Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA
PROFESSORES: LUÍS FERNANDO MARCELINO ALVES
MARCELO MARTINS FERNANDES (AUTOR)
A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE
MAX WEBER
NOME:___________________________________________
TURMA: 2º ano
enviar e receber, que terminam por realizar um objetivo. Por outro lado, muitos agentes ou atores
estão relacionados a essa ação social o atendente, o carteiro etc. Essa interdependência entre os
—
sentidos das diversas ações, mesmo que orientadas por motivos diversos - éque dá a esse conjunto
de ações seu caráter social.
É o indivíduo que, por meio dos valores sociais e de sua motivação, produz o sentido da ação
social. Isso não significa que cada sujeito possa prever com certeza todas as conseqüências de
determinada ação. Como dissemos, cabe ao cientista perceber isso. Não significa também que a
análise sociológica se confunda com a análise psicológica. Por mais individual que seja o sentido da
minha ação, o fato de agir levando em consideração o outro dá um caráter social a toda ação
humana. Assim, o social só se manifesta em indivíduos, expressando-se sob forma de motivação
interna e pessoal.
Por outro lado, Weber distingue a ação da relação social. Para que se estabeleça uma
relação social, é preciso que o sentido seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede
uma informação a outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e age em relação a
outro indivíduo, mas tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula, onde o objetivo da
ação dos vários sujeitos é compartilhado, existe uma relação social.
Pela freqüência com que certas ações sociais se manifestam, o cientista pode conceber as
tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo.
A Relação Social ocorre quando duas ou mais ações sociais possuem sentidos recíprocos,
independente das motivações e objetivos individuais. As relações sociais podem ser
ASSOCIATIVAS (ações sociais RACIONAIS com relação a fins ou a valores) ou
COMUNITÁRIAS (ações sociais tradicionais ou afetivas).
A tarefa do cientista
Weber rejeita a maioria das proposições positivistas: o evolucionismo, a exterioridade do
cientista social em relação ao objeto de estudo, ou seja, as sociedades, e a recusa em acei tar a
importância dos indivíduos e dos diferentes momentos históricos na análise da sociedade. O
cientista age guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição, sendo impossível descartar-se,
como propunha Durkheim, de suas prenoções. Existe sempre certa parcialidade na análise
sociológica, intrínseca à pesquisa, como a toda forma de conhecimento. As preocupações do
cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser anali sada. Os fatos
sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e cujas causas procura
desvendar. A neutralidade durkheimiana se torna impossível nessa visão.
Entretanto, uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela busca da maior objetividade
na análise dos acontecimentos. A realização da tarefa científica não deveria ser dificultada pela
defesa das crenças e das idéias pessoais do cientista.
Portanto, para a sociologia weberiana, os acontecimentos que integram o social têm origem
nos indivíduos. O cientista parte de uma preocupação com significado subjetivo, tanto para ele
como para os demais indivíduos que compõem a sociedade. Sua meta é compreender, buscar os
nexos causais que dêem o sentido da ação social.
Qualquer que seja a perspectiva adotada pelo cientista, ela sempre resultará numa explicação
parcial da realidade. Um mesmo acontecimento pode ter causas econômicas, políticas e religiosas.
Nenhuma dessas causas é superior a outra em significância. Todas elas compõem um conjunto
de aspectos da realidade que se manifesta, necessariamente, nos atos individuais. O que garante a
cientificidade de uma explicação é o método de reflexão, não a objetividade pura dos fatos. Weber
relembra que, embora os acontecimentos sociais possam ser quantificáveis, a análise do social
envolve sempre uma questão de qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão.
Assim, para entender como a ética protestante interferia no desenvolvimento do capitalismo,
Weber analisou os livros sagrados e interpretou os dogmas de fé do protestantismo. A compreensão
da relação entre valor e ação permitiu-lhe entender a relação entre religião e economia.
O tipo ideal
Para atingir a explicação dos fatos sociais, Weber propôs um instrumento de análise que
chamou de tipo ideal. Assim, por exemplo, em As causas sociais do declínio da cultura antiga, ele
define o patrício romano no auge do império:
“O tipo do grande proprietário de terra romano não é o do agricultor que dirige pessoalmente a empresa,
mas é o homem que vive na cidade, pratica a política e quer, antes de tudo, perceber rendas em dinheiro. A
gestão de suas terras está nas mãos dos servos inspetores”.
Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares analisados. O
cientista, pelo estudo sistemático das diversas manifestações particulares, constrói um modelo
acentuando aquilo que lhe pareça característico ou fundante. Nenhum dos exemplos representará de
forma perfeita e acabada o tipo ideal, mas manterá com ele uma grande semelhança e afinidade,
permitindo comparações e a percepção de semelhanças e diferenças. Constitui-se em um trabalho
teórico indutivo que tem por objetivo sintetizar aquilo que é essencial na diversidade das
manifestações da vida social, permitindo a identificação de exemplares em diferentes tempos e
lugares.
O tipo ideal não é um modelo perfeito a ser buscado pelas formações sociais históricas nem
mesmo qualquer realidade observável. É um instrumento de análise científica, numa construção do
pensamento que permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar na realidade
observada suas manifestações. Permite ainda comparar tais manifestações.
É preciso deixar claro que o tipo ideal nada tem a ver com as espécies sociais de Durkheim,
que pretendiam ser exemplos de sociedades observadas em diferentes graus de complexidade num
continuum evolutivo.
indivíduos. No seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o ensino especializado e
para o trabalho fabril, optando sempre por atividades mais adequadas à obtenção do lucro,
preferindo o cálculo e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Weber mostra a formação de uma
nova mentalidade, um ethos valores éticos propício ao capitalismo, em flagrante oposição ao
— —
Max Weber foi um sociólogo particularmente interessado nas questões políticas, discutiu o
conceito de política num discurso, pronunciado em 1918, sob o título A Política como
vocação.
Depois de lembrar que o significado de política é bastante abrangente a ponto de
compreender até mesmo a “política de uma esposa prudente que busca orientar o marido”.
Max Weber, analisou, basicamente, à política num sentido restrito, identificada, a rigor,
com a política institucional. “Daí política, para nós — diz Weber — significar a
participação no poder ou a luta para influir na distribuição de poder, seja entre Estados
ou entre grupos dentro de um Estado”.
Dominação e Poder
Dominação: é a possibilidade de que um sujeito social imponha seu arbítrio sobre outros
sujeitos. Nas relações Estado/Sociedade os agentes do Estado acreditam ter o direito de
exercer o poder enquanto os agentes da sociedade consideram sua obrigação obedecer às
ordens dos governantes sob a mediação das leis.
B- Dominação Tradicional
A dominação tradicional é em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes
senhoriais há muito tempo existentes. Seu tipo mais puro é o da dominação patriarcal. A
associação dominante é de caráter comunitário. O tipo daquele que ordena é o “senhor”, e
os que obedecem são “súditos”, enquanto o quadro administrativo é formado por
“servidores”. Obedece-se à pessoa em virtude de sua dignidade própria, santificada pela
tradição: por fidelidade. O conteúdo das ordens está fixado pela tradição, cuja violação
desconsiderada por parte do senhor poria em perigo a legitimidade do seu próprio domínio,
que repousa exclusivamente na santidade delas.
A legitimação vem da crença na justiça e na qualidade da maneira pela qual no passado
nossos antepassados resolveram seus problemas. O senhor é o líder tradicional que, por ser
herdeiro de outro senhor, tem o direito de comandar. O governante tem grande liberdade
para emitir suas ordens, que só são limitadas pelos costumes da sociedade. A obediência de
seus súditos está garantida pelo respeito à linhagem que representa e pela lealdade a sua
pessoa.
Exemplo: Na sociedade brasileira pode-se ver a dominação tradicional na organização do
Estado durante o período colonial e na República Velha, “a república dos coronéis”.
Atividades
Os suicidas furiosos
4- O relativismo analítico proposto por Max Wcber pode ser observado em todas as
afirmações abaixo, exceto numa. Assinale-a.
a) Para Weber as condutas dos indivíduos podem ser guiadas por motivações racionais
(com relação a valores ou a fins) e irracionais (afeto e tradição).
b) O tipo ideal é um instrumento que o cientista constrói para minimizar os efeitos de uma
análise subjetiva, garantindo uma abordagem definitiva e inquestionável acerca do objeto.
c) O fundamento do relativismo weberiano pode ser encontrado na visão idealista, que
identifica fatores culturais e históricos como pressupostos para a compreensão das
sociedades.
d) A tarefa do cientista é estabelecer e interpretar as conexões entre os motivos do
indivíduo ao agir e as conseqüências de sua ação no meio social. Tal conhecimento só pode
estar revestido de cientificidade se for resultado da aplicação do tipo ideal.
10- O motivo para cada ação social, segundo Max Weber, é dado pelo:
a) indivíduo.
b) coletivo.
c) protestantismo.
d) família.
11- Analise as assertivas abaixo acerca da obra “A ética protestante e o espírito do
capitalismo” de Weber, e posteriormente marque V ou F:
( ) A motivação do protestante é o trabalho enquanto dever e vocação, como um fim
absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido através dele.
( ) Buscando sair-se bem na profissão, mostrando sua própria virtude e vocação e
renunciando aos prazeres materiais; o protestante puritano se adequa facilmente ao mercado
de trabalho. Isto explicaria a proeminência de protestantes entre os homens de negócio e
trabalhadores logo no início do capitalismo.
( ) Ao cientista cabe estabelecer conexões de sentido entre as motivações dos indivíduos e
os efeitos de sua ação no meio social. Procedendo assim, Weber analisa os valores do
catolicismo e do protestantismo, mostrando que os últimos em geral, e o Calvinismo em
particular, revelam a tendência ao racionalismo econômico responsável pelo predomínio
das relações sociais capitalistas.
( ) Weber diz ser o capitalismo — em seu início e na sua forma típica — uma organização
econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para a acumulação de bens e seu
conseqüente reinvestimento no setor produtivo. Por isso, a ética puritana condenava o ócio
e o consumismo.
12- A ação social será racional com relação a valores quando:
a)o indivíduo sem orientar-se por fins últimos, agir de acordo com ou a serviço de suas
próprias convicções, levando em conta apenas sua fidelidade a estes valores.
b)o indivíduo, para atingir um objetivo previamente definido, lança mão dos meios
necessários ou adequados, ambos avaliados e combinados prévia e racionalmente.
c)o indivíduo inspirar-se em suas emoções imediatas, sem consideração de meios ou fins a
atingir.
d)o indivíduo agir em função de hábitos ou costumes arraigados, reagindo a estímulos
costumeiros.
Rio de Janeiro
Civilização encruzilhada
Cada ribanceira é uma nação
Á sua maneira
Com ladrão
Lavadeiras, honra, tradição
Fronteiras, munição pesada.
CD FRANCISCO, Chico Buarque, RCA, 1987.
Relacione essa composição com a concepção do sociólogo Max Weber a respeito das
características do Estado moderno e aponte a alternativa correta.
1.“A Polícia Federal (PF) prendeu ontem 22 pessoas em sete Estados e no Distrito
Federal, acusadas de envolvimento em uma das maiores organizações criminosas do país,
que atuava no tráfico internacional de drogas e na lavagem de dinheiro (....).”
Folha de S.Paulo, 10/12/2002.
2.O vice-presidente da Câmara de Rio Maria, Artidônio Almeida Brandalise (PST), 55, foi
assassinado com dois tiros na noite de domingo em frente à sua casa por dois homens.”
Folha de S.Paulo, 11/12/2002.