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Karl Emil Maximilian Weber (Erfurt, 21 de abril de 1864 — Munique, 14 de

junho de 1920) foi um intelectual, jurista e economista alemão considerado um dos


fundadores da Sociologia. Seu irmão foi o também famoso sociólogo e economista
Alfred Weber. A esposa de Max Weber, Marianne Weber, biógrafa do marido, foi uma
das alunas pioneiras na universidade alemã e integrava grupos feministas de seu tempo.

O jovem Max foi o primeiro de sete filhos de Max Weber, advogado e político,
membro do Partido Nacional Liberal, e de Helene Fallenstein, uma descendente de
imigrantes huguenotes franceses. A família estimulou intelectualmente os jovens Weber
desde a tenra idade. Seu irmão Alfred Weber, quatro anos mais jovem, também se
tornaria sociólogo, mas, sobretudo, um economista, que também desenvolveu uma
importante sociologia da cultura.

Para Weber a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações
individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de
outros.

Só existe ação social, quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de


comunicação, a partir de suas ações com os demais.

Weber estabeleceu quatro tipos de ação social. Estes são conceitos que explicam
a realidade social, mas não são a realidade social:

1 – ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito


arraigado;

2 – ação afetiva: aquela determinada por afetos ou estados sentimentais;

3 – racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num


valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade;

4 – racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca
fins e organiza os meios necessários.

Nos conceitos de ação social e definição de seus diferentes tipos, Weber não
analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos.

Para ele as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações


individuais.
Na sua concepção o método deve enfatizar o papel ativo do pesquisador em face
da sociedade.

Ação Social para Max Weber


Talvez o conceito mais importante da teoria weberiana seja o de “ação social”,
que, segundo o autor, deveria ser o principal objeto de estudo da Sociologia. Weber
estava mais preocupado com aspectos mais próximos ao indivíduo justamente por
acreditar que não era apenas a estrutura das instituições ou a situação econômica do
sujeito que motivaria suas ações. Para Weber, as ideias, as crenças e os valores eram
os principais catalizadores das mudanças sociais. Ele acreditava que os indivíduos
dispunham de liberdade para agir e modificar a sua realidade. A ação social seria,
portanto, qualquer ação que possuísse um sentido e uma finalidade determinados por
seu autor. Em outras palavras, uma ação social constitui-se como ação a partir da
intenção de seu autor em relação à resposta que deseja de seu interlocutor.
As relações humanas e, por sua vez, as ações que estão inseridas no contexto
dessas relações possuem sentido graças aos seus atores. Para que se compreenda o
processo de comunicação e de interação social, é necessário que se compreenda o
sentido das ações que ali existem e, ainda mais importante, o objetivo do autor da ação
em seu esforço comunicativo. Para melhor clarificar a explicação, podemos
exemplificar com a ação de um aperto de mãos, que, genericamente, pode conter uma
infinidade de significados. No entanto, o autor da ação, ao realizá-la, pretende que seu
interlocutor apreenda o sentido que desejou incutir em seu ato, e não apenas que ele
entenda o sentido genérico do ato de apertar as mãos.

Tipos de ações sociais


Weber ainda salientou quatro tipos de ações sociais: a ação racional com
relação a fins, a ação racional com relação a valores, a ação afetiva e a ação tradicional.
A ação racional com relação a fins refere-se às ações tomadas com um fim específico
em mente, isto é, o autor busca atingir um objetivo e age racionalmente para atingi-lo.
Já a ação racional com relação a valores refere-se a ações que são tomadas segundo os
valores morais do sujeito que a pratica. A ação afetiva configura-se quando um sujeito
age com base em seus sentimentos sem levar em consideração o fim que deseja atingir.
A ação tradicional está relacionada com o agir baseado no costume e no hábito, isto é, o
sujeito age pelo pressuposto da tradição sem o apoio da razão.
Racionalização do mundo social
O trabalho de Weber estende-se também a um fenômeno que ele acredita ser de
grande importância para o mundo moderno e que está relacionado com as mudanças
estruturais, culturais e sociais que as sociedades modernas passaram no decorrer do
tempo. Trata-se da “racionalização do mundo social”, isto é, mudanças profundas no
cerne do pensamento do indivíduo moderno e das instituições do Estado, como a
gradual construção do capitalismo e a monstruosa explosão do crescimento dos meios
urbanos, que se tornaram as bases da reordenação das organizações tradicionais que
predominavam até então.
A preocupação de Weber estava em tentar apreender os processos pelos quais o
pensamento racional, ou a racionalidade, impactou as instituições modernas, como o
Estado e os governos, e, ainda, o âmbito cultural, social e individual do sujeito
moderno. Em sua denominação das diversas formas de racionalidade, Weber fez
distinção de duas principais formas: a racionalidade formal e a racionalidade
substantiva.
Tipos de racionalidade
A racionalidade formal relaciona-se com as formas metódicas e calculistas do
sistema jurídico e econômico das sociedades modernas. Está ligada aos aparelhos
institucionais que se estruturam de forma burocrática, organizando-se em uma
hierarquia delimitada por regras fixas. A racionalidade substantiva aproxima-se da
racionalidade formal, mas se difere em sua conduta, que não é voltada para fins. Isso
quer dizer que ela leva em consideração o contexto social em que se insere, sendo
racional quanto à disposição dos valores que orientam aquele mundo social específico.
Tipos ideais
Outra contribuição de Weber para o pensamento sociológico foi a conceituação
dos tipos ideais, ferramenta teórica amplamente usada ainda hoje. O estabelecimento de
tipos ideais não busca construir tipologias genéricas nem mesmo busca classificar de
maneira inflexível o objeto em questão, como é o caso das classificações que
encontramos nas ciências naturais. Os tipos ideais servem como parâmetro de
observação, um conceito teórico abstrato com características delineadas que serve
apenas como ponto de comparação entre o objeto observado e a abstração teórica. Trata-
se de modelos conceituais que raramente, ou quase nunca, existem integralmente. Dessa
forma, é possível que olhemos, por exemplo, para o sistema político de um país
munidos de um tipo ideal, como o da democracia, e, a partir da comparação, classificá-
lo como sendo ou não uma nação democrática em um ou outro sentido. Nessa
comparação, ainda que não sejam observadas todas as características de um modelo de
democracia, esse sistema político ainda poderia ser considerado como democrático se a
maior parte de sua organização fosse condizente com a de um modelo democrático.
De todas as formas, a Sociologia compreensiva de Max Weber representou
grandes avanços teóricos para o pensamento sociológico. O valor de seu trabalho é
inestimável, de forma que grande parte dos trabalhos que investigam fenômenos
recentes busca auxílio em suas obras.

Educação e Weber

O CONCEITO DE EDUCAÇÃO EM MAX WEBER Diferentemente de


Durkheim e Marx que focam suas análises na coletividade, Weber tem como principal
foco de estudo o indivíduo e suas ações na sociedade. Nesse sentido, a sociologia deve
ser compreendida como “aquela ciência que tem como meta a compreensão
interpretativa da ação social de maneira a obter uma explicação de suas causas, de seu
curso e dos seus efeitos”. Partindo dessa definição do conceito de sociologia, Weber vai
procurar uma maneira de estudar a conduta e o comportamento humano. É através da
compreensão da ação social do indivíduo que Weber irá descobrir e estudar o seu
comportamento na sociedade. A ação social pode ser classificada segundo quatro tipos
diferentes: ação social em relação a fins; ação social em relação a valores; ação social
em relação à afetividade e ação social em relação à tradição (

Ainda em relação à teoria e o método weberiano, é importante ressaltar a


questão dos tipos ideais. Para Weber, a realidade é infinita, ou seja, é inesgotável. Por
conta dessa conclusão, esse autor vai dizer que nenhum conceito é capaz de explicar a
realidade. Diante de tal situação, o máximo que o pesquisador pode conseguir fazer é
criar tipologias que se aproximem o mais corretamente possível da realidade e do
fenômeno que está sendo estudado. Por conta disso, é comum que se encontre nos
escritos de Weber os seus tipos de ação social, os tipos puro de dominação, os tipos de
capitalismo, os tipos de burocracia, os tipos de poder etc. Nesse sentido, o tipo ideal é
um recurso utilizado pelo pesquisador para se aproximar o mais corretamente possível
da realidade e, muitas vezes, essas “construções típico-ideais da sociologia derivam seu
caráter não somente do ponto de vista objetivo, mas também de sua aplicação a
processos subjetivos” (WEBER, op.cit., p.34). Portanto, a sociologia weberiana é uma
sociologia compreensiva que busca entender e estudar o comportamento e a conduta
humana – ou o sentido que os indivíduos atribuem a suas ações – através da criação de
tipos ideais capazes de se aproximar o mais corretamente da realidade, tendo em vista
que ela é infinita, ou seja, inesgotável. Nesse sentido, levando em consideração esses
pressupostos teóricometodológicos, como Weber pensava a educação? Pode-se afirmar
que Weber pensa o Estado como uma empresa capitalista que necessita de um corpo
burocrático treinado e especializado e de um direito racional capaz de gerir os negócios
e fazer com que a máquina funcione. Ao abordar a questão dos letrados chineses, esse
autor vai dizer que os letrados passavam por alguns processos de avaliação, dentre eles
o da pedagogia do cultivo. A pedagogia do cultivo era responsável por ensinar aos
alunos que posteriormente viriam a se tornar letradosvalores e concepções que
estivessem de acordo com os padrões da sociedade chinesa, ou seja, a pedagogia do
cultivo tinha a função de moldar os homens para viver em uma determinada camada
social. Com o passar do tempo, essa ideia de pedagogia do cultivo foi perdendo sua
força e começou a dar lugar ao sistema de exames:

Nesse sentido, podemos afirmar que a educação para Weber está associada ao
processo de racionalização e de desencantamento do mundo, ou seja, está ligado ao
processo de desenvolvimento do capitalismo. Sendo assim, para Weber a educação tem
o papel de criar um corpo burocrático especializado e treinado para gerir os interesses e
os negócios da máquina estatal a partir de uma lógica pautada na dominação tradicional
e legal-burocrática.

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