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A Origem do Conhecimento

René Descartes e David Hume


Trabalho realizado pelas alunas:
Constança Veloso
Giovana Prado
Inês Isabel Silva
Sofia Portela
11º J
ÍNDICE
René Descartes - o racionalismo
A dúvida metódica
 A ideia de Deus

O problema da origem do conhecimento


 Conhecimento à priori

 Conhecimento à posteriori

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David Hume – o empirismo
 Impressões e ideias
 Princípio da cópia

O conhecimento do mundo
 A causalidade
Conclusão

René Descartes foi um matemático filósofo francês


que propôs para a filosofia o método matemático
que a tornasse rigorosa permitindo distinguir o
conhecimento verdadeiro do falso. O objetivo de
Descartes era encontrar um fundamento sólido a
partir do qual fosse possível construir o edifício do
conhecimento. ou seja, a procura dos “alicerces”, ou
pela origem e possibilidade do conhecimento para o
tornar indestrutível.
Este filósofo procurou através do ceticismo radical
(temporário) refutá-lo pelo uso de argumentos que

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provassem que este não é verdadeiro e que o
conhecimento é possível.
Neste processo Descartes apercebeu-se de que todo
o conhecimento que adquiriu ao longo da vida se
encontrava cheio de lacunas e incertezas.
Descartes considerou que, devido a todas as
incertezas da filosofia e das ciências, o ceticismo
era fortalecido. Por esse motivo, era necessário
distinguir as verdades dos erros e acabar com as
dúvidas.
Na procura por esse fundamento Descartes tentou
encontrar uma crença indubitável, básica.
Totalmente certa; sem margem para dúvidas. Seria
imune aos enganos sensoriais.
Esta crença básica é de tal modo evidente e
percetível que nem precisa de justificação exterior.
Ela autojustifica-se e justifica outras crenças sem
ela própria precisar de ser justificada por outra
crença. Permite então refutar ou anular o argumento
cético da regressão infinita da justificação.
É neste contexto que Descartes inicia uma
metodologia de dúvida que o vai levar à primeira

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crença básica que lhe é dada por intuição (apresenta
se ao espírito de forma clara e distinta).
Esta dúvida pode caraterizar-se como voluntária, é
um método para chegar à verdade. Por essa razão é
que se chama metódica. É um método e também
hiperbólica, pois Descartes questiona tudo.
É através deste método que Descartes inicia a sua
prática de investigação na busca do conhecimento
sólido. Assim a aplicação do método inicia-se
através das dúvidas e dos enganos que os sentidos
nos dão e que não nos dão confiança nas
informações que recebemos deles.
Na sua obra Meditações sobre a filosofia, primeiro
Descartes refere-se claramente aos enganos
sensoriais.
A dúvida inicia-se nas crenças derivadas dos
sentidos, isto é, empíricas ou à posteriori.
Por isso, Descartes construiu alguns argumentos tais
como: justificar o argumento cético dos enganos
sensoriais, o argumento do sonho e a existência de
um génio maligno.

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Relativamente aos enganos sensoriais Descartes
começa por referir
que estes são muitas vezes enganosos, permitem-
nos determinados tipos de ilusões que não
correspondem à verdadeira realidade.
No segundo argumento, Descartes continua a
duvidar das informações sensoriais e recorre ao
argumento do sonho que podemos compreender do
seguinte modo: se tenho sonhos que não distingo
das perceções que tenho quando estou acordado,
então não posso garantir que neste momento não
estou a sonhar nem que a minha vida não é um
sonho, isto é, muitas vezes não consigo distinguir o
sonho da vigília. Contudo Descartes verifica que
mesmo que a vida fosse um sonho algum, as
crenças continuariam a ser verdadeiras é o caso das
crenças matemáticas (racionais à priori). Mesmo a
sonhar 2+2=4, contudo posso ter um sonho muito
estranho e nele 2+3=4. Os sonhos também têm
elementos falsos.

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O “penso logo existo” (o cogito) é a primeira
certeza encontrada por Descartes, é uma crença
indubitável e básica.
Mas Descartes provou apenas que existe como ser
pensante.
O seu próprio corpo poderia ser uma ilusão
provocada pelo Deus enganador, tal como as coisas
do mundo e as ideias matemáticas. Mesmo as ideias
claras e distintas poderiam ser falsas. Descartes
parece estar numa posição solipsista, ou seja,
apenas ele e as suas experiências são reais, não tem
mais nenhuma certeza.
Descartes apercebe-se de que uma das ideias que
tem em especial é diferente das outras: a ideia de
Deus, a ideia de um ser perfeito
Mas Descartes encontra uma dúvida: como pode
um ser imperfeito (que se engana e tem dúvidas)
possuir a ideia de um ser perfeito?
Ele diz que um ser imperfeito não poderia ter criado
uma ideia tão elevada como a ideia de Deus, pois a
causa não pode ser inferior ao efeito, logo na
origem da ideia de um ser perfeito esteve esse

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mesmo ser. Formou se assim o argumento da marca
que anulou a ideia do génio maligno.
Pois um Deus perfeito não poderia ser enganador,
visto que isso seria uma imperfeição. Um Deus bom
não teria criado um ser pensante para este se
enganar constantemente.
Por isso, as capacidades cognitivas dadas por Deus,
se as usarmos bem, não nos enganaremos. Deus
garante que as ideias claras e distintas são
verdadeiras. O ceticismo está, portanto, refutado.
Como referido ao longo deste trabalho, Descartes
era um racionalista, ou seja, considerava que a razão
(capacidade de raciocínio) era a principal fonte do
conhecimento humano.
Segundo este filósofo os seres humanos têm três
tipos diferentes de ideias: inatas, adventícias e
factícias.
As ideias inatas são aquelas que nascem connosco.
Não são adquiridas pela experiência. A nossa mente
ou razão já vem com elas desde sempre. As ideias
adventícias têm origem na experiência, são
empíricas. Advêm da vivência prática que temos

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diariamente. São aquelas que se aprendem através
das experiências e das apreensões dos nossos
sentidos.
As ideias factícias são aquelas que têm origem na
nossa imaginação.
Estas são criadas com elementos das outras ideias,
por isso são consideradas ideias forjadas ou falsas.
Em suma, pode-se afirmar que, para Descartes, as
ideias inatas eram mais claras e distintas do que as
outras ideias porque, segundo ele, a razão era a
fonte das ideias inatas.
Para Descartes a razão humana é capaz de produzir
conhecimento à priori acerca do mundo, partindo de
ideias inatas e de ideias que resultam da
experiência. É um conhecimento que se faz apenas
pensando sem se recorrer à experiência. Ou seja,
através da intuição e da dedução somos capazes de
conhecer algo. A intuição é inata, é uma verdade
que se apresenta ao espírito de forma clara e
evidente.
O conhecimento a priori, aquele que não depende
da experiência e que resulta do poder do raciocínio

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é mais certo e rigoroso do que o conhecimento à
posteriori, aquele baseado na experiência ou na
observação do mundo.
No entanto o filósofo defendeu que a experiência –
conhecimento à posteriori - seria também necessária
para conhecer coisas, mas, na sua opinião, esse
conhecimento seria menos certo e menos rigoroso
do que o conhecimento à priori, devido à razão.
Para Descartes o conhecimento à posteriori surgia
muitas vezes misturado com crenças falsas e, por
isso defendia que, para se descobrir a verdade seria
na razão que nos devíamos apoiar e confiar. A razão
é a principal fonte do conhecimento.

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No entanto, as teorias defendidas por Descartes, ou
seja, as ideias inatas serem a base do conhecimento,
não obtiveram a concordância de todos. O inatismo
foi criticado por David Hume que defendeu que
todas as ideias derivavam da experiência,
considerando que esta era a principal fonte do
conhecimento humano.
Hume defendeu que, se algumas ideias fossem
inatas, então as crianças e os adultos conhece-las –
iam, o que não se verificava.
Por sua vez, os racionalistas refutaram esta teoria
empirista, defendendo que que as ideias são inatas,
mas são como sementes, ou seja, nascem connosco,
mas vêm incompletas e inacabadas. É preciso treino
para as desenvolver e para as tornar conscientes e
explicitas.
David Hume foi um filósofo e historiador escocês
que se interessou por várias áreas da filosofia tendo
as suas ideias suscitado muitas reflexões e reações
filosóficas.
Como filósofo empirista, considerava que a fonte
principal do conhecimento humano era a

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experiência. Como tal, Hume concordava com a
seguinte afirmação: “Nada está no intelecto sem
antes ter passado pelos sentidos.”
Hume defendeu também a teoria de que a mente
humana se apresentava como um papel branco,
vazio, sem quaisquer ideias e que seria através da
experiência que retiraria todo o conhecimento.
Mediante tal teoria faltava saber o que estaria na
nossa mente? A resposta de Hume é: Perceções.
Hume distinguia dois tipos de perceções: as
impressões e as ideias:
As impressões derivam dos sentidos e são
fornecidas pela experiência imediata. Podem ser
externas (provenientes dos sentidos) ou internas
como os sentimentos e desejos.
As impressões podem ser simples (não se
decompõem - visão da cor azul) ou complexas
(união de impressões simples - visão de uma casa).
Do mesmo modo as ideias podem ser simples (ideia
de azul – não se divide) ou complexas (ideia de casa
–divide-se).

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Para Hume as ideias não são mais do que cópias
enfraquecidas das impressões, são menos fortes,
menos intensas e menos vívidas. As ideias
começam por ser recordações das impressões São
representações que temos das coisas mesmo que
estas não estejam presentes.
Um dos argumentos que o filósofo usa para provar a
sua tese, é a seguinte: se alguma pessoa nascer
incapaz de experienciar alguma sensação,
constatamos que esta é incapaz de conceber ideias.
Por exemplo, um cego não consegue ter noção das
cores.
Nesta lógica de ideias o inatismo é rejeitado porque
se as ideias são copias das impressões, então não há
ideias inatas porque todas as ideias têm origem na
experiência.
Segundo Hume o que se pode investigar e tentar
conhecer divide-se em dois grupos: as relações de
ideias e as questões de facto. As relações de ideias
podem ser percebidas a priori – por intuição - são
verdades necessárias e são certas. As questões de

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facto – que só podem ser percebidas a posteriori-
são verdades contingentes e são apenas prováveis.
Hume pensava que todas as ideias derivavam de
impressões, isto é, da experiência. Para ele todo o
conhecimento do mundo era a posteriori. A
experiência era a principal fonte do conhecimento
humano.
Segundo Hume, o princípio de causalidade não era
a priori, mas sim a posteriori, isto é, só a
experiência de fenómenos que se apresentavam
numa relação entre si nos levava a afirmar que um,
o antecedente, era a causa, e o outro, o consequente,
era o efeito.
Então, segundo o filósofo, ter experiência, ver as
coisas acontecerem era indispensável para fazer
inferências causais.
Na realidade Hume vai mais longe defendendo que
apenas temos experiência do acontecimento A e
depois do acontecimento B. Ou seja, nunca vemos
ou imaginamos a relação causal supostamente
existente entre eles, a chamada conexão necessária.

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Assim Hume considerava que ao afirmarmos a
existência real de relações causais estávamos a ir
mais longe do que aquilo que a experiência mostra
por isso a causalidade para Hume tem um caracter
cético.
Os raciocínios indutivos partem da experiência, mas
vão mais além na medida em que as conclusões se
referem a casos não observados. No raciocínio
indutivo faz-se uma generalização e previsão dando
origem ao princípio da uniformidade da natureza,
afirma que a natureza é regular, sem mudanças
drásticas (com base no que assistimos ao longo da
vida).
Que a natureza é regular é uma questão de facto e
não uma relação de ideias, ou seja, não pode ser
justificado à priori. Hume conclui assim que a
indução não pode ser justificada racionalmente. É
uma conclusão cética.
O ceticismo radical defende a suspensão de todas as
crenças, mas não seria possível viver assim, pois, na
vida prática temos de acreditar na existência de
relações causais e nas interferências indutivas,

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mesmo sem justificação racional, esse é o conceito
do ceticismo moderado.
Por isso David Hume rejeita a ideia do ceticismo
radical pois ele acredita que podemos sim ter
alguma experiência e conhecimentos sobre
determinado assunto. Assim, ele declarou ser um
cético moderado, pois não negava que os humanos
têm alguns conhecimentos, daí o seu ceticismo
moderado.
Alguns desses conhecimentos são acerca das
relações de ideias, acerca do mundo. Por exemplo,
sabemos que agora temos fome, sabemos que no
passado após comer pão ficamos sem fome, porém,
não sabemos se da próxima vez que comermos pão
ficaremos sem fome, temos a crença de que
ficaremos sem fome, mas essa crença não é
conhecimento (pois é uma indução e esta não está
racionalmente justificada). Do mesmo modo, não
sabemos o que há no pão que nos tire a fome.
A experiência imediata marca o limite do
conhecimento humano, uma consequência disso é
que muitas proposições universais produzidas pela

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física, pela química e pela biologia, tratam-se de
crenças e não conhecimento. Ex. «a toda ação há
sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as
ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são
sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos».
Trata-se de uma consequência forte e de
implicações profundas de como olhamos para o
mundo e como entendemos a ciência. Todavia, isso
não faz de Hume um cético radical nem significa
que ele não reconhecesse o valor explicativo das
ciências. Significa que foi um precursor de ideias
que atualmente são aceites pela generalidade dos
cientistas e dos filósofos da ciência.
Hume é também um cético moderado pois defende
que não podemos deixar de pensar raciocínios
indutivos, pois isso tornaria a nossa vida impossível
visto que viveríamos apenas daquilo que acontece
neste preciso instante, mas também pois faz parte da
nossa essência.
Para Hume a capacidade humana para conhecer o
mundo tem limites por isso devemos compreender
que a justificação racional de tudo nos transcende.

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