Refletir sobre os sentidos do ensino da Sociologia no nível
médio no Brasil. Compreender o seu processo de institucionalização a partir da análise dos textos oficiais sobre o currículo. Analisar os sujeitos envolvidos na relação de ensino aprendizagem no ambiente escolar. Objetivos desta unidade
Discutir a Sociologia como ciência e refletir sobre as
especificidades do seu ensino. Relacionar a intermitência da presença da Sociologia nos currículos escolares com o contexto político do país. Questões centrais que permeiam essa reflexão: Qual a contribuição que o ensino de Sociologia pode trazer ao estudante do nível médio? Quais são as razões da intermitência da presença da Sociologia nos currículos escolares do país? Esclarecimento inicial
Quando mencionamos Sociologia, contemplamos as três áreas
que compõem as Ciências Sociais, ou seja, a Antropologia, a Ciência Política e a Sociologia. A opção por utilizar o termo Sociologia em detrimento das Ciências Sociais, advém da categorização dada pelos grupos socioprofissionais que atuaram para a inserção da disciplina no ensino médio. Desse modo, quando mencionamos “o ensino da Sociologia” nos referimos ao ensino das Ciências Sociais. A Sociologia e a compreensão do mundo moderno
A complexidade do mundo moderno, organizado em torno dos
princípios de liberdade (contratual) e desigualdades sociais, tornou a realidade incompreensível a olhos nus. As explicações de senso comum para as desigualdades, injustiças e restrições de liberdade, não dão conta de explicar os fenômenos sociais na sua totalidade, desvendar os nexos que ligam as relações sociais. Karl Marx, na obra “A Ideologia Alemã”, afirmava que, na sociedade moderna, a aparência e a essência das coisas não são coincidentes, por isso, precisamos da ciência para tornar a realidade social compreensível. A Sociologia e a compreensão do mundo moderno
A sociedade contemporânea marcada pela forte incidência
dos meios de comunicação de massa que visam a seduzir os indivíduos para o consumo, atuam no sentido de fragmentar ainda mais a compreensão da realidade social. Como afirma David Harvey, “a ênfase na efemeridade e a preferência da estética em detrimento da ética. É uma sociedade que valoriza o fragmento, o transitório, a imagem. O valor está no simbólico e não no concreto, mudam-se os hábitos de consumo e os desejos são transformados em necessidades”. A Sociologia e a compreensão do mundo moderno
Diante do exposto, compete ao pensamento sociológico
apreender os processos político-econômicos e sociais na sua totalidade, para a devida compreensão dos fenômenos sociais. De acordo com Wright Mills, na obra “A imaginação sociológica”, a sociologia é uma ciência que deve conduzir o homem comum a compreender os nexos que ligam sua vida social com os processos sociais mais gerais. A Sociologia e a compreensão do mundo moderno
O estabelecimento de relações entre os problemas do cotidiano
com as estruturas sociais mais gerais possibilita a superação do conhecimento fragmentado. Deste modo, “pensar sociologicamente é importante para o entendimento de nós mesmos, uns dos outros e dos ambientes sociais em que vivemos” (BAUMAN). A Sociologia e o senso comum
Aprender a pensar sociologicamente é uma atividade que se
distingue da sua relação com o senso comum. Mais do que em outras áreas de estudo, a relação com o senso comum é, na sociologia, conformada por questões importantes para sua permanência e sua prática. Veremos a seguir as considerações desenvolvidas por Zygmunt Bauman. As ciências físicas e biológicas não se preocupam aparentemente em enunciar sua relação com o senso comum, caracterizado como um conhecimento rico, ainda que desordenado e não sistemático, em geral, desarticulado e inefável. A Sociologia e o senso comum
O senso comum parece nada ter a dizer sobre os problemas
que preocupam físicos, químicos e astrônomos. Os assuntos com os quais lidam essas ciências não se voltam para as experiências cotidianas nem passam pela mente de homens e mulheres comuns. Os temas do senso comum fornecem a matéria-prima da investigação sociológica. Vivemos em companhia de outras pessoas e interagimos uns com os outros. Neste processo, demonstramos extraordinária quantidade de conhecimento tácito que nos permite lidar bem com os desafios do dia a dia. Deste modo, os temas da sociologia estão embutidos em nosso cotidiano. A Sociologia e o senso comum
“As ações humanas e as interações que os sociólogos estudam
já receberam nomes e já foram analisadas pelos próprios atores, e, dessa maneira, são objetos de conhecimento do senso comum. Famílias, organizações, redes de parentesco, vizinhanças, bairros, aldeias, cidades, nações, igrejas e qualquer outro agrupamento mantido coeso pelas interações humanas regulares já se apresentam com significados e significações conferidas pelos atores.” (Bauman) Neste sentido, a sociologia está intimamente relacionada ao senso comum, mas é preciso ter clareza das distinções desta ciência com o senso comum. A Sociologia e o senso comum
1. A conhecimento sociológico deve se subordinar às regras
rigorosas da metodologia científica. Espera-se dos sociólogos um grande cuidado para distinguir – de maneira clara e visível – afirmações corroboradas por evidências verificáveis e aquelas que reivindicam seu status a partir de meras ideias provisórias e não testadas. 2. A reflexão sociológica requer a ampliação do campo de análise para além do cotidiano, o que resultará na descoberta da ligação entre biografia individual e processos sociais mais amplos. A Sociologia e o senso comum
3. A Sociologia e o senso comum diferem quanto ao sentido que
cada um atribui à vida humana em termos de como entendem e explicam os eventos e circunstâncias. Segundo Bauman, o modo como pensamos nossas ações é o modelo pelo qual damos sentido às ações dos outros. Nessa medida, a única maneira que temos para conferir sentido ao mundo à nossa volta é sacar nossas ferramentas explicativas desenvolvidas a partir das nossas próprias visões de mundo. A Sociologia e o senso comum
A Sociologia se opõe ao modelo que se funda na particularidade
das visões de mundo, pois pensar sociologicamente é dar sentido à condição humana por meio de uma análise das numerosas teias de interdependência humana. 4. O senso comum depende da autoevidência e se apoia na autoconfirmação da prática e da vida cotidiana. Já a sociologia pode surgir como algo estranho, por colocar em questão aquilo que é considerado inquestionável, tido como dado, ela tem o potencial de abalar as confortáveis certezas que temos da vida. Interatividade
O que caracteriza a Sociologia como ciência?
a) Subordinar-se às regras rigorosas de observação e análise da realidade. b) Manter diálogo intermitente com o senso comum. c) Rejeitar sistematicamente o senso comum como fonte de conhecimento da realidade. d) Considerar o conhecimento tácito, baseado na experiência cotidiana, como fundamento explicativo da realidade social. e) Validar e conferir confiabilidade às reflexões do senso comum. A imaginação sociológica
Quando um indivíduo sai para o trabalho, é bem provável que
ele não pense em termos de relações sociais de produção; quando ele usa o seu celular para fazer um contato, ele não reflete a respeito das transformações radicais que ocorreram por conta do desenvolvimento tecnológico. No nosso dia a dia não pensamos sobre as estruturas e processos que estão por trás dos nossos atos ou do ambiente em que atuamos. A imaginação sociológica
Há quase meio século, o grande sociólogo norte-americano
Wright Mills (1916-1962) chamou a habilidade de se perceber a conexão existente entre os problemas pessoais e estruturas sociais de imaginação sociológica. Para Wright Mills, a imaginação sociológica é uma forma de pensamento singular. Ela possibilita que as pessoas percebam como suas ações e potenciais são afetados pelo contexto histórico e social no qual vivem. A imaginação sociológica
“Quando uma sociedade se industrializa, o camponês se
transforma em trabalhador; o senhor feudal desaparece, ou passa a ser o homem de negócios. Quando as classes ascendem ou caem, o homem tem emprego ou fica desempregado; [...] Quando há guerras, o corretor de seguros se transforma no lançador de foguetes; o caixeiro de loja, em homem do radar; a mulher vive só, a criança cresce sem pai. A vida do indivíduo e a história da sociedade não podem ser compreendidas sem compreendermos essas alternativas.” (MILLS, 1965, p. 9-11) A imaginação sociológica
Mills enfatizou a dificuldade para o desenvolvimento
dessa habilidade intelectual: Não “[dispomos] [...]da qualidade intelectual básica para sentir o jogo que se processa entre os homens e a sociedade, a biografia e a história, o eu e o mundo” (MILLS, 1975, p. 10). A imaginação sociológica nos permite ver que muitos fatos que parecem dizer respeito apenas ao indivíduo na verdade refletem questões mais amplas. A imaginação sociológica
Segundo Giddens, aprender a pensar de maneira sociológica
significa olhar o mundo sob uma perspectiva mais ampla – e requer o cultivo da nossa imaginação. Um sociólogo é alguém que consegue se libertar do imediatismo das circunstâncias pessoais e colocar as coisas em um contexto mais amplo. A imaginação sociológica
“O que precisam, e o que sentem precisar, e uma qualidade de
espírito que lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar ocorrendo dentro deles mesmos. E essa qualidade [...] que jornalistas e professores, artistas e públicos, cientistas e editores estão começando a esperar daquilo que poderemos chamar de imaginação sociológica.” (MILLS, Wright. 1975, p. 11) A imaginação sociológica
Cada indivíduo precisa entender que suas atitudes, seus
valores, a vida que leva, o trabalho que exerce e as relações sociais que constrói são frutos do tempo em que vive. Vivemos, sentimos e construímos aquilo que o tempo histórico abre para nós em termos de possibilidades. Desenvolvemos hábitos, produzimos arte, criamos família e estabelecemos laços a partir daquilo que existe no contexto do nosso próprio tempo. Isso não significa que somos determinados pela história; ao contrário, criamos o nosso tempo da mesma forma como ele nos abre alternativas para o nosso curso individual. A imaginação sociológica
Este é o papel da imaginação sociológica: o de construir um
novo olhar. Aliás, trata-se mais de uma promessa: a Sociologia se compromete em desenvolver a construção de um novo olhar, para além do que é individual. Para atingir esse objetivo, os sociólogos e cientistas que se dispuseram a analisar as estruturas sociais buscaram compreender suas relações com a vida cotidiana dos indivíduos. A imaginação sociológica
Usando a imaginação sociológica como forma de consciência,
o indivíduo amplia sua percepção do mundo e, portanto, da sua própria vida. Capacita-se ao entendimento das perturbações (que são individuais, pessoais e que ocorrem na esfera da vida social) a partir de um ponto de vista maior, o das questões que se relacionam com as estruturas sociais mais amplas da vida social e histórica. A imaginação sociológica
O exercício da imaginação sociológica com jovens que
vivenciam uma realidade que se apresenta fragmentária, que apresentam questionamentos e inseguranças em relação ao presente e também com relação ao futuro, pode se apresentar uma eficaz ferramenta na construção de respostas a essa infinita gama de perguntas; instrumentalizando os estudantes para estabelecerem uma conexão entre o cenário social mais amplo e suas vidas particulares. Incentivar os estudantes a olhar a vida cotidiana a partir dos pressupostos da Sociologia, desperta-os para a reflexão e elucidação do cotidiano. A imaginação sociológica
O divórcio, por exemplo, é um fato pessoal
inquestionavelmente difícil para o marido e para a esposa que se separam. Entretanto, o uso da imaginação sociológica [permite ver] o divórcio não apenas como problema pessoal do indivíduo, mas sim como uma preocupação da sociedade. Usando essa perspectiva, podemos notar que um aumento da taxa de divórcio na verdade redefine uma instituição fundamental – a família. Os lares hoje com frequência incluem padrastos, madrastas e meios-irmãos cujos pais se divorciaram e casaram novamente. A imaginação sociológica
Um bom exercício para que os estudantes se familiarizem
com a “imaginação sociológica” é pedir que a exercitem. O professor pode pedir que escolham qualquer tema da vida cotidiana, preferencialmente algo que eles considerem bem comum e banal. A partir daí, os alunos devem “destrinchar” o tema, mostrando as relações que nele implicam. Se conseguirmos levar os alunos a pensarem as contradições, os nexos e as interdependências entre suas vidas e a sociedade, já teremos conseguido atingir o objetivo de fazê-los raciocinar sociologicamente. Interatividade
Na década de 1950, o sociólogo norte-americano Wright Mills
(1916-1962) refletiu sobre a necessidade do homem contemporâneo desenvolver a imaginação sociológica, que significa: a) Habilidade de perceber a pressão do social sobre a individualidade. b) Habilidade de perceber a conexão entre problemas pessoais e estruturas sociais. c) Habilidade de identificar as estruturas simbólicas. d) Habilidade de identificar os sentidos da ação social. e) Habilidade de entender o mundo social como ele é e não como deveria ser. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
De forma distinta ao que aconteceu em outros países da
América Latina (que incluíram a disciplina nos cursos superiores), a Sociologia, no Brasil, foi introduzida inicialmente nas séries finais da Educação Secundária. Alguns fatores podem explicar essa diferença: em primeiro lugar, o positivismo, corrente sociológica que inaugura o discurso da disciplina, sempre teve uma influência enorme junto a comunidade política e científica do Brasil. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Segundo o sociólogo Lejeune de Carvalho, no livro “Sociologia
e ensino em debate”, foi em 1891, nos anos iniciais da República, coube ao positivista Benjamin Constant, apresentar o plano nacional para a educação, onde se previa a obrigatoriedade do ensino de Sociologia em todas as escolas de ensino secundário. Como a reforma de Benjamin Constant não chegou a ser colocada em prática, a disciplina é introduzida nas Escolas Normais, que formavam professores para o ensino primário. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
A primeira escola a introduzir a disciplina em seu curso de
nível médio foi o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1925, por iniciativa de Fernando Azevedo. Em 1928, com a Reforma do Ensino de Rocha Vaz, a Sociologia passa a fazer parte de forma obrigatória do currículo das Escolas Normais do Rio de Janeiro e Recife. Nesta última, a iniciativa coube ao renomado sociólogo Gilberto Freyre e a Carneiro Leão. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
É importante salientar que estas primeiras experiências com o
ensino da Sociologia não contou com professores com formação específica na área, pois foi somente em 1933 que foi criado o primeiro curso de Sociologia em São Paulo. Deste modo, pode-se concluir que os primeiros professores desta disciplina foram intelectuais autodidatas, em geral, médicos e advogados. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
No Brasil, podemos distinguir nitidamente, na evolução da
Sociologia, dois períodos bem configurados (1880-1930 e depois de 1940), com uma importante fase intermediária de transição (1930-1940). No primeiro, é praticada por intelectuais não especializados, interessados principalmente em formular princípios teóricos ou interpretar de modo global a sociedade brasileira. Além disso, não se registra a existência da pesquisa empírica sobre aspectos delimitados da realidade. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Em 1933 é criada, em São Paulo, o primeiro curso de ensino
superior da área, a Escola Livre de Sociologia e Política. A época era de intensa agitação política e cultural da elite paulista, comprometida com um projeto de modernização da sociedade brasileira e de recuperação da influência política do estado São Paulo, que havia sido perdida na Revolução de 1930. Seu objetivo era formar uma elite capaz de liderar o processo de industrialização do Brasil e de contribuir para melhorar os padrões da administração pública do país. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
A Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, a partir de
1939, contou com a colaboração do sociólogo Donald Pierson que influenciou no projeto pedagógico da instituição. Donald Pierson era pesquisador da Universidade de Chicago e realizou importantes pesquisas de campo no Brasil sobre os negros na Bahia, os estudos de comunidade (pequenas cidades rurais) e estudos da cidade (principalmente sobre a urbanização de São Paulo). O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Em 1934, foi criada a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
da Universidade de São Paulo. O curso de Ciências Sociais foi criado pela “missão francesa”. A “missão francesa” era composta por grandes nomes da ciência social da França, como Claude Lévi-Strauss, Roger Bastide, Paul Arbousse Bastide, Paul Hugon. Esses professores lançaram as bases de uma tradição que nas décadas seguintes viria assumir como referência de identidade profissional para as novas gerações: a de que em nossas áreas de conhecimento o ensino não se desvincula da pesquisa, seja a pesquisa teórica, seja a empírica. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Conforme indica Moraes (2003), no processo de criação do
curso de Ciências Sociais, na USP, não tinha como propósito a formação de professores Com a derrota militar de 1932, via-se a própria universidade como caminho para a superação, pois o cultivo da ciência poderia conduzir os paulistas a ocupar a “hegemonia que durante anos o Estado desfrutou na Federação” (MORAES, 2003). O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Na análise das relações entre a institucionalização das
Ciências Sociais e o campo escolar, no período de 1930 a 1950 (Silva, 2002 apud MORAES, 2003), os cientistas sociais viam “a importância da sua institucionalização nas escolas, como fator de consolidação dessas ciências no país”. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Para Florestan Fernandes, dois grandes objetivos guiaram a
configuração da Sociologia como disciplina e seu ensino a partir de 1933: “educar as novas gerações para as tarefas de lideranças econômica, administrativa e política; criar recursos para a solução racional e pacífica dos problemas sociais brasileiros” (FERNANDES, 1956, p. 198). O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Como afirma Oliveira (2013), “Há que ser destacado,
também, que mesmo depois da criação dos primeiros cursos de Ciências Sociais, ainda nos anos 30 do século passado, a formação de professores não chega a ser uma prioridade”. Interatividade
Qual a corrente teórica que influenciou o ensino da Sociologia
no Brasil no início da República? a) A escola de Chicago, com Donald Pierson. b) O estruturalismo francês, de Lévi-Strauss. c) O positivismo, de Augusto Comte. d) O culturalismo americano, de Franz Boas. e) A análise marxista, de Florestan Fernandes. O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
A análise histórica nos mostra que a presença da Sociologia
como disciplina do currículo no Ensino Médio tem oscilado de acordo com dois principais fatores: o primeiro, relacionado com o ambiente político do país; o segundo, relacionado à clareza em relação ao conjunto de conteúdos associado a ela. Segundo Moraes (2011), é necessário muito cuidado com o estabelecimento de conexões diretas entre o momento político e a inclusão ou não da Sociologia nos currículos escolares. O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
Segundo Moraes (2011), essa estratégia acaba por colocar
a disciplina como um verdadeiro termômetro do índice de democracia de governos. Embora tal percepção tenha sido construída a partir dos anos 1980 (quando a disciplina retornou aos currículos escolares simultaneamente ao processo de redemocratização), a conexão entre Sociologia e democracia está longe de ser uma relação direta e automática. O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
O advento da República: Em 1891, Benjamin Constant
apresentou a Plano Nacional de Educação, que previa como obrigatório o ensino de Sociologia em todas as escolas secundárias, porém essa reforma não chegou a ser colocada em prática. Em 1925, por iniciativa de Fernando Azevedo, é introduzido o ensino da disciplina no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
Em 1928, a Reforma do Ensino de Rocha Vaz torna obrigatório
a presença da disciplina no currículo das Escolas Normais do Rio de Janeiro, com Delgado de Carvalho, e da cidade de Recife, cuja iniciativa coube ao renomado sociólogo Gilberto Freyre. A partir da Revolução de 1930: ocorreu uma ampliação do ensino de Sociologia no nível secundário, ampliando o número de escolas. O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
Entre 1942 e 1964: a obrigatoriedade é retirada dos
currículos das escolas secundárias, permanecendo apenas nas Escolas Normais. No Regime Militar (1964-1989), a disciplina é retirada dos currículos, professores secundários e universitários foram presos, cassados e aposentados compulsoriamente, em especial a partir de 1969, com a edição do Ato Institucional nº 5. Alguns dos professores cassados nesse período: Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Octávio Ianni. O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
Os anos de 1980 marcam o retorno da Sociologia à escola
secundária, ou seja, quatro décadas depois de sua efetiva exclusão do currículo. Como foi dito, esse retorno está associado ao período de redemocratização da sociedade brasileira e aconteceu na sequência de uma mudança na legislação educacional realizada pelo próprio governo militar. Em 1996, foi sancionada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96. O artigo 36, da LDB, afirma que “o educando egresso do Ensino Médio deverá demonstrar conhecimentos de Sociologia e de Filosofia”. O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
O texto da lei deu margem para a interpretação de que “ter
conhecimentos” não significa obrigatoriedade do ensino da disciplina. Deste modo, seus conteúdos poderiam ser dados de maneira interdisciplinar. Em 1997 é elaborado um Projeto de Lei na Câmara Federal que alterava o artigo 36, da LDB, dando-lhe uma redação bastante explícita, a saber: “fica obrigatório o ensino de Sociologia e Filosofia em todas as escolas de Ensino Médio no país”. Em 2000, o Projeto de Lei é aprovado por unanimidade no Congresso Nacional. O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
Em 2001, o presidente Fernando Henrique Cardoso veta
integralmente o projeto por considerá-lo: “(...) o projeto de inclusão da Filosofia e da Sociologia como disciplinas obrigatórias no currículo do ensino médio implicará a constituição de ônus para os estados e o Distrito Federal, pressupondo a necessidade da criação de cargos para a contratação de professores de tais disciplinas, com a agravante de que, segundo informações da Secretaria de Educação Média e Tecnológica, não há no país formação suficiente de tais profissionais para atender à demanda que advirá caso fosse sancionado o projeto, situações que por si só recomendam que seja vetado na sua totalidade por ser contrário ao interesse público.” (Presidência da República, 2001 apud Moraes 2011) O ensino da Sociologia e os contextos políticos do Brasil
Em 2006, o Conselho Nacional de Educação publica o Parecer
nº 38/06, que estabeleceu a obrigatoriedade da Sociologia e Filosofia em todas as escolas públicas e privadas do país. Em 2008, o Congresso aprovou o Projeto de Lei n. 1.641/03 que foi sancionado pelo Presidente em exercício José Alencar como Lei n. 11.684/2008, que altera a LDB, tornando obrigatórias Sociologia e Filosofia nas três séries do Ensino Médio. O debate agora passa a ser sobre a formação do professor de Sociologia e os conteúdos a serem lecionados. O ensino das Ciências Sociais e os contextos políticos
Segundo Moraes (2003), a intermitência do ensino de
Sociologia é uma característica marcante da história dessa disciplina em termos de sua inclusão no currículo escolar. Essa intermitência foi a responsável pela dificuldade de se criar uma tradição no ensino, com metodologias, objetivos e conteúdos mais consensuais entre os professores da disciplina. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
O sentido do ensino das Ciências Sociais na atualidade:
Para o professor Flávio Sarandy (2001), “conhecimento sociológico certamente beneficiará nosso educando na medida em que lhe permitirá uma análise mais acurada da realidade que o cerca e na qual está inserido. Mais que isto, a sociologia constitui contribuição decisiva para a formação da pessoa humana, já que nega o individualismo e demonstra claramente nossa dependência em relação ao todo, isto é, a sociedade na qual estamos inseridos.” O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Dificuldades da inserção das Ciências Sociais nos
currículos escolares: Administrativas: número excessivo de turmas, em geral, 16 turmas por 40h de jornada; o que, por um lado, dificulta a realização de atividades criativas, o acompanhamento dos alunos e uma avaliação diagnóstica e, por outro lado, gera desgaste físico e mental. O ensino das Ciências Sociais no Brasil
Políticas: a resistência de professores e estudantes em função
da diminuição da carga horária de outras disciplinas. Pedagógicas: domínio precário dos conceitos básicos das ciências sociais, aliado a isso falta objetividade e clareza dos temas a serem trabalhados. Interatividade
Atualmente, como a Lei regulamenta o ensino de Sociologia no
nível médio? a) É facultativo às escolas particulares. b) É obrigatório em uma das séries do Ensino Médio. c) É tratado de maneira interdisciplinar no currículo. d) É obrigatório nas escolas particulares e facultativo nas escolas públicas. e) É obrigatório nas três séries do Ensino Médio em todas as escolas do país. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade II
METODOLOGIA DE ENSINO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Profa. Josefa Alexandrina
Objetivos desta unidade
Analisar o enfoque que a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação concede ao ensino de Sociologia no nível médio. Analisar os pressupostos do ensino de Sociologia no nível médio, presentes nos PCN's e PCN’s +. Analisar os fundamentos do ensino da Sociologia a partir das OCN's. Refletir sobre um dos agentes envolvidos no processo educacional: o jovem, suas relações com a cultura, a escola e o ensino de Sociologia. Questões centrais desta unidade
Como a LDB concebe o ensino de Sociologia no Brasil?
O que são os PCN's? Qual o seu papel na reflexão sobre o ensino de Sociologia? O que são as OCN's? No que elas se diferenciam dos PCN's? Como o ensino de Sociologia pode adquirir significado para os jovens que cursam o ensino médio no Brasil? O processo de redemocratização do país e o ensino de Sociologia
Em 1983, o ensino de Sociologia é introduzido em quase
3.000 escolas da rede estadual de São Paulo. São elaboradas as primeiras propostas curriculares para o ensino de Sociologia no nível médio. Ao longo da década de 1980, o ensino de Sociologia é implantado em vários estados da Federação, como o Rio Grande do Sul, Pará, Rio de Janeiro, entre outros. Neste período, o ensino de Sociologia tinha como fundamento jurídico as leis estaduais e não havia uma lei federal que determinasse sua inclusão em todas as escolas do país. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
Segundo a Constituição promulgada em 1988, a educação
é considerada um direito social. Os princípios e fins da educação nacional, de acordo com a LDB, são: Art. 2º: A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A LDB e o ensino de Sociologia no nível médio
Art. 3º: O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III. pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV. respeito à liberdade e apreço à tolerância; V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
VII. valorização do profissional da educação escolar;
VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX. garantia de padrão de qualidade; X. valorização da experiência extraescolar; XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII. consideração com a diversidade étnico-racial. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
Princípios norteadores do ensino nas escolas, segundo a LDB:
1. O princípio da interdisciplinaridade, por conceber as disciplinas escolares como recortes arbitrários do conhecimento. 2. O princípio da contextualização do conteúdo, para estimular o aluno a dar sentido ao que aprende. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
O ensino de Sociologia era concebido como:
Art. 36: ao término do ensino médio, o aluno deve ter: “Domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários para o exercício da cidadania.” Com linguagem ambígua, possibilitou diferentes interpretações, que foram utilizadas conforme os interesses dominantes no período. Deste modo, divulgou-se que o ensino de Sociologia poderia ser ministrado de maneira interdisciplinar. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
Segundo Carvalho (2004, p.24):
“Entre nosso palavreado veio a tal transversalidade, de forma que seriam criadas áreas de saber e não matérias. É a desregulamentação chegando ao ensino. Negam-se as disciplinas, como se nega a ciência e o saber dela decorrente. Bastaria, digamos, um professor de matemática discutir com seus alunos um artigo de jornal que trate do desemprego em São Paulo, por exemplo, quando entrar na matéria dos percentuais. Ele já estaria ‘lecionando Sociologia’ aos seus alunos ao tecer comentários sobre a situação do desemprego, concentração de renda, queda do rendimento.” Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
A obrigatoriedade do ensino de Filosofia e de Sociologia no
Ensino Médio em todas as escolas, ocorreu com a homologação do Parecer 38/2006 do Conselho Nacional de Educação (CNE) e com o Decreto Lei 11.684, de 2 de Junho de 2008, que alterou a LDB. O Conselho Nacional de Educação regulamentou o ensino de Sociologia e de Filosofia, determinando que sejam ministradas nas três séries do ensino médio. Estas medidas deveriam ser implementadas em todo o país até o ano de 2011. Interatividade
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
o domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia são necessários para: a) A ampliação da empregabilidade. b) A redução das desigualdades sociais. c) O controle dos processos migratórios. d) O exercício da cidadania. e) A contenção da miserabilidade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's)
Em 1999, o MEC publicou os Parâmetros Curriculares
Nacionais do Ensino Médio. O objetivo era dar subsídios para as redes estaduais e particulares elaborarem seus currículos. As escolas deveriam incluir conhecimentos de Sociologia, de acordo com suas possibilidades. Sugere-se que esses conhecimentos apareçam em projetos, programas e conteúdos presentes em outras disciplinas, como História, Geografia e outras. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's)
Propõe inicialmente a análise teórica centrada nos três
grandes paradigmas fundamentais do conhecimento sociológico: o materialismo histórico e dialético de Karl Marx, o positivismo de Emile Durkheim e a Sociologia compreensiva de Max Weber. Busca-se “promover uma reflexão em torno da permanência dessas questões até hoje, inclusive avaliando a operacionalidade dos conceitos e categorias utilizadas por cada um dos autores, no que se refere à compreensão da complexidade do mundo atual.” (Brasil: 1999, p. 317). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's)
Eixos do ensino de Sociologia, Antropologia e Política:
1. A relação indivíduo x sociedade, a partir da influência da ação social sobre os processos sociais. 2. A dinâmica social que permite a manutenção da ordem e também a mudança social. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's)
A contribuição do ensino de Sociologia no nível médio é
vista como: “investigar, identificar, descrever, classificar e interpretar/explicar todos os fatos relacionados à vida social, logo permite instrumentalizar o aluno para que possa decodificar a complexidade da realidade social.” (Brasil: 1999, p.318). Ainda segundo o documento: “Ao compreender melhor a dinâmica da sociedade em que vive, poderá perceber-se como elemento ativo, dotado de força política e capacidade de transformar e, até mesmo, viabilizar, através do exercício pleno de sua cidadania, mudanças estruturais que apontem para um novo modelo de sociedade, mais justo e igualitário.” Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's)
O ensino de Sociologia “deve fornecer instrumentais teóricos
para que o aluno entenda o processo de mundialização do capital, em correspondência com as sucessivas revoluções tecnológicas.” (Brasil: 1999, p. 318). Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's)
O currículo não é mais voltado para a aquisição de
conteúdos específicos, mas somente para a preparação para o trabalho, habilidades e tecnologias referentes às áreas do conhecimento. No item “O que e como ensinar em Ciências Sociais” apresenta-se um apanhado de conceitos. Na área de Sociologia, a ênfase recai sobre os processos de socialização, formação da sociedade de classes e os processos de exclusão e inclusão social. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's)
Na área de Antropologia, enfatiza-se a necessidade de
compreensão do conceito de cultura; aponta-se a necessidade de superação das posturas etnocêntricas e a compreensão da diversidade cultural. Ressalta-se a compreensão do papel da indústria cultural e dos meios de comunicação de massa. Na área da Ciência Política, um dos objetivos é ampliar a concepção de política “entendida como algo presente no cotidiano e permitir uma reflexão sobre as relações de poder.” (Brasil: 1999, p. 323). Os Parâmetros Curriculares Nacionais+ (PCN's+)
As orientações educacionais complementares aos Parâmetros
Curriculares Nacionais foi publicada em 2002. Os conceitos estruturantes do ensino de Sociologia são: cidadania, trabalho e cultura. Pois, “esse conjunto de conceitos permite, inicialmente, que alguns paradigmas teóricos e metodológicos da Sociologia, da Antropologia, da Política e também da Economia, do Direito e da Psicologia sejam identificados, analisados, construídos e apropriados pelo estudante, pelo cidadão que frequenta a Escola.” (Brasil, 2002, p.88). Interatividade
Segundo os PCN's+, os eixos estruturantes do ensino de
Sociologia do nível médio são: a) Revolução, transformação e conservação social. b) História, Geografia e Filosofia. c) Cidadania, trabalho e cultura. d) Pesquisa, teoria e práxis. e) Estrutura do Estado, luta de classes e conformação social. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino médio
As OCN's partem de uma crítica aos PCN's. Para as OCN's, a
Sociologia deveria integrar o núcleo comum do currículo. Deveriam ser somados esforços para que as propostas curriculares se voltassem para a formação do jovem nas escolas e não para o mercado de trabalho, como preconizavam os PCN's. A proposta das OCN's é ser um mapa, uma proposta de trabalho para orientar o trabalho do professor e não um programa fechado e rígido. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino médio
As OCN's reforçam o caráter disciplinar e científico do ensino:
“Não se pode entender que entre os 15 e os 18 anos, após oito, nove, 10 anos de escolaridade, o jovem ainda fique sujeito a aprender noções ou exercitar a mente em debates circulares, aleatórios e arbitrários. Parece que nessa fase de sua vida a curiosidade vai ganhando certa necessidade de disciplinamento, o que demanda procedimentos mais rigorosos, que mobilizam razões históricas e argumentos racionalizantes acerca de fenômenos naturais ou culturais.” (Brasil, 2006. p.7). Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino médio
As OCN's não indicam um currículo nacional para o ensino
da Sociologia no ensino médio. Afirma-se que: “não se tem ainda formada uma comunidade de professores de Sociologia no ensino médio, quer em âmbito estadual, regional ou nacional, de modo que o diálogo entre eles tenha produzido consensos a respeito de conteúdos, metodologias, recursos etc.” Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino de Sociologia
Para as OCN's, um papel central realizado pelo pensamento
sociológico é a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. A desnaturalização é uma forma de olhar os fenômenos sociais como construções humanas e não como naturais. Exemplo: A visão de que a economia é um fenômeno natural, como se existisse um mercado para além dos homens, ao qual todos devem obedecer sob pena de serem malsucedidos. Deste modo, busca-se conduzir à reflexão da construção social dos fenômenos. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino de Sociologia
O estranhamento, que visa observar que os fenômenos sociais
que rodeiam a todos e dos quais se participa não são de imediato conhecidos, pois aparecem como ordinários, triviais, corriqueiros, normais, sem necessidade de explicação, aos quais se está acostumado, e que na verdade nem são vistos. O estranhamento possibilita que os fenômenos sejam colocados em questão, ou seja, problematizados. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino de Sociologia
Segundo as OCN's, “estranhar o fenômeno ‘suicídio’ significa,
então, tomá-lo não como um fato corriqueiro, perdido nas páginas policiais dos jornais ou boletins de ocorrências de delegacias, e sim como objeto de estudo da Sociologia; e procurar as causas externas ao indivíduo, mas que tem decisiva influência sobre esse, constitui um fenômeno social, com regularidade, periodicidade e, nos limites de uma teoria sociológica, uma função em relação ao poder social.” (Brasil. 2006, p.107). É possível provocar o estranhamento para a análise das desigualdades, desemprego, hierarquias sociais etc. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino de Sociologia
Os limites da ciência Sociologia não coincidem com os da
disciplina Sociologia. Por isso, é importante a realização de recortes ou traduções. “Deste modo, deve haver uma adequação, em termos de linguagem, objetos, temas e reconstrução da história das Ciências Sociais.” (Brasil, 2006). Além da transposição dos conteúdos para o ensino médio, é necessário que sejam feitas mediações pedagógicas, que devem levar em conta a cultura escolar. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino de Sociologia
Existem três tipos de recortes de conteúdos nos parâmetros
curriculares oficiais, nos livros didáticos e mesmo nas escolas. São eles: conceitos, temas e teorias. Porém, os conceitos, temas e teorias, não devem ser trabalhados de forma isolada. Os conceitos isolados podem se reduzir a um glossário, como os conceitos de classe social, status social, entre outros. É preciso atentar que existem conceitos que possuem diferentes significados, dependendo dos autores que os formularam. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino de Sociologia
A escolha de temas deve se adequar à realidade local. Há
temas atuais que são importantes e presentes em muitos currículos estaduais: violência e globalização. É importante observar que o tema violência não se restringe à criminalidade. Há outras formas de violência presentes nas relações pessoais ou na relação dos indivíduos com instituições: a chamada violência simbólica. Há também o uso legítimo da violência por parte do Estado, a violência nos meios de comunicação, entre outras. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino de Sociologia
Os temas, quando não vinculados a teorias, tendem a reproduzir
o senso comum. Por exemplo: pobreza, desemprego. Teorias: são compostas por conceitos e ganham concretude quando aplicadas a um tema ou objeto da Sociologia. Para a compreensão das teorias clássicas é importante a compreensão do contexto histórico em que foram produzidas. Orientações Curriculares Nacionais (OCN's) para o ensino de Sociologia
A pesquisa sociológica no ensino médio
A pesquisa pode ser um instrumento importante para o desenvolvimento da compreensão e para a explicação dos fenômenos sociais. É preciso explicitar a necessidade de padrões mínimos de procedimentos objetivos, os cuidados a serem tomados, enfim, passos e procedimentos objetivos para que o resultado dela possa ser de alguma valia no entendimento do fenômeno observado. PCN's e OCN's
Embora os dois documentos tenham sido elaborados sob a
vigência da LDB/96, observa-se dois documentos distintos quanto ao propósito do ensino de Sociologia. Enquanto os PCN's enfraquecem a obrigatoriedade do ensino de Sociologia com a justificativa da transversalidade, as OCN's deixam claro a matriz disciplinar da Sociologia. Interatividade
Segundo as Orientações Curriculares Nacionais, a contribuição
da Sociologia no ensino médio é possibilitar: a) A memorização e dedução dos fatos sociais. b) A crítica e a reprodução das ações sociais. c) A transformação das estruturas sociais. d) A desnaturalização e o estranhamento dos fenômenos sociais. e) A conformação com a realidade social. Os jovens no Brasil
A categoria jovem é uma construção social determinada
histórica e culturalmente. Sob a perspectiva demográfica, considera-se jovem o indivíduo entre 15 e 29 anos. Atualmente, os jovens somam 54 milhões de brasileiros e correspondem a 26% da população do país. Segundo a PNAD de 2012, na faixa etária entre 15 e 17 anos, 65% dos jovens somente estudam. Os jovens no Brasil
Entre 18 e 24 anos, 45% dos jovens apenas trabalham.
Entre 25 e 29 anos, 67% dos jovens apenas trabalham. O Brasil tem mais de 7 milhões de alunos inscritos no ensino médio da rede pública, sendo que a grande maioria estuda em tempo parcial na rede estadual urbana. Segundo o PNAD 2009, a porcentagem de alunos na rede privada não supera os 15%, tanto em termos do Brasil como em termos das regiões. Os jovens no Brasil
Segundo pesquisa realizada em 2013 pela Organização
Ibero-Americana de Juventude, menos de 10% dos jovens brasileiros acreditam ter tido uma boa educação secundária. Na pesquisa, comparados a outros jovens ibero-americanos, os brasileiros apresentam taxas superiores de aprovação em relação a temas controversos: são os que mais apoiam o matrimônio homoafetivo, a legalização da maconha, a recepção de imigrantes e a legalização do aborto. Em relação à pena de morte, apresentam também a maior taxa de concordância: quase 27% dos jovens brasileiros estão de acordo com a pena de morte. Os jovens no Brasil
Os brasileiros são também os jovens que mais concordam
com o suborno para escapar de alguma punição: quase 32% pensam que esta é uma boa maneira de fugir da pena por infringir alguma lei. As culturas juvenis
Segundo Catani e Gilioli (2004, p. 15), as sociedades
modernas se caracterizam “[...] por ter a juventude como fase transitória entre a condição infantil e adulta, mas sem limites precisos e não demarcados por rituais sociais rígidos.” Neste sentido, é correto considerar que os jovens são capazes de produzir uma cultura autônoma, que não apenas imite o mundo adulto e as instituições tradicionais (escola, Estado, família, empresas, sindicatos etc), mas que também articule estas instituições tradicionais de acordo com parâmetros próprios, configurando novas formas de cultura (Catani; Gilioli, 2004, p. 16). As culturas juvenis
A investigação da juventude enquanto fenômeno cultural
implica levarmos em conta as categorias juventudes e culturas juvenis como plurais: são várias juventudes e várias culturas juvenis. Ainda, mais do que entender a juventude como mera transição entre dois estados, ou de entendê-la como desvio da norma social, algo que será solucionado com o amadurecimento, os estudiosos da juventude procuram compreender as culturas juvenis como resultado da formação de tribos ou subculturas que se caracterizam como pequenos grupos sociais, cada um deles com uma cultura especifica. As culturas juvenis
A subcultura juvenil se forma por meio da afirmação da
diferença por parte de seus membros, que reconhecem-se como distintos de outros e desejam, de forma explícita, que essa distinção seja reconhecida por todos. Por exemplo, a década de 1960 foi intensamente marcada pela cultura hippie e a contracultura: os hippies, jovens da classe média norte-americana, preconizavam o espiritualismo, o culto à natureza, a contestação aos valores paternos (especialmente aqueles relacionados ao trabalho e à estética), a defesa da vida em comunidade, o uso de drogas e a crítica ao consumismo e ao conservadorismo. A escola como espaço da cultura juvenil
A escola e um dos veículos fundamentais para a socialização
dos jovens. Se a respeito disso há pouca dúvida, o panorama é distinto quando se trata de entender como se dão as relações entre alunos, escola e ambiente externo. Por um lado, os alunos levam à escola aquilo que apreendem do ambiente em que vivem e no qual se desenvolveram até aquele instante; por outro, a escola possui sua própria cultura, “que se cria e preserva através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade [...] [criando uma] cultura escolar, isto é, um conjunto de aspectos, transversais, que caracterizam a escola como instituição.” (Carvalho, 2006, p. 1). A escola como espaço da cultura juvenil
De fato, a cultura escolar é resultado das interações
estabelecidas entre seus próprios valores e os dos alunos. Por meio do resultado destas interações se cria uma dinâmica própria que se reproduz e se transforma continuamente. Segundo Camacho, “Ao mesmo tempo em que nem conseguem expressar quem é esse sujeito denominado aluno, os profissionais da educação também não conseguem reconhecê-lo como um sujeito que tem direitos a uma escola que realmente ensina, que seja democrática e respeitosa de sua identidade de aluno, de pessoa e de jovem.” A escola como espaço da cultura juvenil
Segundo a pesquisadora, Krawczyk: “ Os atos violentos dos
alunos, os problemas com a disciplina parecem sempre escapar do domínio escolar. As atitudes dos alunos – passividade, agressividade etc. – são percebidas como expressões do bairro onde moram e para que os problemas do bairro não entrem na escola, são construídos muros para separá-los. Há um comportamento etnocêntrico dos docentes; o mundo dos alunos é estrangeiro para a maioria deles.” A escola como espaço da cultura juvenil
Para que os jovens possam ser percebidos e para que as
culturas juvenis não passem despercebidas, a escola precisa funcionar como um espaço para o cruzamento multicultural, funcionando como elemento de mediação, proteção e estímulo ao contato entre diferentes culturas. Os jovens, a escola e o ensino de Sociologia
Para Dayrell (2010):
“Acreditamos que o professor de Sociologia tem um importante papel a cumprir na escola. Como sociólogo, ao buscar compreender quem são os jovens alunos que chegam ao Ensino Médio, contribuindo assim para que a comunidade escolar desnaturalize a visão que possui dos alunos, superando preconceitos e estereótipos, compreendendo-os como sujeitos sociais com demandas e necessidades próprias. Mas também como docente, ao fazer do jovem e sua realidade objeto de pesquisa e análise nas aulas de Sociologia.” Os jovens, a escola e o ensino de Sociologia
Para Dayrell (2010) cabe ao professor “fornecer ao jovem
aluno recursos e instrumentos, por meio dos conteúdos sociológicos, que lhe treinem o olhar sociológico, aliados à imaginação sociológica (Mills, 1975), de tal forma a possibilitar uma compreensão mais ampla da realidade social.” Mas também é preciso contribuir para que os jovens alunos se percebam como seres culturais, membros de determinado grupo social, com uma tradição própria, legítima, que lhes dê referência, reconhecendo e valorizando as suas origens socioculturais, principalmente no caso dos negros.” Interatividade
Qual a contribuição que o ensino da Sociologia pode trazer
para os jovens do ensino médio? a) Adestrar mão de obra para as exigências do mercado de trabalho. b) Formar cidadãos obedientes e conformistas. c) Estimular a formação de gangues juvenis. d) Possibilitar uma compreensão mais ampla da realidade social. e) Tornar a escola espaço de manifestação artística e lazer. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade III
METODOLOGIA DE ENSINO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Profa. Ma. Josefa Alexandrina
Objetivos desta unidade
Refletir sobre os principais agentes envolvidos no processo
educacional: o professor e a própria escola. Compreender a importância do Projeto Político-Pedagógico da escola para a elaboração dos planos de ensino. Refletir sobre a necessidade de formação constante do professor e sua interação com as novas tecnologias. A condição de professor
Segundo Penin (2009), a atividade de ensino é tão antiga quanto
a vida humana. A profissão de professor surgiu no século XVIII no contexto da Revolução Francesa. No Brasil, a formação de professores ocorreu a partir dos anos 1930. A sociedade moderna construiu a ideia do professor-sacerdote, colocando a sua tarefa em nível de missão semelhante ao trabalho dos religiosos. A mistificação do professor foi produto social e interferiu no seu modo de ser e de agir. A condição de professor
Posteriormente, surge a ideia do professor como profissional
liberal, privilegiando o seu saber específico e atribuindo-lhe uma independência que, na prática, nunca alcançou. Atualmente, o professor é concebido como trabalhador assalariado que vende o produto do seu trabalho. Esta perspectiva inclui a ideia de que o trabalho intelectual também está incluído no processo de produção. A condição de professor
Segundo Arroyo (2007), surge uma nova consciência
profissional do professor, que requer novas formas de organizar o trabalho, onde haja horários para estudo, planejamento, tempo de atividades programadas, pois sujeitos mais qualificados são melhores profissionais. Na atualidade, autores como Tardif (2000), Perrenoud (2001), constroem um novo mapa interpretativo do ofício que conduz ao enfrentamento dos novos desafios da prática de ensino e a novas formas de relacionamento com o conhecimento, da parte dos jovens e adolescentes. A condição de professor
Segundo René Maheu, da Unesco, “A função docente se
encontra no centro dos problemas contemporâneos na área da educação no mundo inteiro. A expansão da educação e a necessidade de adaptá-la a novas necessidades do homem e da sociedade”. A identidade docente é resultante da sua condição de um profissional portador de um saber especial, voltado para uma atividade específica e socialmente diferenciada. A condição de professor
Dados da pesquisa “Professores na América Latina: radiografia
de uma profissão”, de Denise Vaillant, do Observatório Internacional da Profissão Docente da Universidade de Barcelona, aponta que: A grande maioria do professorado é do sexo feminino, tende a ser mais jovem que nos países desenvolvidos e provêm, em geral, de setores e famílias com menor capital cultural e econômico em termos relativos e cujo salário contribui com uma porção significativa da renda familiar - em alguns países, com 45% da renda total familiar. A condição de professor
Segundo os dados do Censo Educacional do Brasil, elaborado
pelo Inep em 2007, os docentes no Brasil são: A distribuição dos professores por idade revela que 68% dos docentes têm mais de 33 anos de idade e que 55% estão na faixa de 30 a 45 anos. A condição de professor
Outro ponto de destaque neste perfil é que o preparo e os anos
de escolaridade dos docentes latino-americanos (12 anos) são significativamente menores do que no grupo formado pelos Estados Unidos, Japão e países da OCDE (16 anos), o que resulta em um comprometimento da educação recebida por crianças e jovens latino-americanos, em especial de contextos socioeconômicos desfavorecidos. A condição de professor
Segundo Arroyo (2006), “ a ação do professor e da professora
é inseparável de sua subjetividade, de seus sentimentos, ideais e representações, da percepção e da consciência que tiver sobre os interesses que estão em jogo, sobre as estruturas, as múltiplas determinações do social e, especificamente, dependerão da consciência que tiver de sua ação educativa, do próprio campo da educação e da escola”. Os docentes e a LDB
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
I. participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II. elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III. zelar pela aprendizagem dos alunos; IV. estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V. ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; Os docentes e a LDB
VI. colaborar com as atividades de articulação da escola com as
famílias e a comunidade. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I. participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II. participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Interatividade
O lugar ocupado pelos professores na sociedade era visto como
sacerdote, que tudo sacrifica em prol de sua sagrada missão de ensinar. Por qual concepção essa visão foi substituída? a) Sacerdote que visa à difusão do conhecimento. b) Burguês que busca lucro. c) Trabalhador intelectual assalariado. d) Proletário vítima da crise do sistema educacional. e) Profissional liberal. O professor como trabalhador intelectual
Gramsci parte da concepção da impossibilidade de falar de não
intelectuais, pois todos os homens são intelectuais, embora nem todos desempenhem a função de elaboração intelectual. Na distinção entre intelectuais e não intelectuais, Gramsci afirma que se procura levar em conta “a direção sobre a qual incide o peso maior da atividade profissional específica, se na elaboração intelectual ou se no esforço muscular-nervoso.” (GRAMSCI, 1991, p. 7). O professor como trabalhador intelectual
Mesmo reconhecendo que existam diferentes graus de
atividade intelectual, não é possível deixar de conceber o professor de educação básica como trabalhador intelectual que necessita ter domínio do conhecimento de sua área, capacidade de planejamento, reflexão sobre a didática adequada, entre outros atributos do professor. Nesta perspectiva, o professor é concebido como o trabalhador intelectual que atua mais próximo do povo que frequenta cotidianamente as escolas em busca de conhecimento e qualificação. O professor como trabalhador intelectual
O exercício da docência na educação básica conduz o
professor a ter inúmeros desafios intelectuais. Desde a seleção de conteúdos, metodologia de ensino, atividades didáticas, atividades avaliativas requerem do professor preparo, atividade coletiva de formação, tempo de estudo e pesquisa; porém a forma como a educação básica é estruturada impede o docente de se dedicar à produção de conhecimento sobre o seu próprio ofício. O professor como trabalhador intelectual
O professor não é um agente passivo que aplica teorias e
conhecimentos feitos por outros especialistas. Ele é sujeito ativo, que produz saberes e que assume, na prática, uma ação significativa construída por ele. Produzindo seus saberes, a partir de experiências pessoais e da prática de ensino, ele constrói competências e desenvolve novas práticas e estratégias de ação. O professor como trabalhador intelectual
Os conceitos de “saber docente”, “competência” e
“conhecimento pedagógico dos conteúdos” denotam uma relevância estratégica para se pensar práticas de ensino de Sociologia. A subjetividade do professor é essencial na condução do processo educativo. Nessa subjetividade, o professor possui saberes que são plurais e oriundos da prática e da formação profissional, que são mobilizados, utilizados e produzidos por eles no âmbito de suas tarefas cotidianas (TARDIF, 2000). O professor de Sociologia
Ainda não existem dados sistematizados no Brasil sobre o
perfil do professor de Sociologia. Os dados que dispomos pertencem ao Censo Escolar de 2007 que indicou 4.896 profissionais formados na área de Ciências Sociais, o que corresponde a 1,1% dos docentes de ensino médio no país. O professor de Sociologia
Segundo os dados do Censo Escolar de 2007, a Sociologia é
ensinada por pedagogos (22,5%), acompanhada pelos historiadores (19,4%). Os sociólogos estão em terceiro lugar (13,2%), seguido pelos filósofos (11,4%) e geógrafos (9,2%). O professor de Sociologia
Segundo pesquisa realizada por Lígia Eras (2006), “Quanto às
características específicas destes profissionais, constata-se que estes passam, em geral, por uma formação que valoriza o mundo das ideias, com uma forte fundamentação teórica e metodológica que compõe sua tradição de conhecimento e pensamento nas diversas correntes de pensamento e interpretação dos problemas manifestados pela realidade social. Essa é uma grande notoriedade distintiva do campo de ensino sociológico e filosófico do ensino médio com relação às outras disciplinas, que, num primeiro momento, causa estranheza pelo pouco acesso a essa tradição no ensino médio”. O professor de Sociologia
Segundo pesquisas realizadas em diversos estados
brasileiros, sobre o perfil do professor de Sociologia no nível médio, ainda não existe um conjunto de dados que permita estabelecer um quadro analítico sobre as dificuldades, representações e saberes produzidos por esses docentes. Pesquisas realizadas nos últimos anos indicam que a intermitência no ensino de Sociologia resultou na falta de compreensão do significado da disciplina na formação da juventude. O professor de Sociologia
Não há escolas sem professores. Não há professores sem
formação. Não há formação que nos sirva para a vida inteira. Deste modo, é imprescindível perceber as necessidades de ampliação do conhecimento. Deste modo, o professor deve se preparar para a formação continuada, encontrar-se disposto a aprender sempre. Interatividade
A especificidade do conhecimento que o professor de Sociologia
conduz ao ambiente escolar é: a) Pragmatismo e busca de resultados. b) Ativismo sindical. c) Capacidade de organização política. d) Valorização do mundo das ideias. e) Introspecção intelectual. A transformação do conhecimento científico em saber escolar
Segundo a pesquisadora Ileizi Silva (2009), o ensino da
sociologia na educação básica deve encontrar seus fundamentos e metodologias na tradição teórica e investigativa de dois campos: o das ciências sociais e o da educação. Para a pesquisadora “a consolidação das metodologias de ensino de sociologia depende de como o sistema de ensino está organizado e estrutura em termos de condições de trabalho pedagógico e da concepção de escola e de currículo, e, por outro lado, de fatores ligados à constituição do campo das ciências sociais que informam os conteúdos a serem selecionados no campo escolar”. A transformação do conhecimento científico em saber escolar
Para pensarmos em formas de ensinar a Sociologia, precisamos
recuperar a epistemologia da Sociologia e resgatar algumas questões já abordadas neste curso: o que é a imaginação sociológica? Como podemos desenvolver com os alunos essa imaginação? O que é pensar sociologicamente? A transformação do conhecimento científico em saber escolar
Lee Shulman (1996) nos mostra que uma coisa são os
conhecimentos que os professores têm dos conteúdos e outra, como esses conteúdos são transformados em ensino. Torna-se imprescindível estabelecer a distinção entre o conhecimento produzido no espaço científico e o conhecimento que se deve produzir no espaço escolar, principalmente aquele que se desenvolve no ensino básico. A transformação do conhecimento científico em saber escolar
O conceito de transposição didática chegou ao Brasil pela
obra de Philipe Perrenoud, que o define como a essência do ensinar, ou seja, “a ação de fabricar artesanalmente os saberes, tornando-os ensináveis, exercitáveis e passíveis de avaliação no quadro de uma turma”. O conceito foi desenvolvido inicialmente por Yves Chevallard em obra publicada na França, em 1998, “La transposition didactique: du savoir savant au savoir enseigné”. A transformação do conhecimento científico em saber escolar
Para Chevallard, a transposição didática é composta por três
partes distintas e interligadas: o savoir savant (saber do sábio), que é o saber elaborado pelos cientistas. o savoir ensigner (saber a ensinar), que é a parte específica aos professores e está diretamente relacionada à didática e à prática de condução de aula. o savoir ensigné (saber ensinado). Aquele que foi absorvido pelo aluno mediante as adaptações e as transposições feitas pelos cientistas e professores. A transformação do conhecimento científico em saber escolar
Para Chevallard, portanto, há diferenças entre aquilo que se
elabora nos espaços científicos e aquilo que é desenvolvido nos ambientes estritamente educativos. Chevallard afirma que para que o ensino de um determinado elemento de saber seja possível, esse deverá ter sofrido certas deformações que o tornam apto para ser ensinado. O planejamento pedagógico das atividades didáticas
O planejamento constitui elemento fundamental para o êxito da
ação docente. O planejamento pedagógico possibilita garantir o encaminhamento das atividades didáticas em meio as ingerências que o sistema educacional pode vivenciar. Embora o planejamento possa sofrer interferências ao longo de seu desenvolvimento, a adaptação, adendos e avaliações não implicam refazer o plano de ação, mas adaptá-lo ao objetivo proposto. O projeto político-pedagógico
O conhecimento do projeto político-pedagógico de uma escola
indica as intenções do sistema educativo. O PPP atua como um guia e contribui para operacionalizar as ações. Se o projeto só existe para constar o que acontece em muitas instituições de ensino, professores, pais, funcionários e direção acabam tomando rumos que, a seu modo, parecem corretos e pertinentes; no entanto, no grupo, a interação não acontece. O projeto político-pedagógico
A transposição didática precisa de uma força que a sustente,
que lhe dê suporte e que embase a sua construção, esse é o papel do planejamento, O planejamento está diretamente relacionado à atuação do professor e, portanto, diretamente relacionado aos resultados que ele poderá obter em sala de aula e nos demais ambientes educativos. O planejamento diário
Do mesmo modo que o planejamento geral da instituição
escolar é importante para que a transposição didática possa acontecer, o planejamento diário do professor deve seguir na mesma direção, seguir o mesmo alinhamento. O planejamento diário precisa levar em conta, além dos objetivos educacionais mais amplos, os espaços disponíveis para o desenvolvimento das aulas, os recursos físicos com os quais de pode contar, que tipo de suprimentos pode contar. Interatividade
Os fundamentos metodológicos do ensino de Sociologia devem
ser encontrados na: a) Prática docente cotidiana. b) Pesquisa científica. c) Pesquisa de campo. d) Participação política. e) Tradição das Ciências Sociais. A transformação do conhecimento científico em saber escolar
Portanto, o ensino da Sociologia nas escolas deve se
desenvolver a partir do saber acumulado na Sociologia ao longo de seus 150 anos de existência. Deve se pautar nas necessidades contemporâneas da juventude, da escola, do ensino médio e dos fenômenos sociais mais amplos. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
Na atualidade, a tecnologia assume um papel de centralidade
na cultura contemporânea. A comunicação mediada pelo computador é parte integrante da realidade cotidiana deste público. Neste sentido, as redes sociais on-line são instrumentos de desenvolvimento de sociabilidades diversas no contexto de um mundo em que a mediação digital ocupa cada vez mais espaço na vida social. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
O uso da internet transformou a “tela” em espaço de
experiências e interações que formam a arquitetura social de nossos dias. A popularização das tecnologias da comunicação vem ampliando as maneiras de estabelecer vínculos. As comunidades formadas no ciberespaço ligam-se por proximidades semânticas e não apenas geográficas ou institucionais. As redes sociais contemporâneas, como o Facebook, Twitter e Orkut, instituíram uma verdadeira “computação social” ao unir ferramentas da web para compartilhar gostos, usos, imagens, intensificando as possibilidades de contatos interpessoais. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
O desenvolvimento tecnológico das últimas décadas tem
provocado inúmeras transformações na sociedade contemporânea. A virtualidade das novas mídias está acarretando novas maneiras de aprender e de ensinar. A imensa quantidade de informações é transmitida velozmente, desafiando, portanto, a educação a ter um novo papel e pensar novas práticas para novas demandas. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
Analisar as potencialidades pedagógicas da construção de
conhecimento em ambientes virtuais nas aulas de Sociologia requer perceber que a sociedade contemporânea é marcada pela presença das tecnologias da informação nas relações sociais. A utilização de TICs na sala de aula com jovens pode desencadear processos dialógicos de produção do conhecimento e contribuir para o processo de ensino- aprendizagem. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
Pesquisa realizada por Leodoro (2009) sobre a utilização das
TICs nas aulas de Sociologia, analisou que a web possibilita: Fornecimento de conteúdos para as aulas e provas; Fonte de informações para pesquisas escolares; Substituição do texto impresso; Possibilidade de ampliar a discussão dos conteúdos escolares através do e-mail e blogs. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
Dwyer (2010) aponta a possibilidade que o professor,
especialmente o de Sociologia, tem em explorar o trabalho intelectual a distância, a partir da investigação de vários discursos em blogs, sessões de bate-papo, intercâmbios entre grupos diversos e construção de análises alternativas e comparativas. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
É cada vez mais comum professores conectados nas redes
sociais on-line, estão compartilhando aspectos de suas realidades com seus jovens alunos, também presentes e atuantes nestas redes. Configura-se um novo padrão de interação social, mediado pela internet, com sua capacidade de multiplicar as relações sociais e assumindo centralidade nas expressões e sociabilidades juvenis. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
É possível problematizar as relações sociais experimentadas
em redes, relacionando-as a conceitos como movimentos sociais, identidade social ou a temas como vida cotidiana e violência urbana. O fenômeno das comunidades mediadas por computador pode ser analisado a partir dos conceitos clássicos de comunidade e sociedade, destacando as motivações empáticas de agregação nas redes sociais on-line. Temas como desigualdade social e os rumos da democracia no planeta podem sugerir a discussão do direito ao acesso à internet e a reflexão sobre o conceito e as políticas de inclusão digital. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
A reflexão sociológica desenvolvida a partir das redes sociais
pode cumprir um duplo papel: permitir ao jovem estudante estranhar a própria rede e entendê-la como um produto histórico, desnaturalizando uma concepção bastante comum de considerar as redes sociais on-line quase como uma “evolução” dos processos de comunicação. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
As redes sociais on-line, como ferramentas de comunicação
e construção de sociabilidades em um mundo em que a mediação digital se torna cada vez mais importante, carecem de uma apropriação menos individualista e egocentrada que favoreça um aproveitamento mais qualificado e coletivo das inúmeras possibilidades sociais, culturais e políticas que a tecnologia disponível nos permite. A articulação entre conhecimentos, tecnologias e mídias
A utilização das TICs no ensino de Sociologia implica em fazer
opções pedagógicas, orientar a prática para uma educação problematizadora e pela dialogicidade. Reconhecer que o atual estágio das TICs permite aumentar os vínculos com os alunos. Considerações finais
Os desafios que se colocam para a consolidação da Sociologia
no ensino médio passam pela ampliação da discussão da questão curricular, envolvendo efetivamente os docentes. A criação de currículos participativos requer reflexão sobre o meio social onde está inserida a escola e ampliação da formação permanente dos docentes para que possam se atualizar, partilhar experiências e desenvolver coletivamente novas alternativas de atividades didáticas. Interatividade
A utilização das tecnologias da informação e comunicação nas
aulas de Sociologia possibilita: a) Ampliar a possibilidade de memorização dos conteúdos b) Distanciar os jovens da alienação provocada pelo uso contínuo de TICs. c) Contribuir para o desenvolvimento de competências técnicas. d) Diminuir os índices de evasão e reprodução nas escolas. e) Aproximar o conhecimento escolar com a cultura juvenil. ATÉ A PRÓXIMA!