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Universidade Federal de Alagoas – UFAL

Prova de Reavaliação

Walisson Vieira da Silva

Email walissonvieira.rl@gmail.com

Rio Largo – AL
Dezembro de 2022
2. Com base na obra “As Regras do Método Sociológico” (1895), o que é o Fato Social
para Émile Durkheim? Qual a relevância metodológica deste conceito para o autor e para
a emergência da sociologia enquanto disciplina das ciências humanas? 

Na obra, as regras do método sociológico, Durkheim definiu o objeto de estudo


da sociologia como os fatos sociais. Um fato social, que não deve ser
confundido com um padrão social, seria um acontecimento ou ação relevante
para o funcionamento da sociedade. O fato social seria determinado pela
coerção social, fazendo os indivíduos se conformarem com as regras impostas
pela sociedade, independente de sua vontade. O autor procurou, com este
livro, traçar a primeira metodologia unificada para o recém-fundado campo de
investigação científico e sociológico. Seu primeiro passo então seria
reconhecer que uma pretensa ciência da sociedade deveria ir além dos
preconceitos tradicionais, da opinião do senso comum, “pois o objeto de toda
ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as
opiniões aceitas” e “maneiras de pensar mais costumeiras são antes contrárias
do que favoráveis ao estudo científico dos fenômenos sociais, por isso que
Durkheim é considerado um dos principais clássicos da sociologia.
Nesse sentido, Durkheim vai estabelecer precisamente o objeto de
investigação da Sociologia. Ele inicia, pois, pela fixação do objeto de
observação da Sociologia, definindo e caracterizando o que chama de fatos
sociais. Durkheim define fato social como entidades reais, autônomas,
passíveis de constatação empírica e não redutíveis a qualquer outra ordem de
fatos, seja ela psicológica ou física. Os fatos sociais na acepção de Durkheim
podem ser captados de forma cristalizada nos modos de pensar, agir e sentir
que são regularmente adotados pelos indivíduos em sociedade. A regularidade
não é apenas interpretada como sintoma de objetividade, mas, principalmente,
como resultante de uma pressão exterior (coerção) que as formas coletivas de
pensar, agir e sentir exercem sobre os indivíduos. Durkheim toma do seguinte
modo a caracterização dos fatos sociais:
“Quando desempenho minha obrigação de irmão, esposo, ou cidadão, quando
satisfaço os compromissos que contrai, cumpro meus deveres que estão definidos para
além de mim e dos meus atos, no direito e nos costumes (...). Estamos, pois, em
presença de modos de agir, de pensar e de sentir que apresentam a notável
propriedade de existir fora das consciências individuais. Não somente estes tipos de
conduta de pensamento são dotados dum poder imperativo e coercivo em virtude do
qual se lhe impõem quer ele queira quer não” (DURKHEIM, 1978 : 87-88).

Assim Durkheim exclui qualquer possibilidade de que as crenças, práticas e


tendências de grupo tomadas coletivamente sejam determinadas por fatores
psíquicos, orgânicos ou físicos. Ele configura o objeto de investigação
específico da Sociologia.
A regra que considera fundamental na observação dos fatos sociais é tratá-los
como coisas, pois estes fenômenos são objetos e devem ser tratados como
tais. Segundo ele, para demonstrar esta proposição não é necessário nenhum
questionamento de natureza, basta constatar que são os únicos dados
oferecidos ao sociólogo: “É objeto, com efeito, tudo o que é dado, tudo o que
se oferece, ou antes, se impõe à observação. Tratar dos fenômenos como
coisas é tratá-los na qualidade de data que constituem o ponto de partida da
ciência” (DURKHEIM, 1978: 100). Isto significa considerá-los como exteriores
aos sujeitos, dados que só podem ser penetrados pela observação de suas
manifestações, pela descrição do que ocorre.
Desse modo, tratar os fatos sociais como exteriores aos indivíduos e como
coisa é ter para com eles uma atitude de afastamento porque coisa é todo
objeto de conhecimento que não é com penetrável, tudo aquilo de que não
podemos ter uma noção adequada por um simples procedimento de análise
mental, tudo o que o espírito só consegue compreender na condição de se
extroverter por meio de observações e de experimentações, passando
progressivamente dos caracteres mais externos e mais imediatamente
acessíveis aos menos visíveis e aos mais profundo.
Como Durkheim acreditava que função da Sociologia seria a de apontar
soluções para a anomia presente na sociedade europeia, ele faz um capítulo,
no qual procura estabelecer as regras que permitem distinguir o normal do
patológico. Ou seja, ele quer conciliar o ideal de ciência pura com o ideal
pragmático, sendo assim, a aplicação do conhecimento sociológico na
planificação da conduta dos homens tendo por objetivo atingir fins, por ele
considerados como desejáveis.
Entretanto, Durkheim salienta que o método só produz resultados, se aplicado
com rigor, isto é, de forma a demonstrar as variações de dois fenômenos em
uma sequência regular e contínua de seu desenvolvimento tomando-se, para
tanto, um número razoável de dados. O modo de construir as séries
estatísticas varia segundo os fenômenos que se pretende analisar, podendo os
dados serem extraídos de uma única sociedade, de muitas sociedades da
mesa espécie ou de espécies sociais distintas.
Resumo do método:
Segundo Émile Durkheim, para que um costume ou comportamento seja
considerado um fato social, é preciso que possua três características:
 Generalidade: o fato social, expresso em regras e valores, deve ser
aplicado a todos ou à maioria dos indivíduos em uma sociedade;
 Exterioridade: o fato social está fora da consciência individual, é
independe da vontade dos indivíduos e anterior a eles;
 Coercitividade: os fatos sociais exercem força sobre os indivíduos e
aqueles que não seguirem os padrões impostos pela sociedade podem
ser punidos.
A importância do método para as ciências humanas:
Na análise de as regras do método sociológico fica evidenciada a orientação
positivista e cientificista presente em Durkheim, quando na ênfase de produzir
um conhecimento sociológico científico tendo por critério de cientificidade a
objetividade que pretende ser atingida. O seu método é, em todas as etapas,
marcado pelo esforço de mostrar tal possibilidade: quando empresta o caráter
de coisa aos fatos sociais; na ênfase à classificação e ordenação dos dados
para extrair daí a revelação da sua natureza; na crença de se construir
indutivamente o corpo teórico; na ânsia pelo conhecimento absoluto expresso
em leis de causalidade que seriam verdadeiras já que não são construções
arbitrárias de uma lógica subjetiva de relações naturais registradas pelo
pesquisador.

3. “Weber ao se debruçar sobre o objeto de estudo (a ética protestante)  buscou


compreender como essa ética propiciou condições para que o capitalismo (o seu espírito)
viesse a se desenvolver em países protestantes” (Bodart, 2017). Como Weber elabora, a
partir de uma metodologia compreensiva, sua análise sobre a ética protestante na Europa
de seu tempo? Desenvolva e analise os principais pontos de sua obra.

Max Weber, é conhecido como um dos precursores da sociologia, e também


como economista e filósofo. O momento histórico da obra se passa no período
do Renascimento, que traz consigo uma nova classe: os burgueses mercantis.
Porém, a presença religiosa ainda é determinante nesta época, mesmo com as
indagações e contestações sobre as religiões

Na obra, a ética protestante e o espirito do capitalismo, Marx Weber observa


que a religião protestante é predominante entre as classes capitalistas alemãs.
Sendo a diferença entre capitalistas protestantes e capitalistas católicos, ou
seja, para Weber, a ideologia protestante promove, de uma forma ou de outra,
a construção do capitalismo. Mas qual é o espírito do capitalismo? A ética do
capitalismo afirma que o objetivo supremo da nossa vida é a aquisição de
riqueza por si só, a busca de enriquecimento não é vista como um meio para
um fim; o empresário capitalista não procura enriquecer para se aposentar,
mas busca enriquecimento para si mesmo. Prazer, descanso ou aposentadoria
não são os objetivos da mentalidade capitalista, embora possa ser o fim dos
membros das economias capitalistas que não estão integrados ao sistema.
É característico do pensamento de Max Weber que ele critica a concepção
materialista da história; para o sociólogo alemão, não apenas os interesses
econômicos determinam a evolução histórica, o movimento das classes e as
grandes correntes sociais, mas também influenciam, e principalmente, os
fatores psicológicos e religiosos. A partir dessa posição geral, Weber passou a
olhar na história das religiões para as concepções que favoreceram ou pararam
o desenvolvimento do capitalismo, chegando à conclusão de que o capitalismo
é o herdeiro do calvinismo e do puritanismo, ou seja, daquelas correntes
originadas a Reforma Protestante na qual a salvação nunca pode vir da
renúncia ao mundo, mas de uma incessante atividade moral e material.
O objetivo não é a acumulação de capital, nem a satisfação e a alegria que
pode produzir; mas, sem ser um fim em si mesmo, esse objetivo guia a
organização da vida. O trabalho do homem de negócios moderno, portanto,
tem uma fundação religiosa; a organização e a luta comercial estão
intimamente ligadas a uma visão de mundo segundo a qual os mais ativos, os
melhores (em suma, os eleitos) se organizam, produzem e enriquecem,
enquanto os outros, os não eleitos, perdem fatalmente suas batalhas, eles
recusam e decaem.
Com estas conclusões, a vida social e econômica é revelada, na filosofia de
Weber, como determinada por elementos irracionais e imprevisíveis, e a
história se manifesta como um processo muito mais complexo do que o
descrito pelo marxismo, não redutível ao esquema do marxismo. Luta de
classes como o motor da história.
Diante de atitudes de passividade e renúncia, o futuro da civilização é baseado
na forma ativa, embora limitada e injusta, da vida moderna. Desta forma,
Weber anuncia, em algumas ousadas concepções políticas, uma organização
sócio-política na qual o princípio do chefe, do "Führer", ao qual as massas são
confiadas, reconhecendo nele o exaltar e o próprio diretor, é reconhecido como
fundamental. Instintos de força. No entanto, esta visão não exclui uma classe
política dominante, da mesma forma que não admite uma política imperialista
até depois de alcançar uma unidade social e nacional.
Resumo do método:
A riqueza acumulada perverteu o espírito puritano e enfraqueceu até mesmo o
secularismo secular, no entanto, conforme Weber diz que "o capitalismo
vitorioso não precisa mais desse apoio religioso, pois repousa sobre alicerces
mecânicos". Em outras palavras, uma vez que o capitalismo foi estabelecido,
ele assumiu uma vida própria, criando necessidades e construindo os meios
para sua perpetuação, sem a necessidade de a ideologia puritana continuar
apoiando-a.
A analise principal da obra:
O trabalho de Weber adquire um significado que vai além dos limites
estritamente sociológicos e econômicos. Diante de atitudes de passividade e
renúncia, o futuro da civilização é baseado na forma ativa, embora limitada e
injusta, da vida moderna. Desta forma, Weber anuncia, em algumas ousadas
concepções políticas, uma organização sócio-política na qual o princípio do
chefe, do "Führer", ao qual as massas são confiadas, reconhecendo nele o
exaltar e o próprio diretor, é reconhecido como fundamental. Instintos de força.
No entanto, esta visão não exclui uma classe política dominante, da mesma
forma que não admite uma política imperialista até depois de alcançar uma
unidade social e nacional.

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