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ANÁLISE DA PEGADA ECOLÓGICA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E


PERSPECTIVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
 
Gisele Aparecida Fidelis
 
RESUMO

Na década de 1960, a humanidade começou a se preocupar com a natureza e


considerar questões sociais, políticas, ecológicas e econômicas com o uso
racional dos recursos. Rees (1992) contribuiu com o uso de indicadores de
sustentabilidade a partir do momento em que elaborou um índice chamado
Pegada Ecológica. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar o
comportamento de jovens em relação ao consumismo e preocupação com o
desenvolvimento sustentável utilizando para isso o indicador Pegada Ecológica.
A verificação dos dados evidencia que os jovens estudantes não estão muito
preocupados com os problemas ambientais. O consumismo é elevado e muitos
deles, inclusive, ainda não sabem o significado de conceitos que se tornam
comuns em noticiários e revistas. Dessa forma, se faz necessário a
conscientização dos alunos por meio de palestras, oficinas e projetos na busca
da formação de cidadãos mais responsáveis com a natureza.
 
Palavras chave: Desenvolvimento sustentável. Pegada Ecológica.
Consumismo. Conscientização.

INTRODUÇÃO

Após a Segunda Guerra Mundial, a discussão dos conceitos de


desenvolvimento e subdesenvolvimento se torna relevante. Neste cenário
mundial, o padrão de desenvolvimento estava ligado a parâmetros econômicos
como o PIB (Produto Interno Bruto), a economia de mercado evoluída e a
especialização da sociedade. No final da década de 1960 surgiram modelos
alternativos de desenvolvimento que se desligava dos aspectos puramente
econômicos e consideravam outros benefícios, tais como qualidade de vida
físico-mental, conforto, higiene, educação e também reconhecia as
características negativas do chamado “mundo desenvolvido” como os fatores
de poluição e a degradação ambiental. A partir dessa época, o desenvolvimento
e crescimento econômico não eram mais sinônimos de qualidade de vida
(SANTOS, 2004).
Nessa mesma década, a humanidade começou a se preocupar com a
natureza e considerar questões sociais, políticas, ecológicas e econômicas com
o uso racional dos recursos. O fato que marcou essa mudança de
comportamento foi a criação do Clube de Roma, em 1968, o qual foi constituído
por um grupo de trinta especialistas de diversas áreas e países, com o objetivo

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de promover a discussão do uso dos recursos naturais e o futuro da


humanidade.
Em 1972, esta organização publicou o relatório “Os limites do
crescimento”, no qual foram estabelecidos modelos globais baseados em
técnicas de análise de sistemas, projetados para predizer como seria o futuro
se não ocorressem ajustamentos nos modelos de desenvolvimento econômico
adotados. As análises dos modelos indicavam que o crescente consumo levaria
a humanidade a um limite de crescimento, possivelmente a um colapso (DIAS,
2002). Ainda em 1972, a Organização das Nações Unidas promoveu a
Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, também chamada
Conferência de Estocolmo, a qual reuniu 113 países, com o objetivo de
estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração
e orientação à humanidade, para a preservação e melhoria do ambiente
humano. Nesta ocasião, foi criada a Declaração sobre o Ambiente Humano
estabelecendo um Plano de Ação que serviria de base para o surgimento de
instrumentos de políticas de gestão ambiental.
O conceito de sustentabilidade surgiu em 1980 durante o encontro
internacional The World Conservation Strategy e a partir desta data passou a
ser utilizado com maior frequência, interligando as questões econômicas,
sociais e ambientais buscando embasar uma nova forma de desenvolvimento
(SICHE et al., 2007).
Em 1983, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento também chamada
Comissão Brundtland, com o objetivo de reavaliar os principais problemas do
meio ambiente e de desenvolvimento no planeta, formular propostas de
soluções viáveis e garantir o progresso humano de uma maneira sustentável.
Entretanto, somente em 1987 foi divulgado o relatório oriundo desta Comissão,
o qual tratou das preocupações, desafios e esforços comuns que buscavam o
desenvolvimento sustentável (DIAS, 2002). Nessa ocasião, o termo
sustentabilidade foi bem explicado e definido como “o desenvolvimento que
satisfaz as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras
gerações em satisfazer as suas necessidades” (WECD, 1987).
Mais tarde, em 1992, foi realizada a Conferência da ONU sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento - conhecida como Rio 92 - na qual reuniram-se
representantes de 179 países com o objetivo de analisar a situação ambiental
no mundo. Neste encontro foi produzida a Agenda 21, que consiste em um
Plano de Ação para as Nações visando o desenvolvimento sustentável, em que
foram estabelecidas mais de 2.500 recomendações práticas para preparar o
mundo para os desafios do século XXI. Trata-se, portanto, de um documento
que tem como objetivo promover um novo padrão de desenvolvimento, tendo
em vista a sustentabilidade e a integração dos aspectos sociais, econômicos,
ambientais e culturais.
De acordo com o capítulo 4 da Agenda 21 (CONFERÊNCIA DAS
NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 2001)
como parte das medidas a serem tomadas no plano internacional para a
proteção do meio ambiente é necessário levar plenamente em conta os atuais
desequilíbrios nos padrões mundiais de consumo e produção. Especial atenção
deve ser dedicada à demanda de recursos naturais gerada pelo consumo
insustentável, bem como o uso eficiente desses recursos, coerentemente com
o objetivo de reduzir ao mínimo o esgotamento desses recursos além de primar
pela redução da poluição. Dessa forma, o principal objetivo deste capítulo da

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Agenda 21 é adotar medidas que promovam padrões de consumo e produção


que reduzam as pressões ambientais e atendam às necessidades básicas da
humanidade assim como desenvolver uma melhor compreensão do papel do
consumismo e da forma de se programar padrões de consumo mais
sustentáveis.
De acordo com o capítulo 40 da Agenda 21:
 
É preciso desenvolver indicadores do desenvolvimento
sustentável que sirvam de base sólida para a tomada de
decisões em todos os níveis e que contribuam para uma
sustentabilidade auto-regulada dos sistemas integrados de
meio ambiente e desenvolvimento (CONFERÊNCIA DAS
NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO, 2001, p. 257).
 
Rees (1992) contribuiu com o uso de indicadores de sustentabilidade a
partir do momento em que elaborou um índice chamado Pegada Ecológica ou
EF (do inglês Ecological Footprint). Wackernagel e Rees (1996) definem o
conceito de Pegada Ecológica e a associam à sustentabilidade de uma
determinada área. De acordo com esses autores, a Pegada Ecológica é a área
correspondente de terra produtiva e ecossistemas aquáticos necessários para
produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos produzidos por uma
dada população, sob um determinado estilo de vida.
No Brasil, a Pegada Ecológica é uma ferramenta muito utilizada pelos
especialistas de diferentes esferas da sociedade e que trabalham com o
conceito de desenvolvimento sustentável. Os mais variados especialistas da
área de meio ambiente afirmam que uma ferramenta de avaliação pode ajudar
a transformar a preocupação com a sustentabilidade em uma ação pública
consistente (VAN BELLEN, 2004).
Um índice de sustentabilidade como a Pegada Ecológica tem como
objetivo explicar os mecanismos e lógicas atuantes na área a ser analisada e
quantificar os fenômenos mais importantes que ocorrem no sistema. Dessa
forma, será possível conhecer como a ação humana está afetando seu entorno,
alertar sobre os riscos de sobrevivência humana e animal, prever situações
futuras e guiar melhores decisões políticas (SICHE et al., 2007).
Segundo WWF (2007), a Pegada Ecológica não é uma medida exata e
sim uma estimativa. Ela nos mostra até que ponto a nossa forma de viver está
de acordo com a capacidade do planeta de oferecer, renovar seus recursos
naturais e absorver os resíduos que geramos por muitos e muitos anos. Deve
ser levado em considerando que dividimos o espaço com outros seres vivos e
que precisamos cuidar da nossa e das próximas gerações. Consiste em uma
forma de traduzir em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa,
uma cidade ou um país “utiliza”, em média, para se sustentar.
De acordo com o Relatório Planeta Vivo da WWF (2006), a capacidade
de carga ou biocapacidade da Terra constitui a quantidade de área
biologicamente produtiva que inclui a zona de cultivo, pasto, floresta e pesca
que está disponível para responder às necessidades da humanidade. Desde os
últimos anos da década de 1980 que a Pegada Ecológica ultrapassa a
biocapacidade da Terra, sendo a exigência global superior à oferta em cerca de
25%.
Entre os anos de 1961 e 2003 a Pegada Ecológica global da
humanidade quase quadruplicou, aumentando assim mais rapidamente que a

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população, a qual quase duplicou durante o mesmo período. Em 2003, a


Pegada Ecológica global era de 2,2 hectares por pessoa. Entretanto, nesse
mesmo ano a média global de biocapacidade disponível por pessoa era apenas
de 1,8 hectares.
Segundo Dias (2002), a expansão dos ecossistemas urbanos, o
crescimento populacional e o consumismo são importantes elementos
formadores de alterações ambientais no mundo, contribuindo para a redução
da qualidade de vida e o aumento da pressão ambiental sobre os recursos
naturais. Nos países em desenvolvimento, a rápida urbanização concentrará
nas cidades 90% do crescimento populacional e econômico, agravando os
problemas urbanos. A idéia de cidade sustentável equivale à de ambientes
agradáveis, com o uso racional de recursos naturais e ecologicamente corretos,
envolvendo a população no processo de gestão.
O conceito de Pegada Ecológica se popularizou mundialmente, por sua
fácil compreensão, e pelo fato de se constituir em um indicador de
sustentabilidade cujos cálculos não são complexos. Nesse sentido, existem
milhares de trabalhos publicados, com análises da Pegada Ecológica em
diversas escalas. Não obstante, há algumas críticas ao método.
            O modelo da Pegada Ecológica é tido como demasiado pretensioso, por
alguns setores acadêmicos. Alguns cientistas argumentam que, apesar de
décadas de estudos sistemáticos e detalhados, pouco sabemos sobre como a
natureza funciona, através da interação de organismos tão díspares quanto
bactérias e baleias azuis. Como então, perguntam esses acadêmicos,
complexas interações entre pessoas e a biosfera podem ser reduzidas apenas
a uma questão de hectares?
                      Os idealizadores do conceito de Pegada Ecológica respondem que,
evidentemente este instrumento não abrange um nível de complexidade tão
grande – e nem é esse seu objetivo. Dessa forma, a Pegada Ecológica não é
precisa o bastante para gerenciar a natureza, mas ela provê informações e
dados que nos permitem nos gerenciar de uma maneira ecológica e
socialmente mais responsável (WACKERNAGEL; REES, 1996).  
                      Outra crítica bastante difundida parte de economistas. Para alguns
deles, os dilemas ambientais que ora presenciamos (poluição, extinção da
biodiversidade, aquecimento global, entre outros), é meramente uma questão
de desenvolvimento de tecnologias que possam produzir bens de consumo
com menores impactos sobre a natureza.
            A esse respeito, Wackernagel e Rees (1996) argumentam que muitos
desenvolvimentos tecnológicos de fato têm contribuído para a redução da
Pegada Ecológica, como a difusão da energia solar, por exemplo, porém, mais
frequentemente, aperfeiçoamentos tecnológicos estimulam o aumento do
consumo (por exemplo, desenvolvendo automóveis mais baratos). Nesse
contexto, a Pegada Ecológica pode ser um indicador importante para mensurar
se tecnologias vindouras aumentarão ou diminuirão os impactos da
humanidade sobre a natureza.
Nesse contexto, este artigo tem como objetivo avaliar o comportamento
de jovens em relação ao consumismo e evidenciar sua preocupação com o
desenvolvimento sustentável, utilizando-se como instrumento de pesquisa o
indicador Pegada Ecológica.

 
É

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MATERIAL E MÉTODOS
 

POPULAÇÃO ANALISADA

A população escolhida para a análise da Pegada Ecológica foram os


alunos de Ensino Médio do Colégio Estadual Silvio Magalhães Barros, no
município de Maringá, Paraná.  A pesquisa envolveu os estudantes das três
séries do período matutino, totalizando uma amostra de 180 alunos (calculado
com um intervalo de confiança de 95%). 

INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO

A investigação consistiu na aplicação de um questionário contendo 18


questões de múltipla escolha classificadas em cinco categorias: alojamento,
alimentação, transportes, consumo e resíduos. Para cada resposta foi atribuído
um número de pontos e ao término do preenchimento, os resultados foram
somados a fim de se obter o valor da Pegada Ecológica individual.

O questionário original foi extraído de um projeto experimental chamado


PEGADA ESCOLAR - Análise Comparativa Internacional da Pegada Ecológica
Escolar, o qual foi desenvolvido pela Escola Superior de Biotecnologia da
Universidade Católica Portuguesa e passou por algumas modificações para se
adaptar à realidade brasileira. Além disso, o cadastro dos alunos foi consultado
no Sistema Estadual de Registro Escolar (SERE), com o objetivo de traçar o
perfil sócio-econômico dos sujeitos da amostra.

Durante a aplicação do questionário, houve uma breve explanação dos


conceitos de Pegada Ecológica, sustentabilidade, consumismo e
compostagem. Para finalizar a pesquisa, os alunos compararam o valor
encontrado da Pegada Ecológica individual com valores conhecidos de alguns
países.
Após a análise dos resultados, promovemos uma “Oficina de
Sustentabilidade” dirigida aos estudantes do Ensino Médio do Colégio Estadual
Silvio Magalhães Barros. Durante o evento, os resultados foram apresentados e
discutidos com os alunos e foram sugeridas possibilidades de redução da
Pegada Ecológica dos participantes da Oficina e consequentemente de seus
familiares.
 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A quantificação da frequência das respostas foi convertida em valores


percentuais e demonstrada através de gráficos. Para isso foi necessária a
utilização do software Excel.

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A análise dos dados evidencia que os jovens estudantes não estão muito
preocupados com os problemas ambientais que estamos vivenciando. Muitos
deles, inclusive, ainda não sabem o significado de conceitos que se tornam
comuns em noticiários e revistas. Essa verificação ocorreu durante a aplicação
do questionário, no momento em que os alunos mostravam que não sabiam,
por exemplo, o significado dos termos: alimentos produzidos localmente,
produtos de baixo consumo de energia e compostagem.
As questões foram agrupadas em cinco categorias. A primeira foi
chamada alojamento e abordou o estilo de moradia. Na pergunta “quantas
pessoas moram na sua casa”, foi obtido o seguinte resultado: 6,1%
responderam duas pessoas; 21,7% responderam três pessoas; 42,2%, quatro
pessoas e 30,0% moram em uma casa com cinco ou mais pessoas. A pergunta
que aborda o tipo de moradia mostrou que 98,9% dos alunos entrevistados
moram em residência do tipo casa e apenas 1,1% moram em apartamento.
                  Dessa maneira, a estrutura familiar dos alunos entrevistados é
constituída por várias pessoas, necessitando de uma moradia grande que
satisfaça as necessidades de todos os integrantes da família, utilizando para
isso, um maior número de construções civis e uma área de solo maior daquela
que seria utilizada para moradia em apartamentos. Contudo, morar em coletivo
possibilita o melhor aproveitamento dos recursos naturais como a água, a
energia e outros. Nesse sentido, quem mora sozinho, em geral, atinge altos
graus de desperdício de recursos.
          A segunda categoria de perguntas abordou os hábitos de alimentação.
Segundo os alunos, apenas 3,3% não comem nenhuma refeição de carne ou
de peixe por semana; 10,0% comem de uma a três; 31,1% se alimentam com
quatro a seis refeições desse tipo; 27,8% comem carne ou peixe de sete a dez
vezes por semana e 19,4% mais de dez vezes por semana. Nesse contexto, é
importante lembrar que 60% da água doce disponível em nosso planeta é
destinada à produção de alimentos e que para processar 1 Kg de carne, por
exemplo, são gastos 15.000 litros de água.  
                  Na questão “você procura comprar alimentos produzidos localmente”,
foram obtidas as seguintes respostas: 25,0% disseram que sim; 17,2% que
não; 41,1% responderam às vezes; 14,4% declararam que raramente compram
produtos produzidos localmente e 2,2% não responderam esta pergunta. Dessa
forma, uma parcela considerável afirma que procura comprar alimentos
produzidos localmente e assim estão contribuindo para a redução do uso de
agrotóxicos além da exploração mais racional dos recursos do planeta.               
               

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A terceira categoria se referiu aos transportes. Na questão “como você


vai para o colégio” foi constatado que 10,6% dos alunos vão de carro; 3,3% de
carona; 32,8% utilizam o transporte público e 52,8% vão para o colégio de
bicicleta ou a pé. Provavelmente pelo fato dos alunos morarem próximo ao
estabelecimento de ensino, uma grande parte utiliza a bicicleta ou vai a pé para
o colégio. Sabe-se que o aquecimento global é causado, em grande parte,
pelos gases da combustão dos motores dos automóveis. Por isso, um
transporte sustentável deve utilizar a energia de maneira eficaz, ou seja,
transportar o máximo de carga possível gastando o mínimo de combustível.

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Com relação às atitudes de consumo, 8,3% dos alunos responderam que


não fizeram nenhuma compra significativa de móveis ou eletrodomésticos
durante o ano de 2009; 61,7% fizeram de uma a três compras; 16,1%
compraram por quatro ou seis vezes; 13,3% compraram mais de seis produtos
significativos e 0,5% não respondeu essa questão. O excesso do hábito
consumista é um dos fatores que mais contribui para o esgotamento das
reservas naturais do planeta. Sendo assim, é importante que se evite a
aquisição desnecessária de aparelhos que agregam alta
tecnologia.                                    

A quinta categoria se referiu à produção e manejo dos resíduos. Na


pergunta, “você procura reduzir a produção de resíduos”, 4,4% disseram
sempre procurar reduzir; 45,6% somente às vezes se importam com a redução
de resíduos; 29,4% raramente se preocupam com essa questão e 20,6%
afirmaram que nunca procuram reduzir a produção de resíduos. Infelizmente,
uma pequena parcela dos alunos se preocupa em reduzir a geração de
resíduos. Já com relação à prática da compostagem, 59,4% disseram que
nunca fizeram; 32,8% fazem às vezes; 6,1% praticam sempre e 1,7% não
responderam a esta questão. Aliás, essa questão gerou muitas dúvidas,
mostrando que os alunos ainda não tem conhecimento a respeito desse
assunto.                                

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O resultado da Pegada Ecológica individual mostrou que 46,1% dos


estudantes necessitam de uma extensão de terra entre 4 e 6 hectares (ha) para
sustentar o seu padrão de consumo; 52,8% precisam de 6 a 8 ha e 1,1%
necessitam de 8 a 10 ha. Segundo o Relatório Planeta Vivo 2008, países como
o Japão apresenta Pegada Ecológica per capita de 4,4 ha, o Brasil de 2,1 ha,
Portugal 4,4 ha e os EUA 9,6 ha por pessoa para manter o padrão de consumo
da população. A análise da Pegada Ecológica mostra que a biocapacidade
global – isto é, a área do planeta disponível para produzir recursos e reter as
emissões de CO2 – é, em média, de 2,1 ha por pessoa. Dessa forma, a
Pegada Ecológica encontrada para os alunos está bem acima do que o planeta
pode suportar.                                              

A renda familiar dos alunos está principalmente entre um e três salários


mínimos (77,2%), seguido por três a cinco salários mínimos (8,9%); 5,6%
recebem até um salário mínimo; 2,2% apresentam renda familiar com mais de
cinco salários mínimos e 6,1% não apresentam essa informação no cadastro
escolar. As informações sobre a moradia dos alunos mostram que 72,2%
possuem casa própria, 18,9% moram em casa alugada, 8,33% residem em
casa cedida e 0,6% não está com o sistema cadastral atualizado.

O potencial de redução do consumo depende, em parte, da situação


econômica de cada indivíduo. Enquanto as pessoas que vivem no limiar da
subsistência ou abaixo dele poderão ter de aumentar o seu consumo para
escapar à pobreza, as pessoas mais ricas podem reduzir o seu consumo e
mesmo assim melhorar a sua qualidade de vida (WWF, 2006).                          

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O estilo de vida de cada pessoa é de fundamental importância para o


desenvolvimento sustentável. Pequenas atitudes diárias podem coletivamente
causar um impacto irreversível ao ambiente.  A Pegada Ecológica individual é
considerada um indicador que faz uma estimativa na qual mostra até que ponto
a maneira que os humanos vivem está de acordo com a capacidade do planeta.

Considerando que o ambiente escolar é constituído por pessoas que


estão adquirindo conhecimento e valores que farão parte de seu
comportamento no futuro, existe uma elevada preocupação com as atitudes
atuais desses jovens.

Com os resultados da pesquisa, pode-se observar que a preocupação


dos jovens com o meio ambiente é relativamente baixa. Geralmente, eles são
induzidos pela sociedade capitalista a consumir bens e serviços que trarão
benefícios imediatos sem considerar os benefícios futuros, seja no âmbito
econômico ou social. Dessa forma, a preocupação com as questões ambientais
nem sempre está envolvida na tomada de decisão em relação ao consumo.
Nesse aspecto, é importante que os jovens recebam as informações
necessárias para a prática do desenvolvimento sustentável. É essencial o
reconhecimento que pequenas atitudes diárias realizadas coletivamente são
suficientes para amenizar o impacto ambiental que os humanos estão
causando no planeta.

Se continuarmos na nossa trajetória atual, até mesmo as previsões


moderadas das Nações Unidas relativas à mudança, em termos de população,
do consumo de alimentos e fibras e das emissões de CO2, sugerem que em
2050 a humanidade utilizará o equivalente a mais de dois planetas. Este grau
de excesso coloca em risco não só a perda da biodiversidade, como também
destrói os ecossistemas e a sua capacidade de fornecer recursos e serviços
dos quais a humanidade depende.

Nesse sentido, a Educação Ambiental pode ser considerada um


importante recurso para a execução de práticas mais sustentáveis. No
ambiente escolar, a introdução de conceitos e atividades que buscam a
melhoria da qualidade de vida deve tomar como base a realidade da
comunidade atendida para que as práticas sejam realmente viáveis. A intenção
é de garantir qualidade de vida para a nossa e para as futuras gerações,
considerando valores e atitudes individuais e coletivas. Muitos dos grandes
problemas ambientais que enfrentamos podem ser relacionados, direta ou
indiretamente, com a apropriação e uso de bens, produtos e serviços, suportes
da vida e das atividades de uma sociedade capitalista. O consumo exagerado
ou consumismo passou a ser entendido como sinônimo de bem-estar e de
felicidade. Entretanto, esse se tornou o principal causador de uma série de
problemas sociais e ambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
 

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Sabemos que nossa sobrevivência depende do consumo, da existência


de alimentos, de uma fonte constante de energia, da disponibilidade de
matérias-primas para os processos produtivos bem como da capacidade dos
vários resíduos que produzimos serem absorvidos sem se constituírem em
ameaça. Contudo, para assegurar a existência das condições favoráveis à vida,
teremos que produzir e consumir de acordo com o que a Terra pode fornecer.

O uso excessivo de recursos naturais, o consumismo exagerado, a


degradação ambiental e a grande quantidade de resíduos gerados são marcas
deixadas por uma humanidade que ainda se vê fora e distante da Natureza. As
escolhas individuais são necessárias para se reduzir a pegada da humanidade,
mas não são suficientes. É preciso salientar a necessidade de se fazer
mudanças no modo como vivemos coletivamente na busca da sustentabilidade.

O ambiente escolar pode ser considerado um meio poderoso na busca


do desenvolvimento sustentável, uma vez que os integrantes dessa
comunidade -incluindo pais, alunos, educadores e gestores da educação -  são
verdadeiros multiplicadores de informações e atitudes. Portanto, atividades
como palestras, oficinas e projetos devem fazer parte do cotidiano escolar na
busca da formação de cidadãos mais conscientes e preocupados com o
planeta em que vivem, na tentativa de reduzir os impactos ambientais causados
pelo homem através do seu modo de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://www.revistaea.org/pf.php?idartigo=1438 16/16

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