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Resumão

março
Sociologia

Émile Durkheim: fato social

Resumo

Tal como Comte e todo os demais grandes nomes da sociologia, Émile Durkheim destacou-
se pela explicação que desenvolveu para a origem da sociedade capitalista moderna.
Diferente, porém, de seu predecessor, que via no surgimento da sociedade moderna a
passagem de um estado metafísico, dominado por explicações filosóficas, para um estado
positivo, dominado por explicações científicas,
Durkheim via na passagem das sociedades
tradicionais para a Modernidade acima de tudo
uma mudança na solidariedade social, isto é, no
mecanismo de coesão e unidade da sociedade.
Fortemente influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de
pensamento -, o sociólogo francês afirmava que as virtudes principais
de um pesquisador social são a neutralidade e a objetividade. Na
prática, isto significa que um sociólogo jamais deve permitir que os
seus valores pessoais ou a sua visão de mundo interfiram no seu
trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva, nunca avaliativa, concentrada apenas em compreender
a sociedade que está pesquisando, não em julgá-la ou classificá-la.
De acordo com Durkheim, nas sociedades tradicionais, pré-modernas,
anteriores ao capitalismo, a divisão social do trabalho, isto é, a
especialização profissional era pequena. Isto ocasionava poucas
diferenças entre os indivíduos e fazia da sociedade algo mais
homogêneo. Assim, a coesão social era realizada e garantida através do
compartilhamento de uma mesma visão de mundo, de um mesmo
conjunto de ideias e valores dominantes. Este modelo de coesão social é
chamado por Durkheim de solidariedade mecânica. Nas sociedades
modernas, por sua vez, o capitalismo promoveu uma
enorme acentuação na divisão social do trabalho. Isso exacerbou a especialização
profissional e, portanto, a individualidade. Por isso, a sociedade moderna é heterogênea,
contando com grande diversidade de religiões e de visões de mundo no interior de um
mesmo contexto social. Daí também porque, na Modernidade, o que une e congrega a
sociedade não é o fato das pessoas partilharem uma mesma visão de mundo, mas sim o
fato de elas serem mais interdependentes no mundo do trabalho. É o que Durkheim
chamava de solidariedade orgânica.
Para chegar a essas conclusões, o sociólogo teve que desenvolver uma metodologia particular. Em busca de
leis gerais que regessem o funcionamento da sociedade, ele elaborou um novo paradigma epistemológico.
Como podemos observar, o foco de Durkheim na estrutura da sociedade era pensar o que a mantinha unida.
Essa coesão social era o que gerava a solidariedade em cada modelo social. Mas, como observamos, a
coesão dos modelos estudados tem diferentes origens, ou não? Aprofundando um pouco mais o pensamento
do autor, podemos elencar como gerador dessa coesão o consenso em torno das regras assumidas como
fundamentais pelo grupo social para manter a sociedade de pé. Ou seja, independente de por semelhança ou
interdependência, o que promove a coesão social é a adesão às normas, regras e valores sociais
compartilhados pelo grupo. Essas regras, normas e valores, a partir da adesão grupal, formam um padrão de

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comportamento. Veja, se todos nós seguimos determinada regra, ela será repetida por todos nós, ela
configurará um padrão de comportamento. Esse padrão social de comportamento é o foco principal do
estudo de Durkheim. Ele considerava que o sociólogo deve, tal como o físico e o químico, buscar por padrões
de regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Os fatos sociais são justamente as regras ou
normas coletivas que acabam se impondo de maneira coercitiva aos indivíduos, um conjunto de instrumentos
sociais que determinam as maneiras de agir, pensar e sentir na vida de um indivíduo inserido socialmente.
Esse conjunto de dispositivos existe independente da vontade e existência das pessoas. Podemos, então,
listar três elementos característicos dos fatos sociais segundo Durkheim:
Eles são exteriores ao indivíduo, eles são coercitivos e são gerais. Sua
exterioridade pode ser explicada na medida em que não está no poder do
indivíduo modificar, através meramente de sua vontade, as regras sociais
às quais está submetido. Eles são coercitivos porque há punições e
sanções para aqueles que não obedecem às regras. Os padrões possuem
poder ou força. Por fim, eles são gerais no sentido de que devem ser
observados por todos aqueles que fazem parte de certo grupo social.
Alcançam toda a sociedade.

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Exercícios

1. A Sociologia, tradicionalmente, é a ciência que estuda a sociedade. Expressão abstrata, visto que não
há uma definição precisa. Mas, a literatura indica que toda sociedade deriva de grupos sociais,
compreendidos como “um agregado de seres humanos no qual (1) existem relações específicas entre
indivíduos que o compreendem e (2) cada indivíduo tem consciência do próprio grupo e de seus
símbolos”. É necessário, portanto, que haja interação e identidade entre os membros do grupo.
OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom (editores). Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1996.GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia.
São Paulo: Ática, 2008.

Um exemplo de grupo social é (são)


a) multidão em um domingo na praia.
b) pessoas em uma fila de cinema.
c) alunos em uma sala de aula.
d) jovens em festival de música.
e) indivíduos lendo jornal.

2. Coube a Émile Durkheim (1858-1917) a institucionalização da Sociologia como disciplina acadêmica.


Para o sociólogo clássico francês, a sociedade moderna implica uma diferenciação substancial de
funções e ocupações profissionais. Sobre as análises desse autor, é CORRETO afirmar:
a) O problema social é estritamente econômico e depende de vontades individuais.
b) O desenvolvimento da sociedade moderna deve passar por um processo de ruptura social e
permanente anomia.
c) A questão social é também um problema de moralização e organização consciente da vida
econômica.
d) Para Durkheim, na sociedade moderna não há possibilidades de desenvolvimento das
coletividades, por necessitar de novos pactos políticos dos governantes.
e) Os indivíduos que criam seus próprios valores morais no interior de uma sociedade.

3. Émile Durkheim é considerado um dos fundadores das Ciências Sociais e entre as suas diversas obras
se destacam “As Regras do Método Sociológico”, “O Suicídio” e “Da Divisão do Trabalho Social”. Sobre
este último estudo, é correto afirmar que
a) a divisão do trabalho possui um importante papel social. Muito além do aumento da produtividade
econômica, a divisão garante a coesão social ao possibilitar o surgimento de um tipo específico
de solidariedade.
b) a solidariedade mecânica é o resultado do desenvolvimento da industrialização, que garantiu uma
robotização dos comportamentos humanos.
c) a solidariedade orgânica refere-se às relações sociais estabelecidas nas sociedades mais
tradicionais. O nome remete ao entendimento da harmonia existentes nas comunidades de menor
taxa demográfica.
d) indiferente dos tipos de solidariedade predominantes, o crime necessita ser punido por representar
uma ofensa às liberdades e à consciência individual existente em cada ser humano.
e) a consciência coletiva está vinculada exclusivamente às ações sociais filantrópicas estabelecidas
pelos indivíduos na contemporaneidade, não tendo nenhuma relação com tradições e valores
morais comuns.

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4. De acordo com Susie Orbach, “Muitas coisas feitas em nome da saúde geram dificuldades pessoais e
psicológicas. Olhar fotos de corpos que passaram por tratamento de imagem e achar que
correspondem à realidade cria problema de autoimagem, o que leva muitas mulheres às mesas de
cirurgia. Na geração das minhas filhas, há garotas que gostam e outras que não gostam de seus corpos.
Elas têm medo de comida e do que a comida pode fazer aos seus corpos. Essa é a nova norma, mas
isso não é normal. Elas têm pânico de ter apetite e de atender aos seus desejos”.
Adaptado: “As mulheres estão famintas, mas têm medo da comida”, Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 ago. 2010, Saúde.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1508201001.htm>. Acesso em: 15 out. 2010).

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Émile Durkheim, é correto afirmar:
a) O conflito geracional produz anomia social, dada a incapacidade de os mais velhos
compreenderem as aspirações dos mais novos.
b) Os padrões do que se considera saudável e belo são exemplos de fato social e, portanto, são
suscetíveis de exercer coerção sobre o indivíduo.
c) Normas são prejudiciais ao desenvolvimento social por criarem parâmetros e regras que
institucionalizam o agir dos indivíduos.
d) A consciência coletiva é mais forte entre os jovens, voltados que estão a princípios menos
individualistas e egoístas.
e) A base para a formação de princípios morais e de solidez das instituições são os desejos
individuais, visto estes traduzirem o que é melhor para a sociedade.

5. Escrevendo num contexto de vigência do Estado liberal-democrático, Émile Durkheim (1858-1917) foi
o autor, entre os clássicos da Sociologia, que mais refletiu sobre a estreita relação entre educação e
cidadania. Ao mesmo tempo em que sintetiza sua análise, desenvolve um conjunto de ideias que
influenciarão o desenvolvimento da teoria sociológica aplicada no contexto educacional. Considerando
as reflexões do autor sobre esse tema, é incorreta a afirmativa:
a) O caráter classista da estrutura educacional demonstra que ocorre uma seleção natural dos
indivíduos que alcançarão níveis mais elevados no sistema educacional e no processo produtivo,
graças aos currículos, aos exames e às formas de acesso socialmente desiguais.
b) O Estado não pode negligenciar-se ou desinteressar-se do processo educativo, pois cabe a ele
manter e tornar os indivíduos conscientes de uma série de ideias e sentimentos necessários à
organização social.
c) A sociedade deve lembrar aos professores quais são as ideias e sentimentos que deverão estar
presentes na ação educativa, sendo materializados nos currículos, programas e estruturas
escolares.
d) A ação educativa deve ser exercida em sentido social, essencial na formação do cidadão, moldado
nos padrões e valores preconizados no interesse coletivo em detrimento dos interesses e
egoísmos estritamente particulares.
e) A educação é uma das principais formas de passar adiante os fatos sociais.

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6. Leia os depoimentos a seguir:


• Sou um ser livre, penso apenas com minhas ideias, da minha cabeça, faço só o que desejo, sou
único, independente, autônomo. Não sigo o que me obrigam e pronto! Acredito que com a força
dos meus pensamentos poderei realizar todos os meus sonhos, e o meu esforço ajuda a sociedade
a progredir.
(Jovem estudante e trabalhadora em uma loja de shopping).

• Sou um ser social, o que penso veio da minha família, dos meus amigos e parentes, gostaria de
fazer o que desejo, mas é difícil! Às vezes faço o que quero, mas na maioria das vezes sigo meu
grupo, meus amigos, minha religião, minha família, a escola, sei lá... Sinto que dependo disso tudo
e gostaria muito de ser livre, mas não sou!
(Jovem estudante em uma escola pública que trabalha em empregos temporários).

• Sinto que às vezes consigo fazer as coisas que desejo, como ir a raves, mesmo que minha mãe
não permita ou concorde. Em outros momentos faço o que me mandam e acho que deve ser assim
mesmo. É legal a gente viver segundo as regras e ao mesmo tempo poder mudá-las. Nas raves
existem regras, muita gente não percebe, mas há toda uma estrutura, seguranças, taxas etc. Então,
sinto que sou livre, posso escolher coisas, mas com alguns limites.
(Jovem estudante e office boy).

Assinale a alternativa que expressa, respectivamente, as explicações sociológicas sobre a relação entre
indivíduo e sociedade presentes nas falas.
a) Solidariedade mecânica, fundada no funcionalismo de E. Durkheim; individualismo metodológico,
fundado na teoria política liberal; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx.

b) Teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx; sociologia compreensiva, fundada no


conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber; teoria organicista de Spencer.
c) Individualismo, fundado no liberalismo de vários autores dos séculos XVIII a XX; funcionalismo,
fundado no conceito e consciência coletiva de E. Durkheim; sociologia compreensiva, fundada no
conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber.
d) Sociologia compreensiva, fundada no conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber; teoria
da consciência de classe, fundada em K. Marx; funcionalismo, fundado no conceito dos três
estados de Augusto Comte.
e) Corporativismo positivista, fundado em Augusto Comte; individualismo, fundado no liberalismo de
vários autores dos séculos XVIII a XX; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx.

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7. “Alegando ver ‘um conjunto de regras diabólicas’ e lembrando que ‘a desgraça humana começou por
causa da mulher’, um juiz de Sete Lagoas (MG) considerou inconstitucional a Lei Maria da Penha e
rejeitou pedidos de medidas contra homens que agrediram e ameaçaram suas companheiras.”
Folha de S. Paulo, 21 de outubro de 2007.

O trecho supracitado refere-se à temática da violência contra a mulher. Tendo como referência a
sociologia de Èmile Durkheim e sua concepção de sociedade, podemos afirmar que a violência contra
a mulher é:
a) um fenômeno de ordem sagrada, uma regra divina, como forma de punição à mulher face à sua
culpa pela expulsão dos humanos do Jardim do Éden.
b) um fenômeno natural, originado nas diferenças biológicas entre homens e mulheres, as quais
instituem a superioridade masculina e a fragilidade feminina.
c) um fenômeno moral, embasado em padrões socialmente estabelecidos, os quais regulam as
relações sociais entre homens e mulheres.
d) consequência de um desequilíbrio emocional na personalidade masculina, o que requer
tratamento individual com profissionais especializados.
e) consequência do mau comportamento das mesmas, que possuem um temperamento muito
forte.

8. A aluna Geisy Villa Nova Arruda, 20, não poderá mais frequentar o prédio em que estudava antes do dia
22 de outubro, quando foi perseguida, encurralada, xingada e ameaçada por cerca de 700 alunos, no
campus de São Bernardo (de uma Universidade particular), alegadamente por causa do microvestido
que trajava.
Adaptado de: Folha de São Paulo. (Universidade particular) decide “exilar” Geisy em outro prédio. Caderno cotidiano, C1, 11
nov. 2009.
A matéria refere-se a recente episódio, de repercussão nacional na mídia e que teve como desfecho a
readmissão da aluna à referida instituição, após o posicionamento da opinião pública.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Durkheim, é correto afirmar que o
acontecimento citado revelou
a) a consolidação de uma nova consciência coletiva, de bases amplas, representada pelos alunos da
referida instituição.
b) o desprezo da consciência coletiva dominante na sociedade em relação aos destinos individuais,
no caso, à aluna que foi alvo dos ataques dos estudantes.
c) a força da consciência coletiva da sociedade que se impôs aos comportamentos morais
desviantes com a finalidade de resgatar a harmonia social, preservando as instituições.
d) a presença de um quadro de profunda anomia social e o quanto os valores sociais de decência
foram perdidos pela consciência coletiva que se posicionou favoravelmente à estudante.
e) o perigo representado pela presença de uma consciência coletiva forte e majoritária atuando como
obstáculo para o desenvolvimento da vida social sadia ao impedir que alguns indivíduos
defendessem os melhores valores morais.

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9. Observe a imagem a seguir:

Disponível em: <https://blogdoprofessorhenry.blogspot.com.br/>.

Percebe-se nela que a sociedade prevalece sobre as ações dos indivíduos, aprisionando-os.
Dessa forma, o conteúdo da imagem representa um objeto de estudo da sociologia,
constituído historicamente como um conjunto de relações entre os homens na vida em sociedade.
Sobre as características do objeto de estudo apresentado, é correto afirmar que
a) Karl Marx elaborou o que considerava a relação indivíduo-sociedade como um conjunto
de condições materiais manipuladas pelos indivíduos, objetivando organizar e manter as
relações sociais de produção.
b) a ação individual é o principal conceito desse objeto e só faz sentido na consciência de
classe, possibilitando aos grupos mais ricos atuarem sobre os grupos mais pobres, aumentando
a desigualdade social.
c) as normas, os comportamentos e as regras são os aspectos fundantes do objeto em
destaque. Seguidos pelos indivíduos, esses aspectos da vida social são construídos fora das
consciências individuais para manter a sociedade coesa.
d) a conduta dos indivíduos é valorizada, pois a ação individual tem mais importância que
a imposição coercitiva das normas sociais.
e) Max Weber criou o que denominou a “ação do indivíduo”, orientada pela ação de outros
e estabelecida por uma relação significativa.

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10. “Ao longo da última década, os hackers passaram por uma transformação gradual – de uma população
pouco conhecida de entusiastas em computação a um grupo de desviantes, alvo de maledicência, que
se acredita venha a ameaçar a própria estabilidade da era da informação.”
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p.172.

Em sua análise do ato criminoso, Durkheim vinculou-o à consciência coletiva e às suas manifestações
na vida social. De acordo com o pensamento desse autor, marque a alternativa INCORRETA.
a) A consciência coletiva abrange estados fortes e definidos de pensamento e sentimento
compartilhados. Um ato é criminoso quando ofende esses estados da consciência coletiva.
b) A consciência coletiva refere-se ao conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos
membros de uma sociedade. A classificação de um ato como criminoso não depende das
consciências particulares.
c) A consciência coletiva, na modernidade, recobre toda consciência individual, anulando-a. A noção
de ato criminoso está presente em todos os indivíduos mentalmente normais.
d) A consciência coletiva corresponde, de certa forma, à moral vigente na sociedade. Um ato não é
reprovado por ser criminoso, mas é criminoso por ser reprovado.
e) A consciência coletiva é efetivada também com a participação do fato social.

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Gabarito

1. C
Os alunos em uma sala de aula tem uma ordem e um objetivo comum. Cada um conhece seus direitos e
limites. As outras alternativas apresentam aglomerados de indivíduos sem ligações entre si.

2. C
A alternativa "c" é a única possível. O bom funcionamento da sociedade depende de sua coesão, que
corresponde à adesão social a certos comportamentos morais e formas de pensar, agir e sentir. Sendo
assim tudo que produz desordem é considerado algo prejudicial. à sociedade, inclusive o capitalismo
selvagem.

3. A
A divisão do trabalho é importante por favorecer a coesão social e a solidariedade. Em sociedades
tradicionais, a solidariedade é o tipo mecânico, enquanto em sociedades modernas o que existe é a
solidariedade do tipo orgânico.

4. B
Os padrões existem e são coercitivos, porque essas ideias, segundo Durkheim, que são normas e regras,
devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas,
é punido, de certa maneira, pelo restante do grupo.

5. A
Na sociologia Durkheimiana não existe referência a uma estrutura educacional classista. Ainda que dê
grande peso à divisão social do trabalho.

6. C
A alternativa correta apresenta três modelos de compreensão social. Na concepção individualista,
predomina a ideia de que o ser social deve ter liberdade para realizar sua vida. Surge das concepções
liberais que pregavam a independência do cidadão frente ao Estado, para que estes pudessem preservar
os direitos particulares. Com o tempo, esse conceito se estende para outras esferas da vida.
A concepção funcionalista de Durkheim entende que vários aspectos da vida social têm um papel
importante para a estabilização da sociedade. Desta maneira, seguir as normas indicadas pela família,
seguir a religião de todos e a maneira de agir da comunidade funciona como um mecanismo de
harmonização da sociedade. Por fim, Weber trabalha com a ideia de ação social, na qual o membro da
sociedade deve se orientar pelas ações (passadas, presentes ou futuras) de outros membros, interagindo
com elas. É uma ação a partir da expectativa do agir alheio e de uma intencionalidade do agente para um
determinado fim.

7. C
A afirmativa A está errada porque, Durkheim não concebia o sagrado como determinante das ações
sociais, assim como também não concebia motivos biológicos como determinantes das mesmas ações;
e por isto a alternativa B também está errada. A alternativa D leva em conta a personalidade individual
como motivadora das ações masculinas e por isso está errada. A alternativa correta é a C, pois Durkheim
vê as ações individuais como resultantes das relações sociais que as determinam, portanto, a violência
do homem contra a mulher em sua teoria social seria fruto de um fenômeno moral, embasado em

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padrões socialmente estabelecidos e que definem socialmente o homem como tendo poder para dispor
até mesmo do corpo feminino, surgindo disso a violência contra ela.

8. C
A consciência coletiva é o conjunto de crenças e sentimentos que são comuns a um grupo social e que
norteiam suas ações, tendo função até mesmo normativa, pois leva, em muitos casos, a corrigir os
indivíduos desviantes pela coerção, física ou moral, no caso de infração a normas. A alternativa correta
apontada pela faculdade é a C, porém, podemos questioná-la. Na sociedade brasileira atual, é muito
controverso entender o uso de roupas curtas como fato desviante da moral usual, haja vista o
que observamos na televisão, nos shows, no carnaval e mesmo no cotidiano. O uso de roupas mais
curtas é comum por grande parte de nossa sociedade, então dizer que isso prejudica a harmonia social
em um determinado ambiente é algo duvidoso. Porém, devemos ressaltar que, das questões, essa não
apresenta nenhum absurdo teórico ou em relação ao enunciado, o que justifica a sua assertiva.

9. C
A questão se refere ao fato social, que externamente ao indivíduo exerce uma força que orienta seu agir
social e as expectativas da sociedade em relação a ele, que devem ser cumpridas. Os fatos sociais, para
Durkheim, são o objeto de estudo da sociologia, que deve olhar para eles como se fossem "coisas",
portanto, objetos verificáveis. Na imagem, essa coerção social transparece pelos meios de
comunicação.
a) Incorreta. O conceito teórico é de Durkheim.
b) Incorreta. O fato social se preocupa com a ação coletiva sobre o indivíduo.
c) Correta. Apresentando características do fato social.
d) Incorreta. A imposição das normas é o fato de relevância.
e) Incorreta. Weber não criou esse conceito de "ação do indivíduo", mas sim de "ação social".

10. C
A afirmativa C está errada porque a consciência coletiva não consegue cobrir (e coibir) todas as
consciências individuais. Isso porque existe grande quantidade de indivíduos desviantes de uma atitude
moral única. Tanto que, ainda que todos os indivíduos mentalmente normais saibam o que é um ato
criminoso, ainda assim continuam a executá-lo, numa clara mostra de preponderância da vontade
individual sobre a coletiva.

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Émile Durkheim: divisão social do trabalho

Resumo

Durkheim, tal como Comte, pensava que o homem é fortemente moldado pela sociedade em que ele vive
(expressando-se de maneira técnica, ele diz que a consciência individual é sempre moldada e condiciona pela
consciência coletiva, isto é, pela mentalidade média da sociedade, seu conjunto de valores e ideias
dominantes) e que por isso o interesse do sociólogo deve voltar-se apenas para os padrões sociais. Por essas
e outras raízes, aliás, é que Durkheim é considerado um autor positivista e o mais famoso continuador da
perspectiva camteana. De fato, não obstante criticar vários aspectos secundários do pensamento de Comte
(em especial, a incerteza de suas ideias, a religião da humanidade e o projeto político positivista), Durkheim
assumiu como suas as ideias-chaves do seu predecessor: a necessidade de um conhecimento social capaz
de compreender as características da sociedade moderna, a crença na incapacidade da filosofia de cumprir
esse papel, o projeto de construção de uma ciência da sociedade independente da filosofia, a ideia de que
esta ciência deve tomar como modelo as ciências naturais e a tese de que o trabalho do sociólogo deve focar-
se nos padrões sociais.
Do ponto de vista do método, como vimos, Durkheim considerava que o sociólogo deve, tal como o físico e o
químico, buscar por padrões de regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Além disso,
fortemente influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de pensamento -, o sociólogo francês afirmava
que as virtudes principais de um pesquisador social são a neutralidade e a objetividade. Na prática, isto
significa que um sociólogo jamais deve permitir que os seus valores pessoais ou a sua visão de mundo
interfiram no seu trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva, nunca avaliativa, concentrada apenas
em compreender a sociedade que está pesquisando, não em julgá-la ou classificá-la.
Émile Durkheim destacou-se pela explicação que desenvolveu para a origem da sociedade capitalista
moderna. Ele acreditava que toda sociedade se formava em torno de um determinado grau de consenso. Ou
seja, os indivíduos daquele grupo compartilhavam, em algum nível, uma crença que mantinha a sociedade
unida. Essa união recebeu o nome de coesão social. Na passagem das sociedades tradicionais para a
Modernidade Durkheim observou uma mudança no mecanismo de coesão e unidade da sociedade,
mecanismo conhecido como solidariedade social.
De acordo com Durkheim, nas sociedades tradicionais, pré-modernas, anteriores ao capitalismo, a divisão
social do trabalho, isto é, a especialização profissional era pequena. Isto ocasionava poucas diferenças entre
os indivíduos e fazia da sociedade algo mais homogêneo. Assim, a coesão social era realizada e garantida
através do compartilhamento de uma mesma visão de mundo, de um mesmo conjunto de ideias e valores
dominantes. Foi o caso, por exemplo, da Idade Média ocidental, onde a fé católica era o eixo unificador da
sociedade, e do Egito Antigo, onde a cosmovisão daquela sociedade é que unia todos os seus membros. Este
modelo de coesão social é chamado por Durkheim de solidariedade mecânica.
Nas sociedades modernas, por sua vez, o capitalismo promoveu uma enorme acentuação na divisão social
do trabalho. Isso exacerbou a especialização profissional e, portanto, a individualidade. Por isso, a sociedade
moderna é heterogênea, contando com grande diversidade de religiões e de visões de mundo no interior de
um mesmo contexto social. Daí também porque, na Modernidade, o que une e congrega a sociedade não é o
fato das pessoas partilharem uma mesma visão de mundo, mas sim o fato de elas serem mais
interdependentes no mundo do trabalho. De fato, o aumento da especialização profissional, vigente no
capitalismo, torna as pessoas mais interdependentes, uma vez que elas exercem funções mais específicas e,
portanto, são mais difíceis de serem substituídas no mundo do trabalho. A consequência disso é que a

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Sociologia

sociedade capitalista não precisa do compartilhamento de uma mesma visão de mundo para que os
indivíduos vivam coesos nela: o que os une são os laços de interdependência econômica. A crença passa a
ser então num código complexo e racional de regras de conduta que formam normas jurídicas estipuladas
para os indivíduos em relações interdependentes, o direito. É o que Durkheim chamava de solidariedade
orgânica.
É famoso o estudo de caso de Durkheim para provar suas teorias. Não só em relação ao fato social, quanto a
diferença entre a coesão e solidariedades de um grupo, o pensador escolhe estudar um fenômeno que se
acredita ser extremamente pessoal: o suicídio.
O suicídio é qualquer morte que resulta da ação ou não ação do indivíduo (ato positivo ou negativo) que sabe
das consequências do seu fazer ou não fazer (que pode resultar em sua morte) e que mesmo assim o faz,
direta ou indiretamente.
Durkheim conclui que a taxa de suicídio de um determinado grupo varia de acordo com suas afiliações morais.
Sociedades católicas da sua época, por exemplo, tem uma taxa menor de suicídios que sociedades
protestantes. Durkheim classifica três tipos de suicídio:
• Egoísta: ocorre quando a consciência individual (o ego) supera a coletiva, tornando esse indivíduo
“grande demais” frente a sociedade. A vida perde o sentido pelo descolamento desse ego da relação
com a consciência coletiva.
• Altruísta: É o processo contrário. A consciência coletiva se dilata tanto que se torna insuportável para o
ego. Ele se misturou a algo fora de si, deixou de ser individual. A barreira que o continha como
consciência foi desfeita e está disposto a abandonar a vida pelo grupo.
• Anômico: Ocorre em momentos de anomia social, ou seja, a ausência ou afastamento dos padrões e
regras morais de uma sociedade. Aqui a ordem é desfeita e os indivíduos têm dificuldade em lidar com
esse processo. Processo de degradação da normalidade social, como crises econômicas, guerras,
grandes tragédias etc. produzem esse efeito.

É preciso compreender que sociedades protestantes não são apenas mais rigorosas no quesito culpa, mas
também são mais individualistas. Além disso, o capitalismo se desenvolve inicialmente nas sociedades
protestantes, o que denota uma passagem mais rápida nessas sociedades para a forma de solidariedade
orgânica. Essa era uma das preocupações de Durkheim. Já que, tanto o movimento de passagem como a
instalação de uma solidariedade orgânica aumentam as chances de ocorrer anomia social pela possibilidade
de desaparecimento de regras morais no processo ou pelo afastamento dos indivíduos dessas regras, pois
nesse novo momento a coesão não se dá pela identificação com o grupo, mas o contrário.

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Sociologia

Exercícios

1. A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses filosóficas. Em vez de assumir
a tarefa de lançar luz sobre uma parcela restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes
generalidades em que todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente
tratada. Não é com exames sumários e por meio de intuições rápidas que se pode chegar a descobrir
as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalizações às vezes tão amplas e tão
apressadas não são suscetíveis de nenhum tipo de prova.
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em construir uma sociologia com base na
a) vinculação com a filosofia como saber unificado.
b) reunião de percepções intuitivas para demonstração.
c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida social.
d) adesão aos padrões de investigação típicos das ciências naturais.
e) incorporação de um conhecimento alimentado pelo engajamento político.

2. A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o
desenvolvimento das formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela
ligada.
Com base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho social nesse autor, assinale a alternativa
correta.
a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna
obsoleta a presença de instituições.
b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessita
de trabalhos diferenciados.
c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidariedade
mecânica em detrimento da solidariedade orgânica.
d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de
trabalhos parcelares e independentes.
e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das
vontades e das consciências individuais.

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Sociologia

3. Sentir-se muito angustiado com a ideia de perder seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele por
mais de um dia é a origem da chamada “nomofobia”, contração de no mobile phobia, doença que afeta
principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar desconectados. Uma parte da
população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E se perdemos alguma coisa, ou
se não podemos responder imediatamente, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo.
Adaptado de: O medo de não ter o celular à disposição cria nova fobia. Disponível em: <exame.abril.com.br/estilo-de-
vida/comportamento/notícias/o-medo-de-nao-ter-o-celular-a-disposicao-cria-nova-fobia>. Acesso em: 9 abr. 2012.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre socialização e instituições sociais, na perspectiva
funcionalista de Durkheim, assinale a alternativa correta.
a) A nomofobia reduz a possibilidade de anomia social na medida em que aproxima o contato em
tempo real dos indivíduos, fortalecendo a integração com a vida social.
b) As interações sociais via tecnologias digitais são uma forma de solidariedade mecânica, pois os
indivíduos uniformizam seus comportamentos.
c) O que faz de uma rede social virtual uma instituição é o fato de exercer um poder coercitivo e ao
mesmo tempo desejável sobre os indivíduos.
d) O uso de interações sociais por recursos tecnológicos constitui um elemento moral a ser
compreendido como fato social.
e) Para a nomofobia ser considerada um fato social, faz-se necessário que esteja presente em uma
diversidade de grupos sociais.

4. Os crescentes casos de violência que, recorrentemente, têm ocorrido em nível nacional e internacional,
diuturna e diariamente noticiados pela imprensa, convidam a pensar em uma situação de patologia
social. No entanto, para Durkheim, o crime, ainda que fato lastimável, é normal, desde que não atinja
taxas exageradas. É normal, porque existe em todas as sociedades; para o sociólogo, o crime seria,
inclusive, necessário, útil. Sem pretender fazer apologia do crime, compara-o à dor, que não é desejável,
mas pertence à fisiologia natural e pode sinalizar a presença de moléstias a serem tratadas.
O crime seria, pois, para Durkheim, socialmente funcional, porque

a) exerce um papel regulador, contribuindo para a evolução do ordenamento jurídico e possível


advento de uma nova moral.
b) é fator de edificação e fortalecimento da solidariedade orgânica, que se estabelece nas
sociedades complexas.
c) legítima a ampliação do aparelho repressivo e classista do Estado burocrático nas sociedades
baseadas no sistema capitalista.
d) contribui para o crescimento de seitas e de religiões, nas quais as pessoas em situação de risco
buscam proteção.
e) Limita o crescimento da desigualdade e permite que membros da sociedade, individualmente,
possam impor suas vontades a outro, reordenando o arranjo político

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Sociologia

5. Durkheim caracteriza o suicídio – até então considerado objeto de estudo da epidemiologia, da


psicologia e da psiquiatria – como fato social e, por isso, dotado das características da coercitividade,
da exterioridade, da generalidade. É tomado, pois, como objeto de estudo sociológico, em virtude do
fato de
a) variar na razão inversa ao grau de integração dos grupos sociais de que faz parte o indivíduo, ou
seja, quanto maior o grau de integração ao grupo social, mais elevada é a taxa de mortalidade-
suicídio da sociedade.
b) ser possível observar uma certa predisposição social para fornecer determinado número de
suicidas, ou seja, uma tendência constante, marcada pela permanência, a despeito de variações
circunstanciais.
c) configurar-se como uma morte que resulta direta ou indiretamente, consciente ou
inconscientemente de um ato executado pela própria vítima.
d) depender, exclusivamente, do temperamento do suicida, de seu caráter, de seu histórico familiar,
de sua biografia, uma vez que não deixa de ser um ato do próprio indivíduo.
e) Ser um fator controlador da expansão da espécie humana na sua mediação com o uso do espaço
e recursos naturais.

6. O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), em sua obra As Regras do Método Sociológico,
ocupou-se em estabelecer o objeto de estudo da sociologia. Entre as constatações de Durkheim, está
a de que o fato social não pode ser definido pela sua generalidade no interior de uma sociedade. Nessa
obra, Durkheim elabora um tratamento científico dos fatos sociais e cria uma base para a sociologia
no interior de um conjunto coeso de disciplinas sociais, visando fornecer uma base racional e
sistemática da sociedade civil.
Sobre o significado do fato social para Durkheim, é correto afirmar que
a) os fenômenos sociais, embora obviamente inexistentes sem os seres humanos, residem nos seres
humanos como indivíduos, ou seja, os fatos sociais são os estados mentais ou emoções dos
indivíduos.

b) os fatos sociais, parecem, aos indivíduos, uma realidade que pode ser evitada, de maneira que se
apresenta dependente de sua vontade. Nesse sentido, desobedecer a uma norma social não
conduz o indivíduo a sanções punitivas.

c) a proposição fundamental do método de Durkheim é a de que os fatos sociais devem ser tratados
como coisas, ou seja, como objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de forma
natural, mas através da observação e da experimentação.

d) Durkheim considera os fatos sociais como coisas materiais. Pode-se afirmar, portanto, que todo
objeto de ciência é uma coisa material e deve ser abordado a partir do princípio de que o seu
estudo deve ser abordado sem ignorar completamente o que são.

e) os fatos sociais são semelhantes aos fatos psíquicos, pois apresentam um substrato semelhante
e evoluem no mesmo meio, de maneira que dependem das mesmas condições.

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Sociologia

7. A Sociologia surge no século XIX, momento marcado por uma intensa crise social na Europa. Émile
Durkheim não deixou de ser influenciado por esse contexto. Nesse sentido, um dos seus objetivos era
fazer da Sociologia uma disciplina científica capaz de criar respostas aos desafios enfrentados pela
sociedade moderna.
Entre os desafios, colocava-se a crescente contradição entre capital e trabalho, entendida pelo autor
como um exemplo dos efeitos de um estado de anomia, caracterizado
a) pela excessiva regulamentação estatal sobre as atividades econômicas.
b) pela intensificação dos laços de solidariedade mecânica no interior das corporações.
c) pela ausência de instituições capazes de exercerem um poder moral sobre os indivíduos.
d) pelo aprofundamento da desigualdade econômica.
e) pela instauração de uma doença social, uma forma de pertencimento arcaica em que todos os
indivíduos aderem ao grupo pela semelhança entre eles

8. Uma das perguntas centrais da obra de Durkheim se refere, em uma época turbulenta, aos
determinantes da coesão social. No seu estudo sobre o suicídio, Durkheim pôs em evidência, de modo
magistral, o peso determinante da sociedade sobre o comportamento do indivíduo.
(LALLEMENT, M. História das ideias sociológicas: das origens a Max Weber. Petrópolis: Vozes, 2003. p.217.)

O suicídio é uma das primeiras causas de morte em homens jovens nos países desenvolvidos e
emergentes. Mata 26 brasileiros por dia. E ninguém quer falar no assunto. No Brasil, a taxa de suicídio
entre adolescentes e jovens aumentou pelo menos 30% nos últimos 25 anos. O crescimento é maior
do que o da média da população, segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote.
(Adaptado de: Taxa de suicídio entre jovens cresce 30% em 25 anos no Brasil. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/06/1292216-para-cineasta-que-fez-filme-sobre-suicidio-da-irma-
desinformacao-leva-a-tragedia.shtml>. Acesso em: 11 jun. 2013.)

Com base nos resultados encontrados por Durkheim e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a
alternativa que apresenta, corretamente, os principais fatores para o aumento do suicídio em uma
determinada sociedade.
a) A idade é um dos fatores fundamentais para determinar a causa dos suicídios.
b) A sociedade em crise pode influenciar coercitivamente o indivíduo, levando-o ao suicídio.
c) O desequilíbrio pessoal e o sofrimento interior podem influenciar no aumento do número de
suicidas.
d) Os indivíduos que têm religião suicidam-se menos que aqueles que não têm algum tipo de fé.
e) Os pobres se suicidam mais que a classe média.’

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Sociologia

9. “Solidariedade orgânica” e “solidariedade mecânica” são conceitos propostos pelo sociólogo francês
Émile Durkheim (1858-1917) para explicar a 'coesão social' em diferentes tipos de sociedade. De acordo
com as teses desse estudioso, nas sociedades ocidentais modernas, prevalece a 'solidariedade
orgânica', onde os indivíduos se percebem diferentes embora dependentes uns dos outros. A lógica do
mercado capitalista, entretanto, baseada na competição individualista em busca do lucro, pode
corromper os vínculos de solidariedade que asseguram a coesão social e conduzir a uma situação de
'anomia'.
De acordo com os postulados de Durkheim, é CORRETO dizer que o conceito de “anomia” indica

a) a necessidade de todos demonstrarem solidariedade com os mais necessitados.


b) uma situação na qual aqueles indivíduos portadores de um senso moral superior devem se colocar
como líderes dos grupos dos quais fazem parte.
c) a condição na qual os indivíduos não se identificam como membros de um grupo que compartilha
as mesmas regras e normas e têm dificuldades para distinguir, por exemplo, o certo do errado e o
justo do injusto.
d) o consumismo exacerbado das novas gerações, representado pelo aumento do número de
shopping centers nas cidades.
e) a solidariedade que as pessoas demonstram quando entoam cantos nacionalistas e patrióticos
em manifestações públicas como os jogos das seleções nacionais de futebol.

10. Ao separar completamente o patrão e o empregado, a grande indústria modificou as relações de


trabalho e apartou os membros das famílias, antes que os interesses em conflito conseguissem
estabelecer um novo equilíbrio. Se a função da divisão do trabalho falha, a anomia e o perigo da
desintegração ameaça todo o corpo social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa se isola em
sua atividade especial, já não percebe os colaboradores que trabalham ao seu lado e na mesma obra,
nem sequer tem ideia dessa obra comum.
(DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Apud QUINTEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Toque de
Clássicos. vol 1. Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 91.)

Assinale a alternativa que corretamente define a função moral da divisão do trabalho social segundo E.
Durkheim.
a) Ampliar a anomia social.
b) Estimular o conflito de classes.
c) Promover a consciência de classe.
d) Estreitar os laços de solidariedade social.
e) Reproduzir formas de alienação social.

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Sociologia

Gabarito

1. D
Durkheim, assim como os demais sociólogos de sua época, buscava fazer da sociologia uma disciplina
científica, visto que seria através desta análise que o homem compreenderia melhor a sociedades e os
impactos por ela sofridos. Esse pensamento foi inspirado na visão positivista de Auguste Comte em
fazer da disciplina uma ciência.

2. B
Para Durkheim, a coesão da sociedade complexa é garantida pelo tipo de solidariedade nela existente: a
solidariedade orgânica. Nela. há uma complexa divisão do trabalho, que garante que cada indivíduo
ocupe um local importante na vida social.

3. D
O texto mostra o caráter coercitivo do uso de equipamentos tecnológicos para a comunicação social.
Esse tipo de interação é geral e externa ao indivíduo, por isso é um fato social.

4. A
Para Durkheim, o crime pode ser compreendido de forma sociológica como um fato social. Além de
trazer mudanças sociais, a sua existência ajuda a remodelar o ordenamento jurídico da sociedade e
esclarecer normas sociais.

5. B
O suicídio é um fato social porque se apresenta como tal, existindo em diversas sociedades de forma
mais ou menos constante.

6. C
É famosa a frase de Durkheim de que " os fatos sociais devem ser tratados como coisas" nessas
perspectivas, Durkheim pretende garantir a objetividade da análise sociológica, considerando os
fenômenos sociais como exteriores aos indivíduos e exercendo coerção sobre eles.

7. C
A anomia corresponde a um estado de desajuste social, em que os indivíduos perdem os laços de coesão
social. Em outras palavras, pode-se dizer muito bem que nessa situação não há instituições que exerçam
um poder moral efetivo sobre eles.

8. B
Para Durkheim, uma sociedade em crise pode produzir um estado de anomia, uma perda ou afastamento
dos valores e regras capazes de definir o comportamento dos indivíduos. Esse estado de crise produz a
falta de coesão. A instauração de um caos social e a falta de coesão levam os indivíduos a desistirem
da vida, pela incapacidade de estarem integrados socialmente.

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Sociologia

9. C
A anomia corresponde a um desajuste dos indivíduos em relação à sociedade, não mais compartilhando
formas de pensar, agir, sentir que seriam próprias. Ainda que o consumismo exacerbado pudesse ser
considerado anômico, a alternativa "D" não faz uma definição de anomia e, por isso, está incorreta.

10. D
A sociologia é uma ciência que surgiu em um contexto de crise. Durkheim era um teórico que propunha
meios para se obter respostas que sanassem essa crise, que a sociedade europeia enfrentava no fim do
século XIX. Grande parte dos problemas eram provocados pela nova divisão do trabalho criada
pela sociedade industrial, transformando os tipos de solidariedade e as relações sociais. Assim, ele
acreditava que a divisão do trabalho social tinha uma importante função moral a ser alcançada, que era
a de estreitar os laços de solidariedade perdidos com as transformações no modo de produção.

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Sociologia

Ação Social em Weber

Resumo

Max Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo, economista e historiador alemão, um dos fundadores da
Sociologia, juntamente com os outros dois sociólogos clássicos, Émile Durkheim (1858 – 1917) e Karl Marx
(1818 – 1883). Diferentemente de Durkheim, que defendia o método comparativo, e do materialismo dialético
de Marx, Weber desenvolveu um método de análise sociológica que ficou conhecido como método
compreensivo, que se tornou a segunda vertente do método sociológico, tendo surgido na Alemanha.
Weber defende que os fenômenos sociais exigem a formulação de um método próprio, distinto daquele
utilizado pelas Ciências Naturais. Enquanto as Ciências da Natureza explicam os fenômenos a partir da
regularidade que apresentam, as Ciências Sociais devem compreender as manifestações que ocorrem dentro
de uma sociedade. Isso só é possível, segundo Weber, através da análise dos sentidos atribuídos pelos
indivíduos à sua vida e à sua maneira de agir no âmbito da cultura da qual faz parte.
Isso significa uma grande mudança em relação ao método de Durkheim que, em As Regras do pensamento
sociológico (1895), defende um predomínio da sociedade em relação ao indivíduo. Ou seja, que os fatos
sociais existem independente da vontade dos indivíduos, além de serem gerais e coercitivos. Já para Weber,
cada fenômeno social tem uma particularidade que deve ser levada em conta pela análise sociológica, que
deve tornar compreensível e tentar interpretar as intenções e sentidos das ações dos indivíduos dentro de
uma certa cultura. Para Weber, observar a sociedade tal qual um fenômeno reproduzível a exaustão para
determinar suas regras é uma impossibilidade (por motivos óbvios), já que a sociedade não cabe num
laboratório. Além disso, há diversas implicações metodológicas e éticas em isolar um indivíduo ou um grupo
social num experimento. Como ter certeza de que os resultados serão confiáveis? Como saber se o indivíduo
reagiria, no interior da sociedade, da mesma maneira como se comporta num cenário diferenciado? A
quantidade de variáveis que podem interferir num fenômeno social é absurdamente grande e tentar rastrear
isso é um despropósito, já que a humanidade na sua unidade analisável (o indivíduo) se apresenta
imensamente diverso (em comparação) e volátil (em comportamento). Devemos aceitar as limitações dessa
prática científica e seguir o que importa para nós mesmos (como cientistas e como pessoas), os motivos
pelos quais fazemos o que fazemos.
As implicações da postura teórico-metodológica de Weber são claras. Como já vimos, as ciências sociais são
muito diferentes das naturais. Também podemos concluir que a pretensa neutralidade da ciência é uma
impossibilidade nas ciências sociais, estamos inseridos naquilo que pesquisamos, diariamente produzimos
alterações, mudanças e interferências nos fenômenos sociais. Além disso, podemos imaginar que fazer
pesquisa sociológica para Weber é como procurar objetos em um cômodo escuro. Porque, diferente dos
outros clássicos, Weber não tem uma regra geral estruturante da sociedade. Seu objeto de estudo é o
indivíduo. Mas Weber não nos jogou despreparados nesse quarto, ele nos deu lanternas e bússolas. Esses
instrumentos de análise são os tipos ideais.
Os tipos ideais são representações perfeitas de um fenômeno. No tipo ideal estão listadas todas as
características que um fenômeno deve apresentar para ser classificado de uma dada forma. No entanto, o
mais importante sobre o tipo ideal é que ele não existe na realidade, porque ele é uma ideia. Ou seja, você
nunca vai encontrar num fenômeno que se manifeste exatamente como o tipo ideal afirma. Em vez disso,
você encontrará fenômenos muitos parecidos, que se desviam em um ou outro ponto do tipo ideal, mas
podem objetivamente ser enquadrado nele. O tipo ideal é uma concepção provisória sobre mundo, que nos
guia em busca da compreensão dos fenômenos, mas nunca submete a realidade a essa classificação.

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Sociologia

Essa proposta de Weber é interessante porque nos permite usar uma ferramenta eficaz para identificar
fenômenos ao mesmo tempo que afirma a primazia da realidade sobre nossa subjetividade ao fazer uma
análise.
Do ponto de vista do objeto, segundo Weber, a única coisa que pode ser, de fato, observada dentro de uma
sociedade são os indivíduos, a maneira como agem e como eles compreendem suas próprias ações. A
sociologia tem como tarefa fazer a descrição desses comportamentos, assim como interpretá-los. A unidade
mínima da análise sociológica, portanto, são os indivíduos, e eles praticam ações sociais que estão baseadas
na tradição, nos afetos ou na razão, o que nos remete a tese de Weber de que há quatro tipos fundamentais
de ações sociais que explicam as causas dos fenômenos que observamos nas sociedades, são elas: ações
tradicionais, ações afetivas, ações racionais orientadas para valores e ações racionais orientadas a fins.
Antes de apresentar os tipos ideais de ações sociais, é necessário definir ação social. O tipo ideal de ação
social é qualquer ação orientada a outra pessoa. São ações que levam em consideração alguém, que tem
como sentido um outro indivíduo (ou vários), ou uma ação em que resta uma expectativa. Normalmente essas
ações ocorrem no interior de relações sociais, que são comportamentos em que os indivíduos são um a
referência do outro para guiar suas ações, ou compartilham a referência de sentido que os orienta. Há na
relação social a noção de reciprocidade e compartilhamento, e a rede de relações sociais é que forma a
sociedade.
As ações tradicionais são aquelas ações que se fundamentadas em hábitos ou costumes da tradição. Por
exemplo: Quando saímos de casa e nos dizem “Bom dia!” e respondemos também com um “Bom dia!”, trata-
se de uma ação social baseada no hábito, independentemente, por exemplo, de ser ou não, efetivamente, um
bom dia. Trata-se de uma forma de agir consolidada através do costume.
Já as ações afetivas são aquelas motivadas pelo estado emocional do indivíduo e não por conta da busca
por atingir qualquer fim. Por exemplo: Sair correndo ao receber uma ótima notícia. É importante ressaltar que,
para Weber, os tipos de ação não definem a realidade, mas o contrário. Essas classificações servem para
identificar ações sociais e buscar o sentido dessas ações, mas é perfeitamente possível que uma ação social
seja tradicional e afetiva, como almoçar à mesa no domingo com a família pode ser ao mesmo tempo um
hábito e uma possibilidade de estar com quem se gosta.
As ações racionais orientadas a valores são ações que se fundamentam nos valores dos indivíduos que as
praticam, ou seja, é quando os indivíduos agem levando em conta os seus princípios, independentemente das
consequências que essas ações possam ter. Não é o fim que orienta ação, mas sim o valor, seja ele estético,
ético, político, etc.… Por exemplo: No futebol quando um jogador faz uma jogada bonita ou dá um drible em
seu adversário, apenas pela beleza da jogada. Ou quando uma categoria faz uma manifestação para cobrar
melhores condições de trabalho, mesmo sabendo que pode acabar sofrendo represália.
Por fim, temos as ações racionais orientadas a fins, que são aquelas ações que praticamos por fazermos um
cálculo racional para que possamos alcançar um certo fim que desejamos. Por exemplo: Se desejo me tornar
um músico, devo estabelecer os meios através dos quais posso atingir o meu objetivo, a minha finalidade,
que no caso é ser músico. Assim como no caso dos que buscam ser aprovados para um curso de nível
superior, eles devem organizar suas ações no intuito de atingir aquele objetivo. Qual será a melhor alternativa
para atingir o meu objetivo? Quando fazemos essa pergunta e orientamos nossas ações de maneira racional
a fim de atingir um objetivo, estamos praticando ações racionais orientadas a fins.

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Sociologia

Exercícios

1. Uma conduta plural – de várias pessoas – que, pelo sentido que encerra, se apresenta como
reciprocamente referida, orientando-se por essa reciprocidade.
(CASTRO, A. M.; DIAS, E. F. Introdução ao Pensamento Sociológico. Rio de Janeiro: Eldorado, 1975. p.119.)

Com base nos conhecimentos sobre a teoria sociológica de Max Weber, assinale a alternativa que
nomeia, corretamente, o conceito explicitado pelo texto.
a) Consciência coletiva.
b) Consciência individual.
c) Classe social.
d) Estrutura social.
e) Relação social.

2. (Unicentro 2012) “Do ponto de vista do agente, o motivo é o fundamento da ação; para o sociólogo, cuja
tarefa é compreender essa ação, a reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva,
ele figura como a causa da ação. Numerosas distinções podem ser estabelecidas e Weber realmente
o faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção mais
importante para a análise, não se está cogitando da gênese da ação, mas sim daquilo para o que ela
aponta, para o objetivo visado nela; para o seu fim, em suma.”
COHN, Gabriel (Org.). Max Weber: sociologia. São Paulo: Ática, 1979.
A categoria weberiana que melhor explica o texto em evidência está explicitada em
a) A ação social possui um sentido que orienta a conduta dos atores sociais.
b) A luta de classes tem sentido porque é o que move a história dos homens.
c) Os fatos sociais não são coisas, e sim acontecimentos que precisam ser analisados.
d) O tipo ideal é uma construção teórica abstrata que permite a análise de casos particulares.
e) O sociólogo deve investigar o sentido das ações que não são orientadas pelas ações de outros.

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Sociologia

3. (Uel 2013) Os documentos de identificação individual podem ser analisados sob a perspectiva dos
estudos weberianos a respeito da sociedade moderna.

Assim caminha a humanidade – sociedade de consumo.


Disponível em: <http://blogodopedronelito.blospot.com.br/2012/02/assim-caminha-humanidade.html.

Sobre essa análise, assinale a alternativa correta.


a) A ação racional com relação a valores é o tipo conceitual que explica o uso do CPF, uma vez que
se refere às riquezas do indivíduo.
b) A adoção de documentos de identificação pessoal corresponde aos interesses dos indivíduos pelo
prestígio social.
c) A identificação pelo CPF é um exemplo de imitação e de ação condicionada pelas massas,
fenômenos comuns na sociedade moderna.
d) CPF e documentos pessoais fortalecem o processo de desburocratização das estruturas racionais
de dominação.
e) O uso do CPF é uma ação dotada de sentido, isto é, compreensível pelos demais indivíduos
envolvidos na situação.

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Sociologia

4. (UEL 2005) Leia o texto a seguir, escrito por Max Weber (1864-1920), que reflete sobre a relação entre
ciência social e verdade:

“[...] nos é também impossível abraçar inteiramente a sequência de todos os eventos físicos e mentais
no espaço e no tempo, assim como esgotar integralmente o mínimo elemento do real. De um lado,
nosso conhecimento não é uma reprodução do real, porque ele pode somente transpô-lo, reconstruí-lo
com a ajuda de conceitos, de outra parte, nenhum conceito e nem também a totalidade dos conceitos
são perfeitamente adequados ao objeto ou ao mundo que eles se esforçam em explicar e compreender.
Entre conceito e realidade existe um hiato intransponível. Disso resulta que todo conhecimento,
inclusive a ciência, implica uma seleção, seguindo a orientação de nossa curiosidade e a significação
que damos a isto que tentamos apreender”.
(Traduzido de: FREUND, Julien. Max Weber. Paris: PUF, 1969. p. 33.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que, para Weber:
a) A ciência social, por tratar de um objeto cujas causas são infinitas, ao invés de buscar compreendê-
lo, deve limitar-se a descrever sua aparência.
b) A ciência social revela que a infinitude das variáveis envolvidas na geração dos fatos sociais
permite a elaboração teórica totalizante a seu respeito.
c) O conhecimento nas ciências sociais pode estabelecer parcialmente as conexões internas de um
objeto, portanto, é limitado para abordá-lo em sua plenitude.
d) Alguns fenômenos sociais podem ser analisados cientificamente na sua totalidade porque são
menos complexos do que outros nas conexões internas de suas causas.
e) O obstáculo para a ciência social estabelecer um conhecimento totalizante do objeto é o fato de
desconsiderar contribuições de áreas como a biologia e a psicologia, que tratam dos eventos
físicos e mentais.

5. (UFU 2001) Para explicar os fenômenos sociais, Weber propôs um instrumento de análise que chamou
de tipo ideal. Esse instrumento pode ser definido como:
I. uma construção do pensamento que permite identificar na realidade observada as manifestações
dos fenômenos e compará-las.
II. uma construção do pensamento que permite conceituar fenômenos e formações sociais.
III. um modelo perfeito a ser buscado pelas formações sociais históricas e qualquer realidade
observável.
IV. um modelo que tem a ver com as espécies sociais de Durkheim, exemplos de sociedades
observadas em diferentes graus de complexidade.
V. uma construção teórica abstrata a partir de casos particulares analisados.
a) I, II e V estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) II, III e V estão corretas.
d) II, III e IV estão corretas.
e) Todas estão corretas.

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Sociologia

6. (Interbits 2012) “Eu não sou uma pessoa rica por enquanto, mas, se a gente aparenta pobreza, aí é que
o dinheiro não entra mesmo. Mas eu já posso dizer que tenho uma carreira, que tenho objetivos a serem
alcançados. E quando você tem uma carreira profissional pela frente, metas a serem atingidas, você
tem que exibir para o mundo o seu sucesso, mostrar para o mundo que você é capaz de vencer. Para
ser vitoriosa, você tem que parecer vitoriosa. E o sucesso sempre vai estar refletido na sua beleza. A
roupa que se usa é o retrato de quem se é.”
SANT’ANNA, André. Questão Estética. Acesso em 25/05/2012.
A mulher que escolhe a sua roupa segundo o sucesso que pretende alcançar está de acordo,
predominantemente, com qual dos tipos de ação social?
a) Ação tradicional.
b) Ação afetiva.
c) Ação racional referente a valores.
d) Ação racional referente a fins.
e) Ação convencional.

7. (Uel 2008) De acordo com Max Weber, a Sociologia significa: “uma ciência que pretende compreender
interpretativamente a ação social e assim explicá-la casualmente em seu curso e em seus efeitos.” Por
ação social entende-se as ações que: “quanto ao seu sentido visado pelo agente, se refere ao
comportamento dos outros, orientando-se por este em seu curso.”
(WEBER, M. Economia e sociedade. traduzido por Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. vol. I. Brasília: Editora UnB,
2000.p.3)
Com base no texto, considere as afirmativas a seguir:
I. “Mesmo entre gente humilde, porém, funcionava o sistema de obrigações recíprocas. O
nonagenário Nhô Samuel lembrava com saudade o dia em que o pai, sitiante perto de Tatuí, lhe
disse que era tempo de irem buscar a novilha dada pelo padrinho… Diz que era costume, se o pai
morria, o padrinho ajudar a comadre até ‘arranjar a vida’. Hoje, diz Nhô Roque, a gente paga o
batismo e, quando o afilhado cresce, nem vem dar louvado (pedir a benção).”
(CANDIDO, A. Os Parceiros do Rio Bonito. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1982. p. 247.)
II. “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos
do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a
plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.”
(CUNHA, E. Os Sertões. São Paulo: Círculo do Livro, 1989. p. 95.)
III. “Não há assim por que considerar que as formas anacrônicas e remanescentes do escravismo,
ainda presentes nas relações de trabalho rural brasileiro, […], dando com isso origem a relações
semifeudais que implicariam uma situação de ‘latifúndios de tipo senhorial a explorarem
camponeses ainda envolvidos em restrições da servidão da gleba’. Isso tudo não tem sentido na
estrutura social brasileira.”
(PRADO Jr., C. A Revolução Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 106.)
IV. “O coronel, antes de ser um líder político, é um líder econômico, não necessariamente, como se diz
sempre, o fazendeiro que manda nos seus agregados, empregados ou dependentes. O vínculo não
obedece a linhas tão simples, que se traduziriam no mero prolongamento do poder privado na
ordem na ordem pública […] ocorre que o coronel não manda porque tem riqueza, mas manda
porque se lhe reconhece esse poder, num pacto não escrito.”
(FAORO, R. Os donos do poder. v. 2. Porto Alegre: Editora Globo, 1973. p. 622.)
Correspondem ao conceito de ação social citado anteriormente somente as afirmativas
a) I e IV.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.

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Sociologia

8. (Ufu 2002) Segundo as concepções de indivíduo e de sociedade na sociologia de Max Weber, assinale
a alternativa correta.
a) O indivíduo age socialmente, de acordo com as motivações e escolhas que possui e faz, podendo
estar relacionadas ou a uma tradição, ou a uma devoção afetiva ou, ainda, a uma racionalidade.
b) A sociedade se opõe aos indivíduos, como força exterior a eles, razão pela qual os indivíduos
refletem as normas sociais vigentes.
c) O gênero humano é, irremediavelmente, um ser social, condição expressa pelo fato dos homens e
mulheres fazerem a história, mas sempre a partir de uma situação dada.
d) O Estado capitalista nada tem a ver com as escolhas que os indivíduos fazem a partir das
motivações que possuem, sendo, na verdade, a expressão das classes sociais em luta.
e) e) O indivíduo age a partir do fato social, logo, definido pela sociedade.

9. (UEMA, 2012) No conjunto da sua Sociologia compreensiva, o sociólogo alemão Max Weber define
ação social como ação
a) racional em que o agente associa um sentido objetivo aos fatos sociais.
b) desprovida de sentido subjetivo e motivacional.
c) humana associada a um sentido objetivo.
d) cuja intenção fomentada pelos indivíduos se refere à conduta de outros, orientando-se por ela.
e) não orientada significativamente pela conduta do outro em prol de um bem comum

10. (UNICENTRO 2010) A respeito do conceito, de Max Weber, de Ação Social é correto afirmar que
a) a ordem social obriga o indivíduo a maneira como ele deve agir em sociedade.
b) a motivação do indivíduo não interfere em sua ação social.
c) os valores sociais de um indivíduo não influenciam em sua ação social.
d) ação social e relação social têm o mesmo sentido e significado.
e) a ação social é a conduta humana dotada de sentido, o indivíduo a produz, por meio de valores
sociais e da sua motivação.

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Sociologia

Gabarito

1. E
Weber descreve a relação social como um comportamento, ou um conjunto de ações, que envolva
reciprocidade de compartilhamento no sentido que o oriente, realizado dois ou mais pessoas. Ou seja,
uma relação social é um comportamento apresentado por dois ou mais indivíduos orientado
culturalmente, com um motivo relacionado e com alguma expectativa envolvida.

2. A
Para Weber, o que diferencia a ação humana das ações de todos os outros seres, vivos ou não, é que ela
sempre tem um sentido subjetivo, uma motivação. Cabe ao sociólogo investigar as ações sociais, isto é,
as ações humanas que envolvem alguma relação ou expectativa de relação para com o outro.

3. E
O uso do CPF é um claro exemplo de ação social, isto é, de uma ação dotada de motivação (no caso, a
identificação pessoal) e que está relacionada ao outro (por exemplo, a fim de se obter de um funcionário
certa informação)

4. C
Mais talvez do que qualquer dos outros grandes sociólogos, Weber tinha uma profunda consciência das
limitações do conhecimento sociológico, como se evidencia no texto. Isso contudo não o levou a defender
que a sociologia deveria ser um saber meramente descritivo.

5. A
Os tipos ideais não são modelos de perfeição a serem concretizados. Eles são chamados de “ideais” no
sentido de não serem reais, não no de serem perfeitos. Do mesmo modo, os tipos ideais nada tem a ver
com as espécies sociais de Durkheim, visto que estas eram tipologias de sociedades inteiras, enquanto
os tipos ideais weberianas são tipologias de ações sociais de indivíduos.

6. D
Trata-se de um exemplo claríssimo de uma ação racional com relação a fins, que é a ação social utilitária,
na qual se estabelece um determinado objetivo e se buscam os meios para realizá-lo do modo mais
eficiente possível.

7. A
Apenas as passagens I e IV alinham-se na perspectiva weberiana, tratando das ações de indivíduos (num
caso, nhô Samuel; no outro, o coronel) e não de grupos ou classes sociais, como o sertanejo (passagem
II), ou mesmo de sociedades inteiras (passagem III).

8. A
Para Weber, o centro da análise sociológica deve ser o comportamento dos indivíduos e não a sociedade
tomada em sua generalidade ou os padrões sociais. O indivíduo em suas motivações subjetivas e
interações sociais é que é o centro - isto, naturalmente, sem negar que as instituições sociais influenciam
o comportamento dos indivíduos.

8
Sociologia

9. D
Os erros da A são dizer que ação social é necessariamente racional e que ela tem um sentido objetivo. A
opção B é o exato contrário do que Weber defendia. A opção C repete um dos erros da A. A Letra E nega
a dimensão social da ação social, o que é contraditório.

10. E
Perfeita, a opção correta apenas exprime em outras palavras a famosa definição weberiana de ação
social, segundo a qual esta é uma ação dotada de sentido subjetivo e que sempre envolve uma relação
ou expectativa de relação para com o outro.

9
Sociologia

Weber e o uso legítimo da força

Resumo

Poder, política e Estado


Weber é um importante pensador para a Ciência Política, pelas suas contribuições para as definições de
poder e Estado, amplamente utilizadas na contemporaneidade. Essas definições nos ajudam a desfazer a
confusão que esse tema assume no dia a dia. Em diversas situações no cotidiano a noção de poder, política
e Estado se entrelaçam de tal forma que chega a ser comum nos atrapalharmos para conceituarmos cada
uma dessas noções. No entanto, do ponto de vista sociológico, esses três conceitos, apesar de bem
próximos, possuem significados bem distintos. Entende-se por poder (segundo Weber e outros pensadores)
a possibilidade de exercer influência sobre o comportamento e as atitudes de alguém, seja conhecida ou
não. Não se trata dispor da obediência, o conceito de poder é mais amplo e engloba a possibilidade de impor
sua vontade sobre outro. Por política entendem-se os meios pelos quais um indivíduo ou grupo social exerce
o poder ou o conquista. A política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder mediante as condições
socioculturais deste grupo. Já o Estado é um modo específico de exercer o poder e, ao mesmo tempo, a
forma como se organiza o sistema político da maior parte das sociedades. É uma instituição da esfera
política de uma sociedade que requer para si a primazia da tomada de decisões de um povo e determina
politicamente formas de ser e estar no seu território. Pode ser identificado, segundo Weber, pelo monopólio
no uso legítimo da força dentro de um dado espaço. Ou seja, se uma pessoa age de violência no meio social
ela será considerada criminosa, ao passo que, em circunstâncias específicas, um agente do Estado pode
usar de violência. É importante salientar que o poder não é exclusivo ao Estado. Em relações simples, como
a que temos com amigos e familiares, também exercemos poder.

Tipos de Poder
De acordo com o sociólogo Max Weber, o poder refere-se à imposição da própria vontade em uma relação
social, mesmo quando há resistência da pessoa dominada. Quantas vezes não sofremos imposições dentro
do círculo familiar ou mesmo no emprego, mesmo não gostando? Segundo o sociólogo, o poder está
presente em todos os tipos de ambientes, em diferentes esferas da vida humana. Também podemos o
encontrar em sua forma simples (entre dois indivíduos) ou mesmo na complexa (em uma empresa, cidade
ou país). O que há em comum é o desejo de influenciar a conduta alheia.
O poder possui diversas formas de exercício, porém as que mais se destacam para o nosso estudo são: O
poder econômico, cultural e político. O poder econômico se baseia nos bens materiais como forma de
influência, o ideológico na capacidade de formação de ideias das pessoas e o político na possibilidade de
usar infinitos recursos burocráticos para influenciar a coletividade. Essas formas de poder, para Weber,
influenciam na hierarquia social. Quanto mais poder você concentra, mais bem posicionado você está.

O poder legítimo e as formas de dominação


Até o momento falamos, exclusivamente, das relações de poder que todos estão submetidos. A grande
questão para Weber é a da identificação da legitimação ou não do poder. Para ele, é legítimo o poder que a
influência exercida é aceita por quem está sendo influenciado, como por exemplo, o poder exercido por um
governante eleito democraticamente. E não é legítimo o poder que pressupõe o uso da força, como por
exemplo, o poder exercido por um ditador. O exercício legítimo do poder é denominado por Weber como
dominação, e ele a divide em três tipos ideais – a dominação tradicional, a racional-legal e a carismática.

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Sociologia

A dominação tradicional é aquela que os indivíduos aceitam o poder exercido através dos costumes e
hábitos, por suas crenças difundidas por gerações. É o tipo de dominação das relações feudais e do
patriarcalismo, por exemplo.
A dominação carismática é exercida através da crença de que um determinado indivíduo possui qualidades
excepcionais que lhe permite exercer tal liderança. É uma dominação personalista, baseada na capacidade
do líder de convencer/demonstrar sua habilidade de liderança insubstituível. A dominação carismática poder
tanto conservadora quanto transgressora, já que essa crença extrapola as tradições e costumes
estabelecidos.
Já a dominação racional-legal é aceita por todos com base na racionalidade. As transformações provocadas
pelos eventos da Idade Moderna, especialmente o Iluminismo, elegeram a razão como guia da humanidade.
Assim, não se trata mais de costumes ou características sobrenaturais, mas do consenso de que devemos
seguir regras discutidas e aceitas por todos. Os Estado-nações modernos se baseiam nessa concepção (da
legalidade) para estruturar sua dominação, apoiados na burocracia (que tem um sentido pejorativo
atualmente, mas é o instrumento que torna possível o funcionamento de uma sociedade tão grande de
diversa quanto os países modernos). A obediência aqui se dá pela relação impessoal do Estado com os
cidadãos e pelo estabelecimento de regras gerais convencionadas sem distinção entre os membros do
grupo.

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Sociologia

Exercícios

1. (Unioeste 2016) Max Weber (1864-1920) afirma que “devemos conceber o Estado contemporâneo
como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território […], reivindica o
monopólio do uso legítimo da violência física”
(Weber, Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2006, p. 56).

Assinale a alternativa CORRETA, a respeito do significado da afirmação de Weber.

a) Para Weber, no caso do Estado contemporâneo, apenas seus agentes podem utilizar a violência
de modo legítimo dentro dos limites do seu território.
b) O Estado foi sempre o único agente que pode utilizar legalmente a violência com o consentimento
dos cidadãos – a violência dos pais contra os filhos, por exemplo, sempre foi ilegal.
c) Atualmente, o Estado é o único agente que utiliza a violência (ameaças, armas de fogo, coação
física) como meio de atingir seus fins – assim a segurança de todos os cidadãos está garantida.
d) Outros grupos também podem utilizar a violência como recurso – por exemplo, as empresas
privadas de vigilância – independente da autorização legal do Estado.
e) Todos os cidadãos reconhecem como legítima qualquer violência praticada pelos agentes do
Estado contemporâneo – por exemplo, quando a polícia usa balas de borracha contra grevistas.

2. (Enem 2011) “Os três tipos de poder representam três diversos tipos de motivações: no poder
tradicional, o motivo da obediência é a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder
racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do comportamento conforme a
lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes extraordinários do chefe.”
BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (adaptado)

O texto apresenta três tipos de poder que podem ser identificados em momentos históricos distintos.
Identifique o período em que a obediência esteve associada predominantemente ao poder
carismático:
a) República Federalista Norte-Americana.
b) República Fascista Italiana no século XX.
c) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.
d) o Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.
e) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX.

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Sociologia

3. (Ufu 2016) Para Weber, “A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um


determinado mandato, pode fundar-se em diversos motivos de submissão.” (COHN, 1991. p. 128).
Nesse sentido, as ações de Mahatma Gandhi, líder no movimento de independência da Índia,
representam qual tipo de dominação na análise weberiana?
a) Dominação Legal.
b) Dominação Anômica.
c) Dominação Carismática.
d) Dominação Altruísta.
e) Dominação inteligente.

4. O desenvolvimento da civilização e de seus modos de produção fez aumentar o poder bélico entre
os homens, generalizando no planeta a atitude de permanente violência. No mundo contemporâneo,
a formação dos Estados nacionais fez dos exércitos instituições de defesa de fronteiras e fator
estratégico de permanente disputa entre nações. Nos armamentos militares se concentra o grande
potencial de destruição da humanidade. Cada Estado, em nome da autodefesa e dos interesses do
cidadão comum, desenvolve mecanismos de controle cada vez mais potentes e ostensivos. O uso
da força pelo Estado transforma-se em recurso cotidianamente utilizado no combate à violência e à
criminalidade.
(Adaptado de: COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1997. p.283-285.)

Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a concepção sociológica weberiana sobre o uso
da força pelo Estado contemporâneo.
a) A força militar contemporânea, por seu poder de persuasão e atributos personalísticos, é um
agente exemplar do tipo de dominação carismática.
b) Na sociedade contemporânea, o poder compartilhado entre cidadãos e Estado, para o uso da
força, define a dominação legítima do tipo racional-legal.
c) O Estado contemporâneo caracteriza-se pela fragmentação do poder de força, conforme o tipo
ideal de dominação carismática, a exemplo do patriarca.
d) O Estado contemporâneo define-se pelo direito de monopólio do uso da força, baseado na
dominação legítima do tipo racional-legal.
e) O tipo ideal de dominação tradicional é exercido com base na legitimidade e na legalidade do
poder de uso democrático da força pelo Estado contemporâneo.

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Sociologia

5. A dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato, pode


fundar-se em diversos motivos de submissão. Pode depender diretamente de uma constelação de
interesses, ou seja, de considerações utilitárias de vantagens e inconvenientes por parte daquele que
obedece. Pode, também, depender de mero "costume", hábito cego de um comportamento
inveterado. Ou pode fundar-se, finalmente, no puro afeto, na mera inclinação pessoal do súdito [ ... ]
Nas relações entre dominantes e dominados, por outro lado, a dominação costuma apoiar-se
internamente em bases jurídicas, nas quais se funda a sua 'legitimidade' [ ... ] Em forma, totalmente
pura, as 'bases de legitimação' da dominação são somente três, cada uma das quais se acha
entrelaçada - no tipo puro - com uma estrutura sociológica fundamentalmente diversa do quadro e
dos meios administrativos"
(COHN, Gabriel. Max Weber: Sociologia. 2. ed. Ática: São Paulo, 1982). (Coleção Grande Cientistas Sociais n° 13).

A análise sociológica dos tipos de dominação é um dos marcos centrais da sociologia de Max Weber
e sobre os tipos de dominação pode-se afirmar que:
a) as regras jurídicas do direito brasileiro estão pautadas na dominação tradicional.
b) o patriarcalismo presente no coronelismo brasileiro se estruturou a partir da dominação
tradicional.
c) o poder do grande capital advém da dominação econômica.
d) analisando sociologicamente uma empresa compreende-se que a relação mando-obediência é
construída pela dominação carismática.
e) a dominação política é exercida por grupos de interesse organizados.

6. A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República informou nesta quinta-feira


que 35 milhões de brasileiros ascenderam nos últimos dez anos à classe média, composta atualmente
por 104 milhões de pessoas, o que corresponde a 53% do total da população. O estudo classificou
como de classe média as famílias com renda per capita entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00 por mês.
(Adaptado de: Exame.com 20 set. 2012. Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/35-milhoes-de-
pessoasascenderam-a-classe-media. Acesso em: 18 abr. 2014.)

Pelo menos metade das famílias que moram em favelas e ocupações no Brasil pertence à nova
classe média, segundo levantamento do G1 com base em dados sobre renda do Censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números apontam ainda que quase 5% dessa fatia da
população estaria na classe alta.
(G1. Economia. 1 out. 2012. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/10/nova-classe-media-inclui-
ao-menos50-das-familias-em-favelas-do-pais.html. Acesso em: 18 abr. 2014.)

Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o conceito de classe social aplicado no estudo
em tela.
a) A classe social é considerada com base na capacidade de consumo dos indivíduos e das famílias,
via mercado, em conformidade com o sentido dado por Karl Marx à noção de classe social.
b) Classe média corresponde a um conjunto de atributos culturais, padrões de consumo,
comportamento, costumes, valores e práticas culturais que pretendem demarcar as distinções
entre os grupos sociais.
c) Classe média envolve a classificação de indivíduos com situação econômica estável e
independência em relação aos serviços prestados pelo Estado, sendo estes focados na
população em situação de pobreza.
d) Entende-se classe social no sentido marxiano do termo, isto é, são definidas com base nas
relações sociais de produção e separam os proprietários dos meios de produção dos
proprietários da força-de-trabalho.
e) Entende-se classe social no sentido weberiano, isto é, refere-se à estratificação social formada
na ordem econômica e considera a situação de classe equivalente à situação de mercado.

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Sociologia

7. (Ufu 2002) Na canção Estação derradeira, de Chico Buarque, é apresentada, em breves palavras,
parte de um retrato falado do Rio de Janeiro:
“Rio de Janeiro
Civilização encruzilhada
Cada ribanceira é uma
nação À sua maneira
Com ladrão
Lavadeiras, honra, tradição
Fronteiras, munição pesada”.
CD FRANCISCO, Chico Buarque, RCA, 1987.

Relacione essa composição com a concepção do sociólogo Max Weber a respeito das
características do Estado moderno e aponte a alternativa correta.
a) De acordo com a perspectiva weberiana, a existência de uma “cidade partida”, como o Rio
de Janeiro, seria reflexo de uma “nação partida” em que os meios de violência são monopolizados
pelas classes dominantes para oprimir as classes dominadas.
b) Segundo a concepção weberiana, é típico de toda e qualquer sociedade de classes ou estamental
a concorrência entre poderes armados paralelos que põem, permanentemente, em questão a
possibilidade da existência do monopólio do uso legítimo da violência.
c) De acordo com Weber pode-se afirmar que, no limite, o Estado brasileiro não está inteiramente
constituído como tal, uma vez que não se revela em condições de exercer, em sua plenitude, o
monopólio do uso legítimo da violência.
d) Conforme a ótica weberiana, no Estado moderno, com o surgimento dos exércitos profissionais,
vive-se uma situação em que se tem “o povo em armas”, razão pela qual não seria surpreendente,
para Weber, constatar a situação de violência que campeia, atualmente, nas metrópoles brasileiras.
e) De acordo com Weber pode-se afirmar que, é típico de toda e qualquer sociedade de classes ou
estamental a concorrência entre poderes armados paralelos, em que os meios de violência são
monopolizados pelas classes dominantes para oprimir as classes dominadas.

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Sociologia

8. Sobre os conceitos de poder político e de autoridade no pensamento de Max Weber, assinale o que
for correto.
I. O poder político se converte em autoridade em governos considerados legítimos por aqueles
que vivem sob as suas ordens.
II. A autoridade de tipo tradicional é própria da sociedade onde impera o princípio da lei e dos
acordos racionalmente estabelecidos.
III. A autoridade pode fundamentar-se no reconhecimento de qualidades excepcionais daquele
que a exerce. Nesse caso, estamos diante de uma autoridade de tipo carismática.
IV. Uma autoridade racional-legal exerce o poder seguindo suas próprias regras, sem interferências
ou controles externos que limitem sua atuação.
V. Em situações concretas, as autoridades de tipos racional-legal e carismático podem se
combinar e garantir legitimidade a um governo.

Assinalar a alternativa correta.

a) I e V estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) I, III e V estão corretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) Apenas II está correta.

9. Analise a figura e leia o texto a seguir.

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Sociologia

“Estou sentada nos ombros de um homem


Ele está afundando sob o fardo (peso)
Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo
Exceto descer de suas costas”
(Disponível em: <http://www.aidoh.dk/new-struct/About-Jens- Galschiot/CV-GB-PT.pdf>. Acesso em: 1 set. 2017.)

Com a obra intitulada A sobrevivência dos mais gordos, Jens Galschiot (2002) aborda o tema da
injustiça, uma questão constitutiva da vida social de difícil solução, como indica o texto que
acompanha a obra. O entendimento que uma sociedade produz sobre o que se considera justo e
injusto está fundado em padrões de valoração a respeito da conduta dos indivíduos e dos objetivos
comuns da coletividade, bem como em sua estrutura social. Pode-se considerar que uma das
expressões da justiça ou injustiça é a estratificação social, objeto de estudo de Max Weber.
Segundo o autor, na sociedade moderna ocidental, a estratificação social é
a) estruturada fundamentalmente na base econômica da sociedade, que subordina as esferas
política, jurídica e ideológica de modo a perpetuar a exploração da classe dominante sobre a
dominada.
b) formada pelas dimensões econômica, política e ideológica, as quais estabelecem entre si
relações necessárias que devem ser desvendadas com a descoberta de suas leis gerais
invariáveis.
c) constituída em três dimensões, a econômica, a política e a social, sendo que suas possíveis
afinidades eletivas devem ser analisadas à luz de cada especificidade histórica em questão.
d) composta por múltiplas dimensões, sendo a cultura a determinante para a compreensão
totalizante dos processos históricos de desenvolvimento econômico no Ocidente.
e) estabelecida pela moral social, a qual situa o posicionamento dos indivíduos de acordo com os
papéis sociais por eles cumpridos, tendo em vista o melhor desempenho das funções necessárias
à sociedade.

10. Para a teoria sociológica de Max Weber, em toda sociedade há dominação, que é entendida como
uma “[…] probabilidade de haver obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de um
determinado grupo de pessoas […]”.
Fonte: WEBER, M. Tradução de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. Economia e Sociedade, Brasília: Ed. UnB, 1991,
p.139.

De acordo com a teoria sociológica do autor, é correto afirmar que os três tipos puros de dominação
legítima são:
a) Racional, tradicional e carismática.
b) Econômica, social e política.
c) Feudal, capitalista e comunista.
d) Monárquica, absolutista e republicana.
e) Socialista, neoliberal, social-democrata.

8
Sociologia

Gabarito

1. A
Para Weber, a grande característica do Estado moderno é o fato dele operar uma centralização do poder
da violência. Diferente de outras sociedades históricas, no mundo moderno apenas o Estado (ou alguma
instituição sob sua autorização) pode exercer violência sem ser considerado criminoso - o que não quer
dizer que o uso que o Estado faz desse poder não seja eventualmente questionado.

2. B
O fascismo é um claro exemplo de regime baseado na dominação carismática, no qual o líder, no caso
Mussolini, é visto como dotado de habilidades extraordinárias, as quais o tornam singular e digno de
ser obedecido.

3. C
Weber não considerou conceitos como “dominação anômica” e “dominação altruísta”. Por sua vez, a
dominação legal é impessoal, enquanto a liderança de Gandhi era profundamente pessoal.

4. D
No caso específico do Estado, Weber considera que este exerce seu domínio através do monopólio do
uso legítimo da força em determinado território. Essa é uma dominação do tipo racional-legal, por não
ser baseada nem no carisma de um líder, nem na tradição, e sim em um regimento jurídico e
racionalmente reconhecido por todos.

5. B
A dominação baseada no patriarcalismo brasileiro se constituí a partir da crença de que métodos
socialmente aceitos são eficazes para gerir a sociedade. Era habitual considerar o homem como figura
central da sociedade brasileira. E mais, reconhecer a importância e a capacidade de liderança dos
herdeiros dos senhores de engenho. Tanto que, apesar de estruturalmente racional-legal, a república
brasileira recém-inaugurada atribuí “títulos” de coronel para esses homens, num movimento muito
parecido com o da formação dos estamentos do Antigo Regime, guardadas as proporções e
peculiaridades históricas.

6. E
Enquanto a classificação marxiana de classes se baseia na propriedade ou não dos meios de produção,
Weber já produz uma leitura estratificada, que articula prestígio social, poder e capacidade econômica.
Ou seja, em Weber, a renda mensal de um indivíduo deve ser considerado para categorizar sua posição
na hierarquia social

7. C
Para Weber, o que identifica e define o Estado moderno é o monopólio do uso legítimo da força. Assim,
a fragilidade do Estado brasileiro perante os poderes paralelos do crime revela sua não plena realização

8. C
A frase (II) seria perfeita como definição da dominação racional-legal e não da dominação tradicional.
E diferente do que diz (IV), a autoridade racional-legal se exerce de modo impessoal, portanto, está
sempre submetida a regras e não às vontades particulares.

9. C
Segundo Max Weber, a estratificação social possui três dimensões: a social (status), a econômica
(classe) e a política (partido). Somente a partir dessa diferenciação que ele analisa as diferentes formas
de as sociedades estruturarem suas formas de desigualdade.

9
Sociologia

10. A
Como explica Norberto Bobbio, “os três tipos de poder representam três diversos tipos de motivações:
no poder tradicional, o motivo da obediência é a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder
racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do comportamento conforme a lei;
no poder carismático, deriva da crença nos dotes extraordinários do chefe.”

10
Filosofia / Sociologia
Weber e a ética protestante

Resumo

De todas as análises concretas elaboradas por Max Weber a partir de a sua teoria sociológica e de seu
método, a mais famosa foi aquela que ele desenvolveu a respeito da formação da sociedade moderna e da
ascensão do capitalismo. De fato, tal como Durkheim e Marx, Weber preocupou-se muitíssimo em
compreender como se deu a construção do sistema capitalista. Durkheim, como já vimos em outra
oportunidade, pensava que a formação deste modelo econômico seria explicável mediante a mudança do tipo
de solidariedade social dominante: da solidariedade mecânica das sociedades tradicionais, pré-modernas,
para a solidariedade orgânica das sociedades moderna e capitalistas. Marx, por sua vez, pensava que a
formação do capitalismo deveria ser explicada basicamente através da ascensão de uma nova forma de
organização dos meios de produção, o que resultaria numa nova forma de luta de classes, opondo, de um lado,
os burgueses, proprietários dos meios de produção, e de outro os operários, donos apenas de sua força de
trabalho. Weber, obviamente, não pensava nem de um modo nem de outro. Fiel à sua sociologia
compreensiva e ao seu individualismo metodológico, a interpretação weberiana estabelece que o único
modo de compreender o surgimento do capitalismo é através não do exame dos fenômenos sociais em si,
mas sim pela análise cuidadosa das intenções dos indivíduos que constituíram o modelo capitalista. Foi
precisamente este percurso seguido pelo autor em sua obra mais famosa, A ética protestante e o espírito do
capitalismo.

Protestantismo, nova foram de ver a riqueza


Como o próprio nome do livro indica, para Weber, um dos eventos não explusivo de maior relevância na
formação da sociedade capitalista foi a Reforma Protestante, que dissolveu a unidade do cristianismo
ocidental, até então centralizado na Igreja Católica. Longe, porém, de se circunscrever ao âmbito religioso,
a Reforma foi, para Weber, a própria causa da ascensão do capitalismo e da mentalidade moderna. De fato,
como se sabe, os autores reformados, como Lutero e sobretudo Calvino, criticaram fortemente a perspectiva
católica segundo a qual o homem precisa cooperar com Deus para ser salvo. Ao contrário, profundamente
pessimistas que eram a respeito da natureza humana manchada pelo pecado, os reformadores criam que o
homem é incapaz, por suas próprias forças, não apenas de salvar-se, mas até de cooperar em seu processo
de salvação. Por si mesmo, ele é capaz apenas de pecar, de modo que Deus é o único e completo
responsável pela ida ao Céu daqueles que se salvam. Assim, não há nada, inteiramente nada que o homem
possa fazer por sua salvação. Deus desde toda a eternidade escolheu, de maneira inteiramente arbitrária,
quem há de se salvar e quem há de se condenar, de modo que todo homem, ao nascer, já está previamente
determinado seja para a salvação, seja para a condenação ao Inferno. Ora, esta ênfase absoluta na
predestinação de Deus (insinuada em Lutero e só afirmada plenamente em Calvino), sem deixar qualquer
espaço para a liberdade humana, gera um problema prático: se nada do que eu faço, seja boa ou má ação,
é indício de que serei salvo, como posso saber que estou no caminho do Céu? Segundo Weber, a resposta a
essa pergunta que se tornou mais popular nos países protestantes não foi elaborada diretamente por
nenhum grande autor da Reforma, mas sim por certos pastores calvinistas posteriores. Na visão destes
pastores, nõa há como ter certeza da salvação, mas há indícios de quem foram os escolhidos. Constantes
fracassos e falhas de comportamento são um sinal de que Deus não escolheu esse indivíduo. Por outro
lado, ter sucesso na vida em tudo que empreende reflete a graça e a misericórdia divina, inclusive no âmbito
econômico. De fato, uma vez que os salvos são aqueles que Deus quer, é natural que Deus proteja e zele por
esses a quem ama, garantindo-lhes bênçãos e sucesso financeiro. Assim, concluiu a mentalidade média
dos povos protestantes, se dar bem nos negócios é, por excelência, o sinal da graça divina e da salvação.
Além disso, o protestante deve ter uma vida inteiramente ascética, ou seja, fazer o máximo para não
sucumbir ao pecado.

1
Filosofia / Sociologia
Enquanto a Igreja Católica era reponsável por dizer quem vai ao paraíso ou não, levando os indivíduos uma
vida média com pouca atenção ao que faziam no dia a dia, o protestante defende uma doutrina de conexão
direta com Deus, tornando-se esse indivíduo inteiramente responsabilizado pelas suas ações. As pessoas
não são mais ovelhas de um rebanho, mas cada um o pastor de si. Isso torna o protestante muito menos
opulento que católico, um indivíduo dado ao traballho (como reflexo da salvação) e a poupança (porque
uma vida de prazeres não é uma vida consagrada a Deus)

E o capitalismo?
De acordo com Weber, os impactos dessa mentalidade na ascensão do capitalismo foram fundamentais.
Vendo no sucesso financeiro um sinal da benção de Deus, os protestantes passaram a desenvolver um forte
senso de eficiência e de busca pelo lucro. Obviamente, se o ganho de dinheiro é uma prova do amor de Deus,
gastar esse dinheiro de maneira irresponsável, esbanjando-o em diversões e brincadeiras, mesmo que não
pecaminosas, acaba por ser um desrespeito contra Deus. Não é à toa, portanto, na perspectiva weberiana,
que os países que tiveram maior desenvolvimento capitalista foram aqueles de formação protestante, como
a Inglaterra, os EUA e a Alemanha, enquanto os países mais fortemente católicos, como Portugal, Itália e
Espanha, nunca alcançaram o mesmo grau de sucesso capitalista. Em suma, para Weber, a mentalidade
protestante de busca pelo lucro como sinal da glória e benção de Deus é que foi o grande motor de
desenvolvimento do capitalismo. Aqui a ética protestante (trabalho e poupança) se encontra com o espírito
do capitalismo (produzir e acumular).

Secularização e racionalidade
Curiosamente – e isso também chama muito a atenção de Weber –, apesar de suas origens religiosas, o que
o capitalismo gerou foi justamente um tipo de sociedade no qual a religião não ocupa mais o papel central
de antes. Com efeito, todas as sociedades tradicionais, pré-moderna, foram sociedades sacrais, nas quais
a religião não apenas era importante, como ocupava o próprio centro da vida em sociedade. A sociedade
moderna e capitalista, por sua vez, é uma sociedade secularizada, isto é, uma sociedade na qual a religião
ainda é bastante influente, mas não ocupa mais um papel central e determinante. Analisando a proposta
protestante mais a fundo é possível encontrar nela própria a semente da secularização. A Reforma tem uma
abordagem muito mais racional da religião, além de eleger o indivíduo como o núcleo “responsável” pela salvação.
Além disso, as práticas religiosas protestantes são mais racionais, metódicas e pragmáticas (por isso, podem ser
chamados também de metodistas) que a liturgia católica. O que aconteceu é que todos aqueles elementos da
vida social que até então era dependentes da religião, tais, como a arte, a política, a cultura, etc., foram se
autonomizando, se guiando por regras próprias e independentes. No linguajar weberiano, tal processo de
secularização, de dessacralização da existência humana, é chamado de desencantamento do mundo e sua
principal característica é a cada vez maior racionalização da vida. Enquanto o catolicismo e o luteranismo viam
a salvação nos sacramentos (fenômenos mágicos em essência) as seitas puritanas oriundas da reforma
defendiam o trabalho ascético a disciplina moral como formas de assegurar a certeza interior da salvação. Porém,
a organização social não encontrou mais afinidade com a ética protestante e as duas áreas se afastaram. Sendo
um sistema que preza acima de tudo pela eficiência, o capitalismo enfraquece muito as ações sociais de tipo
irracional, como a tradicional e a afetiva, dando relevância sobretudo à ação racional com relação à fins, que
é a típica ação social econômica, empresarial, e que, portanto, é a síntese do capitalismo. Diferente do mundo
tradicional das sociedades sacrais, em que os homens se preocupavam sobretudo com valores, a sociedade
moderna e capitalista é aquelas na qual os homens estão preocupados sobretudo com metas. Sua lógica é
a da eficiência e isto se mostra em fatores muito concretos. Não à toa, diz Weber, a sociedade capitalista é
marcada por uma enorme burocratização e especialização. Em um contexto no qual o sucesso é o critério
supremo de avaliação das ações, nada mais óbvio do que promover a divisão de tarefas, que minimiza os
riscos e maximiza os ganhos. Nada mais lógico também do que submeter tudo a regras e normas
burocráticas. Para que se produza mais, é importante que os indivíduos sejam regulados, disciplinados,
normatizados.

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Filosofia / Sociologia
Vocação e profissionalização
Não à toa Weber observa um fenômenos interessante do capitalismo e de sua racionalização. Defendia
antes por Lutero, a vocação é uma espécie de missão divina, algo que estamos destinados a fazer aqui por
Deus. Absorvida pelo ethos capitalista (se ma intenção de Lutero) a noção de vocação se mistura a de
profissão. Assim, torna-se pecado, ou pelo menos moralmente inadequado, dedicar-se a atividades que não
sejam o trabalho, já que estamos aqui cumprindo uma missão dada por Deus. Quando se conecta com a
noção de profissão, a vocação encontra a remuneração, já que recebemos um valor em troca do nsoso
trabalho. O resultado disso é uma profissionalização contraditória. Em política como vocação, por exemplo,
Weber aponta que existem dois tipos de políticos: os que vivem da política e os que vivem para política. O
político que vive da política não tem nenhuma outra fonte de renda além da obtida por essa atividade e que
sua luta se confunde com sua busca por sustento. Por outro lado, o político que vive para a política não atua
por remuneração, mas por honra ou prestígio, até mesmo “poder pelo poder”. Ora , Weber observa que essa
dinâmica acaba por gerar como resultado final da ação política uma relação inadequada com o sentido
original da atividade. A atividade científica não estaria muito distante desses problemas. Primeiro, Weber
acredita que pesquisador e professor não são atividades compatíveis em nível, sendo aletório que um
indivíduo consiga desempenhar bem as duas. Além disso, mostra a contradição de se pagar ao cientista
para que faça o que faz, seja do ponto de vista da relação com seus alunos ou por questões mais profundas,
como o que o pesquisador desejaria investigar e o que é obrigado a investigar por conta dessa
profissionalização.

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Filosofia / Sociologia

Exercícios

1. A busca racional do lucro era um dos aspectos essenciais do modelo que Max Weber (1864-1920)
construiu para compreender a origem do capitalismo moderno. Segundo Everaldo Lorensetti (2006), o
sociólogo alemão considerava que essa característica teve como uma de suas origens a ação social dos
protestantes, especialmente dos calvinistas, que “tinham uma ética de vida voltada ao trabalho e à
disciplina muito forte, pois acreditavam que trabalho e sucesso seriam indícios de que além de estarem
glorificando a Deus estariam garantindo a sua salvação” (LORENSETTI, Everaldo. As teorias sociológicas
na compreensão do presente.
In: LORENSETTI, Everaldo et al. Sociologia: ensino médio. Curitiba: SEED-PR, 2006 p. 42.
A partir dessa afirmação, é correto afirmar que:
a) Weber desmereceu a importância da religião para o nascimento do capitalismo.
b) Weber destacou a importância da religião para diminuir a ânsia capitalista por lucro.
c) Weber considerou que, apesar da importância da religiosidade na vida das pessoas, ela não teve
influência sobre a origem do capitalismo moderno.
d) Weber destacou uma relação de influência da ética da religião calvinista sobre o objetivo de
acumulação de riquezas por parte dos indivíduos nas sociedades capitalistas.
e) Para Weber, a ética religiosa pode tem uma influência decisiva sobre a vida econômica.

2. “O desenvolvimento do racionalismo econômico é parcialmente dependente da técnica e do direito


racionais, mas é ao mesmo tempo determinado pela habilidade e disposição do homem em adotar certos
tipos de conduta racional prática […]. As forças mágicas e religiosas e as ideias éticas de dever nelas
baseadas têm estado sempre, no passado, entre as mais importantes influências formativas de
conduta.”
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1981. p. 09

Uma das mais conhecidas explicações sobre a origem do capitalismo é a do sociólogo alemão Max
Weber, que postula a afinidade entre a ética religiosa e as práticas capitalistas. Essa relação se mostra
claramente na ética do
a) Catolicismo romano, que por meio da cobrança de dízimos e vendas de indulgências estimulou a
acumulação de capital.
b) Puritanismo calvinista, que concebe o sucesso econômico como indício da predestinação para a
salvação.
c) Luteranismo alemão, que defendia que cada pessoa devia seguir a sua vocação profissional para
conseguir a salvação.
d) Anglicanismo britânico, que, ao desestimular as esmolas, permitiu o incremento da poupança nas
famílias burguesas.
e) Catolicismo Ortodoxo, que, ao abrir mão dos luxos nas construções arquitetônicas, canalizou
capital para investimentos econômicos.

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Filosofia / Sociologia

3. “A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das


condições sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse
conhecimento a qualquer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas
as coisas pelo cálculo.”
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. Rio de Janeiro:
Zahar, 1979 (adaptado).

Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do processo de desencantamento
do mundo evidencia o(a)
a) progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo.
b) extinção do pensamento mítico como um desdobramento do capitalismo.
c) emancipação como consequência do processo de racionalização da vida.
d) afastamento de crenças tradicionais como uma característica da modernidade.
e) fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência.

4. “O impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro
não tem, em si mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu. Pode-se
dizer que tem sido comum a toda sorte e condição humanas em todos os tempos e em todos os países,
sempre que se tenha apresentada a possibilidade objetiva para tanto. O capitalismo, porém, identifica- se
com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e
racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa
individual que não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.”

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).

O capitalismo moderno, segundo Max Weber, apresenta como característica fundamental a


a) competitividade decorrente da acumulação de capital.
b) implementação da flexibilidade produtiva e comercial.
c) ação calculada e planejada para obter rentabilidade.
d) socialização das condições de produção.
e) mercantilização da força de trabalho.

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Filosofia / Sociologia

5. Para Max Weber a economia capitalista não é marcada pela irracionalidade e pela “anarquia da
produção”. Ao contrário de Karl Marx, que frisava a irracionalidade do capitalismo, para Weber as
instituições do capitalismo moderno podem ser consideradas como a própria materialização da
racionalidade. Segundo Weber, uma das características do capitalismo moderno é a estrutura
burocrática com instituições administradas racionalmente com funções combinadas e especializadas.
Para o sociólogo alemão, o controle burocrático é marcado pela eficiência, precisão e racionalidade.
Considerando a importância do tema da burocracia na obra de Weber, é correto afirmar que
a) Marx Weber identifica a burocracia com a irracionalidade, com o processo de despersonalização e
com a rotina opressiva. A irracionalidade, nesse contexto, é vista como favorável à liberdade
pessoal.
b) segundo Weber, a ocupação de um cargo na estrutura burocrática é considerada uma atividade com
finalidade objetiva pessoal. Trata-se de uma ocupação que não exige senso de dever e nenhum
treinamento profissional.
c) na burocracia moderna os funcionários são altamente qualificados, treinados em suas áreas
específicas, enfim, pessoas que tem ou devem ter qualificações consideradas necessárias para
serem designadas para tais funções.
d) para Weber, o elemento central da estrutura burocrática é a ausência da hierarquia funcional e a
obediência à ordem pessoal e subjetiva.
e) a burocratização do capitalismo moderno impede segundo Weber, a possibilidade de se colocar em
prática o princípio da especialização das funções administrativas.

6. “Max Weber frequentemente utilizou a imagem da máquina na análise da natureza da organização


burocrática. Tal como uma máquina, a burocracia era o sistema de utilização de energias para a execução
de tarefas específicas. O membro de uma burocracia ‘é apenas uma peça em um mecanismo móvel que lhe
prescreve uma marcha essencialmente fixa. A burocracia, em comum com a máquina, poderia ser posta a
serviço de muitas questões diferentes. Mais ainda, uma organização burocrática funciona tão
eficientemente a ponto de seus membros serem ‘desumanizados’: a burocracia ‘desenvolvida mais
perfeitamente... mais completamente tem sucesso em eliminar das atribuições dos funcionários amor, ódio
e todos os elementos puramente pessoais, irracionais e emocionais que escapem ao cálculo’. [...] O avanço
da burocracia aprisionava as pessoas na Gehäuse der Hörigkeit, a ‘jaula de ferro’ da divisão especializada
do trabalho da qual dependia a administração da ordem social e econômica moderna [...]”.
GIDDENS, Anthony. Política, sociologia e teoria social: encontros com o pensamento social clássico e contemporâneo. São
Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998, p. 58-59.

Segundo o texto acima, sobre o conceito de burocracia de Max Weber, é correto afirmar que
a) a burocracia é um sistema eficiente de organização do trabalho somente quando é aplicado em
poucas questões específicas.
b) a burocracia consiste em um sistema de divisão especializada do trabalho que busca a eficiência a
partir de atribuições impessoais, racionais e calculadas impostas aos seus funcionários.
c) os funcionários burocráticos podem se expressar livremente, desde que dentro de regras prescritas
de forma impessoal e calculada.
d) a burocracia é um sistema arcaico que deve ser superado por outros processos de administração
do trabalho típicos da modernidade.
e) nenhuma das alternativas acima pode ser afirmada corretamente sobre o conceito de burocracia.

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Filosofia / Sociologia

7. “[...] o racionalismo econômico, embora dependa parcialmente da técnica e do direito racional, é ao


mesmo tempo determinado pela capacidade e disposição dos homens em adotar certos tipos de
conduta racional. [...] Ora, as forças mágicas e religiosas, e os ideais éticos de dever deles decorrentes,
sempre estiveram no passado entre os mais importantes elementos formativos da conduta.”
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Livraria Pioneira Editora,1989, 6 ed., p. 11.

A respeito das relações de causalidade que o sociólogo Max Weber propõe entre as origens do
capitalismo moderno, o processo de racionalização do mundo e as religiões de salvação, assinale a
alternativa correta.
a) Coube às éticas religiosas do confucionismo (China) e hinduísmo (Índia) redefinirem o padrão das
relações econômicas que, a partir do século XVI, culminaria no capitalismo de tipo moderno.
b) As seitas protestantes que floresceram nas sociedades orientais, a partir do século XVI, são
responsáveis pela prematura posição de destaque do Japão, China e Índia no cenário econômico
internacional que se seguiu à Revolução Industrial.
c) A partir de sua doutrina da predestinação, o calvinismo foi responsável pela introdução de um
padrão ético que, ao estimular a racionalização da conduta cotidiana de seus fiéis, contribuiu de
maneira inédita para o desenvolvimento das relações capitalistas modernas.
d) O processo de encantamento do mundo (irracionalização do conhecimento e das relações
cotidianas) encontra-se na base da ética protestante, cujas prescrições de conduta se revelaram
condição imprescindível para o desenvolvimento e consolidação das relações capitalistas
modernas.
e) Várias doutrinas religiosas ao redor do globo defendiam o lucro e a riqueza como benefícos ao
homem. A negação dessas condições é característica quase exclusiva do catolicismo. Quando
proposto, o protestantismo herdou essa característica.

8. A menos que seja um físico, quem anda num bonde não tem ideia de como o carro se movimenta. E não
precisa saber. Basta-lhe poder contar com o comportamento do bonde a orientar sua conduta de acordo
com sua expectativa; mas nada sabe sobre o que é necessário para produzir o bonde ou movimentá-lo.
O selvagem tem um conhecimento incomparavelmente maior sobre suas ferramentas.
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS, W. Max Weber.
Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. p. 165.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a sociedade moderna, conforme Max Weber, assinale a
alternativa correta.
a) A secularização da vida moderna e o consequente desencantamento do mundo são expressões da
racionalização ocidental.
b) O homem moderno detém menor controle sobre as forças da natureza, em comparação com o
domínio que possuía o “selvagem”.
c) O avanço da racionalidade produz, também, uma maior revitalização da cultura clássica, dado que
amplia o alcance das escolhas efetivas disponíveis.
d) O desencantamento do mundo é um fato social que atua como força coercitiva sobre as vontades
individuais, visando à construção da consciência coletiva.
e) O desencantamento do mundo destitui o Ocidente de um elemento diferenciador em relação ao
Oriente: as ações sociais dotadas de sentido.

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Filosofia / Sociologia

9. A F-1 começou a perder as características que encantaram gerações nos anos 1990 quando o salto
tecnológico tornou o piloto quase um coadjuvante no cockpit. “Os carros de corrida são equipamentos e
não mais automóveis. No volante, há mais de 100 botões. O condutor virou um operador de máquinas”,
reclama Bird Clemente, 72 anos, primeiro brasileiro a guiar, profissionalmente, um carro de corrida. No
passado, esse esporte dependia muito mais do talento do piloto para regular um carro. Hoje, espremido no
cockpit como mais um funcionário de um negócio que movimenta bilhões de dólares, o piloto cumpre
religiosamente as regras do mercado.”
Adaptado de: CARDOSO, R.; LOES, J., O Esporte Perdeu. Revista Isto É, 4 ago. 2010, ano 34, n. 2125, p. 84-85.

A lógica do esporte e da fruição é englobada pela lógica do mercado. A importância dada ao negócio
(negar o ócio), conforme análise de Max Weber em sua “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”,
revela que
I. o trabalho atende às regras do mercado, destacando a prevalência do negócio, em razão da
necessidade de produção capitalista.
II. a dimensão religiosa, presente nos primórdios do capitalismo, na figura do protestantismo de
orientação luterana, valoriza o caráter sagrado da atividade fabril, em detrimento do trabalho braçal.
III. o negócio, quando praticado de acordo com os preceitos divinos, viabiliza a distribuição igual e
solidária das riquezas produzidas.
IV. o ato de negociar, próprio do comércio, depende da força produtiva, conectada à divisão social do
trabalho no mundo secularizado.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

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Filosofia / Sociologia
10. Observe a figura a seguir.

HODGE, N.; ANSON, L. L’Art de A à Z. Dubai: PML Éditions, 1996. p. 218.

Sobre o processo de organização do trabalho representado na figura, é correto afirmar que esse
expressa, segundo a forma pela qual Max Weber o analisa,
a) o papel libertador da técnica na vida dos indivíduos, pois potencializa as capacidades físico-
intelectuais humanas.
b) o tipo ideal de sociedade, pois esta, por ser justa, aloca cada um nas funções para as quais tem
aptidões inatas.
c) o declínio das formas racionais de dominação burocrática que, tradicionalmente, estiveram
presentes nas sociedades orientais.
d) a formação de uma ordem econômica e técnica que define violentamente a vida dos indivíduos
nascidos sob esse sistema.
e) que o trabalho fabril escapa à tipologia das ações racionais, por ser repetitivo e marcado pela
tradição, aproximando-se, assim, do trabalho outrora existente nas comunidades

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Filosofia / Sociologia

Gabarito

1. D
As alternativas A, B, C e E vão inteiramente na contramão da visão de Weber, que buscou revelar como
as origens do capitalismo, em particular da visão positiva a respeito da busca pelo lucro, estão
historicamente associadas a certas modalidades de protestantismo calvinista.

2. B
Em sua obra, Weber buscou revelar como as origens do capitalismo, em particular da visão positiva a
respeito da busca pelo lucro, estão historicamente associadas a certas modalidades de protestantismo
calvinista, as quais viam no sucesso financeiro um sinal das bênçãos de Deus e,portanto, da salvação.

3. D
Para Weber, a essência da Modernidade encontra-se no processo de secularização, isto é, na perda
progressiva da centralidade da religião no interior da vida social Tal processo, iniciado na Reforma
Protestante e chamado pelo autor de “desencantamento do mundo”, não é caracterizado
weberianamente como algo positivo (uma “emancipação”) ou negativo, mas simplesmente assinalado
como um fato.

4. C
A grande característica do capitalismo, para Weber, é a racionalização brutal da vida econômica, que
deixa de guiar-se por princípios ou ideais (racionalidade com relação a valores), norteando-se
inteiramente por objetivos e metas (racionalidade com relação a fins. Trata-se do reino da utilidade e da
eficiência.

5. C
Sistema profundamente impessoal e utilitário, focado exclusivamente na eficiência, isto é, no
cumprimento de metas, o capitalismo é por si mesmo burocrático, favorecendo a divisão social do
trabalho, a meritocracia, a hierarquia e o senso do dever.

6. B
Sistema profundamente impessoal e utilitário, focado exclusivamente na eficiência, isto é, no
cumprimento de metas, o capitalismo é por si mesmo burocrático, favorecendo a divisão social do
trabalho, a meritocracia, a hierarquia e o senso do dever.

7. C
Em sua obra, Weber buscou revelar como as origens do capitalismo, em particular da visão positiva a
respeito da busca pelo lucro, estão historicamente associadas a certas modalidades de protestantismo
calvinista, as quais viam no sucesso financeiro um sinal das bênçãos de Deus e,portanto, da salvação.

8. A
Nos estudos de Max Weber a respeito da sociedade moderna, a exemplo da obra A ética protestante e o
espírito do capitalismo, o autor busca identificar e compreender a especificidade da sociedade moderna
ocidental. Tal especificidade diz respeito ao modo como um tipo particular de racionalização se
desenvolveu nessa região, envolvendo a secularização e, com seu aprofundamento, o desencantamento
do mundo.

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Filosofia / Sociologia

9. B
Diferente do que diz II, Weber associou o nascimento do capitalismo não a vertentes luteranas, mas a
vertentes calvinistas - e estas não desprezavam o trabalho braçal, mas sim o insucesso financeiro.
Diferente do que diz III, para os puritanos calvinistas, o papel das riquezas era ser um sinal da
predestinação de certos indivíduos específicos (os bem-sucedidos), portanto, a desigualdade social era
valorizada entre eles.

10. D
Para Weber, a técnica capitalista, associada ao predomínio da racionalidade com relação a fins, é própria
da Modernidade. Por outro lado, ele não a avalia como boa ou ruim, mas apenas assinala seu papel
central no mundo em que vivemos.

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