Preocupado com a aceitação da Sociologia como ciência, Durkheim se
inspirou nas ideias positivistas. Em suas diversas obras assemelhava a sociedade a um grande máquina (metáfora extraída da Física) ou um organismo vivo (metáfora extraída da Biologia). Percebendo, assim, uma forte influência das ciências naturais. O fator responsável por deixar a sociedade unida seria, justamente, o conjunto das leis naturais, crenças e sentimentos comuns a todos os seus membros. Conjunto de lei naturais/ crenças: grupo de regras, normas, padrões de conduta e sentimentos, que não estão presentes no individuo, mas presentes nas instituições sociais. Instituições sociais: conjunto de regras, comportamentos e valores que são parte da consciência coletiva e tornam-se referência para o comportamento dos indivíduos. Ex.: Igreja, família, Estado, escola, etc. Predominância da coletividade sobre a individualidade. Coletivo>Individuo Logo, mesmo todo individuo possuindo a consciência individual, ele é fortemente influenciado pela consciência coletiva (influência determinada pelas formas padronizadas de comportamento do grupo social). Consciência coletiva se manifesta fora dos indivíduos, mas os controla por meio da pressão moral e psicológica. Desse modo, quanto maior a influência da consciência coletiva maior a coesão social. Entretanto, com o advento da Revolução Industrial os indivíduos passam a se diferenciar e, com isso, faz com que se tenha a criação de uma nova ordem moral, para que a coesão social possa ser possível. (Relacione com as ideias dos Pensadores da Escola de Frankfurt, sobre o conceito de Indústria Cultural, tendo em vista a massificação e padronização social criticada por esses pensadores após o século XX). A sociologia Durkheimiana receberá o nome de Funcionalista (Positivismo Funcionalista) por, justamente, buscar explicar o todo em razão de suas partes. O método utilizado por Durkheim em sua sociologia é a análise metódica e minuciosa das partes isoladas do todo e, depois, reintegrá-las ao todo para enxergar suas funções. Objeto de estudo: a Sociologia deveria se ocupar do estudo dos fatos sociais. A Sociologia deve se concentrar na busca pelos mecanismos, pela origem e pelo funcionamento das instituições sociais, das crenças, valores e comportamentos que mantém os indivíduos vivendo em sociedade. O fato de os indivíduos se manterem vivendo em grupo está mais relacionado a força externa realizada pelos fatos sociais do que propriamente à vontade individual dos sujeitos. (Dessa forma, essa ideia Durkheimiana contradiz a ideia do homem ser um “ser social”). A sociedade era um fenômeno que se estabelecia a partir das leis gerias e permanentes. A sociedade seria uma síntese de partes independentes que, ao executarem suas funções, contribuiriam para o funcionamento do todo, tal qual um organismo vivo.
Logo, as partes só fazem sentido em função do todo, por isso, o todo é
mais importante do que as partes, consideradas separadamente. (Relacione com a ideia de público X privado e ao pensamento de Sergio Buarque de Holanda, sobre o homem cordial). Postura ideal do sociólogo: o cientista social deveria se afastar das noções de senso comum que já são conhecidas pelo pesquisador ao investigar um fenômeno social. O pesquisador deve ter uma relação de exterioridade com seu objeto. Logo, o objeto de estudo da Sociologia não é a sociedade, mas sim, os fatos sociais. Fatos sociais: não poderiam ser observados diretamente, contudo, suas propriedades podem ser analisadas por meio dos seus efeitos e tentativas de expressão, como, por exemplo, textos religiosos, leis ou regras e códigos de conduta. Além disso, o sociólogo deve tratar os fatos sociais como coisas. Para definir o que pode ser considerado um fato social, deve coexistir três características: Coercitividade, Exterioridade e Generalidade. Coercitividade: o próprio grupo social é um agente de socialização coercitivo, pois “força” a adequação dos indivíduos ao padrão adotado. Exterioridade: os fatos sociais existem independentemente da vontade do indivíduo. Esse não cria seu comportamento nem adere a ele de forma espontânea e intencional, simplesmente assimila e reproduz o que é praticado pelos outros ao seu redor. Generalidade: o fato de eles envolverem uma grande coletividade e se repetirem ao longo do tempo. A principal característica do fato social é ser exterior a consciência individual e, portanto, não depender da vontade dela para existir. Anomia social: bases sociais e valorativas entram em crise e os laços sociais ficam “afrouxados”. Para Durkheim, a anomia seria a ausência de sentimentos de propósito e a existência de medo e desespero instigados pela vida moderna, por meio de mudanças ocorridas de forma acelerada. Um exemplo de anomia social são as sociedades pós-Revolução Industrial que eram entendidas por Durkheim como uma sociedade anômica, por não ter formado ainda uma moral capaz de manter os indivíduos agregados socialmente. Para Durkheim o trabalho tem a função de estimular a solidariedade entre os indivíduos, já que, para ele, a solidariedade é o modo como os indivíduos se colocam em relação e, consequentemente, dão significado às ações individuais.
Existem, para Durkheim, duas formas de solidariedade: mecânica e
orgânica. Solidariedade Mecânica: em sociedades mais simples o trabalho e as relações sociais eram organizados com base na tradição e nos costumes. Solidariedade Orgânica: sociedades mais desenvolvidas, predominando o capitalismo e se configurando como uma maior divisão do trabalho social. Os direitos e deveres são pautados na ética do trabalho.
O suicídio para Durkheim é considerado uma instituição social.
Atribuindo a isso uma decisão puramente individual de pessoas consideradas mentalmente doentes ou fracas de caráter. Existindo três formas de suicídio: egoísta, altruísta e anômico. Suicídio Egoísta: o indivíduo não se sente integrado aos grupos sociais, faltando-lhe laços emocionais para viver. Suicídio Altruísta: definido pela subsunção do indivíduo à sociedade, à uma causa coletiva ou a uma crença. O indivíduo “doa” a sua vida em nome de uma coletividade ou ideia que concede sentido à sua existência particular. Suicídio Anômico: identificado em casos de anomia social, como, por exemplo, crises econômicas, guerras, fases de instabilidade social.
Visto essas diversas formas de suicídio, órgãos de comunicação adotaram
um acordo tácito, extraoficial, de não dar ampla repercussão a casos de suicídio e evitar a divulgação de dados estatísticos sobre o tema. Objetivando, assim, uma não normalização do suicídio e não estimule novos indivíduos a realizarem tal ato.
Uma Reflexão Sobre Os Principais Conceitos Elaborados Por Èmile Durkheim e Suas Aplicações Sobre as Formas de Interpretação Sociológica de Uma Dada Realidade