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Entre os indivíduos estabelece-se um conjunto de regras que orientam a sua atuação e que
garantem a sobrevivência de cada indivíduo e a continuidade dos grupos. Este conjunto de
interações designa-se por realidade social:
• O conjunto de interações entre os seres humanos que compreendem as maneiras de
sentir, de pensar e de agir, as relações sociais e as ações estabelecidas e socialmente
aceites.
- Todos os fenómenos sociais são estudados pelas ciências sociais (a História, a Sociologia, a
Demografia, a Economia, a Política, etc.), cada uma delas estuda esse fenómeno/realidade
segundo a sua perspetiva - as ciências sociais são complementares.
- A realidade social é uma estrutura complexa. Cada ciência social estuda o mesmo fenómeno
social a partir de perspetivas diferentes que são essenciais à compreensão da complexidade da
realidade social.
- A realidade social tem várias dimensões que exigem a intervenção de diversas ciências sociais.
A INTERDISCIPLINARIDADE:
- A atitude metodológica que procura integrar o contributo das várias ciências sociais, ou
disciplinas, no sentido de encontrar uma explicação e um entendimento mais profundo da
realidade social é designada por interdisciplinaridade.
- Cabe às diversas ciências sociais concorrerem para a análise da realidade social nas suas
diversas perspetivas, histórica, demográfica, política ou económica.
Cientistas Sociais:
• No séc. XIX grandes sociedades industriais passaram a construir uma espécie de
laboratório para os pensadores sociais da época.
• AUGUSTE COMTE - francês:
Considerado o pai da sociologia;
Criou uma ciência positiva dos fenómenos ou factos sociais, cujo objetivo era o
estabelecimento de leis sobre a evolução social e histórica;
Defendeu que devemos compreender o mundo social tal como ele é,
independentemente do que achamos que deva ser;
• HARRIET MARTINEAU – inglesa:
Foi a primeira socióloga;
Nas suas obras de investigação, denunciou a escravidão, as normas e os
regulamentos das fábricas e as desigualdades entre homens e mulheres;
Foi uma defensora da emancipação dos escravos, da igualdade na família, do
acesso das mulheres à educação e do sufrágio feminino.
• ÉMILE DURKHEIM – francês:
Foi o primeiro professor de Sociologia e é considerado o fundador da Sociologia
Moderna;
Defende a objetividade do conhecimento científico e que os factos sociais são
exteriores ao indivíduo, devendo ser tratados como coisas que se lhe impõem
de fora;
Estabeleceu as fases do método científico em Sociologia;
Mostrou que o comportamento das pessoas, por mais íntimo que seja, se
encontra moldado pelos factos sociais. Concluiu que o suicídio varia na razão
inversa do grau de integração nos grupos sociais a que o indivíduo pertence.
• MAX WEBER – alemão:
Foi outro pioneiro no campo da Sociologia;
O seu contributo prende-se com a definição do objeto, mas também do método
a seguir para o estudo da ação social, influenciando o desenvolvimento da
Sociologia em todo o mundo;
Mostrou que certos processos religiosos resultaram em formas diferentes de
capitalismo em determinadas regiões da Europa;
Defendeu que o capitalismo não se desenvolveu apenas devido a aspetos
económicos, colocando a tónica no significado religioso que a ética protestante
atribuía ao trabalho;
Propôs também uma Sociologia compreensiva com base no estudo
interpretativo da ação social que definiu como um comportamento com
intenção, com significado, orientado em função de outrem. A compreensão e
interpretação seriam as formas de estudar a ação social.
• MARIANNE WEBER – mulher de Max Weber, alemã:
Foi uma destacada socióloga e historiadora;
Aprofundou questões sobre a sociedade, evidenciou um comprometimento
com as causas da igualdade entre mulheres e homens, influenciando o
pensamento social;
• Embora o modo como os dois cientistas (Émile e Max) analisaram a realidade social não
tenha sido coincidente, não é, no entanto, contraditório.
- Se um dado fenómeno social for analisado de acordo com a perspetiva da Sociologia, ele será
um fenómeno sociológico.
- O que está em causa quando se fala em problema sociológico não é o problema propriamente
dito, mas sim a abordagem que a Sociologia adota face ao fenómeno social.
- A investigação sociológica procura encontrar situações que, pela sua repetição, se constituem
em regularidades sociais:
• Permitem antecipar o comportamento dos indivíduos em determinadas situações e, em
consequência, preparar a resposta da sociedade a tais comportamentos.
Problemas:
• PROBLEMA SOCIAL:
Fenómeno que afeta parte da sociedade e que gera mal-estar social porque
representa um mau funcionamento dessa sociedade, e para o qual se procuram
soluções.
• PROBLEMA SOCIOLÓGICO:
Abordagem do problema social através da atitude científica da Sociologia,
estudando o problema no seu todo.
ESTRATÉGIAS DE INVESTIGAÇÃO:
Noção de estratégia de investigação:
• Quando pretendemos realizar uma atividade ou investigar um determinado tema é
necessário definir uma ESTRATÉGIA ORIENTADORA:
Conjunto de procedimentos que orientam a pesquisa científica, incluindo a
seleção de técnicas, o seu controlo e a integração dos resultados obtidos.
Passos a seguir:
✓ Identificar o problema a estudar;
✓ Colocar uma questão sobre esse problema;
✓ Definir os objetivos a alcançar;
✓ Selecionar os recursos necessários;
✓ Calendarizar tarefas;
✓ Analisar a informação recolhida;
✓ Tirar conclusões;
✓ Redigir um relatório.
Cuidados metodológicos:
• Fazer a rutura com os preconceitos e as falsas evidencias;
• Conceber um modelo de análise;
• Submeter os factos à verificação ou experimentação.
- O conhecimento nunca está acabado.
Estratégia de investigação-ação:
• A estratégia de investigação-ação distingue-se das restantes pelo facto de o investigador
participar, em conjunto com os investigados, na procura de soluções para o problema.
• O investigador utiliza os seus conhecimentos e resultados do processo da investigação
na REFLEXÃO CRÍTICA PARA UMA AÇÃO TRANSFORMADORA.
Pesquisa documental:
• Na investigação sociológica, UM DOCUMENTO é todo o objeto, escrito ou não escrito,
que nos permite retirar informações sobre determinado fenómeno;
• Os documentos podem ser textos escritos, gráficos estatísticos, quadros, notícias,
documentários ou vídeos, por exemplo;
• Quando o investigador pretende estudar um determinado fenómeno deverá munir-se
do máximo de informações factuais existentes já conhecidas sobre o problema em
estudo, isto é, deverá efetuar uma PESQUISA DOCUMENTAL (procurar informações)
Observação:
• A observação compreende o conjunto das operações através dos quais o modelo de
análise é confrontado com dados observáveis;
• A observação é PARTICIPANTE OU DIRETA quando a recolha dos elementos de
informação é feita pelo investigador, que se encontra intencionalmente no grupo;
• A observação NÃO PARTICIPANTE OU INDIRETA recorre à recolha de informação sem que
o cientista social tenha de se inserir no grupo a observar.
INTERAÇÃO SOCIAL
- Relação recíproca, entre, pelo menos, dois indivíduos que ocorre de acordo com determinadas
expectativas ou procedimentos.
Tipos de interação:
• FORMAL:
Sempre que existe uma relação formal de relacionamento (ex: pais e filhos).
Estruturadas: os indivíduos representam papeis sociais esperados.
• NÃO FORMAL:
Quando os indivíduos não se conhecem e interagem pela primeira vez.
Não estruturadas: sujeitas a procedimentos minimamente estabelecidos.
SOCIALIZAÇÃO
- PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO: Processo através do qual os indivíduos interiorizam valores,
normas, atitudes e comportamentos da sociedade em que se encontram inseridos – seres
culturais.
- SOCIALIZAÇÃO – PROCESSO DE APRENDIZAGEM: continuo e dinâmica e desenvolve-se por
etapas desde o período da infância ao período da velhice:
• SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA: início do processo através do qual a criança se torna um
membro participante da sociedade.
• SOCIALIZAÇÃO SECUNDÁRIA: etapas posteriores em que o indivíduo desenvolve a
aprendizagem de modelos de comportamentos.
- ETAPAS DE SOCIALIZAÇÃO: infância, juventude/adolescência, idade adulta e velhice.
GRUPOS SOCIAIS
- Quando presenciamos um evento desportivo, por exemplo, estamos a viver uma situação que
correspondem a determinadas formas de agrupamento social.
GRUPOS SOCIAIS:
• Quando os agrupamentos têm finalidades definidas, uma estrutura própria, um caráter
duradouro, uma linguagem de comunicação, e valores, normas e interesses comuns.
• Distinguem-se entre si, e também de outro tipo de grupos, com base na natureza das
relações, na regularidade dos contactos, nas cumplicidades sociais, em suma, numa
identidade própria.
- COLETIVIDADE NÃO ESTRUTURADA: quando não é possível encontrar uma determinada
ordenação ou estrutura num agrupamento social, embora seja possível identificar a razão da
proximidade física entre os indivíduos.
GRUPOS DOS INDIVIDUOS:
• GRUPO DE PERTENÇA:
Aquele em que o indivíduo se insere ou a que pertence (Ex: família, a escola, o
grupo de amigos, etc.)
• GRUPO DE REFERÊNCIA:
Grupo a que o indivíduo aspira a pertencer. Os valores e os comportamentos dos
grupos de referência funcionam como modelo de avaliação dos indivíduos
(avaliamos o nosso comportamento, a nossa aparência física ou os nossos
valores em função do nosso grupo de referência).
Constituem verdadeiros modelos culturais a interiorizar e influenciam através
da formação de opiniões, determinação de atitudes e aquisição de
aprendizagens.
- SOCIALIZAÇÃO POR ANTECIPAÇÃO: como os indivíduos podem aprender a cultura dos grupos
aos quais não se encontram diretamente ligados, podem sair do seu grupo (grupo de pertença)
e, simultaneamente, inserir-se noutro (grupo de referência) - aquisição de cultura de outro
grupo, como forma do indivíduo sair do seu grupo de pertença.
ESTATUTO SOCIAL:
• Conjunto de comportamentos que um indivíduo espera da sociedade em função do
papel social que desempenha.
• A importância que a sociedade dá a determinado papel implica a atribuição de um
estatuto correspondente.
• ESTATUTO SOCIAL ATRIBUIDO:
O estatuto de alguns indivíduos pode ser “conquistado” sem grande esforço. É
o caso dos herdeiros de grandes fortunas, dos príncipes ou rainhas que
herdaram o poder por via hereditária ou das mulheres nas sociedades mais
fechadas, por exemplo - é a sociedade que lhes atribui os respetivos estatutos.
Nas modernas sociedades industrializadas, onde o mérito é um valor
reconhecido, os indivíduos esforçam-se e lutam por posições sociais superiores
- nestes casos, os estatutos são adquiridos pelos próprios.