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TEMA 1 - O QUE É A SOCIOLOGIA

Sociologia e conhecimento da realidade social

FENÓMENOS SOCIAIS COMPLEXOS – realidade social:


O ser humano é eminentemente social, vive em sociedade:
• Os indivíduos juntam-se em diversos tipos de grupos, de diferentes dimensões, onde OS
COMPORTAMENTOS DE CADA UM CONDICIONAM OS DOS RESTANTES.

Entre os indivíduos estabelece-se um conjunto de regras que orientam a sua atuação e que
garantem a sobrevivência de cada indivíduo e a continuidade dos grupos. Este conjunto de
interações designa-se por realidade social:
• O conjunto de interações entre os seres humanos que compreendem as maneiras de
sentir, de pensar e de agir, as relações sociais e as ações estabelecidas e socialmente
aceites.

FENÓMENOS SOCIAIS COMPLEXOS – complexidade da realidade social:


Ao analisar a vida social, precisamos de definir outro conceito muito utilizado – o fenómeno
social:
• Refere-se a qualquer realidade social objetiva (ex: escola, o casamento, o trabalho, etc.).
• OS FENÓMENOS SOCIAIS SÃO PLURIDIMENSIONAIS – análise pode ser feita tendo em
conta diversas dimensões:
A sua evolução histórica;
Os seus aspetos culturais;
A sua dimensão geográfica;
A legislação associada;
A relação com a situação económica;

- Todos os fenómenos sociais são estudados pelas ciências sociais (a História, a Sociologia, a
Demografia, a Economia, a Política, etc.), cada uma delas estuda esse fenómeno/realidade
segundo a sua perspetiva - as ciências sociais são complementares.

- A realidade social é uma estrutura complexa. Cada ciência social estuda o mesmo fenómeno
social a partir de perspetivas diferentes que são essenciais à compreensão da complexidade da
realidade social.
- A realidade social tem várias dimensões que exigem a intervenção de diversas ciências sociais.

A INTERDISCIPLINARIDADE:
- A atitude metodológica que procura integrar o contributo das várias ciências sociais, ou
disciplinas, no sentido de encontrar uma explicação e um entendimento mais profundo da
realidade social é designada por interdisciplinaridade.
- Cabe às diversas ciências sociais concorrerem para a análise da realidade social nas suas
diversas perspetivas, histórica, demográfica, política ou económica.

As ciências sociais estudam a mesma realidade social a partir de diferentes perspetivas:


• Do contributo de todas as ciências sociais obter-se-á uma EXPLICAÇÃO MAIS COMPLETA
E APROFUNDADA da realidade social (objeto de estudo de todas).
A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA:
A sociologia está associada a três revoluções que introduziram intensas transformações no
pensamento da sociedade:
• CIENTÍFICA:
Meados do sec. XVI;
O conhecimento se devia basear em observações metódicas, e não em
especulações;
Descartes – estabeleceu as regras do método científico; mencionou a
necessidade de uma ciência que estudasse a sociedade.
• INDUSTRIAL:
Iniciada no reino unido na segunda metade do séc. XVII;
Alargou-se posteriormente a outros países e permitiu a integração de
descobertas científicas e tecnológicas;
Industrialização – divisão social do trabalho; deu origem a uma classe operária
mais numerosa; impulsionou o crescimento da burguesia e o enfraquecimento
do campesinato e aristocracia;
Estas alterações transformaram de forma significativa as vidas das pessoas e
organização das sociedades;
A industrialização causou muita poluição.
• DEMOCRÁTICA:
Teve início com a revolução francesa;
Alterando a ordem política assente no antigo regime – o absolutismo;
Novo regime – proclamou os princípios do liberalismo; separação dos poderes;
ideia de que todos os homens nascem iguais e livres;
Revoluções francesa e americana – noção de que os indivíduos são os
responsáveis pela organização da sociedade; vieram justificar uma nova ciência
que conduzisse à superação dos problemas – a sociologia.

Objeto de estudo da sociologia:


• Sociologia - tem uma perspetiva própria de análise.
• Objeto de estudo específico da sociologia – os factos sociais.
• OS FACTOS SOCIAIS:
Decorrem da vida em sociedade e traduzem-se em modos de pensar e de agir
“impostos” pela sociedade (ex:, o trabalho, casamento, emancipação da mulher
e etc.
A RELATIVIDADE:
✓ Os factos sociais devem ser contextualizados no espaço e no tempo em
que ocorrem;
✓ Demonstra que a mesma situação pode ser percebida de forma
diferente por outras comunidades e em diferentes momentos da
história.
A EXTERIORIDADE:
✓ Tudo que ocorre em sociedade nos parece determinado
«exteriormente»;
✓ Os factos sociais se impõem de fora ao indivíduo como “coisas”
exteriores à sua consciência.
A COERCITIVIDADE:
✓ Indica a coação social que nos ameaça caso tenhamos comportamentos
não conforme os modelos sociais vigentes e consequentemente
impostos.
• Por outro lado, a sociologia também estuda a forma de organização da sociedade, isto
é, a estrutura social, bem como o modo como os indivíduos atuam dentro da estrutura
social – a ação social.

Cientistas Sociais:
• No séc. XIX grandes sociedades industriais passaram a construir uma espécie de
laboratório para os pensadores sociais da época.
• AUGUSTE COMTE - francês:
Considerado o pai da sociologia;
Criou uma ciência positiva dos fenómenos ou factos sociais, cujo objetivo era o
estabelecimento de leis sobre a evolução social e histórica;
Defendeu que devemos compreender o mundo social tal como ele é,
independentemente do que achamos que deva ser;
• HARRIET MARTINEAU – inglesa:
Foi a primeira socióloga;
Nas suas obras de investigação, denunciou a escravidão, as normas e os
regulamentos das fábricas e as desigualdades entre homens e mulheres;
Foi uma defensora da emancipação dos escravos, da igualdade na família, do
acesso das mulheres à educação e do sufrágio feminino.
• ÉMILE DURKHEIM – francês:
Foi o primeiro professor de Sociologia e é considerado o fundador da Sociologia
Moderna;
Defende a objetividade do conhecimento científico e que os factos sociais são
exteriores ao indivíduo, devendo ser tratados como coisas que se lhe impõem
de fora;
Estabeleceu as fases do método científico em Sociologia;
Mostrou que o comportamento das pessoas, por mais íntimo que seja, se
encontra moldado pelos factos sociais. Concluiu que o suicídio varia na razão
inversa do grau de integração nos grupos sociais a que o indivíduo pertence.
• MAX WEBER – alemão:
Foi outro pioneiro no campo da Sociologia;
O seu contributo prende-se com a definição do objeto, mas também do método
a seguir para o estudo da ação social, influenciando o desenvolvimento da
Sociologia em todo o mundo;
Mostrou que certos processos religiosos resultaram em formas diferentes de
capitalismo em determinadas regiões da Europa;
Defendeu que o capitalismo não se desenvolveu apenas devido a aspetos
económicos, colocando a tónica no significado religioso que a ética protestante
atribuía ao trabalho;
Propôs também uma Sociologia compreensiva com base no estudo
interpretativo da ação social que definiu como um comportamento com
intenção, com significado, orientado em função de outrem. A compreensão e
interpretação seriam as formas de estudar a ação social.
• MARIANNE WEBER – mulher de Max Weber, alemã:
Foi uma destacada socióloga e historiadora;
Aprofundou questões sobre a sociedade, evidenciou um comprometimento
com as causas da igualdade entre mulheres e homens, influenciando o
pensamento social;
• Embora o modo como os dois cientistas (Émile e Max) analisaram a realidade social não
tenha sido coincidente, não é, no entanto, contraditório.

A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA – a sociologia em Portugal:


Três períodos estabelecidos pelo sociólogo António Firmino da Costa:
• ANTES DA REVOLUÇÃO DO 25 DE ABRIL:
Até 1974, a análise sociológica da realidade portuguesa era incómoda para o
regime ditatorial.
• DE 25 DE ABRIL DE 1974 ATE MEADOS DE 1980:
o desenvolvimento de polos de investigação e de ensino permitiu a
diversificação e o aprofundamento progressivo das temáticas, dos paradigmas e
das metodologias da Sociologia.
Em 1985, foi criada a Associação Portuguesa de Sociologia, a principal
organização científico-profissional dos sociólogos portugueses.
• APÓS A DECADA DE 1980:
A Sociologia portuguesa é agora uma área em desenvolvimento com
profissionais habilitados para estudar e dar resposta aos problemas sociais da
sociedade portuguesa contemporânea.

PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SIENCÍFICO EM SOCIOLOGIA:


Dificuldades que se colocam à produção científica em sociologia:
• O SENSO COMUM:
É o conhecimento não-científico baseado nos sentidos, em sensações e
impressões, na conversa informal, em preconceitos ou ideias em circulação na
sociedade sem terem sido testadas ou demonstradas.
• A FAMILIARIDADE COM O SOCIAL:
Ideia preconcebida de que conhecemos a realidade social pelo facto de nos
inserirmos nela;
A sociologia é uma ciência difícil porque nos parece que conhecemos os
fenómenos sociais, mas o que temos são apenas visões parciais e valorativas
desses fenómenos.
• A ILUSÃO DA TRANSPARÊNCIA DO SOCIAL:
Conhecimento distorcido da realidade social por ela nos ser muito próxima e nos
fazer crer que já sabemos tudo sobre o social;
Ignoramos o que põe em causa as nossas crenças e podemos fazer falsas
generalizações, impedindo a construção do conhecimento científico.
• NATURALISMO:
A perspetiva naturalista encara a sociedade como algo de natural que não exige
uma ciência específica para o seu estudo;
Considera a sociedade como um fenómeno natural e não social. Tal dificulta o
desenvolvimento da investigação sociológica objetiva.
• INDIVIDUALISMO:
Reconhece no indivíduo o único elemento de decisão na ação social. Reduz as
explicações no âmbito da Sociologia às características dos indivíduos;
A ação social será determinada pelas vontades individuais e não pelos modelos
de comportamento socialmente aceites.
• ETNOCENTRISMO:
Considera inquestionáveis os valores, as crenças, as atitudes e os
comportamentos do próprio grupo considerado como superior, julgando as
outras culturas e os outros grupos sociais em função da sua própria cultura.

PROBLEMA SOCIAL E PROBLEMA SOCIOLÓGICO:


- Na perspetiva da disciplina de Sociologia, o vocábulo «social» refere-se à globalidade da
sociedade e aos processos que dela decorrem, como «facto social» ou «fenómeno social».

- Se um dado fenómeno social for analisado de acordo com a perspetiva da Sociologia, ele será
um fenómeno sociológico.
- O que está em causa quando se fala em problema sociológico não é o problema propriamente
dito, mas sim a abordagem que a Sociologia adota face ao fenómeno social.

- A investigação sociológica procura encontrar situações que, pela sua repetição, se constituem
em regularidades sociais:
• Permitem antecipar o comportamento dos indivíduos em determinadas situações e, em
consequência, preparar a resposta da sociedade a tais comportamentos.

Problemas:
• PROBLEMA SOCIAL:
Fenómeno que afeta parte da sociedade e que gera mal-estar social porque
representa um mau funcionamento dessa sociedade, e para o qual se procuram
soluções.
• PROBLEMA SOCIOLÓGICO:
Abordagem do problema social através da atitude científica da Sociologia,
estudando o problema no seu todo.

TEORIA, MÉTODOS E TÉCNICAS NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO:


A teoria é um enunciado que, tendo em conta as premissas de partida, descreve e explica as
situações reais:
• A TEORIA consiste num quadro conceptual que pretende captar o sentido e a evolução
da realidade;
• Para construir a teoria, o cientista dispõe de duas ferramentas fundamentais: OS
MÉTODOS E AS TÉCNICAS:
Métodos ou estratégias de investigação:
✓ Procedimentos baseados na teoria que conduzem o processo de seleção
de técnicas de pesquisa adequadas ao trabalho de investigação.
Técnicas:
✓ O conjunto de processos operativos ou operações simples que
permitem realizar a investigação, como por exemplo as técnicas
documentais ou os inquéritos por questionário ou por entrevista.
TEMA 1 - O QUE É A SOCIOLOGIA
Metodologia da investigação sociológica

ESTRATÉGIAS DE INVESTIGAÇÃO:
Noção de estratégia de investigação:
• Quando pretendemos realizar uma atividade ou investigar um determinado tema é
necessário definir uma ESTRATÉGIA ORIENTADORA:
Conjunto de procedimentos que orientam a pesquisa científica, incluindo a
seleção de técnicas, o seu controlo e a integração dos resultados obtidos.
Passos a seguir:
✓ Identificar o problema a estudar;
✓ Colocar uma questão sobre esse problema;
✓ Definir os objetivos a alcançar;
✓ Selecionar os recursos necessários;
✓ Calendarizar tarefas;
✓ Analisar a informação recolhida;
✓ Tirar conclusões;
✓ Redigir um relatório.

Cuidados metodológicos:
• Fazer a rutura com os preconceitos e as falsas evidencias;
• Conceber um modelo de análise;
• Submeter os factos à verificação ou experimentação.
- O conhecimento nunca está acabado.

ESTRATÉGIAS DE INVESTIGAÇÃO - principais:


Estratégia de investigação intensiva:
• A estratégia de investigação é intensiva QUANDO SE ESTUDA UM FENÓMENO EM
PROFUNDIDADE;
• Procura-se conhecer o maior número de informações sobre o fenómeno, seja através da
análise e observação de situações reais, seja através de informações obtidas
diretamente dos indivíduos ou instituições sobre os quais incide a investigação;
• Esta estratégia permite a liberdade de escolha das TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS
que se considerem mais adequadas em função do objetivo.

Estratégia de investigação extensiva:


• A estratégia de investigação extensiva tem em conta a quantidade de abrangência desses
elementos;
• Esta estratégia pretende encontrar REGULARIDADES NOS COMPORTAMENTOS e
GENERALIZAR para situações semelhantes;
• Como a ANÁLISE EXTENSIVA tem por objeto populações com um número de elementos
bastante grande, impõe-se o recurso às técnicas de AMOSTRAGEM:
Processo estatístico que consiste em selecionar um subconjunto – amostra
(deverá apresentar as características da totalidade da população) - da totalidade
da população sobre o qual irá incidir a investigação;
• Uma AMOSTRA REPRESENTATIVA apresenta as mesmas características que o universo
relativamente a um conjunto de critérios ou variáveis que o investigador considera
significativos para a investigação;
• Depois de tiradas a conclusão sobre esta amostra, É VÁLIDO GENERALIZÁ-LAS A TODA A
POPULAÇÃO.

Estratégia de investigação-ação:
• A estratégia de investigação-ação distingue-se das restantes pelo facto de o investigador
participar, em conjunto com os investigados, na procura de soluções para o problema.
• O investigador utiliza os seus conhecimentos e resultados do processo da investigação
na REFLEXÃO CRÍTICA PARA UMA AÇÃO TRANSFORMADORA.

ETÁPAS DA PESQUISA SOCIOLÓGICA:


A investigação em Sociologia, como em qualquer outra ciência social, decorre por passos ou
etapas:
• ETAPA 1 – DEFINIÇÃO DO PROBLEMA, pergunta de partida
• ETAPA 2 – A EXPLORAÇÃO
• ETAPA 3 – A PROBLEMÁTICA
• ETAPA 4 – CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE
• ETAPA 5 – A OBSERVAÇÃO
• ETAPA 6 – ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
• ETAPA 7 – AS CONCLUSÕES

TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS NA PESQUISA SOCIOLÓGICA:


Em Sociologia utilizam-se normalmente dois tipos de processos para obter e produzir
informações sobre os fenómenos em estudo:
• ATRAVÉS DE DADOS SECUNDÁRIOS:
a partir da documentação existente sobre o problema em causa.
• ATRAVÉS DE DADOS PRIMÁRIOS OU EMPÍRICOS:
extraídos da observação dos fenómenos a estudar.

Pesquisa documental:
• Na investigação sociológica, UM DOCUMENTO é todo o objeto, escrito ou não escrito,
que nos permite retirar informações sobre determinado fenómeno;
• Os documentos podem ser textos escritos, gráficos estatísticos, quadros, notícias,
documentários ou vídeos, por exemplo;
• Quando o investigador pretende estudar um determinado fenómeno deverá munir-se
do máximo de informações factuais existentes já conhecidas sobre o problema em
estudo, isto é, deverá efetuar uma PESQUISA DOCUMENTAL (procurar informações)

Observação:
• A observação compreende o conjunto das operações através dos quais o modelo de
análise é confrontado com dados observáveis;
• A observação é PARTICIPANTE OU DIRETA quando a recolha dos elementos de
informação é feita pelo investigador, que se encontra intencionalmente no grupo;
• A observação NÃO PARTICIPANTE OU INDIRETA recorre à recolha de informação sem que
o cientista social tenha de se inserir no grupo a observar.

Inquérito por entrevista:


• Processo bastante utilizado para recolha de dados em investigação social;
• TÉCNICA DE RECOLHA DE INFORMAÇÕES que decorre de diálogos, individuais ou de
grupo. Estas conversas permitem obter informações sobre os factos ou sobre a forma
como os entrevistados percecionam ou apreendem esses factos;
• CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE ENTREVISTAS:
Estruturada:
✓ Obedece a um guião previamente fixado, com um conjunto de questões
planeadas;
✓ Em geral, as questões são fechadas, mas podem também conter
questões abertas e, nesse caso, o entrevistador deve garantir que o
entrevistado não se afasta do assunto em causa.
Não estruturada:
✓ É mais flexível, sendo a escolha da sequência das questões definidas na
altura pelo entrevistador, privilegiando questões abertas e concedendo
maior liberdade ao entrevistado quanto à expressão da opinião própria.
Semiestruturada:
✓ A variante de entrevista semiestruturada é uma variante que consiste
num meio termo.

Inquérito por questionário:


• O INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO destina-se a ser aplicado a um elevado número de
indivíduos e é um procedimento que apresenta um conjunto predeterminado de
perguntas à população ou a uma amostra representativa dessa população.

Reconhecer fontes fidedignas de recolha de dados:


• O cuidado na seleção das fontes é um procedimento obrigatório para a realização de
uma pesquisa com um objetivo científico. Quando procedemos à revisão de literatura e
à pesquisa documental devemos sempre CONFIRMAR A CREDIBILIDADE DAS FONTES
CONSULTADAS;
• Deverão ainda ser tidos CUIDADOS ÉTICOS de não incorrer em plágio e copiar
informação sem citar os respetivos autores.

TEMA 2 – SOCIEDADE E INDIVÍDUO


Interação social, socialização, grupo, papel, estatuto social e cultura

INTERAÇÃO SOCIAL
- Relação recíproca, entre, pelo menos, dois indivíduos que ocorre de acordo com determinadas
expectativas ou procedimentos.
Tipos de interação:
• FORMAL:
Sempre que existe uma relação formal de relacionamento (ex: pais e filhos).
Estruturadas: os indivíduos representam papeis sociais esperados.
• NÃO FORMAL:
Quando os indivíduos não se conhecem e interagem pela primeira vez.
Não estruturadas: sujeitas a procedimentos minimamente estabelecidos.

SOCIALIZAÇÃO
- PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO: Processo através do qual os indivíduos interiorizam valores,
normas, atitudes e comportamentos da sociedade em que se encontram inseridos – seres
culturais.
- SOCIALIZAÇÃO – PROCESSO DE APRENDIZAGEM: continuo e dinâmica e desenvolve-se por
etapas desde o período da infância ao período da velhice:
• SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA: início do processo através do qual a criança se torna um
membro participante da sociedade.
• SOCIALIZAÇÃO SECUNDÁRIA: etapas posteriores em que o indivíduo desenvolve a
aprendizagem de modelos de comportamentos.
- ETAPAS DE SOCIALIZAÇÃO: infância, juventude/adolescência, idade adulta e velhice.

MECANISMOS DE SOCIALIZAÇÃO - Aprendizagem feita através de três mecanismos:


• APRENDIZAGEM:
Interiorização das normas e dos modelos de comportamento por tentativas,
erros e repetições.
• IMITAÇÃO:
Cópia de comportamentos observados nos outros membros dos diferentes
grupos.
• IDENTIFICAÇÃO:
Identificação com outra pessoa que que se considera próxima e apropriação dos
seus comportamentos.

AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO – intervenientes na aprendizagem e transmissão de cultura:


• A FAMILIA:
A família é o primeiro dos agentes de socialização. A criança vai aprendendo
aquilo que os seus familiares realizam, quando se encontra mais permeável à
aquisição da cultura.
• ESCOLA:
A escola surge como um importante agente de socialização. A escola ministra
conhecimentos e desenvolve as competências necessárias à transformação da
criança num ser «útil» à sociedade.
• MEIOS DE COMUNICAÇÃO:
A rádio, a televisão, a imprensa escrita, o cinema e a Internet constituem hoje
poderosos instrumentos de aprendizagem.
Inculcam normas, crenças, valores e modelos de conduta, etc., isto é, modelam
os nossos comportamentos.
• GRUPO DE AMIGOS:
O grupo de amigos, em especial na adolescência, é um importante agente de
socialização.
Nesta idade assume-se como um referencial essencial de indivíduos com
aspirações, modelos e comportamentos relativamente semelhantes.
OBJETIVOS DE SOCIALIZAÇÃO:
• ADAPTAÇAO DO INDIVIDUO AO MEIO SOCIAL:
Assimilação das regras de comportamento dos grupos em que se vai inserindo
• COESÃO SOCIAL:
Desenvolvimento de relações de interdependência, cooperação e solidariedade.
• MANUTENÇÃO DA ORDEM SOCIAL:
Adoção de comportamentos de acordo com as normas.

GRUPOS SOCIAIS
- Quando presenciamos um evento desportivo, por exemplo, estamos a viver uma situação que
correspondem a determinadas formas de agrupamento social.
GRUPOS SOCIAIS:
• Quando os agrupamentos têm finalidades definidas, uma estrutura própria, um caráter
duradouro, uma linguagem de comunicação, e valores, normas e interesses comuns.
• Distinguem-se entre si, e também de outro tipo de grupos, com base na natureza das
relações, na regularidade dos contactos, nas cumplicidades sociais, em suma, numa
identidade própria.
- COLETIVIDADE NÃO ESTRUTURADA: quando não é possível encontrar uma determinada
ordenação ou estrutura num agrupamento social, embora seja possível identificar a razão da
proximidade física entre os indivíduos.
GRUPOS DOS INDIVIDUOS:
• GRUPO DE PERTENÇA:
Aquele em que o indivíduo se insere ou a que pertence (Ex: família, a escola, o
grupo de amigos, etc.)
• GRUPO DE REFERÊNCIA:
Grupo a que o indivíduo aspira a pertencer. Os valores e os comportamentos dos
grupos de referência funcionam como modelo de avaliação dos indivíduos
(avaliamos o nosso comportamento, a nossa aparência física ou os nossos
valores em função do nosso grupo de referência).
Constituem verdadeiros modelos culturais a interiorizar e influenciam através
da formação de opiniões, determinação de atitudes e aquisição de
aprendizagens.
- SOCIALIZAÇÃO POR ANTECIPAÇÃO: como os indivíduos podem aprender a cultura dos grupos
aos quais não se encontram diretamente ligados, podem sair do seu grupo (grupo de pertença)
e, simultaneamente, inserir-se noutro (grupo de referência) - aquisição de cultura de outro
grupo, como forma do indivíduo sair do seu grupo de pertença.

PAPEL SOCIAL E ESTATUTO SOCIAL


SOCIALIZAÇÃO E PAPÉIS SOCIAIS:
• Conjunto de comportamentos próprios – papéis sociais - de um determinado cargo
social esperados pela sociedade.
• Na aprendizagem que a socialização proporciona, encontra-se o saber comportar-se de
acordo com a função que o indivíduo desempenha.
• Os papéis sociais estão “previamente definidos”. Esta previsibilidade dos
comportamentos esperados dá estabilidade à convivência social.
• PAPEIS SOCIAIS MÚLTIPLOS:
No decorrer da sua vida, o indivíduo aprende a desempenhar múltiplos papéis
sociais.
Para além dos múltiplos papéis sociais que todos os indivíduos têm durante as
suas vidas, também se verifica o desempenho de múltiplos papéis em
simultâneo (ex: ser filho, neto, etc.).

ESTATUTO SOCIAL:
• Conjunto de comportamentos que um indivíduo espera da sociedade em função do
papel social que desempenha.
• A importância que a sociedade dá a determinado papel implica a atribuição de um
estatuto correspondente.
• ESTATUTO SOCIAL ATRIBUIDO:
O estatuto de alguns indivíduos pode ser “conquistado” sem grande esforço. É
o caso dos herdeiros de grandes fortunas, dos príncipes ou rainhas que
herdaram o poder por via hereditária ou das mulheres nas sociedades mais
fechadas, por exemplo - é a sociedade que lhes atribui os respetivos estatutos.
Nas modernas sociedades industrializadas, onde o mérito é um valor
reconhecido, os indivíduos esforçam-se e lutam por posições sociais superiores
- nestes casos, os estatutos são adquiridos pelos próprios.

CULTURA, ELEMENTOS DA CULTURA E DIVERSIDADE CULTURAL


CULTURA:
Conjunto de elementos (crenças, valores, normas, produções artísticas, literárias, técnicas, etc.)
que caracterizam a forma como uma comunidade resolve os problemas do quotidiano.
• Cada sociedade exprime-se e realiza-se através de uma cultura.
• A cultura representa a expressão de um grupo e concretiza tudo o que é socialmente
aprendido e partilhado pelos membros desse grupo.
• A cultura de um grupo que concede a cada um dos seus membros características básicas
que o distinguem dos membros de outro grupo, necessariamente portadores de outra
cultura.
• A cultura distingue-se de herança biológica.
• SIGNIFICADOS DE CULTURA:
SIGNIFICADO POPULAR, COMUM DO TERMO CULTURA: representa um conjunto
de manifestações em domínios do saber e fazer considerados “nobres”. Quando
nos referimos a alguém que aprecia boas obras literárias, que gosta de música
erudita, que é um conhecedor de arte e fala com correção, dizemos que é um
indivíduo culto, em sentido comum.
SIGNIFICADO SOCIOLOGICO DO TERMO CULTURA: o conjunto de maneiras
próprias de pensar, sentir e agir de qualquer grupo. Todos vivemos e trazemos a
marca de uma cultura (a nossa cultura). Assim sendo, todos nós nos integramos
numa cultura.
• CULTURA E SUBCULTURAS:
Subculturas representam as “culturas” de grupos mais pequenos que se inserem
na sociedade.
Todas as sociedades são portadoras de múltiplas subculturas que, no seu
conjunto, coexistem com a cultura dominante.
• PADRÕES DE CULTURA:
Representam conjuntos próprios de maneiras de pensar, sentir e agir de uma
sociedade específica. Assim sendo, o padrão de cultura é uma referência
sociológica que permite identificar grupos sociais.
Todas as sociedades têm padrões culturais específicos que as individualizam.
• CULTURA – ELEMENTOS MATERIAIS E IMATERIAIS:
Todas as culturas integram traços ou elementos de duas ordens: espiritual ou
imaterial e material. Os elementos espirituais e materiais não têm existência
separada, antes interagem dialeticamente, produzindo a cultura.
A fé – elemento imaterial da cultura – tem expressão nos locais de culto –
elementos materiais das respetivas culturas.
Os elementos imateriais compreendem as ideias, crenças, normas, valores, usos
e costumes do grupo. Neste conjunto, revestem-se de especial importância os
valores, nomeadamente os religiosos.
• VALORES COMO SUPORTE DE UMA CULTURA:
Sendo considerados como elementos espirituais desejáveis, os valores
orientarão os modelos e as condutas individuais.
Esses modelos, que os indivíduos vão interiorizando desde o nascimento,
funcionam como padrões de comportamento, tornando psicologicamente difícil
cometer atos proibidos, isto é, impedindo ou dificultando o desenvolvimento de
comportamentos que se afastam da norma.
• DIVERSIDADE CULTURAL E ETNOCENTRISMO CULTURAL:
Considerando a diversidade de padrões de cultura, que representam formas que
as comunidades encontraram para resolverem os seus problemas quotidianos,
é possível identificar uma diversidade de padrões de cultura.
Quando um grupo entende que a sua cultura é superior a outra, entra-se no
domínio do etnocentrismo cultural. O etnocentrismo é um obstáculo à
compreensão de outras culturas.
• A PESSOA COMO PRODUTO E PRODUTORA DE CULTURA:
A cultura é dinâmica – a pessoa recebe a cultura do seu grupo de pertença – a
pessoa é um produto cultural –, mas também a transforma, aperfeiçoando-a,
ajustando-a aos novos condicionalismos sociais – a pessoa é produtora de
cultura.

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