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Sociologia e o conhecimento da realidade social

Sociologia: é a ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade ou aos diferentes grupos
que formam a sociedade.
Objeto de estudo:
 análise dos fenómenos de interação entre os indivíduos, as formas internas de estrutura, os conflitos e as formas de
cooperação geradas através das relações sociais.
 tem uma base teórica-metodológica voltada para o estudo dos fenómenos sociais, tentando explicá-los e analisando
os seres humanos nas suas relações de interdependência.

Realidade Social: é muito complexa, todo o ser humano, desde a sua nascença à sua morte, faz parte de uma realidade com a
qual se habitua a viver. (ex: alimentação que preferimos, atividades de lazer que realizamos, meios de comunicação que usamos… )
- conjunto de interações entre os indivíduos;
- compreende as maneiras de sentir, pensar e agir e as relações sociais nos diferentes contextos sociais (político, económico…)
- una, complexa e pluridimensional

Ciências sociais:
 todos os aspetos da realidade social só podem ser compreendidos se forem estudados por diversas ciências, as
ciências sociais.
 dá-se a designação de ciências sociais, ao conjunto de ciências que analisam, investigam, interpretam e procuram
explicar os fenómenos sociais (decorrem da vida em sociedade), ao seja, os comportamentos humanos na sociedade.
 Interdisciplinaridade: análise de um fenómeno social interligando e complementando as perspetivas trazidas pelas
diferentes ciências sociais, embora mantendo a especificidade de cada uma delas.
 Transdiciplinaridade: estudo de um tema que não pertence a uma disciplina específica, o fenómeno é estudado numa
perspetiva que supere a mera divisão das disciplinas, não sendo possível separar os resultados da pesquisa.
 Pluridiscipliunariedade: justaposição de disciplinas no estudo de um tema, sem que haja colaboração entre elas ou a
produção de uma nova perspetiva que resulte do seu diálogo.

Génese e objeto da sociologia:


× A palavra sociologia é utilizada pela 1ª vez por Augusto Comte para designar “o estudo positivo do conjunto das leis
fundamentais próprias aos fenómenos sociais”.
× A sociologia surgiu porque era essencial compreender a vida social, encontrando a sua ordem, os seus mecanismos de
equilíbrio, e a sua dinâmica.
A sociologia é a ciência que estuda, segundo:
 Durkheim, os factos sociais (são maneiras de agir, pensar e sentir, exteriores ao indivíduo e que são dotados de um
poder coercivo (pois impõe-se-lhes de fora).)
 Max Weber, introduziu o conceito de ação social (comportamento dos indivíduos no interior de uma estrutura
social)
O empirismo defende que toda a nossa estrutura cognitiva é formada com base na experiência prática, de modo que, quanto
mais vastas e ricas as nossas experiências, mais amplo se torna o nosso conhecimento. (John Locke)

Auguste Comte: criou a corrente de pensamento chamada Positivismo. O positivismo defende a ideia de que o
conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro.

Karl Marx: filósofo e revolucionário alemão, criou as bases da doutrina comunista, exerceu influência entre várias
áreas do conhecimento (sociologia, …)

Durkheim: considerado o pai da sociologia moderna, criador da teoria da coesão social.


Max Weber: considerado um dos fundadores da sociologia, introduziu o conceito de ação social.

Factos sociais (Durkheim) Ação social (Max Weber)


Exteriores (maneiras de pensar e agir “impostas” pelo meio onde Dimensão individual
estão inseridos) /Relativos (no tempo e no espaço) Singular/Intencional
Coercivos (cumprimento das normas sociais) Interpretação/Compreensão da ação social
Regularidades sociais

Construção do conhecimento científico em sociologia:


Senso comum -> opiniões pessoais sobre a realidade
não é uma leitura científica da realidade
Conhecimento científico - rutura com as explicações do senso comum
- recurso a teorias, métodos e técnicas

Conhecimento do senso comum Conhecimento científico


Subjetivo: é pessoal, baseia-se em opiniões. Objetivo: procura ser universal e válido para todos.
Espontâneo: surge de informação obtida através dos nossos Sistemático: é construído de forma sistemática e
sentidos e do aparente. consciente pelos cientistas.
Errático: é construído aleatoriamente ao longo da vida do Metódico: é obtido recorrendo a métodos e técnicas de
indivíduo. investigação que asseguram a sua validade.
Ingénuo: é assimilado sem sentido crítico. Crítico: procura questionar a realidade e questionar-se a si
Dogmático: é considerado como se tratasse de uma verdade próprio.
inquestionável. Comparável/Verificável: pode ser testado a qualquer
momento, e assim, confirmado ou infirmado.

A Sociologia estuda os fenómenos sociais com objetividade, afastando-se tanto do senso comum, como dos preconceitos, com
o objetivo de conhecer a realidade através da ligação entre factos sociais.

Obstáculos à produção do conhecimento científico em Sociologia:


1. Senso comum
Ocorre um processo de rutura com o senso comum ao longo de todo o processo de investigação, pois o senso comum
baseia-se no aparente, no subjetivo e no simples.
2. Familiaridade com o social e ilusão da transparência com o social
Produzido através das consciências individuais, a familiaridade com o social é o efeito que temos na atribuição dos
significados. O que nos é familiar não é a realidade social, mas a forma como a interpretamos.
3. Explicações de tipo individualista
As perspetivas individualistas pressupõem que a vida dos indivíduos depende das suas escolhas pessoais,
ignorando-se a existência de condicionamentos sociais.
É claro que cada pessoa é um ser único e irrepetível. Mas o que cada um é, depende das suas relações e contextos
sociais.
4. Explicações de tipo naturalista
As perspetivas naturalistas justificam factos de origem social como se fossem naturais / biológicos. (Esta divisão
favorece quem tem mais poder numa sociedade ainda patriarcal e machista, prejudicando as mulheres.)
5. Explicações de tipo etnocêntrico
As perspetivas etnocêntricas não permitem a compreensão das verdadeiras qualidades das outras culturas, ao seja,
sobrevalorizam a própria cultura.

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