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O que é a Sociologia.

A Sociologia se ocupa de estudar a vida social humana, analisando as dinâmicas da


sociedade como um todo e de segmentos que a compõem. É o campo do conhecimento
que investiga as relações sociais entre diferentes grupos humanos, seus conflitos e
conexões. Assim como o psicólogo se dedica a conhecer os elementos que regem o
comportamento de um indivíduo, os sociólogos têm como missão compreender o
funcionamento do comportamento coletivo.
A Sociologia nos ensina a observar o mundo a nossa volta sob um novo ângulo.
Comportamentos e instituições que aparecem como naturais – como algo que sempre foi
igual – aos olhos do sociólogo são fenômenos dotados de influências históricas e sociais.
Aprende-se que algumas coisas que percebemos como experiências individuais, na
verdade são ações influenciadas pelo meio social em que crescemos e vivemos. As formas
como refletimos essas profundas influências é objeto de estudo da Sociologia. A primeira
vista, essa abordagem parece nos destituir de autonomia sobre nossas ações, mas a
verdade é que ocorre o contrário. Ao conhecer as forças sociais que atuam sobre a nossa
vida, ganhamos mais liberdade para tomar decisões de forma consciente.
Essa operação – em que deixamos de lado as aparências imediatas das coisas para
compreender o contexto amplo em que estão inseridas – é o que chamamos de imaginação
sociológica. O que fazemos ou deixamos de fazer diz muito sobre o ambiente social que
habitamos.
Com a diversidade de culturas e de grupos sociais que temos no mundo, é necessário que
a Sociologia acolha uma imensidade de temas. Alguns desses temas centrais, que irão
definir as áreas de pesquisa dos sociólogos, são: a política, o trabalho, a economia, a
religião, a educação, as etnias, a pobreza, as classes sociais, a ecologia, a comunicação e
a mídia, os crimes e o sistema punitivo, o convívio entre diferentes gerações, o gênero e
a sexualidade, os movimentos sociais e muitos outros. Essas áreas de pesquisa nem
sempre são homogêneas, pois englobam diferentes interpretações e formas de abordar os
fenômenos sociais, fazendo da Sociologia uma disciplina bastante vasta e envolvente.

Durkheim
"A Sociologia, enquanto ciência bem estruturada, deve ter um método próprio que garanta
que ela não caia nas contradições e na apressadas conclusões do senso comum.
Se existe uma ciência das sociedades, é de desejar que ela não consista
simplesmente numa paráfrase dos preconceitos tradicionais, mas nos faça ver
as coisas de maneira diferente da sua aparência vulgar; De fato, o objeto de
qualquer ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou
menos as opiniões herdadas. Durkheim, 1983

Se existe uma ciência da sociedade com estatuto científico, ela deve partir de um método
rigoroso que impeça a interferência tradicional. Os modelos anteriores, como o de Comte,
levam o sociólogo a cair em um modelo de dedução metafísica filosófica que, segundo
Durkheim, teria mais utilidade para fazer uma filosofia da história do que para construir
uma ciência da sociedade. O sociólogo deve buscar entender os fatos comuns da
sociedade, os fatos sociais, como “coisas” objetivas.
Uma das tarefas do sociólogo é, então, compreender esses fatos que organizam a
sociedade de determinado local e determinada época, como a educação. Deve-se ter em
mente, porém, que, apesar das diferenças, existem estruturas organizacionais que regem
essas sociedades e moldam-nas de maneira mais ou menos similar, ou seja, apesar das
diferenças de época e lugar, existem sempre elementos em comum determinados pelos
fatos sociais que possibilitam ao sociólogo traçar um método científico de observação.
Os fatos sociais são distinguidos pela “sua exterioridade em relação às consciências
individuais” e pela “ação coerciva que exerce ou é suscetível de exercer sobre essas
mesmas consciências”. Isso significa dizer que os fatos sociais são maiores que qualquer
consciência individual e eles criam o que o sociólogo chamou de consciência coletiva.
Não há, por conta da coercitividade dos fatos sociais, maneira de uma consciência
psicológica individual (uma pessoa) agir de livre e espontânea vontade, infringindo as
regras sociais, sem que ela não seja acusada ou punida depois, ou não seja, ao menos,
incompreendida.
Importantes elementos encontrados nas sociedades que atuam como dados de análise para
o sociólogo são as formas de coesão. Essas formas de coesão delineiam o modo como a
sociedade comporta-se, o tipo de Direito e de Justiça exercidos nessa sociedade e o modo
de solidariedade que organiza tal sociedade. Também há a determinação da divisão social
do trabalho, que é diferente em cada tipo de sociedade. As duas principais formas de
coesão são formadas pela:
Solidariedade mecânica: delineia as sociedades mais antigas e rudimentares, sem a
influência do capitalismo. A sociedade como um todo é fechada como um mecanismo
autônomo. Há aqui maior coesão social e ausência da divisão social do trabalho, que fecha
a sociedade e promove a ajuda mútua entre as pessoas. Também há uma forma de direito
mais primitiva que considera o ato social indesejado um crime contra toda a sociedade e
que deve ser exemplarmente punido por meio do suplício público e do castigo físico.
Solidariedade orgânica: como um organismo que necessita de várias peças e
mecanismos distintos para funcionar, são as sociedades mais desenvolvidas e sob
influência do capitalismo. Há a divisão social do trabalho e a desigualdade social, que
fecha os grupos em seus interiores e promove a solidariedade apenas entre os grupos
fechados que enxergam a irmandade apenas entre si e não com os outros."

Karl Marx
Marx desenvolveu uma densa e extensa obra que abarca importantes conceitos
filosóficos, econômicos e históricos, além de abrir caminho para uma ampliação do
método sociológico. Porém, o filósofo ficou mais conhecido por sua teoria de análise e
crítica social, que reconhecia uma divisão de classes sociais e a exploração de uma classe
privilegiada e detentora dos meios de produção sobre uma classe dominada.
O conjunto de seus conceitos importantes compõe o que Marx denominou de
materialismo histórico dialético, um método de análise social e histórica baseado na luta
de classes.
Logo no início do Manifesto Comunista, Marx e Engels afirmam que "a história de todas
as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classes|1|". Essa frase icônica
representa o cerne do que é o marxismo: o reconhecimento de que diferentes classes
sociais são transpassadas por relações de dominação.
Marx e Engels, os autores do “Manifesto do Partido Comunista”.
Dentro da teoria geral marxista, alguns conceitos sobressaem-se por sua ampla
importância dentro do próprio sistema marxista. São eles:
Infraestrutura: pautada na economia e por sua centralidade na esfera produtiva, que é o
principal eixo compositor do materialismo histórico. A infraestrutura envolve a divisão
do trabalho, a produção e suas relações, a compra, o comércio etc.
Superestrutura: é um conjunto de instituições e normas que mantém a ideologia social
e a lógica de exploração funcionando. São elementos da superestrutura o Estado, as leis,
a religião e a cultura.
Mais-valia: é a diferença entre o preço de matéria-prima e produção de uma mercadoria
e o preço do trabalho e o custo dos meios de produção da mesma mercadoria.
Alienação: há uma separação evidente entre o trabalhador e o fruto de seu trabalho. A
mais-valia, que nos processos de produção manufaturados beneficiava os artesãos, no
processo de produção capitalista, beneficia o dono dos meios de produção e tira dos
trabalhadores a capacidade de se reconhecer no seu próprio trabalho.
Burguesia: é a classe detentora dos meios de produção.
Proletariado: é a classe operária.
Após a constatação do processo de dominação, Marx apresentou como possível solução
a Revolução do Proletariado, que seria uma revolta da classe operária que tomaria
consciência de sua classe, de sua força e das injustiças vividas. Essa revolução derrubaria
o Estado e implantaria uma ditadura do proletariado, que teria como missão acabar com
a propriedade privada e minar, aos poucos, a diferença de classes sociais. O fim disso
seria, supostamente, o comunismo, ou seja, a forma perfeita do socialismo, de acordo com
o teórico."

Max Weber
Para a metodologia sociológica, Weber contribuiu formulando a sua teoria da ação social.
Segundo o sociólogo, era necessário que o pesquisador fosse dotado de uma neutralidade
axiológica, ou seja, de uma neutralidade em relação ao seu objeto de estudo. Com base
em uma análise neutra e imparcial, o sociólogo deveria identificar as ações sociais dos
sujeitos e classificá-las. Nisso, Weber discorda do método de Durkheim, que visa buscar
fatos sociais que se repetem em todas as sociedades e são invariáveis.

Para Weber, as ações individuais é que forneciam o material necessário para chegar-se a
um estudo válido. No entanto, por serem as ações sociais tão vastas e diversas, o sociólogo
deveria buscar um padrão de correção para que o seu trabalho tivesse uma validade
científica e um respaldo metodológico.
Esse padrão de correção estava localizado no que Weber chamou de tipos ideais, que eram
balizas para estabelecer-se qualquer comportamento padrão. Como ideais, esses tipos são
perfeitos e imutáveis, não existindo na prática. Nessa se encontram as ações que poderiam
afastar-se ou aproximar-se dos tipos ideais.
Weber separa e classifica as ações sociais em quatro tipos. São eles:
Ação social racional com relação a fins: é um tipo de ação pensada e calculada para
atingir alguma finalidade. Por exemplo, casar-se para constituir uma família. A ação social
é o matrimônio e a finalidade dessa ação é a constituição da família.

Ação social racional com relação a valores: é um tipo de ação social pensada e calculada
para atingir algum tipo de valor moral, ou visando como fundo a moralidade. Por
exemplo, fazer o que a moral considera certo, como não roubar.

Ação social tradicional: não é racional e nem calculada. Consiste numa forma de agir de
acordo com a tradição, respeitando o que a sociedade considera como o que deve ser feito.
Retomando o exemplo do matrimônio, seria casar-se porque a sociedade impõe o
casamento como uma tradição que deve ser seguida.

Ação social afetiva: não é racional. Ela segue os afetos e as paixões, os sentimentos e as
afecções. É o tipo de ação motivada por sentimentos, como amor, paixão, medo.
No campo da teoria da sociologia política, Weber contribuiu com uma teoria da
dominação, que fala dos modos de poder existentes. Para o pensador, existem três tipos
de poder ou dominação exercidos que lhes conferem alguma legitimidade:
A dominação legal: ocorre por meio das leis. É o poder exercido por aqueles que a lei
permitiu exercê-lo, como os representantes dos poderes Legislativo, Judiciário e
Executivo, no caso de nossa República.
A dominação tradicional: justifica-se pela tradição. Por exemplo, em uma sociedade
patriarcal, o pai exerce o poder autoritário dentro da família e respalda-se na tradição para
exercitá-lo.
A dominação carismática: é exercida por lideranças carismáticas, que têm o dom de
atrair o apoio das massas com seus discursos, como de maneira mágica. Temos vários
exemplos desse tipo de liderança na história mundial, como Hitler, Mussolini, Getúlio
Vargas e Fidel Castro."
Referências
GIDDENS, Anthony. Sociologia, 2005.
PORFíRIO, Francisco. "Émile Durkheim"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/emile-durkheim.htm. Acesso em 27 de janeiro
de 2024.
PORFíRIO, Francisco. "Karl Marx"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/karl-marx.htm. Acesso em 27 de janeiro de
2024.
PORFíRIO, Francisco. "Karl Marx"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/karl-marx.htm. Acesso em 27 de janeiro de
2024.

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