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Conferências Mundiais e a

Educação Ambiental
Breve Retrospectiva

Profa. Dra. Márcia E. S. Carvalho - DGE/UFS


Curso de Especialização em Educação Ambiental / CESAD/UFS
MÓDULO 1 – EA, sujeitos e identidades
Síntese:

 Com o objetivo de lidar com o rápido crescimento econômico oriundo da industrialização e


urbanização, as conferências mundiais sobre meio ambiente se propunham a lançar estudos, metas e
diretrizes que pudessem nortear os países para um desenvolvimento pautado na perspectiva da
sustentabilidade durante as próximas gerações.

 Refletir sobre o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade


Marco Temporal das Principais
conferências mundiais sobre meio
ambiente
1968 e 1971- primeiras reflexões

 Tem-se como o primeiro registro de preocupação mundial com a educação ambiental a


reunião de 1968, em Roma, quando alguns cientistas dos países desenvolvidos discutiram
temas sobre o consumo e as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento
da população mundial.
 De acordo com Sato (2004, p.23), a primeira definição para a Educação Ambiental foi
adotada em 1971 pela Internacional Union for the Conservation of Nature (União
Internacional pela Conservação da Natureza), aonde os conceitos ali definidos vieram a
sofrer ampliações posteriormente pela Conferência de Estocolmo e depois pela
Conferência de Tbilisi na Geórgia
1972 - Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia

 Em 1972, acontece em Estocolmo na Suécia à primeira Conferência Mundial das Nações


Unidas sobre Meio Ambiente Humano, começava aí a ser objeto de discussão a nível
internacional, a educação ambiental. Foi definida nesta Conferência uma série de medidas
e princípios para uso ecologicamente correto do meio ambiente, várias nações fizeram
parte deste encontro, inclusive o Brasil, vários temas relacionados ao Meio Ambiente
Humano foram debatidos, temas como poluição dos oceanos, ar e águas, crescimento
desordenado das cidades e o bem-estar das populações de todo o mundo. Mas os maiores
avanços da Educação Ambiental e da consciência ambiental foram realmente intensificados e
se tornaram mais conhecidos particularmente nas décadas de 80 e 90.
 Acontecimento ao qual se atribui a inserção da temática da Educação Ambiental (EA) na
agenda internacional. Dela resultou a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma) , que viria a dividir com a Unesco as questões relativas à Educação
Ambiental no âmbito das Nações Unidas
1975 - Seminário Internacional sobre Educação
Ambiental em Belgrado

 Mais a frente em 1975, em Belgrado cerca de 65 países enviaram especialistas para o


encontro de Belgrado, nesse encontro vários temas foram discutidos e foi a partir dessas
discussões que surgiu a criação de um Programa Mundial de Educação Ambiental.

 Dessa conferência saíram as definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a


Educação Ambiental, que até hoje são adotados em todo o mundo. O documento foi
intitulado como Carta de Belgrado
1977 - Conferência Intergovernamental Ambiental,
organizada pela Unesco, realizada em Tbilisi na Geórgia

 Mas foi em Tbilisi em 1977 que aconteceu a conferência mais marcante da história da
Educação Ambiental, em sua declaração foram definidos princípios, estratégias, objetivos,
funções, características, e recomendações para a Educação Ambiental.

 Foram enunciadas 41 recomendações sobre Educação Ambiental, incluindo a


interdisciplinaridade e multidisciplinaridade
 Nos anos seguintes ocorreram diversos eventos voltados para a Educação Ambiental dentre
os quais estão os seguintes:
 Comissão Brundtland em 1987, publicou o relatório Nosso Futuro Comum;
 a ECO 92 no Rio de Janeiro 1992 definiu a Agenda 21 com destaque o dilema da relação
homem-natureza e também combate às desigualdades sociais,
 Outras conferências: Viena 1993, Cairo 1994, Copenhagem e Beijing 1995, Roma e
Istambul 1996, Milênio em New York em 2000 e a Cúpula do Desenvolvimento
Sustentável em Joanesburgo em 2002.
Relatório Brundtland (1987)

 Em 1983 foi criada pela Assembléia Geral da ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento - CMMAD, que foi presidida por Gro Harlem Brundtland, na época primeira-ministra da
Noruega
 O trabalho surgido dessa Comissão, em 1987, o documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum) ou,
como é bastante conhecido, Relatório Brundtland, apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento,
definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de suprir suas próprias necessidades”. É a partir daí que o conceito de desenvolvimento sustentável passa a
ficar conhecido.
 Esse documento foi norteador para a Eco-92, que vem logo em seguida, servindo para embasamento e para definir a
ideia de desenvolvimento econômico. Chamado de Nosso futuro em comum, é resultado de um estudo, sendo
lançado em 1987, pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.
 Neste documento foi abordado a impossibilidade de se manter o crescimento econômico, como conhecemos
atualmente, no mesmo tempo que se preservam recursos e um meio ambiente saudável para as próximas gerações.
Nele, diversas ideias para tornar o desenvolvimento realmente sustentável foram propostas, desde a limitação do
crescimento populacional à detenção de conflitos e de guerras.
Soluções apontadas no Relatório da Comissão Brundtland:

 diminuição do consumo de energia;


 limitação do crescimento populacional;
 garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo;
 preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
 diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas
renováveis;
 aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias
ecologicamente adaptadas;
 controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores;
 atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia);
 o desenvolvimento de tecnologias para uso de fontes energéticas renováveis e o aumento da produção
industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas.
1992 - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento

 Também conhecida como Eco-92, Rio-92 e Conferência de Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro,
Brasil - Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global,
elaborado pela sociedade civil planetária em 1992, no Fórum Global.
 Foi criada a Agenda 21 como plano de ação. Foi recomendado que a educação ambiental fosse
incorporada como essencial parte da aprendizagem em todos os níveis de educação -Capítulo 36
 179 países participantes da Rio 92 acordaram e assinaram a Agenda 21 Global, um programa de ação
baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de
promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado “desenvolvimento
sustentável”. O termo “Agenda 21” foi usado no sentido de intenções, desejo de mudança para esse
novo modelo de desenvolvimento para o século XXI.A Agenda 21 pode ser definida como um
instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases
geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
 Acessem o link a seguir para visualizar o documento na íntegra da Agenda 21:
https://antigo.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global.html
Eco-92 (92)
 Após 20 anos da Conferência de Estocolmo, a ECO 92 ou Rio-92, organizada no Rio de Janeiro pela
ONU, promoveu os mesmos temas sob a óptica dos novos conhecimentos que surgiram, como por
exemplo o Relatório de Brundtland.
 Obteve como resultado a Agenda 21, que, na busca de solucionar as problemáticas ambientais
verificadas pelos estudos anteriores, elaborou um conjunto de estratégias e direcionamentos como
modelo de planejamento para os países participantes.
 Em tese, cada país desenvolve a sua agenda com base no modelo geral. A Agenda 21 brasileira, foi
estruturada e apresentada no ano de 1997, com o objetivo de aplicar os conceitos do desenvolvimento
sustentável no Brasil.
1997 - Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e
Sociedade: educação e Consciência Pública para a
Sustentabilidade, em Thessaloniki, Grécia

 Foi reconhecido que, passados cinco anos da Rio-92, o desenvolvimento da Educação


Ambiental era insuficiente, configurando-se a necessidade de uma mudança de currículo
Desenvolvimento sustentável: reflexões necessárias

 A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir


as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades
das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
 Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada
pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o
desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
 VÁRIAS CRÍTICAS AO USO DESTE TERMO POIS NÃO ATENDE A PERSPECTIVA DE
SUSTENTABILIDADE REAL

https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/
Sustentabilidade
 Ignacy Sachs - Teoria das Dimensões da Sustentabilidade de Ignacy Sachs. O desenvolvimento sustentável está
encoberto por 08 dimensões, quais sejam, ecológica, econômica, social, cultura, psicológica, territorial, política
nacional e internacional. Cada dimensão possui institutos e características próprias, devendo conceber que o
desenvolvimento sustentável somente é alcançado quando todas estiverem delineadas. Ao final conclui-se que o
desenvolvimento sustentável transcende o simples crescimento econômico prevendo a proteção do meio ambiente

 A educadora Isabel de Carvalho propõe o uso do termo Sociedades sustentáveis. Este termo foi criado por J.
Robinson (1990) - desenvolve mais especificamente o conceito de "sociedades sustentáveis".

 Também para ele, o termo sociedade sustentável é mais apropriado que o de "desenvolvimento sustentável", pois é um
conceito mais amplo que este último. Esse autor define sustentabilidade como a persistência, por um longo período
(indefínite future) de certas características necessárias e desejáveis de um sistema socio-poiítico e seu ambiente natural.
A sustentabilidade é considerada por ele como um princípio ético, normativo e, portanto não existe uma única definição
de sistema sustentável. Para existir uma sociedade sustentável é necessária a sustentabilidade ambiental, social e
política, sendo um processo e não um estágio final. Ao mesmo tempo, não se propõe um determinado sistema sócio -
político que dure para sempre, mas que deva ter capacidade para se transformar.
SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Nobel, 1993. SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento
sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. SACHS, Ignacy. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
Sociedades e comunidades sustentáveis Dr. Antonio Carlos Diegues Diretor Científico do Nupaub-USP 2003, SP . Disponível em>
https://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/color/comsust.pdf
2002 - Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável (CMDS), em Johannesburgo, em 2002
 conhecida como Rio + 10 - Recomendou que a ONU proclamasse uma decênio para a
educação quando ao desenvolvimento sustentável, de 2005-2014 foi declarado como
Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável
 Com o objetivo de acompanhar o cumprimento das metas definidas na RIO-92 através da
Agenda 21, 10 anos depois se estabeleceu a RIO +10, que apesar do nome ocorreu em
Joanesburgo, na África do Sul.
 As resultantes foram poucas além da inserção do debate social na esfera ambiental.
Poucos países assinaram o Protocolo de Kyoto e, além disso, as metas foram vagas em
suas definições sem abordarem prazos para os seus cumprimentos.
2007 - 4ª Conferência Internacional sobre
Educação Ambiental, em Ahmadabad, Índia

 Foi aprovada a Declaração de Ahmedabad 2007: uma chamada para a ação, com o
subtítulo Educação para a Vida: a Vida pela Educação
Conferências das Partes (COP`s)

 São conferências mais frequentes, realizadas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança
Climática, autoridade no estudo de clima e de poluição atmosférica.
 Criada durante a ECO-92, as COP`s se estabelecem como um marco das conferências por viabilizar a
discussão e a verificação frequente das metas estabelecidas durante outras reuniões.
 Tem como um dos principais resultados o Protocolo de Kyoto, desenvolvido na terceira COP na cidade
de Kyoto, que define algumas metas para a diminuição da emissão de gases do efeito estufa.
 A primeira ocorreu em 1995 em Berlin, na Alemanha e a ultima, A COP-27, foi o evento mais importante
e o maior já realizado sobre o tema das mudanças climáticas. A 27ª edição, a COP-27, aconteceu entre os
dias 6 e 18 de novembro de 2022 em Sharm El Sheikh, no Egito.
 Para saber mais acesse: https://ipam.org.br/entenda/o-que-sao-as-conferencias-das-partes/
Rio + 20 (2012)

 Realizada no Rio de Janeiro com o objetivo de discutir a renovação dos acordos de


sustentabilidade envolvendo os diferentes países, a Rio +20 contou com a presença de
representantes de 183 países, entre eles o Irã e o Vaticano.
 Os objetivos giravam em torno dos debates anteriores, com o diferencial da formalização
de planejamentos que considerassem melhor o aspecto institucional e político das metas
a serem atingidas.
Frutos destas conferências:

 Como consequência das conferências ambientais, tivemos diversos tratados e acordos que surgiram entre
os diferentes países, para alcance conjunto das metas definidas e redução de impactos analisados e
previstos pelos estudiosos.
 Documentos importantes como o Relatório Brundtland, estabeleceram os nortes em que ainda nos
baseamos para seguir rumo a uma sociedade onde se apliquem os conceitos de sustentabilidade.
 Desta forma, as conferências ambientais configuram a arena do planejamento ambiental e das
necessidades econômicas. São nelas que ocorrem a definição de diretrizes que podem mudar nações e
todo o planeta, ou ainda de conceitos que influenciam a dinâmica do mercado, as empresas e a sociedade,
como por exemplo, a sustentabilidade. Sendo assim, imprescindíveis para o nosso futuro.

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