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CLÁSSICOS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

ÉMILE DURKHEIM

Durkheim foi o primeiro sociólogo a delimitar um conjunto de regras específicas


para o método de trabalho sociológico.

Apesar de Auguste Comte ter cunhado o termo Sociologia e estabelecido as


necessidades de uma ciência que estudasse a sociedade, foi Durkheim quem
formulou as regras do método sociológico e emancipou a Sociologia como
uma ciência autônoma. Durkheim também foi o primeiro docente a ocupar
uma cátedra de Sociologia em uma universidade."

Seus estudos variados induziram Durkheim a procurar modelos biológicos e


sociais conjuntos e também a tecer um olhar diferenciado para a Antropologia.
O conjunto de fatores resultou na formulação da teoria dos fatos sociais, que
afirmaria a primazia do entendimento de fatos gerais que marcam as sociedades
(como leis), os quais seriam maiores e mais facilmente explicáveis que as
questões individuais psicológicas."

"Aos 29 anos de idade, Durkheim passou a integrar o corpo docente da


Universidade de Bordéus, como encarregado de cursos, criando e ocupando a
primeira cátedra de Sociologia no ensino superior. A partir daí foi marcado o
início oficial da Sociologia enquanto disciplina e ciência autônoma, apesar das
primeiras ideias e o nome terem surgido anos antes com o filósofo francês
Auguste Comte.

Toda a produção intelectual de Durkheim, a partir de 1887, voltou-se para


o estudo da Sociologia e do entendimento do que ele chamou de fatos
sociais, que seriam leis gerais que regem as sociedades e conferem ao cientista
a chave para o estudo sociológico."

"Durkheim criticou algumas ideias de Comte quanto à Sociologia, o que


demonstra as influências sofridas pelo pensador considerado o criador do
método sociológico por aquele que é considerado o “pai” da Sociologia (Comte).
Para Durkheim, apesar da pretensão oposta, o modelo sociológico
comtiano é demasiadamente filosófico, pois a base do positivismo e da
Sociologia é a lei dos três estados, que não recorre a um método preciso
de observação e estudo rigoroso de uma sociedade."

"A Sociologia, enquanto ciência bem estruturada, deve ter um método próprio
que garanta que ela não caia nas contradições e nas apressadas conclusões do
senso comum." "O sociólogo deve buscar entender os fatos comuns da
sociedade, os fatos sociais, como “coisas” objetivas."

"Uma das tarefas do sociólogo é, então, compreender esses fatos que organizam
a sociedade de determinado local e determinada época, como a educação.
Deve-se ter em mente, porém, que, apesar das diferenças, existem estruturas
organizacionais que regem essas sociedades e moldam-nas de maneira mais ou
menos similar, ou seja, apesar das diferenças de época e lugar, existem sempre
elementos em comum determinados pelos fatos sociais que possibilitam ao
sociólogo traçar um método científico de observação."
FATOS SOCIAIS - Para Durkheim, o fato social é o conjunto de regras e
tradições que estão no centro de uma sociedade. Assim, o fato social obriga o
ser humano a se adaptar às regras sociais.

Exemplos de fatos sociais são as normas de convivência, valores e convenções


que existem independente da vontade e da existência do indivíduo, como explica
Durkheim. Fatos sociais são comportamentos simples do cotidiano, como tomar
banho, pagar os impostos, ir a encontros sociais ou fazer compras.

O fato social deve atender a três características: a generalidade, a exterioridade


e a coercitividade.

• GENERALIDADE - Os fatos sociais atingem toda a sociedade e, portanto,


são coletivos e não individuais. Desta maneira dizemos que os fatos
sociais acontecem com a maioria e alcançam a todos de forma geral.

Exemplo: num jogo de futebol, os torcedores cantam incentivando seu time,


vestem-se com o uniforme da sua equipe e gritam quando sai o gol. Todas estas
ações são esperadas e não precisaram ser previamente explicadas, pois já
fazem parte de um evento esportivo.

• EXTERIORIDADE - Os fatos sociais são exteriores ao indivíduo, ou seja,


existem antes dele nascer e também acontecem de forma independente
da ação individual.

Exemplo: tomando o jogo de futebol novamente. Se um indivíduo desejasse


impedir os torcedores de gritar gol, quando o seu time marcasse, dificilmente
conseguiria ou seu comportamento seria visto como estranho. Afinal, já é
esperado que fãs de uma equipe comemorem um gol desta maneira.

• COERCITIVIDADE - A coercitividade é usada com dois significados pelo


sociólogo francês.

**Primeiro, a coercitividade está relacionada ao poder que os padrões culturais


de uma sociedade são impostos aos integrantes.

Essa característica obriga os indivíduos a cumprirem os padrões culturais e


sociais que nem sempre estão de acordo, mas que são convenções e existem
apesar do indivíduo concordar com elas ou não.

**O segundo significado da palavra coercitividade é utilizado para descrever o


poder que a lei exerce na vida de um indivíduo. Desta maneira, o ser humano
pode não concordar com o modo que a sociedade funciona, mas aceita, por
medo de ser punido pela lei.

Na coercitividade cultural, o ser humano pode passar vergonha ou


constrangimento, caso não cumpra o comportamento social relacionado ao fato
social onde esteja inserido.

Já a coercitividade da lei é punitiva, no sentido que o indivíduo pode sofrer multas


e privação de liberdade.

SOLIDARIEDADE MECÂNICA E SOLIDARIEDADE ORGÂNICA

A solidariedade são os laços que unem cada indivíduo a um grupo.


Essa proposta é uma tentativa de responder às mudanças ocorridas na Europa,
sobretudo, a partir da instauração do modo de produção capitalista.

Para ele, a solidariedade mecânica é fundamentada nas tradições, nos


hábitos e na moral; características muito presentes em sociedades pré-
capitalistas. Já a solidariedade orgânica é baseada na interdependência
gerada pela especialização do trabalho no modo de produção capitalista.

O que é solidariedade mecânica?


Em um período pré-capitalista, a divisão social do trabalho era muito simples.
Em geral, as pessoas cumpriam a mesma tarefa na produção (camponeses,
artesãos, pequenos comerciantes, etc.).

Como as pessoas tendem a executar as mesmas tarefas, o trabalho de uma


independe do trabalho de outra.

Assim, a coesão social é garantida pela tradição, pela moral e pelos costumes,
que possuem uma grande força, capaz de unir os indivíduos.

Nessas sociedades, o direito é fundamentado na manutenção dos costumes


para garantir que sejam respeitados e que a sociedade permaneça coesa em
torno dessas tradições.

Desse modo, a solidariedade mecânica atua como um mecanismo baseado em


crenças comuns, que possibilitam a vida em sociedade.

O que é a solidariedade orgânica?


Com a complexificação da sociedade, os indivíduos deixam de compartilhar as
suas crenças, hábitos e tradições, necessitando que haja uma mudança também
no modo de garantir a coesão social.

Com a transformação para o modo de produção capitalista, as tarefas se


especializam cada vez mais. Cada indivíduo cumpre uma tarefa específica.

Durkheim afirma que essa especialização do trabalho possui também a


característica de tornar as pessoas mais dependentes entre si. Já que a tarefa
de um depende da execução da tarefa dos demais.

Assim, os indivíduos criam laços de interdependência, gerando um novo modo


de solidariedade e garantindo coesão social - a solidariedade orgânica.
Nessa estrutura, o papel do direito também se torna mais complexo e busca
responder à criação de garantias e deveres aos quais os diferentes cidadãos
possam compartilhar.

Desse modo, a solidariedade orgânica se dá a partir da compreensão da


sociedade como um corpo no qual o bom funcionamento necessita de que os
diferentes órgãos cumpram suas funções de forma interligada e
interdependente.

Características do estado de anomia e patologia social


A anomia é um conceito desenvolvido pelo sociólogo francês Émile Durkheim
para explicar a forma com a qual a sociedade cria momentos de interrupção das
regras que regem os indivíduos.

O termo deriva da palavra grega nomos, que significa “norma”, “regra” e


precedida pelo prefixo de negação a- (“não”). Essa ausência de regras conduz
os sujeitos ao isolamento perante a coletividade, gerando uma série de crises e
patologias sociais.
Nas sociedades modernas, há uma mudança relevante no modo de produção.
Essa mudança complexifica a sociedade, estabelece uma nova divisão social do
trabalho, intensifica o processo de urbanização e faz com que a moral e as
tradições percam sua força como fator de coesão social.
Assim, a sociedade enfraquece as estruturas que orientam as ações dos
indivíduos. Essa "ausência de regras" cria um estado anômico em que os
sujeitos deixa de ter a sociedade como referência e agem baseados em seus
interesses, anomicamente.
Esse estado de anomia é caracterizado pela falta de disciplina e de regras que
orientam a sociedade.

A ausência de regras cria um estado de desarmonia entre os indivíduos e a


coletividade, fazendo com que se criem expectativas irrealizáveis na estrutura
social.

Assim, como efeito, observa-se uma desarmonia entre os sujeitos e a sociedade.


Esse estado pode causar uma série de patologias sociais, dentre elas, o
suicídio, estudado por Durkheim.

Em sua obra O Suicídio (1897), Durkheim afirma que existem três tipos
fundamentais de suicídio:

• Suicídio egoísta - quando a pessoa se isola do meio social por não


compartilhar dos princípios que o regem (ex.: decepção, melancolia,
sensação de desamparo moral etc.)
• Suicídio altruísta - ocorre quando o indivíduo é absorvido por uma causa
e sua vida passa a representar um valor menor que a coletividade (Ex.:
enfermos, limites da velhice, atos heroicos etc.).
• Suicídio anômico - Um efeito das transformações sociais, colocam os
indivíduos em apartados da coletividade, desregulados e em desarmonia
com a sociedade (desregramento social em que as normas não são
respeitadas).
KARL MARX – 1818-1883 – MANIFESTO COMUNISTA
Estudou direito, se interessou por Filosofia e pelo pensamento de Hegel. Contou
com a colaboração de Engels (1820-1895). A amizade entre eles resultou em
obras escritas em parceria e ajuda financeira de Engels para Marx.
Seu pensamento filosófico, que aspira à condição de explicação científica da
realidade social, desenvolve-se em tempos de intensas mobilizações políticas
no continente europeu, marcadas pela consolidação das modernas relações
capitalistas e pelas contestações provocadas por problemas sociais, sobretudo
os protestos contra as precárias condições de vida dos trabalhadores.
Marx não queria apenas interpretar o mundo, como os outros filósofos, mas
transformá-lo.
A propósito, ele não foi classificado como sociólogo, porém o seu trabalho foi
decisivo para a sociologia.
Escreveu em suas obras que a sociedade do Antigo Regime, havia sido
superada pela sociedade capitalista. Os privilégios sociais adquiridos pelos
nobres desde seu nascimento e as relações feudais de produções, foram
substituídos pela valorização do trabalho e pela oposição entre a classe
burguesa, detentora dos meios de produção e o proletariado, que vende a sua
força de trabalho. Duas revoluções foram decisivas para essa mudança:
Revolução Francesa e Revolução Industrial.
O pensamento de Marx sofreu influência de 3 correntes: a de Hegel, a de Adam
Smith e David Ricardo e por último Saint-Simon, Charles Fourrier .
A partir daí, formulou uma extensa análise da sociedade capitalista e
examinando as regras de seu funcionamento. O objetivo era encontrar os
meios capazes de efetivar as mudanças sociais que conduziriam ao fim da
sociedade capitalista e ao surgimento do socialismo.
Essas transformações só poderiam ser feitas através de uma revolução. Só a
revolução do proletariado conseguiria derrubar a classe burguesa e instituir o
socialismo.
Para pautar suas reflexões, Marx desenvolve o materialismo histórico e o
materialismo dialético, conjunto articulado de princípios conceituais que
pretendem reproduzir o movimento da totalidade social em suas explicações
acerca da realidade.
Marx descarta o sistema hegeliano > o movimento dialético do “em si” para “em
si e para si” e reconfigura as noções em bases materialistas. Para ele, não são
as ideias o ponto de partida da realidade, mas as relações sociais concretas,
materiais, que determinam a produção das ideias pelos seres humanos.
A dialética em Marx, é a história dos seres humanos em sociedade, nas
relações entre si com a natureza.
A ação transformadora, que efetua a mediação na relação entre os seres
humanos e a natureza, é chamada de trabalho. Este os diferencia,
originariamente, no universo dos seres vivos, além de ser a atividade vital que
torna possíveis todas as suas manifestações de vida.
Conceitos que adquirem importância primordial na filosofia materialista de Marx:
• Força de trabalho: representa as capacidades físicas e outras a
desenvolver pelos indivíduos nos diversos processos de trabalho.
Estes indivíduos, agentes dos processos de trabalho, são dotados de
capacidades técnicas e de métodos que lhes permitem operar as
ferramentas e os equipamentos.
• Meios de Produção: Os meios de produção são os instrumentos,
ferramentas e utensílios utilizados no processo de produção. Não
fazem parte, portanto, dos produtos fabricados, ficando na empresa que
os produziu durante um determinado tempo.
• Relações sociais de produção: se estabelecem independentemente da
vontade ou do desejo dos homens A quantidade de trabalho que
ultrapassa as necessidades imediatas dos trabalhadores, geram
excedente econômicos, constitui sobretrabalho.
• Modo de Produção: O modo de produção é a maneira pela qual a
sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui.
O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças
produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade.
• Estranhamento ou alienação: um momento em que os homens se perdem
a si mesmos e a seu trabalho no capitalismo. As relações de classe eram
alienantes, pois o trabalhador assalariado se encontrava em uma posição
de barganha desigual perante o capitalista (empregador). Não se
reconhecem nos objetos que criam
• Fetichismo: Os objetos parecem criar vida própria, uma aura misteriosa,
separada de quem os produziu.
• Consciência de classe: uma situação a que o ser humano está
naturalmente sujeito. É ela que permite a união, a coesão entre iguais e a
luta por melhorias para a classe.
• Ideologia : é a percepção da realidade com base em uma perspectiva
sobre ela que vem da classe que tem o monopólio dos meios de produção
material e intelectual.
• Luta de classes : A luta de classes ocorre devido ao antagonismo
de classe. De acordo com Marx, os interesses de cada classe são
antagônicos entre si. Ou seja, os interesses da burguesia e do
proletariado são diferentes e irreconciliáveis.
• Burguesia e Proletariado: Por burguesia entendemos a classe dos
capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social e
empregadores do trabalho assalariado. Por proletariado, a classe dos
operários assalariados modernos que, não possuindo meios próprios de
produção, reduzem-se a vender a força de trabalho para poderem viver.
• Revolução proletária: Concentração de trabalho, crises econômicas,
como as de superprodução, oferecem condições apropriadas à
construção da consciência de classe dos proletários, logo se dá a
revolução dos proletários.
• Ditadura do proletariado : a etapa transitória posterior à derrubada do
Estado burguês, quando se faria necessário a inversão da relação de
opressão, de maneira a impor a hegemonia da classe operária sobre a
burguesia.
Para o materialismo dialético, na sociedade capitalista , quaisquer que sejam as
modalidades de governo, o poder político é sempre exercido pela burguesia.
O Estado é a institucionalização política da sociedade caracterizada
socioeconomicamente e tem sempre um conteúdo ditatorial, mesmo em uma
sociedade organizada segundo os princípios da democracia representativa. Para
Marx o Estado é uma ditadura de classes.

MAX WEBER E A SOCIOLOGIA

Seus estudos recaíram sobre questões teórico-metodológicas acerca da origem


da civilização ocidental e seu lugar na história universal.

Weber acreditava que a função do sociólogo seria compreender o sentido das


chamadas ações sociais e explicar suas lógicas causais.

Assim, suas contribuições foram em direção à análise multicausal dos


fenômenos sociais.

Em seus estudos, Weber destaca fatores culturais e materiais no surgimento das


instituições modernas. Também analisa o consequente processo de
racionalização e desencantamento do mundo que as acompanham.

Weber buscou compreender a sociedade de modo mais abstrato e integrada às


condições históricas, culturais e sociais.

AÇÃO SOCIAL – Conduta humana dotada de sentido e justificada com base em


perspectiva subjetiva. Para ele, a sociologia é a ciência que busca compreender
e interpretar a ação dos indivíduos nas diferentes situações coletivas em que se
dão essas ações e, portanto, justificá-la em seu desenvolvimento e
consequências, buscando apreender as regularidades no modelo de usos,
costumes ou situações de interesse.

O sociólogo argumenta que o ser humano é levado por ações socais que por sua
vez são caracterizadas em racionais e não-racionais. São elas:

• Ação social racional com relação a fins - quando os atos estão


orientados para um fim específico. Exemplos: "Tenho que trabalhar para
ganhar dinheiro." "Quero fazer ginástica para emagrecer."
• Ação social racional com relação a valores - neste caso, as atitudes
passam a ter influência direta de nossas crenças morais.

Abaixo, as ações sociais que Weber considerava que não passavam pela
racionalidade e se orientavam pelo subjetivismo:

• Ação social afetiva - aquelas ações que fazemos porque cultivamos


algum sentimento, positivo ou negativo, em relação às pessoas.
Exemplos: presentear em determinadas datas; expressar o afeto
tocando ou fazendo declarações.
• Ação social tradicional - aqui se encaixam os costumes que seguimos
por tradição ou hábitos. Exemplos: festas, maneira de cozinhar, vestir-
se, etc.

Para Max Weber, as leis gerais caminham de acordo com a dinâmica cultural e
delas podemos apenas buscar as leis causais, as quais são suscetíveis de
entendimento a partir da racionalidade científica.

Paradoxalmente, essa racionalização do mundo só foi possível pela substituição


da racionalidade mágica antiga pela racionalidade judaico-cristã. Essa segunda
forma de racionalidade retirou, progressivamente, práticas mágicas e rituais,
para dar lugar à visão de salvação pautada no desempenho individual e
racionalizado.

A racionalização, assim, é um processo que torna todos os aspectos da vida


cada vez mais calculada, ponderando os fins e os meios a serem seguidos para
atingir tais objetivos. São os trabalhos se tornando técnicos, as relações
interpessoais se burocratizando, e a perda da individualidade pela padronização
da sociedade.

Nesse processo de racionalização, Weber identifica dois tipos de racionalidade:


formal e substantiva.

Racionalidade formal
A racionalidade formal diz respeito à forma como os sistemas jurídico e
econômico se constituem. São hierarquias da organização, as especialidades de
cada setor, as regras de funcionamento da instituição, os treinamentos
necessários para a atuação técnica.

Esses são aspectos que permitem que as organizações burocráticas tornem o


seu trabalho previsível e calculável. Trata-se, de fato, de um cálculo dos meios
para atingir os fins.

Racionalidade substantiva
Por sua vez, a racionalidade substantiva se refere ao conteúdo valorativo, aos
sentidos desses sistemas racionalizados. Em outras palavras, são os valores
como de comunidade, de igualitarismo, ou de que o trabalho é necessário à vida
humana.

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905)

Weber aplica com rigor científico, os fundamentos de sua sociologia


compreensiva, procurando analisar as razões pelas quais o capitalismo se
desenvolveu mais intensamente em países vomo a Inglaterra e Alemanha do
que em outros países com trajetórias históricas similares., como espanha e
Portugal.

A tese principal é que o capitalismo inglês, recebeu, em sua formação, uma


grande contribuição de hábitos de vida cultivados pelo protestantismo. O “pano
de fundo” de sua análise consiste nas relações de ideias religiosas e o
comportamento econômico dos indivíduos nas sociedades analisadas por ele.

Weber firma que o desenvolvimento capitalista se deu com base no


comportamento de uma vida voltada para os valores espirituais e, ao mesmo
tempo, valorizava o trabalho árduo. Demonstrou que certas vertentes do
protestantismo, como o calvinismo, haviam estimulado um comportamento
econômico baseado numa ação racional, em que o trabalho adquiria uma
conotação moral positiva, em contraposição às considerações da Igreja Católica
a respeito da vida terrena e dos assuntos mundanos, como o comércio e quase
todas as outras atividades profissionais.

PODER, ESTADO E DOMINAÇÃO

Max Weber estabelece que o poder é a imposição da vontade de uma pessoa


ou instituição sobre os indivíduos. Quando alguém tenta, pela força física,
estatal, legal ou de autoridade, impor a sua vontade sobre indivíduos, essa
pessoa está exercendo o poder. Nas palavras de Weber, “poder significa toda
probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra
resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”|1|. Desse modo, o
poder independe da aceitação das pessoas do exercício da vontade."

"Quando o exercício do poder parte de um indivíduo, ele tem o alcance menor,


a menos que esse indivíduo represente o Estado. Quando o exercício do poder
parte do Estado, ele alcança um maior número de pessoas e tem uma maior
chance de ser um poder legítimo."

"DIFERENÇA ENTRE PODER E DOMINAÇÃO

Na teoria weberiana sobre a organização da sociedade, é simples a diferença


entre o poder e a dominação. Esses dois elementos são como dois polos de uma
mesma concepção: o poder é uma espécie de emissão, enquanto a dominação
é uma espécie de recepção.

Enquanto o poder é o exercício da vontade sobre os indivíduos, a dominação é


a aceitação e a subordinação dos indivíduos ao poder exercido por alguém.
Desse modo, a legitimidade do poder é conferida pelas formas de dominação
legítimas, ou seja, se os indivíduos aceitam certos tipos de poder exercidos por
alguém, esses próprios indivíduos conferem a legitimidade da dominação e,
consequentemente, do poder que alguém exerce.

Dominação seria, nas palavras de Weber, “a probabilidade de encontrar


obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de
pessoas”|2|. Por isso, a dominação (que é legitimada pela aceitação) confere a
autoridade a quem exerce o poder."

TIPOS DE DOMINAÇÃO LEGÍTIMA

Para que o poder exercido seja legítimo e forneça ao agente do poder algum tipo
de autoridade, é necessário que a dominação se enquadre em um dos tipos de
dominação legítima. Para Weber, são três os tipos de dominação legítima que
se formam nas sociedades.

Dominação legal

Esse tipo de dominação é a forma mais oficial de legitimidade da dominação,


pois ela estabelece-se por meio de uma convenção social estabelecida entre os
indivíduos de uma mesma sociedade. A sociedade estabelece-se a partir de uma
espécie de pacto entre os cidadãos para que eles tenham garantidos os seus
direitos naturais.

Dominação tradicional

"Essa forma de dominação é conferida pela forma do respeito à tradição. A forma


mais comum de estabelecimento dessa autoridade vem pelo sistema patriarcal,
que domina a sociedade, em que a figura do patriarca ou senhor é uma figura de
liderança e os submetidos a essa liderança são os seus súditos ou servidores."

Dominação carismática

"Essa forma de dominação ocorre por meio da capacidade carismática que uma
pessoa tem de mobilizar as massas e comandar as pessoas. Geralmente, os
súditos desse tipo de pessoa conferem uma devoção ao líder carismático não só
pela sua personalidade de liderança, mas também pela crença e pela fé."

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