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1 - Empresas, organizações e a reprodução social

A Sociologia:

 é o estudo do funcionamento da sociedade humana – Giddens;


 compreensão de situações sociais; consciência de diferentes culturas; avaliação dos efeitos das
políticas (auto - esclarecimento e auto – conhecimento) – Giddens;
 é o estudo da conexão entre experiências humanas, em grande ou pequena escala nas práticas do
quotidiano e nos processos mais amplos da mudança social que está a acontecer atualmente;
 estabelece normas e crenças na sociedade.

A Sociologia da Empresa e das Organizações: é o estudo das relações entre os trabalhadores dentro
da própria empresa e entre as diferentes empresas no mercado atualmente.

Uma empresa é sempre uma organização


(empresa, ONG, instituição), o contrário nem
sempre ocorre.

1.1– Regras do Método Sociológico e Factos Sociais

Factos Sociais: o que são e como abordá-los?

Explicam-se por outros factos sociais e não por


factos individuais ou naturais. COERÇÃO
EXTERIOR

Regras do Método: o que são factos empresariais e organizacionais e como abordá-los?

Regras relativas à observação dos factos sociais.


A primeira regra e a mais fundamental é: considerar os factos
sociais como coisas.

Isso significa que os fatos sociais são gerais, coercitivos e exteriores, ou seja, eles apresentam-se como regras
gerais no modo de agir dos sujeitos de uma sociedade, são exteriores ao sujeito, e são coercitivos na medida em que
atuam como forças em cima dos indivíduos. Nesse sentido, o fato social é verificado e não pode ser modificado
pela ação individual, pois há uma força exterior (a consciência coletiva) que o molda.

Características:

 Exterioridade (em relação às consciências individuais);


 Coercividade (sobre as consciências individuais).

Estado de independência face às manifestações individuais.

1.2 – Senso Comum e Rutura


Senso comum é um conhecimento prático/unitário/simplificador (dif. conhecimento anti-científico) como
nível de representação “imediato”, “espontâneo” sobre a realidade.

 Problema do senso comum: a ilusão da transparência e a familiaridade do social: as limitações


das interpretações simplificadoras da realidade e a sua relação com os valores dominantes na
sociedade ou no grupo de quem interpreta. Ex: as mulheres e as tarefas domésticas; as empresas
privadas e as boas práticas de gestão…

 O senso comum e as explicações naturalistas (surge + com concessão difusa do que


representação ideológica precisa), individualistas (constitui uma matriz ideológica decisiva do
mundo contemporâneo) e etnocêntricas dos factos humanos - Choque: argumentação típica de
senso comum versus argumentação sociológica.
“O Homem não pode viver no meio das
coisas sem fazer delas ideias segundo
Explicar o social pelo social (E. Durkheim) quais regula o seu comportamento… tem
antes de tudo por as nossas ações em
harmonia com o mundo que nos rodeia.”

Regras do Método e Factos Sociais - Bachelard

Corolário: Considerar os fenómenos sociais em si


mesmos, desligados dos sujeitos conscientes que
deles têm representações; “estudá-los por fora”.

1º Nunca presumir; afastar as pré-noções; libertar-se


das falsas evidências; “escapar ao império das noções
vulgares”;
2º A construção do objeto da investigação deve basear-se no agrupamento dos factos segundo as suas
características exteriores comuns;

3º As características exteriores devem ser o mais objetivas possíveis. Como fazê-lo? Abordar os factos
pelo lado em que se apresentam isolados das suas manifestações individuais.

 Rutura é um processo permanente, continuado e incompleto;


 Rutura como processo de questionamento, para fazer frente ao vigor dos valores, doutrinas,
saberes práticos e ideologias dominantes – as ciências sociais evitam a rutura;
 Na ciência tudo se constrói e para ir contra o senso comum utiliza 3 atos epistemológicos (rutura,
vivências do senso comum-construção, objeto de análise – verificação, validade dessa teoria pelo
teste).

1.3 – Causalidade e Correlação


Causalidade – liga dois processos, onde um é a causa do outro e o outro é o efeito. O primeiro é
“responsável” pela existência do segundo, parcialmente, da mesma forma que o segundo está
dependente que o primeiro.

Correlação – Trata-se da associação entre duas variáveis. Em alguns casos, essa associação pode
implicar dependência, mas existem exceções, logo nem sempre podemos afirmar que correlação implica
causalidade.

 Análise da relação causal (causa/efeito);


 A causalidade não pode ser estabelecida diretamente da correlação;
 Existem muitas correlações; os factos sociais expressam multidimensionalidade;
 Temos correlações desprovidas de causalidade;
 As relações causais não são mecânicas;
 Variáveis de controlo (independentes e dependentes).

1.4 – Abstração e Imaginação Sociológica

Explicar o social pelo social

 O sociólogo pratica um tipo especial de abstração para compreender a sociedade (um grande
complexo de relações humanas, ou seja, um sistema de interações, inter-relações e de
reciprocidades);
 A conversa entre dois homens numa esquina não fazem uma «sociedade», mas o produto da
conserva é social - A sociedade consiste num complexo de tais factos sociais;
 O que é então o social? É o resultado da ação humana, quando as pessoas orientam as suas
ações umas para as outras (M. Weber). Os significados, as expectativas e as condutas que
resultam dessa orientação mútua são o material da análise sociológica;
 O sociólogo olha esses mesmos fenómenos de um modo diferente - pratica um tipo especial de
abstração… ele procura «ver para além das fachadas» das estruturas sociais;
 Vocação desmistificadora da investigação sociológica (causalidade e correlação);
 A construção e a reprodução da sociedade.

1.5 – Métodos de Investigação

Trabalho de Campo/Etnografia

1. Natureza Quantitativa Inquéritos


2. Natureza Qualitativa
Experiências
3. Mistos
Pesquisa Documental (Ex.: b
On)

1.6 – A construção e reprodução social nas relações de produção e de consumo

Obsolescência Programada – Ciclo de


vida do produto programado

 As relações de produção e consumo


contemporâneos articulam-se com a
gestão do ciclo de vida dos produtos e
serviços (a obsolescência programada),
mas também com outros fatores que
levam à manutenção do padrão de
produção e consumo:

 Se a obsolescência programada é o motor


económico da sociedade de consumo, em termos sociológicos - não existem condições
económicas e culturais normais ou naturais, logo, não existem condições empresariais e
organizacionais normais ou naturais.

1.6.1 – Sociedade: Processo, Construção e Reprodução Social

1- A sociedade entendida como um processo dialético composto por: exteriorização – Objetivação –


Interiorização;

2- O indivíduo não nasce membro da sociedade, pois vamos sendo transformados pela sociedade;

3- O indivíduo nasce com pré-disposição para a sociedade;

4- O indivíduo torna-se membro da sociedade (temporalidade);

5- O individuo é induzido a tomar parte na dialética da sociedade (moldes adequados);

6- O indivíduo é levado a “assumir” o mundo no qual os outros já vivem;

7- Identificação mútua - nexo de motivações - participação – membro (socialização).

Socialização como processo de introdução do indivíduo no mundo objetivo de uma sociedade ou de um


setor da sociedade:

Socialização primária

Primeira socialização – Infância - “Direito de admissão”


para ser integrado na sociedade;

 Impactante e condicionante;
 Todos nascemos numa estrutura social objetiva, mas
também num mundo social objetivo;
 A realidade advém da própria localização do indivíduo
na estrutura social e das suas idiossincrasias (maneira
de agir da pessoa);
 O mundo social é uma filtragem (Ex: crianças das classes inferiores absorvem a perspetiva de
classe baixa sobre o mundo e a perceção desta perspetiva que lhe é transmitida pelos pais);

 Mais do que pura aprendizagem cognitiva; ligação emocional com outros significados;
 Interiorização (tornar seu);
 Mecanismo integrativo e identitário: a atribuição de um lugar específico no mundo;
 “Eu sou o Vasco” como apropriação subjetiva da identidade e subjetiva do mundo social;
 A sociedade fornece ao indivíduo um leque predefinido de significantes;
 Papel da linguagem (interiorização) e o acesso a esquemas motivacionais e interpretativos;
 A socialização primária corresponde à construção do primeiro mundo do indivíduo;
 A socialização primária é afetada também pelo património de conhecimentos a ser transmitidos e
termina quando o conceito do “outro” ficou estabelecido no indivíduo - se “o outro” ficou
estabelecido, “o eu” ficou integrado;
 Através da socialização primária o indivíduo torna-se membro da sociedade e dotado de uma
personalidade e de um mundo.

Socialização Secundária

Socialização posterior - Pós-infância – “Submundos institucionais”

 É baseada na interiorização dos “submundos” institucionais ou baseados em instituições,


decorrentes da complexidade da divisão do trabalho;
 Corresponde à aquisição do conhecimento de funções específicas, enraizadas (direta ou
indiretamente) na divisão do trabalho;
 Exige a aquisição de vocabulário/terminologia específica das funções ( Ex: jargão técnico das
profissões- linguagem ) - interiorização dos campos semânticos que estruturam interpretações e
condutas rotineiras numa área institucional;
 Envolve “compreensões táticas”;
 A socialização secundária remete para realidades parciais e tem componentes normativos, afetivo
e cognitivos.
 É terreno dos aparelhos legitimadores da ação (simbologia ritual e material);
 Máximas, construções mitológicas, cerimónias e objetos físicos representativos (componente
cerimonial);
 Assinala a desvalorização das limitações biológicas na aprendizagem, mas também da
identificação emotiva (Ex: a criança deve amar a mãe mas não a professora);
 Formalização e anonimato (mestre/discípulo);
 Aumento da distância entre o “eu total” e a sua realidade;
 O tempo do desenvolvimento da capacidade de “esconder-se”;
 Prevalência das organizações especializadas e o declínio da posição da família.
1.6.2 – Socialização, Organizações e Empresas

“habitus competitivos” vs. “habitus cooperativo”

Teoria do habitus (incorpora as experiências - forma mais avançada de socialização)

 é utilizado por Durkheim para significar as disposições adquiridas pela criança no decurso
da sua educação ou socialização.

 já Bourdieu pretendendo sair da oposição, entre a sociedade e o indivíduo, considera que o


estudo do "habitus" permite elucidar os comportamentos dos agentes sociais, da sua "razão
prática":

- remete para a aprendizagem dos modelos de conduta, dos modos de perceção e de pensamento,
adquiridos durante a socialização (a instituição escolar tem um papel importante nesta aprendizagem);

- o habitus supõe a interiorização das disposições, daí a "interiorização da exterioridade";

- o habitus, sendo um sistema de disposições adquiridas, é igualmente capaz de desencadear as práticas


ou as ações próprias de uma cultura.
1.7 – Atores Empresariais e a Reprodução Organizacional: uma breve
demonstração

VER EXEMPLO AT3

2 – Territórios e Fronteiras da Sociologia da Empresa e das Organizações

2.1 - Interligações entre Diferentes Campos de Produção Social (Simbólico e


Económico)

Os sistemas simbólicos (arte, religião, língua)


são: estruturas estruturantes e estruturas
estruturadas.

As produções simbólicas são instrumentos de


dominação (função política).

“… os sistemas simbólicos cumprem a sua função política de instrumentos de imposição ou de


legitimação da dominação…”

Produção e reprodução da crença - “Conversão de propriedades sociais em propriedades de ordem natural”

Simbólico  dínamo (fornece sentido/conhecimento)  Ação


Poder simbólico:

 é o poder de constituir o dado pela enunciação;


 é o poder de fazer crer;
 é o poder confirmar ou de transformar a visão do mundo;
 é o poder quase mágico que obtém o equivalente do que é obtido pela força;
 é uma forma transformada de outras formas de poder.

Empresas Organizacionais - que interligações entre diferentes campos de produção social (simbólico e
económico)?

1- Produção Imaterial 2- Produção Material

Interligações entre diferentes campos de produção social (simbólico e


económico) - A abordagem de P. Bourdieu em… "O mercado de bens simbólicos“

 Os “bens simbólicos" ou os produtos materiais dos intelectuais e artistas estiveram sempre sob a alçada das
classe altas e da Igreja, mas com o florescimento da esfera económica pública, a crescente diversidade
social e o aumento de produtores de bens simbólicos, verificou-se um aumento na autonomia dos artistas,
que assim passaram a esquivar-se ao controle do Estado e das instituições religiosas;

 Apesar dos intelectuais e artistas conseguirem livrar-se das exigências da Igreja e do Estado, a maioria é
controlada pela economia de mercado e pelas suas exigências em relação aos bens que produzem;

 Assim, existem dois campos de produção : "o campo de produção restrita" que produz bens especializados
para e por especialistas e "campo de produção cultural em larga escala" que produz bens para o público em
geral;

 O “campo de produção restrita” torna-se separado e isolado do público em geral, baseando-se nos críticos
que tornam-se numa parte vital do sistema de produção. Os críticos, de acordo com Bourdieu, fornecem
"uma interpretação ‘criativa’ em benefício dos 'criadores‘ ”;

 Portanto, a produção de obras ou de arte elitista decorre de um sistema fechado. Essas obras consideradas
mais valiosas pelos críticos são aquelas que expressam mais plenamente a prática crítica de cada campo
específico e deste modo os produtores destes "bens simbólicos" reconhecem e defendem o discurso dos
críticos daquelas disciplinas;

 A função normativa da Igreja na era pré-Iluminismo apenas foi substituída por outras instituições. Bourdieu
assinala a importância das instituições de ensino e dos museus. No entanto, muitas vezes destas instituições
encontram-se sob o controlo de outros poderes (Estado);

 Bourdieu também analisa a relação entre midbrow art e highbrow art. Observa que o valor da primeira é
determinado pelas massas em vez de um campo de especialistas, embora existam pontos de contacto entre
estes dois tipos de bens simbólicos. A midbrow art tipicamente corrobora a ideologia da burguesia
dominante; permanece socialmente conservadora e evita o envolvimento político sério;
 A midbrow art define-se por relação à arte highbrow art e geralmente legitima-se em função do passado da
produção artística.

 Bourdieu assinala a existência de uma hierarquia dentro de relações de produção intelectual e artística e
"todas as relações entre os agentes e instituições de difusão ou de consagração são mediadas pela estrutura
do campo“;

 A receção crítica de ideias específicas ou obras é sempre um juízo coletivo ao invés de uma crítica individual
devido as posições do artista e do crítico dentro do sistema fechado de cada campo;

 As teorias e os métodos são apenas estratégias que protegem ou derrubam as práticas simbólicas
dominantes de cada campo.

Assim qual é a relação entre o simbólico e o económico?

-> Envolve capitais diferentes…;


-> … mas a relação entre o estético e monetário é íntima e inseparável;
-> Os capitais económicos e simbólicos são jogados no âmbito de domínios específicos de
produção cultural (campo), cada um constituído pelas suas próprias esferas de práticas;
-> Produção imaterial e material estão assim interligadas;
-> Não é possível compreender os fenómenos económicos, empresariais, organizacionais (ou
outros fenómenos sociais), sem compreender as suas dimensões simbólicas (que são
estruturantes, estruturadas e instrumentos de dominação).

Sociologia da Empresa e das Simbólico, imaterial… condicionante da ação


Organizações (económica, empresarial, organizacional...)

A Empresa: é um espaço sociológico, criador e dependente das relações sociais. Não é apenas
um espaço de coordenação, é um espaço onde se estabelecem laços particulares, envolvendo a
coordenação, mas que também promove e depende de identidades, acordos e interesses
comuns/partilhados e é muito mais do que um espaço produtivo.

Elementos da Organização:

 reconhecimento mútuo;
 sentido de comunidade;
 relações específicas entre membros;
 conflito;
 violência do conflito;
 poder;
 estratificação;
 espaço de cooperação.
Organização

Divisão de tarefas: principio de organização; estabelece a diferença entre um grupo estruturado e


um não estruturado; pressupõe precisão e duração; em termos ideais evita a sobreposição ou a
redundância desnecessária
Distribuição dos papéis: procedimento de risco; se existem papéis, existem atores; a interpretação
do papel admite a execução particular tarefa; “um mesmo acontecimento, diferentes interpretações”
Sistema de autoridade: condicionar o comportamento do indivíduo
Sistema de comunicações: relacionamento de indivíduos e grupos; canal de condicionamento;
formalizado/informalizado; centralizado/descentralizado
Sistema de contribuição-retribuição: dar/receber; as relações formais ou legais entre o contributo
do assalariado (tempo, trabalho, competências) e do empregador (remuneração, autoridade,
direção)

Empresa Arranjo racional


Construção de atores
Sistema de laços sociais
Espaço aprendizagem cooperativa

2.2 – Teoria Sociológica da Empresa

O que quer dizer “a empresa como objeto de estudo em si próprio”? - É um lugar social
suficientemente autónomo para influenciar o sistema social global - A empresa é a sede da
produção de identidade, cultura e mudança.

Função identitária, cultural e de mudança da empresa

 A empresa é um lugar de criações/produções;


 A empresa é um lugar de encontro de atores;
 A empresa é um lugar social de relações individuais e coletivas, capaz de suscitar numerosas
formas de identidade;
 A empresa é um lugar social que gera através das imagens de marca, dos índices de
performances, da luta pelo emprego, da tecnologia de ponta, da reputação local, mas também
através da participação, da expressão, da formação, da elaboração de outras formas de
organização;
 A empresa é um universo social da nossa época.

2.2.1 – Empresas, Organizações e Atores como Objetivos Sociológicos


“Juventude” das empresas e organizações, tal como as representamos no contemporâneo;
predomínio do interesse sociológico pelo mercado, das classes sociais, burocracia…; primazia do trabalho
como objetivo sociológico encastrado na economia; relação empresa/sistema capitalista – efeitos do
capitalismo; afirmação lenta da empresa como construção social autónoma.

Capitalismo como sistema dominante fez da empresa uma instituição central do Capitalismo; temas
apelativos (cultura de empresa, políticas de integração e de
mobilização dos trabalhadores) reforçaram a ideia da Afirmação da empresa como OBJETO
empresa como laço/elo do sistema; a emergência da SOCIOLÓGICO
empresa como criação social autónoma

 Reconciliação empresa/sociedade;
 Da Sociologia do Trabalho à Sociologia das
Organizações (Crozier e Friedberg);
 A afirmação da Sociologia da Empresa: combinação
trabalho/organização.

Novo olhar :

- A empresa não é apenas um espaço de coordenação

- A empresa é um espaço onde se estabelecem laços particulares, envolvendo a coordenação, mas que
também promove e depende de identidades, acordos e interesses comuns/partilhados

- A empresa é muito mais do que um espaço produtivo

- A empresa é um espaço sociológico, criador e dependente das relações sociais

Teoria Sociológica da Empresa

1. Função identitária da empresa


2. Função cultural da empresa: gera um “flexível cimento” (elementos culturais); palco da simbologia e
da ação dos valores partilhados; dínamo de sentimentos de pertença; capacidade coletiva para
produzir; consensos e desacordos em torno de projetos; verdadeira comunidade de trabalho.
3. Função de mudança da empresa: espaço de intermediação entre culturas (empresa e social).

A empresa pode ser considerada uma instituição?

im, mas… os economistas podem fornecer a análise das condições de mercado e disponibilidade de
recursos que permitem os arranjos; …os juristas podem indicar as formas legais de atividades; …os
gestores dirigirão a implementação das ferramentas de trabalho e as decisões estratégicas. E os
sociólogos? Face à empresa? Tratarão das implicações dos quadro sociais de referência nesses espaços.

Teoria Sociológica da Empresa


A centralidade do conceito de identidade e a função identitária
da empresa (Sainsaulieu e Segrestin, 1987)

… ou não fosse fundamental manter e transformar a realidade


subjetiva (Berger & Luckman, 2004)

 Acautelar a relação do individuo com o grupo;


 Enquadrar o enraizamento psicológico dos laços sociais (affectio societatis);
 A relação ator/organização não começa ou se esgota nos sistemas de autoridade (poder) •
Dimensão psicanalítica;
 “O ser humano é um ser de desejo (…) desejo de ser reconhecido pelo outro” (P. Bernoux)-
primado do reconhecimento social;
 Ligação umbilical entre reconhecimento e identidade (R. Sainsaulieu) A centralidade do conceito de
identidade e a função identitária da empresa (Sainsaulieu e Segrestin, 1987);
 “O conceito identidade relaciona o reconhecimento necessário ao conflito engendrado por esta
vontade de se fazer reconhecer para existir”;
 “O conceito de identidade (…) reage permanentemente à estrutura do sistema social”;
 “A identidade exprime esta procura de força que encontramos nos recursos sociais para chegar à
possibilidade de se fazer reconhecer como detentor de um desejo próprio – o indivíduo se define a
si mesmo socialmente.

Há interação entre imaginário individual e imaginário


coletivo e os comportamentos de grupo são as
conclusões de cadeias de significados individuais (ex:
a paranoia é uma resposta a concretos, decorrentes
da vida social)

A empresa é o palco onde acontece parte substancial


da ação social contemporânea, ou seja, é o espaço
em que decorre a complementaridade
indivíduo/social.

2.3 – Identidade e Cultura

Subculturas (R. Sainsaulieu) posição hierárquica - situações de trabalho - organização técnica da


produção

O trabalho tem impacto na formação das estruturas e dos padrões coletivos; as estruturas e padrões
coletivos condicionam as identidades

1. O condicionamento das relações humanas na oficina, condições de trabalho e relações entre


operários:

Funcionamento dos indivíduos por esforço repetitivo; monotonia de tarefas e dificuldade em comunicar;
forte sentimento de solidariedade e camaradagem; complexidade de interesses e de opiniões relacionadas
com os critérios da idade… vivem em estado de revolta com os seus superiores – Sainsaulieu utiliza o
termo condicionalismo para traduzir a sensação de esmagamento e asfixia que vivenciou na fábrica.
A empresa tornou-se num lugar para o acesso à linguagem, quanto mais se desce na hierarquia e nas
qualificações, maior o reconhecimento do valor da palavra. O objetivo é defender os seus interesses num
contexto de cooperação total

2. O interpessoal e o formal no escritório

Funcionários de administração, bancos, seguradoras… o trabalho não é tão emocionante; funcionários


enfatizam a importância dos pontos de vista pessoais; secundarização do grupo e mentalidade coletiva
depreciativa; relação entre os colegas tona-se difícil de entender devido ao forte realce da riqueza da
personalidade de cada um, existe chefias (hierarquização).

3. Os agentes técnicos e novas relações de trabalho

Engenheiros e trabalhadores - jovens, com espírito para o trabalho e empresa, caracterizam-se pela
mobilidade social e profissional; local de trabalho é visto como um local de relações tensas; vivem o
conflito com a ansiedade; poder do trabalho está relacionado com o know-how profissional, só que
temporário (lugar/poder instável); cultura comum baseada na valorização do esforço individual; afinidade
com pequenos grupos – espírito de camaradagem.

4. Os quadros

Comunidade dos executivos; posiciona-se entre os trabalhadores e patrões, grupo autónomo que
persegue interesses próprios; provenientes da burguesia; posição do quadro podem ser invejadas devido
à relação ao acesso ao poder e à independência e autonomia; posição do quadro pode ser rejeitada
devido à negociação permanente e ao risco de perder poder face aos outros

Corporações: corporação ou empresa ou comunidade de negócios é caracterizada como uma criação


artificial que é parte de um todo na nossa sociedade, uma forma de controlo de negócios, onde um
conjunto de pessoas trabalham juntas com um objetivo comum a atingir - o sucesso da empresa.

Paradoxo das corporações : “uma instituição que cria riquezas, mas também causa muito mal ”. Uma
empresa “por fora” pode aparentar bem sucedida quando na realidade existe uma imensa crise de
confiança no mercado ou um excesso de desconfiança (“maçãs podres”, por fora aparentam bem, mas por
dentro estão estragadas).

Corporação é uma identidade que opera legalmente como uma pessoa jurídica, com características de
uma pessoa imortal. Não são pessoas normais, mas sim pessoas especiais, vistos como membros
constitutivos da sociedade, sem consciência moral, centradas apenas em maximizar o lucro a curto prazo.

Atualmente, as corporações estão apenas preocupadas com os seus acionistas, a crescerem e a serem o
mais lucrativas possíveis, maximizando o seu lucro. Existem empresas que ajudam a comunidade,
produzindo bens e serviços que nos são úteis para melhorar as nossas vidas, mas as mesmas são
obrigadas a pôr os seus próprios interesses acima de tudo, até mesmo do bem público , o que interessa é
o lucro.

Externalidades – efeito de duas pessoas sobre uma outra que não participa na transação. Estas tiveram
origem quando as corporações deixaram que mais alguém lidasse com os problemas, enquanto que outro
alguém pagava pelo seu impacto.

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