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Processo Dialéctico entre o Homem e o Meio - transformação do meio pelo homem e deste pelo meio.
Isto significa que se estabelecem relações nos dois sentidos, isto é, relações de interdependência. O
Homem, como ser actuante, à medida que atinge estádios superiores de conhecimento, exerce uma
maior acção sobre o seu ambiente, garantindo assim a sua sobrevivência e aumentando a qualidade de
vida, o bem estar, a inteligência, entre outros. A natureza condiciona também o homem.
A Realidade Social é una, não se encontrando compartimentada. Mas para que todas as suas vertentes
possam ser estudadas e aprofundadas com uma fácil análise pelas diferentes ciências, está
artificialmente compartimentada. Todas as ciências sociais se ocupam da mesma realidade social mas
são distintas entre si devido ao seu ponto de vista ou leitura própria, fornecendo uma visão parcelar da
realidade. Se conhecermos todas essas visões parcelares, então obteremos uma compreensão mais
correcta e profundas do fenómeno social analisado, ou seja, a realidade social é tão complexa, tem uma
tão grande diversidade de situações, de fenómenos, que é necessário recorrer à pluridisciplinaridade
como atitude metodológica a tornar para a análise dos factos e fenómenos sociais por forma a adquirir
um conhecimento mais profundo e correcto da realidade. A realidade é portanto pluridimensional, pois
é passível de várias abordagens.
Complementaridade entre as diferentes ciências - para se poder chegar a uma visão e compreensão
total do fenómeno em causa, torna-se imprescindível que as várias análises parcelares se completem
umas às outras. As Ciências Sociais são reciprocamente complementares, pois a leitura que cada uma
faz da realidade social completa ou complementa as leituras feitas pelas outras ciências.
Interdependência entre as diferentes ciências - uma vez que os múltiplos aspectos dos fenómenos
sociais não são mais do que diferentes aspectos de uma só realidade social (uma unidade sob a
diversidade (ou diferenciação) das disciplinas), eles não podem ser independentes uns dos outros; pelo
contrário, eles interferem entre si.
Os diferentes aspectos de um fenómeno interferem entre si na explicação desse mesmo fenómeno. A
complexidade da sociedade actual exige o recurso às várias disciplinas relacionando-as entre si de
forma a adquirir um conhecimento mais profundo da realidade social e de modo a que este
conhecimento seja o mais próximo possível da verdade.
Fenómeno Social Total - são todos os fenómenos sociais, pois todos eles são plurifacetados e
resultantes da complexidade das relações sociais, podendo ser objecto de estudo de várias disciplinas
para melhor compreender o fenómeno. Todos eles têm implicações em diferentes níveis do real
(sociológico, económico, religioso, etc.).
Objecto da Sociologia - Factos sociais - situações que ocorrem na vida social entre os grupos e
instituições sociais (nomeadamente as relações recíprocas - relações estabelecidas entre os indivíduos
duradouramente resultantes de determinadas funções sociais desempenhadas). Estes factos estudados
dividem-se em: - acção social (como existem e são mantidas as colectividades humanas e como se liga
o indivíduo a essas colectividades); - organização social (como se organizam e estruturam os quadros
sociais da vida humana); - mudança social (como se produz a evolução das sociedades humanas).
Os factos sociais são relativos, pois um facto social só faz sentido quando está integrado no contexto
natural e social onde ocorre; verificam-se num determinado espaço e tempo, sendo condicionados pelos
elementos do próprio contexto. Os factos sociais são também exteriores aos indivíduos, pois existem
fora das consciências individuais (a sociedade impõe aos indivíduos modelos de comportamento
(determinadas maneiras de pensar, sentir e agir) independentemente da sua vontade).
Sociologia Geral - estuda o funcionamento da sociedade, a sua evolução, a mudança social, isto de um
ponto de vista global e geral.
Sociologia Especializada - estuda mais aprofundadamente os aspectos particulares sociais (influência
das forças sociais sobre o comportamento dos indivíduos em grupo (escola, família, etc.).
Método da Sociologia: - Atitude Científica - a Sociologia como ciência estuda a realidade de forma
objectiva, procurando estabelecer causas e relações entre os fenómenos. Utiliza o método científico,
conduzindo por isso à formação de ciências.
- Atitude Ideológica - pronuncia juízos de valor relativamente aos fenómenos em estudo. Esta atitude
valorativa não tem em conta o estudo científico dos factos, originando o aparecimento de doutrinas.
O Método Científico como método de estudo dos fenómenos sociais foi defendido por Auguste
Comte, considerado como o “pai da Sociologia”.
Antes de Auguste Comte, as análises/investigações não aprofundavam todas as vertentes dos
fenómenos, havia uma tendência para se formularem apreciações de carácter ético-valorativo
(considerações não válidas cientificamente, pois o cientista recorria normalmente a princípios
normativos e filosóficos para explicar um fenómeno).
Comte então “desenvolveu” a Sociologia como ciência social, defendendo o Método Científico para o
estudo dos problemas sociais. Deste modo, o cientista no seu trabalho de investigação deverá percorrer
várias etapas, onde o confronto das suas propostas com as diferentes provas de validação darão validade
científica às soluções apontadas.
O Método Científico é constituído por 4 fases: a Observação, a Formulação de Hipóteses, a
Experimentação e por fim a Conclusão.
Deste modo passou a existir uma ordem, uma organização na pesquisa científica.
No entanto, o Método Científico não permite prever o comportamento individual, só se aplica
unicamente em relação à generalidade da população. Nas ciências naturais um acontecimento é sempre
verificável, mas nas ciências sociais as leis só se aplicam na generalidade dos casos (representam uma
tendência do comportamento da população mas esse comportamento poderá ser incerto, isto devido à
complexidade dos fenómenos sociais). É o caso de um objecto que é mais procurado quando está na
moda. Este comportamento verifica-se em relação à generalidade da população, mas não se pode
verificar caso a caso, pois nem todos os indivíduos irão procurar esse objecto pelo facto de ele estar na
moda.
Uma ciência social procura a verdade objectiva, então o sociólogo terá de utilizar uma atitude
objectiva no estudo dos fenómenos. Para isso ele deverá estudar os fenómenos ou factos sociais como
“coisas”, isto é, terá de se colocar perante os factos (nos quais ele próprio está envolvido devido ao seu
relacionamento dentro dos grupos sociais) com um certo distanciamento, de modo a que a investigação
não seja influenciada pelos seus sentimentos e envolvimento na sociedade, principalmente pelos juízos
de valor (opiniões pejorativas ou favoritismo) e outros factores externos, os quais distorceriam a
realidade.
O sociólogo deverá fundamentar as suas conclusões com base na observação e experimentação,
utilizando o método científico para que análise da realidade seja objectiva.
- A COMPREENSÃO E A EXPLICAÇÃO -
Por outro lado, a compreensão não é sinónimo de rigor e objectividade de análise se não for incluída
na explicação de um fenómeno a fase da experimentação do Método Científico.
Portanto, estes 2 processos têm de ser conjugados na investigação, pois isoladamente não explicam
com rigor e objectividade os fenómenos sociais, nem definem um Método de Pesquisa.
Para se atingir o rigor científico, será necessário testar, na fase da experimentação, todas as hipóteses
explicativas e utilizar diferentes técnicas para a análise do fenómeno estudado. Deste modo será obtida
uma conclusão mais rigorosa no ponto de vista científico.
Nalgumas colectividades, os seus membros têm necessidade de se identificar com o todo, o qual é
irredutível à pluralidade dos seus membros (o todo não é igual à soma das partes) e em que a
consciência da totalidade só se atinge em determinadas circunstâncias. Há uma ligação/pertença a um
agrupamento, à colectividade, que não impede que cada pessoa se sinta ela própria, com as suas
características particulares. Cada pessoa apenas se anula parcialmente quando passa a ser, em
determinados momentos, membro do conjunto/agrupamento. Só em momentos de enorme
solidariedade/emoção em relação aos outros membros do grupo é que a fusão é mais do que parcial.
Gurvitch distingue três tipos de formas de sociabilidade, de acordo com uma maior ou menor
intensidade do processo de fusão parcial, a qual depende do grau de solidariedade entre os membros:
- Massas - caracterizam-se pela fraca intensidade da solidariedade (este sentimento nasce, geralmente,
da participação semelhante em certos valores) ou baixo grau de consciência da ligação das partes ao
“todo”, pela alguma proximidade psicológica entre os elementos integrantes e uma predisposição
potencial para a acção conjunta quando a ocasião surge, podendo existir uma espécie de capacidade
para compreender os outros. Um exemplo de Massas será a Moda - as pessoas consomem um
determinado produto influenciadas pelas massas.
- Comunhões - caracterizam-se pela solidariedade e forte intensidade da consciência da ligação dos
elementos ao grupo, fazendo com que, em determinadas situações de grande emoção, os indivíduos
sejam capazes de passar à acção, anulando-se pelo todo (as personalidades individuais e as suas
interiorizações atenuam-se a favor dos comportamentos comuns). Nas comunhões os elementos estão
em harmonia e em sintonia, sacrificando-se pelo “Todo”, actuando em favor do grupo onde se inserem.
- Comunidades - caracterizam-se pela intensidade média da consciência da ligação dos elementos ao
“todo” e pela existência de agrupamentos estruturados, estáveis e permanentes que tenham por base um
certo elemento material comum: um território, uma vivência de acordo com um estilo próprio e o
respeito pelas mesmas tradições, crenças, ideias, costumes, etc. Isto constitui o seu “património” com
uma base cuja única significação é ser propriedade indivisível de cada um dos membros da
comunidade.
É o oposto da sociabilidade por fusão parcial. Neste caso os elementos (mesmo que actuem em
conjunto) agem em função do seus interesses individuais e na salvaguarda da sua personalidade. Esta
acção em conjunto resulta de uma situação em que os interesses do grupo convergem. Predomina a
individualidade, mesmo que haja uma conjugação de forças para se atingir um determinado objectivo.
As pessoas não estão motivadas para defender o todo (uma causa comum). O atributo parcial que
caracteriza esta forma de sociabilidade é a oposição não ser permanente nem total, por isso não há
antagonismo. É uma heterogeneidade parcial que não se aplica unicamente aos relacionamentos que
impliquem lutas, conflitos, delimitações recíprocas de interesses, etc., mas também às relações
recíprocas mais próximas e envolventes, uma vez que as pessoas envolvidas “permanecem
essencialmente distintas e parcialmente transcendentes uma à outra”, existindo, então, a “oposição
parcial” entre elas.
⇒ SOCIABILIDADE E ASSOCIAÇÃO/DISSOLUÇÃO
Processos Associativos - tipo de sociabilidade que tende a unir os membros de uma colectividade.
O sociólogo americano Joseph Fichter divide os Processos Associativos em:
Processos Dissociativos - processos de relação com outrem que constituem casos particulares da
sociabilidade por oposição parcial. A oposição não é geral mas é orientada.
Os Processos Dissociativos são constituídos por:
- Oposição - Quando um elemento do grupo impede outro de atingir os seus objectivos. É o exemplo, a
nível político, dos partidos da oposição em relação ao governo.
- Conflito - No conflito cada elemento do grupo tenta prejudicar o adversário, destruindo-o, enquanto
que na oposição o objectivo não é prejudicar mas sim impedir o outro membro do grupo de atingir os
seus objectivos. Quando este conflito se verifica entre classes há uma luta de classes; quando se verifica
entre nações teremos uma guerra.
- Competição - Na competição cada elemento tenta superar o outro nos seus objectivos. Ao contrário
da oposição e do conflito, não se pretende impedir ou anular o outro elemento, mas sim atingir mais
depressa os mesmos objectivos com base no esforço pessoal.
TIPOS DE AGRUPAMENTOS
Os Agrupamentos distinguem-se pela sua estrutura, características próprias, âmbito e natureza dos
objectivos comuns dos seus membros.
A estrutura de um agrupamento é o conjunto das diferentes posições (papéis, cargos, etc.) ocupadas
pelos membros das colectividades e das interacções daí resultantes de forma a existir ajustamento e
ordenação entre cada membro e o “todo”.
Quando se detecta uma determinada estrutura num agrupamento, estamos perante um grupo.
Um Grupo é, portanto, uma colectividade estruturada, um sistema de interacção social formado por
parte dos sistemas de acção dos seus membros. O indivíduo desenvolve vários sistemas de acção por
pertencer a diversos grupos em simultâneo e por estabelecer a sua integração nos mesmos. Por
exemplo, um membro de uma associação de amigos do Pentium será provavelmente membro de uma
família, de uma escola, de um clube, etc. Mantém, portanto, uma relação com todos. Essa relação ou
RESUMO DA MATÉRIA DO 12º ANO DE SOCIOLOGIA (PARA O EXAME)
acções que desenvolve enquanto membro de um grupo poderá influenciar reciprocamente ou não as
acções que desencadeia enquanto membro de outros grupos. Por exemplo, como faz parte da associação
dos amigos do Pentium, poderá perder lá algum tempo e chegar tarde ao jantar de família ou às aulas,
ou por exemplo poderá não ir ao clube por ter muito para estudar.
COLECTIVIDADES ESTRUTURADAS
- os membros do grupo partilham alguns valores, padrões culturais, comportamentos, objectivos futuros,
etc.
- são criadas com determinados objectivos específicos e serão definidas as acções a desenvolver
(atribuição de diferentes papéis sociais) para que os membros atinjam os objectivos. A definição das
posições próprias que cada indivíduo ocupa nas colectividades deriva das funções/papéis/cargos que
assume em cada um dos agrupamentos.
TIPOS DE GRUPOS
- GRUPOS PRIMÁRIOS - grupo restrito onde o relacionamento entre as pessoas é mais expontâneo, íntimo,
natural, informal e próximo, podendo-se encontrar uma identificação dos valores culturais básicos. O
principal objectivo destes grupos é o afecto. É o caso, por exemplo, das famílias, que permite o
equilíbrio emocional.
- GRUPOS SECUNDÁRIOS - o relacionamento entre os membros é mais formal, impessoal e segmentário.
Normalmente é formado por um maior número de elementos, cuja finalidade é de carácter utilitarista ou
interesseira. Predomina como objectivo a eficácia e/ou o sucesso. É o caso, por exemplo, das empresas,
onde existe um clima de competição profissional.
Vantagens: os grupos secundários dão a possibilidade de mobilidade e de ascensão profissional e a
obtenção de benefícios materiais, o que irá dar à pessoa um sentimento de realização pessoal.
Consequências: os grupos secundários originam mudanças de atitudes resultantes do contacto entre as
pessoas nesse grupo, o que vai levar a uma diminuição dos preconceitos e a uma assimilação (por
imitação) dos comportamentos dos grupos a que os indivíduos não pertencem.
A - AGREGADOS SOCIAIS - são colectividades constituídas por indivíduos que se encontram numa situação
não voluntária de proximidade física ou psicológica. Estes agregados não resultam da existência de
relações pré-estabelecidas entre os indivíduos, nem dão origem às mesmas. Este tipo de relacionamento
estabelecido não cria laços sociais entre as pessoas.
O grau de proximidade e a duração das reuniões ou o tipo de comunicação pode variar, dando origem
a agregados sociais específicos: os Compactos (os quais tem como características uma grande
densidade ou grau de proximidade da população envolvida; o tipo de comunicação e duração das
reuniões é temporário; dando origem a diferentes agregados sob a forma de multidão, assistência,
ajuntamento ou manifestação) e os Territoriais (os quais têm uma fraca densidade ou grau de
proximidade da população envolvida, sendo portanto menos compactos; a comunicação e duração das
reuniões podem ser mais prolongadas ou até poderão ser estabelecidos contactos permanentes, o que vai
dar origem à constituição de agregados sob a forma de agregados residenciais (ex.: bairro) ou agregados
funcionais (ex.: Círculos Eleitorais).
Multidão - caracteriza-se pela motivação individual dos indivíduos a reunirem-se com outros; só há
comunicação e participação entre os elementos por mero acaso; os elementos estão fisicamente muito
próximos e a duração das reuniões é temporária ou muito limitada (dura enquanto existir uma
justificação da presença dos elementos num determinado lugar). É o caso, por exemplo, das pessoas que
aguardam a chegada do autocarro. Uma multidão pode dar origem a um ajuntamento.
Ajuntamento - caracteriza-se pela motivação individual dos indivíduos a reunirem-se com outros; é
estabelecido um processo de comunicação de que resultam comportamentos expontâneos, não
estruturados e imprevisíveis (são partilhados pontos de vista, emoções, reacções e atitudes colectivas);
os elementos estão próximos fisicamente e psicologicamente, dependendo o grau de proximidade da
causa do ajuntamento; alguns conjuntos de indivíduos estimulam a reacção colectiva; as reuniões têm
duração temporária ou muito limitada. É o caso, por exemplo, das pessoas que aguardam a chegada do
autocarro e que assistem a um acidente, dando início a um processo de comunicação entre elas,
partilhando opiniões e sentimentos.
Assistência - caracteriza-se pelo mesmo tipo de motivação individual; a comunicação existente não se
estabelece entre os indivíduos assistentes ao acontecimento, mas entre cada um deles e o actor ou
orador; os elementos estão fisicamente e/ou psicologicamente próximos e a duração das reuniões é
temporária ou muito limitada. É o caso, por exemplo, da assistência a uma conferência. Uma
assistência pode dar origem a uma manifestação.
Manifestação - caracteriza-se pela motivação individual e “social” (ou colectiva); há uma
intercomunicação mais facilitada, não se comunicando unicamente com o actor ou orador, mas também
entre outros participantes; há uma comunhão de sentimentos vividos pelos participantes e a duração das
reuniões é temporária ou limitada. É o caso, por exemplo, de uma manifestação a favor ou contra o
governo, uma marcha de grevistas ou um comício político.
B - CATEGORIAS SOCIAIS - são “agrupamentos mentais” que existem na mente de quem exprime
determinada categoria (ex.: a classe social superior é composta por pessoas ricas - esta classificação
deriva das características dos elementos desta classe).
RESUMO DA MATÉRIA DO 12º ANO DE SOCIOLOGIA (PARA O EXAME)
2º- Público:
- conjunto de pessoas reunidas na mente do observador, que têm a característica de se interessar por
determinado bem (material, cultural, artístico, etc.) e para quem uma determinada campanha
publicitária é planeada e dirigida, por exemplo.
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CULTURA - representa a expressão de um determinado grupo e concretiza tudo aquilo que é socialmente
aprendido e partilhado pelos membros desse grupo (as normas, crenças e valores), o que confere a cada
sociedade um aspecto original.
O tipo de cultura condiciona a maneira de pensar, agir e fazer as coisas, pois face a uma determinada
situação, um indivíduo reage de acordo com o seu sistema de elementos culturais espirituais e
materiais.
ELEMENTOS DE CULTURA:
- Espirituais (elementos abstractos) - compreendem as ideias, crenças, normas, valores, usos e costumes
do grupo. Deste conjunto ressalta, pela sua importância, os valores, pois toda a vivência colectiva se
realiza e se ajuíza em função deles. A actividade do indivíduo é condicionada pelas ideias do bem e do
mal, da justiça, da beleza, da liberdade, etc. Há ainda a referir que estes traços espirituais são
transmitidos de geração em geração e reconhecidos ou aceites por cada um de nós.
- Materiais - são as obras realizadas, as técnicas ou os instrumentos de trabalho do grupo que lhe
permitem controlar a Natureza (garantindo a sua sobrevivência) e exprimir o universo espiritual do
homem. Essencialmente, os traços materiais são a maneira de fazer as coisas (modo de actuar e de
realizar as coisas).
Estes elementos, ao fazerem parte integrante da cultura, não podem ser separados, pois entre eles há
uma interacção dialéctica mutua, o que produz a cultura.
Os elementos espirituais condicionam as acções ou o comportamento dos indivíduos (ex.: os povos
que não podem comer carne de vaca, a qual é sagrada), enquanto que os elementos espirituais
condicionam directamente os elementos espirituais da cultura, o que é verificável nas situações de
ruptura histórica e social. A inovação tecnológica que permitiu ao Homem dominar a Natureza
acarretou diversas alterações nas ideias e nos valores sociais. É o exemplo da evolução do conceito de
“aldeia global”, o qual permitiu o contacto entre culturas, levando a uma alteração das normas,
costumes, etc.
Cada grupo ou sociedade tem os seus padrões que se esperam que sejam respeitados pelos
comportamentos dos seus membros, os quais variam de sociedade para sociedade. Esses
comportamentos são exclusivos de cada grupo. Para que um grupo se preserve, as condutas individuais
deverão assemelhar-se, obedecendo a um conjunto de normas próprias (a um padrão social) que
defendam e garantam a ordem social; caso contrário, a vida em grupo será dificultada. Portanto, os
comportamentos que se diferenciam dos padrões considerados “normais” põem em causa a coesão
social, sendo considerados como desviantes. Essas normas têm a “função” de determinar as atitudes e
comportamentos das pessoas, sendo resultantes dos valores aceites pela colectividade (os quais
identificam, diferenciam e distinguem esse grupo dos outros). Esta relação entre as normas e os
valores verifica-se, por exemplo, num determinado comportamento - as normas definem se esse
comportamento é certo ou errado, mas para isso tem de haver a ideia de bem ou de mal, entrando aqui o
plano dos valores. A acção de partir uma janela é errado segundo as normas, mas a ideia de que “partir”
a janela é errado é-nos dada pelos valores.
Portanto, podemos fazer deste modo uma “hierarquia”: os valores situam-se no topo, os quais vão
inspirar as normas, que por sua vez vão condicionar os comportamentos (que podem ser normais ou
desviantes) e as atitudes.
Folkways - são as “maneiras normais de fazer as coisas” para cada comunidade, sendo portanto traços
culturais. São estes traços ou padrões culturais que distinguem as comunidades, sendo transmitidos de
geração para geração (entre os membros dessa comunidade).
As novas gerações absorvem os folkways quer por ensinamento deliberado, quer por observação
directa e por tomar parte na vida em relação a eles, tornado-se portanto esses folkways num modo de
vida. Para a criança, os hábitos de outras culturas vão-lhe parecer estranhos e pouco práticos, situação
que se verificará do mesmo modo na outra cultura.
Deste modo, as normas e regras exteriores ao indivíduo são-lhe imputadas independentemente da sua
vontade, sendo o respeito por elas obrigatório para que o indivíduo seja reconhecido e aceite como
membro do grupo.
Valores - são as concepções gerais do que é o bem para uma comunidade e legitimam os modelos e as
regras de funcionamento das comunidades, mantendo a coesão social.
Os valores:
- são ideias que exprimem qualidades, conduzindo as pessoas a agir de acordo com determinados ideais;
- são ideias que inspiram juízos de valor (exemplos de valores: coragem, justiça, o bem, etc.; juízos de
valor - julgamentos que se emitem em relação a condutas ou comportamentos à luz de determinados
valores (ex.: o ser bonito/feio, ser bom/mau, etc.) );
- servem de guia para as condutas, e estas são sempre julgadas à luz desses valores;
- são relativos - cada sociedade tem os seus próprios valores de acordo com os seus ideais;
- reflectem sempre uma certa carga afectiva porque estão relacionados com os sentimentos;
- encontram-se dispostos segundo uma ordem hierárquica, porque a mesma pessoa pode revelar
diferentes valores de acordo com os papéis que exerce e com o contexto em que se encontra integrado
(ex.: um pai tem um filho que fez algo mau, mas o facto se ser filho vai influenciar a decisão do pai;
mas se quem tivesse feito algo de mau fosse outra pessoa, a situação poderia ser diferente).
Cada cultura possui um carácter exclusivo devido aos seus padrões culturais próprios, tipos formais e
categorias de comportamento individual e colectivo que condicionam, explicam e explicitam as atitudes
no e do grupo. Esta exclusividade e relativismo cultural de cada grupo muitas vezes é desconhecida ou
não é entendida, por isso desde sempre tem havido o impedimento de que alguns grupos aceitem a
existência de outros para além do deles, pois o seu grupo é único e superior. Esta situação denomina-se
por Etnocentrismo Cultural (atitude baseada na convicção de que o povo a que se pertence, com as
suas crenças, tradições e valores, é um modelo a que tudo deve referir-se), sendo característica dos
grupos fechados. Esta situação está na base dos preconceitos (nomeadamente os raciais) associados à
superioridade.
Por vezes essas normas não são acatadas de forma pacífica, ocorrendo deste modo desvios à
normalidade, ou seja, surgem comportamentos desviantes (comportamentos que se diferenciam dos
padrões considerados “normais”, pondo em causa a coesão social).
Não interessa para o 2º teste do 2º período
As teorias do aparecimento de desvios são três:
- Teoria da Associação Diferencial - quando o indivíduo assume atitudes desviadas dos
comportamentos do grupo em que se insere, adoptando outras atitudes e comportamentos ajustados a
um novo grupo ao qual passa a estar inserido. Ex.: o punk.
- Teoria da Rotulação - desvio de certo modo não real, sendo uma opinião preconcebida e comum que
se impõe aos membros de uma colectividade pelo poder oficial. É o caso, por exemplo, de um
indivíduo que seja apanhado pela polícia a cometer um acto menos correcto, sendo classificado como
um marginal ou criminoso.
- Teoria da Desorganização Social - desvio que surge devido ao enfraquecimento dos vínculos sociais
relativamente ao contexto social em que o indivíduo se insere. Ex.: uma situação de grande
instabilidade social e política em que ocorre frequentemente a pilhagem de lojas.
Por vezes a ordem social é ameaçada pelos comportamentos desviantes, os quais são eficazmente
anulados pelo grupo em que esses comportamentos se verificam.
Para combater estes desvios e manter a ordem social o grupo recorre a mecanismos de controlo
social que podem ser de vários tipos:
- controlo físico - ex.: bofetada, algemas, carícias;
- controlo legal ou institucional - ex.: tribunal, leis, regulamentos;
- controlo organizativo ou grupal - ex.: chefe, departamento, horário, toque escolar;
- controlo psicológico - ex.: elogio, crítica, remorso, efeitos de uma recompensa.
Estes mecanismos de controlo social podem ter uma função repressora, orientadora ou educadora,
sendo exercidos na sua maioria pelos grupos secundários e mistos (há neste aspecto uma cooperação
entre as instituições para esse efeito, nomeadamente as escolas, famílias, TV, polícia, justiça, etc.).
Deste modo o grupo vai exercer um certo constrangimento social sobre os seus membros de modo a
prevenir estes comportamentos desviantes, pois submete os indivíduos às normas do grupo, impedindo-
o de realizar actos contrários a essas normas. Por vezes este constrangimento social é insuficiente,
recorrendo-se por isso a coacções físicas, como por exemplo a pena de morte.
Existem muitas formas de sanções utilizadas pelas sociedades para prevenir e/ou corrigir os
comportamentos desviantes dos seus membros. Podem ter a forma de:
- Sanções Positivas ou Recompensas - económicas (ex.: aumento da mesada); morais (ex.: satisfação
do dever cumprido); físicas (ex.: carícia); sociais (ex.: elogio).
- Sanções Negativas ou Castigos - económicas (ex.: corte da mesada); morais (ex.: remorso); físicas
(ex.: bofetada); sociais (ex.: crítica).
Deste modo, podemos definir Controlo Social como o conjunto de meios utilizados pela sociedade
em geral e pelos grupos em particular para obterem a harmonia entre o comportamento dos seus
membros e as normas, valores e padrões estabelecidos pelo grupo.
Uma criança quando nasce não possui cultura, embora ela rapidamente assimile as maneiras de pensar
e agir do grupo. Deste modo a criança, no seu desenvolvimento físico e intelectual, é “modelada” pelos
valores e normas do grupo em que se insere, adquirindo os seus modelos de comportamento. Deste
modo os indivíduos surgem como o produto de uma cultura. Esta cultura é imposta pelo exterior ao
indivíduo, sendo transmitida por herança, como se fosse um bem patrimonial.
Por outro lado, a cultura, ao ser a forma como um grupo se expressa e se realiza, recebe de cada
geração novas normas e valores, sendo portanto cumulativa e evolutiva. Deste modo a cultura vai-se
alterando ao longo do tempo pelos grupos, os quais a herdam como um património, trabalhando-a.
Então, como um indivíduo, sendo um produto de uma cultura, pode alterar essa cultura, sendo então
também um produtor da cultura.
A criança ao nascer é um ser sem cultura, a qual vai adquirindo à medida que toma contacto com o
ambiente do grupo em que está inserida, pois ela vai tomando consciência do que lhe é exterior,
repetindo e imitando atitudes e comportamentos de outros indivíduos (sendo estes na fase inicial os seus
RESUMO DA MATÉRIA DO 12º ANO DE SOCIOLOGIA (PARA O EXAME)
conhecimento do papel de chefe de família e foi interiorizando os comportamentos que lhe são
próprios.
Deste modo, a sociedade espera de cada um de nós determinados comportamentos, dando-se a estas
expectativas da sociedade, relativamente ao nosso comportamento numa determinada circunstância, a
designação de Papel Social.
Como este papel social implica expectativas por parte dos outros intervenientes na relação social, um
papel existe apenas em relação com outros papéis, pois, por exemplo, o papel de pai implica o papel de
filho, o papel de médico implica o papel de doente, o papel de professor implica o papel de aluno, etc.
No entanto, não é só a sociedade que espera determinado comportamento por parte de cada membro
no exercício das suas funções; cada um de nós também espera um determinado comportamento por
parte dos restantes membros da colectividade que se encontram em idêntica situação. O comportamento
que esperamos de um professor é o mesmo que esse professor espera dos restantes professores, pois eles
realizam funções idênticas. Por outro lado (devido ao facto de um papel só existir em relação a outros
papéis), esse professor esperará dos seus alunos o cumprimento dos seus papéis.
Estas expectativas mútuas (o que se espera de nós e o que esperamos dos outros) demonstram a
relação dialéctica existente entre nós, os outros e a sociedade.
ligados, no desempenho de uma determinada função social. Deste modo também pode haver, do mesmo
modo que nos papéis múltiplos, conflitos entre o conjunto de papéis.
Uma socialização correcta fará com que a multiplicidade de papéis que são atribuídos a um indivíduo
sejam cumpridos. No entanto, uma boa socialização não implica a inculcação rígida de regras, o que
poderia ser prejudicial e provocar frustração, mas deverá sim ser, enquanto processo de aprendizagem
de papéis, flexível de modo a permitir uma fácil integração de um indivíduo em qualquer grupo.
A socialização é então um processo de aprendizagem de papéis, pois a integração de cada um de nós
nos diversos grupos a que pertencemos é tanto mais fácil quanto melhor tivermos interiorizado os
comportamentos típicos atribuídos ao papel que iremos desempenhar. É por isso que, durante a
infância, é ensinado às meninas a brincar com bonecas, a tratar da casa, etc., isto com o objectivo de
que elas venham a ser boas mães e boas donas de casa. Hoje em dia as profissões escolhidas
preferencialmente pelas mulheres (professoras, enfermeiras, secretárias, etc.) ainda se encontram
estreitamente ligadas ao seu processo de socialização.
3.4.2 - SOCIALIZAÇÃO E ESTATUTO SOCIAL
O estatuto social designa o lugar ou posição que um determinado indivíduo ou grupo ocupa na
colectividade, assim como os comportamentos que esse indivíduo ou grupo pode esperar dos outros, em
virtude daquele lugar.
Deste modo, o estatuto social abarca o conjunto de privilégios e atributos ligados com a posição que
determinado indivíduo ou grupo ocupa na estrutura social e que os indivíduos em geral aprendem a
respeitar em virtude do processo de socialização a que foram sujeitos.
Portanto, o estatuto social deve-se ao posicionamento hierárquico ocupado na estrutura social. A
divisão social do trabalho leva a uma diferenciação de lugares consoante o prestígio e o poder dos
indivíduos ou grupos, o que leva à existência de estatutos superiores e inferiores. Esta situação leva à
ligação entre o estatuto social e as sociedades estratificadas.
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A socialização é um processo que transmite aos indivíduos a cultura do grupo a que estão ligados e o
modelo de organização social vigente. O respeito pelas regras, papéis e estatutos faz com que o
indivíduo se acomode e se adeque às normas do grupo, portanto a socialização tem um importante
papel no processo de aceitação dos indivíduos que ocupam posições diferentes numa sociedade
estratificada.
Desde há muito que se faz uma diferenciação entre hierarquias de indivíduos e de funções.
Para Karl Marx, a sociedade era um conjunto de indivíduos que tinham uma comunhão de
sentimentos e de posição social (pontos em comum). Esta classe de indivíduos podia entrar muitas
vezes em conflito com a sociedade global, para eliminar as desigualdades e formar uma sociedade sem
classes sociais.
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Existem hierarquias naturais que distinguem os indivíduos: os belos/feios, os sãos/doentes, os
jovens/velhos, etc. Estas poderão estar relacionadas com as hierarquias sociais (a profissão, por
exemplo), mas esta relação não é constante nem necessária.
A estratificação social pode ser definida pelas oportunidades que o indivíduo pode ter, segundo a sua
situação social, de receber em maior ou menor quantidade as coisas que, na sociedade, têm valor ou de
participar mais ou menos nos valores essenciais. Os indivíduos que têm oportunidades mais ou menos
iguais dentro de cada uma das hierarquias relativas a um valor (riqueza ou prestígio, por exemplo)
constituem um estrato.
Os critérios de estratificação social poderão ser:
- subjectivos - prestígio e imagem social (depende de uma avaliação feita por outra pessoa e da
avaliação que cada um faz de si próprio).
- objectivos - que se dividem em quantitativos (ou quantificáveis - ex.: riqueza, rendimento, grau de
escolaridade) e em qualitativos (ex.: raça, etnia, traços culturais).
O estatuto social designa o lugar ou posição que um determinado indivíduo ou grupo ocupa na
colectividade, assim como os comportamentos que esse indivíduo ou grupo pode esperar dos outros, em
virtude daquele lugar, o qual pode ser transmitido ou adquirido.
Deste modo, o estatuto social abarca o conjunto de privilégios e atributos ligados com a posição que
determinado indivíduo ou grupo ocupa na estrutura social e que os indivíduos em geral aprendem a
respeitar em virtude do processo de socialização a que foram sujeitos. Isto concede ao indivíduo uma
posição que é só sua.
Portanto, o estatuto social deve-se ao posicionamento hierárquico ocupado na estrutura social. A
divisão social do trabalho leva a uma diferenciação de lugares consoante o prestígio e o poder dos
indivíduos ou grupos, o que leva à existência de estatutos superiores (dominantes) e inferiores
(subordinados). Esta situação leva à ligação entre o estatuto social e as sociedades estratificadas.
O estatuto social difere de indivíduo para indivíduo ou de grupo para grupo, consoante os critérios de
valor social vigentes e aceites pela sociedade, como por exemplo a cor, sexo, idade, religião, etc. Deste
modo, cada sociedade inculca aos seus elementos as características próprias do grupo, tendo esses
membros o dever de as aprender e aceitar. Deste modo, é normal o estatuto de inferioridade da mulher
face ao homem, do negro face ao branco ou do jovem face ao adulto.
O estatuto social atribuído é o lugar que cada indivíduo ocupa nos diferentes grupos a que pertence
ou no conjunto da sociedade global e que lhe foi inquestionavelmente transmitido ou atribuído. É o
caso, por exemplo, de um estatuto de filho, herdeiro ou monarca que ascende ao trono por via
hereditária, o caso de um administrador de um conjunto de empresas que sucede ao seu progenitor ou o
factor cultural que determina à partida que a mulher terá a função de “dona de casa”. Nestes casos, os
indivíduos nada fizeram para terem direito ao cargo ou posição social que ocupam. Esta situação é
característica das sociedades tradicionais, as quais têm falta de dinamismo e de abertura, logo são
pouco permeáveis à mudança. Nelas, os papéis e os estatutos sociais estão previamente distribuídos a
determinados indivíduos que apresentam os requisitos biológicos, sociais e culturais necessários. Isto
vai retardar ou condicionar a mudança, assegurando-se a reprodução social existente.
O estatuto social adquirido resulta por sua vez de um certo esforço dos indivíduos para o alcançar. É
o caso de um indivíduo casado, com profissão ou de um candidato a um cargo político. Nestes casos, o
indivíduo tem de agir para conseguir este novo estatuto. As sociedades democráticas caracterizam-se
pelas possibilidades que proporcionam aos seus membros de adquirirem estatutos que lhes sejam mais
favoráveis. É concedido, por exemplo, aos jovens a possibilidade de estudar e adquirir os
conhecimentos necessários a uma profissão, de modo a que eles obtenham uma posição social e o
RESUMO DA MATÉRIA DO 12º ANO DE SOCIOLOGIA (PARA O EXAME)
respectivo estatuto superiores aos dos pais. Claro que o subir numa hierarquia depende das capacidades
(talento e competência) do próprio indivíduo.
Assim, numa sociedade aberta (ainda que estratificada), há uma grande possibilidade de mobilidade
social, desde que o indivíduo respeite os valores e objectivos dela.
Desde há muito que se faz uma diferenciação entre hierarquias de indivíduos e de funções. Já antes de
Cristo, Aristóteles fazia uma hierarquização, ao afirmar que a população se repartia por três grupos: os
muito ricos, os medianamente ricos e os muito pobres.
Desde aí tem sempre havido uma tendência para hierarquizar a sociedade segundo diferentes critérios:
tipo de trabalho, riqueza, habilidades e capacidades, etc. Deste modo, sempre houve grupos e
indivíduos que ocupam posições específicas, havendo assim uma atribuição de estatutos
hierarquicamente dispostos. Esta hierarquização de estatutos vai influenciar o modo como os indivíduos
se relacionam entre si. O modo como um aluno se dirige a um colega será (à partida) diferente de
quando se dirige a um professor. Esta situação leva a que, por exemplo, a comunicação entre um
indivíduo e os outros que ele considera como seus iguais seja muito mais fácil do que a comunicação
com os restantes indivíduos, quer sejam de estatutos superiores, quer inferiores. Isto deve-se ao
conjunto de códigos linguísticos e comportamentais que torna mais simples a comunicação entre os
iguais.
A hierarquização social tornou-se necessária na sociedade moderna devido à sua complexificação e
desenvolvimento tecnológico, o que levou ao surgimento de inúmeras funções sociais e à necessidade
da atribuição de funções, deveres e privilégios diferentes aos indivíduos. Esta hierarquização resulta dos
critérios e valores estabelecidos e aceites pela sociedade e que foram, na socialização, imputados nos
indivíduos. O respeito por estas regras, papéis e estatutos fazem com que o indivíduo seja posicionado
hierarquicamente.
Existem hierarquias naturais que distinguem os indivíduos: os belos/feios, os sãos/doentes, os
jovens/velhos, etc. Estas poderão estar relacionadas com as hierarquias sociais (a profissão, por
exemplo), mas esta relação não é constante nem necessária.
Uma hierarquia supõe uma referência a valores: os homens podem ser mais ou menos belos, ricos,
virtuosos, influentes, etc., pois a beleza, a riqueza, a virtude, a influência são valores que se podem
situar numa escala de apreciação. Os valores que estão directamente relacionados com o seu lugar na
sociedade são os que se baseiam na ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL , a qual pode ser definida como a disposição
hierárquica de indivíduos de um grupo ou sociedade que apresentam características idênticas, dando-
lhes a oportunidade, segundo a sua situação social, de receber em maior ou menor quantidade as coisas
que, na sociedade, têm valor ou de participar mais ou menos nos valores essenciais. Os indivíduos que
têm oportunidades mais ou menos iguais dentro de cada uma das hierarquias relativas a um valor
(riqueza ou prestígio, por exemplo) constituem um ESTRATO . Esta hierarquização de estatutos ou
posições sociais vai levar a uma desigualdade tanto na divisão das coisas que têm valor social como na
participação nos valores sociais.
Como a estratificação social pressupõe determinada categoria, são necessários critérios para que ela
seja efectuada.
Normalmente os utilizados são os critérios económico (situação económica e financeira das famílias,
a qual deriva da desigual repartição dos bens e rendimentos da sociedade), político (importância
política de cada indivíduo ou grupo) e sócio-profis-sional (resultante da diferente importância atribuida
a cada profissão), os quais poderão ter elementos:
- subjectivos, os quais variam de sociedade para sociedade e de contexto para contexto, baseando-se no
prestígio e imagem social (depende de uma avaliação feita por outra pessoa e da avaliação que cada um
faz de si próprio).
- objectivos - são observáveis e mensuráveis, dividindo-se em quantitativos (ou quan-tificáveis - ex.:
riqueza, rendimento, grau de escolaridade) e em qualitativos (produ-zem uma hierarquia escalonada de
categorias discretas e delimitadas. Ex.: raça, etnia, traços culturais).
Portanto, existem inúmeros critérios, não havendo entre eles limites rígidos e precisos. Cada
sociedade possui os seus critérios de estratificação, os quais podem variar de grupo para grupo ou
podem não estar perfeitamente definidos. Muitas vezes é difícil enquadrar os indivíduos num estrato
social específico, pois a maior parte dos indivíduos pertencem a estratos diferentes.
RESUMO DA MATÉRIA DO 12º ANO DE SOCIOLOGIA (PARA O EXAME)
Para Marx, as classes sociais eram constituídas por indivíduos que, por existir entre eles uma certa
comunhão de aspirações e de papéis a desempenhar, se posicionavam em relação à sociedade global,
defendendo os seus interesses e liderando ou participando no poder. Portanto, as classes sociais eram
constituídas por indivíduos que representavam uma classe em si e simultaneamente uma classe para si,
a qual era consciente de si própria, tendo uma capacidade de decisão e acção concertada e colectiva. As
classes sociais dependiam da instituição da propriedade, por isso haveria uma divisão entre a classe dos
proprietários dos meios de produção e a classe dos não proprietários. Marx defendia a abolição da
propriedade privada dos meios de produção, de modo a que houvesse uma sociedade sem classes. Isto
seria possível por meio de uma luta de classes (devido às desigualdades existentes), pois uma classe só
existe para si em oposição às outras. Por meio desta luta, a classe em si transformar-se-ia num agente
histórico.
Então, o conceito de classe social é diferente do de estrato social, pois uma classe social representa
uma divisão efectiva da sociedade que implica lutar contra a classe antagónica, desde que essa classe
tenha uma consciência científica e objectiva, enquanto que um estrato social representa apenas uma
divisão metodológica e ideológica que vai confrontar a posição desse estrato com os outros.
Existem tantos estratos sociais quantos os critérios adoptados pela sociedade, os quais variam no
espaço e no tempo. É o caso dos factores raça, nobreza, religião, riqueza, etc.
Classes sociais só existem duas, as quais se definem segundo um critério real: a propriedade dos
meios de produção. Este critério é objectivo, pois o acto de produzir é indispensável à sobrevivência
dos indivíduos. Deste modo, segundo este critério, existem duas classes sociais: a dos proprietários:
burguesia, e a dos não proprietários: proletariado.
O conceito de classe social de Max Weber diverge do de Karl Marx no que respeita ao papel da
ideologia da criação das classes sociais. Para ele, uma classe social identifica-se com a situação de
classe dos indivíduos consoante a posição que ocupam na sociedade, de acordo com os critérios
(económico, social e político) que ele definiu.
Sorokin, por sua vez, caracteriza classe social como uma forma de grupo: - aberto mas, na prática,
semi-fechado; - solidário; antagónico, relativo a outros; - semi-organizado; em parte consciente; pós-
sociedade industrial; determinado pelos critérios económico, social e profissional.
A análise social veio considerar outros factores caracterizadores da classe social para além do
posicionamento de cada indivíduo face à propriedade dos meios de produção, de que são responsáveis o
desenvolvimento da actividade económica, com a possibilidade de valorização cultural do trabalhador e
dos benefícios de rendimento de capital.
Nos últimos anos tem-se sentido a necessidade de alargar o conceito de classe social, pois o
desenvolvimento económico, a democratização da educação e do processo político têm vindo a atenuar
as desigualdades sociais, dando a oportunidade aos indivíduos de exprimir livremente as suas opiniões
pela luta política e pelo acto eleitoral.
Deste modo, a luta de classes tem vindo a ser substituída por diversas formas de concertação social,
caminhando-se para uma sociedade de classes médias.
Estas sociedades são desenvolvidas do ponto de vista económico, social e tecnológico, o que levou à
criação de novas profissões, novos postos de trabalho, etc., com a consequente criação de novos
estatutos (alterando o sistema de estratificação social).
Todavia, para que um indivíduo seja realmente aceite pelos membros do estrato a que ele pretende
ascender, é necessário que esse indivíduo assimile na sua mobilidade os elementos culturais do novo
estrato, de modo a agir segundo os respectivos padrões de comportamento. Caso isso não se verifique,
ele será olhado como um estranho ou um recém chegado, nunca sendo considerado por isso como um
igual. Portanto, num processo de mobilidade social, os indivíduos são forçados a socializarem-se ou
ressocializarem-se de acordo com os valores do grupo de referência a que querem vir a pertencer e que
lhes serve como referencial de comportamentos.
Muitas vezes os novos grupos que dominam os novos processos de produção e de informação tornam-
se como grupos de referência para uma grande parte dos membros da sociedade, enquanto os
tradicionais grupos sociais privilegiados sentem o seu poder e estatuto diminuir, sendo obrigados a
resistir ou a adaptar-se.
Deste modo, surgem por vezes entre os diversos grupos relações de certo modo conflituais,
repercutindo-se nos indivíduos em geral. De um lado surgem os que, ao caminharem de modo
ascendente, defendem a mudança; do outro lado estão os que defendem a fidelidade e o respeito pelas
tradições, alertando para os perigos, incerteza e insegurança da mudança, do novo, do desconhecido e
elogiando as vantagens do antigo.
Assim, a acção dos agentes em cada momento e nomeadamente nas sociedades mais modernas pode
ser contraditória e conflitual, contribuindo para o acelerar ou retardar da mudança.
É através da socialização que nos tornamos «iguais» e somos aceites pelos nossos «pares». Então, a
interiorização gradual das normas e valores do grupo pelo indivíduo fazem com que ele seja aceite
como membro, com iguais direitos e deveres no grupo. Essa interiorização realiza-se ao longo de
períodos longos e de forma tão natural que os indivíduos dificilmente discutem esses valores
apreendidos. Neste sentido, um eficaz processo de socialização é um factor indispensável à aceitação
total das normas e valores do grupo, contribuindo para a respectiva reprodução social.
Simultaneamente, a socialização adquire também o estatuto de controlo social, na medida em que ela
impede que os indivíduos actuem de forma diferente da esperada (impede os indivíduos de se afastarem
das normas, isto é, de terem comportamentos desviantes). Assim, a socialização contribui para a
reprodução social, assumindo a natureza de uma verdadeira forma de controlo social.
O contributo do processo de socialização para a reprodução social varia de sociedade para sociedade,
ou na mesma sociedade ao longo do tempo.
De facto o controlo social exercido pela socialização é mais eficaz numa sociedade fechada, pois é
nestas onde tudo se faz conforme as regras impostas, enquanto que numa sociedade aberta aparecem
novas formas de relacionamento em cada momento, originando-se novas colectividades, normas e
valores, o que vai exigir novos processos de socialização.
Uma formação social é sempre solicitada a produzir os bens necessários à sua sobrevivência imediata,
mas para que a sua continuidade seja assegurada, é necessário garantir também às gerações futuras a
possibilidade de produção para que se verifique a sua reprodução. Além da reprodução material, a
sociedade também deverá garantir a sua reprodução cultural e ideológica, para que as relações de
produção (cuja reprodução é essencial) não se transformem, e com elas todas as características da
formação social.
Caso uma formação social utilizasse em certo momento todos os seus recursos, não poderia continuar
a satisfazer as necessidades dos seus membros, pois a actividade produtiva viria a terminar.
Portanto, para que a formação social se reproduza, ela deverá garantir a utilização dos meios de
produção nos anos vindouros, ou seja, os meios de trabalho (estradas, edifícios, máquinas, terras, etc.)
e os objectos de trabalho (matérias-primas e matérias auxiliares). Deste modo, a actividade produtiva
deverá não só produzir os bens essenciais à nossa subsistência imediata, como também prover a
substituição dos meios de trabalho deteriorados, a reprodução das matérias primas, utilização racional
dos recursos, etc.
RESUMO DA MATÉRIA DO 12º ANO DE SOCIOLOGIA (PARA O EXAME)
Uma formação social, além de assegurar a reprodução dos meios de produção e da força de trabalho,
também pretende ver reproduzido o seu modo de produção dominante. Por isso, a reprodução social
também reproduz o sistema de estratificação social que caracteriza a formação social (portanto, é
mantida a dominância das classes e estratos dominantes).
É necessário que se reproduzam as condições sociais de produção (as relações de dependência e de
subordinação estabelecidas entre os indivíduos ao longo do processo produtivo) para que haja uma
reprodução do modo de produção dominante. Portanto, a reprodução social exige tanto a reprodução
das forças produtivas (força de trabalho e meios de produção) como também a reprodução das relações
sociais de produção.
2.2 - A IDEOLOGIA
existe no seio da classe dominada um grupo de indivíduos que, conscientes da sua posição, produzirão
um sistema de representações que orientará a actuação da classe.
Então, como as ideologias não são mais do que os prolongamentos teóricos das classes “rivais”, a
oposição classe dominante/classe dominada deverá conduzir ao nascimento e desenvolvimento do
antagonismo ideologia dominante/ideologia dominada.
Todos os grupos produzem um sistema de ideias e o respectivo código de leitura, o qual espelha as
suas funções sociais, a sua leitura do real e justifica os seus comportamentos, ou seja, todos os grupos
produzem a sua própria ideologia. Portanto, a ideologia é inerente à vida social de qualquer grupo.
A ideologia, apesar de ser produzida por um grupo, também o vai exortar e orientar a agir de acordo
com os seus objectivos.
As Instituições Sociais representam procedimentos (maneiras de pensar, sentir e agir) aceites pela
sociedade com vista a atingir determinados objectivos.
Deste modo, podemos considerar uma empresa, por exemplo, como uma instituição, pois é uma
forma encontrada e aceite pela sociedade para produzir os bens e os serviços necessários, dando
empregos e distribuindo o rendimento. Também o namoro é uma instituição social pelo facto de ser
aceite pela sociedade como uma forma de dois indivíduos se conhecerem melhor antes de constituírem
família, assim como a greve, sendo por ela que os indivíduos trabalhadores lutam pela defesa dos seus
interesses.
As instituições, ao serem um produto social, acompanham a evolução social, sendo portanto sistemas
organizados e relativamente permanentes, tornando-se os padrões comportamentais de referência que as
caracterizam em verdadeiros traços culturais. Por exemplo, nos países ocidentais o casamento
monogâmico é uma instituição, mas nos países islâmicos praticam-se casamentos poligâmicos, os quais
fazem parte de um padrão comportamental de referência para os indivíduos dessas sociedades.
As instituições sociais, à semelhança das estruturas sociais, são afectadas pelas alterações sociais que
uma sociedade conhece, sejam elas de ordem económica, religiosa, política, etc.
- as Maneiras de Solucionar tais Necessidades - cada instituição tem a sua forma de dar resposta às
suas necessidades sociais de base. Ao identificar-mos as maneiras de solucionar as necessidades de uma
instituição, saberemos de que instituição se trata. É o caso da escola, a qual responde às necessidades de
formação dos alunos por meio das aulas, realização de trabalhos de pesquisa, investigação prática,
esclarecimento de dúvidas, etc.
Então, qualquer instituição representa um sistema organizado de relações sociais, fiel a determinados
valores de comportamento e disposta a satisfazer as necessidades básicas da sociedade.
A instituição, ao pretender alcançar os seus objectivos, deverá definir os papéis dos seus membros
para que haja uma acção conjunta bem sucedida. É possível identificar através da rede de papéis os
diferentes estatutos ocupados pelos indivíduos. Assim, uma instituição é também uma organização de
relações sociais e os seus papéis e estatutos serão elementos a considerar.
As instituições também possuem um código de comportamentos que respeitam e um sistema de
valores que pretendem preservar. É o caso de uma família, na qual existe um conjunto de papéis
(pai/filho/cônjuge/...) a que corresponde uma rede de estatutos que variará geográfica e historicamente.
Existe também um sistema de valores comuns - o respeito pela vida em família, pelo amor, pelos filhos,
etc., - e um código de comportamentos - namoro, casamento, cuidados com os filhos, lide caseira, etc.
Estes códigos de comportamento são parte importante do controlo socialmente exercido para que a
instituição continue coesa e operante. No entanto, não existe uma garantia do seu cumprimento, pois,
por exemplo, um marido pode ser infiel.
As instituições têm também um sistema de sanções como forma correctiva, preventiva e repressiva
de eventuais comportamentos desviados. É o caso, por exemplo de um corte na semanada quando um
filho não estuda - é uma sanção aplicada como forma de corrigir um comportamento não
institucionalmente desejado.
Um último elemento institucional é formado pelos símbolos culturais, como uma aliança, por
exemplo, que tem a função de lembrar aos membros das instituições os seus papéis (neste caso a aliança
serve para recordar a um indivíduo o casamento...).
As instituições representam elementos de grande interesse sociológico, pois permitem identificar não
só os agentes sociais encarregados do referido processo de produção e reprodução social, como também
nos possibilitam analisar o modo como eles executam a sua missão ideológica, suporte indispensável à
reprodução social.
A reprodução é assegurada através das instituições sociais, que pela repressão física, pela coacção
psicológica ou por processos de aprendizagem contribuem para o processo de reprodução social, através
da manutenção e aceitação da ordem social.
No entanto, a utilização dos aparelhos repressivos nem sempre tem conseguido impedir eficazmente o
desvio às normas sociais.
A ideologia ensina a cada indivíduo o papel e o lugar respectivos no sistema de estratificação social,
no sentido de assegurar a reprodução das relações de produção. É por isso que até há muito pouco
tempo as brincadeiras das raparigas eram orientadas para o treino da função de mãe, dona de casa,
professora e enfermeira.
Só quando cada indivíduo se convencer de que o lugar que lhe foi destinado na formação social é o
único e legítimo lugar que deve ocupar, é que a reprodução das relações de produção se encontra
assegurada. A reprodução da força de trabalho exige, portanto, não só a sua reprodução física, mas
também a reprodução da sua submissão às normas e regras da ordem estabelecida, isto é, à ideologia
dominante na formação social.
Tal ideologia é-nos veiculada por inúmeras instituições com personalidade jurídica própria que, não
se confundindo com o estado, contribuem para a manutenção do status quo, mesmo quando se
antagonizam de forma pontual.
desmontar e criticar a ordem vigente, colaborando assim para a ascensão política do sindicado
Solidariedade, veículo de uma nova ordem social, transformando-se assim numa contra-instituição.
Os meios de comunicação estão nos nossos dias, a par da escola, a tornar-se o meio mais poderoso
para veicular a ideologia dominante, no sentido de assegurarem a reprodução das relações de produção,
dada a natureza envolvente e penetrante dos processos utilizados para chegar, em cada momento, a
todos nós.
Os meios de comunicação social têm as seguintes funções: - como já foi referido e tal como as
instituições, são um meio de veicular a ideologia dominante, assegurando a reprodução social; - servem
para impor e legitimar o status social (conferem prestígio e autoridade); - impõem normas sociais
(revelam situações ou actos em desacordo com a norma ou moral pública); - manipulam a opinião
pública (controlam os seus comportamentos).
Controlo Social é o conjunto de processos sociais pelos quais uma sociedade impõe a ordem social
sobre os indivíduos e mantém a sua coesão. Para tal, tais processos constróem e mantêm a organização
social, formam a personalidade humana, socializando o indivíduo e tornando-o responsável
relativamente à sociedade que integram. No entanto, o controlo social não é necessariamente
conservador, pois pode preservar a unidade social na mudança, levando cada indivíduo a desempenhar
o seu papel numa evolução ou mesmo numa revolução. Este controlo social tem um aspecto
constrangedor, sendo inconscientemente aceite pelos indivíduos, podendo ser: - positivos (sugestões,
mandamentos); - negativos (tabus, interdições); - formais (leis, prescrições) e vagos (aprovação difusa,
troça). No estudo do controlo social pode-se distinguir:
- os focos (de onde é emanado o controlo: organismos centrais, grupos de pressão, leaders);
- as formas (elementares - cerimónias, prestígio e gregarismo; opinião pública e instituições).
Todos estes aspectos do controlo social são suportados por valores, ideais e preconceitos.
- os meios (implícitos ou explícitos, sugestões, sanções, actos de autoridade, efeitos de prestígio, de
propaganda, de publicidade).
RESUMO DA MATÉRIA DO 12º ANO DE SOCIOLOGIA (PARA O EXAME)
Na sociedade moderna, as comunicações de massas podem ser meios importantes de controlo social,
sob aspectos estáticos (dinâmicos).
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3 - MUDANÇA SOCIAL
Uma Mudança Social é uma qualquer alteração estrutural ou funcional ocorrida numa organização
social ou numa organização mental dos indivíduos ou grupos.
Uma mudança social deverá satisfazer certos requisitos. Deverá:
- ser um fenómeno colectivo, que afecte e implique um conjunto substancial de indivíduos que verão,
assim, alterados o seu modo e condições de vida;
- corresponder a uma mudança de estrutura e não a uma adaptação funcional das estruturas
existentes. Assim, tornar-se-á possível observar alterações profundas na forma de organização social
passíveis de comparação com as formas anteriores.
- ser possível identificá-la no tempo, o que nos permite detectar e descrever as alterações estruturais a
partir de um ponto de referência. Assim, a mudança social será a diferença observável entre dois
estados da realidade social.
- ser permanente. Qualquer evento passageiro, independentemente da sua força de pressão e de
desorganização social, não conduz à mudança social, pois os seus efeitos desaparecem
progressivamente com a adaptação funcional do sistema cultural existente.
Existem diversos tipos ou situações de mudança, que vão provocar alterações na organização e
estrutura social. Pode ser:
- Política - provoca alterações na organização e instituições políticas e na estrutura político-social;
- Económica - provoca alterações na organização económica e na estrutura político-económico-social;
- Social - provoca alterações na organização e instituições sociais e na estrutura e relacionamento
sociais;
- Geográfica - provoca alterações na geografia humana, devido a, por exemplo, fenómenos
migratórios;
- Demográfica - provoca alterações no tamanho ou composição de uma população;
- Tecnológica - provoca alterações nas tecnologias, indo afectar o estilo de vida e o sistema de inter-
relações sociais;
- Cultural - provoca alterações na cultura, devido a, por exemplo, uma invenção, pelo acréscimo de
palavras novas à linguagem, novas formas de propriedade, etc.
As sociedades normalmente mudam devido a novas descobertas e invenções no interior dos sistemas,
ou os mesmos sistemas podem receber por empréstimo (por contactos) elementos de outra cultura por
pressões internas, e por pressões internas ou externas.
Estas mudanças vão-se repercutir na organização da produção e nos modos de repartição da riqueza
criada, nos valores e modelos de comportamento, no tipo de instituições e respectivos objectivos, nos
modos de pensar, no nível e no estilo de vida das populações, etc., assumindo-se como factores que de
forma permanente irão condicionar a reprodução social.