Você está na página 1de 15

Sociologia

1.1. A PALAVRA SOCIOLOGIA

A palavra sociologia foi criada pelo pensador francês Augusto Comte em 1839 em seu curso de filosofia positiva. A
palavra sociologia é híbrida, isto é, ela é formada por duas línguas diferentes: Sócio do latim significa social ou sociedade,
logia do grego significa estudo, formando assim, o “estudo do social” ou “estudo da sociedade”.

1.2. CONCEITOS DE SOCIOLOGIA

A sociologia possui uma infinidade de conceitos para identificá-la e explicá-la, diferenciando-a de outras ciências ou tipos
de conhecimentos. Vejamos alguns conceitos segundo alguns sociólogos: para Durkheim “a sociologia é a ciência das
instituições”; para L. Ward e W. G. Summer “a sociologia é a ciência da sociedade”; para F. H. Gilddings “a sociologia é a
ciência dos fenômenos sociais”. Ela também já foi definida por Robert Park como “ciência do comportamento coletivo”,
por Small de “ciência das relações humanas”. Para Weber a “sociologia é a ciência que procura uma compreensão
interpretativa da ação social para a partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos”.
Para alguns sociólogos brasileiros como Carlos Benedito Martins a “sociologia é o resultado de uma tentativa de
compreensão de situações sociais radicalmente novas criada pela então sociedade capitalista”; para Costa Pinto a
“sociologia é o estudo científico da formação, organização e transformação da sociedade humana”.

1.3. OBJETIVO, OBJETO, CAMPO DE ESTUDO E IMPORTÂNCIA.

O objetivo da sociologia é aumentar ao máximo o conhecimento do homem e da sociedade através da investigação


científica.
O objeto de estudo da sociologia é os fenômenos sociais, isto é, tudo aquilo que se refere às relações entre as pessoas,
suas questões nos seus grupos sociais ou entre os grupos dinamizando a sociedade como um todo.
O campo de estudo da sociologia é a sociedade como um todo, envolvendo todas as suas particularidades, sejam em
características políticas, econômicas, sociais, culturais, históricas, etc.

A sociologia é importante porque nos permite compreender melhor a sociedade em que vivemos e conseqüentemente,
explicar e buscar soluções para a complexidade das questões sociais. Assim a sociologia vem se tornando uma ciência
imprescindível para o conhecimento do mundo atual.

1.4. A SOCIOLOGIA E AS DEMAIS CIÊNCIAS SOCIAIS

Com a complexidade do mundo social e o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das ciências sociais
em diversas disciplinas, com a finalidade de produzir um conhecimento mais rigoroso e criterioso, facilitando a
sistematização do estudo e das pesquisas. Assim podemos destacar algumas ciências sociais que contribuem para os
estudos sociológicos e o entendimento do mundo social:
Economia – estuda as atividades ligadas à produção, distribuição, circulação de bens e serviços;

Ciência política – estuda a distribuição de poder nas sociedades, bem como a formação e o desenvolvimento das
diversas formas de governos;
Antropologia – estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos,
assim como a origem e a evolução das culturas.

1.5. O CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO

A sociologia se baseia no conhecimento científico, por isso, utiliza-se das regras metodológicas da ciência social como a
pesquisa, a objetividade, a observação, as entrevistas e questionários.

1.6. O SER SOCIOLÓGICO E O SER BIOLÓGICO pg 01

Observando a sociedade, percebemos que as pessoas caminham, correm, dormem, respiram


– isso é biológico (orgânico). Mas as pessoas também cooperam umas com as outras no trabalho, recebem salários,
descontam cheques, entram em greve, estudam, namoram, casam e etc – isso é sociológico (superorgânico); são essas
atividades que fazem do homem um ser sociológico e, que merecem toda a atenção da sociologia enquanto ciência que
busca a compreensão e explicação dos diversos tipos de relações sociais.

1.7. PRINCIPAIS TEMAS SOCIOLÓGICOS

Como a sociedade é formada pelos diversos tipos de relações sociais, a sociologia se interessa por essas relações que
dinamizam a sociedade, por isso, seus principais temas se envolvem e se confundem dentro da complexidade das relações
sociais - dentro dos grupos sociais: da família, de amigos, do trabalho, da cultura, da ideologia, da cidadania, da política, da
economia, isto é, em todos os níveis de relações sociais.

1.8. A SOCIOLOGIA EM NOSSO COTIDIANO

A sociologia convive constantemente em nosso dia-a-dia. Vivemos em sociedade, estamos sempre nos relacionando
com outras pessoas através dos grupos sociais, quando não estamos em casa com o nosso grupo familiar, estamos na rua
com o grupo de amigos ou na escola nos relacionando com os colegas, enfim estamos sempre nos relacionando
socialmente. Fazemos parte de um sistema estrutural e conjuntural no qual precisamos compreender e descobrir que muitos
fatos (“problemas”) que ocorrem em nossa vida diária esta ligada às condições sociais. É neste conjunto de ralações sociais
que a sociologia busca compreender e explicar a sociedade, nossa complexidade, antagonismo, harmonia, crises, etc.

2.1. HISTÓRIA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

A busca de compreensão e explicação da sociedade já existia desde a Antiguidade, passando pelo Período Medieval e
Idade Moderna, mas este pensamento não tinha uma base sociológica, pois os filósofos dessa época acreditavam que Deus
e a natureza controlavam a sociedade, teorizavam modelos de sociedades ideais requisitando às pessoas que seguissem
esses modelos, por isso, durante todos esses períodos o pensamento sobre o social estava influenciado por um caráter
normativo (estabelecer regras para vida social) e finalista
(objetivo de uma organização social ideal), impedindo um entendimento científico da realidade social. Outro fator que
contribuiu para a inexistência da sociologia foi o fato de que as sociedades pré-capitalistas eram relativamente estáveis, o
ritmo e o nível das mudanças eram razoavelmente lentos, não se percebendo a sociedade enquanto um “problema”
merecedor de análises e investigação minuciosa (científica).

2.2. TEORIAS QUE INFLUENCIARAM NA FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA

Para a sociologia se consolidar como ciência ela teve que abandonar seu caráter normativo e finalista. Por isso, ela
sofreu a influência de teorias e métodos das ciências biológicas e naturais: a teoria evolucionista de Charles Darwin (1809-
1882), onde diz que ao longo de milhões de anos todas as espécies de seres vivos evoluíram; A biologia foi outra ciência
que influenciou na cientificidade sociológica, através de Herbert Spencer (1820-1903), que criou uma sociologia
organicista onde se fazia uma analogia do organismo vivo com a sociedade. Neste contexto foi fundamental aceitar a idéia
de que os fenômenos sociais obedecem a leis naturais, embora produzidas pelos homens, esta foi a importância do
positivismo que deu os primeiros passos para a cientificidade da sociologia. Foi, por isso, também, que logo no seu início,
a sociologia recebeu outros nomes como fisiologia social (por Saint-Simon), ou física social (por Augusto Comte).
Outros teóricos fizeram suas interpretações sociais buscando dar à sociologia um caráter de ciência, buscando a
consolidação definitiva sobre um conhecimento verdadeiro e importante para a sociedade; estes desenvolveram um
conhecimento científico-social onde abrange todos os aspectos da sociedade, utilizando-se de outras ciências sociais como
a economia (produção material), política (relações de poder), antropologia (aspectos culturais) e outras. Neste processo
foram importantes as contribuições de Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber.

2.3. FATORES HISTÓRICOS

Os fatores ou transformações históricas que contribuíram para a consolidação do capitalismo e o surgimento da


sociologia estão relacionados ao contexto geral da transição do feudalismo para o capitalismo, onde podemos destacar:
Os fatores históricos que vinham ocorrendo desde o século XVI como: pg 02
Reforma Protestante (mudança religiosa), Formação dos Estados Nacionais e o Absolutismo (mudança política e
territorial), Grandes navegações (mudança geográfica), Humanismo/Renascimento (mudança cultural), Revolução
científica (mudança na ciência), Iluminismo (mudança ideológica).
As transformações socioeconômicas do século XVIII provocadas pela dupla revolução:

Revolução Francesa representou a mudança política-jurídica na história das sociedades ocidental, baseado nos ideais
iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, a burguesia que já dominava o poder econômico reivindicava agora o
poder político, o que aconteceu durante a revolução francesa. Assim adotaram novo regime político de representatividade
política e sistemas econômicos favoráveis aos seus interesses.
Revolução Industrial representou as transformações de mudança socioeconômicas, com o surgimento das máquinas,
com maior divisão técnica do trabalho, com o aumento da produção, da urbanização, do êxodo rural; a sociedade torna-se
mais complexa e dinâmica, agravando-se também as questões sociais como: crescimento acelerado do desemprego,
miséria, alcoolismo, prostituição e etc.

2.4. A RELAÇÃO DO CAPITALISMO COM A SOCIOLOGIA

O surgimento, a formação e o desenvolvimento da sociologia está relacionados diretamente com a consolidação do


capitalismo a partir da Revolução industrial e da Revolução francesa do século XVIII, que criaram novas condições sócio-
econômicas e político-ideológico, que caracterizam a sociedade capitalista, como o surgimento da indústria, da relação
entre burguesia e operário, de regimes políticos e leis burguesas.
O sistema capitalista possui uma estrutura social inédita na história da humanidade, que nos instiga a uma reflexão
sobre este sistema, suas transformações, suas crises, seus antagonismos.
É dentro desse contexto que surge a necessidade de se compreender e explicar essa nova realidade. Por isso, precisou-
se de uma ciência que estivesse voltada para essas transformações. A sociologia constitui em certa medida uma resposta
intelectual às novas situações geradas pela nascente sociedade capitalista industrial.

2.5. AS CORRENTES SOCIOLÓGICAS

A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a formação da sociologia, impedindo
um entendimento comum por parte dos pensadores, por isso, a sociologia se dividiu ideologicamente entre a conservação e
a transformação do status quo, dando margem ao nascimento de diferentes tradições sociológicas (correntes sociológicas)
que representam as diferentes tendências ideológicas de compreensão e explicação da sociedade capitalista. Assim, temos
as primeiras teorias sobre as transformações provocadas pelo capitalismo:

Profetas do passado – representados pelos pensadores Edmund Burk (1729-1797), Joseph de Maistre (1753-1821) e
Louis de Bonald (1754-1840). Estes eram conservadores e tradicionalistas, tinham um pensamento reacionário:
condenavam o iluminismo e a revolução francesa, culpavam pelo caos social, desorganização da família, da religião, das
corporações. Estes ideólogos eram apaixonados pelo equilíbrio das instituições religiosas, monárquicas e aristocráticas da
época feudal. Por isso, defendiam a ordem e o equilíbrio da sociedade, preocuparam-se com o controle, integração, posição,
hierarquias sociais e também com os rituais da sociedade.

Socialismo utópico (ou romântico) – representados por Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837),
Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen (1771-1858). Estes eram transformadores,
mas românticos, pois acreditavam que os ricos capitalistas voluntariamente abririam mão de suas riquezas partilhando com
os pobres; apelavam para a natureza boa do ser humano que foi pervertida pelo sistema capitalista. Eram utópicos porque
criticavam o capitalismo e anunciavam os princípios de uma sociedade futura ideal, mas sem indicar os meios para torná-la
real.
Positivismo – O positivismo é uma matriz teórico-filosófica que deu origem a uma sociologia conservadora e
afirmadora da sociedade capitalista. Representado por Augusto Comte (1798-1857) e Emile Durkheim (1858-1917). Estes
se dedicaram em buscar a estabilidade social, preocuparam-se com os problemas da manutenção da ordem capitalista,
queriam estabelecer o bom funcionamento desta sociedade, pretendiam solucionar os problemas sociais através da coerção
física e da educação moral, esta seria a função da sociologia enquanto ciência positiva.

Socialismo científico – representado por Karl Marx (1818-1883) e Frederic Engels (1820-1895). As idéias marxianas
eram de base estritamente econômica, assim, todas as questões sociais tinham origem na desigualdade econômica entre as

pg 03
classes proprietárias e as não proprietárias dos meios de produção. Por isso, pretendiam realizar mudanças radicais
nesta sociedade através de uma revolução socialista do proletariado, introduzindo a sociedade comunista como uma
sociedade justa e igualitária. Essa perspectiva despertou um pensamento sociológico crítico e negador da sociedade
capitalista.

Funcionalismo – representa uma teoria reprodutora e conservadora da sociedade capitalista. O principal


representante do funcionalismo é Emile Durkheim (1858-1917), este pensador estabelece uma analogia entre a sociedade e
o organismo biológico humano. Assim a sociedade funciona graças a seu sistema orgânico, onde cada instituição ou pessoa
faz parte de relações funcionais, fazendo uma organização social de dependência e complementaridade das atividades
sociais, assim a sociedade é um todo organizado e harmônico.
Marxismo – corresponde às várias interpretações e continuação complementares das teorias de Karl Marx e Engels.
Entre seus principais representantes podemos destacar: Lênin (1870-1924), Rosa Luxemburgo (1871-1919), Gramsci
(1891-1937) e outros. Baseado no socialismo científico e nas novas conjunturas e contexto em que viviam, estes
pensadores desenvolveram novas perspectivas teóricas e práticas, implementando assim o socialismo real, diferente do
socialismo ideal (proposto por Marx).

Escola de Chicago – fundada em 1892, seus principais representantes são George Homans Cooley (1846-1929),
Talcott Parsons (1902), Robert K. Merton (1910). Estes foram influenciados pelo positivismo e o funcionalismo do francês
Durkheim, do polonês Malinowski (1884-1942), e do italiano Vilfredo Pareto (1848-1923). Assim a sociologia chegou aos
E.U.A, através da escola de Chicago que desenvolveu a investigação de campo, de dados empíricos neutros e objetivos,
com procedimentos quantitativos e estatísticos, foram pioneiros nos métodos ecológicos e etnográficos; desvinculando-se
da realidade concreta de sua época, construíram vários conceitos arbitrários e artificiais, dedicando-se a casos isolados e
irrelevantes como as relações sociais em outras sociedades e outros momentos. A sociologia norte-americana pretendia
neutralizar os ideais e teorias do socialismo marxista, entretanto, também romperam com o estilo dos clássicos que se
dedicaram a uma significação histórica como a formação do capitalismo e a totalidade da vida social.
Escola de Frankfurt – fundada em 1923, sob o nome de Instituto de Pesquisa Social, seus principais representantes
são: Max Horkheimer (1895-1973), Walter Benjamin (1892-1940), Theodor W. Adorno (1906-1969), Herbert Marcuse
(1898-1979) e Jurgem Habermas (1929). Sua filosofia também é conhecida como Teoria crítica. Os frankfurtianos criticam
a dominação da natureza para fins lucrativos colocando a ciência e a técnica a serviço do capital. Os frankfurtianos querem
recuperar a razão não repressora, capaz de autocrítica e a serviço da emancipação humana. Esses pensadores reutilizam o
conceito de iluminismo em sentido mais amplo – um pensador iluminista sempre combate as supertições, o arbítrio do
poder e defende o pluralismo e a tolerância.

2.6. OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA

Os primeiros pensadores que testemunharam as transformações sociais que ocorriam desde o século XVIII e que se
preocuparam em compreender e explicá-las, não eram homens de ciência ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram
antes de tudo homens voltados para a ação, que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade.
Participavam ativamente dos debates ideológicos em que se envolviam as correntes liberais, conservadoras e socialistas.
Eles não desejaram introduzir um mero conhecimento sobre as novas condições de vida geradas pela revolução industrial,
mas procuravam extrair dele orientações para a ação, tanto para manter, como para reformar ou modificar radicalmente a
sociedade de seu tempo. Entre esses pensadores podemos destacar: Comte, Marx, Durkheim e Weber. Estes são
considerados clássicos da sociologia, pois seus pensamentos ainda têm poder explicativo, sua vitalidade teórica e
explicativa ainda alcança a era contemporânea, embora apresente limitações.

COMTE MARX DURKHEIM WEBER

3.1. VIDA E OBRA

Isidore Augusto Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu em Montpelier a 19 de janeiro
de 1798. Foi fundador do positivismo foi ele também que batizou com o nome de sociologia uma nova ciência que antes
ele chamava de “física social”. Augusto Comte foi importante para a sociologia, pois, através de sua perspectiva positivista
que deu os primeiros passos para a cientificidade da sociologia, mas ainda confundida com uma filosofia social e
religiosidade de tipo ideologicamente conservadora. Suas principais obras são: Curso de Filosofia Positiva e Sistema de
Política Positiva. pg 04
3.2. OS TRÊS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO POSITIVISMO COMTEANO

I – Prioridade do todo sobre as partes: significa que, para compreender e explicar um fenômeno social particular
devemos analisá-lo no contexto global a que pertence. Considerava que tanto a sociologia estática (estudo da ordem das
sociedades em determinado momento histórico) quanto à sociologia dinâmica (estudo da evolução das sociedades no
tempo) deveriam analisar a sociedade, de uma determinada época, correlacionando-a a sua história e a história da
humanidade (a sociologia de Comte é, na realidade, sociologia comparada, tendo como quadro de referência a história
universal);

II – O progresso do conhecimento é característica da sociedade humana: a sucessão de gerações, com seus


conhecimentos permiti uma cumulação de experiências e de saber que constitui um patrimônio espiritual objetivo e liga
as gerações entre si, existe uma coerência entre o estágio dos conhecimentos e a organização social;
III – O homem é o mesmo por toda à parte e em todos os termos: em virtude de possuir idêntica constituição
biológica e sistema cerebral.

3.3. A LEI DOS TRÊS ESTADOS

1°. Estado teológico ou fictício – na fase inicial da evolução histórica, o mundo, a vida, os fenômenos em geral são
explicados através dos recursos das forças sobrenaturais, mágicas dos deuses, primeiramente é a forma de feiticismo no
monoteísmo.
A esta forma de conhecimento, corresponde uma forma de organização sócio-política: o Governo Monárquico em
que o poder real absoluto é legitimado pelo direito divino. Aqui se
explicam os diversos fenômenos através de causas primeiras, em geral personificadas nos deuses. O estado teológico
subdividiu-se em:
a). Fetichismo, em que o homem confere vida, ação e poder sobrenaturais a seres inanimados e a animais.
b). Politeísmo, quando atribui às diversas potências sobrenaturais ou deuses certos traços da natureza humana (motivações,
vícios e virtudes).
c). Monoteísmo, quando se desenvolve a crença num Deus único.
2º. Estado metafísico ou abstrato – nesta fase assim como na anterior a sociedade ainda busca explicações de caráter
absoluto. A diferença é que a divindade é substituída por conceitos como a “essência” e substância (a coisa em si), “causas
primárias” (origem absoluta), “causas finais” (destinado absoluto), que embora produzidos pela razão, não pode ser
comparadas objetivamente. A organização sócio-política próprio a esta fase é a República liberal, fundamentada em
suposições metafísicas, ou seja, nos direitos humanos.
As causas primárias são substituídas por causas mais gerais – as entidades metafísicas
– , buscando nestas entidades (idéias) explicações sobre a natureza das coisas e a causa dos acontecimentos.
3°. Estado positivo ou científico – é o último estágio da evolução humana, em que a sociedade atinge o conhecimento
científico, isto é, verificável, objetivo e que se expressa em termos de leis naturais. A filosofia de Comte é justamente uma
análise do estado positivo. O homem tenta compreender as relações entre as coisas e os acontecimentos através da
observação científica e do raciocínio, formulando leis; portanto, não mais procura conhecer a última das coisas e as causas
absolutas.

3.4. O CONHECIMENTO POSITIVO

Segundo Comte, o único conhecimento válido é que se baseia em fatos. Por isso, a imaginação deve estar
completamente subordinada a observação da realidade sensível e manipulável pela técnica. Constantemente, abandona-se
qualquer tentativa de conhecimento absoluto ou pelas causas, o objetivo é chegar às leis, ou seja, as relações constantes que
os fatos possuem entre si.

Para Comte, somente a filosofia positivista, livre das teologias e da metafísica, poderia superar as contradições da
humanidade, levando a alcançar o seu destino de progresso.

3.5. A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS

Comte classificou as ciências segundo dois critérios interdependentes:


a) O critério de generalidade decrescente e complexidade crescente;
b) O critério histórico, a ordem histórica das ciências: matemática, astronomia, física, química, biologia e sociologia. pg 05
3.6. A POLÍTICA POSITIVISTA

O fundamento da política positiva é: “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. Só pode haver
progresso social na medida em que o governo mantém a ordem, reprimindo as manifestações críticas, sufocando revoltas,
garantindo desta forma a paz, a ordem e o progresso.

Para Comte, o governo deve ser ditatorial, para poder instaurar a nova moral positiva, subordinando os interesses
individuais ao coletivo, garantir a ordem social a qualquer custo.

3.7. A RELIGIÃO DA HUMANIDADE


Comte propôs uma religião positivista, cujo objeto de culto é a própria humanidade, através da veneração dos
motivos, principalmente os filósofos e cientistas. Essa religião seria a base da política positiva, na medida em que seus
sacerdotes, os sábios deveriam inculcar na sociedade os princípios morais.

4.1. VIDA E OBRA

Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818 em Trier cidade situada na fronteira da Prússia Renana com a
França. Marx foi um dos principais pensadores do século XIX, ele foi fundador do socialismo científico e grande ativista a
favor da revolução proletária, apesar de não ser um sociólogo de profissão, suas teorias despertaram a consciência de uma
sociologia crítica. Uma das principais características do pensamento de Marx é a Práxis, isto é, não foi um teórico de
gabinete ele aliava teoria e prática, participando dos movimentos sociais e revolucionários. Era um pensador de tendência
ideológica transformadora, pretendia transformar a sociedade capitalista em uma sociedade comunista através da revolução
socialista proletária. Entre suas principais obras podemos destacar: A Sagrada Família (1845), A Ideologia Alemã (1845-
1846), Miséria da Filosofia, Manifesto do partido comunista, As lutas de classe na França (1850/59), o 18 Brumário de
Luis Bonaparte (1852/55), Crítica da economia política (1859) e O capital.

4.2. INFRAESTRUTURA (BASE) E SUPERESTRUTURA

Marx considerava que não se pode pensar a relação individuo e sociedade separadamente das condições materiais em
que essas relações se apoiam. Para ele, as condições materiais de toda sociedade condicionam as demais relações sociais.
Em outras palavras, para viver, os homens têm de, inicialmente transformar a natureza, ou seja, caçar, construir abrigos,
utensílios, etc., sem o que não poderiam existir como seres vivos. Por isso, o estudo de qualquer sociedade deveria partir
justamente das relações sociais (de produção) que os homens estabelecem entre si e no processo de produção. Essas
relações sociais de produção são a base (infraestrutura) – é o modo de produção, a maneira básica como a sociedade
organiza a produção de bens. A superestrutura repousa sobre a base e tem que refletir sua forma, na produção da vida os
homens geram também outra espécie de produtos que não têm forma material: as ideologias políticas, concepções
religiosas, códigos morais e estéticos, sistemas legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e científico,
representações coletivas de sentimentos, ilusões, modos de pensar e concepções de vida diversa e plasmada de um modo
peculiar.

Para Marx, portanto, a produção é a raiz de toda a estrutura social. Na sociedade antiga, por exemplo, a relação social
básica era a relação senhor x escravo. Não podemos, segundo Marx, entender a política ou a cultura dessa época sem
primeiramente estudar essa relação básica que condicionava todo o resto da sociedade.

4.3. CLASSES SOCIAIS E LUTA DE CLASSES pg 06


Para Marx, o modo de produção capitalista se caracteriza pela divisão da sociedade em classes, na exploração do
trabalhador e na alienação, gerando assim uma sociedade desigual, antagônica, injusta, irracional e anárquica que deve ser
substituída pelo socialismo através da revolução proletária.

Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem duas grandes classes: de um lado, os
capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc) necessários
para transformar a natureza e produzir mercadorias; do outro lado, os trabalhadores, também chamados, no seu conjunto, de
proletariados, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e sua disposição para trabalhar. Assim o conceito de classe
em Marx estabelece um grupo de indivíduos que ocupam uma mesma posição no processo de produção e nas relações de
produção, em determinada sociedade. A classe a que pertencemos é que condiciona de maneira decisiva nossa atuação
social. Neste sentido, é principalmente a situação de classe que condiciona a existência do individuo e sua relação com o
resto da sociedade: podemos compartilhar idéias, amizades e comportamentos de indivíduos de outras classes, mas no
momento de conflito, como nas greves ou mesmo no mercado (consumo), as diferenças irão aparecer de acordo com a
classe a que pertencemos. Nessa relação de classes surgem a “classe em si” e “classe para si”:

- “Classe em si” – quando o individuo não tem consciência de classe, ele encontra-se em qualquer posição (status) na
estrutura econômica;
- “Classe para si” – quando a pessoa tem consciência de classe, ele assume uma posição político-ideológica.

4.4. MODO DE PRODUÇÃO E RELAÇÕES DE PRODUÇÃO

Ao viverem em sociedade, as pessoas participam diretamente da produção, da distribuição e do consumo de bens e


serviços, ou seja, participam da vida econômica da sociedade. Para Marx, a produção é um processo de transformação da
natureza da qual resultam bens que vão satisfazer as necessidades do homem. Portanto, produzir é dar uma nova
combinação aos elementos da natureza. O processo de produção compõe-se de três elementos associados: trabalho,
matéria-prima e instrumentos de produção:

Matéria-prima + instrumentos de produção = meios de produção. Meios de produção +


trabalho = forças produtivas.
Relações de produção + forças produtivas = modo de produção.
No processo produtivo, os homens estão ligados entre si e dependem uns dos outros. O trabalho é um ato social, no
sentido de que é realizado na sociedade. As relações que se estabelecem entre os homens na produção, na troca e na
distribuição dos bens são relações de produção. Essas relações existem em todos os processos de produção, no caso
capitalista, ela ocorre antagonicamente entre os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores.
O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e como os
distribui. Assim, numa determinada época histórica, uma sociedade tem uma certa maneira de se organizar para produzir e
para distribuir sua produção. Nesta
teoria as relações de produção são o centro organizador de todos os aspectos da sociedade. Isto é, como era a relação de
produção na sociedade primitiva? Como eram a relações de produção na sociedade escravista? Como eram as relações de
produção na sociedade feudal? Como são as relações de produção na sociedade capitalista?
Para Marx, as forças produtivas alteram-se no percorrer da história, antes se produzia com instrumentos simples
hoje se utiliza instrumentos complexos. Ao longo da história, os homens têm produzido aquilo de que necessitam de vários
modos e se organizado também. Por isso, segundo a dialética marxista e seu materialismo histórico, pode-se afirmar que a
história da humanidade é a história da transformação da sociedade humana pelos diversos modos de produção: modo de
produção primitivo, modo de produção escravista, modo de produção asiático, modo de produção feudal, modo de
produção capitalista e modo de produção socialista.

4.5. O CAPITAL E A MAIS-VALIA pg 07

Na obra O capital, Marx analisa detalhadamente as condições do sistema capitalista, expõe suas contradições e
limites. Neste livro, Marx usa os princípios e categorias da dialética (filosofia) em uma questão econômica, para que a
classe trabalhadora tenha melhores instrumentos em sua luta (prática social). Nesta obra ele desvenda a complexidade das
relações entre a acumulação capitalista e a força de trabalho.
A fórmula do capital: D - M - D¹ - M - D² - M - D³...
Para entender o processo da acumulação capitalista precisamos conhecer os conceitos de mercadoria, dinheiro,
capital, mais-valia, lucro, salário, força de trabalho e como esses elementos se relacionam neste processo: mercadoria= é
tudo aquilo que se produz para ser vendido ou trocado no mercado, ela possui dois valores, valor de uso (serve para
satisfazer necessidades pessoais) e valor de troca (serve para gerar dinheiro/lucro/capital) um bem só se torna mercadoria
quando passa a ter valor de troca; força de trabalho= é a energia física e mental utilizada para produzir bens ou serviços.
A fonte de valor da mercadoria é a força de trabalho, o valor da mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho
socialmente necessário para produzi-la, sem trabalho os objetos não tem valor de troca, logo não podem ser mercadorias;
dinheiro= é uma mercadoria especial que pelo costume ou lei monopoliza o posto de equivalente geral capaz de comprar
outras mercadorias que satisfazem algumas necessidades humanas (tem valor de uso); capital= é a riqueza (dinheiro,
máquinas, matéria-prima) destinada a obter lucro que é reinvestido na obtenção de mais riquezas; lucro= é uma parte
variável (depende das condições de mercado) da mais-valia derivada das vendas das mercadorias; salário= é o valor pago
para o trabalhador (força de trabalho) que não corresponde a riqueza gerada por ele, mas a penas ao suficiente para sua
manutenção e de seus filhos (alimentação, roupas, habitação); mais-valia= é o valor a mais, criado pelo trabalhador no
processo produtivo e que não é repassado para ele; é a diferença entre o valor da produção total e o valor pago pelo
trabalho, é o excedente da produção, tudo que é produzido além do valor do salário. Para Marx, o processo de produção e
de relação social na sociedade capitalista se realiza de maneira desigual e de exploração, pois nesse processo de produção e
na relação capitalista é que surge a mais-valia.

A fórmula da mais-valia:
A ------- D ------------- C ----------------------- B
Existem dois tipos básicos de mais-valia: -Mais-valia absoluta – cresce
simplesmente prolongando a jornada de trabalho;
-Mais-valia relativa – cresce em relação ao aumento do sobre-trabalho e à correspondente diminuição do tempo de
trabalho necessário que ocorre através do uso de tecnologia.

4.6. ALIENAÇÃO

A palavra alienação vem do latim (alienare, alienus) significa “que pertence a um outro”. Alius é o outro. Portanto,
sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio, transferir para outrem o que é seu. Para Marx, a alienação ocorre no
processo produtivo e nas relações sociais de produção capitalista. A alienação não é puramente teórica, manifesta-se na
vida real, a partir da divisão do trabalho, quando o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu; a divisão do
trabalho na sociedade capitalista torna o homem um ser incompleto e não-realizado. O operário que trabalha em uma
fábrica e produz determinado objeto não escolhe seu próprio salário, o seu horário ou ritmo da produção, isso é
determinado por forças que lhe são estranhas. Além de tudo isso, o produto produzido pelo operário não lhe é reconhecido
e nem lhe pertence, pois devido à divisão do trabalho ele executou apenas uma parte da produção e recebeu um salário para
tanto. Esta divisão do trabalho gera também uma certa indiferença entre os trabalhadores que executam atividades
diferentes, ficando estranhos entre si. A alienação no processo produtivo gera:
- Fetichismo da mercadoria – ocorre quando a mercadoria passa a ser considerada mais importante que o individuo que
produziu. Ocorre quando o valor de troca (o que a mercadoria vale no mercado) se torna superior ao valor de uso (o que a
mercadoria vale por sua utilidade) determinando as relações humanas.
- Reificação do trabalhador – (do latim, res = coisa) ocorre quando o trabalhador se torna um mero instrumento produtor
de mercadoria, quando a força de trabalho da pessoa se torna mercadoria e pode ser vendida e comprada em troca de um
salário. “É a humanização da mercadoria e a desumanização da pessoa”.

4.7. IDEOLOGIA

No seu livro A ideologia alemã, Marx se refere à ideologia como um sistema elaborado de representações e de idéias,
que correspondem a formas de consciência que os homens tem em determinada época. Essas representações e idéias são
qualificadas como quimeras, formas imaginárias, ilusão, sonho, enfim, algo que esta em oposição às condições materiais da
vida real. Aparece ai também a concepção de que a ideologia é a inversão da realidade, no sentido de reflexo, como na
câmara fotográfica, onde a imagem aparece “invertida”. Marx diz que: “a existência condiciona a consciência”, ou seja, não
é consciência que determina a vida, é a vida que determina a consciência.

Para Marx, a ideologia é “um sistema de crenças ilusórias relacionadas a uma classe social determinada”. Por isso,
ele diz: “as idéias dominantes de uma época representam as idéias da classe dominante”.
Percebe-se nas teorias de Marx, que o tema ideologia veicula uma relação fundamental que é a oposição entre o falso
(ideologia) e o verdadeiro (saber científico). O falso representa a ideologia e o verdadeiro é representado pela ciência, que
libertará o proletariado da dominação burguesa.

Segundo as teorias marxianas, a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (idéias e
valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e
como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem
fazer e como devem fazer. A ideologia é, portanto, tem as seguintes características: é um corpo explicativo (representações)
e prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador.
4.8. A FUNÇÃO DA IDEOLOGIA pg 08

A função da ideologia é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as
diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das
divisões na esfera da produção. Busca camuflar as diferenças de classes sociais antagônicas e de fornecer aos membros da
sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais identificadores de todos e para todos, como,
por exemplo: a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação, o Estado, a Pátria, o Progresso, a Família e etc.

4.9. A QUESTÃO DO MÉTODO EM MARX:


A DIALÉTICA MATERIALISTA e MATERIALISMO HISTÓRICO

Em termos de método, Marx enfatiza que o pesquisador não deve se restringir à descrição da realidade social, mas
deve também se ater á análise de como essa realidade se produz e se reproduz ao longo da história. Por exemplo, em
relação às classes na sociedade capitalista não basta a descrição das duas classes sociais existentes – a capitalista e a dos
trabalhadores –, mas é preciso mostrar a maneira como essas classes surgiram na história, como o conflito entre elas se
mantém e quais as possibilidades de transformação dessas relações de classe no futuro. Mostrando as possibilidades de
transformação da realidade social, o cientista social pode desempenhar um papel político revolucionário, ao tomar partido
da classe trabalhadora. Por isso, em Marx, a ciência tem um papel político necessariamente crítico em relação à sociedade
capitalista, devendo ser um instrumento não só de compreensão, mas também de transformação da realidade. A
metodologia sociológica de Marx baseia-se na aplicação do seu materialismo dialético(concepção filosófica) aos
fenômenos sociais, que por sua vez, teve mérito de fundar uma teoria científica de inegável alcance explicativo: o
materialismo histórico(concepção científica). A teoria da dialética materialista se resume em: tese, antítese e síntese. E as
características de sua dialética são: tudo se relaciona, tudo se transforma, mudança qualitativa e luta dos contrários.

4.10. A CONCEPÇÃO DE ESTADO

Marx relacionou a existência do Estado às condições das classes sociais existentes na sociedade. Assim, em vez do
Estado imanente e superior, acima dos homens (como pensavam os filósofos Hobbes, Locke e Rousseau), Marx apresenta-
o como um instrumento da classe dominante. A gênese do Estado reside, portanto na divisão da sociedade em classes,
sendo sua principal função conservar e reproduzir esta divisão, garantindo os interesses da classe que domina as outras
classes.

5.1. VIDA E OBRA

David Émile Durkheim, sociólogo francês nasceu em Épinal em 15 de abril de 1858, estudou na Ecole Normale
Superfieure de Paris, tendo-se doutorado em filosofia. Em 1885 foi estudar na Alemanha, sendo muito influenciado pelas
idéias do positivismo de Wilhelm Wundt.
Durkheim é um dos principais clássicos da sociologia, foi responsável pela introdução da sociologia nas universidades
como disciplina e ciência acadêmica. De tendência ideológica conservadora, ele corresponde a uma corrente sociológica
funcionalista, cuja teorias e metodologia de caráter comparativas consolidaram a sociologia como ciência social. Entre suas
principais obras podemos destacar: A divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1894), O
suicídio (1897).

O sistema sociológico de Durkheim baseia-se em quatro princípios fundamentais: 1º. A sociologia é uma
ciência independente das demais ciências sociais e da filosofia; 2º. A realidade social é formada pelos fenômenos
coletivos considerados como “coisas”;
3º. A causa de cada fato social deve ser procurada entre os fenômenos sociais que antecedem. Para explicar um fenômeno
social deve-se procurar suas causas;
4º. Todos os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, formando uma realidade especifica.
____________________________________________________________________________
5.2. A DIVISÃO DO TRABALHO E A SOLIDARIEDADE pg 09

Durkheim possuía uma visão otimista da nascente sociedade capitalista industrial. Considerava que a crescente
divisão do trabalho que estava ocorrendo a todo vapor na sociedade européia e acarretava, ao invés de conflitos sociais, um
sensível aumento da solidariedade entre os homens.

De acordo com ele, cada membro da sociedade, tendo uma atividade profissional mais especializada, passava a
depender cada vez mais do outro. Julgava, assim que o efeito mais importante da divisão de trabalho não era o aspecto
econômico, ou seja, o aumento da produtividade, mas sim, o fato de que ela tornava possível a união e a solidariedade entre
os homens (de maneira funcional.). A origem da divisão do trabalho está na densidade dinâmica ou moral, é o aumento das
dimensões absolutas ou do volume da sociedade que determina o processo da divisão do trabalho, que é o fator
preponderante de integração social na sociedade moderna. O progresso da divisão do trabalho é o fio condutor do processo
evolutivo que liga as formas de sociedade mais simples às mais complexas, numa evolução de estrutura segmentar a uma
estrutura organizada – a divisão do trabalho progride quanto mais existem indivíduos que estejam suficientemente em
contato para poder agir e reagir uns sobre os outros.

5.3. SOLIDARIEDADE MECÂNICA E SOLIDARIEDADE ORGÂNICA (da sociedade


tradicional à sociedade moderna)

Inspirado em idéias de Spencer e em um método analógico (comparação), Durkheim desenvolveu a teoria no qual
acreditava que as espécies sociais à semelhança das espécies vivas podem ser classificadas numa escala evolutiva das mais
simples às mais complexas: caracterizou-se dois tipos de sociedade que corresponderiam ao inferior e superior da escala
evolutiva, ou seja, de uma sociedade simples/tradicional à uma sociedade complexa/moderna; tais tipos consistem em duas
formas de solidariedade social – dois princípios de integração entre indivíduos e grupos no interior das sociedades:
solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.

» solidariedade mecânica: ocorre quando a consciência coletiva exerce um papel preponderante como princípio de
integração social. A sociedade se apresenta como um conjunto mais ou menos organizado de crenças e sentimentos comuns
a todos os indivíduos (membros do grupo) é a semelhança de crenças e sentimentos que mantêm os indivíduos e grupos
unidos nesse tipo de sociedade todos exercem aproximadamente as mesmas atividades, dividem os mesmos deuses. São
sociedades primitivas (tribais), onde existe a homogeneidade econômica e cultural. As consciências individuais são
subordinadas à consciência coletiva. O direito é repressivo, para manter a coesão social.

» solidariedade orgânica: a integração social é realizada a partir da diferenciação entre indivíduos e grupos no interior da
sociedade, existe um sistema de funções diferentes e especiais, que unem relações definidas, trata-se da solidariedade
produtiva pela divisão do trabalho, que supõe precisamente a diferenciação e a complementaridade de funções com forma
de cooperação e entre os membros da sociedade. São sociedades modernas que possuem uma organização complexa. O
direito é restitutivo, não é tanto para punir as condutas desviantes, mas impor a separação dos prejuízos causados pelo
descumprimento das obrigações profissionais ou funcionais (juridicamente seria o direito civil, comercial, processual,
administrativo).

5.4. A QUESTÃO PATOLÓGICA E ANÔMICA DA SOCIEDADE

Durkheim é também admirado pelo estudo dos problemas da personalidade, realizado em sua obra O suicídio (1897),
em que a divisão do trabalho é tratada como um desenvolvimento normal da sociedade humana, que propicia o aumento da
iniciativa pessoal em detrimento da autoridade exercida pela tradição. Entretanto, o número crescente de suicidas nas
sociedades desenvolvidas foi por ele considerado como um traço patológico na organização social. Nesse sentido,
Durkheim descreve três tipos de suicídios:
* Altruísta – quando o individuo fortemente ligado a um grupo não distingue entre seus próprios interesses e os do grupo,
sendo capaz de sacrificar-se por ele. É o caso de soldados que se sacrificam para salvar companheiros. Esse tipo de
suicídio também pode ser levado a efeito pelo individuo que deixa de satisfazer os padrões do grupo: a morte é, então,
preferível a qualquer outra coisa;

* Egoísta – é o suicídio que ocorre quando o individuo não está envolvido com ninguém nem com nenhuma causa,
faltando-lhe laços emocionais que lhe tornem a vida digna de viver;
* Anômico – é o suicídio que se manifesta quando o individuo participa de uma sociedade caracterizada pela anomia
(ausência de regras, sem normas), sendo comum em épocas de depressão econômica.

A importância de O suicídio está intimamente relacionada aos esclarecimentos que presta quanto ao relacionamento
humano, tanto no que se refere aos grupos quanto ao que diz respeito às normas dos grupos.

5.5. O MÉTODO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA pg 10

Em sua obra As regras do método sociológico (1894), Durkheim propõem alguns procedimentos aos pesquisadores: o
método de uma ciência consiste no conjunto de regras que o pesquisador deve seguir para realizar, de maneira correta, suas
pesquisas. Como Durkheim enfatiza o caráter exterior e coercitivo dos fatos sociais, ele colocará como regra básica de seu
método que o pesquisador deve analisar os fatos sociais como se eles fossem coisas, isto é, como se fossem objetos que
existem independentemente de nossas idéias e vontades. Com isso, Durkheim enfatiza como fundamental para uma
pesquisa científica a posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador deve descrever a realidade social, sem deixar
que suas idéias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais.

5.6. FATO SOCIAL

Para Durkheim, na relação individuo e sociedade, ele destaca que a sociedade prevalece sobre o individuo. A
sociedade é, para esse autor, um conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não existem apenas na
consciência dos indivíduos, mas que são construídos exteriormente. Isto é, fora das consciências individuais. Em outras
palavras, na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas
que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser seguidas por todos. Sem essas regras, a sociedade não existiria
e é por isso que os indivíduos devem obedecê-las. Os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social.
O modo de vestir, a língua, o sistema monetário, a religião e uma infinidade de outros fenômenos são consideradas fatos
sociais.

As leis são um bom exemplo do raciocínio de Durkheim. Em toda sociedade existem leis que organizam a vida em
conjunto. O individuo isolado não cria leis nem pode modificá-las. São as gerações de homens que vão criando e
reformulando coletivamente as leis. Essas leis são transmitidas para as gerações seguintes na forma de códigos, decretos,
constituições, etc. como indivíduos isolados, temos de aceita-las; sob pena de sofrer castigos por viola-las.
Seguindo essas idéias, Durkheim afirmara que os fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da sociologia, é justamente
essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos sociais são diferentes dos fatos
estudados por outras ciências por terem origem na sociedade, e não na natureza (como nas ciências naturais) ou no
individuo (na psicologia).

5.7. CARACTERÍSTICAS DO FATO SOCIAL

Esses fatos sociais têm três características básicas que permitirão sua identificação na realidade, elas são: gerais,
exteriores e coercitivos.
1ª. Generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo;
2ª. Exterioridade – o fato social é externo ao individuo, existe independentemente de sua vontade. Isto é, consistem em
idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela
coletividade e já existem fora de nós quando nascemos.

3ª. Coercitividade – os indivíduos vêem-se obrigados a seguir o comportamento estabelecido porque essas idéias, normas
e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade; se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de
alguma maneira pelo resto do grupo.

É justamente a educação um dos exemplos preferidos por Durkheim para mostrar o que
é um fato social. O individuo, segundo ele, não nasce sabendo previamente as normas de conduta necessárias para a vida
em sociedade. Por isso, toda sociedade tem de educar seus membros, fazendo com que aprendam as regras necessárias à
organização da vida social. As gerações adultas transmitem às crianças e aos adolescentes aquilo que aprenderam ao longo
de sua vida em sociedade. Com isso, o grupo social é perpetuado, a pesar da morte dos indivíduos.

O que a criança aprende na escola? Idéias, sentimentos e hábitos que ela não possui quando nasce, mas que são
essenciais para a vida em sociedade. A linguagem, por exemplo,
é aprendida, em grande medida, na escola. Ninguém nasce conhecendo a língua de seu país. É necessário um aprendizado,
que começa já nos primeiros dias de vida e se prolonga no decorrer dos muitos anos na escola, para que a criança consiga
se comunicar de maneira adequada com seus semelhantes. Sem o aprendizado da linguagem, a criança não poderia
participar da vida em sociedade.

5.8. INSTITUIÇÃO pg 11

Outro conceito importante para Durkheim é o de instituição. Para ele, uma instituição é um conjunto de normas e
regras de vida que se consolidam fora dos indivíduos e que as gerações transmitem uma às outras. Há ainda muitos outros
exemplos de instituições: família,
Estado, Igreja, Exército, etc. Assim, para Durkheim é a sociedade, como coletividade, que organiza, condiciona as ações
individuais. O individuo aprende a seguir normas e regras de ação que lhes são exteriores. Ou seja, que não foram criadas
por ele, e são coercitivas, pois limitam sua ação e prescreve punições para quem não obedecer aos limites sociais. A função
das instituições é socializar os indivíduos, fazer com que eles assimilem as regras e normas necessárias à vida em comum.

6.1. VIDA E OBRA

Nascido em Erfut, a 21 de Abril de 1864, Max Weber tornou-se um dos sociólogos e economistas político mais
importante da Alemanha nos séculos XIX e XX. Max Weber foi um dos mais importantes clássicos da sociologia, pois suas
teorias contribuem até hoje para a análise da vida social. Filho de uma abastada família de comerciantes formou-se em
direito e economia nas Universidades de Berlim e de Heidelberg respectivamente. Mais tarde trabalhou como professor nas
Universidades de Berlim (1893), Freiburg (1894), Heidelberg (1897), Viena (1917). Pode-se afirmar que a vida de Max
Weber foi totalmente dedicada aos estudos, à pesquisa e à participação ativa na política alemã de seu tempo, principalmente
mediante suas intervenções em conferências, seus artigos para jornais e revistas e seus escritos publicados em vida e
postumamente. Max Weber é um pensador de tendência ideológica conservadora e suas análises têm características
histórico-comparativa. Entre suas principais obras podemos destacar: A ética protestante e o espírito do capitalismo e
Economia e sociedade.

6.2. A METODOLOGIA E A NEUTRALIDADE CIENTÍFICA

A sua insistência em compreender as motivações das ações humanas levou-o a rejeitar a proposta do positivismo de
transferir para a sociologia a metodologia de investigação utilizada pelas ciências naturais. Não havia, para ele, fundamento
para esta resposta, uma vez que o sociólogo não trabalha sobre uma matéria inerte, como acontece com as cientistas
naturais. Weber diz que o ponto chave de uma investigação sociológica é o individuo e sua ação, é a compreensão da ação
dos indivíduos e não a análise das “instituições sociais” ou “grupo social” que vai nos permitir entender a sociedade. Para
compreender as instituições temos que partir das intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam estas situações
sociais.
Ao contrário do positivismo, que dava maior ênfase aos fatos, à realidade empírica, transformando geralmente o
pesquisador num mero registrador de informações, a metodologia de Weber atribuía-lhe um papel ativo na elaboração do
conhecimento.
A intenção de conferir à sociologia uma reputação científica encontra na figura de Max Weber, um marco de
referência. Durante toda a sua vida, insistiu em estabelecer uma clara distinção entre o conhecimento científico, fruto de
cuidadosa investigação, e os julgamentos de valor sobre a realidade. Com isso, desejava assinalar que um cientista não
tinha o direito de possuir, a partir de sua profissão, preferência políticas e ideológicas. No entanto, julgava ele, sendo todo
cientista também um cidadão, poderia ele assumir posições apaixonadas em face dos problemas econômicos e políticos,
mas jamais deveria defende-los a partir de sua atividade profissional. Essa posição de Weber, que tantas discussões têm
provocado entre os cientistas sociais, constitui, ao isolar a sociologia dos movimentos revolucionários, um dos momentos
decisivos da profissionalização dessa disciplina. A idéia de uma ciência social neutra seria um argumento útil e fascinante
para aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como profissão. Ela abria a possibilidade de conceber a sociologia
como um conjunto de técnicas neutras que poderiam ser oferecidas a qualquer comprador público ou privado. Vários
estudiosos da formação da sociologia têm assinalado, no entanto, que a neutralidade defendida por Weber foi um recurso
utilizado por ele na luta pela liberdade intelectual, uma forma de manter a autonomia da sociologia em face da burocracia e
do Estado alemão da época.

6.3. CIENTISTA x POLÍTICO pg 12

A busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista, homem do
saber, das análises frias e penetrantes; e o político, homem de ação e de decisão comprometido com questões práticas da
vida. O que a ciência tem a oferecer a esse homem de ação, segundo Weber, é um entendimento claro de sua conduta, das
motivações e das conseqüências de seus atos.
A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e sua ação como ponto chave da investigação. Com isso,
ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreensão da ação dos indivíduos e não a
análise das “instituições sociais” ou de “grupos sociais”, tão enfatizadas pelo pensamento conservador. Com essa posição,
não tinha a intenção de negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais, como o Estado, a empresa capitalista, a
sociedade anônima, mas tão somente a de ressaltar a necessidade de compreender as intenções e motivações dos indivíduos
que vivenciam estas situações sociais.
A ciência não pode propor fins a ação prática: “uma ciência empírica não está apta a ensinar a ninguém aquilo que
‘deve’, mas, sim, apenas aquilo que ‘pode’ – em certas circunstâncias – aquilo que ‘quer fazer’”. O domínio da ciência
empírica deve ser definida como o dos meios e não como o dos fins.

6.4. A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

Vivendo em uma nação retardatária quanto ao desenvolvimento capitalista, Weber procurou conhecer a fundo a
essência do capitalismo moderno. Ao contrário de Marx, Weber não considerava o capitalismo um sistema injusto,
irracional e anárquico. Para ele, as instituições produzidas pelo capitalismo, como uma grande empresa, constituíam clara
demonstração de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência.
Exaltou em diversas oportunidades a formação histórica das sociedades inglesa e norte-americana, ressaltando a figura do
empresário, considerado às vezes um verdadeiro revolucionário. De certa forma, o seu elogio a seu caráter antitradicional
do capitalismo inglês, especialmente do norte-americano, era a forma utilizada por ele para atacar os aspectos retrógrados
da sociedade alemã, principalmente os latifundiários prussianos.

Em sua obra: “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber procurou demonstrar que a formação do
capitalismo europeu não seguiu apenas causalidades econômicas como propôs Karl Marx em suas teorias estritamente
economicistas. Para Weber, as idéias religiosas e éticas foram de importância fundamental na formação do capitalismo,
buscou também esclarecer os caracteres específicos do capitalismo como um regime
econômico de grande desenvolvimento, principalmente nos países protestantes, especialmente naqueles em que
predominava o calvinismo. Para ele, não havia fundamento em admitir o principio de que a economia dominasse as demais
esferas da realidade social. Esse estudo o levou a pesquisar também a história religiosa e social da Índia, da China e do
povo judeu. O resultado desse trabalho foi publicado em três volumes sob o titulo Estudos Reunidos sobre a Sociologia das
Religiões. Assim Weber fundou uma nova ramificação da sociologia que foi a: Sociologia da religião.

6.5. TIPO IDEAL

É o instrumento principal da compreensão. Corresponde a um processo que representa o primeiro nível de


generalização de conceitos absolutos e correspondendo as exigências lógicas da prova, então intimamente ligados à
realidade concreta e particular (de relações sociais).
Corresponde a um processo de conceituação que abstrai de fenômenos concretos o que existe de particular,
construindo assim um conceito individualizante ou como diz o próprio Weber: “um conceito histórico concreto”.
É um procedimento metodológico que incorporam relações sociais abstratas, características universais da ação
social e conjuntura histórica definida.
O tipo ideal não deve ser aceito somente como generalizações, proposições, definições e hipóteses.

6.6. AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL

A ação é definida por Weber como toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado dado
por quem a executa e que orienta essa ação. Quando tal orientação tem vista a ação – passada, presente, ou futura – de outro
ou de outros agentes que podem ser “individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e
completamente desconhecidos” – o público, a audiência de um programa, a família do agente etc – a ação passa a ser
definida como social. A ação é determinada pelas intenções, motivações e expectativas de outros.

A relação social se refere à conduta de múltiplos agentes que se orientam reciprocamente em conformidade com um
conteúdo específico (conflito, hostilidade, amizade, competição, atração sexual etc) do próprio sentido das suas ações. As
relações sociais podem ser de natureza transitória, assimétrica: quando não há o mesmo sentido subjetivo e se expõe
atitudes diferentes sem reciprocidade, mas mutuamente orientado à mesma expectativa; simétrica: quando a relação
corresponde em suas expectativas o mesmo significado para todos envolvidos.

6.7. AÇÃO SOCIAL pg 13

Para Weber a sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da ação social para a partir daí chegar à
explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos.
Para Max Weber, a análise sociológica estará centrada nos atores e em suas ações. O agente individual é a unidade da
análise sociológica, a única entidade capaz de conferir significado às suas ações. A sociedade não é algo exterior e superior
aos indivíduos; a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas. Por
isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social, que é qualquer ação que o individuo faz orientando-se pela
ação de outros. Toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações
sociais, terá então relações sociais. Só existe ação social quando o individuo tenta estabelecer algum tipo de comunicação a
partir de suas ações com os demais. Nem toda ação, desse ponto de vista, será social, mas apenas aquelas que impliquem
alguma orientação significativa visando outros indivíduos.

6.8. TIPOS DE AÇÃO SOCIAL

Weber afirma que podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-os de acordo com o modo pelo qual
os indivíduos orientam suas ações. Assim ele estabelece quatro tipos de ação social:
1º. Ação tradicional – que é determinada por um costume ou um hábito arraigado; 2º. Ação afetiva – aquela
determinada por afetos ou estados sentimentais;
3º. Ação racional com relação a valores – determinada pela crença consciente num valor considerado importante,
independente do êxito desse valor na realidade;
4º. Ação racional com relação a fins – determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.
Weber admite não existir ação pura todas são possíveis de misturas.

6.9. TEORIA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSES, ESTAMENTOS E


PARTIDOS.

No estudo das relações sociais, Weber percebeu que nas sociedades a existência de diferenças sociais pode ter vários
princípios explicativos, sendo que o critério de classificação mais relevante é dado pela dominância, em cada unidade
histórica, de uma forma de organização ou pelo peso particular que cada uma das diversas esferas da vida coletiva possa
ter, essas esferas são: econômica, religiosa, política, jurídica, social, cultural – cada uma com sua lógica particular de
funcionamento. Assim Weber, destacou as três esferas (dimensões) da sociedade, sendo que cada esfera possui sua ordem
de estratificação própria:
▪ Classes – refere-se a ordem econômica, o interesse econômico é fator que cria uma classe, podendo-se até considerar que
as classes estão estratificadas segundo suas relações com a produção e a aquisição de bens; a estratificação econômica é,
portanto, representada pelos rendimentos, bens e serviços que o individuo possui ou de que dispõe.
▪ Estamentos (status) – refere-se a ordem social, onde os grupos de status estratificam-se em função do principio de
consumo de bens, representados por estilos de vida específicos, a estratificação social é, portanto, evidenciada pelo
prestigio e honra desfrutados.
▪ Partidos – refere-se a ordem política, que manifesta-se através do poder; a estratificação política é assim observada
através da distribuição do poder entre grupos e partidos políticos, entre indivíduos no interior dos grupos e partidos, assim
como entre os indivíduos na esfera da ação política.

6.10. A CONCEPÇÃO DE ESTADO

Segundo Weber, o Estado é uma instituição social que mantém o monopólio do uso legitimo da força física dentro de
determinado território, para que este estado exista é preciso que sua autoridade seja reconhecida como legitima. Neste
sentido, o Estado é definido por sua autoridade para gerar e aplicar poder coletivo. Como acontece com todas as
instituições sociais, o Estado é organizado em torno de um conjunto de funções sociais, incluindo manter a lei, a ordem e a
estabilidade, resolver vários tipos de litígios através do sistema judiciário, cobrar impostos, censo, identificação e registro
da população, alistamento militar, encarrega-se da defesa comum e cuidar do bem-estar da população de maneira que estão
além dos meios do indivíduo, tal como implementar medidas de saúde pública, prover educação de massa etc.
6.11. DOMINAÇÃO E AUTORIDADE pg 14

Para Weber, os conceitos de dominação e autoridade possibilitam a explicação da regularidade do conteúdo de ações
e das relações sociais ligada à determinada obediência dentro de determinados grupos sociais. Segundo Weber, dominação
é um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre os atos
de outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um grau socialmente relevante, estes atos têm lugar como
se os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo do mandato (obediência). Assim
destaca-se três tipos de dominação legitima justificadas por motivos (fontes) de submissão ou princípios de autoridades
distintas:
* Racional-legal – se baseia na racionalidade das leis, é um empreendimento contínuo de funções públicas,
empreendimento este que envolve regulamentos e registros escritos, bem como um corpo de funcionários especializados. A
dominação legal apresenta como característica a noção mais ou menos disseminada de direito. Weber focaliza o problema
de que a autoridade dos governantes, baseada na legalidade, é limitada pela ordem impessoal do direito, e que os
governados (cidadãos) só devem obediência a essa ordem impessoal. A mais típica forma de domínio legal é a burocracia.

* Tradicional – é baseado na autoridade pessoal do governante, investida por força do costume, é uma autoridade
discricionária, não submetida a princípios fixos e formais. Pertencem ao domínio tradicionais tipos de dominação
gerontocrática, tais como patrimonialismo, patriarcalismo, sultanismo.

* Carismático – é baseado no carisma (emoção), qualidade tida como excepcional de liderança, que se manifesta como
uma espécie de magnetismo pessoal mágico e que leva a pessoa carismática a ter certa preponderância sobre as demais.
Assim o carisma pode estar presente num demagogo ou num ditador, num herói militar ou num líder revolucionário. É o
carisma encarnado na pessoa do chefe que leva os liderados a se entregar emocionalmente a essa liderança pessoal.

TRABALHO DE SOCIOLOGIA
1. Explique a origem da palavra sociologia e o seu conceito.
2. O que é sociedade?
3. Qual o objetivo, objeto, campo de estudo e importância da sociologia?
4. Dê o conceito de Economia, Ciência Política e Antropologia. Qual a ligação destas ciências sociais
com a sociologia?
5. Diferencie o ser biológico do ser sociológico.
6. Qual a importância de se estudar sociologia, para você?
7. Explique cada teoria que influenciou na formação surgimento da sociologia.
8. Explique o que é capitalismo e o relacione com a sociologia.
9. Dê o conceito de cada termo abaixo
a) Profetas do passado:
b) Socialismo utópico (ou romântico):
c) Positivismo:
d) Socialismo científico:
e) Funcionalismo:
f) Marxismo:
g) Escola de Chicago:
h) Escola de Frankfurt:
10. Faça um resumo dos principais pensadores, explicando seus principais conceitos: Augusto
Comte, Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber.

Pg 15

Você também pode gostar