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Resumos de Sociologia – Sociologia e Conhecimento sobre a Realidade Social

Ciências Sociais e Sociologia


Realidade Social - construída pelas interações dos indivíduos em sociedade e pelas relações destes
com o meio natural, tendo em conta a sua sobrevivência em que, compreende as maneiras de
sentir, pensar e agir. ---> Relações Sociais e ações estabelecidas/socialmente aceites

Complexidade da Realidade Social - à medida que o ser humano muda, o ambiente também se
altera, estabelecendo-se Relações de Interdependência, entre ele e o meio. ---> Processo de
mudança (processos que alteram as nossas práticas sociais).

Fenómeno Social = a Prática social/Realidade social, é a interação entre o meio natural e o meio
social, condicionada pelos Processos de Mudança, e o objeto de estudo de todas as ciências sociais.
Exemplo: família, divórcio, educação, etc, (realidades que ocorrem na nossa vida coletiva).

Interdisciplinaridade - Realidade Social pertence à vida social que, resulta da multiplicidade dos
fenômenos sociais, podendo ser estudado por várias ciências sociais, com o objetivo de encontrar
uma explicação e entendimento mais profundo da mesma (una, complexa e pluridimensional).

Ciência Social - ciência que estuda as práticas/fenómenos/realidades sociais. São complementares,


porque estudam a mesma realidade social, a partir de perspetivas diferentes (Pluralidade) em que,
cada uma tem o seu objeto de estudo, teoria e conceito.
Exemplo: Sociologia, Direito, Ciência política, Psicologia social, Geografia humana, Antropologia,
Economia, etc.

Exemplo – Comportamento Jovem


 Perspetiva Sociológica - quais os comportamentos dos jovens por grupos sociais?
 Perspetiva Económica - qual o peso do consumo jovem no orçamento familiar?
 Perspetiva Histórica - a partir de quando é que o grupo jovem adquiriu mais visibilidade?
 Perspetiva Psicológica - haverá problemas específicos associados ao seu crescimento?

Génese e Objeto da Sociologia


Sociologia - uma forma de conhecimento científica, em que estuda a vida das pessoas em sociedade
e os fenômenos sociais, tem uma atitude perante o mundo e a realidade social.

Cronologia

 Séc. XVI - Revolução Científica que possibilitou os Descobrimentos;


 Antigo Regime (fins Séc. XVIII até XIX) - mudança social de Monarquia para Democracia;
 Rutura (meados séc. XVIII) - Revolução Industrial, Revolução Americana e Francesa e
Revolução Democrática;
 Mundo Contemporâneo (surge a Sociologia) - Auguste Conte (1798-1857) “Pai da
Sociologia”, Karl Marx (1818-1883) e Herbert Spencer (1820-1903);
 Fins séc. XIX e início séc. XX – Emile Durkheim (1858-1917) e Max Weber (1864-1920);
 Implementação da República Portuguesa (1910), 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e 2ª Guerra
Mundial (1939-1945).

Génese da Sociologia (associada a três revoluções)

 Revolução Científica - possibilitou uma visão em que o conhecimento se baseava em


observações metódicas e não especulações.

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 Revolução Democrática - período de mudança social, de Monarquia para Democracia, o que
justificou o surgimento da sociologia.
 Revolução Industrial - integrou nos processos industriais, transportes, minas e agricultura, as
descobertas científicas/tecnológicas.

Alterou de forma significativa as condições de vida das pessoas e a organização das sociedades,
originando o nascimento da Sociologia, que compreenderá a vida social, a sua ordem, os seus
mecanismos de equilíbrio e a sua dinâmica.

Objeto de Estudo - factos sociais, segundo Emile Durkheim, e ação social, segundo Max Weber.

Factos Sociais de Durkheim

Biografia de Emile Durkheim - tem nacionalidade francesa, nasceu a 1858 e morreu a 1917, foi o
Fundador da Sociologia Moderna e o primeiro professor de Sociologia, defende a Objetividade do
Conhecimento Científico e criou o Método de Abordagem.

Definição - Acontecimentos decorrentes da vida em sociedade e traduzem-se por maneiras de agir,


pensar e sentir, impostas pela sociedade. --> Fenómenos Sociais
Exemplo: divórcio, droga, marginalidade, trabalho, casamento, desemprego, emancipação da
mulher, etc.

Relações Permanentes (intersubjetivas) - relações em coletividade/grupo, como por exemplo em


família, com comportamentos tipificados fazem surgir os factos sociais, o resultado da interação no
tempo e espaço, que explicam as regularidades sociais.

Características

 Exterioridade – todos os fenómenos sociais impõem-se de fora ao indivíduo, como “coisas”


exteriores à sua consciência, impostas pela sociedade em que se insere.
 Coercitividade – a sociedade constrange os indivíduos ao comprimento das normas sociais e
dos modelos de comportamento.
 Relatividade – os factos sociais são contextualizados e relativos a um determinado tempo e
espaço, em que ocorrem.

Assim, conhecemos os factos sociais, dado que refletem a sociedade e o seu funcionamento,
definindo o objeto da Sociologia.

Ação Social de Weber

Biografia de Max Weber - tem nacionalidade alemã, nasceu a 1864 e morreu a 1920, foi um
sociólogo experiente nas temáticas Direito, Economia, História e Política, criou a teoria da Ação
Social, em que estudou as mudanças sociais durante a Revolução Industrial e escreveu o livro “Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo”.

Definição - estuda a forma de organização da sociedade, isto é, a estrutura social, bem como o modo
em que os indivíduos atuam no interior da mesma (ação social). Podendo ser interna, externa ou
coletiva (ação de uma classe social, como um partido político).

Comportamento Humano - orienta-se de modo significativo, não mecânico ou reativo. A Sociologia


procura interpretar a ação de cada indivíduo/grupo enquanto parte de um sistema estruturado de
relações.

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Sociedade para Weber - representada como uma teia de interações, que não pesa sobre os
indivíduos, afirma o carácter único e singular dos fenómenos sociais, empenhada a compreender e
interpretar o sentido de ação social. --> Visão Ativa dos Sujeitos

Sociologia para Durkheim VS. Sociologia para Weber

Sociologia para Durkheim - estuda os factos sociais, aqueles que resultam da interação dos
indivíduos no espaço e tempo e levam a comportamentos tipificados.

Sociologia para Weber - estuda a ação social, a organização social e a mudança social.

Sociologia em Portugal
Século XIX - com o desenvolvimento do Capitalismo, sentiu-se uma necessidade de olhar para a
sociedade como um estudo (1870). --> dificuldades para a Sociologia

Século XX

 Sociologia começou a ter impulso nas instituições universitárias (anos 60).


 Principalmente por Adérito Sedas Nunes, sociólogo e fundador da Fundação Gulbenkian,
uma instituição que forneceu a vários estudantes bolsas de estudo para o estrangeiro
(1962).
 Sociologia era vista como uma disciplina que questionava e agravava a ditadura, tornando os
sociólogos inexistentes.

25 de Abril de 1974 - expansão da sociedade para centros de pesquisa, cursos universitários e


publicações. --> expansão da Sociologia

Anos 80 até Hoje - criação da Associação Portuguesa de Sociologia (1985) e realização do primeiro
Congresso português de Sociologia (1988). --> estabilização da Sociologia

Construção do Conhecimento Científico


Formas de Conhecimento - arte, religião, ciência, investigação, transmissão entre gerações, ...

Conhecimento do Senso Comum

 Subjetivo – pessoal, em que se baseia em opiniões e preconceitos;


 Espontâneo - surge da informação obtida dos nossos sentidos;
 Errático - construído aleatoriamente ao longo das nossas vidas;
 Ingénuo - assimilado num único sentido;
 Dogmático - acreditamos nele como se fosse verdades inquestionáveis;
 Exemplo – ser contra o casamento gay porque “não é assim”.

Conhecimento Científico

 Objetivo – procura ser universal, válido por todos;


 Sistemático - construído de forma sistemática/consciente por cientistas;
 Metódico - obtido através de métodos/técnicas de investigação;
 Crítico - procura questionar a realidade, a sua causa e conclusão;
 Verificável - pode ser testado, logo assegura a validade da sua informação.

Obstáculos ao Conhecimento Científico

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Epistemologia, a teoria do conhecimento ou a teoria sobre os procedimentos para construir o
conhecimento científico.

Senso Comum - por ser pessoal e baseado em opiniões, preconceitos, tradições, ..., gera uma
generalização do conhecimento científico face aos fenómenos sociais, impedindo o mesmo.
Exemplo: “sempre foi assim” ou “não é assim”.

Familiaridade com o Social - quanto mais próximo está o sociólogo da realidade que pretende
analisar, mais é o risco de enviesamento da pesquisa e mais difícil fica o processo de rutura das
crenças, ideias, ..., do senso comum visto que, pensamos que já possuímos todo o conhecimento
necessário.
Exemplo: divórcio.

Ilusão da Transparência do Social - devido às opiniões/conhecimento que já possuímos sobre o social


e a sua realidade, pensamos que essa realidade está inteiramente verdadeira e inquestionável.
Pensamos que os factos são tão facilmente explicáveis que, por vezes, não merecem pôr em causa
as nossas crenças, fazendo falsas generalizações.
PS: interliga-se com a Familiaridade com o Social.

Naturalismo - por vezes, explicamos os fenómenos sociais recorrendo a explicações naturais (fatores
biológicos ou físicos), como se a sociedade fosse Natureza. Porém, não há nada mais antinatural que
o social, em que assumimos as explicações inquestionáveis/inevitáveis pela Natureza sem influência
do social.
Exemplo: Mulheres conduzem pior que os homens porque “é natural”.

Individualismo - reconhece que o indivíduo é o único elemento de decisão na ação social, explicando
assim os seus comportamentos e dos outros através das suas ações pessoais. Porém, os factos
sociais, segundo Durkheim, são “coisas” externas ao indivíduo, logo a ação social não é determinada
pelas ações individuais, mas sim pela sociedade e os seus modelos.
Exemplo: usar umas calças porque “eu gosto”, não é uma decisão individual, mas sim social porque
nos foi incutido que usá-las é giro.

Etnocentrismo - os indivíduos estão integrados em sociedade e grupos sociais com culturas


diferentes e, por vezes, estes grupos sociais pensam que a sua cultura tem valores inquestionáveis,
como se fosse superior às restantes, julgando-as pelas suas tradições, crenças e costumes. Logo,
torna-se um obstáculo porque para estudar outra cultura não conseguimos distanciar-nos da nossa.

Suicídio para Emile Durkheim


Suicídio para Durkheim - era visto como um facto social, exterior ao indivíduo, coercivo e relativo.
Um problema na socialização do indivíduo, ou seja, para querer pôr um fim à sua existência social,
tem que haver uma razão social para tal.

Socialização - o indivíduo fazia parte de um grupo social, em que aprendia a viver em coletividade
com uma consciência coletiva, ao contrário de ter a sua consciência individual a transitar sozinha.

Formas de Processo de Socialização

 Regulação social;
 Integração.

Deficiências do Processo

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 Excesso de Integração Social – Fatalismo e Altruísmo;
 Falta de Integração Social – Anomia e Egoísmo.

Suicídio Fatalista - o indivíduo sente-se controlado, regulado e pressionado pela sociedade, como
por exemplo a pressão de entrar numa boa faculdade. Face a esta pressão em excesso, o indivíduo
não encontra nenhuma alternativa, exceto acabar com a sua existência social.

Suicídio Altruísta - os laços do indivíduo com o grupo social não existem, existe então a moralidade
de grupo, ou seja, os valores e opiniões que o grupo detém sobre o indivíduo. O seu suicídio torna-se
quase uma necessidade ou obrigação.

Suicídio Anómico - os indivíduos cometem suicídio, devido ao seu estado de anomia social, ou seja,
as normas sociais que antes conduziam a sua vida deixaram de existir ou perderam simplesmente
significado, devido a uma mudança brusca na sociedade.

Suicídio Egoísta - quando um indivíduo sente que os seus laços com os grupos sociais se
enfraquecem, deste modo, as normas morais que antes o dirigiam já não o fazem mais. O indivíduo
fica a sentir-se sozinho e desorientado com o seu ego individual, como por exemplo quando perde o
seu emprego.

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