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A Educação em

Émile Durkheim

Profa. Dra. Uyguaciara Veloso Castelo Branco


Material didático
Biografia do autor
• Émile Durkheim (1858-1917) - sociólogo francês, considerado
o pai da Sociologia Moderna, nasceu na França, descendente
de família judia, filho e neto de rabinos, mas rejeitou sua
herança judaica.
• Interessou-se inicialmente por filosofia e estudou na Escola
Normal Superior de Paris, lecionando em diversos liceus
provinciais franceses.
• Entre 1885 e 1886, realizou uma viagem de estudo na
Alemanha, especializando-se em Sociologia, sendo
fortemente influenciado pelos métodos da Psicologia
Experimental, de Wilhelm Wundt.
• Contexto histórico: posterior à Revolução Francesa (1789-
1799), que não resultou em uma sociedade burguesa
igualitária, e vivenciando os efeitos da Revolução Industrial
(transição para novos processos de manufatura - período
entre 1760-1820 e 1840). 2
A Sociologia de Durkheim
Tentativa de emancipar a sociologia das demais teorias
da sociedade (bases científicas);
Procura definir o objeto de estudo, o método e as
aplicações das ciências sociais;
Busca no Positivismo o espírito científico (inspiração):
crença no aperfeiçoamento e evolução da humanidade;
 Define o objeto de estudo da Sociologia: os fatos
sociais.
Novo contrato social: Sociologia enquanto ciência
empírica, comprovada por meio da observação, da
indução e da experimentação.
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FATOS SOCIAIS

 Para Durkheim, o fato social é experimentado pelo


indivíduo como realidade independente e preexistente.

 Características básicas que distinguem os fatos sociais:

1º) Coerção Social: força de convencimento (imposição);


2º) Fatores exteriores ao indivíduo: cultural e
socialmente existentes e não dependem de sua vontade;
3º) Generalidade: aplicável a múltiplas realidades
sociais.

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1º) COERÇÃO SOCIAL :
 FORÇA QUE OS FATOS EXERCEM SOBRE OS INDÍVÍDUOS
 os indivíduos se conformam com as regras da sociedade
(essa força se dá através da língua, das leis, das regras
morais).
 A FORÇA COERCITIVA SE TORNA EVIDENTE PELAS
SANÇÕES LEGAIS OU ESPONTÂNEAS

Sanções Legais: Sanções Espontâneas:


prescritas pela sociedade Resposta a uma conduta
através de leis inadequada.
(penalidade e infração “olhar de reprovação das
definidas) pessoas”, pois está ferindo os
Ex.: multas de trânsito, normas “bons costumes ou normas
institucionais, etc. pactuadas” 5
2º) FATORES EXTERIORES AO INDIVÍDUO:

Esses fatores atuam sobre o indivíduo independentemente


de sua vontade ou de sua adesão consciente.

Exemplo:

Ao nascermos já encontramos as regras sociais, costumes e


leis que somos coagidos a aceitar por meio de mecanismo de
coerção social, como a educação.

Obs.: Você não tem escolha (?!)

Os fatos sociais são ao mesmo tempo “coercitivos” e dotados


de existência exterior às consciências individuais.
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3º) GENERALIDADE

• É social todo fato que é geral, que se repete em todos os


indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles; que ocorre
em distintas sociedades, em um determinado momento
histórico ou ao longo do tempo.

• Por generalidade, os acontecimentos manifestam sua


natureza coletiva, sejam eles os costumes, os sentimentos
comuns ao grupo, as crenças ou os valores.

• Exemplo: Formas de habitação (moradia), sistemas de


comunicação e a moral existente numa sociedade.

• A generalidade leva a naturalização dos acontecimentos.


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Educação:

• Tem um papel importante na conformação do indivíduo à


sociedade em que vivem, seja a educação formal ou
informal. A educação tem o papel de ajudar a internalizar
as regras sociais.

Ex.: uso de determinada língua, gosto culinário, determinados


padrões de arte, de cultura, etc.

• A arte também representa um recurso capaz de difundir


valores e adequar as pessoas a determinados hábitos.
Exemplo de adequação: riso é uma forma de sanção social,
na encenação ou na vida real.
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Sociedade : um organismo em adaptação

 A Sociologia tinha por finalidade não só explicar a


sociedade como também encontrar soluções para a
vida social;

 Encara a sociedade como um organismo que pode


estar em estado normal ou patológico;

 Um fato social é normal  a generalidade garante a


normalidade representada através de um consenso
social  vontade coletiva / contrato social;

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Sociedade : um organismo em adaptação
 Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo,
o consenso e, portanto, a adaptação e a evolução
da sociedade, estamos diante de um acontecimento
mórbido e de uma sociedade doente. Portanto,
normal é aquele fato que não extrapola os limites dos
acontecimentos mais gerais da sociedade (poder de
generalização).

 Patológico é aquele que se encontra fora dos limites


permitidos pela ordem social e pela moral vigente.
Os fatos patológicos, como as doenças, são
considerados transitórios e excepcionais.

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Anomia em Durkheim

• Análise feita sobre o suicídio: suas causas seriam sociais,


dependendo do maior ou menor grau de coesão social.
• Três tipos de suicídio:
o EGOÍSTA - Falta de integração
o ALTRUÍSTA - Excesso de integração
o ANÔMICO - Falta de limites e regras
• Anomia: “estado de desregramento”, situação em que a
sociedade não desempenha o seu papel moderador, não
consegue orientar e limitar a atividade do individuo.
Quando se criam na sociedade “espaços anômicos” (com
perda de referências normativas) enfraquece a
solidariedade social, destruindo o equilíbrio entre
necessidades e meios para a sua satisfação. O individuo
“livre” de vínculos sociais, tende a auto-destruição.
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Consciência coletiva:
 Os fatos sociais independem daquilo que o indivíduo
pensa e faz em particular (consciência individual);

 Consciência individual ≠ consciência coletiva

 Consciência Coletiva: “conjunto das crenças e dos


sentimentos comuns à medida dos membros de uma
mesma sociedade [que] forma um sistema
determinado com a vida própria”.

Obs.: A consciência coletiva não se baseia na consciência de


indivíduos singulares ou de grupos específicos, mas
está espalhada por toda sociedade. A consciência
coletiva define o que é imoral ou criminoso.
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Morfologia social
 Toda sociedade evolui de uma forma social mais simples para uma
mais complexa. O motor da evolução das sociedades era a passagem
da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica.

Solidariedade Mecânica: Solidariedade orgânica:


Predominava em sociedades Típico da sociedade capitalista em que,
pré-capitalistas: os pela acelerada divisão do trabalho social,
indivíduos se identificavam os indivíduos se tornavam
por meio da família, da interdependentes. Essa interdependência
religião, da tradição e dos garante a união social, em lugar dos
costumes, permanecendo costumes e das tradições ou das relações
independentes e autônomos sociais estreitas. Nas sociedades
em relação à divisão social capitalistas, a consciência coletiva se
do trabalho. A consciência sobrepõe à individual - os indivíduos
coletiva exerce todo seu tornam-se mutuamente dependentes,
poder de coerção sobre os cada qual se especializando numa
indivíduos (heteronomia). atividade, mesmo aparentando maior
autonomia pessoal. 15
SÍNTESE
• O indivíduo é constituído por dois elementos: o
individual e o social;
• A educação é responsável pela natureza social do
indivíduo, em relação a valores morais, éticos e
religiosos;
• A sociedade é análoga a um organismo: exige relação e
manutenção sistemática de seus órgãos, sendo o
indivíduo uma célula indispensável a sobrevivência
deste organismo.
• Os adultos são os que detém o conhecimento e o
ensinam as gerações em formação.
• O professor é o porta-voz dos ensinamentos e valores
de sua sociedade 16
SÍNTESE
• A educação é a ação exercida pelas gerações adultas
sobre aquelas que ainda não estão maduras e preparadas
para a vida social.
• Através da educação, o ser individual transforma-se em
ser social.
• A socialização ocorre desde o nascimento, na família,
mas é na escola que ela é sistematizada.
• Pedagogia: teorização da prática educativa.
• Princípios de uma moral laica (distanciada de qualquer
conduta de parâmetro religioso) – nova ética – capaz de
institucionalizar a estrutura da sociedade e da educação
(escola) => sociedade moderna
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CONCEITO DE EDUCAÇÃO:
Ação exercida nas crianças pelos pais e professores. Esta
ação é constante e geral. Não há nenhum período na vida
social e nem mesmo, por assim dizer, nenhum momento do
dia em que as novas gerações não estejam em contato com
os mais velhos e, por conseguinte, não recebam a influência
educadora destes últimos. Isto porque esta influência não é
sentida somente nos instantes bastante curtos em que os
pais ou professores compartilham, de modo consciente e
através de um ensino propriamente dito, os resultados de
suas experiências com aqueles que nasceram depois deles.
Existe uma educação inconsciente e incessante. Através do
nosso exemplo, das palavras que dizemos e dos atos que
executamos, fabricamos a alma dos nossos filhos de modo
constante (DURKHEIM, 2013, p.75).
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OBJETIVO DA EDUCAÇÃO:
• Em cada um de nós, pode-se dizer, existem dois seres
que, embora sejam inseparáveis – a não ser por abstração
–, não deixam de ser distintos. Um é composto de todos
os estados mentais que dizem respeito apenas a nós
mesmos e aos acontecimentos de nossa vida pessoal: é o
que se poderia chamar de ser individual. O outro é um
sistema de ideias, sentimentos e hábitos que exprimem
em nós não a nossa personalidade, mas sim o grupo ou
os grupos diferentes dos quais fazemos parte; tais como
as crenças religiosas, as crenças e práticas morais, as
tradições nacionais ou profissionais e as opiniões
coletivas de todo tipo. Este conjunto forma o ser social.
Constituir este ser em cada um de nós é o objetivo da
educação. (DURKHEIM, 2013, p.54, Grifo nosso).
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REFERÊNCIAS
• LOPES, Igor Gonzaga; FERREIRA, Jéssica Abadia; SOUSA,
Elisângela Gregório de. Educação e Sociedade sob a ótica de
Émile Durkheim. Revista COCAR, Belém, V.11. N.21, p. 302 a
321 – Jan./Jul. 2017. Disponível em:
https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/1293.
• PILETTI, Nelson; PRAXEDES, Walter. Durkheim: a educação
como socialização e individuação. In: _____. Sociologia da
Educação. Do positivismo aos estudos culturais. São Paulo:
Ática, 2010, p. 23-33.
• FERRARO, José Luís Schifino. Durkheim, educação e
sociologia. Educação Por Escrito, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p.
124-131, jan.-jun. 2016. Disponível em:
https://www.academia.edu/50561056/Durkheim_educa%C3%
A7%C3%A3o_e_sociologia
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