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Unidade I

TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Profa. Neusa Meirelles


A formação profissional em Sociologia

Desenvolve e treina certos recursos necessários à atuação


profissional, seja no ensino e pesquisa, no planejamento e
implantação de políticas públicas, ou na produção cultural, são
eles:
a. o olhar “desconfiado” que não se detém nas aparências,
mas perscruta para além da aparência das coisas o sentido e
implicações;
b. o pensamento reflexivo sobre o que vê, lê e ouve, que é
racional e crítico;
c. a perspectiva ou compromisso com a sociedade e com a
história.
Identidade profissional

 Todo processo de profissionalização empresta à pessoa em


formação traços de comportamento que não constituem, a
rigor, elementos de identidade pessoal, de subjetivação ou de
individualização.
 A identidade profissional diz respeito à imagem social, e não a
do sujeito para ele mesmo; desse modo, não se pode dizer
que o sujeito se reconheça pela profissão, apesar de as
profissões contaminarem os profissionais com algumas de
suas características.
Emprego dos recursos de formação

 Com esses recursos, o sociólogo observa, analisa,


compreende e interpreta o que vê em sociedade e, por isso, as
coisas não lhe parecem tão simples como, em geral, os meios
de comunicação querem fazer crer. Seu pensamento é treinado
para examinar criticamente a “realidade” dos fatos e, afinado
com a dimensão histórica das mudanças em curso, busca
identificar e interpretar rumos prováveis.
Profissão e vocação

 Vocação implica a escolha do Sujeito, e sua disposição em


seguir um rumo para o qual se sente chamado. A escolha pela
graduação em Sociologia, uma ciência social, apesar das
condições, inclusive materiais, eventualmente adversas nela
implicadas, pode atrair o jovem como um chamado ou uma
vocação. Nesse caso, a escolha profissional, seja no ambiente
corporativo ou na vida acadêmica, manterá o fascínio exercido
durante a juventude, e sem arrependimentos, mesmo na
velhice...
A profissão – campos de atuação

 O formado em ciências sociais está preparado para se


ocupar do ensino, em nível médio e superior, pesquisas
acadêmicas, ou em outras modalidades de investigação e,
como profissional, está preparado para lidar com uma
multiplicidade de temas, tais como: violência, artes, moda,
música popular ou erudita, cinema, tendências de mercado,
religiões, modernidade e tradição, dentre muitos outros,
além da análise e proposição de ações e políticas públicas.
Breve história da profissão no Brasil

 A formação universitária em Ciências Sociais teve início em


1933, na Escola de Sociologia e Política, da Fundação Escola
de Sociologia e Política, logo depois seguida pela USP. Os
formados na ESPSP, bacharéis de sociologia e política, seriam
preparados para desempenhar o papel de elite política
governativa do Estado. Contudo, esse elitismo dos fundadores
da ESPSP foi sendo desbastado, inclusive pela elaboração
teórica e pesquisa de professores e alunos que nela tiveram
sua formação básica, como: Florestan Fernandes, Darcy
Ribeiro, José de Souza Martins, dentre outros.
Depois dos anos 50

 Até os anos 50, a formação em Ciências Sociais, conquanto


decididamente acadêmica, abrangia antropólogos,
arqueólogos, geógrafos e historiadores. Nas três décadas
seguintes, especialmente nos anos 50 e primeiros anos da
década de 60, verificou-se um delineamento mais preciso,
especialmente de caráter político e ideológico, conferindo ao
sociólogo um perfil profissional compromissado com a
mudança social e industrialização.
Sociologia e pensamento crítico

 O compromisso com a revolução social refletiu o pensamento


crítico que se desenvolveu na sociologia, fruto das condições
de origem da ciência desde a Europa.
 No Brasil, Florestan Fernandes liderou essa tendência,
adaptando as técnicas de observação, explicação e análise
usuais na sociologia para incorporar, com objetividade, as
contradições, diversidades, desigualdades e antagonismos
emergentes na sociedade brasileira sob a expansão
internacional do capital. Desse modo, desenvolvendo
sociologia crítica e negativa da ordem social brasileira
com seus privilégios e preconceitos.
Mas, o que é mesmo pensamento crítico?

 Nesse caso, crítica diz respeito à análise, exame criterioso,


como se diz, “para além da aparência, instância do sensível”.
 O pensamento crítico é, portanto, racional, criterioso.
 Assim, Florestan se valeu dos procedimentos de observação,
explicação e análise, usuais na sociologia, para examinar com
objetividade, as contradições, diversidades, desigualdades e
antagonismos emergentes na sociedade brasileira.
 Pensamento crítico não se resume à negatividade, mas à busca
da validade lógica ou científica das proposições que aparecem
sobre o cotidiano, história, enfim, sobre a realidade social.
Pensamento crítico e a racionalidade econômica da
ditadura

 É possível imaginar contradição entre conclusões tiradas com


a aplicação do pensamento crítico e aquelas presentes nos
projetos de impacto da ditadura, por exemplo, nos projetos de
desmatamento para pecuária na Amazônia.
 Não é de se surpreender que a instalação da ditadura
implicasse mudanças significativas no campo de atuação dos
profissionais de ciências sociais (não só dos sociólogos),
como será comentado a seguir.
A ditadura e a racionalidade econômica

 Quando a Ditadura se instalou, a partir de 1964, trouxe com


ela uma diversidade de projetos de intervenção planejada,
fundamentados na aplicação da racionalidade econômica em
moldes capitalistas. Eram projetos atrelados ao modelo de
desenvolvimento autoritário e excludente adotado, mas as
consequências sociais dessa implantação abriam espaço
para a atuação de sociólogos, destinados a tratar com a
“infraestrutura econômica e social” de tais projetos.
Interatividade

Qual foi o principal campo de atuação dos sociólogos durante a


Ditadura?
a) O mercado de trabalho abrangia estudos de viabilidade
econômica nos projetos de desenvolvimento econômico.
b) Sociólogos não eram chamados para participar nos projetos
de impacto.
c) Basicamente, em estudos de “infraestrutura econômica e
social”, em projetos diversificados.
d) Sociólogos eram integrados nos projetos de legitimação
política do governo.
e) Sociólogos trabalhavam apenas em estudos de educação e
saúde.
Resposta

Qual foi o principal campo de atuação dos sociólogos durante a


Ditadura?
a) O mercado de trabalho abrangia estudos de viabilidade
econômica nos projetos de desenvolvimento econômico.
b) Sociólogos não eram chamados para participar nos projetos
de impacto.
c) Basicamente, em estudos de “infraestrutura econômica e
social”, em projetos diversificados.
d) Sociólogos eram integrados nos projetos de legitimação
política do governo.
e) Sociólogos trabalhavam apenas em estudos de educação e
saúde.
Sociologia e intervenção planejada

 Embora a proposta de intervenção racional na “realidade


social”, com vistas à introdução de mudanças na sociedade,
em um dado momento da história, esteja presente na história
da sociologia, em tendências reformistas e revolucionárias, as
propostas do período tinham caráter ditatorial, excluindo a
população da condição de sujeito do processo, relegando-a à
posição de simples objeto da intervenção.
 A intervenção autoritária não corresponde ao entendimento
sociológico de intervenção.
Ocupação econômica da Amazônia

 Nos governos Médici (1969-1974) e Geisel (1974-1979), quando


a ditadura promoveu a “ocupação da Amazônia”, com
projetos que visavam à exploração econômica dos recursos
naturais da área com grandes projetos pecuários subsidiados,
rodovias, exploração de jazidas minerais, etc.
 Empresas de consultoria em recursos naturais e de
engenharia, localizadas no Rio e em São Paulo, foram
contratadas pelo governo para construção de hidrelétricas,
estradas e outras obras de grande impacto. Elas contratavam
sociólogos, demógrafos, geógrafos para “dar conta” das
questões sociais envolvidas nos planos de desenvolvimento
regionais, canteiros de obras das hidrelétricas, das
desapropriações para represas, etc.
Sociologia do general e a pretensão à legitimidade

 Enquanto sociólogos e demais cientistas sociais sofriam


perseguição política, tinha início, em 1974, a tramitação do
projeto que regulamentou a profissão de sociólogo, em 1980,
já no governo João Baptista Figueiredo. A contradição entre
as duas situações é apenas aparente, porque a dimensão
social e psicológica da chamada “revolução”, era cuidada
pelo Gal. Golbery, na Escola Superior de Guerra (ESG), tendo
por objetivo construir uma “legitimidade”, escorando-a nos
chamados “projetos de impacto”, como a Transamazônica.
Desse modo, a figura funcional do sociólogo se harmonizava
com esse plano mais amplo, o que não significa que tenha
sido esse o motivo do reconhecimento da profissão.
A ditadura militar no Brasil: repressão e pretensão de
legitimidade – 1964-1984.

 Rezende (2003) estudou em seu trabalho a preocupação da


ditadura com a legitimidade, mostrando que essa pretensão
não se limitava à simples obediência ao sistema de poder,
mas que ia além (op. cit.: 31).
 “Ela significava um processo muito mais complexo do que
isto, na medida em que se procurava construir, de maneira
contínua, uma determinada ordem, em que todos aderissem,
nos âmbitos objetivo e subjetivo, a uma dada forma de
organização social”. Por isso os “valores sociais” consistiam
em “dimensão essencial para se compreender a pretensão de
legitimidade da ditadura militar: a Escola Superior de Guerra
(ESG) e seu papel na articulação da denominada estratégia
psicossocial” (op. cit.:36).
Atuação profissional durante a ditadura

 Sem dúvida, o desenvolvimento econômico foi uma faceta


decisiva na sustentação da ditadura e, sem dúvida, sociólogos
participaram do processo de planejamento, mas não como
legitimadores do autoritarismo, e, sim, como críticos das
medidas adotadas, conforme demonstram os documentos de
época. A esfera de atuação a eles reservada era a da chamada
“infraestrutura econômica e social” dos grandes projetos. Sob
esse rótulo, engenheiros e economistas entendiam
particularmente: levantamento demográfico, sobretudo a
qualificação da PEA, educação e saúde; e nos projetos do
setor primário, a “infraestrutura” incluía estrutura fundiária e
áreas reservadas.
A disciplina Sociologia

 Sociologia havia sido incluída como disciplina optativa em


1963, por uma Resolução do Conselho Estadual de Educação
de São Paulo, nos cursos clássico, científico e eclético, mas,
em 1971, com a Reforma Jarbas Passarinho, que tornava
obrigatória a profissionalização do ensino médio, Sociologia
deixou de ser disciplina obrigatória, inclusive no ensino
normal, tornando-se disciplina exclusiva do ensino superior.
 Será uma luta dos sociólogos reintroduzir a disciplina no
ensino médio...
Trajetória da regulamentação da profissão

Propostas de reconhecimento e regulamentação da profissão de


sociólogo tramitaram no legislativo brasileiro, em 1961, depois
em 1974, mas foi a Lei nº 6.888, de 10 de dezembro de 1980, que
criou a profissão e regulamentou seu exercício, seguindo e
respeitando o perfil profissional já instaurado, ao definir as
competências do sociólogo, conforme o Art. 2º:
I. elaborar, supervisionar, orientar, coordenar, planejar,
programar, implantar, controlar, dirigir, executar, analisar ou
avaliar estudos, trabalhos, pesquisas, planos, programas e
projetos atinentes à realidade social;
II. ensinar Sociologia Geral ou Especial, nos estabelecimentos
de ensino, desde que cumpridas as exigências legais;
Trajetória da regulamentação da profissão

III. assessorar e prestar consultoria a empresas, órgãos da


administração pública direta ou indireta, entidades e
associações, relativamente à realidade social;
IV. participar da elaboração, supervisão, orientação,
coordenação, planejamento, programação, implantação,
direção, controle, execução, análise ou avaliação de qualquer
estudo, trabalho, pesquisa, plano, programa ou projeto
global, regional ou setorial, atinente à realidade social.
Sociologia e o neoliberalismo

 Desde o final dos anos 80 que o avanço do capitalismo global e


da tecnologia, dentre outros fatores, foram induzindo o cenário
da chamada pós-modernidade, mas a expansão do modelo
neoliberal a partir do Consenso de Washington, em 1992,
reduziu a esfera de atuação dos sociólogos nas empresas e
órgãos públicos. Assim, ampliou-se, em parte, a ocupação
desses profissionais nas ONGs (Organizações Não
Governamentais), que mantêm linhas de atuação afinadas ao
padrão societário decorrente do modelo neoliberal de
economia.
Divisão de campos da sociologia segundo Burawoy

Não corresponde à diversidade de conteúdos, mas à utilização,


ou aplicação do conhecimento produzido. Schwartzman (2009)
fez referência a Burawoy e apresenta as sociologias que,
segundo ele, poderiam e deveriam existir:
 Sociologia profissional: acadêmica, empírica e convencional
(instrumental);
 Sociologia crítica: também acadêmica, uma reflexão sobre a
própria sociologia (crítica);
 Sociologia aplicada: voltada para a implementação de
políticas públicas, pragmática, visando a resultados
(instrumental);
 Sociologia pública em contato com o público,
debates em redes (crítica).
Produção de sociologia no Brasil

 De qualquer modo, no Brasil, a produção acadêmica em


sociologia tem observado crescimento significativo, embora
não se compare ao observado sob a rubrica de Educação,
apesar de parcela significativa dessa produção ser constituída
por estudos antes abrangidos pela sociologia da educação;
também houve crescimento da produção acadêmica nas áreas
profissionais denominadas “ciências sociais aplicadas” pelo
CNPq, nas quais predominam o pragmatismo, eficiência
econômica, acrescidos do normativismo jurídico.
Interatividade

Como explicar a divisão de campos da sociologia segundo


critérios exteriores às áreas tradicionais que se caracterizavam
pelo conteúdo?
a) Uma divisão de campos peculiar à sociologia dos USA.
b) Adaptação à organização dos departamentos de sociologia.
c) A divisão corresponde ao sentido pragmático, utilitário,
incorporado pela sociologia, refletindo o neoliberalismo e o
ambiente político.
d) A divisão somente amplia a área de instrumentalização
sociológica característica da sociologia norte-americana.
e) Sempre houve esses campos, mas com outras
denominações.
Resposta

Como explicar a divisão de campos da sociologia segundo


critérios exteriores às áreas tradicionais que se caracterizavam
pelo conteúdo?
a) Uma divisão de campos peculiar à sociologia dos USA.
b) Adaptação à organização dos departamentos de sociologia.
c) A divisão corresponde ao sentido pragmático, utilitário,
incorporado pela sociologia, refletindo o neoliberalismo e o
ambiente político.
d) A divisão somente amplia a área de instrumentalização
sociológica característica da sociologia norte-americana.
e) Sempre houve esses campos, mas com outras
denominações.
O ensino de Sociologia depois da ditadura

 Após a queda do regime autoritário, no clima democrático que


se formava, esperava-se que houvesse a reinserção de
sociologia e filosofia no ensino médio, conforme o disposto
no item II, do art. 2º da Lei de 1980. Tal providência parecia
justificável, inclusive para os integrantes do Senado e da
Câmara dos Deputados, perante a necessidade de fortalecer
a cidadania. Na verdade, esse era o conteúdo do art. 36 e
incisos da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
A inconveniência da Sociologia e da Filosofia no
ensino médio

 Todavia, no ambiente político de franca predominância


neoliberal, o Projeto de inclusão, aprovado pela Câmara e
Senado em 18 de setembro, recebeu veto Presidencial em 08
de outubro do mesmo ano.
 Realmente, não foi uma grande surpresa o veto, ele havia sido
anunciado, mas era difícil de acreditar...
 Na verdade, FHC estava firmemente associado à política
econômica neoliberal, desde 1992.
O veto presidencial

FHC justificou seu veto alegando ônus para os estados e


Distrito Federal, nos seguintes termos:
 “pressupondo a necessidade da criação de cargos para a
contratação de professores de tais disciplinas, com a
agravante de que, segundo informações da Secretaria de
Educação Média e Tecnológica, não há no país formação
suficiente de tais profissionais para atender à demanda que
advirá caso fosse sancionado o projeto, situações que por si
só recomendam que seja vetado na sua totalidade por ser
contrário ao interesse público” (Presidência da República,
2001) [apud Moraes, 2011: 369-370].
O veto ao ensino de sociologia e filosofia para jovens

 Há distintas interpretações para o veto, principalmente,


de ordem ideológica.
 Contudo, sociólogos brasileiros se mobilizaram, entre
surpresos e desconsertados, afinal FHC tinha sido
Professor Titular de Sociologia na USP.
 Graças ao esforço e participação das organizações
profissionais, grupos de trabalho de sociólogos e de outros
profissionais, foi derrubado o veto e, desde 2008, as duas
disciplinas, Sociologia e Filosofia se tornaram obrigatórias
em todas as escolas do ensino médio.
Expectativa em relação à Sociologia e Filosofia
no Ensino Médio

 A luta realizada contra o veto, evidenciou que havia


expectativas em torno das disciplinas Sociologia e Filosofia,
principalmente, esperava-se que elas despertassem o
pensamento crítico e analítico entre jovens do ensino médio,
para devolver-lhes, ainda que em parte, condições para
exercício pleno da condição de sujeito e de cidadão, e nesse
sentido também se coloca a reflexão sobre finalidades e
objetivos da disciplina.
Outras questões discutidas depois da vitória

A vitória repôs à discussão outras questões importantes:


a. Qual sentido de lecionar sociologia para jovens
no ensino médio?
b. Lecionar sociologia é privativo do sociólogo?
c. Qual sociologia deve ser lecionada, qual metodologia
e quais os temas?
Qual sentido de ministrar sociologia para jovens do
ensino médio?

 A inserção da sociologia no ensino brasileiro não foi uma


tradição continuada; ao contrário, a disciplina foi inserida e
retirada várias vezes ao longo do tempo.
 Vários estudos foram desenvolvidos sobre o tema e, dentre
eles, o estudo de Bispo Santos e Ileizi (2010) mostram o vai e
vem da sociologia nas reformas educacionais brasileiras,
desde 1891 a 2008.
O exercício da cidadania implica em pensamento

 Contudo, em 1996, explicitamente, a legislação incluía


sociologia e filosofia com sentido de despertar o pensamento
crítico e analítico entre os jovens, para devolver-lhes, ainda
que em parte, as condições para exercício pleno da condição
de sujeito e de cidadão. Na verdade, esse era o conteúdo do
art. 36 e incisos da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Nesse caso, qual professor seria mais indicado?

 Não seria necessário um estudo demorado para concluir que


o mais indicado seria o professor de sociologia, mas desde
que ele tivesse formação universitária específica,
em ciências sociais.
 Todavia, a própria lei de regulamentação da profissão permitiu
o registro de bacharéis de direito e economia como
sociólogos.
 Assim, é comum encontrar professores, que não são
sociólogos, improvisando o ensino da disciplina.
Interatividade

Quais providências devem ser tomadas por alguém que se


formou em ciências sociais ou em sociologia para ser
reconhecido como sociólogo e professor de sociologia?
a) Desenvolver pesquisas, publicando os resultados.
b) Inscrever-se na Sociedade Brasileira de Sociologia.
c) Inscrever-se no Sindicato dos Sociólogos.
d) Providenciar o registro do diploma junto ao MEC ou
Universidade em que se formou.
e) Providenciar o registro da profissão junto ao Ministério
do Trabalho, apresentando o diploma registrado, mais
certificado de Licenciatura, caso deseje lecionar.
Resposta

Quais providências devem ser tomadas por alguém que se


formou em ciências sociais ou em sociologia para ser
reconhecido como sociólogo e professor de sociologia?
a) Desenvolver pesquisas, publicando os resultados.
b) Inscrever-se na Sociedade Brasileira de Sociologia.
c) Inscrever-se no Sindicato dos Sociólogos.
d) Providenciar o registro do diploma junto ao MEC ou
Universidade em que se formou.
e) Providenciar o registro da profissão junto ao Ministério
do Trabalho, apresentando o diploma registrado, mais
certificado de Licenciatura, caso deseje lecionar.
Lecionar sociologia seria privativo do sociólogo?

 A resposta óbvia seria um sim, tal como se passa com outras


profissões, contudo, o número de profissionais de outras
áreas lecionando sociologia continua sendo bem significativo,
talvez até maior que o de sociólogos, em todos
os níveis de ensino.
 Nesses termos, lecionar sociologia não ficou uma atividade
restrita aos sociólogos, ou formados em Ciências Sociais.
Como justificar o exercício da profissão por outros
profissionais?

Esses profissionais se valem da Legislação que instituiu a


profissão, e que permitiu o registro profissional como sociólogo
para outros profissionais, não formados em Ciências Sociais ou
titulados nessa área acadêmica, nos termos do Art.1º da Lei Nº
6.888, de 10 de Dezembro de 1980, alínea e, conforme:
e. aos que, embora não diplomados nos termos das alíneas a,
b, c e d , venham exercendo efetivamente, há mais de 5
(cinco) anos, atividade de Sociólogo, até a data da
publicação desta Lei.
A norma legal e sua aplicação

 O disposto na alínea e da Lei de regulamentação da profissão


exige o exercício de cinco anos da profissão, mas como se
comprova?
 O ensino de sociologia por mais de cinco anos valeria para
registro?
 A aplicação torna a norma “flexível” no país dos “jeitinhos”.
O ensino de Sociologia – a Licenciatura

 Os cursos de graduação em ciências sociais conferem título


de bacharel em ciências sociais, mas para o exercício do
magistério é necessário curso de Licenciatura, conforme as
determinações do MEC, datadas de abril de 2010. A distinção
entre bacharelado e licenciatura em ciências sociais ficou
definitivamente estabelecida, cabendo o ensino de sociologia
aos habilitados pela licenciatura nessa disciplina.
 Essa exigência se aplica ao ensino médio, mesmo assim,
ainda há “flexibilização”.
Qual sociologia deve ser lecionada, qual metodologia e
quais temas?

 A aprovação da obrigatoriedade de ensino de sociologia nas


escolas brasileiras de nível médio (Parecer CNE/CEB 38/2006
e Lei n.11.684/2008) deu origem a um processo de amplo
processo de discussão sobre objetivos, conteúdo e
metodologia para Sociologia no ensino médio.
 Associações representativas dos sociólogos, como a
Sociedade Brasileira de Sociologia, constituíram grupos
especiais de estudos e debates para estabelecer um elenco
de temas e uma metodologia adequados para o ensino de
Sociologia para jovens.
Orientações curriculares

 Os estudos desenvolvidos integram o documento Orientações


Curriculares para Ensino Médio, publicado pelo MEC em 2010;
as orientações abrangem todas as disciplinas do ensino
médio.
 O capítulo Sociologia apresenta estudos desenvolvidos
consolidados. A publicação das OCEM foi coordenada por
Amaury Moraes (USP) com a participação de especial de
especialistas nos temas sugeridos para ensino de sociologia.
 O documento está disponível na internet.
Princípios epistemológicos

 Amaury Moraes e Elizabeth Guimarães escreveram


Metodologia de Ensino de Ciências Sociais na obra citada,
OCEM (2010), um capítulo em que discutem os princípios
epistemológicos de estranhamento e desnaturalização que
fundamentam a sociologia, além de orientações metodológicas
para os temas focalizados, utilização de conceitos e teorias,
apresentando o emprego da pesquisa como um princípio
transversal. Para os autores, a adoção desses recursos pelo
professor permite aos alunos avançar na sistematização do
conhecimento.
Ainda metodologia

 A leitura do capítulo de metodologia converge para a postura


sociológica indicada anteriormente como a de um “olhar
desconfiado” dirigido para a aparência,
 As indicações de Moraes emprestam à expressão o
necessário refinamento teórico, assim como se encontram
no texto argumentos no sentido de reforço ao questionamento
do cotidiano.
A sociologia a ser ensinada: temas e assuntos
considerados

 O livro coordenado por Amaury Moraes (2010) fornece um


quadro geral da sociologia a ser ministrada no ensino médio,
em 14 capítulos elaborados por especialistas em cada área
focalizada, todos seguidos de vasta bibliografia.
 Um primeiro grupo de temas abrange o Histórico do Ensino de
Sociologia, metodologia, orientações curriculares para ensino
médio, trata-se de um capítulo destinado principalmente aos
professores da disciplina.
Temas que focalizam a formação social brasileira

 Um segundo grupo de temas abrange: Juventude no contexto


do ensino de sociologia, Sociologia e tecnologia de
informação e comunicação, Trabalho na sociedade
contemporânea, Violência e limites, Religião, crenças,
feitiçaria e magia, Diferença e desigualdade.
 Estes são temas amplos que focalizam processos presentes
na formação social brasileira, e que lhe emprestaram as
peculiaridades observáveis no cotidiano diferenciado no
espaço, no tempo, e pela estratificação social.
Temas pertinentes à Antropologia e Ciência Política

 Um terceiro grupo de temas abrange: Cultura e alteridade,


Família e parentesco, Grupos étnicos e etnicidades. São
temas que trazem para os alunos a abordagem antropológica
da sociedade brasileira, contribuindo para ampliar a visão e
compreensão das questões étnicas e de ancestralidade.
 O último grupo abrange temas relacionados à Ciência Política
e ao Direito: Democracia, cidadania e justiça, Partidos,
Eleições e Governo; e o Brasil no sistema internacional.
Interatividade

Quais temas integram o currículo de sociologia no ensino médio?


a) A teoria sociológica, metodologia e história da sociologia.
b) Um conjunto de temas que são centrais ao campo de cada
uma das principais ciências sociais.
c) Cultura brasileira popular e estratificação social.
d) Principais tendências políticas da atualidade.
e) Capitalismo e a acumulação do capital no mundo atual.
Resposta

Quais temas integram o currículo de sociologia no ensino médio?


a) A teoria sociológica, metodologia e história da sociologia.
b) Um conjunto de temas que são centrais ao campo de cada
uma das principais ciências sociais.
c) Cultura brasileira popular e estratificação social.
d) Principais tendências políticas da atualidade.
e) Capitalismo e a acumulação do capital no mundo atual.
ATÉ A PRÓXIMA!
Unidade II

TÓPICOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL

Profa. Neusa Meirelles


Unidade II – Autoformação e inserção na comunidade
dos sociólogos

 Pedagogia de Competência e Formação Continuada.


 A expressão formação continuada está associada à pedagogia
das competências, reflexo da política neoliberal, objeto de
críticas acirradas por parte de educadores e sociólogos.
 A expressão reflete as contradições existentes entre um
discurso democrático e uma prática pedagógica
discriminadora, características do sistema educacional
brasileiro.
A pretensão do sistema educacional brasileiro

 Segundo Brabo (2005:110-115), a pretensão consiste em “criar


um sistema de igualdade política, a democracia, num sistema
de desigualdade econômica, o capitalismo, marcado pela
desigualdade social, cultural e política”.
 Não se pode afirmar que essa pretensão seja exclusiva do
Brasil, mas aqui ela se torna gritante, não exatamente pelo
fato educação, mas pelas condições sociais de extrema
desigualdade econômica.
O ensino de Sociologia e a pretensão do sistema

 É importante ter claro que o ensino de Sociologia não


atenuará as diferenças sociais ou desigualdades econômicas.
 Contudo, essas disciplinas acentuam e favorecem a tendência
a um sistema democrático, de igualdade política e cidadania,
isso porque elas visam a desfazer preconceitos, estimular o
pensamento crítico, construir a individualidade, o sujeito em
um campo ético.
Mediações pedagógicas

 Em todos os capítulos de OCEM há comentários e sugestões


de como trabalhar cada tema de sociologia em sala de aula,
ou de como estabelecer mediações pedagógicas entre
processos sociológicos, tratados nos textos, e a discussão
de processos sociais, cujas manifestações empíricas, em boa
parte, podem ser constatadas no cotidiano dos alunos, ou
seus reflexos observados na própria sala de aula.
 Portanto, as mediações consistem em articular teoria à
observação empírica, de modo a permitir buscar sentidos,
interpretar e aplicar à aparência o pensamento crítico.
Formação e profissionalização

 Todo esforço voltado para o ensino de Sociologia visa à


formação do jovem como cidadão, mas uma visão apressada
(ou superficial) da Pedagogia de Competências e Habilidades
visa exclusivamente à profissionalização do jovem, mais,
precisamente, a inserção do jovem no mercado de trabalho.
 Essa é uma aparente contradição, mas que tem sido apontada
como argumento para desqualificar a importância de
disciplinas que visam à formação dos jovens, tais como:
Sociologia, Filosofia, História e Geografia.
Profissionalização (dos jovens)

 Nada contra a profissionalização dos jovens, porém o


professor de Sociologia não tem a profissionalização como
alvo, mas a formação do jovem como sujeito, um perfil que
não corresponde ao ensino de um conteúdo de tecnologia,
habilidades profissionais e capacidades demandadas pelo
mercado.
 Na verdade, o Ensino Médio comum não se destina a formar
o jovem em uma profissão (para isso existem as escolas
técnicas), assim o Ensino Médio permitirá que o jovem seja
habilitado para um emprego, eventualmente demandado
pelo mercado, mas não para uma profissão.
O ensino do professor de Sociologia

 Partindo das considerações anteriores, o ensino do professor


de Sociologia implica em despertar a atividade crítica, marcada
pelo caráter ético, e aplicada ao processo de transmissão e
aquisição de conhecimentos.
 Esse professor sociólogo é um especialista na sua disciplina,
mas também trafega com relativa facilidade pelas disciplinas
conexas; sempre afeito à prática social no cotidiano da
sociedade brasileira, ele mantém o compromisso político
com a democracia e, pode-se dizer, com uma sociedade
mais igualitária e inclusiva.
Implicações da formação continuada
(dos professores)

 A articulação entre a política neoliberal e a pedagogia das


competências conduz à tendência de formação continuada
dos professores, como recurso para atrelar educação ao
mercado, acentuando a profissionalização dos jovens.
 Em relação aos professores de Sociologia, a situação se
apresenta relativamente distinta porque, para o sociólogo, não
se coloca a exigência de formação visando à atualização de
desempenho profissional, tendo em vista demandas do
mercado, tal como ocorre nas disciplinas técnicas.
O professor de Sociologia e autoformação continuada

 Idealmente, o professor de Sociologia é um sociólogo, o que


significa que ele concluiu sua formação acadêmica, fez seu
registro profissional, concluiu a licenciatura, prestou e foi
aprovado em algum concurso e, finalmente, está exercendo a
profissão à qual dedicou parte de sua juventude com os
estudos e trabalhos exigidos.
 Essa trajetória pode desenvolver interesse crescente pela
disciplina, induzindo o professor a buscar recursos para
aperfeiçoamento.
Trajetórias possíveis ou mais frequentes...

Dentre várias possibilidades, duas trajetórias


aparecem de pronto:
a. Ele pretende continuar na docência e na pesquisa, partindo,
então, para o Ensino Superior, com pós-graduação, mestrado,
doutorado etc.
b. Ele pretende continuar no Ensino Médio, eventualmente
assumindo aulas em mais de uma escola, ou mais aulas na
mesma escola.
Autoformação continuada e a construção do sujeito

 Dessas colocações decorre que autoformação em Sociologia


pode ser concebida como dimensão do processo de
subjetivação ou de construção do sujeito, em campo ético,
envolvendo não somente a racionalidade, mas também as
emoções. Essa complexidade combinada entre razão e
emoção é sintetizada por Morin (2007, p. 122): “A vida humana
necessita da verificação empírica, da correção lógica, do
exercício racional da argumentação. Mas precisa ser nutrida
de sensibilidade e de imaginário”. Nesse sentido, “a
autoformação instiga o educador à autonomia intelectual, ao
compromisso científico e social, como expressão de um
profissional que pensa e tem o que dizer a partir da reflexão
coletiva” (LOSS, 2015).
Recusa da rotina, construção de trajetória pessoal

 O risco da segunda opção reside na rotina empobrecedora,


que se torna medíocre com o tempo e não com muito tempo.
Logo esse professor estará procurando meios para se motivar
no trabalho, para se atualizar, aperfeiçoar suas práticas
pedagógicas etc.
 É nesse momento e como trajetória pessoal que aparecem
obstáculos e facilidades relacionadas a um programa de
autoformação continuada, mas construído pelo professor,
acessando sites e grupos de estudo, disponíveis pelas
Universidades.
Interatividade

Existe a tendência de atrelar a formação de professores às


condições abertas no mercado. Nesse sentido, qual a posição
dos professores de Sociologia?
a) Como todos os demais professores, eles são favoráveis.
b) A formação dos professores de Sociologia deve atender às
expectativas de melhoria salarial e de promoções.
c) O sociólogo não coloca a exigência de uma formação
continuada, tendo em vista a demanda de mercado.
d) O treinamento que vise a aperfeiçoar o desempenho é
sempre uma opção desejável, inclusive para sociólogos.
e) O professor de Sociologia é um profissional que se adapta
às novidades do mercado, especialmente no campo
da tecnologia é fundamental para garantir o emprego.
Resposta

Existe a tendência de atrelar a formação de professores às


condições abertas no mercado. Nesse sentido, qual a posição
dos professores de Sociologia?
a) Como todos os demais professores, eles são favoráveis.
b) A formação dos professores de Sociologia deve atender às
expectativas de melhoria salarial e de promoções.
c) O sociólogo não coloca a exigência de uma formação
continuada, tendo em vista a demanda de mercado.
d) O treinamento que vise a aperfeiçoar o desempenho é
sempre uma opção desejável, inclusive para sociólogos.
e) O professor de Sociologia é um profissional que se adapta
às novidades do mercado, especialmente no campo
da tecnologia é fundamental para garantir o emprego.
Recursos para autoformação continuada do professor
de Sociologia

Não são muitos, mas vale à pena explorar as indicações:


 Participação em organizações científicas, no Brasil, segundo
o site da Sociedade Brasileira de Sociologia:
http://www.sbsociologia.com.br (acesso em 27/09/2016).
 A SBS mantém duas categorias de sócios: efetivo (titulados
com o mínimo de mestre, exercer atividade nesse campo em
instituições de ensino superior ou institutos de pesquisa) e
graduado (graduado em Ciências Sociais, Sociologia,
Antropologia e Ciência Política). A solicitação será examinada
em Reunião da SBS durante a ANPOCS. SBS edita a Revista
Brasileira de Sociologia – RBS, disponível em:
http://www.sbsociologia.com.br/revista/index.php/RBS/
(acesso 27/09/2016).
Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais

 ABECS surgiu das condições que se apresentavam para


bacharéis e licenciados em Ciências Sociais em relação ao
ensino de Ciências Sociais, notadamente Sociologia. É
interessante ressaltar que, no histórico da fundação da
entidade, as questões relacionadas ao ensino de Ciências
Sociais foram centrais. Para a Associação havia certa
“invisibilidade” de debate sobre o ensino de Sociologia,
apesar dos esforços das entidades profissionais. Faltavam
“espaços de discussão e produção de conhecimento sobre
didática, currículo e formação docente ainda se encontravam
marginalizados na maioria de nossas universidades e em
eventos acadêmicos científicos das áreas de ciências sociais
e educação”.
A criação da ABECS

 A situação se agravou especialmente para professores


universitários ligados à licenciatura, indicando a oportunidade
de criação de um espaço acadêmico e profissional. O
manifesto para criação da ABECS partiu de um e-mail de
Flávio Sarandy e logo mobilizou colegas, dos mais diferentes
cantos do Brasil, constituindo-se a assembleia de fundação da
nova entidade, no dia 11 de maio de 2012, na Unidade Humaitá
do Colégio Pedro II, um dos primeiros estabelecimentos do
país a ofertar sociologia escolar, na cidade do Rio de Janeiro,
foi fundada a Associação Brasileira de Ensino de Ciências
Sociais – ABECS.
 http://www.abecs.com.br/site/ (acesso27/09/2016).
A ABECS e o professor de Sociologia

 Os estatutos da ABECS demonstram que a instituição é


francamente direcionada para a atividade docente,
como se pode concluir da leitura do:
Art. 3º dos Estatutos, a ABECS tem como finalidades e
objetivos, dentre outros:
I. Congregar os profissionais que atuem no magistério ou
pesquisem sobre o ensino da Sociologia/Ciências Sociais,
em todos os níveis e segmentos, a saber: educação básica,
graduação e pós-graduação, lato sensu e stricto sensu;
II. Apoiar a expansão da disciplina Sociologia/Ciências
Sociais na Educação Básica, que deve ser ministrada
exclusivamente por licenciados em Sociologia/Ciências
Sociais.
A ética no ensino de Sociologia

Uma postura ética é traço exigível para todo cidadão, portanto,


para todo profissional do ensino e pesquisa. Todavia há certas
especificidades no âmbito do ensino e da pesquisa em
Sociologia, das quais podem ser citadas:
a. Não cabe ao professor sugerir escolhas políticas aos seus
alunos, mas tornar possível que eles procedam à elaboração
de suas próprias escolhas.
b. Cabe ao professor orientar seu ensino no sentido de
desfazer preconceitos de toda espécie, contribuir para uma
vivência democrática, como articulação das diferenças
sociais, étnicas, de nacionalidade, religiosas e de gênero.
Outras formas de dar continuidade à formação
profissional

 A participação em associações profissionais é decididamente


importante para vinculação a um grupo de sociólogos
professores, mas é evidente que apenas a participação em
associações científicas não assegura uma “formação
continuada”, para isso é necessário cursar uma pós-
graduação, de preferência stricto sensu.
 Outra forma importante reside na participação, via cadastro,
em Laboratórios de Ciências Sociais, ou de ensino de
Sociologia. Algumas sugestões são apresentadas a seguir.
Laboratório de Ensino de Sociologia Florestan
Fernandes

 Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de


Janeiro: http://www.labes.fe.ufrj.br/ (acesso em 27/09/2016).
 O Laboratório de Ensino de Sociologia Florestan Fernandes é
um espaço para professores, estudantes e pesquisadores
terem acesso ao material disponível sobre o ensino de
Sociologia na Educação Básica. Legislação, artigos, teses,
dissertações, materiais didáticos, conteúdos programáticos,
experiências didáticas estão à disposição, tornando o LabES
uma importante ferramenta de trabalho para os interessados
no ensino e na formação do professor de Sociologia. No site
há janelas especiais sobre: didática e prática de ensino em
Ciências Sociais e sobre os ENSOC (Encontros Estaduais de
Ensino de Sociologia).
 http://ensinosociologia.fflch.usp.br/ (acesso em 27/09/2016)
Laboratório de Ensino de Sociologia (LES)
Departamento de Sociologia da USP

 O Laboratório de Ensino de Sociologia (LES) foi criado por


meio de subsídios da Pró-Reitoria de Graduação e
Departamento de Sociologia da USP.
 Tem como objetivo contribuir para a formação continuada de
professores de Sociologia do Ensino Médio, tanto os
licenciados e bacharéis em Ciências Sociais, como os
oriundos de outras áreas de conhecimento. A iniciativa parte
do entendimento de que as Ciências Sociais contribuem
decisivamente para a reflexão cotidiana, desde os problemas
macrossociais até os infinitamente pequenos.
Textos didáticos disponíveis no LES

O site disponibiliza excelentes textos didáticos que cobrem os


assuntos que integram a programação do ensino, como:
 Arqueologia, Ciência Política, Classes Sociais, conceitos
sociológicos fundamentais, como: Consumo, Corpo e
Sexualidade, Corrupção, Cultura Indígena, Democracia,
Diversidade Cultural, Estudos Rurais e Urbanos, Folclore,
Formação Cultural Brasileira, Gênero, Ideologia,
Industrialização, Juventude, Literatura e Sociedade, Massa,
Migrações, Movimentos Sociais, Populismo, Raça e
Identidade, Redes Sociais, Relações Internacionais, Religião,
Socialização, Sociedade Civil, Trabalho, Violência.
 Além disso, há teses e dissertações sobre aspectos do ensino
de Ciências Sociais.
UNIFESP – Ensino de Sociologia

 O site “Ensino de Sociologia” é uma iniciativa experimental e


colaborativa realizada no âmbito das disciplinas de Estágio
Supervisionado da Licenciatura do curso de Ciências Sociais
da Universidade Federal de São Paulo.
 Trata-se de um recurso de coprodução (entre professores e
estudantes), sistematização e compartilhamento de
informações, metodologias, recursos educacionais, notícias,
projetos e relatórios de pesquisa, relacionados ao ensino-
pesquisa de Ciências Sociais na Educação Básica.
 https://ensinosociologia.milharal.org/sobre-o-site/ (acesso em
27/09/2016).
Formas de participação e difusão de informações

Compartilhamento de links selecionados em que você pode


acompanhar os diversos materiais selecionados pela web:
 http://www.delicious.com/ensinosociologia (acesso
27/09/2016).
Plataforma wiki em que, em organização, de maneira
colaborativa, diversos materiais relacionados ao ensino de
Sociologia na educação básica. Qualquer um pode editá-la e
inserir novas informações:
 http://ensinosociologia.wikia.com (acesso 27/09/2016).
Grupo de Apoio ao Ensino de Sociologia da
Universidade Estadual de Londrina (GAES)

 O GAES, em sua versão digital, disponibiliza materiais para


aulas de Sociologia no Ensino Médio com a finalidade de
colaborar com os professores e os alunos em suas
experiências de ensino-aprendizagem.
 O material é produzido por professores do Departamento de
Ciências Sociais da UEL – Universidade Estadual de Londrina
que integram, ou integraram esse projeto de extensão que se
desenvolve desde o início dos anos 1990 em Londrina, PR.
 http://www.uel.br/grupo-estudo/gaes/pages/o-ensino-da-
sociologia.php (acesso 27/09/2016).
Interatividade

Para um sociólogo brasileiro professor, que esteja insatisfeito


com a rotina no Ensino Médio, há recursos de formação além
dos cursos de pós-graduação?
a) Não, o contato nas redes sociais é insuficiente.
b) Há meios, mas nem todos têm dinheiro para isso.
c) O mais importante recurso é a participação em congressos
especialmente internacionais.
d) Se o sociólogo é fluente em inglês ou espanhol, um recurso
para atualização é a assinatura de revistas internacionais.
e) Sim, há vários recursos além de cursos de pós, desde
associações específicas para professores de Sociologia,
como as outras mais generalistas.
Resposta

Para um sociólogo brasileiro professor, que esteja insatisfeito


com a rotina no Ensino Médio, há recursos de formação além
dos cursos de pós-graduação?
a) Não, o contato nas redes sociais é insuficiente.
b) Há meios, mas nem todos têm dinheiro para isso.
c) O mais importante recurso é a participação em congressos
especialmente internacionais.
d) Se o sociólogo é fluente em inglês ou espanhol, um recurso
para atualização é a assinatura de revistas internacionais.
e) Sim, há vários recursos além de cursos de pós, desde
associações específicas para professores de Sociologia,
como as outras mais generalistas.
GAES

 Os artigos disponíveis podem ser descarregados no


computador pessoal do usuário, ou impressos para leitura ou
utilização em sala de aula, desde que as fontes sejam citadas.
O GAES pede, ainda, aos usuários a divulgação do site.
 www2.uel.br/grupo-estudo/gaes (acesso 27/09/2016).
 “Caso queira qualquer esclarecimento, ou mesmo queira
contribuir com material, entre em contato com o coordenador
do grupo, através do e-mail abaixo: Cesar Augusto de
Carvalho gaes@uel.br” (acesso 27/09/2016).
No site do GAES são disponíveis para download
textos sobre

 Desigualdade social e violência.


 http://www.uel.br/grupo-estudo/gaes/pages/desigualdade-
social-e-violencia.php.
 Educação e pós-modernidade.
 http://www.uel.br/grupo-estudo/gaes/pages/educacao-e-pos-
modernidade.php.
 O ensino da Sociologia.
 http://www.uel.br/grupo-estudo/gaes/pages/o-ensino-da-
sociologia.php (acesso em 27/09/2016).
Outros textos disponíveis no site do GAES

Juventude, sexualidade e saúde:


 http://www.uel.br/grupo-estudo/gaes/pages/juventude-
sexualidade-e-saude.php.
 Teorias Sociológicas: 27/09.
 http://www.uel.br/grupo-estudo/gaes/pages/teorias-
sociologicas.php Desigualdade Social e Violência (acesso
27/09/2016).
Laboratório de Ensino de Sociologia – Universidade
Federal de Uberlândia

 O Laboratório de Ensino de Sociologia (LESOC) do Instituto


de Ciências Sociais (INCIS) foi criado em 2000 para atender às
recomendações do MEC relacionadas à Licenciatura em
Ciências Sociais.
 Seu funcionamento, desde então, esteve diretamente
associado às atividades das disciplinas pedagógicas, em
especial aquelas oferecidas pelo INCIS. A proposta do LESOC
é contribuir com a prática docente das Ciências Humanas, de
uma maneira geral, e de Sociologia no nível médio, em
particular, uma vez que é objetivo da licenciatura formar
professores para essa etapa da Educação Básica.
 http://www.lesoc.incis.ufu.br/ (acesso em 27/09/2016).
A integração do professor de Sociologia na
comunidade científica nacional e internacional

 A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência),


cuja 67ª Reunião Anual da SBPC foi em São Carlos – de 12 a
18 de julho, na UFSCar, teve como tema “Luz, Ciência e
Ação”. A outra reunião foi na Universidade Federal do Sul da
Bahia, Porto Seguro, de 03 a 09 de julho de 2016.
 http://www.sbpcnet.org.br/site/ (acesso em 27/09/2016).
ANPOCS

 Especificamente de Ciências Sociais, além da SBS há a


ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Ciências Sociais), fundada em 1977.
 Conforme o site da entidade, a Anpocs é composta por sócios
institucionais e não por pesquisadores individuais. Outras
associações importantes no ambiente científico de Ciências
Sociais são: ABA (Associação Brasileira de Antropologia) e
ABCP (Associação Brasileira de Ciência Política).
 www.anpocs.org/ (acesso 27/09/2016).
A comunidade científica internacional

 Para participar, em princípio, será necessário o domínio de


uma língua, de preferência, o inglês ou o espanhol. Contudo
será mais adequado estar familiarizado com os temas e os
assuntos que estão sendo discutidos e uma forma de obter
informações será o levantamento das publicações
internacionais em Sociologia (a maioria delas está
disponível na internet).
 “The American Journal of Sociology”, a mais tradicional e
convencional das revistas de Sociologia americana.
 https://archive.org/details/americanjournalo10chicuoft (acesso
27/09/2016).
Outras publicações internacionais importantes

 “The sociological review”, publicação UK.


 http://www.thesociologicalreview.com/.
 “Revue française de sociologie”.
 http://www.rfs-revue.com/spip.php%3Frubrique2&lang=fr.html
(acesso 27/09/2016).
Síntese

 Enfim, pensar em integração à comunidade científica, seja


nacional ou não, implica em dispor de recursos de tempo e
financeiros para se inscrever em uma pós-graduação, fazer o
mestrado para, finalmente, ser considerado um “dos pares”
daquele grupo. Evidentemente que a integração na
comunidade científica implica em ser cientista ou, pelo
menos, em pretender sê-lo.
A ética na pesquisa sociológica

 As práticas definidas pelas associações profissionais dizem


respeito à obtenção de dados e informações, e posterior
divulgação pública, ou não.
 Informantes e sujeitos de pesquisa partilham com o sociólogo
pesquisador informações que tornam possível sua pesquisa.
De sorte que o material assim obtido constitui uma
modalidade de informação privilegiada, portanto, há regras
que devem ser seguidas pelo sociólogo para divulgação.
 Confidencialidade das fontes e objetividade nas análises são
traços a serem mantidos nas pesquisas, cujos detalhamentos
se encontram nos Códigos de Ética das organizações
profissionais.
Códigos de ética profissional

 Para dirimir dúvidas e normatizar corretamente as práticas


profissionais, duas versões das normas que regem, ou deverão
reger, o comportamento profissional do sociólogo.
 Primeiramente, o Código da Federação Nacional dos
Sociólogos, detalha os deveres, as regras de conduta em
relação aos demais integrantes da categoria profissional, bem
como detalha a organização interna da Federação etc.
O código se encontra em:
 FNS Federação Nacional dos Sociólogos.
 https://sites.google.com/site/federacaonacioanaldossociologos.
Código de ética profissional SBS

 Esse código privilegia questões relacionadas à condução de


pesquisa de campo, utilização de fontes primárias,
documentais e bibliográficas, e, em especial, utilização de
imagens e sons. Nunca é demais sublinhar que para utilização
de imagem do entrevistado ou informante deve ser obtido
consentimento por escrito.
O documento está disponível em:
 www.sbsociologia.com.br/portal/images/docs/codigoetica.pdf.
 http://www.dhnet.org.br/direitos/codetica/codetica_brasil/sociol
g.html (acesso 27/09/2016).
Interatividade

Qual a importância de um código de ética para um sociólogo?


a) Nenhuma, na prática profissional, o sociólogo não comete
erros desse tipo.
b) É importante na pesquisa para orientar a confidencialidade
das informações e das fontes.
c) A ética faz parte de sua formação, portanto, o código é
desnecessário.
d) Não é importante porque as universidades dispõem de uma
comissão de ética.
e) É importante para garantir que o sociólogo não manipule
os dados.
Resposta

Qual a importância de um código de ética para um sociólogo?


a) Nenhuma, na prática profissional, o sociólogo não comete
erros desse tipo.
b) É importante na pesquisa para orientar a confidencialidade
das informações e das fontes.
c) A ética faz parte de sua formação, portanto, o código é
desnecessário.
d) Não é importante porque as universidades dispõem de uma
comissão de ética.
e) É importante para garantir que o sociólogo não manipule
os dados.
Tópicos especiais: a escolha do objeto de pesquisa

 A escolha do objeto de pesquisa e sua concepção são dois


elementos fundamentais ao perfil profissional do sociólogo
porque ambos dizem respeito à sua individualidade, são itens
que antecedem a todas as demais escolhas, embora
curiosamente a escolha do objeto de pesquisa e sua
concepção frequentemente sejam etapas consideradas
depois da opção de método, o que pode causar
dor de cabeça ao pesquisador iniciante.
O objeto de pesquisa

 O “objeto de pesquisa” (atenção para as aspas) deve ser fruto


de uma sincera interrogação, de um questionamento, do olhar
de estranhamento dirigido a certa faceta da realidade para a
qual não se encontram respostas ou, ainda, o que é mais
frequente, com insatisfação perante as respostas disponíveis.
 Por isso “objeto de pesquisa” foi grafado com aspas, porque
esse “objeto”, na verdade, é um vazio, um interrogante, o
resultante de um olhar que desconfia da aparência
materializada nas práticas sociais cotidianas ou que desconfia
da “ordem natural das coisas”.
Tópicos especiais: a escolha da metodologia e
procedimentos de pesquisa

 A escolha por uma metodologia de pesquisa implica


estabelecer práticas profissionais e acadêmicas, que
delineiem o objeto de pesquisa escolhido, portanto, a escolha
remete para uma dada concepção teórica de sociedade, das
relações sociais que a constituem e a conformam, as quais se
encontram refletidas no objeto de pesquisa em dado momento
histórico.
 Os procedimentos de pesquisa, embora associados à
metodologia, refletem questões práticas, tais como: a
disponibilidade de acesso às fontes, recursos financeiros,
equipe de pesquisadores de campo, tempo para execução
da pesquisa etc.
Tópicos especiais: dois exemplos de pesquisa sobre
exercício de poder

Foram estudadas duas modalidades de pesquisa:


a. uma pesquisa empírica convencional, com entrevistas e
consulta de fontes sobre estrutura de poder a partir da
categoria dominante, de quem exerce poder, focalizando os
mecanismos efetivos de manutenção dessa posição, ao longo
de um processo de mudança parcial da economia agrária
para industrial;
b. uma pesquisa com filmes nacionais focalizando a construção
da subjetividade na formação social e os dispositivos de
poder que a conformam, os quais constituem a outra face da
democracia brasileira, ou o avesso da ordem ou, ainda, o
espaço entre a norma e as práticas de poder.
Objeto de pesquisa, postura teórica e procedimentos

 As duas pesquisas tiveram por “objeto” a problematização


das práticas, ou dispositivos de exercício do poder, que
integram a estratégia de “mudar para permanecer”: alteração
de elementos do grupo dominante, preservando as linhas de
ação política anteriores.
 Enquanto a primeira pesquisa se valeu da metodologia
weberiana, a segunda foi baseada na abordagem foucaultiana
ao exercício de poder.
Procedimentos, construção das regularidades

 Na primeira pesquisa, os procedimentos envolveram a relação


direta entre pesquisador e pesquisado, uma relação
intersubjetiva, típica da pesquisa de campo, para construção
da racional das regularidades implicadas no objeto.
 Na segunda, foi o plano do sensível (visual, auditivo) que
constituiu a instância para a construção racional da
regularidade das condutas, ele foi a base para construção
do conteúdo sociológico que justifica a pesquisa.
Em resumo...

 Na sociologia, a empiricidade é uma mediação construída no


exterior dos dados obtidos, seja esse exterior a postura
teórica, sejam os pressupostos sobre conexões dos fatos.
 Na verdade, é esse exterior, adotado pelo sociólogo, que
orienta a obtenção da manifestação empírica das condutas e a
construção das regularidades que permitem descrição,
explicação e interpretação; enfim, a construção do “objeto de
pesquisa”, surgido de uma problematização.
Finalmente...

 É importante reconhecer que o material pesquisado não é


submisso ao pesquisador.
 Assim, desde que o sociólogo se mantenha cuidadoso na
condução da pesquisa, especialmente em relação às
hipóteses formuladas, o material de pesquisa propicia a
emergência de outras questões instigantes e que devem ser
revisadas.
 Talvez seja essa imposição dos dados para a criatividade do
pesquisador que seja a dimensão mais fascinante da pesquisa
sociológica.
Interatividade

É possível situar a autoformação continuada sem atrelar o


conceito ao neoliberalismo e o mercado? Como?
a) Sim, quando a autoformação continuada refletir um projeto
pessoal, uma escolha do sujeito.
b) Não é possível, todo processo de autoformação continuada
está atrelado às demandas do mercado.
c) Sim, quando a autoformação implica em elevar o
desempenho, adicionar habilidades e competências.
d) Depende, sobretudo das oportunidades de trabalho abertas
em dado setor profissional.
e) Não, o conceito foi desenvolvido no âmbito da teoria
neoliberal de trabalho.
Resposta

É possível situar a autoformação continuada sem atrelar o


conceito ao neoliberalismo e o mercado? Como?
a) Sim, quando a autoformação continuada refletir um projeto
pessoal, uma escolha do sujeito.
b) Não é possível, todo processo de autoformação continuada
está atrelado às demandas do mercado.
c) Sim, quando a autoformação implica em elevar o
desempenho, adicionar habilidades e competências.
d) Depende, sobretudo das oportunidades de trabalho abertas
em dado setor profissional.
e) Não, o conceito foi desenvolvido no âmbito da teoria
neoliberal de trabalho.
ATÉ A PRÓXIMA!

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