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Atividade de N1

Veronica Mendonça Neves

CLEUDES MARIA TAVARES ROSA

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Goiânia, 2021
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A necessidade de responder as questões ligadas à vida coletiva são antigas

na humanidade, mas a sociologia (ciência que estuda os comportamentos em

sociedade) tem pouco mais de um século.

Através do método cartesiano o conhecimento humano passou a ser

formulado a partir de regras e métodos, influenciando assim a construção de um

pensamento científico. A sociologia enquanto ciência, por sua vez, passou a se

consolidar a partir das reflexões de Émile Durkheim e Max Weber e posteriormente,

com as contribuições de Karl Marx, consolidou-se a sociologia como um novo campo

de conhecimento da ciência moderna com métodos e objetos próprios.

Émile Durkheim

Émile Durkheim foi um dos pensadores que mais contribuiu para a

consolidação da sociologia enquanto ciência empírica. Vivendo em um período

histórico conturbado, em meio ao cenário das guerras e da modernização, Durkheim

teve como principais referências para o seu trabalho a revolução francesa e a

revolução industrial.

Durkheim acreditava que a humanidade se aperfeiçoava gradualmente e tinha

como força que movia essas mudanças e aperfeiçoamentos a lei do progresso.

Pensamento este herdado das filosofias iluministas. Tendo sido influenciado também

por outros pensadores, mas não apenas como um reprodutor de suas ideias, mas

fazendo uma leitura crítica de suas teorias.

Durkheim via na ciência social uma expressão racional das sociedades

modernas sem desconsiderar a história a economia e a psicologia.


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Durkheim definiu como objeto de estudo os fenômenos que ele mesmo

denomina como fatos sociais, que compreendem uma maneira de agir do indivíduo

que é suscetível à coerção social, pois para ele a sociedade não é o resultado de um

somatório ou de uma justaposição de consciências, ações e sentimentos

particulares, pois ao serem combinadas, essas ações e sentimentos dão origem a

algo novo e externo a essas consciências. Para ele a vida está no todo e não nas

partes. Portanto, para ele, cada indivíduo é uma figura ínfima em meio à multidão.

Em sua teoria defende que a sociedade tem sua sede na coletividade e não em

cada um de seus membros, por isso é nela que se devem buscar os fatos sociais.

Para Durkheim a vida coletiva determina condutas e normas e formas de

sentir e estas se encontram fora do indivíduo, influenciando-o a agir de acordo com

o que eles têm internalizado a partir das pressões externas. Ele cota como exemplo

as crianças que desde cedo são constrangidas a desenvolver certos

comportamentos e maneiras de ser que são baseados em regras sociais ao meio

em que vivem. Contudo destaca que os homens não são impotentes diante das

regras sociais, mas é nelas que estão a gênese das instituições. Para ele os valores

de uma sociedade não necessitam expressar-se numa determinada pessoa para

existirem.

As regras morais possuem autoridade que implica uma noção de dever e são

inegavelmente coercitivas, mas nos aparece como algo agradável e como

desejamos espontaneamente que sejam assim, mesmo que seu cumprimento se dê

com esforço.

Sendo assim o fato moral apresenta uma dualidade do sagrado: é proibido ser

violado, mas é bom e amado e procurado.


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Para ele a manutenção da moralidade que pode ser feitas através de ritos

religiosos, é de suma importância para a sociedade para fortalecer as crenças

comuns e constituírem uma unidade e personalidade coletiva.

Em busca da objetividade Durkheim concluiu que seu método de pesquisa

deveria se assemelhar ao adotado pelas ciências naturais, respeitando as

peculiaridades que distinguem os fatos sociais dos fenômenos da natureza. Assim

seu método seria estritamente sociológico.

Durkheim define que os sociólogos observem os fatos sociais e considere-os

como coisas, afastando-se primeiramente de seus preconceitos e considerando-as

independentemente de manifestações individuais, colocando-se em suspensão os

seus julgamentos e seus valores, observando-os racionalmente como coisas e não

com suas paixões e sentimentos individuais.

Ao procurar entender como os indivíduos se mantem em sociedade,

Durkheim elaborou o conceito de solidariedade social, ao qual ele define como

responsável pela coesão entre os indivíduos.

Segundo o pensador, os seres humanos possuem a consciência individual e a

consciência comum ou coletiva que é o conjunto de crenças e sentimentos comuns

com os demais membros da mesma sociedade. Para ele, quanto maior for a

consciência coletiva, maior a coesão entre os participantes da sociedade.

Durkheim divide o conceito de solidariedade em dois, sendo a solidariedade

mecânica e a solidariedade orgânica.

A solidariedade mecânica é entendida como característica de sociedades pré-

capitalistas e seria fundamentada nas tradições, nos hábitos e na moral. Por outro
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lado, a solidariedade orgânica, presente nas sociedades capitalistas, seria baseada

na interdependência, que é característico do trabalho no modo de produção

capitalista.

Karl Marx

Ao de Durkheim e Weber, Marx integra o grupo dos clássicos do pensamento

sociológico. Suas teorias sobre a vida social impactada pelo capitalismo causaram

impactos sociais tão significativos que ainda na sociedade ocidental, teóricos

desenvolvem trabalhos em cima de suas teorias, buscando corroborar ou negar as

questões por ele levantadas. Servindo inclusive como inspiração para os que estão

envolvidos diretamente com a ação política.

Por seus ideais iluministas, Marx acreditava que a razão era um instrumento

de construção de uma sociedade mais justa e capaz de possibilitar aos indivíduos a

realização de todo o seu potencial.

Influenciado sobretudo por Hegel, seu método de análise considera que o

indivíduo não é somente fruto do meio social em que está inserido, como é também

agente de transformação, pois dialética hegeliana levanta a contradição e o conflito

como a própria substancia da realidade, através da negação, da conservação e da

síntese. Sendo assim o movimento dialético produz a si mesmo, uma vez que os

fenômenos sociais tem uma tendência intrínseca de inquietação.

Para Marx, sobretudo, a dialética por si só não é capaz de estabelecer de que

forma as leis de mudança regem os fenômenos, pois para ele, o modo como os

indivíduos produzem seus meios de vida formam a base de todas as relações.


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Entendendo, a partir da perspectiva materialista dialética que todo fenômeno

social ou cultural é efêmero, Marx têm sua análise voltada para a evolução dos

processos econômicos. Ele considera que não somente os processos de produção

são mutáveis, como também as próprias ideias, crenças, gostos, concepções e

ideologias.

Assim Marx entende a religião como uma instituição que alimenta crenças

alienadoras que promovem conforto diante das mazelas sociais e são responsáveis

por um conformismo e manter as massas sob controle.

Marx defende que a sociedade é dividida em classes, nas quais às minorias

que detêm os meios de produção que são denominados capitalistas, acumulam

todos os recursos e todas as riquezas para si, explorando e lucrando em cima da

exploração da mão de obra das classes operárias. Pois através da mais-valia, o

operário não somente produz o suficiente para pagar o próprio salário e a matéria

prima utilizada no processo de produção, como para gerar um excedente que é de

onde o capitalista lucra e aumenta o seu capital. Quanto mais o operário trabalha e

quanto mais produtivo ele é, mais o capitalista lucra e estes valores não são

repassados aos operários.

Em razão das desigualdades sociais, Marx defende que as classes estão em

constante luta, mesmo quem em determinados momentos esta se dê de forma

velada. Pois por um lado o capitalista quer lucrar cada vez mais e por outro, o

operário, cansado de ser explorado, quer defender seus direitos e ter qualidade de

vida.
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Assim Marx defende que em determinados momentos da história das

sociedades, quando há um entrave para o progresso, somente uma ruptura de uma

harmonia aparente pode ser capaz de trazer evoluções sociais.

Max Weber

Assim como Marx, Weber tem como foco o estudo da sociedade ocidental e

dedica-se a estudar a perspectiva histórica, econômica, ideológica e sociológica.

Para Weber a sociologia é a ciência que pretende entender a ação social,

conceito este que o mesmo entende como regularidads nos usos, costumes e

situações de interesse. Ele a define como uma conduta humana dotada de um

significado subjetivo por quem o executa e que orienta o seu comportamento, tendo

em vista o passado, presente ou futuro de outro(s).

Ele defende que existem tipos de ações sociais, sendo elas:

Ação racional com relação a fins – ação de um indivíduo ou de um grupo que

para atingir um objetivo previamente definido, lança-se mão dos meios necessários

e possíveis do seu ponto de vista.

Ação racional em relação a valores – ação em que o indivíduo ou o grupo

levam em conta a fidelidade às suas próprias convicções e valores como

norteadores de suas condutas.

Ação afetiva – ação orientada por um afeto (sentimento), seja ele raiva,

ciúme, paixão, entre outros.


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Ação tradicional – ação que são motivadas por costumes ou hábitos

arraigados, como o batismo de filhos de pais pouco comprometidos com a

religiosidade.

Weber tinha como uma de suas principais preocupações entender como as

sociedades ocidentais levaram ao desenvolvimento do capitalismo e em sai teoria,

ele leva em consideração a religião, em especial o protestantismo como muito

significativo para o surgimento do capitalismo moderno.

Para Weber, a ética calvinista corroborou com as condições para o

estabelecimento do capitalismo moderno, pois os praticantes da seita deveriam

servir a uma fidelidade racional, tendo o trabalho como valor em si mesmo. Assim o

ócio, a perda de tempo, o luxo e a preguiça eram vistos com maus olhos. O

indivíduo deveria estar sempre procurando trabalhar para encontras a salvação e

deveriam trabalhar sem descanso, pois acreditavam que a eles o trabalho foi

destinado por Deus e qie a este deveriam servir para glorifica-lo através das

atividades produtivas.

Em razão desta busca pela salvação, os indivíduos levavam suas vidas em

direção ao trabalho, dando a si mesmos pouco tempo de lazer ou desfrute do fruto

de seu trabalho, fazendo com que o acúmulo de capital se estabelecesse e tornasse

possível às gerações posteriores maiores confortos e melhores condições de vida,

pois estavam a usufruir da força de trabalho daqueles que produziram por toda uma

vida sem desfrutar do que lhe fora gerado pelo seu próprio esforço.

Referências
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Quintaneiro, T., de Oliveira Barbosa, M. L., & de Oliveira, M. G. (2001). Um toque de

clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Editora Ufmg.

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