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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOSÉ IGNÁCIO DE SOUSA

DISCIPLINA: SOCIOLOGIA
PROFESSORES: LUÍS FERNANDO MARCELINO ALVES
MARCELO MARTINS FERNANDES (AUTOR)

2ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE
MAX WEBER
NOME:___________________________________________
TURMA: 2º ano

A sociedade sob uma perspectiva histórica


Max Weber (1864-1920) foi o grande sistematizador da sociologia na Alemanha.
O contraste entre o positivismo e a sociologia compreensiva de Weber se expressa, entre
outros elementos, nas maneiras diferentes como cada uma dessas correntes encara a história.
Para o positivismo, a história é o processo universal de evolução da humanidade, cujos
estágios o cientista pode perceber pelo método comparativo, capaz de aproximar sociedades
humanas de todos os tempos e lugares. A história particular de cada sociedade desaparece diluída
nessa lei geral que os pensadores positivistas tentaram reconstruir. Essa forma de pensar faz
desaparecer as particularidades históricas, e os indivíduos são dissolvidos em meio a forças sociais
impositivas.
Ao definir o que é uma espécie social, Durkheim, em uma nota de pé de página em seu livro
As regras do método sociológico, alerta para que não se confunda uma espécie social com as fases
históricas pelas quais ela passa. Diz ele:
“Desde suas origens, passou a França por formas de civilização muito diferentes: começou por ser agrícola,
passou em seguida pelo artesanato e pelo pequeno comércio, depois pela manufatura e, finalmente, chegou à
grande indústria. Ora, é impossível admitir que uma mesma individualidade coletiva possa mudar de espécie
três ou quatro vezes. Uma espécie deve definir-se por caracteres mais constantes. O estado econômico
tecnológico etc. apresenta fenômenos por demais instáveis e complexos para fornecer a base para uma
classificação”.
Fica claro que essa posição anula a importância dos processos históricos particulares,
valorizando apenas a lei da evolução, a generalização e a comparação entre formações sociais.
Weber, figura dominante na sociologia alemã, com formação histórica consistente, se oporá a
essa concepção. Para ele, a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades. Essa
pesquisa, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes, permite o entendi-
mento das diferenças sociais, que seriam, para Weber, de gênese e formação, e não de estágios de
evolução.
Portanto, segundo a perspectiva de Weber, o caráter particular e específico de cada formação
social e histórica contemporânea deve ser respeitado. O conhecimento histórico, entendido como a
busca de evidências, torna-se um poderoso instrumento para o cientista social.
Weber consegue combinar duas perspectivas: a histórica, que respeita as particularidades de
cada sociedade, e a sociológica, que ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo
histórico.
Na obra As causas sociais do declínio da cultura antiga, por exemplo, Weber analisou, com
base em textos e documentos, as transformações da sociedade romana em função da utilização da
mão-de-obra escrava e do servo de gleba, mostrando a passagem da antigüidade para a sociedade
medieval.
Weber, entretanto, não achava que uma sucessão de fatos históricos fizesse sentido por si
mesma. Para ele, todo historiador trabalha com dados esparsos e fragmentados. Por isso, propunha
para esse trabalho o método compreensivo, isto é, um esforço interpretativo do passado e de sua
repercussão nas características peculiares das sociedades contemporâneas. Essa atitude de
compreensão é que permite ao cientista atribuir aos fatos esparsos um sentido social e histórico.

A ação social uma ação com sentido


Cada formação social adquiriu, para Weber, especificidade e importância próprias. Mas o
ponto de partida da sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições.
Seu objeto de jnvestigação é a ação social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma
justificativa subjetivamente elaborada. Assim, o homem passou a ter, enquanto indivíduo, na teoria
weberiana, significado e especificidade. É ele que dá sentido à sua ação social: estabelece a
conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.
Para a sociologia positivista, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles.
Para Weber, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas sociais só se
tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação. Cada sujeito
age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade. O
motivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida em
que cada indivíduo age levando em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos.
A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na
realidade social que lhe interesse estudar. O sentido, por um lado, é expressão da motivação
individual, formulado expressamente pelo agente ou implícito em sua conduta. O caráter social da
ação individual decorre, segundo Weber, da interdependência dos indivíduos. Um ator age sempre
em função de sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores. Por outro lado, a
ação social gera efeitos sobre a realidade em que ocorre. Tais efeitos escapam ao controle e à
previsão do agente.
Ao cientista compete captar, pois, o sentido produzido pelos diversos agentes em todas as suas
conseqüências. As conexões que o cientista estabelece entre motivos e ações sociais revelam as
diversas instâncias da ação social políticas, econômicas ou religiosas. O cientista pode, portanto,
descobrir o nexo entre as várias etapas em que se decompõe a ação social. Por exemplo, o simples
ato de enviar uma carta se decompõe em uma série de ações sociais com sentido escrever, selar,

enviar e receber, que terminam por realizar um objetivo. Por outro lado, muitos agentes ou atores
estão relacionados a essa ação social o atendente, o carteiro etc. Essa interdependência entre os

sentidos das diversas ações, mesmo que orientadas por motivos diversos - éque dá a esse conjunto
de ações seu caráter social.
É o indivíduo que, por meio dos valores sociais e de sua motivação, produz o sentido da ação
social. Isso não significa que cada sujeito possa prever com certeza todas as conseqüências de
determinada ação. Como dissemos, cabe ao cientista perceber isso. Não significa também que a
análise sociológica se confunda com a análise psicológica. Por mais individual que seja o sentido da
minha ação, o fato de agir levando em consideração o outro dá um caráter social a toda ação
humana. Assim, o social só se manifesta em indivíduos, expressando-se sob forma de motivação
interna e pessoal.
Por outro lado, Weber distingue a ação da relação social. Para que se estabeleça uma
relação social, é preciso que o sentido seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede
uma informação a outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e age em relação a
outro indivíduo, mas tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula, onde o objetivo da
ação dos vários sujeitos é compartilhado, existe uma relação social.
Pela freqüência com que certas ações sociais se manifestam, o cientista pode conceber as
tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo.
A Relação Social ocorre quando duas ou mais ações sociais possuem sentidos recíprocos,
independente das motivações e objetivos individuais. As relações sociais podem ser
ASSOCIATIVAS (ações sociais RACIONAIS com relação a fins ou a valores) ou
COMUNITÁRIAS (ações sociais tradicionais ou afetivas).

Tipos Puros de Ações Sociais


O papel do cientista é descobrir o vínculo entre a ação social e seu motivo, na
medida em que, para Weber, é a motivação/subjetividade do indivíduo o fundamento da
existência e legitimidade das instituições e do comportamento social. A fim de
instrumentalizar a compreensão humana acerca da vida em sociedade, Weber lança mão de
modelos abstratos, ideais de ações sociais diferenciado-as em quatro tipos puros ou ideais
(de acordo com as motivações que lhe servem de fundamento), são eles:
a) Ação Tradicional — Ação cuja motivação é um costume ou hábito arraigado.
b) Ação Afetiva — Ação cuja motivação é um sentimento imediato. O indivíduo age sob o
impulso do sentimento, no momento em que ele ocorre.
c) Ação Racional com Relação a Valores — Ação previamente planejada, mas cuja
motivação é um valor ético/moral, independente das conseqüências da ação.
d) Ação Racional com Relação a Fins — Ação em que o agente tem como motivação um
único e claro objetivo, de forma a possibilitar a organização prévia e racional de todos os
meios necessários ou disponíveis para alcançá-lo.

A tarefa do cientista
Weber rejeita a maioria das proposições positivistas: o evolucionismo, a exterioridade do
cientista social em relação ao objeto de estudo, ou seja, as sociedades, e a recusa em acei tar a
importância dos indivíduos e dos diferentes momentos históricos na análise da sociedade. O
cientista age guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição, sendo impossível descartar-se,
como propunha Durkheim, de suas prenoções. Existe sempre certa parcialidade na análise
sociológica, intrínseca à pesquisa, como a toda forma de conhecimento. As preocupações do
cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser anali sada. Os fatos
sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e cujas causas procura
desvendar. A neutralidade durkheimiana se torna impossível nessa visão.
Entretanto, uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela busca da maior objetividade
na análise dos acontecimentos. A realização da tarefa científica não deveria ser dificultada pela
defesa das crenças e das idéias pessoais do cientista.
Portanto, para a sociologia weberiana, os acontecimentos que integram o social têm origem
nos indivíduos. O cientista parte de uma preocupação com significado subjetivo, tanto para ele
como para os demais indivíduos que compõem a sociedade. Sua meta é compreender, buscar os
nexos causais que dêem o sentido da ação social.
Qualquer que seja a perspectiva adotada pelo cientista, ela sempre resultará numa explicação
parcial da realidade. Um mesmo acontecimento pode ter causas econômicas, políticas e religiosas.
Nenhuma dessas causas é superior a outra em significância. Todas elas compõem um conjunto
de aspectos da realidade que se manifesta, necessariamente, nos atos individuais. O que garante a
cientificidade de uma explicação é o método de reflexão, não a objetividade pura dos fatos. Weber
relembra que, embora os acontecimentos sociais possam ser quantificáveis, a análise do social
envolve sempre uma questão de qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão.
Assim, para entender como a ética protestante interferia no desenvolvimento do capitalismo,
Weber analisou os livros sagrados e interpretou os dogmas de fé do protestantismo. A compreensão
da relação entre valor e ação permitiu-lhe entender a relação entre religião e economia.

O tipo ideal
Para atingir a explicação dos fatos sociais, Weber propôs um instrumento de análise que
chamou de tipo ideal. Assim, por exemplo, em As causas sociais do declínio da cultura antiga, ele
define o patrício romano no auge do império:

“O tipo do grande proprietário de terra romano não é o do agricultor que dirige pessoalmente a empresa,
mas é o homem que vive na cidade, pratica a política e quer, antes de tudo, perceber rendas em dinheiro. A
gestão de suas terras está nas mãos dos servos inspetores”.

Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares analisados. O
cientista, pelo estudo sistemático das diversas manifestações particulares, constrói um modelo
acentuando aquilo que lhe pareça característico ou fundante. Nenhum dos exemplos representará de
forma perfeita e acabada o tipo ideal, mas manterá com ele uma grande semelhança e afinidade,
permitindo comparações e a percepção de semelhanças e diferenças. Constitui-se em um trabalho
teórico indutivo que tem por objetivo sintetizar aquilo que é essencial na diversidade das
manifestações da vida social, permitindo a identificação de exemplares em diferentes tempos e
lugares.
O tipo ideal não é um modelo perfeito a ser buscado pelas formações sociais históricas nem
mesmo qualquer realidade observável. É um instrumento de análise científica, numa construção do
pensamento que permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar na realidade
observada suas manifestações. Permite ainda comparar tais manifestações.
É preciso deixar claro que o tipo ideal nada tem a ver com as espécies sociais de Durkheim,
que pretendiam ser exemplos de sociedades observadas em diferentes graus de complexidade num
continuum evolutivo.

A ética protestante e o espírito do capitalismo

Um dos trabalhos mais conhecidos e importantes de Weber é A ética protestante e o espírito


do capitalismo, no qual ele relaciona o papel do protestantismo na formação do comportamento
típico do capitalismo ocidental moderno.
Weber parte de dados estatísticos que lhe mostraram a proeminência de adeptos da Reforma
Protestante entre os grandes homens de negócios, empresários bem-sucedidos e mão-de-obra
qualificada. A partir daí, procura estabelecer conexões entre a doutrina e a pregação protestante,
seus efeitos no comportamento dos indivíduos e sobre o desenvolvimento capitalista.
Weber descobre que os valores do protestantismo como a disciplina ascética, a poupança, a

austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho atuavam de maneira decisiva sobre os


indivíduos. No seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o ensino especializado e
para o trabalho fabril, optando sempre por atividades mais adequadas à obtenção do lucro,
preferindo o cálculo e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Weber mostra a formação de uma
nova mentalidade, um ethos valores éticos propício ao capitalismo, em flagrante oposição ao
— —

“alheamento” e à atitude contemplativa do catolicismo, voltados para a oração, sacrifício e renúncia


da vida prática.
Um dos aspectos importantes desse trabalho, no seu sentido teórico, está em expor as relações
entre religião e sociedade e desvendar particularidades do capitalismo. Além disso, nessa obra,
podemos ver de que maneira Weber aplica seus conceitos e posturas metodológicas.
Alguns dos principais aspectos da análise.
1. A relação entre a religião e a sociedade não se dá por meios insti tucionais, mas por intermédio de
valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da ação social. A motivação do
protestante, segundo Weber, é o trabalho, enquanto dever e vocação, como um fim absoluto em si
mesmo, e não o ganho material obtido por meio dele.
2. O motivo que mobiliza internamente os indivíduos é consciente. Entretanto, os feitos dos atos
individuais ultrapassam a meta inicialmente visada. Buscando sair-se bem na profissão, mostrando
sua própria virtude e vocação e renunciando aos prazeres materiais, o protestante puritano se adequa
facilmente ao mercado de trabalho, acumula capital e o reinveste produtivamente.
3. Ao cientista cabe, segundo Weber, estabelecer conexões entre a motivação dos indivíduos e os
efeitos de sua ação no meio social. Procedendo assim, Weber analisa os valores do catolicismo e do
protestantismo, mostrando que os últimos revelam a tendência ao racionalismo econômico que
predominará no capitalismo.
4. Para constituir o tipo ideal de capitalismo ocidental moderno, Weber estuda as diversas
características das atividades econômicas em diversas épocas e lugares, antes e após o surgimento
das atividades mercantis e da indústria. E, conforme seus preceitos, constrói um tipo gradualmente
estruturado a partir de suas manifestações particulares tomadas à realidade histórica. Assim, diz ser
o capitalismo, na sua forma típica, uma organização econômica racional assentada no trabalho livre
e orientada para um mercado real, não para a mera especulação ou rapinagem. O capitalismo
promove a separação entre empresa e residência, a utilização técnica de conhecimentos científicos e
o surgimento do direito e da administração racionalizados.

MAX WEBER E A ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

Vivemos cotidianamente a desigualdade social. Não há simetria, as sociedades são


marcadas pela divisão, separação, hierarquização permeadas pelo poder. O fenômeno da
estratificação social, segundo Weber, se dá em três esferas distintas: a econômica (situação
de classe), a social (estamentos) e a política (partidos).
Classe, estamento, partido são fenômenos de distribuição de poder dentro de uma
comunidade.
A ordem econômica (matriz geradora de classe): É a maneira pela qual bens e
serviços econômicos são distribuídos e utilizados. Classe tem seu lugar genuíno na ordem
econômica... os interesses econômicos claramente ligados ao mercado, ou seja, a ordem
econômica tipifica as classes sociais, criam as classes. A dimensão econômica estratifica a
sociedade através dos critérios pautados na riqueza, na posse e na renda.
Classe social pode ser localizável nos diversos períodos da história: Antigüidade,
Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
No texto Classe, estamento, partido, Weber afirma que podemos considerar como
pertencentes a uma mesma classe as pessoas que têm em comum idênticas oportunidades
de vida, as quais estão fundadas na posse de bens, de rendas e na posição ocupada no
mercado de trabalho.
Esses elementos definem o que Weber denomina situação de classe, a qual é
caracterizada pelas possibilidades que os indivíduos possuem de monopolizar ou não as
oportunidades em seu favor. Os proprietários de capital, por exemplo, podem monopolizar
todas as condições de acumulação para sua classe.
É por isso que, para Weber, ter propriedade ou não ter é um dado fundamental para
entender a situação de classe na sociedade capitalista. Todas as oportunidades e/ou a
ausência delas estão vinculadas, num primeiro plano, a essa questão primordial. O outro
dado definidor da situação de classe está relacionado, entre aqueles que não têm
propriedade, ao tipo de serviço que podem oferecer no mercado.
O tipo de serviço que pode oferecer no mercado é que enquadraria o indivíduo em
uma dada posição de classe. Os profissionais mais qualificados, como médicos, dentistas,
engenheiros, advogados, etc., são classificados em grupos diferentes daqueles trabalhadores
menos qualificados, pelo tipo de serviço que vendem no mercado de trabalho e/ou de
serviços.
Diversas análises sociológicas se filiam, grosso modo, à concepção weberiana de
classe. Elas insistem em que a classificação dos indivíduos numa ou noutra classe exige que
se estabeleça um refinamento no modo de apreender alguns critérios objetivos que estão
fundados em avaliações e/ou reconhecimentos subjetivos.
O prestígio de determinadas profissões, os símbolos de status utilizados por
determinadas camadas sociais, tais como pertencer a um certo clube, morar em um bairro
sofisticado e/ou não identificado como local de pessoas pobres, possuir determinados bens
de consumo inacessíveis às demais camadas sociais, etc., poderiam ser citados como
exemplos.
De que maneira tais critérios têm um fundamento objetivo? No sentido de que eles
são definidos com base em valores sociais convencionalmente estabelecidos em uma dada
sociedade. Para a família e os colegas de um jovem nascido em uma sociedade cujo valor
maior é o consumo de bens, parece natural que a vida dele seja inteiramente direcionada
para a busca desses bens, que expressam uma posição de destaque perante os demais. Um
carro sofisticado pode ser citado como exemplo de um símbolo de status que visa garantir
reconhecimento ao seu proprietário e distingui-lo dos demais indivíduos.
A ordem social é a matriz geradora dos estamentos e também a instância onde há
uma distribuição de honra. A dimensão social funda uma maneira de estratificação baseada
no status. O seu elemento definidor é a honra e o prestígio que as pessoas e/ou grupos
desfrutam, ou não desfrutam, a posição que ocupam na sua profissão, o seu estilo de vida,
etc.
O estamento significa grupos de status determinados pela honraria. Situação de
status refere-se a todo componente típico do destino dos homens, determinado por uma
estimativa social específica, positiva ou negativa, de honraria. As distinções são
estabelecidas e garantidas por convenções e leis que asseguram ao grupo de status
privilégios e monopólios de diversas naturezas e os caracterizam por um estilo de vida,
normas, valores e padrões de comportamento.
A dimensão política funda um modo de estratificação baseado no poder.
“Poder significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma
relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa
probabilidade”. (Weber. Economia e Sociedade).
“Os meios utilizados para alcançar o poder podem ser muito diversos, desde o
emprego da simples violência até a propaganda e o sufrágio por procedimentos rudes ou
delicados: dinheiro, influência social, poder da palavra, sugestão e engano grosseiro,
tática mais ou menos hábil de obstrução dentro das assembléias parlamentares”. (Weber.
Economia e Sociedade). Quanto mais poder os indivíduos e/ou grupos ostentarem, melhor
eles se posicionarão na escala de reconhecimento no interior dessas relações de poder e de
dominação. Segundo Weber, dominação deve ser entendida como a probabilidade de
encontrar obediência dentro de um grupo determinado para ordens específicas.
Os partidos vivem sob o signo do poder. Sua reação é orientada para a aquisição do
“poder” social, ou seja, para a influência sobre a ação comunitária, sem levar em conta qual
possa ser o conteúdo. Os partidos são possíveis apenas dentro de comunidades de algum
modo socializadas, ou seja, que têm alguma ordem racional e um “quadro” de pessoas
prontas a assegurá-la, pois os partidos visam precisamente a influenciar esse quadro, e, se
possível, recrutá-lo entre os seus seguidores.
Os partidos podem representar interesses determinados através da “situação
classista” ou “estamental”, e podem recrutar seus membros de uma ou de outra. Mas não
precisam ser partidos exclusivamente de “classe”, nem “estamentais”.

Max Weber foi um sociólogo particularmente interessado nas questões políticas, discutiu o
conceito de política num discurso, pronunciado em 1918, sob o título A Política como
vocação.
Depois de lembrar que o significado de política é bastante abrangente a ponto de
compreender até mesmo a “política de uma esposa prudente que busca orientar o marido”.
Max Weber, analisou, basicamente, à política num sentido restrito, identificada, a rigor,
com a política institucional. “Daí política, para nós — diz Weber — significar a
participação no poder ou a luta para influir na distribuição de poder, seja entre Estados
ou entre grupos dentro de um Estado”.

Dominação e Poder

“Poder significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação


social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa
probabilidade”.
(Weber. Economia e Sociedade).

Enquanto o conceito de poder é sociologicamente amorfo, visto que não se limita a


nenhuma circunstância social específica e a imposição da vontade de alguém pode ocorrer
em inúmeras situações, à dominação baseia-se numa probabilidade de obediência a um
certo mandato. “Os meios utilizados para alcançar o poder podem ser muito diversos,
desde o emprego da simples violência até a propaganda e o sufrágio por procedimentos
rudes ou delicados: dinheiro, influência social, poder da palavra, sugestão e engano
grosseiro, tática mais ou menos hábil de obstrução dentro das assembléias
parlamentares”. (Weber. Economia e Sociedade).

Dominação: é a possibilidade de que um sujeito social imponha seu arbítrio sobre outros
sujeitos. Nas relações Estado/Sociedade os agentes do Estado acreditam ter o direito de
exercer o poder enquanto os agentes da sociedade consideram sua obrigação obedecer às
ordens dos governantes sob a mediação das leis.

Burocracia: O aparato administrativo que corresponde à dominação legal é chamado


burocracia, sendo os funcionários chamados burocratas. Os funcionários burocráticos
acreditam também nas leis e na ordem legal; suas posições e as relações entre eles são
estabelecidas por regras que independem das pessoas. O mesmo acontece com suas
relações com o governante e com a coletividade.
Max Weber, que desenvolveu a mais importante e a mais sistemática análise sobre a
burocracia, afirma que em sua forma moderna, baseada na razão e no direito, a burocracia
emerge com o surgimento do Estado Moderno. O Estado contemporâneo vem mostrar
muito bem o seu nível de burocratização e sua tendência a gerar continuadamente novas
organizações burocráticas.
Partindo dessa característica, podemos ver uma definição mais clara do Estado nas
sociedades capitalistas contemporâneas e suas relações com as classes sociais.
O Estado é uma parte da sociedade; é uma estrutura jurídico-institucional, isto é, uma
organização baseada no direito, que sobrepõe ao conjunto das demais partes da sociedade.
Assim, ao mesmo tempo em que o Estado faz parte da sociedade, ele se coloca acima dela.
O Estado é, portanto, uma organização burocrática que tem os seguintes elementos
constitutivos:
a) Uma elite política, que geralmente se confunde com a classe dominante e nela se
recruta;
b) Um corpo de funcionários hierarquicamente organizados, que se ocupa da
administração.
c) Uma força pública, que se destina não apenas a defender o país contra o inimigo
externo, mas principalmente, a manter a ordem vigente interna. O Estado é,
portanto, a um só tempo, burocracia civil e burocracia militar. É nesses termos que
se entende a colocação de Max Weber
quando afirma que o Estado dispõe do monopólio da violência. Na realidade esse
monopólio se traduz em dois direitos ou poderes básicos:
1- O poder de legislar, isto é, de criar leis das quais os cidadãos não podem
escapar.
2- O poder de lançar e cobrar impostos dos quais os cidadãos não podem
igualmente escapar.
Sendo o Estado uma estrutura organizada de poder, que o exerce tributando e
legislando sobre a população de um determinado território, ele se distingue dessa população
e do povo, que é a população que tem direitos políticos efetivos.
Por isso, segundo Max Weber, o Estado moderno pode ser reconhecido por dois elementos
constitutivos: a presença do aparato administrativo para prestação de serviços públicos e o
monopólio legítimo da força.

OS TRÊS TIPOS DE DOMINAÇÃO SEGUNDO MAX WEBER:

Os três tipos de dominação: Tradicional, Carismática e Legal, constituem formas


possíveis de legitimação da autoridade (weber utiliza os termos: autoridade e dominação
como sinônimos) por parte de todos os elementos de uma organização (dominados) a um
dos elementos da mesma, que passa a ser o dominador ou a autoridade (não tem
importância se a estrutura é grande ou pequena, se é complexa ou simples, etc). Pelo ato de
legitimação da dominação, os elementos da organização ficam divididos em duas classes
distintas: Dominador ou autoridade e dominados.
Para Weber, a dominação se constata empiricamente em todo tipo de organização social
onde se detecta a presença de um chefe ou soberano. Max Weber fundamenta a distinção
dos tipos de legitimidade da dominação na justificativa que o dominado apresenta para o
seu ato de legitimação e não nas formas de execução do poder por parte do dominador.
O dominado pode legitimar o poder do dominador de três formas:
1- O dominado pode legitimar o poder do dominador acreditando na legalidade das
ordenações estatuídas e nos direitos de mando dos chamados por essas ordenações a
exercer a autoridade, determinando por seu ato o tipo de dominação legal, chamada por
Weber de dominação racional.
2- O dominado pode acreditar na santidade das tradições mantidas desde tempos antigos e
na legitimidade dos indicados por essas tradições a exercer a autoridade, determinando com
seu ato o tipo de dominação tradicional.
3- O dominado pode se justificar por sua fé extracotidiana na santidade, exemplaridade ou
heroísmo de uma pessoa e nas ordenações que esta pode criar, determinando com a sua
confiança o tipo de dominação carismática.
Weber define a dominação em termos de probabilidade.
Segundo Weber, dominação deve ser entendida como a probabilidade de encontrar
obediência dentro de um grupo determinado para ordens específicas.
É necessário submissão por parte dos dominados às ordens do dominante. A submissão
deve ser voluntária por parte dos dominados: “um determinado mínimo de vontade de
obediência, ou seja, de interesse (externo ou interno) em obedecer, é essencial em toda
relação autêntica de autoridade”.
No ato de legitimação o dominado entrega a sua própria vontade ao dominador, ficando
esvaziado dela, e, em seu lugar, são colocadas máximas de ação cujo conteúdo é
constituído pelas ordens da autoridade, as quais não poderão ser discutidas pelos
dominados e, sim, obedecidas.
A– Dominação Legal
Seu tipo mais puro é a dominação burocrática. Sua idéia básica é: qualquer direito pode ser
criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma.
A associação (é um tipo de relação fechada para fora, que possui uma ordem legítima que
deve ser preservada, mas, principalmente, ela tem um chefe) dominante é eleita ou
nomeada, e ela própria e todas as suas partes são empresas. O quadro administrativo
consiste de funcionários nomeados pelo senhor, e os subordinados são membros da
associação (cidadãos, camaradas).
Obedece-se não a uma pessoa em virtude de seu direito próprio, mas a regra estatuída, que
estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve obedecer. Também quem
ordena obedece, ao emitir uma ordem, a uma regra: à lei ou regulamento de uma norma
formalmente abstrata.
Correspondem naturalmente ao tipo da dominação “legal” não apenas a estrutura
moderna do Estado e do município, mas também a relação de domínio numa empresa
capitalista privada, numa associação com fins utilitários ou numa união de qualquer outra
natureza que disponha de um quadro administrativo numeroso e hierarquicamente
articulado.
A burocracia constitui o tipo tecnicamente mais puro da dominação legal. Nenhuma
dominação, todavia, é exclusivamente burocrática. (ver Weber in: Gabriel Cohn, p.130).
A burocracia não é o único tipo de dominação legal. Os funcionários designados por turno,
por sorte ou por eleição, a administração pelos parlamentos e pelos comitês, assim como
todas as modalidades de corpos colegiados de governo e administração correspondem a
esse conceito, sempre que sua competência esteja fundada sobre regras estatuídas e que o
exercício do direito de domínio seja congruente com o tipo de administração legal. Na
dominação legal a legitimidade provém da crença na justiça da lei. O povo obedece às leis
não porque seja comandado por um chefe carismático, mas porque crê que elas são
decretadas segundo procedimentos corretos. Também os governantes compartilham da
mesma crença.
A dominação legal caracteriza pelo fato de que o governante é considerado superior porque
atingiu tal posição através de nomeações consideradas legais. È em função disso que ele
exerce o poder, dentro dos limites fixados por um sistema de regras que têm força de lei.

B- Dominação Tradicional
A dominação tradicional é em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes
senhoriais há muito tempo existentes. Seu tipo mais puro é o da dominação patriarcal. A
associação dominante é de caráter comunitário. O tipo daquele que ordena é o “senhor”, e
os que obedecem são “súditos”, enquanto o quadro administrativo é formado por
“servidores”. Obedece-se à pessoa em virtude de sua dignidade própria, santificada pela
tradição: por fidelidade. O conteúdo das ordens está fixado pela tradição, cuja violação
desconsiderada por parte do senhor poria em perigo a legitimidade do seu próprio domínio,
que repousa exclusivamente na santidade delas.
A legitimação vem da crença na justiça e na qualidade da maneira pela qual no passado
nossos antepassados resolveram seus problemas. O senhor é o líder tradicional que, por ser
herdeiro de outro senhor, tem o direito de comandar. O governante tem grande liberdade
para emitir suas ordens, que só são limitadas pelos costumes da sociedade. A obediência de
seus súditos está garantida pelo respeito à linhagem que representa e pela lealdade a sua
pessoa.
Exemplo: Na sociedade brasileira pode-se ver a dominação tradicional na organização do
Estado durante o período colonial e na República Velha, “a república dos coronéis”.

C – Dominação Carismática: A legitimação vem do carisma, isto é, da crença em


qualidades excepcionais de alguém para dirigir um grupo social. “Carisma” significa
literalmente graça divina. Seja um herói, um profeta ou um demagogo, o líder carismático
justifica suas façanhas ou capacidades extraordinárias, a sua dominação, enquanto seus
discípulos o obedecem por terem fé em suas qualidades e em sua pessoa.
Exemplos: Jesus Cristo e os seus seguidores; A Revolução de Canudos: A liderança de
Antônio Conselheiro.

Análise histórica e método compreensivo

Weber teve uma contribuição importantíssima para o desenvolvimento da sociologia. Em meio


a uma tradição filosófica peculiar, a alemã, e vivendo os problemas de seu país, diversos dos da
França e da Inglaterra na mesma época, pôde trazer urna nova visão, não influenciada pelos ideais
políticos nem pelo racionalismo positivista de origem anglo-francesa.
Sua contribuição para a sociologia tornou-o referência obrigatória. Mostrou, em seus estudos, a
fecundidade da análise histórica e da compreensão qualitativa dos processos históricos e sociais.
Embora polêmicos, seus trabalhos abriram as portas para as particularidades históricas das
sociedades e para a descoberta do papel da subjetividade na ação e na pesquisa social. Weber
desenvolveu suas análises de forma mais independente das ciências exatas e naturais. Foi capaz de
compreender a especificidade das ciências humanas como aquelas que estudam o homem como um
ser diferente dos demais e, portanto, sujeito a leis de ação e comportamento próprios.
Outros sociólogos alemães puseram em prática o método compreensivo de Weber, como
Sombart, também um estudioso do capitalismo ocidental. Weber desenvolveu também trabalhos na
área de história econômica buscando as leis de desenvolvimento das sociedades. Estudou ainda,
com base em fontes históricas, as relações entre o meio urbano e o agrário e o acúmulo de capital
auferido pelas cidades por meio dessas relações.

Atividades

Os suicidas furiosos

“ A fúria de Anel Sharon produziu um milagre na Terra Santa: transubstanciou Yasser


Arafat, que já não gozava mais de tanto prestígio entre os palestinos, em símbolo da
resistência de um povo oprimido. Sitiado pelo Exército israelense em seu QG, na cidade de
Ramallah, o chefe da Autoridade Palestina agora é apoiado publicamente pelos grupos
terroristas dos quais tentava até a semana passada manter distância — pelo menos, na
aparência. Os líderes do Hamas, da Jihad Islâmica e da Brigada Al Aqsa, secundados por
representantes de facções menores, anunciaram ainda que passarão a agir de maneira
coordenada. Traduzindo: virão por aí mais e mais atentados contra civis em Israel. A
escalada da violência na região é impressionante. Só em março deste ano, 115 israelenses
morreram pelas mãos de terroristas. Esse número representa mais que um quarto do total
de vítimas do ano passado inteiro... O Hamas foi a primeira organização terrorista da
região a usar homens-bomba...”.

1- Utilize o tipo de ação social adequado para a compreensão dos terroristas


suicidas. Justifique.
2- Conceitue relação social, procurando explicar e diferenciar os dois tipos propostos
por Weber (ação social e relação social).

3- (UFU/PAIES/2ª etapa 1999/2002) Analise as proposições abaixo acerca da


concepção de ciência para Weber, assinalando V para as alternativas verdadeiras e F
para as falsas.
( ) A neutralidade do cientista é um requisito fundamental para a pesquisa científica.
( ) Na relação com seu objeto de estudo, o pesquisador mantém um nítido distanciamento e
isenção de valores.
( ) A finalidade do conhecimento científico é a formulação de leis gerais sobre os
fenômenos sociais.
( ) É fundamental, na explicação científica, estabelecer relações objetivas entre as coisas.
( ) Devido à infinita diversidade da realidade social, o conhecimento sobre um fenômeno é
sempre parcial.

4- O relativismo analítico proposto por Max Wcber pode ser observado em todas as
afirmações abaixo, exceto numa. Assinale-a.
a) Para Weber as condutas dos indivíduos podem ser guiadas por motivações racionais
(com relação a valores ou a fins) e irracionais (afeto e tradição).
b) O tipo ideal é um instrumento que o cientista constrói para minimizar os efeitos de uma
análise subjetiva, garantindo uma abordagem definitiva e inquestionável acerca do objeto.
c) O fundamento do relativismo weberiano pode ser encontrado na visão idealista, que
identifica fatores culturais e históricos como pressupostos para a compreensão das
sociedades.
d) A tarefa do cientista é estabelecer e interpretar as conexões entre os motivos do
indivíduo ao agir e as conseqüências de sua ação no meio social. Tal conhecimento só pode
estar revestido de cientificidade se for resultado da aplicação do tipo ideal.

5- (UFU/2000) 300 milhões — Como o senhor da foto virou milionário...


O mérito de Menin foi ter vislumbrado uma oportunidade e apostado suas fichas nela....
Percebendo que ali podia estar sua galinha-dos-ovos-de-ouro, Menin resolveu projetar um
negócio para atender aquela clientela. Primeiro, construiu pequenas casas em bairros
populares de Belo Horizonte. Depois, passou a vender apartamentos semi-padronizados
com preços até 25% mais baixos. Após definir seu nicho de mercado, Menin elaborou uma
cartilha que a empresa segue a risca até hoje....
Revista Veja. 15, 12/04/2000, p.148
Max Weber define uma tipologia da ação social que é apresentada nas afirmativas a seguir.
Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de ação social descrita no texto.
a) Ação social racional com referência a fins. b) Ação social afetiva
c) Ação social tradicional. d) Ação social racional com relação a
valores.

6- (UFU) A respeito do conceito weberiano de ação social, é correto afirmar que:


a) o exercício religioso da fé é uma ação afetiva.
b) a decisão empresarial de inovação tecnológica para enfrentar a concorrência no mercado
é uma ação racional com relação a fins.
c) a ação que se orienta por valores não é uma ação social racional.
d) uma ação que se caracteriza pela livre escolha é tradicional.

7- (UFU/JAN/2001) Para explicar os fenômenos sociais, Weber propôs um


instrumento de análise que chamou de tipo ideal. Esse instrumento pode ser definido
como:
I. uma construção do pensamento que permite identificar na realidade observada as
manifestações dos fenômenos e compará-las.
II. uma construção do pensamento que permite conceituar fenômenos e formações sociais.
III. um modelo perfeito a ser buscado pelas formações sociais históricas e qualquer
realidade observável.
IV. um modelo que tem a ver com as espécies sociais de Durkheim, exemplos de
sociedades observadas em diferentes graus de complexidade.
V. uma construção teórica abstrata a partir de casos particulares analisados.
Assinale a alternativa correta.
a) I, II e V estão corretas.
b) I, II e III estão corretas.
c) II, III e V estão corretas.
d) II, III e IV estão corretas.

8- (UFU/JUL/97) “A fábrica de chocolates Nestlé, em Caçapava, demitiu ontem 140


funcionários e colocou outros 130 em férias remuneradas devido à queda na venda de
seus produtos. “FOLHA DE SÃO PAULO — 28/08/96
a) Cite os quatros tipos de ação social definidas por WEBER.
b) Utilize o tipo de ação adequado para explicar o fato acima descrito.

9- (UFU/JAN/99) Demonstre as relações que Max Weber estabeleceu entre a ética


protestante e a formação do capitalismo ocidental moderno.

10- O motivo para cada ação social, segundo Max Weber, é dado pelo:
a) indivíduo.
b) coletivo.
c) protestantismo.
d) família.
11- Analise as assertivas abaixo acerca da obra “A ética protestante e o espírito do
capitalismo” de Weber, e posteriormente marque V ou F:
( ) A motivação do protestante é o trabalho enquanto dever e vocação, como um fim
absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido através dele.
( ) Buscando sair-se bem na profissão, mostrando sua própria virtude e vocação e
renunciando aos prazeres materiais; o protestante puritano se adequa facilmente ao mercado
de trabalho. Isto explicaria a proeminência de protestantes entre os homens de negócio e
trabalhadores logo no início do capitalismo.
( ) Ao cientista cabe estabelecer conexões de sentido entre as motivações dos indivíduos e
os efeitos de sua ação no meio social. Procedendo assim, Weber analisa os valores do
catolicismo e do protestantismo, mostrando que os últimos em geral, e o Calvinismo em
particular, revelam a tendência ao racionalismo econômico responsável pelo predomínio
das relações sociais capitalistas.
( ) Weber diz ser o capitalismo — em seu início e na sua forma típica — uma organização
econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para a acumulação de bens e seu
conseqüente reinvestimento no setor produtivo. Por isso, a ética puritana condenava o ócio
e o consumismo.
12- A ação social será racional com relação a valores quando:
a)o indivíduo sem orientar-se por fins últimos, agir de acordo com ou a serviço de suas
próprias convicções, levando em conta apenas sua fidelidade a estes valores.
b)o indivíduo, para atingir um objetivo previamente definido, lança mão dos meios
necessários ou adequados, ambos avaliados e combinados prévia e racionalmente.
c)o indivíduo inspirar-se em suas emoções imediatas, sem consideração de meios ou fins a
atingir.
d)o indivíduo agir em função de hábitos ou costumes arraigados, reagindo a estímulos
costumeiros.

13- (UFU/MARÇO –2002) Na canção Estação derradeira, de Chico Buarque, é


apresentada, em breves palavras, parte de um retrato falado do Rio de Janeiro:

Rio de Janeiro
Civilização encruzilhada
Cada ribanceira é uma nação
Á sua maneira
Com ladrão
Lavadeiras, honra, tradição
Fronteiras, munição pesada.
CD FRANCISCO, Chico Buarque, RCA, 1987.

Relacione essa composição com a concepção do sociólogo Max Weber a respeito das
características do Estado moderno e aponte a alternativa correta.

A) De acordo com a perspectiva weberiana, a existência de uma “cidade partida”, como o


Rio de Janeiro, seria reflexo de uma “nação partida” em que os meios de violência são
monopolizados pelas classes dominantes para oprimir as classes dominadas.
B) Segundo a concepção weberiana, é típica de toda e qualquer sociedade de classes que
põem, permanentemente, em questão a possibilidade da existência do monopólio do uso
legítimo da violência.
C) De acordo com Weber pode-se afirmar que, no limite, o Estado brasileiro não está
inteiramente constituído como tal, uma vez que não se revela em condições de exercer,
em sua plenitude, o monopólio do uso legítimo da violência.
D) Conforme a ótica weberiana no Estado moderno, com o surgimento dos exércitos
profissionais, vive-se uma situação em que se tem “o povo em armas”, razão pela qual
não seria surpreendente, para Weber, constatar a situação de violência que campeia,
atualmente, nas metrópoles brasileiras.

14- (UFU/JUL/2001) “Deve-se entender por ‘dominação’, (...) a probabilidade de


encontrar obediência dentro de um grupo determinado para mandatos específicos (ou para
toda sorte de mandatos). Não consiste, portanto, em toda espécie de probabilidade de
exercer ‘poder’ ou ‘influência’ sobre outros homens. (...) Nem toda dominação se serve do
meio econômico. E ainda menos tem toda dominação fins econômicos”.
WEBER, Max. In: Castro, Anna Maria; Dias, Edmundo Fernandes. Introdução ao Pensamento Sociológico. Rio
de Janeiro: Eldorado Tijuca, 1976.
Com base no texto acima, analise as afirmativas:
I- O poder decorrente de qualquer tipo ideal de dominação tem sempre um
conteúdo que lhe atribui legitimidade, seja esta jurídica, costumeira ou afetiva.
II- O poder decorre da posse básica e exclusiva de meios econômicos, sem a qual
não há poder nas sociedades capitalistas.
III- O poder emerge de mandatos extra-econômicos, que são obtidos com ou sem
legitimidade, apenas por agentes do Estado nas sociedades capitalistas.
IV- Para ser exercido, o poder depende de coerções objetivas, físicas e materiais,
embora dispense coerções morais para operar com legitimidade.
Assinale a alternativa correta.
A) I e II estão corretas.
B) I e III estão corretas.
C) I e IV estão corretas.
D) Apenas I está correta.

15- Sobre os tipos de dominação segundo Weber, pode-se afirmar:


I- Crenças, hábitos, normas, costumes, legitimam a dominação tradicional.
II- É a crença na justiça das regras que legitimam a dominação Legal ou Racional.
III- É a crença nas qualidades excepcionais de um líder, profeta ou herói que legitimam
a dominação carismática.
IV- Na dominação tradicional, o governante tem grande liberdade para emitir suas
ordens, que só são limitadas pelos costumes da sociedade.
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) Apenas I, II e III estão corretas.
c) Apenas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas I, II e IV estão corretas.

16- (UFU/JUL/2003) Assinale a alternativa que corresponde à formulação de Max


Weber acerca dos chamados tipos puros de dominação legítima.
A) A dominação legal-racional fundamenta-se na crença dos indivíduos acerca da
validade de um dado instrumento normativo.
B) A dominação carismática articula-se à motivação que os indivíduos têm com vistas
à obtenção de determinados fins para suas ações sociais.
C) A dominação tradicional é a mais apropriada à sociedade capitalista e está presente
nas empresas e nos órgãos governamentais.
D) A dominação carismática realiza, em patamar superior, o espírito do capitalismo,
uma vez que assegura aos investimentos privados um ambiente mais propício ao
lucro desejado.
17- (UFU/FEV-2003 ) Sobre os conceitos de poder e dominação, tal como elaborados
por Max Weber, é correto afirmar que
A) A dominação prescinde do poder, uma vez que os indivíduos que se submetem a uma
ordem de dominação não levam em conta os recursos que possuem aqueles que exercem a
dominação.
B) São equivalentes, pois tanto um quanto outro são relações sociais às quais os indivíduos
atribuem sentido, compartilhando, portanto, motivações.
C) Toda relação de poder implica uma relação de dominação, já que a força sem uma base
de legitimação não pode ser exercida.
E) Não são equivalentes, pois a dominação supõe a presença do consentimento na relação
entre “X” e “Y”, o que, necessariamente, não se dá com o poder.

18- Sobre as relações de poder podemos afirmar que


I- Para alguém exercer o poder, é preciso que tenha força, entendida como instrumento
para o exercício do poder.
II- A força significa, unicamente, a posse dos meios violentos de coerção.
III- Embora a força física seja uma condição necessária e exclusiva do Estado para o
funcionamento da ordem na sociedade, não é uma condição suficiente para a manutenção
do poder.
IV- Segundo Max Weber, o Estado Moderno pode ser reconhecido por dois elementos
constitutivos: a presença do aparato administrativo para prestação de serviços públicos e o
monopólio legítimo da força.
Assinale a alternativa correta.
a) I, II e III estão corretas.
b) II,III e IV estão corretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.

19- ( UFU/FEV –2003 ) Leia os trechos seguintes e faça o que se pede.

1.“A Polícia Federal (PF) prendeu ontem 22 pessoas em sete Estados e no Distrito
Federal, acusadas de envolvimento em uma das maiores organizações criminosas do país,
que atuava no tráfico internacional de drogas e na lavagem de dinheiro (....).”
Folha de S.Paulo, 10/12/2002.

2.O vice-presidente da Câmara de Rio Maria, Artidônio Almeida Brandalise (PST), 55, foi
assassinado com dois tiros na noite de domingo em frente à sua casa por dois homens.”
Folha de S.Paulo, 11/12/2002.

Compare estes acontecimentos noticiados pela imprensa, relacionando-os com a


definição dada por Max Weber do Estado moderno como o detentor do monopólio
legítimo do uso da força.

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