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2 - Estuda a vida das pessoas em sociedade e os fenómenos sociais que daí advêm (A
Sociologia analisa a realidade social, encara os fenómenos sociais como factos sociais
que envolvem relações entre os indivíduos e integra-os no seu contexto social)
3 - Procura entender o ser humano como uma construção social e compreender o sentido
que os indivíduos dão às suas ações (é o estudo das relações sociais e dos contextos em
que estas se formam e ocorrem);
Peter L. Berger:
“O facto de formular interrogações sociológicas pressupõe, portanto, que o sociólogo
esteja interessado em olhar para além das metas das ações humanas comummente
aceites ou oficialmente definidas. Pressupõe uma certa consciência de que os factos
humanos possuem diferentes níveis de significado, alguns dos quais ocultos à
consciência da vida quotidiana. Pode até pressupor uma certa dose de suspeita quanto
à maneira como os factos humanos são oficialmente interpretados pelas autoridades,
sejam factos de carácter político, jurídico ou religioso (..). Podemos, então, conceber a
"sociedade" também como a estrutura oculta de um edifício, cuja fachada exterior
esconde aquela estrutura (...). (...) a perspetiva sociológica pode assim ser
compreendida em termos de uma frase coloquial como "olhar por detrás dos
bastidores"
Imaginação sociológica (Wright Mills) - Procura constante do cruzamento entre as
histórias de vida individuais e as circunstancias históricas em que elas se
desenrolam (económicas, políticas, sociais e culturais)
As distintas ciências sociais analisam o mesmo objeto real (a realidade social) embora
tenham diferentes interesses, pontos de vista ou perspetivas.
3. A interdisciplinaridade
É impossível compreender qualquer fenómeno ao tomá-lo isoladamente e
desligando-o dos restantes factos sociais com os quais interage e do contexto que o
envolve e condiciona. Se procedermos desta forma, decerto perderemos o conjunto das
interdependências deste fenómeno e também o todo social de que ele faz parte.
Por outro lado, ao haver uma investigação conjugada e complementar das várias
ciências (ação interdisciplinar), produzir-se-ão conhecimentos integrados, completos e
profundos, ou seja, mais próximos da realidade social entendida como uma totalidade.
Todas as ciências sociais podem ser mobilizadas para analisar um certo fenómeno.
Génese e objeto da sociologia
4. Surgimento
Dupla Revolução - Revolução industrial e Revolução francesa (transformações sociais,
económicas e políticas)
Neste novo contexto, estavam criadas as condições para o aparecimento das ciências
sociais, pois estas, ao estudarem os fenómenos sociais de uma forma objetiva e
sistemática, permitiam um conhecimento da realidade social que facilitava a
intervenção social.
Pioneiros da Sociologia
- Auguste Comte (criou o termo “sociologia”)
- Karl Marx
- Herbert Spencer
- Émile Durkheim
- Max Weber
Factos sociais são factos decorrentes da vida em sociedade e traduzem-se por maneiras
de agir, de pensar e de sentir que se generalizam, isto é, se repetem em todos os
membros de uma sociedade ou de uma comunidade específica.
- Coercivos (As maneiras de agir, de pensar e de sentir são detidas pelos indivíduos
através do processo da educação, de uma forma imperativa, isto é, existem sanções para
quem não as respeitar)
Segundo Durkheim e baseado no seu estudo do suicídio como facto social, existem
forças sociais externas ao individuo que influenciam as taxas de suicídio, ou seja, são
produto de uma totalidade social e não se reduzem a atos meramente individuais.
6. Max Weber
A estrutura social e ação social
De facto, apesar da influência exercida pela estrutura social, não deixamos de ser
relativamente autónomos, pois fazemos escolhas acerca da nossa conduta, refletimos
criticamente sobre as regras que a sociedade tende a impor-nos, adaptamo-nos e
modificamos as normas e valores em função das circunstâncias. Numa palavra,
atribuímos um certo sentido às nossas ações individuais que desencadeamos
intencionalmente.
Max Weber
«Por "ação" deve entender-se um comportamento humano (quer consista num fazer
externo ou interno, quer num omitir ou permitir), sempre que o agente ou os agentes lhe
associem um sentido subjetivo. Mas deve chamar-se ação "social" aquela em que o
sentido intentado pelo agente ou pelos agentes está referido ao comportamento de
outros e por ele se orienta no seu decurso.»
A Sociologia e o amor
“Terá a Sociologia algo a dizer sobre o amor? Se considerarmos que as relações
afetivas são uma das dimensões das relações sociais, o amor torna-se então suscetível
de ser objeto de análise sociológica. Dimensão particular das relações sociais, na
verdade o Amor evolui à medida que as sociedades se transformam e varia consoante
numerosos fatores, nomeadamente a pertença social.
Por outras palavras, esse sentimento não é vivido por todos da mesma forma, não se
refere a uma mesma simbologia social, não está codificado por um mesmo discurso,
não se perfila num mesmo futuro, não ativa os mesmos comportamentos e atitudes e
não é predeterminado: recompõe-se ao longo das experiências vividas.
Se, por um lado, o amor mantém uma dimensão mágica (o "apaixonar-se"), por
outro, são numerosos os elementos que testemunham o seu carácter profundamente
social, nomeadamente a homogamia - proximidade social e cultural dos parceiros.”
10. Dificuldades da produção do conhecimento científico na Sociologia
Obstáculos que o senso comum coloca ao trabalho científico:
- Familiaridade com o social;
- Explicações do tipo naturalista;
- Explicações de tipo individualista;
- Explicações de tipo etnocentrista
Quanto mais próximo está o sociólogo da realidade que pretende analisar, maior é
o risco de enviesamento da pesquisa e mais difícil é o processo de rutura com as
crenças do senso comum, porque mais forte é a ilusão de transparência do social.
Explicações naturalistas
Por vezes, tentamos explicar certos fenómenos sociais recorrendo a explicações
naturais, ou seja, a fatores de ordem física ou biológica, o que nos leva a atribuir as suas
causas à suposta natureza das coisas: a natureza humana ou as características de um
povo, de uma raça ou de um dos sexos.
Ora, tais explicações são perigosas do ponto de vista científico porque tendem a
assumir-se como inquestionáveis e inevitáveis, dispensando um olhar crítico sobre
essas realidades.
Explicações individualistas
Outros dos recursos que habitualmente utilizamos para explicar os fenómenos sociais
são os de ordem individual ou psicológica. Tal acontece porque as causas sociais
dos fenómenos raramente são evidentes, pelo que se torna mais simples e cómodo
recorrer a este tipo de justificações. O já referido trabalho de Émile Durkheim sobre o
suicídio é uma ótima demonstração de como ultrapassar as explicações individualistas.
Explicações etnocentristas
á quando olhamos para outras sociedades, outras classes sociais, outros grupos ou
outras culturas e tomamos como referência a nossa própria realidade social e cultural
tendemos a explicar os fenómenos dessas sociedades, classes, grupos e culturas de uma
forma etnocentrista. Tais explicações pressupõem um sentimento de superioridade e
a sobrevalorização da própria cultura, levando à formulação de juízos de valor que
inferiorizam e desvalorizam a especificidade social e cultural da realidade
observada, razão pela qual não têm qualquer valor científico.
Uma definição de etnocentrismo
“As críticas sumárias a práticas ou conceções dos outros têm normalmente na base,
como uma das razões que preponderantemente as originam, o preconceito; e, muito em
especial, o preconceito etnocêntrico. As ciências sociais chamam "etnocentrismo" à
disposição espontânea para considerarmos negativamente, como inferiores ou
condenáveis, os modos de vida e as culturas diferentes das nossas.
Sem nos darmos conta, tendemos a tomar como absoluta a nossa própria maneira
de ver as coisas. Além disso, a mais teimosa e subtilmente enraizada forma de
etnocentrismo consiste em não querermos ou não sabermos reconhecer que vemos o
mundo e os outros - necessariamente - segundo um determinado tipo (o nosso) de
padrões culturais. Quer dizer, somos necessariamente preconceituosos e unilaterais,
não só nas maneiras como julgamos, mas também, mais profundamente ainda, nas
próprias formas como captamos cognitivamente as realidades sociais. Uma
observação e análise sociologicamente informada pretende, entre outros objetivos, ser
capaz de ver para além desse preconceito espontâneo, introduzir recuo crítico e
ceticismo cognitivo em relação ao que correntemente tomamos como certo,
reformular numa base mais conhecedora e esclarecida a interpretação dos
fenómenos sociais.”