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METODOLOGIA – MAX WEBER

1) Na obra Economia e Sociedade, Weber traz a seguinte


compreensão de sociologia (1994, p. 03):

Sociologia: significa uma ciência que pretende compreender


interpretativamente a ação social e assim explicá-la em seu curso e seus
efeitos (1994, p. 03).
O que o devemos entender por Ação Social?

a) Ação: é um comportamento (...) sempre que e na medida em que o agente ou


os agentes o relacionem com um sentido subjetivo.

b) Ação social: significa uma ação que, quanto a seu sentido visado pelo agente
ou pelos agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se por
este em seu curso.
Porém, de que forma o sociólogo deve empreender a tarefa de
explicar as ações dos indivíduos em suas relações recíprocas?
Qual o método de estudo pelo qual a sociologia aborda as ações
sociais? Segundo Weber, a tarefa da pesquisa sociológica consiste
em determinar qual o “sentido” ou “significado” da ação. Mas,
quais seriam estes significados aos quais Weber se refere?
Conforme explica Cohn, ”interessa, enfim, aquele sentido que se
manifesta em ações concretas e que envolve um motivo sustentado
pelo agente como fundamento de sua ação” (1991, p. 27).
Tipos de Ação

Weber constrói sua conhecida teoria dos tipos de ação. A intenção de Weber é
justamente apontar quais seriam os sentidos (ou motivos) básicos da ação
social:

Ação social referente a fins: a ação é determinada por expectativas quanto ao


comportamento de objetos do mundo exterior e de outras pessoas. Estas
expectativas funcionam como “condições” ou “meios” para alcançar fins próprios,
ponderados e perseguidos racionalmente, como sucesso. Portanto, neste tipo
de ação, o homem coloca determinados objetivos e busca os meios mais
adequados para persegui-los. O importante é perceber que o motivo da ação é
alcançar sempre um resultado eficiente.
Ação social referente a valores: a ação é determinada pela crença
consciente no valor – ético, estético, religioso ou qualquer que seja sua
interpretação – absoluto e inerente a determinado comportamento como
tal, independente do resultado. O motivo da ação, neste caso, não é um
resultado, mas um valor, independente dos resultados positivos ou
negativos que ela possa ter.
Ação social afetiva: a ação é determinada de modo afetivo,
especialmente emocional: por afetos ou estados emocionais atuais.
Ação social tradicional: a ação é determinada pelo costume arraigado.
Estabelecida a unidade básica da análise sociológica, a ação social e os
seus tipos básicos, Weber vai mostrar como as interações entre os
indivíduos vão ser a base de formação dos grupos sociais e também das
instituições sociais.
Quando o sentido da ação social é compartilhado por vários agentes, temos a relação
social. A relação social parte do pressuposto de que é provável que se aja conforme o
sentido compartilhado (que pode ser um uso ou um costume). Estas relações sociais,
segundo Weber, podem ser ainda de caráter comunitário (pessoais) ou societárias
(impessoais).
Finalmente, a relação social deve ser legitimada por uma ordem legítima. A legitimação
da ordem legítima pode se dar através da convenção ou do direito. De acordo com
Weber, as ordens legítimas podem se institucionalizar de diversas formas, tais
como:
• Agrupamentos: agrupamentos os grupos coletivos possuem órgãos administrativos;
• Empresas: quando os grupos buscam determinados fins, estabelecidos racionalmente;
• Associações: as relações são fechadas para as pessoas de fora; os regulamentos são
aceitos voluntariamente,
• Instituições: as regulamentações são impostas para os seus membros
O esquema analítico de Weber, apresenta sempre um caminho que vai do
particular ao universal. Ele começa com a análise da ação social, passando pela
interação entre os indivíduos, até as instituições sociais. Pode-se também tomar o
caminho contrário. Uma noção coletiva, como o Estado, por exemplo, pode ser
analisada até se chegar ao seu fundamento de origem, ou seja, a ação social.
Quer se parta de um ou de outro ponto, o indivíduo é sempre o fundamento
das instituições sociais. É sempre a partir do indivíduo e do significado de sua
conduta que Weber reconstrói as práticas sociais e fundamenta sua pesquisa
sociológica. Veja o quadro abaixo:
Os Tipos Ideais:

Weber se preocupa em esclarecer “qual é a função lógica e a estrutura dos conceitos com os
quais trabalha a nossa ciência, à semelhança de qualquer outra “(1991, p. 100). Ele se pergunta
qual o papel dos conceitos sociológicos enquanto instrumentos de interpretação da
realidade social. Qual a função que os conceitos desempenham no processo de
pesquisa?
- Adotando a filosofia kantiana, Weber parte do princípio de que o conhecimento humano
não é uma reprodução da essência da realidade. Pelo contrário, o conhecimento humano
só capta as relações entre as coisas existentes, de acordo com a estrutura da mente
humana. Portanto, nunca de forma exaustiva e exata. Da mesma forma, a sociologia não
capta toda essência da realidade: a explicação sociológica só pode captar determinados
elementos da realidade, que são condicionados pela cultura no qual o sociólogo está
inserido.
Os Tipos Ideais:

Weber reconhece o papel ativo do sujeito na construção do conhecimento


sociológico, na medida em que é o sociólogo que determina que traços ou aspectos
da realidade serão analisados e qual relação existe entre eles. Desse modo:
Obtém-se um tipo ideal mediante a acentuação unilateral de um ou vários pontos
de vista, e mediante o encadeamento de grande quantidade de fenômenos isolados
dados, difusos e discretos, que se podem dar em maior ou menor número ou
mesmo faltar por completo, e que se ordenam segundo os pontos de vista
unilateralmente acentuados, a fim de se formar um quadro homogêneo de
pensamento (1991 , p. 106).

O Tipo Ideal: Síntese conclusiva


Desta forma, fica claro que o conceito (que é um tipo ideal) nunca se acha
de forma “pura” na realidade, pois ele é apenas uma construção teórica
elaborada pelo sociólogo. O tipo-ideal é construído a partir de uma
“intensificação” unilateral da realidade, ou seja, uma “exageração” de alguns
de seus elementos característicos, a partir de um determinado ponto de
vista. Podemos esclarecer isto através de um exemplo.
Vimos anteriormente que Max Weber distinguia quatro tipos de ação social: ação
racional com relação a valores, ação racional com relação a fins, ação tradicional e
ação afetiva. Ora, sabemos agora que estes conceitos são “tipos ideais”, logo, eles
não se acham de forma pura na realidade. No comportamento real das pessoas,
estas formas de ação sempre aparecem juntas. O que permite ao sociólogo dizer
que se trata desta ou daquela forma de ação é um recorte da mesma, acentuando
um dos aspectos que caracterizam a ação. É por isso que estes conceitos são
chamados por Weber de “tipos ideais”.
O Tipo Ideal como Instrumento de Pesquisa:

O tipo ideal é um instrumento de pesquisa que permite ao sociólogo uma


aproximação mais objetiva da realidade. Além de conceitos já citados, como os “tipos
de ação”; termos como “capitalismo”,“ética protestante”, “feudalismo”, “burocracia”,
“Estado” e muitos outros, aparecem em Weber sempre entendidos como tipos ideais,
cuja função é permitir às suas pesquisas clareza conceitual quanto aos objetos
estudados, bem como um entendimento dos traços típicos que permitem entendê-
los.

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