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PROJETO VITÓRIA

Ensino Médio

Princípios Sociológicos

Aluno:______________________________________
Turma:_____
SUMÁRIO
Professor:______________________
ÍNDICE

CONCEITOS DE SOCIOLOGIA ..............................................................................03


SENSO COMUM, CONHECIMENTO CIENTÍFICO E SENSO CRÍTICO.................04
INDIVIDUALISMO/COLETIVISMO...........................................................................05
PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO............................................................................06
DESIGUALDADES SOCIAIS....................................................................................07
ÉTICA E SOCIEDADE..............................................................................................09
O QUE É IDEOLOGIA?.............................................................................................11
EXERCÍCIOS 1.........................................................................................................13
TIPOS DE PRECONCEITO .....................................................................................13
TEXTO PARA REFLEXÃO.......................................................................................14
EXERCÍCIOS 2 ........................................................................................................15
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS............................................................................16
SOCIOLOGIA

CONCEITOS DE SOCIOLOGIA

A palavra sociologia foi criada pelo pensador francês Augusto Comte em 1839 em seu curso de
filosofia positiva. A palavra sociologia é híbrida, isto é, ela é formada por duas línguas diferentes:
Sócio do latim significa social ou sociedade, logia do grego significa estudo, formando assim, o
“estudo do social” ou “estudo da sociedade”.

A sociologia possui uma infinidade de conceitos para identificá-la e explicá-la, diferenciando-a de


outras ciências ou tipos de conhecimentos. Vejamos alguns conceitos segundo alguns sociólogos:
para Durkheim “a sociologia é a ciência das instituições”; para L. Ward e W. G. Summer “a
sociologia é a ciência da sociedade”; para F. H. Gilddings “a sociologia é a ciência dos
fenômenos sociais”. Ela também já foi definida por Robert Park como “ciência do comportamento
coletivo”, por Small de “ciência das relações humanas”. Para Weber a “sociologia é a ciência que
procura uma compreensão interpretativa da ação social para a partir daí chegar à explicação causal
do seu sentido e dos seus efeitos”.

Para alguns sociólogos brasileiros como Carlos Benedito Martins a “sociologia é o resultado de
uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas criada pela então
sociedade capitalista”; para Costa Pinto a “sociologia é o estudo científico da formação,
organização e transformação da sociedade humana”.

OBJETIVO, OBJETO, CAMPO DE ESTUDO E IMPORTÂNCIA.

O objetivo da sociologia é aumentar ao máximo o conhecimento do homem e da sociedade através


da investigação científica.
O objeto de estudo da sociologia é os fenômenos sociais, isto é, tudo aquilo que se refere às
relações entre as pessoas, suas
questões nos seus grupos sociais ou
entre os grupos dinamizando a
sociedade como um todo.
O campo de estudo da sociologia é a
sociedade como um todo, envolvendo
todas as suas particularidades, sejam
em características políticas,
econômicas, sociais, culturais,
históricas, etc.
A sociologia é importante porque nos
permite compreender melhor a sociedade em que vivemos e consequentemente, explicar e buscar
soluções para a complexidade das questões sociais. Assim a sociologia vem se tornando uma
ciência imprescindível para o conhecimento do mundo atual.

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SENSO COMUM, CONHECIMENTO CIENTÍFICO E SENSO CRÍTICO

• Senso Comum - É a soma dos saberes do cotidiano e é formado a partir de hábitos, crenças,
preconceitos e tradições. Na filosofia, o termo é utilizado para explicar as interpretações
feitas pelos indivíduos à realidade que os cercam sem estudos prévios ou provas científicas.
O senso comum é transmitido de geração para geração nas sociedades. Por meio dele, o
homem embasa o cotidiano e explica a realidade em que vive. O senso comum tem como
característica a subjetividade que reflete sentimentos e opiniões construídos por um grupo
de indivíduos. Por conseguinte, pode variar de pessoa para pessoa e de grupo para grupo.
• Conhecimento Científico - A ciência difere do senso comum porque seu conhecimento é
baseado na observação, na pesquisa, na formulação de hipóteses e na comprovação destas
através de um método científico. O conhecimento do senso comum é explicado pela
manutenção de hábitos. Por sua parte, a
ciência precisa de provas concretas e
quantitativas para compreender o motivo dos
fenômenos. O conhecimento científico se opõe
às características do senso comum, pois
resulta de pesquisas que primam pelo método
e pela comprovação de teorias.
• Senso Crítico - O senso crítico é baseado no
uso da razão e vai contra ao senso comum por
não aceitar nenhuma verdade sem questioná-
la. Quem pensa criticamente tem a capacidade
de fazer a avaliação, o julgamento e discernir
com base no equilíbrio. Desta maneira o senso crítico se baseia na dúvida, no
questionamento que levariam à reflexão e à contestação. Posteriormente, se encaminhariam
para mudar a realidade apresentada.

As ciências sociais também possuem seus métodos científicos. Sociólogos,


cientistas políticos e antropólogos fazem uso de estatísticas, da história, da visão
dos envolvidos nos fenômenos etc. Por exemplo: um sociólogo que se debruçar
sobre a análise de algum aspecto da realidade em um país muçulmano precisará,
necessariamente, conhecer o que a religião dominante prega e como ela influencia
as decisões na vida daquela sociedade.

INDIVÍDUO
“Indivíduo ou ser individual significa o portador ou sujeito concreto de uma essência em sua
peculiaridade não – comunicável”. De indivíduo deriva individuação, termo que designa a
determinabilidade individual, ou seja, aquilo que faz com que este indivíduo seja precisamente este
e se distinga de todos os outros. Durkheim em termos de representações coletivas e instituições
trata de separar o social do individual como duas esferas independentes da realidade humana.
Para ele, “a sociedade não é mera soma de indivíduos; ao contrário , o sistema formado por sua
associação representa uma realidade específica que tem suas próprias características”, e é “na
natureza dessa individualidade que se deveriam buscar as causas imediatas e determinantes dos

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fatos que lá aparecem”. A referência aos fenômenos de “síntese criadora” na natureza serve-lhe
para comprovar, por analogia, a separação entre os dois níveis de realidade.
INDIVIDUALISMO
Pode-se dizer que o individualismo expressa uma tendência ao êxito, à valorização da própria
intimidade. Neste tipo de orientação, o indivíduo está por cima dos grupos em todos os aspectos;
as relações pessoais são mais frequentes, porém contratuais. Este padrão implica geralmente em
uma separação dos familiares e uma ruptura com os ancestrais, dando-se ênfase ao presente, com
um grau elevado de complexidade social (Gouveia, Clemente & Vidal, 1998). Embora o sujeito
orientado pelo individualismo possa se definir como membro de muitos grupos, estes não são
exatamente os de pertença incondicional; este tipo de grupo está restringido a sua família nuclear.
Alguém que é individualista pensa, sente e atua segundo seus próprios interesses, importando em
menor medida o contexto social em que se encontra (Gouveia, 2001).
COLETIVISMO
Para Refletir
O coletivismo, por sua vez, define
uma tendência à cooperação e ao
cumprimento com os demais. O
grupo do qual a pessoa faz parte
importa mais do que a própria
pessoa. Os grupos de pertença
podem ser reduzidos em número e
grandes em extensão (por exemplo,
a família com todos os seus
ascendentes e descendentes).
Internamente nos grupos, tais
indivíduos mantêm fortes relações
entre si e podem compartilhar os mesmos interesses. O conflito dentro dos grupos é algo que não
é esperado (Gouveia & cols., 1998). Cada pessoa dentro do grupo é valorizada como um fim em
si; o indivíduo atua levando em consideração o contexto e as demais pessoas com as quais
compartilha o sentido de pertença grupal (ver Gouveia, 2001)
IDENTIDADE
“A identidade passa a ser qualificada como identidade pessoal (atributos específicos do
indivíduo) e/ou identidade social (atributos que assinalam a pertença a grupos ou categorias).” Os
termos identidade e social sugerem, respectivamente, um conceito que "explique por exemplo o
sentimento pessoal e a consciência da posse de um eu..." (Brandão, 1990 p.37) privilegiando, de
um lado, o indivíduo, e de outro lado, a coletividade, resultando numa configuração na qual se capta
o homem inserido na sociedade, bem como à dinâmica das relações sociais. A importância dessa
relação pode ser mais bem compreendida nessa citação de Marx (1978a, p.9) “A sociedade é, pois,
a plena unidade essencial do homem com a natureza, a verdadeira ressurreição da natureza, o
naturalismo acabado do homem e o humanismo acabado da natureza”. Hamelink (1989) refere que
a identidade diz respeito a uma cultura determinada e opõe este conceito ao de identidade cultural.
A identidade de uma cultura referir-se-á às características que se podem atribuir a uma cultura
determinada, enquanto a identidade cultural são as características que um indivíduo ou grupo
atribui pelo fato de sentir que pertence a uma cultura definida. Ibáñez (1990) considera a identidade
a nível individual. Assim a identidade pessoal é basicamente produzida pela cultura ou sub-culturas
que nos socializam enquanto a identidade cultural é estabelecida com base no sentido de pertença
à comunidade.
A investigação sobre a identidade revela uma forma de conhecimento de nós próprios que repousa
sobre a interpretação da imagem que os outros têm de nós e que serve para consolidar a que nós
fazemos de nós próprios.
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PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
Na sociologia, o processo de socialização é fundamental para a construção das sociedades em
diversos espaços sociais. Através dele que os indivíduos interagem e se integram por meio da
comunicação, ao mesmo tempo que constroem a sociedade. Para o sociólogo brasileiro Gilberto
Freyre, a socialização pode ser definida da seguinte maneira: “É a condição do indivíduo (biológico)
desenvolvido, dentro da organização social e da cultura, em pessoa ou homem social, pela
aquisição de status ou situação, desenvolvidos como membro de um grupo ou de vários grupos.”
A socialização (efeito de ser tornar social) está relacionada com a assimilação de hábitos culturais,
bem como ao aprendizado social dos sujeitos. Isso porque é por meio dela que os indivíduos
aprendem e interiorizam as regras e valores de determinada sociedade. Quanto a isso, vale lembrar
as palavras do sociólogo francês Émile Durkheim, quando afirma que: “A educação é uma
socialização da jovem geração pela geração adulta”
Os processos de socialização estão classificados em dois tipos:
Socialização Primária: como o próprio nome já indica, esse tipo de socialização ocorre na infância
e se desenvolve no meio familiar. Aqui, a criança tem
contato com a linguagem e vai compreendendo as Socialização Primária X Socialização Secundária
relações sociais primárias e os seres sociais que a
compõem. Além disso, é nesse estágio em que são
interiorizados normas e valores. A família torna-se
a instituição social mais fundamental desse
momento.
Socialização Secundária: nesse caso, o indivíduo
já socializado primariamente vai interagindo e
adquirindo papéis sociais determinados pelas
relações sociais desenvolvidas, bem como a
sociedade que está inserido. Se por acaso o sujeito social teve uma socialização primária afetada,
isso poderá gerar diversos problemas na sua vida social, uma vez que o primeiro momento de
socialização é essencial na construção do caráter do indivíduo.

TEORIA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSES, ESTAMENTOS E PARTIDOS.

No estudo das relações sociais, Weber percebeu que nas sociedades a existência de diferenças
sociais pode ter vários princípios explicativos, sendo que o critério de classificação mais relevante
é dado pela dominância, em cada unidade histórica, de uma forma de organização ou pelo peso
particular que cada uma das diversas esferas da vida coletiva possa ter, essas esferas são:
econômica, religiosa, política, jurídica, social, cultural – cada uma com sua lógica particular de
funcionamento. Assim Weber, destacou as três esferas (dimensões) da sociedade, sendo que cada
esfera possui sua ordem de estratificação própria:
▪ Classes – refere-se a ordem econômica, o interesse econômico é fator que cria uma classe,
podendo-se até considerar que as classes estão estratificadas segundo suas relações com a
produção e a aquisição de bens; a estratificação econômica é, portanto, representada pelos
rendimentos, bens e serviços que o indivíduo possui ou de que dispõe.

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▪ Estamentos (status) – refere-se a ordem social, onde os grupos de status estratificam-se em
função do princípio de consumo de bens, representados por estilos de vida específicos, a
estratificação social é, portanto, evidenciada pelo prestígio e honra desfrutados.
▪ Partidos – refere-se a ordem política, que se manifesta através do poder; a estratificação política
é assim observada através da distribuição do poder entre grupos e partidos políticos, entre
indivíduos no interior dos grupos e partidos, assim como entre os indivíduos na esfera da ação
política.

Essas hierarquias existem realmente ou são construções


abstratas?
Quais os critérios utilizados para estabelecer a estratificação?
Qual o peso de cada critério? Quais estão relacionados com a
estrutura da sociedade?
Qual a unidade de estratificação: o indivíduo ou o grupo?

DESIGUALDADES SOCIAIS
A desigualdade em uma sociedade gira em torno da distribuição diferenciada de recursos de valor
às variadas categorias de indivíduos - sendo as de classe, étnica e gênero as três mais importantes.
A estratificação de classe existe quando a renda , poder, prestígio e outros recursos de valor são
dados aos membros de uma sociedade desigualmente e quando, com base nessa desigualdade,
variados grupos tornam-se cultural, comportamental e organizacionalmente distintos.
O grau de estratificação está relacionado ao nível de desigualdade, à distinção entre as classes em
nível de mobilidade entre as classes e à durabilidade das classes. Desigualdades sociais :
explicações teóricas
Existem várias propostas para o estudo da estratificação:

• Proposta marxista: enfatiza que a propriedade dos meios de produção é a causa da


estratificação de classe e mobilização para o conflito, com subsequente mudança nos
padrões de estratificação;

• Proposta weberiana: enfatiza a natureza multidimensional da estratificação (que gira em


torno não apenas da classe, mas de partido e grupos de status também);

• Proposta funcionalista: argumenta que a desigualdade reflete o sistema de recompensa


para encorajar os indivíduos a ocupar posições funcionalmente importantes e difíceis de
preencher;

• Proposta evolucionista: argumenta que, em longo prazo, partindo das sociedades de caça
e coleta, as desigualdades aumentaram, como refletem as sociedades modernas.
A estratificação nos Estados Unidos e no Brasil é marcada por altos níveis de desigualdade
com respeito a bem-estar material e prestígio. A desigualdade na distribuição de poder é mais
ambígua. Fronteiras obscuras entre as classes sociais próximas existem nos Estados Unidos. A
mobilidade é frequente, mas a maioria das pessoas não consegue grande mobilidade durante sua
vida.

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A POBREZA E SUAS IMPLICAÇÕES

As evidências históricas têm mostrado que a cultura humana está ligada a questão das
desigualdades, distinção e discriminação entre os grupos sociais. Mesmo nas sociedades mais
homogêneas e simples existiam diferenças de sexo e idade atribuindo aos grupos assim
discriminados funções diferentes, certa parcela de poder, determinados direitos e deveres. Desde
então, as sociedades que foram se tornando mais complexas, seus membros não tinham igualdade
de acesso a certas vantagens como poder de decisão e a liberdade.
O patriarcado existente nas mais remotas
civilizações, garantindo aos homens o poder sobre
Rocinha – Rio de Janeiro
a família e seus bens, demonstra que a
igualdade é uma grande utopia, um ideal ainda
não vivido pela humanidade. O mundo atual
exibe um saldo de imensas conquistas e tristes
derrotas. Os avanços científicos, tecnológicos
e espaciais não acabaram com a fome, a falta
de moradia, o desamparo à saúde e os baixos
salários. Depois de cem anos de socialismo e
capitalismo, a miséria no mundo aumentou e a
economia transformou-se numa fábrica de
exclusão racionalizada.
A modernidade produziu um mundo menor que
a humanidade, advertiu o sociólogo Herbert de
Souza. O sistema de exclusão fica patente nas
avaliações estatísticas: apenas 15% da
população mundial concentra 80% da renda econômica do planeta. E mais de 1 bilhão de pessoas
vivem na pobreza absoluta, que mata 40 mil crianças por dia.
Entre os Estados independentes do mundo, podemos distinguir pelo menos, dois grandes
conjuntos:
*Países do Primeiro Mundo – privilegiado núcleo de países de capitalismo avançado. São nações
desenvolvidas e poderosas, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Inglaterra, Japão
e Itália. A maioria dessas nações está situada no hemisfério norte.
*Países do Terceiro Mundo – vasto e heterogêneo conjunto de países subdesenvolvidos ou em
vias de desenvolvimento, espalhados pela África, Ásia e América Latina. A maioria dessas nações
está situada no hemisfério sul.

POBREZA E ABUNDÂNCIA

Outro aspecto da sociedade contemporânea que torna mais difícil aceitar a pobreza de certas
parcelas da população é o pleno desenvolvimento da indústria de massa, que põe em circulação
na sociedade uma quantidade de produtos nunca imaginada. Por sua quantidade, os bens
produzidos pela indústria de massa seriam capazes de manter e reproduzir toda a população do
planeta. Restaria ainda um excedente, garantem alguns economistas. Mas a diferenciação, a
oposição e a concorrência entre os grupos sociais acabam por criar mecanismos de apropriação e
monopólio dos bens econômicos e sociais, gerando crescente concentração de renda. E é em meio
à sociedade da abundância que a pobreza adquire um caráter contraditório. Agrava esse caráter

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contraditório e revelador da pobreza – como um dos impasses da sociedade contemporânea – o
caráter consumista da vida social.
Ao lado da crescente pobreza, o apelo ao consumo por meio das campanhas publicitárias
veiculadas pelos meios de comunicação de massa torna a distância social entre ricos e pobres
ainda mais trágica e inaceitável. Consumismo e abundância fazem parte desse ideário do bem-
estar social no interior do qual as populações carentes não param de crescer.
Os produtos inundam o mercado, milhares de similares fazem concorrência cerrada em busca dos
consumidores. Mercadorias que em pouco tempo se tornam anacrônicas, ultrapassadas e
obsoletas, devem ser substituídas por outras de formato, cor ou programa diferente e exigem
consumidores com disponibilidade permanente de compra. É nessa sociedade que a pobreza se
torna cada vez mais contraditória e perturbadora.

A RESPONSABILIDADE DO ESTADO

Desde que se constituiu na Idade Moderna, no século XV, o Estado, como o conhecemos hoje, foi
adquirindo sempre mais poder e desenvolvendo um caráter acentuadamente regulador da vida
social. Sendo o responsável pela política econômica nacional, pelos programas sociais, pelas
relações internas e externas, tornou-se o responsável
pelas condições de vida dos seus cidadãos. Todos esses aspectos resultaram de uma ampliação
significativa de suas atribuições e funções. O Estado, enquanto instituição representativa da
sociedade como um todo, passou a ser responsabilizado
também pelo bem-estar social. Não sem certa razão, na medida em que é ele que regula os
mecanismos de distribuição de renda, por meio do controle do salário-mínimo, preço de produtos,
impostos e financiamentos. Consequentemente, é ele também – indiretamente – responsável pelo
crescimento galopante da pobreza no mundo. Essa responsabilidade do Estado para com a
população carente de uma nação parece não tender a diminuir
sequer na atualidade, quando se reavaliam suas atribuições e se verifica uma nítida tendência ao
“enxugamento” de suas funções nas diversas nações. Mesmo que se almeje um Estado que não
intervenha na economia, permitindo que o mercado seja autorregulamentado, ninguém pretende
eximi-lo de suas responsabilidades para com a saúde, a educação e as populações pobres.
Portanto, se a responsabilidade do Estado em relação à pobreza foi maior nas economias dirigidas
e centralizadas, ainda hoje se exigem medidas corretivas para a crescente pobreza de parte da
população. Espera-se que o Estado promova a reforma agrária, diminuindo a concentração de
terras e assegurando a permanência da população rural no campo. Ao mesmo tempo, o Estado
deve desenvolver uma política de crédito agrícola capaz de auxiliar os pequenos proprietários
rurais.

ÉTICA E SOCIEDADE

Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao
permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros. No entanto, a
simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como

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filosofia moral, isto é, uma reflexão que
discuta,problematize e interprete o significado
dos valores morais.
Nossos sentimentos, nossas condutas,
nossas ações e nossos comportamentos são
modelados pelas condições em que vivemos
(família, classe e grupo social, escola, religião,
trabalho, circunstâncias políticas, etc.).
Somos formados pelos costumes de nossa
sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos os valores propostos por ela como
bons e, portanto, como obrigações e deveres. Dessa maneira, valores e deveres parecem ser
naturais e intemporais, fatos ou dados com os quais nos relacionamos desde nosso nascimento:
somos recompensados quando os seguimos, punidos quando os transgredimos.

Senso Moral – é expresso por nossos sentimentos e nossas ações.


Consciência Moral – decisões que conduzem às ações com assunção das consequências pelas
opções.

O Senso Moral e a Consciência Moral referem-se aos valores (justiça, honradez, espírito de
sacrifício, integridade, generosidade), a sentimentos provocados pelos valores (admiração,
vergonha, culpa remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo) e as decisões que conduzem
a ações com consequências para nós e para os outros. Embora os conteúdos dos valores variem,
podemos notar que estão referidos a um valor mais
profundo, mesmo que subentendido: o bom ou o bem. Os sentimentos e as ações, nascidos de
uma opção entre o
bom e o mau ou entre o bem e o mal, também estão referidos a algo mais profundo e subentendido:
nosso desejo de
afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a felicidade, seja por ficarmos contentes conosco
mesmos, seja por recebermos a aprovação dos outros.
O Senso Moral e a Consciência Moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões
e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que
mantemos com os outros e,
portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva.

• Juízo de Fato – são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e porque são.
• Juízo de Valor – avaliam as coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos,
sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons ou maus, desejáveis ou
indesejáveis.
Os Juízos Éticos de Valor podem ser normativos, isto é, enunciam obrigações e avaliam intenções
e ações
segundo o critério do correto e do incorreto. Dizem-nos o que são o bem, o mal, a felicidade. Nos
dizem que sentimentos, atos, intenções e comportamentos devemos ter para alcançarmos o bem
e a felicidade. Enunciam
também que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do
ponto de vista moral. Como se pode observar, Senso Moral e Consciência Moral são inseparáveis

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da vida cultural, uma vez que esta define para seus membros os valores positivos e negativos que
devem respeitar ou detestar.

O QUE É IDEOLOGIA?

Outras indagações...

A resposta por trás das reflexões acima é que, em sociedade, somos guiados o tempo todo por
uma série de ideologias. Bom, o que, então, seria uma ideologia, essa bandeira abstrata que
seguimos sem nem sabermos ao certo o que é?
Segundo a filósofa Marilena Chauí, ideologia é:

“[…] um conjunto lógico, sistemático e coerente de


representações (ideias e valores) e de normas ou
regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos
membros da sociedade o que devem pensar e como
devem pensar, o que devem valorizar, o que devem

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sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo
explicativo, de representações e práticas (normas, regras e preceitos) de caráter prescritivo,
normativo, regulador” (1980, p.113).

Nesse sentido, ideologia tem a ver com um conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas ou visões
de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações em sociedade. O fato é que
os homens costumeiramente procuram representações em torno das quais procuram explicar e
compreender sua própria vida individual, social, suas relações com a natureza e com o
sobrenatural.
As ideologias geralmente são criadas no ambiente político, em que as decisões e ações precisam
ser sustentadas por argumentos fortes e consistentes; e na vida econômica, já que vivemos no
capitalismo, sistema que valoriza a economia em última instância. Mas não são apenas políticos e
membros da classe econômica dominante (burguesia) que criam as ideologias. Como este conceito
se refere a elaborações explicativas sobre a realidade, podem ser criadas também por pensadores
e intelectuais da sociedade, como sacerdotes, filósofos, cientistas, professores, escritores,
jornalistas, artistas, dentre outros.
É impossível pensar as
relações sociais sem esse
direcionamento abstrato
chamado ideologia. Todo
grupo envolve-se com alguma
ou algumas, como
representação (ões) daquilo
que se faz e que será
seguido. Mas a aceitação
delas não ocorre de forma
igualitária por todos os
indivíduos, haja vista as
sociedades estarem em
constante transformação. As
ideologias podem ser aceitas,
e normalmente o são pela
maioria das pessoas que
compõem um grupo, ou
podem ser rejeitadas, de modo
que novas ideologias podem ser criadas.
Isso fica claro na famosa música de Cazuza, “Ideologia”, lançada em 1988. O contexto era de um
país recém-saído da ditadura militar (que acabou em 1985) e que, apesar do retorno à democracia
e às liberdades civis, vivia uma séria crise econômica agravada pela concentração de renda,
pobreza extrema, fome, hiperinflação e fortes vestígios de autoritarismo. Na canção, Cazuza diz
“Ideologia! Eu quero uma para viver”, numa indicação crítica ao contexto do país. O clássico de
Cazuza, portanto, questionava ideologias como “capitalismo”, “autoritarismo”, “conservadorismo”,
“moralismo”, “religiões”, insistindo na reflexão e na esperança de novos tempos.

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EXERCÍCIOS 1

1- Discorra sobre os conceitos de ideologia discutidos em aula relacionando-os com a música


“Ideologia” de Cazuza.
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TIPOS DE PRECONCEITO
O Preconceito trata-se de um conceito associado à discriminação e as diferenças que existem no
mundo. Os preconceituosos atribuem um juízo de valor sobre determinado aspecto seja a classe
social, a cultura, a religião, a etnia, a cor da pele, a preferência sexual, dentre outros.
Existem diversos tipos de preconceito, por exemplo, contra as mulheres (machismo, misoginia ou
sexismo), os judeus (antissemitismo), os deficientes físicos, a aparência (estereótipos), o peso
(gordofobia), os nordestinos, população negra, LGBTs, dentre outros.

• Preconceito Social - Associado à classe social e definido pelo status de determinados


indivíduos, o preconceito social geralmente ocorre entre dois grupos principais: os ricos e os
pobres. Os primeiros se sentem superiores aos outros por possuírem mais bens materiais e
facilidades de acessos.
• Preconceito Cultural - Essa forma de preconceito é
associada às diferenças culturais que existem, por
exemplo, o etnocentrismo e a xenofobia. O
etnocentrismo define as atitudes de certos indivíduos
que consideram seus hábitos e condutas como
superiores aos de outras culturas. Por sua vez, a
xenofobia determina à aversão aos estrangeiros, que
surge geralmente por diversos fatores históricos,
culturais e religiosos.
• Preconceito linguístico - O preconceito linguístico
está associado aos idiomas e ainda, à maneira de falar,
desde abreviações, gírias, dialetos, sotaques, dentre outros. No Brasil, notamos muito o
preconceito linguístico entre as diversas regiões do país, uma vez que existem diversos
sotaques.
• Preconceito Religioso - Essa forma de discriminação está associada à religião, sendo
desenvolvida pela intolerância religiosa. Ocorre quando indivíduos não aceitam a
diversidade religiosa e atribuem determinados juízos de valor sobre outras crenças, muitas
vezes, sem fundamentação. Diversos conflitos desenvolvidos atualmente no Oriente Médio
demostram esse tipo de preconceito, o qual tem ceifado diversas vidas. No Brasil, as
religiões de matrizes africanas são as que mais sofrem preconceito.
• Preconceito Sexual ou de gênero - Esse tipo de preconceito é associado à população
LGBT e orientações sexuais e de gênero de cada indivíduo, por exemplo, a homofobia e
transfobia. Assim, o primeiro trata-se do preconceito desenvolvido sobre as pessoas que
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possuam relações homoafetivas. Já a transfobia é o preconceito de pessoas que
apresentam hostilidade com indivíduos transgênero, ou seja, que possuem outra identidade
de gênero. Há ainda o preconceito contra as mulheres e o universo feminino, que pode ser
identificado com o termo misoginia.

TEXTO PARA REFLEXÃO

Enquanto Dormes
(Lorena Fontes)

Enquanto reclamas de tua mordomia, teu irmão sonha com um pedaço de pão.
Enquanto dormes em berço de ouro, teu irmão se deita em trapos imundos.
Mas como somos egoístas e nos dedicamos em vão,
Todos vivemos em buracos profundos.

Sabemos que existe diferença entre o bem e o mal.


Mas por que a diferença entre ricos e pobres?
Será que este mundo é de certo modo animal,
Onde prevalece a lei do mais forte?

Queremos um mundo melhor,


Mas melhor para quem?
Para o que sobrevive de seu suor,
Ou para o que só pede e depois diz amém?

Devemos ter caráter e determinação,


Pois sem isso não construímos nada.
E aí, realizaremos tudo em união,
Ou deixaremos a sociedade toda atrapalhada?

EXERCÍCIOS 2

1- Explique o que você entendeu do texto “Enquanto Dormes” de Lorena Fontes.


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2- Escolha cinco conceitos trabalhados em nossas


aulas e faça uma síntese de cada um. Vamos lá?

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