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Expedito Leandro
1 O NASCIMENTO DA SOCIOLOGIA
Apresentação
A sociologia pode ser entendida como uma ciência que surgiu em meados do século
XIX, ou seja, a mais nova teoria que tenta explicar e interpretar a sociedade e suas
transformações. Seu universo é inserido no processo de análise sociológica, em meio
ao desenvolvimento do capitalismo e o enfraquecimento dos laços tradicionais que
ligavam os indivíduos. A sociologia interage com o estudo das sociedades, das
instituições e dos comportamentos sociais e teve à frente o pensador francês Auguste
Comte. Segundo Comte, para se ter clareza das análises sociais, é preciso definir um
método científico com base na razão. Seu método ficou conhecido como Positivismo.
Sob a influência do pensamento iluminista, os estudos sociológicos nascem como
ciência e consolidam-se por meio das análises do pensador francês Émile Durkheim,
que sistematizou o método, creditando relevância e exclusividade para a nova ciência,
como disciplina autônoma.
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Em meio a essas análises, especificamente no período do Renascimento, surge um grupo
de pensadores preocupados em refletir os fenômenos sociais de forma mais concreta,
mais realista. Esses filósofos abordaram temas relacionados a sua época, entre os quais
destacamos: Nicolau Maquiavel que publica O príncipe (1532); Tomás Morus, em Utopia
(1516); Tomaso Campanella, em Cidade do Sol (1602); Francis Bacon, em Nova Atlântida
(1627).
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justificar tais mudanças, a ação jurídica e o exercício da política, enquanto poder
propriamente dito, deveria romper sua hegemonia com a Igreja, ou seja, a separação
dos poderes e a vigência do Estado laico. Feito isso, os sujeitos sociais, foram tomando
iniciativas e buscando seus direitos, via exigências feitas aos setores do Estado, por
meio das leis vigentes.
Por vezes, a revolução industrial teve como pauta a alteração do cenário populacional
da Europa, que até aquele momento era eminentemente rural, camponês. Nessa
época, tem-se um gigantesco aumento populacional, as cidades são tomadas pelos
populares advindos do campo, que se alojaram aos redores das fábricas, causando
uma verdadeira explosão na demografia urbana. Não havendo trabalho para a massa
de operários, os conflitos e problemas sociais foram aumentando cada vez mais, entre
os quais destacamos: doenças, fome, miséria, desigualdade social e alta taxa de
criminalidade.
a) Sociologia
b) Economia
c) Antropologia
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sendo o estudo do homem e de seus trabalhos. Assim sendo, é inerente ao seu
universo o ato da investigação, desvendar os limites dentro dos quais os homens
podem impor o mínimo de tensão ao indivíduo.
d) Ciência Política
Em síntese, compreende-se que não existe uma divisão clara entre essas disciplinas.
Dessa forma, todas trabalham com o mesmo objeto das ciências sociais, entender a ação
do homem em sua plenitude. Assim sendo, elas são complementares entre si e atuam
frequentemente juntas, para explicar os complexos fenômenos da vida em sociedade.
Seu objeto de estudo é, portanto, o indivíduo em suas relações sociais, ampliando o
conhecimento sobre eles em suas interações sociais.
Assim sendo, Comte é tradicionalmente identificado como o pai da sociologia. Ele foi o
primeiro a utilizar essa expressão, em 1839, no seu curso de filosofia positiva.
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No entanto, o positivismo “comteano” deve ser analisado sob a conjuntura histórica e
social da época. Haja vista as transformações sociais, econômicos, políticos e culturais
que se intensificavam de maneira avassaladora, após as duas revoluções burguesas
(francesa e inglesa). Diante dessa estrutura, a sociedade tende a se modificar,
passando a conceber o mundo de outra forma, é necessário pensar a sociedade por
um novo olhar, considerando a reflexão da sociedade em geral. Pensando em
implantar uma ciência voltada exclusivamente para os problemas humanos, Comte
idealizou e estruturou um método científico, cujo objetivo primeiro foi instituir a
filosofia social, que posteriormente passa a ser chamada de Sociologia.
Sendo assim, o pensamento positivista passa a ser uma teoria que integra os estudos
sociológicos, onde os fatos sociais passam a ser estudados sob o prisma da razão, ou
seja, no mundo concreto das coisas e objetos. Diante disso, Comte rejeita as
explicações do universo religioso, isto é, de cunho teológico, metafísico ou
transcendental. Segundo ele, a crença no ideal positivista deveria nortear as mentes
das pessoas, estruturando-se em uma nova crença, a ser seguida por todos, porém,
sem nenhuma conotação teológica. Finalmente a teoria positivista justifica-se na
crença do “ver para crer”, ou seja, ver o concreto, o real, o verdadeiro, indubitável.
Por outro lado, Auguste Comte identificou na sociedade dois movimentos vitais:
Seguindo essa lógica, pode-se dizer que a intervenção na sociedade pode ser
justificada como sendo necessária para assegurar a ordem ou sob o argumento de
promover o progresso. Consequentemente, o pensamento positivista deveria orientar
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e ser comandado por uma elite intelectual e econômica (cientistas e industriais). A eles
caberia a responsabilidade de: prover condições para a vida à classe trabalhadora, via
normas justas de comportamento coletivo e remuneração adequada para minimizar
conflitos de classes, formando assim um governo da ordem, paz e progresso.
Auguste Comte fundamenta com veemência o método positivista, onde a lei que rege os
três estágios, aborda a evolução humana de maneira funcional organizativa, ou seja,
essa linearidade contempla três estágios: teológico (crença em Deus), metafísico
(sobrenaturais) e positivo (concreto, definitivo e verdadeiro), esse último definido como
universo da razão.
No entanto, faz necessário observar o lema que norteia a filosofia positivista que é
“Amor, Ordem e Progresso”1. Cujo significado se faz pelo Amor por princípio, a Ordem
por base e o Progresso por fim.
Diante disso, conclui-se que a filosofia idealizada por Comte, acentua-se numa
denominada lei fundamental. Haja vista que no estágio teológico tudo pode ser
explicado pela intervenção contínua de seres sobrenaturais.
No estágio metafísico, esses seres ou agentes naturais são substituídos por forças
abstratas atribuídas à natureza. E no estágio positivo, o indivíduo é convidado a largar
o que procura, isto é, passando a entender as causas dos fenômenos a partir da
interpretação e compreensão das leis que os interagem, nesse estágio é importante
conciliar a teoria e a técnica, o raciocínio e a observação.
Émile Durkheim nasceu na cidade de Epnal (França), no ano de 1858, vindo a falecer
no ano de 1917, em Paris, aos 59 anos de idade. Iniciou seus estudos filosóficos na
Escola Normal superior de Paris, indo depois para Alemanha. De volta a França,
ministrou aula de sociologia em Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na
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Positivismo ocupou papel de destaque no Brasil, sobretudo no final do século XIX, quando houve a
Proclamação da República (15 de novembro de 1889). Está presente em um dos nossos maiores
símbolos que é a Bandeira Nacional, mediante o slogan “Ordem e Progresso”.
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França. Considerando que Auguste Comte é o fundador da Sociologia, muitos
estudiosos reconhecem que os estudos sociológicos se consolidaram e se expandiram
a partir da produção intelectual de Émile Durkheim. Em síntese, o pensamento de
Durkheim conceitua-se, inicialmente, pelos fatos sociais, representações sociais,
consciente coletivo e anomia social.
Ao estudar os fatos sociais, Durkheim estendeu sua análise a outro fenômeno que o
denominou de consciente coletivo. Nesse aspecto, ele aborda a atitude individual de
cada sujeito, isto é, inserida no contexto social.
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Nesse sentido, conclui-se que o consciente coletivo é constituído pela somatória de cada
consciente individual. Em geral os conscientes individuais se reportam pelas diferenças
ou semelhanças, ou seja, podem variar de acordo com os valores e as regras
estabelecidas. Haja vista, os respectivos saberes, concepções de mundo, manifestações
culturais, comportamentos físicos e expressões emocionais. A isso Durkheim chamou
fatos sociais totais.
Outro fenômeno social, abordado por Durkheim, refere-se à definição dos fatos sociais
totais, ou seja, a utilização do método científico para a investigação do fenômeno, sob o
prisma da neutralidade. Essa maneira de análise exige o não envolvimento afetivo entre
o cientista e o objeto. “A neutralidade exige também a não interferência do cientista no
fato observado”. (COSTA, 1997, p. 60)
Dessa forma, Durkheim orienta o cientista social a estudar e interpretar os fatos sociais
como coisas, fenômenos que lhe são exteriores e devendo ser vistos e analisados de
maneira objetiva. Essa “coisificação” seria necessária para que pudesse investigá-los de
modo neutro (neutralidade) e distante (distanciamento).
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garantindo, assim, a ligação necessária entre os indivíduos e, consequentemente, a
harmonia da sociedade2.
Até aqui ficou claro que o pensador francês priorizava ser oportuno, definir os objetos
da investigação sociológica classificando os fatos sociais. Igualmente positivista, se
debruçou, entre outros, sobre os estudos acerca da metodologia de investigação
científica dos fatos sociais. Para tanto, produziu – entre outras – a obra As Regras do
Método Sociológico (1895). Émile Durkheim compõe, então, o segundo clássico da
sociologia europeia.
Conclusão
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. 6.ed. São Paulo: Atlas, 1990.
MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Martins Fontes,
2003.
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RÊSES, ERLANDO DA SILVA. Do conhecimento sociológico à teoria das representações sociais.
Disponível em: https://bit.ly/3GSrnFY. Acesso em: 05 nov. 2021.
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______. O capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.
MORAES FILHO, E. (Org.). Auguste Comte: sociologia. São Paulo: Ática, 1983.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Atica, 2001.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma Pedagogia do Conflito. In: SILVA, Luís Heron
da et al (org.). Novos Mapas Culturais, Novas Perspectivas Educacionais. Porto Alegre:
Editora Sulina, 1996
TOMAZI, Nelson Dacio (org.). Iniciação à Sociologia. 2.ed. São Paulo: Atual, 2000.
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