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ESCOLA ESTADUAL EM TEMPO INTEGRAL PROF FRANCISCO IVO CAVALCANTI

DISCIPLINA: Sociologia

PROFESSORA: Kelly Lima

Os clássicos da Sociologia

Émile Durkheim

Continuando o trabalho iniciado por Comte, o de fazer da Sociologia uma ciência,


numa visão positiva surgiu o sociólogo francês Émile Durkheim (1858 -1917) dar a sociologia
uma reputação científica foi seu principal trabalho.

Durkheim presenciou boa parte das transformações mundiais, como a


invenção da eletricidade, do cinema, dos carros de passeio, entre outros. No
seu tempo, havia um certo otimismo causado por essas invenções, mas
Durkheim também percebia entraves nessa sociedade moderna: eram os
problemas de ordem social.

Metodologia: fatos Sociais

A principal preocupação intelectual da sociologia, para Durkheim, reside nos estudo


dos fatos sociais. De acordo com este autor, os fatos sociais são formas de agir, pensar ou
sentir externas aos indivíduos que possuem uma realidade própria exterior à vida e às
percepções das pessoas individualmente consideradas. Outra característica dos fatos sociais
é exercerem um poder coercitivo sobre os indivíduos.
Durkheim sublinhava a importância de pôr de lado os preconceitos e a ideologia ao
estudar fatos sociais. Uma atitude científica exige uma mente aberta à evidência dos
sentidos e liberta de ideias preconcebidas oriundas do exterior. Desafiou os sociólogos a
estudar as coisas tal como elas são e a construir novos conceitos que refletissem a
verdadeira natureza das coisas.
O seu famoso princípio básico da sociologia era, estudar os fatos sociais como coisas.
Queria dizer com essa afirmação que a vida social poderia ser analisada com o mesmo rigor
com que se analisam objetos ou fenômenos da natureza.
O pensador francês em defesa do seu posto de vista, apresenta uma definição clara,
compreensível e mesmo correta: “É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível
de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma
sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações
individuais que possa ter”. (1966:12)

Características dos fatos sociais:

Exterioridade (em relação a consciência individual): existem e atuam


independentemente da vontade ou adesão consciente dos indivíduos. Ao nascer já
encontramos regras sociais, costumes e leis que somos coagidos a aceitar. Essa herança
persiste no tempo, transmitindo-se de geração para geração. As maneiras de agir, de
pensar, e de sentir são exteriores às pessoas, porque as precedem, transcendem e elas
sobrevivem.

Coercitividade (força opressora): para Durkheim, os fatos social distinguem-se dos fatos
orgânicos ou psicológicos por se imporem ao indivíduo como uma poderosa força coercitiva,
à qual ele deve, obrigatoriamente, se submeter. Logo, a força coercitiva dos fatos sociais se
manifesta pelas sanções legais ou espontâneas a que o indivíduo está sujeito quando tenta
rebelar-se contra ela.
Generalidade (ser comum ao grupo ou a sociedade): isso ocorre, pois envolvem muitos
indivíduos e grupos ao longo do tempo. Repetem-se e difundem-se. Ocorrendo um consenso
construído historicamente. A complexidade desta generalização acontece de acordo com o
tipo de sociedade a ser estudada. Sendo mais fácil nas sociedade mais simples onde a
consciência individual está muito próxima da coletiva e mais complicadas nas sociedade
industrializadas, pois existem diversas formas de compreender um objeto.

Objetividade dos fatos sociais.

Da mesma maneira que nas ciências naturais, o cientista social deveria apreender a
realidade que o cerca como sem distorcê-la de acordo com seus desejos e interesses
particulares. Deveria deixar de lado seus pré-conceitos, isto é, valores e sentimentos
pessoais em relação àquilo que está sendo estudado, pois tudo que nos mobiliza – nossa
simpatias, paixões, e opiniões – dificulta o conhecimento verdadeiro, fazendo-nos confundir
o que vemos com aquilo que queremos.

Levando às últimas consequências esse distanciamento que o cientista deve manter


em relação ao seu objeto de estudo, Durkheim, aconselhou o sociólogo a encarar os fatos
sociais como coisas, isto é, objeto que lhe são exteriores. Dessa forma, também deve se
manter neutro diante da opinião dos próprios envolvidos nas situações analisadas, pois elas
representam, apenas juízos de valor individuais, aos quais Durkheim propõe o exercício da
dúvida metódica, procurando se distanciar dos preconceitos.

Desta maneira, os fatos sociais são explicados por causas sociais. “Quando
procuramos explicar um fenômeno social, é preciso buscar separadamente a causa eficiente
que o produz e a função que desempenha... A cauda determinante de um fato social deve
ser buscada entre os fatos sociais anteriores, e não entre os estados da consciência
individual... a função de um fato social deve ser sempre buscada na relação que mantém
com algum fim social”. (1966:88 e 102)

A sociedade Integrada de Durkheim: solidariedades mecânicas e orgânicas.


A sociedade funciona, permanece e se transforma. Isso intrigava os cientistas
sociais, e a imagem da sociedade que nos passam e de um conjunto integrado de fatos
sociais regulares, preocupados estavam em explicar cientificamente o seu funcionamento
harmonioso. As partes concatenadas desse todo eram concebidos como agrupamento e
instituições sociais. Essas podiam ser identificadas por aquelas organizações que alcançaram
a condição de estruturas relativamente permanentes por terem fincado raízes na sociedade.
A igreja, a escola, a família, o Estado são exemplo encontrados de instituições fornecedoras
de regras de conduta aceitas legitimadas socialmente.

Em analogia com as ciências naturais, mais desenvolvidas que as sociais, Durkheim


propôs o estudo da sociedade como uma Fisiologia Social. Inspirou-o o paradigma a
integração social. Por meio dela, há a tendência dos indivíduos de coordenarem suas ações
sociais com as de outros níveis da estrutura social, em clima de baixo grau de conflito.
Reportemo-nos as situações de guerras, conquistas, domínios e desigualdades sociais,
expostas agora de forma mais atenta ao despertar do interesse das ciências sociais. O
estado variável da sociedade era observado como um sistema social, uma coletividade, que
tendia à estabilidade, ao equilíbrio, graças à integração entre as suas partes.

O amálgama que une as partes, para Durkheim (1973), são laços de coesão ou
solidariedade e diferem conforme o tipo de sociedade. Sociedades mais simples, com
primazia no tempo, como as tribos primitivas e os clãs organizados, comportavam
manifestações de uma solidariedade mecânica, que ocorre por similitude entre os
indivíduos vivendo sob uma divisão do trabalho incipiente.

Com o crescimento da população e o progresso técnico, as sociedades experimentam


um fenômeno de densidade moral, caracterizado pelo aumento e a intensidade das relações
sociais. Essa é a sociedade industrial. Nela, os vínculos de uma solidariedade orgânica,
funcional, propiciada pelo fato de os indivíduos se diferenciarem e tornarem-se
interdependente, levam a uma divisão do trabalho mais complexa.

Teoria da coesão social – Émile Durkheim


Tipos de sociedades Tipos de coesão Controle social

Sociedade simples, primitivas -> Solidariedade mecânica -> Consciência


coletiva

Sociedade industrial -> Solidariedade orgânica -> Divisão do


trabalho

Nas sociedade segmentares, marcadas pela tradição e relações sociais entre


indivíduos intercambiáveis, o controle social ocorre por formas diretas de constrangimento
das consciências individuais, devido à existência da consciência coletiva. O controle social e o
domínio que indivíduos, instituições ou grupos exercem sobre outros, mediante o
estabelecimento e a vigilância do cumprimento de normas e regras de conduta sociais. Entre
os tipos de controle social estão os costumes, a religião, a lei, a moral, a educação, exercidos
por instituições especificas e pela sociedade em geral.

Nas sociedades modernas a coerção social torna-se mais difusa e é exercida pela
divisão do trabalho, segundo Durkheim, dada a interdependência maior que se estabelece
ente indivíduos e grupos sociais. A coerção social está presente na pressão velada ou aberta
que a sociedade exerce sobre o indivíduo, para que este siga os costumes e comporte-se
segundo os valores e as normas vigentes. Nem sempre ela é sentida pelo individuo, porque o
induz a adaptar-se ás regras de convivência social.

Resumo:

Solidariedade mecânica:

1. Sociedades mais simples ocorre por similitude entre os indivíduos vivendo


sob uma divisão do trabalho incipiente. Nesse caso o que une as pessoas
não é o fato de uma depender do trabalho da outra mas a aceitação de um
conjunto de crenças, tradições e costumes comuns.

Solidariedade orgânica:

2. Fruto da diversidade entre os indivíduos, e não identidade das crenças e


ações. O que os une é a interdependência das funções sociais, ou seja, a
necessidade que uma pessoa tem da outra, em virtude da divisão do
trabalho social existente na sociedade.

Controle social e Anomia social

Mediante sanções sociais positivas e negativas, a questão do controle social é um dos


sustentáculos da teoria durkheimiana, pois a sua Sociologia, de cunho normativo persegue
uma existência pacifica e integrada da sociedade. Tudo o que venha a fugir esse padrão de
funcionamento estável e controlável – leia-se um estado de saúde social – é enquadrado
como patológico e pode conduzir a condição de anomia social, o mesmo que ausência de
normas, a vacância da organização. Quando ocorre a desorganização das normas sociais,
também chamada de disnomia, ou momentos de anomia na sociedade – uma revolta, um
motim, uma crise econômica -, esses estados temporários estão sujeitos à correção para
restabelecer a ordem social. Frente a essas anomalias, Durkheim evoca a revitalização das
corporações profissionais, capazes de recompor os laços de natureza moral que as forças do
mercado ameaçam destruir.

Esses vínculos de natureza moral traçam o perfil da análise de metodológico como As


regras do método sociológico [1895], sejam nos escritos sobre educação civil ou em As
formas elementares da vida religiosa [1912]. A concepção de realidade objetiva, que
independe dos sujeitos e os precede – quando os indivíduos nascem, encontram a sociedade
organizada -, é coercitiva, na medida em que aquela os pressiona a agir de acordo com os
valores e as normas dos grupos sociais nos quis estão inseridos, justifica a teoria social
desse pensador.

OBSERVAÇÃO: explicitando conceitos

 Consciência coletiva é o conjunto de valores, sentimentos, crenças e tradições de


uma sociedade, preservado, respeitado e legitimado no decorrer de várias gerações.
É a moral de determinada sociedade, em que predomina a solidariedade mecânica,
conforme Durkheim (1973). A consciência coletiva exerce sobre os indivíduos uma
coerção reforçando hábitos, costumes e representações sociais.
 Representações sociais – objeto caro a Sociologia – são as noções ou conceitos
pelos quais os grupos sociais explicitam sua concepção do mundo. As representações
sociais ou coletivas resultam da combinação e associação de ideias e experiências de
múltiplas gerações que cooperam para sua formação. A experiência dos indivíduos as
reelabora.
 Coerção social: chamamos coerção social a força da coletividade e da sociedade
sobre a vontade individual. A força da coerção social se manifesta pelas sanções
legais ou espontâneas a que o indivíduo está sujeito quando tenta rebelar-se contra
ela.

CONCLUSÃO

Para Durkheim, a Sociologia tem o papel de compreender o funcionamento


orgânico da sociedade e suas partes, de maneira a formular leis e realizar
generalização.

Um dos papeis da Sociologia como ciência é, portanto, a apreensão dos fenômenos sociais
para permitir intervenção e correção dos rumos das sociedades. Essa é concebida como
orgânica porque sua estrutura é sistêmica e as partes são complementares. A estrutura
analítica que Durkheim dá ao problema da ordem mostra-nos que ela representa a outra
face da mudança social. Sua produção intelectual, numa metodologia funcionalista de
apreensão e explicação da sociedade, não explica a contento a origem e a existência dos
conflitos sociais, que se caracterizam como fortes divergências ou oposições existentes entre
grupos sociais e podem levar ao enfrentamento. Os conflitos pressupõem a existência de
desigualdade entre grupos com interesses distintos, principalmente no âmbito social, político
e econômico. São exemplos: o conflito de classes, os conflitos étnico-raciais, a luta pela
terra, os conflitos religiosos, as guerras e as revoluções sociais.

A Sociologia de Max Weber (1864- 1920)

Max Weber nasceu em Erfurt, Turíngia, Alemanha, no dia 21 de


abril de 1864. Filho de uma família de classe média alta, com o
pai advogado, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera
intelectualmente estimulante. Foi nomeado professor de
economia da Universidade de Heidelberg.

Max Weber viveu no período em que as primeiras disputas sobre a


metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa,
sobretudo em seu país, a Alemanha.

Metodologia: ação social

Para o alemão Max Weber (1864 – 1920) o que é central é a compreensão do


indivíduos e suas ações. Questões: por que as pessoas tomam determinadas decisões? Quais
as razões para seus atos? Para este autor a sociedade existe concretamente, mas não é algo
externo e acima das pessoas, e sim o conjunto dos indivíduos relacionando-se
reciprocamente. Podemos afirmar que Weber começa sua análise do indivíduo. E seu
principal conceito é a ação social, entendido como o ato de se comunicar, de se relacionar,
tendo alguma orientação a ação dos outros. Outros podem ser um indivíduo ou vários
indivíduos.

Weber concebe a Sociologia como uma ciência interpretativa, cujo objeto é a ação
social, a qual deve ser compreendida pelo sentido que lhe atribuem os atores sociais, e
fornece explicação causal de sua origem e resultado. Se são atitudes que explicam a conduta
social, faz-se necessário pesquisar a natureza e operação desses fatores, levando-se em
consideração, principalmente, serem essas atitudes afetadas ou modificadas por motivos e
ações de outros indivíduos. Padrões e categorias de validade sociológica revelar-se iam
através da atividade do indivíduo em sua relação com outras pessoas.
A conduta social seria, então, o caminho para a compreensão da situação social e o
entendimento e das intenções. Portanto, a compreensão social deve envolver a análise dos
efeitos que o ser humano procura conseguir.

Weber sugeriu dois tipos de compreensão:

a) A real, baseada no conhecimento da conduta visível dos outros, revelando a


intensão imediata ou indireta;
b) A explanatória, voltada para o campo mais amplo dos motivos. Assim, para
compreensão social, deve o sociólogo ser um técnico no diagnóstico da significação
ou das intenções que motivam a conduta do indivíduo.

Dessa forma, propõe o método da compreensão para captar o seu sentido que pode
ser: racional, afetivo ou tradicional. Assim os homens agem levando em conta as ações de
outros homens; deixam-se guiar por elas. Logo, o sentido da ação social é um meio para
alcançar um fim e torna-la efetiva, uma vez que acontece numa cadeia motivacional, num
processo de muitas ações concatenadas, uma relação social, na concepção de Weber.

As ações sociais estão divididas em quatro grandes tipos: tradicional, ação afetiva, racional
com relação a valores, racional com relação a fins.

 Tradicional: tem como base um costume arraigado, a tradição familiar ou um


hábito.
 Afetiva: especialmente emotiva, determinada por afetos e estados sentimentais.
 Racional com relação a valores: fundamenta-se em convicções, tais como o
dever, a dignidade, a beleza, a sabedoria, a piedade ou transcendência de uma
causa, qualquer que seja seu gênero.
 Racional com a relação à fins: fundamenta-se numa relação entre meios e fins.
Nesse tipo de situação o indivíduo pensa antes de agir.

Tipos ideais (método comparativo)

Tipo ideal trata-se de uma construção teórica abstrata que o cientista elabora por
meio de estudos sistemáticos das diversas manifestações particulares de um fenômeno, no
qual ele acentua aquilo que lhe parece característico ou fundante. Constitui-se em um
trabalho teórico indutivo que tem por objetivo sintetizar aquilo que é essencial nas
diversidades das manifestações da vida social, permitindo a identificação de exemplares em
diferentes tempos e lugares.
Para Weber, a realidade social é complexa, caótica e foge ao controle humano, por
isso o sujeito que a investiga é o seu ordenador. A finita mente humana ordena-a, criando
conceitos particulares das situações históricas e culturais. Enfim, a construção de tipos ideais
é um recurso metodológico weberiano e está em referência ao conjunto de valores
significativos de uma cultura e determinado tempo, captado pelo cientista, em seu traço de
individualidade.

Racionalidade dos fenômenos sociais

Uma teorização sociológica que põe o conflito na análise social é produzida por Max
Weber (1864- 1920). Para ele, o conflito nasce da contraposição de interesses econômicos,
no calor das relações dos mercados, onde ocorrem a oferta e a demanda das mercadorias.
Podemos imaginar esses espaços, na Antiguidade, com mercadores bradando seus produtos
para troca; ou na Idade Medieval, quando campesinos e habitantes das cidades discutiam
em praça pública, barganhando o preço dos produtos.

A sociedade moderna é, por excelência, aquela dos mercados, dos interesses


organizados e opostos, propiciando conflitos. E não apenas o mercado dos produtos
objetivos, mas também a pluralidade do mercado de trabalho, o qual se apresenta
fracionado localmente e pelo tipo de qualificação do trabalhador, potencializando uma divisão
social do trabalho.
A esfera econômica, no entanto não é a única em que se manifestam o conflito e a
luta de classe. Weber (1977) os observa nas esferas da política, da religião, do direito, da
honra, do prestigio, as quais estão conectadas e ainda mantem uma autonomia relativa. As
relações entre esferas são atravessadas por um traço de racionalidade que caracteriza, por
exemplo a ação racial capitalística, própria do empreendimento que visa o acumulo de
riqueza. Enfim, pra Weber, os conflitos não são patológicos nem provocam desintegração
social, mas favorecem uma estrutura institucional capaz de regulá-los, que chama de
ordenamento social.

Podemos dizer que a coerência da teoria weberiana é sustentada pelo paradigma da


racionalização acerca da realidade social. Do conjunto de sua obra, a racionalidade destaca-
se como princípio organizativo da sociedade moderna, a ponto de formular a expressão
“desencantamento do mundo”, referindo-se ao descontrole do comportamento racional
propiciado pelo avanço técnico, tornando-se irracional, inclusive.

Weber (1977) propõe o método da compreensão para captar o sentido da ação


social, seja racional, afetivo e/ou tradicional. Assim os homens agem levando em conta as
ações de outros homens; deixam-se guiar por elas. Se a ação é racional, com relação a fins
ou a valores, é a razão que a impulsiona (por exemplo: vendo-lhe minha bicicleta porque
preciso de dinheiro); se a ação social tem por sentido a emoção ela é afetiva (por exemplo:
no local de trabalho, comemoramos os aniversariantes do mês); e/ou se a ação social tem
por motivo a tradição, ela é tradicional (por exemplo: a cerimônia de posse do governador
foi concorrida). O sentido da ação social é um meio para alcançar um fim e torna-la efetiva,
uma vez que acontece numa cadeia motivacional, num processo de muitas ações
concatenadas, uma relação social, na concepção de Weber.

Ainda que Weber considere os fatores econômicos como importantes para as


mudanças sociais, as ideias e os valores sociais são determinantes para que transformações
aconteçam. Os valores sociais constituem a motivação da ação social, dizem respeito ao que
é desejável, de um modo geral; são interiorizados pelos indivíduos no processo de
socialização, a partir de certos comportamentos das diferentes representações que os grupos
de uma sociedade têm dos chamados valores comuns, os quais tornam possível a vida social,
segundo Weber, e não tanto nas estruturas, pois as motivações e ideias humanas teriam o
poder de transformação social. É nessa lógica que Weber (1967) escreveu A ética
protestante e o espirito do capitalismo [1904], em que mostrou uma determinada ética
religiosa – a calvinista – como impulsionadora do capitalismo no Ocidente.

Conclusão:

Weber concebe a Sociologia como uma ciência interpretativa, cujo objeto é a ação
social, a qual deve ser compreendida pelo sentido que lhe atribuem os atores sociais.

A Sociologia de Karl Marx


Com a massa dos trabalhadores ocupados ao mesmo tempo
cresce também sua resistência e com isso necessariamente a
pressão do capital para superar essa resistência. A direção
do capitalista não é só uma função específica surgida da
natureza do processo social de trabalho e pertencente a ele,
ela é ao mesmo tempo uma função de exploração de um
processo social de trabalho e, portanto, condicionada pelo
inevitável antagonismo entre o explorador e a matéria-prima
de sua exploração. (MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Rio de
Janeiro: Civilização
Brasileira, 2008. Livro Primeiro: Volume I, Capítulos I, XI, XII, XIII; Volume II, Capítulo XXIV. Pág.447)

Introdução
Nascido na Prússia em 5 de Maio de 1818, Karl Marx começou a explorar as teorias
sócio-políticas na universidade entre os jovens hegelianos. Ele se tornou um jornalista, e
seus escritos socialistas seria levá-lo expulso da Alemanha e da França. Em 1848 publicou o
Manifesto Comunista com Friedrich Engels e foi exilado para Londres, onde escreveu o
primeiro volume de O Capital e viveu o resto de sua vida.

Objetivo da obra:

 Entender o sistema capitalista moderno e modificá-lo.


 Marx escreveu sobre filosofia, economia e sociologia. Sua intenção, porém, não era
apenas, contribuir para o desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla
transformação política, econômica e social. Não escreveu para acadêmicos e
cientistas, mas para todos os homens que quisessem assumir sua vocação
revolucionária.

Influências do pensamento de Karl Marx.

A) A filosofia hegeliana, da qual Marx absorveu uma diferente percepção da história


– não um movimento linear ascendente como propunha os evolucionistas, nem o
resultado da ação voluntariosa e conscientes dos agentes envolvidos, como
pensavam os românticos. Hegel entendia a história como um processo coeso que
envolvia as diversas instâncias da sociedade – da religião a economia – cujo a
dinâmica de dava por oposição entre forças antagônicas – Tese e antítese. Desse
modo, Marx utilizou esse método de explicação histórica para o qual os agentes
sociais, apesar de conscientes, não são os únicos responsáveis pela dinâmica dos
acontecimentos;

B) outro contato de Marx foi com o pensamento socialista francês e inglês do século
XIX, de Claude Henri de Rouvroy, ou conde de Sant Simon, François – Charles
Fourier e Robert Owen. Marx admirava o pioneirismo desses críticos da sociedade
burguesa e suas propostas de transformação social, apesar de julgá-las “utópicas”,
ou seja idealistas irreais. (Defendiam a tese que o grande problema humano consiste
na propriedade privada);

A) Socialismo científico ou comunismo foi influenciado por seu parceiro Friedrich


Engels (1820 – 1895) Tese: as contradições do sistema seriam a base para sua
superação;

Karl Marx Metodologia: o materialismo histórico dialético.

O conceito se refere à metodologia elaborada por Karl Marx par explicar o


desenvolvimento histórico da sociedade humana desde a sua origem. Segundo seus
pressupostos, toda e qualquer transformação social tem origem nas bases materiais da vida
social, ou seja, na infraestrutura.

No materialismo, Marx parte do princípio que, a estrutura de uma sociedade reflete a


forma como os homens se organizam para a produção de bens, que engloba dois fatores: as
forças produtivas e as relações de produção. E a noção moderna de dialética a define como a
contraposição de forças de oposição em um dado momento histórico, cujo confronto provoca
a transformação social.

Resumo do método:

Características da sociologia Marxista:

 A organização econômica determina a classificação social.


 Todas as sociedades estão estabelecidas em um antagonismo de classes: “O conflito
de classe – contido da luta de classe em defesa do interesse oposto à outra parte – é
a grande força da história responsável pela transformação social”.
 A História como um elemento essencial para análise do contexto social.

Síntese: Por isso, podemos dizer que o eixo explicativo da teoria de Marx é o paradigma
da contradição social, ao expor os lados que se opõem na realidade e criam para que a
história flua. O capitalismo torna-se transparente em seus mecanismos de dominação,
revelando as contradições sociais, compreendidas como divergências, oposições ou
tensões existentes numa dada sociedade.

A contradição social revelada por Marx

Mesmo que Karl Marx (1818-1883) não seja um sociólogo, ele pode ser considerado
um clássico da Sociologia, pois sua influência para a compreensão da mudança social foi
notável. Outras ciências sociais podem também evocar com a contribuição desse filósofo
social. Sua maior contribuição sociológica está na análise da dinâmica da sociedade
capitalista.

Toda sociedade produz e consome e, nesse processo, se reproduz.

Em verdade, Marx explica como em cada sociedade – asiática, antiga, feudal,


moderna – as relações sociais básicas são aquelas da esfera da produção, as que os homens
estabelecem entre si para garantir sua sobrevivência material e, por conseguinte, a
reprodução social. Essa compreende tanto a produção quanto a criação das condições pelas
quais uma sociedade perdura. As relações entre o escravo e o seu proprietário, o servo da
terra e o senhor feudal, determinam a estrutura das respectivas sociedades. A estrutura de
classe, no entanto, é especifica da sociedade contemporânea e abriga as relações
fundamentais de representantes de suas classes sociais: o trabalhador assalariado e o
capitalista, segundo Marx.

Essas relações de produção na sociedade capitalista são essencialmente e


dominação, porque envolvem diferentes interesses de classe, inevitavelmente antagônicos;
trabalhadores querem o seu salário, enquanto os donos do capital almejam o lucro. O
conflito de classe – contido da luta de classe em defesa do interesse oposto à outra parte – é
a grande força da história responsável pela transformação social. Para Marx (1977), a
historicidade é a própria transitoriedade do capitalismo e depende do desenvolvimento
desses antagonismos e das lutas sociais de caráter estrutural.

O mecanismo que impulsiona a mudança social é de natureza dialética, no sentido de


que o modo de produção de cada sociedade produz as forças destinadas a negá-lo, a fim de
superá-lo. Por isso, podemos dizer que o eixo explicativo da teoria de Marx é o paradigma da
contradição social, ao expor os lados que se opõem na realidade e criam para que a história
flua. O capitalismo torna-se transparente em seus mecanismos de dominação, revelando as
contradições sociais, compreendidas como divergências, oposições ou tensões existentes
numa dada sociedade.

As contradições sociais, na tradição marxista, são estruturais do capitalismo e são


dialéticas por constituírem oposições reais, históricas filosóficas, políticas, religiosas, também
as instituições jurídicas desenvolvem, na concepção de Marx (1977b), um papel ideológico
por remeterem á estruturas de dominação, justificando-as e fazendo com que sejam aceitas.

Seus escritos são vigorosos e refletem a situação do seu tempo, em plena Revolução
Industrial nos países europeus, nos quais ele circulou como jornalista e ativista político.
Qualquer um dos clássicos da Sociologia só pode ser tratado e conhecido pelo conjunto de
sua obra; com Marx esse alerta é valido para não incorrer e banalização, uma vez que o seu
pensamento foi interpretado a exaustão nas ciências sociais e pela experiência histórica,
sobretudo a política soviética, da primeira metade do século XX.

Uma página de propaganda política é, sem dúvida, o Manifesto comunista [1848],


escrito em parceria com Friedrich Engels (1820-1895), onde estão delineadas as diretrizes
do processo da história, filosoficamente analisadas em A ideologia alemã [1845], na
Contribuição à crítica da economia política [1859] e em sua obra-prima, O capital [1867-
1905], entre outras obras.

Ao longo de sua obra, Marx produz o método e a interpretação do modo de produção


capitalista, preocupando-se em explicitar os passos da dialética materialista. Emprenha-se
em mostrar as coisas que não aparecem e se escondem atrás das relações sociais, como se
fossem dotadas de propriedades exclusivas, místicas, independentes do trabalhador que as
faz e das relações de produção a que está subordinado.
Em suas teorias interpretativas da realidade social. Marx pressupõe o processo de
conhecimento como uma atividade prática. O pensamento é uma forma de apropriar-se do
real e, assim, transformá-lo. Há processo histórico no conhecimento empírico de situações
particulares, por haver historicidade na ação recíproca dos homens que produzem a
sociedade em que vivem.

OBSERVAÇÃO: explicitando conceitos.

Classe Social.

O primeiro autor a utilizar continuamente o termo “classes sociais”, ao longo de suas obras,
sem todavia defini-lo com precisão. Contudo, a definição de classes é a identidade de suas
rendas e fontes de renda. A divisão será entre donos dos meios de produção e subordinados.

As classes são grupos de pessoas que diferem uma das ouras com pelo lugar ocupado por
elas num sistema historicamente determinado de produção social, por sua relação (na
maioria dos casos fixada e formulada em lei) com os meios de produção, por seu papel na
organização social do trabalho e, por consequência, pela dimensão e método de adquirir a
parcela de riqueza social que disponham.

Ideologia: segundo Marx e Engels, o termo pode se encaixar na tradução de falsa


consciência, ou seja, um conjunto de ideias falsas que justificam o domínio burguês e
camuflava a existência da dominação desta classe trabalhadora.

Mais-valia: lucro dos proprietários dos meios de produção. Também chamado de trabalho
não pago.

Conclusão

Embora escrevesse acerca de várias fases da história, Marx concentrou-se na mudança


nos tempos modernos. Para ele, as mudanças mais importantes estavam ligadas ao
desenvolvimento do capitalismo – um sistema de produção que contrasta de forma radical
com todos os sistemas econômicos anteriores, implicando a produção de bens e serviços para
serem vendidos a uma grande massa de trabalhadores. (Capital: qualquer ativo; acumulação
do capital; proletariado x burguesia; mudança social)

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