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Escola Estadual Benedito Ferreira Calafiori

Aula de Sociologia- 2º Colegial

Émile Durkheim: A sociedade e o indivíduo


Texto adaptado e retirado do canal UOL Vestibular

O que é uma sociedade? Como nos relacionamos com o outro? O sociólogo é o cientista que estuda e
analisa a sociedade e seus fenômenos. Um dos pioneiros da Sociologia foi o pensador francês Émile Durkheim
(1858-1917).
Os estudos de Durkheim trouxeram um novo olhar sobre as várias dimensões da vida em sociedade.
Suas pesquisas contribuíram para que a Sociologia ganhasse uma reputação científica e fosse considerada
uma verdadeira ciência social.
Nascido em 1858, em Épinal, na França, Durkheim era filho de judeus e iniciou seus estudos filosóficos
na Escola Normal Superior de Paris, concluindo-os na Alemanha. Durkheim foi um professor pioneiro: iniciou
a primeira cátedra de ciências sociais em uma universidade francesa, foi Professor de Sociologia e Pedagogia
na Sorbonne e líder da chamada Escola Sociológica Francesa.
A época que Durkheim viveu a sociedade tentava se reorganizar após a Revolução Industrial
(revolução econômica e consolidação do capitalismo) e a Revolução Francesa (revolução política). Os
problemas da sociedade, o conflito de classes e a emergência de novas crises despertavam o interesse de
pensadores da época. Este período foi marcado pela urbanização, o crescimento populacional, a tecnologia e
as rápidas transformações da sociedade.
A sociologia como uma ciência
O filósofo Auguste Comte (1798-1857) idealizou a Sociologia a partir da organização do curso de
Filosofia Positiva em 1839. Ele acreditava na superioridade da ciência e no seu poder de explicação dos
fenômenos de maneira desprendida da religiosidade, como era comum se pensar naquela época.
Herdeiro do positivismo de Augusto Comte, Durkheim acreditava que os acontecimentos sociais
poderiam ser observados como coisas (objetos), pois assim seria mais fácil de estudá-los. Ele propôs regras
de observação e de procedimentos de investigação que fizessem com que a Sociologia fosse mais “científica”.
Por isso, muitos sociólogos o consideram como o verdadeiro fundador dessa área de conhecimento.
Durkheim pregava a objetividade na análise dos fatos sociais. Para ele, ao analisar uma sociedade,
o pesquisador deve manter certa distância de seu objeto, ocorrendo com isso a neutralidade científica. Assim,
ele deve perder o olhar subjetivo com relação aos fatos (ser isento de sentimentos como paixão, desejo ou
preconceito) e, a partir disso, mensurar e observar a realidade social em questão.
Segundo Durkheim, o sociólogo deve ter como instrumentos para o desenvolvimento de seu trabalho
a integração de análises quantitativas (uso da matemática e estatística) e qualitativas, complementados com
observação, mensuração e interpretação.
Os fatos sociais
Para Durkheim, o objeto de estudo de um sociólogo é o que ele chamou de fato social. Fato social é
tudo o que é coletivo, exterior ao indivíduo e coercitivo. Eles têm existência própria e não dependem daquilo
que um indivíduo faz em particular.
É a partir dos fatos sociais que a sociedade impõe sobre o indivíduo um padrão de comportamento. Um
fato que reúna essas características é denominado social e pode ser estudado pela Sociologia.
Por exemplo, a grande maioria das pessoas pensa em casar e ter uma família. Então podemos dizer
que o casamento e a constituição de uma família são fatos coletivos ou gerais, pois existem pela vontade da
maioria de um grupo ou de uma sociedade.
Veja as três características dos fatos sociais segundo Durkheim:
Coercitividade- a força exercida sobre os indivíduos, obrigando-os, através do constrangimento, a se
conformarem com as regras, normas e valores sociais vigentes. Os indivíduos são “obrigados” a seguir o
comportamento estabelecido pelo grupo.
Exterioridade- algo exterior ao indivíduo. As ações coletivas e individuais acontecem independentes
da vontade individual, são consequências de outros acontecimentos sociais como o governo, a religião, a
educação e a geografia.
Generalidade- a manifestação de um fenômeno que permeia toda a sociedade.
O indivíduo é fruto de uma sociedade
Durkheim acredita que as ações das pessoas não acontecem por acaso. Apesar de existir uma
consciência individual que dá a forma aos indivíduos pensarem e interpretarem a vida, o indivíduo seria fruto
da sociedade, ou seja, suas ideias, condutas, concepções, valores e maneira de agir são influenciados pelo
meio em que vive.
Para ele, a existência de uma sociedade só é possível a partir de um determinado grau de consenso
entre seus membros constituintes. Durkheim acredita que dentro dos grupos sociais o que prevalece é
a consciência coletiva, ou seja, o conjunto de crenças e sentimentos de uma mesma sociedade que serve para
orientar a conduta de cada um de nós. Portanto, os fenômenos individuais podem ser explicados a partir da
coletividade.
Função social
O funcionalismo entende que as sociedades organizam-se, necessariamente, como um todo orgânico,
em que cada uma das suas instituições atua de modo a conferir coesão (unidade, estabilidade) ao conjunto.
A sociedade seria um organismo em adaptação onde se busca encontrar soluções para a vida social.
Para Durkheim, é impossível um indivíduo realizar todas as atividades de uma sociedade. As
tecnologias e avanços estão em constante evolução, o que seria caracterizado pelo aumento dos papéis sociais
ou funções.
A divisão de trabalho (profissões e atividades) indicaria o “grau de evolução” de uma sociedade
(primitiva ou complexa). As sociedades modernas seriam caracterizadas pela hiperfragmentação do trabalho,
além disso, as estruturas sociais modernas se multiplicaram no controle e na definição de um novo padrão de
sociedade. Nós dependemos de infinitas categorias de trabalhadores e a divisão do trabalho social acaba
provocando uma crescente interdependência entre os indivíduos.
Nesse sentido a família, a divisão social do trabalho, a elaboração de várias instituições públicas dos
Estados contemporâneos, acabaram por fundar um novo tipo te relação social entre os estratos, de modo que
pudessem se relacionar de forma harmônica. A isso, Durkheim chamou de solidariedade orgânica.
Nas sociedades de solidariedade orgânica existem muitos papéis sociais. Diante da existência de uma
maior diversidade de papéis, diminui o grau de controle da sociedade sobre cada pessoa. Neste contexto, o
pleno exercício da individualidade e a falta de controle facilitam o alcance de posições de destaque dentro
da sociedade. Para Durkheim, essa é uma das principais características da sociedade moderna, onde também
emerge o egoísmo.
Estados normais e patológicos
Até que ponto é possível a coexistência do indivíduo e a coletividade? Para Durkheim, uma sociedade
apresenta estados normais e patológicos.
Um fato social normal é aquele que se encontra generalizado na sociedade desempenhando papel
importante na adaptação e evolução dessa. Assim, como no corpo humano, se algo não funcionar bem, em
“ordem”, significa que está doente.
Os fatos sociais patológicos são os que estão fora dos limites permitidos pela ordem e pela moral da
sociedade, são doenças que põem em risco a harmonia do grupo e são vistos como transitórios e passageiros.
Este tipo de fato social resulta na anomia, ou seja, no processo de fragilidade, ou falta de identidade que os
indivíduos passam a ter com as normas e regras da estrutura social. Isso se deve a falhas das funções
específicas desempenhadas pela família, a igreja, o Estado, a escola, as empresas ou grupos da sociedade civil.

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