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FORMAS DE CONHECIMENTO: SENSO COMUM E CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Antonio Gramsci, filosofo italiano, analisou o que é o senso comum. Alguns apontamentos;
Todo individuo é um filósofo, a principal característica do senso comum é a de ser uma
concepção de mundo desagregada. Predominam elementos acríticos. O senso comum é ávido
por certezas definitivas.

O senso comum é um conhecimento assistemático, ou seja, não possui uma organização prévia
ou investigação de estudos para se chegar a uma conclusão. O senso comum – ou
conhecimento empírico – é o conhecimento gerado a partir das experiências de vida, baseado
em intuição ou observação da realidade.

O senso comum é uma herança cultural que tem a função de orientar o modo de vida das
pessoas. Os resultados desses saberes podem ser tanto positivos quanto negativos para a
sociedade.

Através do senso comum, por exemplo, uma criança aprende o que é o perigo e a segurança, o
que pode e o que não pode comer, o que é o certo e o errado. Essas normas de que vão
direcionar o seu modo de agir e pensar, as suas atitudes e decisões.

Por outro lado, o senso comum pode estar carregado de preconceitos, que podem ser
transmitidos de geração a geração.

Observação: Senso crítico é o seu oposto, é baseado no questionamento, na reflexão, na


pesquisa e no  pensamento crítico. As informações são sempre analisadas através da lógica e
buscam uma conclusão verdadeira e universal.

O conhecimento científico é a base da ciência, todas as suas preposições, teorias e hipóteses


são comprovadas (ou não) através de uma série de experiências e análises.

O conhecimento científico é gerado a partir de observações e experimentos, que passam por


um procedimento metodológico rigoroso, ou seja está associado a um método científico.

Exemplo: o senso comum é a inferência de que chá de boldo faz bem para o estômago. O
conhecimento científico são os remédios desenvolvidos para tratar dor no estômago.

Exemplos de senso comum

Os conselhos, ditos populares e superstições são exemplos marcantes do que é o senso comum.
Eles são tidos como verdades e seguidos por diversas pessoas:
 Comer manga com leite faz mal;
 Deixar as sandálias de cabeça para baixo ou abrir o guarda-chuva dentro de casa é um
sinal de mau agouro;
 Cortar os cabelos na lua crescente para que cresçam mais rápido;
 Usar cores relacionadas a desejos na passagem do ano novo.

O senso comum também pode ser um reflexo dos preconceitos existentes na sociedade,
naturalizando equívocos, como em:
 As mulheres devem cuidar da casa e os homens devem prover o lar;
 Uma raça ou etnia é mais apta/capaz que outra para determinadas tarefas;
 "Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher";
 Meninas vestem rosa e meninos vestem azul.
Conhecimento científico e senso comum, apesar de suas perceptíveis diferenças, não precisam
necessariamente ser postos em lugares distintos, onde não podem ter nenhuma relação, pois
muitas crenças populares podem ser comprovadas cientificamente e, também, servir de
estímulo para a busca da comprovação de sua verdade.

Além do Senso comum (experiencia e conhecimento prático) e do Conhecimento cientifico


(ciência com teoria, método, conceitos, experimentação e verificação), temos as formas de
conhecimento Religião (crença), e Filosofia (razão e lógica).

OLHAR SOCIOLÓGICO

A sociologia é a ciência que se debruça sobre a própria sociedade e todas as suas ramificações,
componentes e integrantes. Ela se dedica a compreender as formas de interação que temos
uns com os outros, nossas organizações e os fenômenos sociais observados na realidade dos
indivíduos.

Olhar sociológico nos traz sempre uma nova perspectiva sobre situações que aparentemente
são de natureza individual, mas que acabam por atingir uma gama muito maior de nossa
realidade coletiva. Podemos tomar como exemplo o desemprego, que, embora seja uma
terrível tragédia na vida do indivíduo, ecoa em toda cadeia social, afetando nossa realidade
econômica e acentuando a desigualdade social e, possivelmente, agravando outros problemas,
como a violência, a fome e a precarização da educação.

O olhar sociológico nos ajuda a encarar nossa realidade por ângulos que não estamos
habituados a enxergar. Como seres humanos e indivíduos, estamos acostumados a levar em
consideração apenas o que está em nosso contato direto. No entanto, nossa realidade não é
apenas formada pelas nossas experiências particulares. Nossa interação com os demais
integrantes de nossa realidade e as interações que esses têm em sua realidade tomam parte na
construção de um todo muito maior e, portanto, acabam por moldar nossas próprias
realidades e as formas como interagirmos com o mundo.

A sociologia está aí para nos fazer olhar mais longe, desanuviar nossa visão do mundo e nos
fazer perceber que nossa realidade vai muito além do que imaginamos.

Olhar sociológico pretende que desnaturalizemos os equívocos, ou seja, a interpretação errada


das coisas que nos traz o senso comum.

RELAÇÃO ENTRE INDIVIDUO E SOCIEDADE E SEUS 3 PERSPETIVAS

A sociedade é um conjunto de indivíduos que compartilham de muitos aspectos comuns aos


indivíduos. E o indivíduo, por sua vez é a unidade básica da sociedade.

Durante muito tempo os sociólogos se perguntaram em que medida é a influência da


sociedade e dos indivíduos nas ações e decisões humanas orientadas por outros seres
humanos. Até hoje o debate continua forte e muitas perspectivas teóricas se consolidaram a
partir desse debate.

Há autores que pensam na primazia do individuo sobre a sociedade (tradição weberiana), há


os que pensam na primazia da sociedade sobre o indivíduo (tradição durkheimiana) e nos que
pensam como uma relação recíproca (tradição pós-estruturalista).

Sabe-se hoje que não podemos desprezar nenhuma dessas formas de pensar essas relações e
buscarmos evitar os extremos. Um modelo de explicação que os indivíduos não tenham
nenhuma responsabilidade sob suas ações é tão surreal quanto um modelo de explicação em
que o individuo é o único responsável pelas tramas sociais.

Durkheim enfatiza que a sociedade é anterior ao indivíduo e impõe-se sobre ele, suas regras


(fatos sociais) são exteriores, coercitivas e gerais e exercem controle sobre os indivíduos. A
participação do indivíduo na sociedade está ligada à função que ele desempenha nela.

Weber volta sua atenção para a ação social, que seria a ação que leva em consideração o
comportamento dos outros e é dotada de significado, seja ele de motivação racional, afetiva ou
tradicional. Para Weber, compreender essas ações possibilita apreender os valores e as regras
compartilhados por todos.

Durkheim e Weber possuem perspectivas diferentes em relação à interação entre indivíduo e


sociedade. Para Durkheim, a sociedade é um organismo vivo composto de partes
interdependentes e indivíduos são moldados por essas estruturas sociais. Ele acredita que a
sociedade tem uma influência significativa sobre a vida individual e que a solidariedade social é
um elemento importante na manutenção da ordem social. Por outro lado, Weber acredita que
indivíduos têm algum grau de liberdade em suas ações e que a sociedade é composta de
indivíduos que agem de forma racional. Weber acredita que a sociedade é formada por uma
variedade de grupos sociais que têm seus próprios interesses e objetivos. Ele argumenta que
os indivíduos escolhem participar desses grupos com base em seus próprios interesses e
objetivos e que a interação entre indivíduo e sociedade é complexa e multifacetada.

Em suma, Durkheim e Weber diferem em suas perspectivas sobre a relação entre indivíduo e
sociedade, com Durkheim enfatizando a influência da sociedade sobre o indivíduo e Weber
enfatizando a importância do indivíduo na formação da sociedade.

VIOLENCIA SIMBOLICA NO ESPAÇO ESCOLAR

O conceito de violência simbólica foi elaborado por Pierre Bourdieu, sociólogo francês, para
descrever o processo em que se perpetuam e se impõem determinados valores culturais. Na
medida em que seus efeitos tendem a ser mais psicológicos, a violência simbólica se diferencia
da violência física, apesar de poder se expressar, em última instância, sob esta forma.

Qual o real significado da violência simbólica? Ela é um tipo de violência que não se enquadra
no contexto físico. É um termo que trata sobre os danos psicológicos que um indivíduo ou
instituição pode fazer perante os outros. A violência simbólica é muito relacionada com a
persuação e manipulação das outras pessoas.

Em termos mais simples é a persuação e manipulação dos outros por meio de estruturas ou
símbolos de poder. Por exemplo, um policial que usa seus "poderes de autoridade" para impor
aos outros os seus desejos e crenças.

Por trás do significado da violência simbólica, nós precisamos compreender que ela possui
muita sutileza e aceitação das pessoas, visto que ela é muito mascarada no nosso dia a dia.

Nos dias atuais convivemos com desigualdades de um modo natural, e a vezes não as
percebemos. No ambiente escolar não é diferente, ela está presente na imposição da cultura
dominante aos dominados. Esse tipo de desigualdade travestida na cultura é dada como
natural. Nas escolas ela acontece de várias formas, tanto do professor para o aluno, que o trata
de forma igual aos outros, sem se preocupar com sua diferença social, econômica ou quando o
professor impede o próprio aluno de pensar, fazendo apenas reproduzir o que deseja a
instituição. Até mesmo o aluno para o professor, quanto se demonstra desinteressado pelo
conteúdo. No ambiente escolar, a violência simbólica se observa nos comportamentos com
cenas desrespeito e falta de limites, tanto por parte de professores, como de alunos.

No entendimento de Bourdieu (2001), a violência simbólica ou institucional está associada à


ideologia de um grupo dominante sobre um grupo dominado, onde é comum a
desvalorização de crenças, linguagens e hábitos de somente um grupo de indivíduos em
detrimento dos demais. E isto está muito presente no contexto escolar, uma vez que, a escola
possui alunos com diferentes estruturas familiares, econômica e cultural. Assim, como
professores que fazem diferentes julgamentos com imposição legítima e dissimulada, com a
interiorização da cultura dominante

O bullying nas escolas é um dos exemplos de violência simbólica mais famosos entre as
crianças e adolescentes. Visto que nem sempre os responsáveis percebem a violência simbólica
já que não há necessariamente violência física envolvida.

Exemplo: alunos que excluem um colega de outras atividades dificultando que ele tenha acesso
às mesmas oportunidades e direitos que eles.

No fenômeno denominado bullying, seja ele na forma de preconceito racial ou de gênero ou


das diferenças individuais, o que se percebe, é que a própria instituição escolar não está pronta
pra lidar com a diversidade, tampouco com sua concretude. Certo é que a própria escola
detém um sistema simbólico de cultura. Esse sistema refere-se a uma estruturação construída
pela própria comunidade acadêmica diretamente influenciada pelas forças dominantes.

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