemente e em
menor escala) a inovação. Por isso, têm larga experiência na avaliação de indicadores
financeiros e de produtividade (incluindo qualidade) que sempre foram indicados como
cruciais para monitorar o desempenho e garantir a sua sobrevivência. O contexto atual exige
que os princípios da sustentabilidade (inclui a responsabilidade social) façam parte da
estratégia das organizações, razão pela qual devem integrar progressivamente os indicadores
de sustentabilidade na análise do desempenho periódico. Por outro lado, a criação de
legislação exigente, conjuntamente com a crescente pressão social, será fundamental para
acelerar o processo de consolidação da prática de sustentabilidade mediante a demonstração
de preferência por produtos e serviços oferecidos por organizações com melhores indicadores

17
Existem outros trabalhos esclarecedores sobre os indicadores de sustentabilidade, tais como os da World
Business Council for Sustainable Development (WBCSD, 2000) e Veleva; Ellenbecker (2001).
de sustentabilidade. As instituições de ensino superior (IES) também podem desempenhar um
papel determinante no âmbito da difusão das práticas de sustentabilidade se melhorarem a
inserção desta ciência nos planos pedagógicos dos cursos onde se formam os futuros
membros da comunidade e líderes políticos e organizacionais (vide, e.g. RALPH; STUBBS,
2014).

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