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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

EMENTA
Abordar e discutir as principais perspectivas teóricas, tanto clássicas quanto contemporâneas, da sociologia da
religião; enfocar o campo religioso brasileiro, a partir de sua diversificação, crescimento fenomenal e
mutabilidade, geradoras de transformações sociológicas significativas que exigem investigação e compreensão.
OBJETIVOS
Conhecer teorias explicativas legitimadas pelas ciências sociais e buscar construir novos instrumentos analíticos
para a construção de conhecimento e entendimento dos grandes desafios do fenômeno religioso no Brasil
contemporâneo.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. SOCIOLOGIA
1.1. A sociologia no nosso dia a dia
1.2. A importância da sociologia para o teólogo
1.3. Finalidade da sociologia
1.4. Definição
1.5. O desenvolvimento histórico da Sociologia
1.6. Tríade da sociologia
1.6.1. Karl Marx
1.6.1.1. Biografia
1.6.1.2. Teoria de Karl marx.
1.6.1.3. Karl Marx e a sociologia
1.6.2. Emile Durkheim
1.6.2.1. Biografia
1.6.2.2. Influências
1.6.2.3. Regras do método sociológico de Durkheim
1.6.2.4. O suicídio
1.6.3. Mak Weber
1.6.3.1. Biografia
1.6.3.2. Teoria, pensamentos e principais ideias de Max Weber
1.6.3.3. Ação social de Max Weber
1.6.3.4. Influências de Max Weber
1.7. Métodos de estudo da sociologia
2. RELIGIÃO
2.1. Definição
2.2. As marcas de uma religião
2.3. Os tipos de religião.
2.4. Teoria sociológicas sobre a religião
3. SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
3.1. Relação da sociologia com a religião
3.1.1. Considerações teóricas das igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais hoje
DESENVOLVIMENTO

Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos,
Provérbios 27:23

1. SOCIOLOGIA
Antes de iniciar a discussão sobre esta disciplina é importante que seja considerada as seguintes
questões: O que é Sociologia? De que trata? Qual o seu método? O que ela tem a ver com a religião? Qual a
importância dela no quotidiano das pessoas? E para o teólogo? Qual sua aplicabilidade na igreja?
De forma bem simplória, Sociologia trata do estudo do homem na sociedade. O homem é um ser social,
aliás, a vida em sociedade é responsável por sua humanidade. Isolado dessa ele acaba por perder sua humanidade,
já que a característica principal da humanidade é a linguagem, o mundo social é feito a partir das significações, e
esta é feita com a linguagem e a ciência diz que uma pessoa criada com animais terá os trejeitos de animais.
A sociologia juntamente com a Antropologia e a Ciências políticas compõem a chamada “Ciencias
sociais”, que são de suma importância para gestores sociais como políticos, assistentes sociais, líderes
comunitários e líderes religiosos.
Enfim, esta disciplina pode oferecer capacidade de se detectar e entender os fenômenos sociais, afim
de que seja desenvolvida políticas públicas para sua solução.
1.1. A sociologia no nosso dia a dia
A revolução industrial provocou enormes mudanças no mundo. O desenvolvimento de modernos
maquinários substituiu o homem do campo deixando o sem ocupação ou tornando seu serviço no campo obsoleto,
provocando um intenso e constante êxodo rural, o que provocou o inchaço das cidades, que não estavam
preparadas para recebe-los. O resultado são os vários problemas sociais tais como moradores de rua, aglomerados
sem estruturas dignas, prostituição comercial, menores abandonados, aumento da criminalidade etc. fenômenos
que, querendo ou não, entendendo ou não, fazem parte do nosso dia a dia, já que vivemos em sociedade.
1.2. A importância da sociologia para o teólogo
Das várias áreas de atuação do teólogo a mais destacada é a de líder religioso, e a comunidade onde ele
atua é um seguimento da sociedade, e como todo seguimento da sociedade, terá problemas sociais, como dizia
Jonh Stot “Crescem os crentes, crescem os problemas”, os quais deverá compreender e lidar.
1.3. A finalidade da sociologia
A finalidade da Sociologia é dar as ferramentas ao gestor social para identificar, compreender os
problemas sociais e desenvolver políticas públicas adequadas
1.4. Definição
Como o próprio nome sugere, a Sociologia é uma ciência que estuda a forma como os grupos interagem
em uma sociedade. Trata-se de uma análise crítica da vida social humana levando-se em consideração a cultura
cotidiana, os diferentes comportamentos e como os indivíduos se desenvolvem nesse meio.
Sociologia é, grosso modo, a ciência que estuda a sociedade. Com o auxílio da economia, da ciência
política, da antropologia e da psicologia, a sociologia busca compreender, de maneira estritamente
científica, como os agrupamentos sociais humanos desenvolveram-se e como é possível intervir nesse
desenvolvimento. Assim, diversas outras áreas do conhecimento utilizam dos conhecimentos sociológicos para
promoverem ações que estejam diretamente ligadas à intervenção nas sociedades.
A sociologia é a parte das ciências humanas que estuda o comportamento humano em função do meio
e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua
singularidade é estudado pela psicologia, a sociologia tem uma base teórico-metodológica voltada para o estudo
dos fenômenos sociais, tentando explicá-los e analisando os seres humanos em suas relações de interdependência.
Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.
1.5. O desenvolvimento da Sociologia
Trata se de uma ciência nova, não aparece antes do sec XIX
A sociologia surgiu no início do século XIX, quando o filósofo francês Auguste Comte elaborou a
doutrina do Positivismo, corrente que defende a ideia de que o conhecimento científico era a única forma válida
de conhecimento. Para Comte, a humanidade tende a evoluir constantemente e isso se dá por meio da ordem
social, do progresso científico e da disciplina individual.
Auguste Comté considerado um dos pais da Sociologia Moderna; acreditava que a sociologia é uma
ciência capaz de realizar a reforma moral e intelectual = substituto funcional da Religião; Criou a corrente de
pensamento conhecida como positivista.
No início do século XIX, o filósofo francês Auguste Comte formulou o positivismo, uma doutrina
filosófica que visa o progresso social por meio da ordem social, do progresso científico e da disciplina individual.
O pilar do positivismo é a lei dos três estados, que reconhecia na humanidade a insurgência de três distintos
estágios de desenvolvimento: o estado teológico, o estado metafísico e o estado positivo.
No primeiro estado (teológico), as explicações acerca da natureza baseavam-se em especulações de
cunho religioso baseadas em divindades e seres sobrenaturais, porque o ser humano, na verdade, não conseguia
explicar os fenômenos naturais.
No segundo estado (metafísico), o ser humano havia evoluído intelectualmente e criado a filosofia como
maneira de promover uma especulação racional acerca do ordenamento do mundo, mas ainda não era capaz de
criar e utilizar a ciência para promover tais explicações.
O terceiro e mais avançado estado (positivo) deu-se com o desenvolvimento da ciência. A partir de
então, houve o reconhecimento de que as explicações sobre a natureza encontram-se na própria natureza e de que
a organização natural do mundo requer um processo de observação e desbravamento do mundo para uma posterior
elaboração de teorias.
Para Comte, esse último estágio era o que o século XIX vivia, mas, para completá-lo, era necessário o
desenvolvimento de uma nova ciência capaz de estudar a sociedade por meio dos mesmos mecanismos que as
ciências da natureza usavam em relação à natureza.
A sociedade europeia vivia os reflexos de duas grandes revoluções e de mudanças sociais que aconteciam
desde o Renascimento. Em primeiro lugar, a burguesia começou a fortalecer-se, junto ao nascente capitalismo,
durante o período renascentista, pois a ampliação do comércio proporcionada
pelo capitalismo mercantilista (aquele baseado na ampliação do comércio ultramarino e na busca por uma maior
quantidade de exportação e importação de itens, como seda, ouro e especiarias) permitiu aos burgueses uma
grande ascensão econômica.
a) O crescimento da burguesia e o surgimento do capitalismo no século XV levaram os europeus a
procurarem novas rotas comerciais, o que fez os espanhóis e os portugueses atracarem seus navios em um novo
continente, até então desconhecido pelos europeus, asiáticos e africanos: a América.
b) O contato com povos diferentes fez com que os exploradores europeus desenvolvessem os primeiros
estudos sobre a cultura e o desenvolvimento das sociedades que eles chamavam preconceituosamente de
“primitivas”. Surgem aí os primeiros escritos que, de maneira etnocêntrica, estavam classificando e ordenando as
pessoas de etnias diferentes. Essas são as primeiras bases para o desenvolvimento de uma área dos estudos
sociais que fará parte da sociologia: a antropologia.
c) O contexto europeu do século XIX era de caos e instabilidade social, devido a mudanças sociais
ocorridas pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial. Esta marcou o início de uma nova fase do
capitalismo, o capitalismo industrial. A produção em massa das indústrias, comandadas pela burguesia, que
havia enriquecido com o comércio, agitou os grandes centros urbanos, primeiramente situados na Inglaterra, como
Londres. Houve, por conta disso, um intenso e repentino êxodo rural, o que ocasionou desemprego (pois não havia
trabalho disponível para todo mundo) e suas consequências: violência, miséria, epidemias e instabilidade social.
Já aquela deixou a França em um longo período de instabilidade política desde o fim do século XVIII.
Esses fatores fizeram com que Auguste Comte apostasse na criação de uma nova ciência como maneira
de entender e reorganizar a sociedade. Essa ciência foi chamada primeiro de FÍSICA SOCIAL, mais tarde, o
próprio Augusto Comte batizou-a de SOCIOLOGIA, o que fez com que ficasse conhecido como o “pai da
sociologia”.
Apesar de ter formulado a ideia inicial dessa área, Comte não criou um método próprio para a sociologia
e nem desenvolveu estudos estritamente científicos no ramo, o que fez com que o filósofo, escritor e psicólogo
francês Émile Durkheim criticasse a sua obra e dedicasse-se a tornar a sociologia uma ciência.
Durkheim cria um método baseado na análise dos fatos sociais, que são, segundo o pensador, estruturas
que tendem a repetir-se em todas as sociedades e garantem ao sociólogo um trabalho mais cientificamente preciso.
Durkheim também introduziu a sociologia como disciplina de estudo no Ensino Superior. Pela formulação do
método e por seu trabalho de pesquisa sociológico, o pensador francês é considerado o primeiro sociólogo.
(EDUCA+BRASIL)

1.6. Tríade da sociologia


Além de Durkheim, Karl Marx e Max Weber também criaram importantes métodos para a análise
sociológica.

1.6.1. Karl Marx


Karl Marx foi um filósofo, sociólogo, economista, jornalista e teórico político alemão. Junto a Friedrich
Engels, elaborou uma teoria política que embasou o chamado socialismo científico. Suas contribuições para a
Filosofia Contemporânea incluem, além da análise social e econômica, um novo conceito de dialética, baseado
na produção material da humanidade.
Seu conceito dialético, chamado de materialismo histórico dialético, proporciona uma nova visão para
a análise social e científica sobre a história da sociedade. Ao analisar a produção material da Europa, no século
XIX, Marx identificou a marcante desigualdade e a exploração de uma classe detentora dos meios de produção
(burguesia) sobre a classe explorada (proletariado), o que marcou profundamente a sua carreira.
1.6.1.1. Biografia
Karl Marx nasceu em 1818, na cidade de Tréveris, então território da Prússia. Apesar de ser um dos
maiores críticos do capitalismo e da divisão de classes sociais, ele nasceu no seio de uma família de classe alta
alemã. Seu pai foi um bem-sucedido advogado e conselheiro de governo. Marx estudou no Liceu Friedrich
Wilhelm, tendo uma formação, desde cedo, condizente com a sua classe social.
Aos dezessete anos de idade, Marx ingressou no curso de Direito da Universidade de Bonn, seguindo os
passos do pai. Porém, o jovem universitário encontrou as festas e a vida boêmia. A fim de cortar o estilo de vida
que o filho levava, Heinrich Marx, seu pai, transferiu-o para a Universidade de Berlim. Lá, o contestador e
desafiador Marx conheceu o curso de Filosofia, área de estudo em que se formaria.
Na Faculdade de Filosofia da Universidade de Berlim, Marx foi aluno e discípulo do grande filósofo
alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, pessoa que influenciou a sua produção teórica, principalmente com o
conceito de dialética. Nos seus anos em Berlim, Marx mostrou-se um grande crítico de governos e governantes,
com inclinações para a crítica social.
Aos 23 anos de idade, Marx defendeu sua tese em Filosofia, obtendo o título de doutor, o que lhe
proporcionou o ingresso na carreira acadêmica. No entanto, por conta de sua ávida crítica ao governo prussiano,
o filósofo foi vetado nas universidades, o que o obrigou a trabalhar como jornalista. Pouco mais de um ano que
Marx entrou para a redação de um jornal prussiano, de cunho socialista, a censura fechou a publicação.
No mesmo ano em que Marx perdeu o emprego no jornal, 1843, casou-se em segredo com Jenny von
Westphalen. No mesmo ano, mudou-se para Paris, tendo contato com os ideais socialistas que influenciaram
fortemente a sua produção intelectual.
O casal Karl Marx e Jenny von Westphalen teve sete filhos e quatro deles morreram ainda na infância,
por conta da situação precária em que viveram durante muito tempo, causada pela falta de dinheiro. Com a recusa
de empregos para Marx e sua carreira instável no jornalismo, o casal viveu por muito tempo apenas de partes que
receberam das heranças de seus pais.
As posições radicais de Marx legaram-lhe diversas expulsões de territórios prussianos, alemães e
franceses, sendo expulso de vez de Colônia, na Alemanha, em 1848. Também em 1848, publicou
o Manifesto Comunista, junto a Engels, o que deu início à obra marxista, que compôs o que chamamos hoje de
socialismo científico. Marx estabeleceu-se na Inglaterra, em 1849. Desde 1843 até o fim de sua vida, Marx
sobreviveu dos restos de heranças, da ajuda de Friedrich Engels e de artigos que escrevia vez ou outra para jornais.
A partir de sua estada em Londres, o filósofo passou a desenvolver a sua obra mais importante, O
Capital, além de livros que se tornaram referências para os estudos de Sociologia, de Economia e sobre o
socialismo. O filósofo faleceu no ano de 1883, dois anos após o falecimento de sua esposa, em virtude de
complicações respiratórias causadas pelo uso excessivo de tabaco.
1.6.1.2. Teoria de Karl Marx
Dentro da teoria geral marxista, alguns conceitos sobressaem-se por sua ampla importância dentro do
próprio sistema marxista. São eles:
a) Infraestrutura: pautada na economia e por sua centralidade na esfera produtiva, que é o principal eixo
compositor do materialismo histórico. A infraestrutura envolve a divisão do trabalho, a produção e suas relações,
a compra, o comércio etc.
b) Superestrutura: é um conjunto de instituições e normas que mantém a ideologia social e a lógica de
exploração funcionando. São elementos da superestrutura o Estado, as leis, a religião e a cultura.
c) Mais-valia: é a diferença entre o preço de matéria-prima e produção de uma mercadoria e o preço do
trabalho e o custo dos meios de produção da mesma mercadoria.
d) Alienação: há uma separação evidente entre o trabalhador e o fruto de seu trabalho. A mais-valia, que
nos processos de produção manufaturados beneficiava os artesãos, no processo de produção capitalista, beneficia
o dono dos meios de produção e tira dos trabalhadores a capacidade de se reconhecer no seu próprio trabalho.
e) Burguesia: é a classe detentora dos meios de produção.
f) Proletariado: é a classe operária.
Após a constatação do processo de dominação, Marx apresentou como possível solução a Revolução do
Proletariado, que seria uma revolta da classe operária que tomaria consciência de sua classe, de sua força e das
injustiças vividas. Essa revolução derrubaria o Estado e implantaria uma ditadura do proletariado, que teria como
missão acabar com a propriedade privada e minar, aos poucos, a diferença de classes sociais. O fim disso seria,
supostamente, o comunismo, ou seja, a forma perfeita do socialismo, de acordo com o teórico.
1.6.1.3. Karl Marx e a Sociologia
As contribuições de Marx para a História, para a Filosofia e a formulação de um novo modo de análise
social, voltada para a crítica do capitalismo, foram fundamentais para a disseminação da Sociologia e para
sustentar um método sociológico mais sólido. A teoria crítica do capitalismo fundada
por Marx e Engels esclareceu alguns fatores que a análise de Durkheim (Junto a Karl Marx e Max Weber,
Durkheim compõe a tríade dos pensadores clássicos da Sociologia) sobre as sociedades capitalistas industriais
não aborda.
Na juventude de Marx, a Sociologia ainda não tinha surgido como uma ciência metódica e acadêmica,
pois o responsável pela formulação do método sociológico foi o francês Émile Durkheim. Porém, os conceitos
presentes na obra de Marx, não somente os que dizem respeito à teoria marxista ou ao socialismo, deixaram para
os sociólogos posteriores respostas sobre uma lógica capitalista de um sistema de privilégios, em que uma classe
sobrepõe-se à outra e sobre o funcionamento interno do mercado e da produção. (BRASIL ESCOLA)

1.6.2. Emile Durkheim


Durkheim foi o primeiro sociólogo a delimitar um conjunto de regras específicas para o método de
trabalho sociológico.
Émile Durkheim foi um psicólogo, filósofo e sociólogo francês do século XIX. Junto
a Karl Marx e Max Weber, compõe a tríade dos pensadores clássicos da Sociologia.
Apesar de Auguste Comte ter cunhado o termo Sociologia e estabelecido as necessidades de uma ciência
que estudasse a sociedade, foi Durkheim quem formulou as regras do método sociológico e emancipou a
Sociologia como uma ciência autônoma. Durkheim também foi o primeiro docente a ocupar uma cátedra de
Sociologia em uma universidade.
1.6.2.1. Biografia
David Émile Durkheim nasceu em Épinal, na França, em 15 de abril de 1858, em uma família
tradicional de rabinos. Estudou no Liceu Louis-Le-Grand e na Escola Normal Superior de Paris, instituições
tradicionais. A formação das instituições francesas da época foi alvo de crítica por Durkheim, que, mais tarde,
afirmou haver nas escolas uma formação muito literária e pouco científica.
Seus estudos incluíam Direito e Economia (sua formação acadêmica inicial), Filosofia (disciplina que
lecionou em liceus franceses), Ciências da Natureza, principalmente a Biologia de Herbert Spencer, pensador
que marcou profundamente os seus estudos em relação aos modelos biológicos de aplicação sociológica, e
a Psicologia, por meio do Laboratório de Psicologia Experimental, de Wilhelm Wundt.
Seus estudos variados induziram Durkheim a procurar modelos biológicos e sociais conjuntos e também
a tecer um olhar diferenciado para a Antropologia. O conjunto de fatores resultou na formulação da teoria dos
fatos sociais, que afirmaria a primazia do entendimento de fatos gerais que marcam as sociedades (como leis), os
quais seriam maiores e mais facilmente explicáveis que as questões individuais psicológicas.
A maior ambição (e mais tarde o maior fato consumado) do pensador na época era criar um campo
de estudos das Ciências Sociais totalmente autônomo, que não dependesse dos domínios de outras ciências,
como a Biologia e a Psicologia, e não dependesse dos modelos demasiadamente abstratos da Filosofia que Comte
tinha legado ao trabalho sociológico.
Aos 29 anos de idade, Durkheim passou a integrar o corpo docente da Universidade de Bordéus, como
encarregado de cursos, criando e ocupando a primeira cátedra de Sociologia no ensino superior. A partir daí foi
marcado O início oficial da Sociologia enquanto disciplina e
ciência autônoma, apesar das primeiras ideias e o nome terem surgido anos antes com o filósofo francês Auguste
Comte.
Toda a produção intelectual de Durkheim, a partir de 1887, voltou-se para o estudo da Sociologia e do
entendimento do que ele chamou de fatos sociais, que seriam leis gerais que regem as sociedades e conferem ao
cientista a chave para o estudo sociológico.
Em 15 de novembro de 1917, Durkheim faleceu na cidade de Paris após ter apoiado intelectualmente e
com forte apelo nacionalista a França na Primeira Guerra Mundial.
1.6.2.2. Influências
Podemos contar vários pensadores que influenciaram Durkheim para a formulação do montante de sua
obra. Duas das principais mentes que marcaram os inícios dos estudos de Durkheim são o antropólogo e biólogo
inglês Herbert Spencer, um dos teóricos do liberalismo clássico, e Alfred Espinas, biólogo, filósofo e sociólogo
estudioso de Comte, que durante certo período de sua vida mostrou-se adepto ao positivismo.
Durkheim criticou algumas ideias de Comte quanto à Sociologia, o que demonstra as influências sofridas
pelo pensador considerado o criador do método sociológico por aquele que é considerado o “pai” da Sociologia
(Comte). Para Durkheim, apesar da pretensão oposta, o modelo sociológico comtiano é demasiadamente
filosófico, pois a base do positivismo e da Sociologia é a lei dos três estados, que não recorre a um método preciso
de observação e estudo rigoroso de uma sociedade.
1.6.2.3. Regras do método sociológico de Durkheim
A Sociologia, enquanto ciência bem estruturada, deve ter um método próprio que garanta que ela não
caia nas contradições e na apressadas conclusões do senso comum.
Se existe uma ciência das sociedades, é de desejar que ela não consista simplesmente numa paráfrase dos
preconceitos tradicionais, mas nos faça ver as coisas de maneira diferente da sua aparência vulgar; De fato, o
objeto de qualquer ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões herdadas.
Se existe uma ciência da sociedade com estatuto científico, ela deve partir de um método rigoroso que
impeça a interferência tradicional. Os modelos anteriores, como o de Comte, levam o sociólogo a cair em um
modelo de dedução metafísica filosófica que, segundo Durkheim, teria mais utilidade para fazer uma filosofia da
história do que para construir uma ciência da sociedade. O sociólogo deve buscar entender os fatos comuns da
sociedade, os fatos sociais, como “coisas” objetivas.
Uma das tarefas do sociólogo é, então, compreender esses fatos que organizam a sociedade de
determinado local e determinada época, como a educação. Deve-se ter em mente, porém, que, apesar das
diferenças, existem estruturas organizacionais que regem essas sociedades e moldam-nas de maneira mais ou
menos similar, ou seja, apesar das diferenças de época e lugar, existem sempre elementos em comum
determinados pelos fatos sociais que possibilitam ao sociólogo traçar um método científico de observação.
Os fatos sociais são distinguidos pela “sua exterioridade em relação às consciências individuais” e pela
“ação coerciva que exerce ou é suscetível de exercer sobre essas mesmas consciências”. Isso significa dizer que
os fatos sociais são maiores que qualquer consciência individual e eles criam o que o sociólogo chamou de
consciência coletiva.
Não há, por conta da coercitividade dos fatos sociais, maneira de
uma consciência psicológica individual (uma pessoa) agir de livre e espontânea vontade, infringindo as regras
sociais, sem que ela não seja acusada ou punida depois, ou não seja, ao menos, incompreendida.
Importantes elementos encontrados nas sociedades que atuam como dados de análise para o sociólogo
são as formas de coesão. Essas formas de coesão delineiam o modo como a sociedade comporta-se, o tipo de
Direito e de Justiça exercidos nessa sociedade e o modo de solidariedade que organiza tal sociedade. Também há
a determinação da divisão social do trabalho, que é diferente em cada tipo de sociedade. As duas principais
formas de coesão são formadas pela:
1) Solidariedade mecânica: delineia as sociedades mais antigas e rudimentares, sem a influência do
capitalismo. A sociedade como um todo é fechada como um mecanismo autônomo. Há
aqui maior coesão social e ausência da divisão social do trabalho, que fecha a sociedade e promove a ajuda mútua
entre as pessoas. Também há uma forma de direito mais primitiva que considera o ato social indesejado um crime
contra toda a sociedade e que deve ser exemplarmente punido por meio do suplício público e do castigo físico.
2) Solidariedade orgânica: como um organismo que necessita de várias peças e mecanismos distintos
para funcionar, são as sociedades mais desenvolvidas e sob influência do capitalismo. Há a divisão social do
trabalho e a desigualdade social, que fecha os grupos em seus interiores e promove a solidariedade apenas entre
os grupos fechados que enxergam a irmandade apenas entre si e não com os outros.
1.6.2.4. O suicídio
Durkheim entende que o suicídio é um fato social presente em todas as sociedades, variando apenas os
números e os tipos de suicídio desenvolvidos em diferentes sociedades. Ele considera o suicídio como “toda
morte que resulta mediata ou imediatamente de um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima.

Isso significa que o suicídio é classificado como tal apenas quando há a intenção do suicida de provocar
a própria morte, deixando de lado os casos acidentais ou de imprudência. Existem três
tipos de suicídio que marcam as sociedades e variam, de acordo com cada lugar e cada tempo. São eles:
1) Suicídio egoísta: quando o ego pessoal sobrepõe-se ao ego social, e o indivíduo não suporta a vida e não
vê, na sociedade, motivos para continuar vivo.
2) Suicídio altruísta: quando o ego social é maior que o ego individual, e o sujeito encerra a própria vida
por uma ação maior que ele, em benefício da sociedade. São exemplos os pilotos kamikaze da Segunda Guerra
Mundial, que chocavam seus próprios aviões contra os alvos.
3) Suicídio anômico: acontece em situação de anomia social, ou seja, desordem e caos. Geralmente ele
acontece em situações de crise e guerra, nas quais as pessoas sentem-se afetadas pela anomia e não vêm sentido
em viver daquela maneira ou têm a mente afetada pelo caos. (BRASIL ESCOLA UOL)

1.6.3. Mak Weber


O sociólogo alemão Max Weber é um dos principais teóricos da sociologia e ocupa, junto a Émile
Durkheim e Karl Marx, uma das bases da chamada tríade da sociologia clássica. Weber fundou um método de
estudo sociológico baseado no que ele chamou de ação social e produziu estudos profícuos para a compreensão
da formação do capitalismo. O livro mais difundido de Weber é A ética protestante e o espírito do capitalismo,
em que ele analisa a proximidade da formação do capitalismo com a disseminação do protestantismo.
1.6.3.1. Biografia

Karl Emil Maximilian Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo, jurista e economista alemão. Nascido
em uma família de posses liderada por um advogado, Weber foi educado com a rigidez da religião protestante e
com o despertar do gosto pelo estudo e pelo trabalho. Quando ainda jovem, ele presenciou a unificação da
Alemanha promovida pelo estadista Otto von Bismarck. (O Estado alemão ainda não existia. Existiam vários
reinos de origem germânica independentes, e Bismarck promoveu uma política de integração desses reinos,
formando a Alemanha tal como a conhecemos hoje.)
Em 1882, Weber ingressa no curso de Direito da Universidade de Heidelberg, onde, para além das
ciências jurídicas, aprofundou seus estudos em economia e teologia. Em 1889 concluiu o seu doutorado em
Direito, na Universidade de Berlim, e, em 1893, foi nomeado professor na Universidade de Freiburg.
Entre os anos de 1882 e 1897, além da carreira acadêmica, Weber atuou no cenário político alemão,
não obtendo muito sucesso. O sociólogo era um homem muito rígido consigo, e a sua idealização do trabalho e
do sucesso financeiro como realização de um homem digno (ideia que aparece na obra citada) parecia acompanhar
a sua vida.
O sociólogo e historiador austríaco Michael Polak, que desenvolveu um trabalho biográfico sobre Weber,
afirma que o sociólogo alemão odiava a ideia de depender financeiramente de seu pai, primeiro por ter
algumas diferenças familiares com o progenitor e também por cobrar de si um sucesso profissional e financeiro,
sucesso esse que geralmente é demorado para quem está iniciando uma carreira de pesquisador acadêmico.
Sabe-se que, para tornar-se um professor universitário e pesquisador, é necessário estudar muito antes de
conseguir êxito. Um reflexo disso foi o casamento de Weber com a escritora feminista Marianne Schnitger,
o qual foi adiado por anos, tendo sido realizado apenas em 1894, quando o sociólogo conseguiu um emprego.
Nesse período de espera, antes do noivado definitivo, um amigo de Weber havia pedido Marianne em casamento
(quando Weber e ela já trocavam intensões de um relacionamento), o que causou ainda mais desgosto em Weber
com a sua própria vida, afirma Polak.
Em 1887, a mãe de Weber decide viajar para visitá-lo. O seu pai não permite que a esposa vá sozinha e
Weber não gosta da ideia de recebê-lo em casa, expulsando-o na sua chegada. Algum tempo depois, o pai morre
e Weber tem um colapso mental, entrando em profunda depressão, a qual o impediu de trabalhar.
O sociólogo conseguiu uma licença da universidade e decidiu viajar, percorrendo vários lugares da Europa
(a Itália era o seu destino preferido) e conhecendo os Estados Unidos. Nesse período ele tenta voltar a lecionar,
não obtendo êxito, no entanto, por conta de sua doença. A sua situação mental atormentava-o, principalmente
pela vergonha que ele sentia da depressão e de não conseguir trabalhar. Ser sustentado por uma licença era
ainda mais vergonhoso para o pensador.
Em 1903, Weber pede demissão da universidade, o que lhe foi negado por sua competência. A
administração pública entra em acordo com ele concedendo-o uma aposentadoria, e, em troca, torna-o professor
honorário da Universidade de Heidelberg, direcionando a ele uma carga horária mínima de trabalho, o que deu
certo para que o sociólogo voltasse a trabalhar e recuperasse a sua saúde mental.
Nesse período de retorno, Weber volta a escrever com intensidade, redigindo inclusive a sua obra magna
— A ética protestante e o espírito do capitalismo. Ele havia deixado a atuação no campo político há algum
tempo, o que também o ajudou a recuperar-se mentalmente.
Max Weber vivenciou a Primeira Guerra Mundial e, em 1919, foi conselheiro da delegação alemã nas
conferências que antecederam o Tratado de Versalhes. A Alemanha perdeu muito com o acordo, pois teve seu
exército reduzido, perdeu território e teve que pagar uma indenização pelos estragos causados pela guerra.
Entre 1919 e 1920, Weber também atuou como membro da comissão que formulou a Constituição de
Weimar — documento que oficializou a chamada República de Weimar, período republicano da Alemanha que
iniciou com o fim do Segundo Reich (segundo império que começou em 1871 com a unificação de Bismarck) e
terminou com o início do Terceiro Reich (terceiro império que se iniciou com a chegada de Hitler ao poder em
1933).
Em 1920 uma pneumonia severa acamou Weber e levou-o à morte aos 56 anos de idade. Até então,
o sociólogo havia publicado apenas os livros A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905), Economia e
sociedade (1910) e A ciência como vocação (1917). Após a sua morte, Marianne Schnitger Weber, sua esposa,
realizou uma curadoria de sua obra e foi responsável pela publicação póstuma de um segundo volume
de Economia e sociedade (1921), A metodologia das ciências sociais (1922) e História econômica geral (1923).
1.6.3.2. Teoria, pensamentos e principais ideias de Max Weber
Os principais objetos de estudo de Weber na sociologia foram o capitalismo e o protestantismo,
levando o sociólogo a desenvolver uma sociologia da teologia. A visão weberiana do capitalismo era diferente da
visão marxista. Enquanto Marx via no capitalismo a exploração do proletariado pela burguesia, Weber encara-o
como o fruto de um ideal, o ideal do capitalismo. Como um ideal, o capitalismo promovia uma espécie de
racionalização do trabalho e do dinheiro, sendo sustentado pela prosperidade e pela capacidade cada vez maior
de gerar dinheiro.
Max Weber foi profundamente influenciado pela filosofia de Immanuel Kant sustentada pelo idealismo.
Para Kant, o plano das ideias e conceitos deveria pautar todo o trabalho filosófico, que partiria da prática para
chegar aos conceitos mais puros e a priori (anteriores a qualquer vivência material). Weber acreditava que o
capitalismo originava-se com um ideal, com um espírito, e a partir disso, esse sistema ia sendo construído na
prática. Com base nesse ideal, surgiu a noção de administração como ciência capaz de promover o crescimento
do capital.
Para escrever A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber leu o texto Conselho a um jovem
comerciante, de Benjamin Franklin. Com base nesse texto, que expressa a noção que ficou conhecida como um
bordão de Franklin, time is money (tempo é dinheiro), e da observação de nações europeias e dos Estados Unidos,
Weber elaborou a teoria que dizia que o capitalismo teria sido aprimorado com o protestantismo, em especial
o calvinista (em nações como a Inglaterra e os Estados Unidos). Para Franklin, o dinheiro deveria ser
movimentado e ampliado, e essa ampliação dava-se como ensinava a tradição calvinista, por meio do trabalho.
Para os calvinistas, havia uma noção de predestinação (trabalhada por Weber como hipótese a ser
considerada) que dizia que o homem já nascia predestinado ao paraíso ou ao inferno. A maneira de saber se
determinada pessoa iria para o céu era medir o seu sucesso no trabalho e a sua resistência ao pecado. Como
pecado, os calvinistas incluíam as diversões fúteis, como festas e luxo, além do ócio e da preguiça.
O homem de valor para os calvinistas era aquele que trabalhava muito, o máximo que o seu corpo
aguentasse, e não se entregava aos prazeres da vida, acumulando assim cada vez mais dinheiro. Para as outras
vertentes protestantes, há uma ideia geral bem semelhante a essa de valorização do trabalho e de fuga dos prazeres.
Isso fez com que Weber enxergasse a diferença de desenvolvimento econômico entre nações
predominantemente protestantes que se tornaram as maiores potências econômicas (Alemanha, Inglaterra e
Estados Unidos) e nações predominantemente católicas que não tiveram tanto crescimento econômico, como
Espanha, Portugal e Itália.
A ideia do teórico político e estadista estadunidense Benjamin Franklin estava sustentada no ideal
calvinista, e o aumento do dinheiro por meio do trabalho e da fuga do ócio e dos prazeres parecia ser uma
hipótese bem plausível para Weber, no sentido de medir o sucesso de uma pessoa. Era esperado de alguém que
conseguisse ganhar dinheiro multiplicá-lo para mostrar o seu valor pessoal e moral.
A ética, nesse sentido, era uma prática voltada para um modo de agir que fugisse de qualquer
distração e de qualquer pecado e que procurasse no trabalho o maior meio de chegar-se a Deus. Por isso Weber
ficou tão frustrado durante um tempo de sua vida em que não conseguia obter sua sustentação financeira e sentiu
vergonha do tempo em que foi acometido pela depressão e não conseguiu trabalhar.
1.6.3.3. Ação social de Max Weber
Para a metodologia sociológica, Weber contribuiu formulando a sua teoria da ação social. Segundo o
sociólogo, era necessário que o pesquisador fosse dotado de uma neutralidade axiológica, ou seja, de
uma neutralidade em relação ao seu objeto de estudo. Com base em uma análise neutra e imparcial, o sociólogo
deveria identificar as ações sociais dos sujeitos e classificá-las. Nisso, Weber discorda do método de Durkheim,
que visa buscar fatos sociais que se repetem em todas as sociedades e são invariáveis.
Para Weber, as ações individuais é que forneciam o material necessário para chegar-se a um estudo válido.
No entanto, por serem as ações sociais tão vastas e diversas, o sociólogo deveria buscar um padrão de
correção para que o seu trabalho tivesse uma validade científica e um respaldo metodológico.
Esse padrão de correção estava localizado no que Weber chamou de tipos ideais, que eram balizas para
estabelecer-se qualquer comportamento padrão. Como ideais, esses tipos são perfeitos e imutáveis, não existindo
na prática. Nessa se encontram as ações que poderiam afastar-se ou aproximar-se dos tipos ideais.
Weber separa e classifica as ações sociais em quatro tipos. São eles:
a) Ação social racional com relação a fins: é um tipo de ação pensada e calculada para atingir alguma
finalidade. Por exemplo, casar-se para constituir uma família. A ação social é o matrimônio e a finalidade dessa
ação é a constituição da família.
b) Ação social racional com relação a valores: é um tipo de ação social pensada e calculada para atingir
algum tipo de valor moral, ou visando como fundo a moralidade. Por exemplo, fazer o que a moral considera
certo, como não roubar.
c) Ação social tradicional: não é racional e nem calculada. Consiste numa forma de agir de acordo com a
tradição, respeitando o que a sociedade considera como o que deve ser feito. Retomando o exemplo do
matrimônio, seria casar-se porque a sociedade impõe o casamento como uma tradição que deve ser seguida.
d) Ação social afetiva: não é racional. Ela segue os afetos e as paixões, os sentimentos e as afecções. É o
tipo de ação motivada por sentimentos, como amor, paixão, medo.
No campo da teoria da sociologia política, Weber contribuiu com uma teoria da dominação, que fala dos
modos de poder existentes. Para o pensador, existem três tipos de poder ou dominação exercidos que lhes
conferem alguma legitimidade:
1. A dominação legal: ocorre por meio das leis. É o poder exercido por aqueles que a lei permitiu exercê-
lo, como os representantes dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, no caso de nossa República.
2. A dominação tradicional: justifica-se pela tradição. Por exemplo, em uma sociedade patriarcal, o pai
exerce o poder autoritário dentro da família e respalda-se na tradição para exercitá-lo.
3. A dominação carismática: é exercida por lideranças carismáticas, que têm o dom de atrair o apoio das
massas com seus discursos, como de maneira mágica. Temos vários exemplos desse tipo de liderança na história
mundial, como Hitler, Mussolini, Getúlio Vargas e Fidel Castro.
1.6.3.4. Influências de Max Weber
Vários são os pensadores que influenciaram a sociologia de Max Weber. Por ser um grande estudioso,
dedicado à leitura e à pesquisa, Weber pegou de empréstimo várias ideias para seus trabalhos. Podemos destacar
como centrais para sua obra os seguintes pensadores:
Friedrich Nietzsche: Embora a relação e a leitura de Weber e do filósofo alemão Nietzsche sobre o
cristianismo e a religião sejam completamente opostas, o sociólogo adotou uma noção de ciência e de história
muito próxima da filosofia nietzschiana, que não aceitava a história defendida pelos positivistas (baseada no fato
histórico simples e cru), mas buscava compreender as interpretações de pessoas na história e levava em
consideração a perspectiva sobre a verdade científica. (BRASIL ESCOLA UOL)

1.7. Métodos de estudo da sociologia


Por ser uma ciência a sociologia tem seus métodos com os quais busca e interpreta as informações.

1.7.1. Comte (1798-1857) e o método (Positivismo)


A sociologia surgiu no início do século XIX, quando o filósofo francês Auguste Comte elaborou a
doutrina do Positivismo, corrente que defende a ideia de que o conhecimento científico era a única forma válida
de conhecimento. Para Comte, a humanidade tende a evoluir constantemente e isso se dá por meio da ordem
social, do progresso científico e da disciplina individual.
Auguste Comté considerado um dos pais da Sociologia Moderna; acreditava que a sociologia é uma
ciência capaz de realizar a reforma moral e intelectual = substituto funcional da Religião; Criou a corrente de
pensamento conhecida como positivista.
No início do século XIX, o filósofo francês Auguste Comte formulou o positivismo, uma doutrina
filosófica que visa o progresso social por meio da ordem social, do progresso científico e da disciplina individual.
O pilar do positivismo é a lei dos três estados, que reconhecia na humanidade a insurgência de três distintos
estágios de desenvolvimento: o estado teológico, o estado metafísico e o estado positivo.
1) No primeiro estado (teológico), as explicações acerca da natureza baseavam-se em especulações de
cunho religioso baseadas em divindades e seres sobrenaturais, porque o ser humano, na verdade, não conseguia
explicar os fenômenos naturais.
2) No segundo estado (metafísico), o ser humano havia evoluído intelectualmente e criado a filosofia como
maneira de promover uma especulação racional acerca do ordenamento do mundo, mas ainda não era capaz de
criar e utilizar a ciência para promover tais explicações.
3) O terceiro e mais avançado estado (positivo) deu-se com o desenvolvimento da ciência. A partir de
então, houve o reconhecimento de que as explicações sobre a natureza encontram-se na própria natureza e de que
a organização natural do mundo requer um processo de observação e desbravamento do mundo para uma posterior
elaboração de teorias.
Para Comte, esse último estágio era o que o século XIX vivia, mas, para completá-lo, era necessário o
desenvolvimento de uma nova ciência capaz de estudar a sociedade por meio dos mesmos mecanismos que as
ciências da natureza usavam em relação à natureza.
Apesar de ter formulado a ideia inicial dessa área, Comte não criou um método próprio para a sociologia
e nem desenvolveu estudos estritamente científicos no ramo, o que fez com que o filósofo, escritor e psicólogo
francês Émile Durkheim criticasse a sua obra e dedicasse-se a tornar a sociologia uma ciência.

1.7.2. Marx (1818-1883) e o método


As contribuições de Marx para a formulação de um novo modo de análise social, voltada para a crítica
do capitalismo, foram fundamentais para a disseminação da Sociologia e para sustentar um método sociológico
mais sólido.
Os conceitos presentes na obra de Marx, não somente os que dizem respeito à teoria marxista ou ao
socialismo, deixaram para os sociólogos posteriores respostas sobre uma lógica capitalista de um sistema de
privilégios, em que uma classe sobrepõe-se à outra e sobre o funcionamento interno do mercado e da produção.
Após a constatação do processo de dominação, Marx apresentou como possível solução a Revolução
do Proletariado, que seria uma revolta da classe operária que tomaria consciência de sua classe, de sua força e
das injustiças vividas. Essa revolução derrubaria o Estado e implantaria uma ditadura do proletariado, que teria
como missão acabar com a propriedade privada e minar, aos poucos, a diferença de classes sociais. O fim disso
seria, supostamente, o comunismo, ou seja, a forma perfeita do socialismo, de acordo com o teórico.
(BRASIL ESCOLA)

1.7.3. Weber (1864-1920) e o método (Ação social)


Para a metodologia sociológica, Weber contribuiu formulando a sua teoria da ação social. Segundo o
sociólogo, era necessário que o pesquisador fosse dotado de uma neutralidade axiológica, ou seja, de
uma neutralidade em relação ao seu objeto de estudo. Com base em uma análise neutra e imparcial, o sociólogo
deveria identificar as ações sociais dos sujeitos e classificá-las. Nisso, Weber discorda do método de Durkheim,
que visa buscar fatos sociais que se repetem em todas as sociedades e são invariáveis.
Para Weber, as ações individuais é que forneciam o material necessário para chegar-se a um estudo
válido. No entanto, por serem as ações sociais tão vastas e diversas, o sociólogo deveria buscar um padrão de
correção para que o seu trabalho tivesse uma validade científica e um respaldo metodológico.
Esse padrão de correção estava localizado no que Weber chamou de tipos ideais, que eram balizas para
estabelecer-se qualquer comportamento padrão. Como ideais, esses tipos são perfeitos e imutáveis, não existindo
na prática. Nessa se encontram as ações que poderiam afastar-se ou aproximar-se dos tipos ideais.
Weber separa e classifica as ações sociais em quatro tipos. São eles:
e) Ação social racional com relação a fins: é um tipo de ação pensada e calculada para atingir alguma
finalidade. Por exemplo, casar-se para constituir uma família. A ação social é o matrimônio e a finalidade dessa
ação é a constituição da família.
f) Ação social racional com relação a valores: é um tipo de ação social pensada e calculada para atingir
algum tipo de valor moral, ou visando como fundo a moralidade. Por exemplo, fazer o que a moral considera
certo, como não roubar.
g) Ação social tradicional: não é racional e nem calculada. Consiste numa forma de agir de acordo com a
tradição, respeitando o que a sociedade considera como o que deve ser feito. Retomando o exemplo do
matrimônio, seria casar-se porque a sociedade impõe o casamento como uma tradição que deve ser seguida.
h) Ação social afetiva: não é racional. Ela segue os afetos e as paixões, os sentimentos e as afecções. É o
tipo de ação motivada por sentimentos, como amor, paixão, medo.
No campo da teoria da sociologia política, Weber contribuiu com uma teoria da dominação, que fala dos
modos de poder existentes. Para o pensador, existem três tipos de poder ou dominação exercidos que lhes
conferem alguma legitimidade:
4. A dominação legal: ocorre por meio das leis. É o poder exercido por aqueles que a lei permitiu exercê-
lo, como os representantes dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, no caso de nossa República.
5. A dominação tradicional: justifica-se pela tradição. Por exemplo, em uma sociedade patriarcal, o pai
exerce o poder autoritário dentro da família e respalda-se na tradição para exercitá-lo.
6. A dominação carismática: é exercida por lideranças carismáticas, que têm o dom de atrair o apoio das
massas com seus discursos, como de maneira mágica. Temos vários exemplos desse tipo de liderança na história
mundial, como Hitler, Mussolini, Getúlio Vargas e Fidel Castro.

1.1.1. Durkheim (1858-1917) e o método (Fatos sociais)


Segundo Durkheim o sociólogo deve buscar entender os fatos comuns da sociedade, os fatos sociais,
como “coisas” objetivas.
Uma das tarefas do sociólogo é, então, compreender esses fatos que organizam a sociedade de
determinado local e determinada época, como a educação. Deve-se ter em mente, porém, que, apesar das
diferenças, existem estruturas organizacionais que regem essas sociedades e moldam-nas de maneira mais ou
menos similar, ou seja, apesar das diferenças de época e lugar, existem sempre elementos em comum
determinados pelos fatos sociais que possibilitam ao sociólogo traçar um método científico de observação.
Os fatos sociais são distinguidos pela “sua exterioridade em relação às consciências individuais” e pela
“ação coerciva que exerce ou é suscetível de exercer sobre essas mesmas consciências”. Isso significa dizer que
os fatos sociais são maiores que qualquer consciência individual e eles criam o que o sociólogo chamou de
consciência coletiva.
Não há, por conta da coercitividade dos fatos sociais, maneira de
uma consciência psicológica individual (uma pessoa) agir de livre e espontânea vontade, infringindo as regras
sociais, sem que ela não seja acusada ou punida depois, ou não seja, ao menos, incompreendida.
Importantes elementos encontrados nas sociedades que atuam como dados de análise para o sociólogo
são as formas de coesão. Essas formas de coesão delineiam o modo como a sociedade comporta-se, o tipo de
Direito e de Justiça exercidos nessa sociedade e o modo de solidariedade que organiza tal sociedade. Também há
a determinação da divisão social do trabalho, que é diferente em cada tipo de sociedade. As duas principais
formas de coesão são formadas pela:
3) Solidariedade mecânica: delineia as sociedades mais antigas e rudimentares, sem a influência do
capitalismo. A sociedade como um todo é fechada como um mecanismo autônomo. Há
aqui maior coesão social e ausência da divisão social do trabalho, que fecha a sociedade e promove a ajuda mútua
entre as pessoas. Também há uma forma de direito mais primitiva que considera o ato social indesejado um crime
contra toda a sociedade e que deve ser exemplarmente punido por meio do suplício público e do castigo físico.
4) Solidariedade orgânica: como um organismo que necessita de várias peças e mecanismos distintos
para funcionar, são as sociedades mais desenvolvidas e sob influência do capitalismo. Há a divisão social do
trabalho e a desigualdade social, que fecha os grupos em seus interiores e promove a solidariedade apenas entre
os grupos fechados que enxergam a irmandade apenas entre si e não com os outros.

2. RELIGIÃO
Se por um lado a Sociologia é um importante recurso para o conhecimento dos “fatos religiosos”, também
não se pode esquecer que religião, como fenômeno social, interessa muito à teoria social (a).
A religião é constituída por crenças e práticas relacionadas a assuntos sagrados e que visam a ajudar
uma sociedade a compreender o significado e o propósito da vida. A religião busca responder a perguntas e a
explicar o que é aparentemente inexplicável. A religião tenta explicar por que as coisas acontecem e desmistificar
as ideias de nascimento e morte. A religião influencia a forma como as pessoas reagem aos ambientes onde vivem.
A religião sempre foi, e continua sendo, um elemento importante em praticamente toda sociedade. Há evidências
de que mesmo as mais antigas sociedades possuíam símbolos religiosos e praticavam cerimônias religiosas.
Evidentemente, o fato de que há diferentes religiões significa que há diferenças entre elas. Não obstante, a religião
é um elemento fundamental da sociedade e da experiência humana. (b)
Sob a perspectiva sociológica, não importa a opinião das pessoas sobre a religião. O que é importante é
conseguir estudar a religião de forma objetiva, por meio de seus contextos sociais e culturais. (b)

2.1. Definição
1) Religião (do latim religio, -onis) é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de
mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores
morais.
2) Religião é o sentimento de devoção a tudo que é considerado sagrado. Cada cultura desenvolve crenças
baseadas em princípios, doutrinas e livros sagrados.
3) Religião é uma palavra de origem latina (religio) e pode significar rigidez, releitura, reeleger e/ou religar.
Assim, a religião seria aquilo que nos religa ao sagrado.
4) A religião é um conjunto de símbolos e rituais que possuem significados amparados pela crença de um
grupo de fieis que se identificam com a organização religiosa.
5) O Aurélio assim define "religião":
1. Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada (s) como criadora(s) do Universo,
e que como tal deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s).
2. A manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios, que envolvem, em geral, preceitos
éticos [etc.].
2.2. As marcas de uma religião
Na obra The Encyclopedia of Philosophy ("Enciclopédia de Filosofia"), encontramos a descrição de nove
marcas da religião:
(1) a crença num ser ou seres sobrenaturais;
(2) a distinção entre objetos sagrados e profanos;
(3) atos rituais orientados para esses objetos;
(4) um código moral com sanção divina;
(5) sentimentos religiosos despertados por objetos ou rituais sagrados e relacionados, em teoria, com um
deus ou deuses;
(6) a oração;
(7) uma cosmovisão que engloba o lugar do indivíduo no mundo;
(8) a organização da vida ao redor dessa cosmovisão;
(9) um grupo social que é unificado pelas características acima.
2.3. Os tipos de religião.
2.3.1. Quanto à forma de surgimento
2.3.1.1. Sapiencial
2.3.1.2. Da revelação ou profética
2.3.2. Quanto à divindade adorada
2.3.2.1. Panteístas: as mais primitivas manifestações religiosas, não possuem livros sagrados,
divinizam elementos naturais como o vento, a água, o fogo, os animais, dentre outros.
2.3.2.2. Politeístas: “substituem” as panteístas quando os elementos divinos são personificados e
humanizados, havendo uma equivalência entre deidades femininas e masculinas nos cultos.
2.3.2.3. Ateístas: negam a existência de um ser central e supremo (o qual, para elas, seria o Vazio
ou um Não-Ser). Não creem em deuses personificados, mas acreditam em forças invisíveis, como fenômenos da
natureza inexplicáveis. Deste modo, prega-se a interdependência harmônica do Universo, equilibrado por meio
do Tao ou encontrado no Nirvana. São exemplos, o Budismo, na Índia e na China, o Taoísmo e o Confucionismo.
2.3.2.4. Monoteístas: são as religiões mais recentes e populares (cerca de 50% da população
mundial), possuem Livro Sagrado no qual está presente a verdade da Revelação Divina, onde se estabelece a
divindade soberana e eliminam-se adorações independentes. É curiosa a escassez de representações do Deus
supremo, enquanto as entidades menores (como os anjos) são muito retratadas. Outro detalhe é que o Deus único
(Hebreu, Cristão e Islâmico) são masculinos e absorveram os elementos femininos como a bondade.

3. SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

3.1. Relação da sociologia com a religião


A Sociologia da Religião é um ramo da Sociologia e ela se fundamenta na compreensão humana entre o
“profano” e o“sagrado”. Independente da crença, o que é mais significativo da religião para a Sociologia é o
papel fundamental que ela exerce na vida social.
Sociologia da religião busca explicar empiricamente as relações mútuas entre religião e sociedade. Os
estudos fundamentam-se na dimensão social da religião e na dimensão religiosa da sociedade
O marco referencial da consolidação da sociologia da religião como campo autônomo de pesquisa
no Brasil é a publicação da obra "Católicos, Protestantes, Espíritas", de Cândido Procópio Ferreira de Camargo,
em 1973.[1] Nomes de referência no Brasil: Edison Carneiro, Beatriz Muniz de Souza, Antônio Flávio
Pierucci, Reginaldo Prandi, dentre outros.
“A sociologia já nasceu como sociologia das religiões”. Este último, disse isso a respeito do contexto em
que emergiram as primeiras abordagens sociológicas, quando entre os importantes processos que transformavam
a sociedade europeia no século XIX, constatava-se uma profunda crise do cristianismo. Como o pensamento
sociológico já surgiu em uma conjuntura em que o próprio conhecimento se emancipava da tutela da religião, por
vezes se viu desafiado não só a analisar religiões como fatos sociais, mas também a pensar como os processos
sociais mais amplos condicionam o religioso ou podem ser influenciados por ele.
É diante desse quadro que sugiram as primeiras abordagens sociológicas, de modo que aqueles que
realizaram os primeiros trabalhos de sociologia tiveram que se pronunciar de alguma forma sobre religião. Alguns,
mais do que dizer algo, realizaram análises aprofundadas dos fenômenos religiosos como fenômenos sociais. Por
isso o prisma sociológico tornou-se muito importante para o conhecimento da religião. Sendo os estudos
realizados por Durkheim, Marx e Weber, tomados como clássicos, no texto que se segue, busca-se descrever de
forma sucinta suas abordagens da religião, uma vez que também são considerados os pais fundadores da
sociologia.
3.2. Teoria sociológicas sobre a religião
Há muitas perspectivas sociológicas a respeito da religião. As ideias de Durkheim, Weber e Marx
continuam a influenciar a Sociologia da religião.
3.2.1. Teoria funcionalista. O sociólogo Émile Durkheim definiu a religião como um sistema
compartilhado de rituais e crenças que define o que é sagrado e o que é profano e que une uma comunidade de
religiosos.
As obras de Émile Durkheim destacam as funções que a religião serve para a sociedade,
independentemente de como é praticada ou de que crenças religiosas são adotadas pela sociedade. Isso é
denominado teoria funcionalista. De acordo com Durkheim, a religião é uma força integrativa na sociedade
porque tem o poder de influenciar crenças coletivas. A teoria funcionalista define a religião como servindo
diversas funções para a sociedade: dá significado e propósito à vida; oferece às pessoas o sentimento de que elas
pertencem a uma coletividade; fortalece a união e a estabilidade social; serve como um agente de controle social;
promove o bem estar, tanto físico como psicológico; e motiva as pessoas a trabalhar para que haja mudanças
sociais.
O sociólogo Max Weber enxergava a religião de forma diferente: como um apoio a outras instituições
sociais. Weber acreditava que o sistema de crenças religiosas fornecia uma estrutura cultural que fomentava o
desenvolvimento de outras instituições sociais, como a economia.
3.2.2. Fator de coesão da sociedade: Durkheim e Weber estudavam as formas como a religião contribui
para a coesão da sociedade.
3.2.3. Fator de opressão da sociedade: Já Karl Marx enxergava a religião como causa de conflitos e
opressão na sociedade. Marx acreditava que a religião era o meio utilizado para oprimir as classes e promover a
estratificação, pois os ensinamentos religiosos apoiam o conceito de hierarquia e da subordinação do homem às
autoridades religiosas. Karl Marx declarou que a religião era o “ópio das massas”: que a religião, como uma droga,
causa com as pessoas se satisfaçam com sua condição existente.
De acordo com a teoria do conflito, que foi influenciada pelas obras de Karl Marx, a religião pode
fortalecer e promover a desigualdade e o conflito social. A teoria do conflito afirma que a religião ajuda a
convencer os pobres a aceitar a sua condição de pobreza passivamente. Além disso, critica a religião por ser
motivo de tanta hostilidade e violência entre pessoas e nações.
Tanto Max Weber como Karl Marx analisaram o papel e a influência que a religião exerce sobre as
instituições, como a economia e a política.
3.2.4. A teoria da interação simbólica estuda o processo por meio do qual as pessoas se tornam
religiosas. Essa teoria ajuda a explicar como a mesma religião pode ser interpretada de forma diferente por
diferentes grupos ou em épocas diferentes ao longo da história. Em outras palavras, o contexto molda o significado
da crença religiosa. Por meio dessa perspectiva, os textos religiosos não são a verdade, e sim, interpretações
humanas. Assim, diferentes pessoas ou grupos podem interpretar a Bíblia de formas diferentes.
Essa perspectiva enfatiza as formas como os indivíduos interpretam suas experiências religiosas e afirma
que crenças e práticas não são sagradas a menos que as pessoas as considerem como tal. A partir do momento que
são consideradas sagradas, passam a ser especiais e significativas, dando significado à vida das pessoas. (2)
3.2.5. Considerações teóricas das igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais hoje
O que se segue é um resumo retirado do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no
Brasil de Ricardo Mariano
“No cotidiano dos cultos e na vasta programação de rádio e TV dos neopentecostais, conhecer Jesus, ter
um encontro com Ele e a Ele obedecer constituem, acima de tudo, meios infalíveis para o converso se dar bem
nesta vida. Nos templos e na mídia, Cristo é propagandeado como panaceia para todos os males terrenos. Haja
vista que a tarefa primordial desse Deus, razão aliás pela qual o Todo-Poderoso é tão assediado por seus dedicados
servos, é a de protegê-los e abençoá-los pronta e abundantemente em todos os campos da vida. Seus cultos,
evangelísticos ou não, praticamente batem só nesta tecla. Funcionam como prontos-socorros espirituais e como
tais são procurados. Baseiam-se em promessas e rituais para a cura física e emocional, prosperidade material,
libertação de demônios, resolução de problemas afetivos, familiares, de crise individual e de relacionamento
interpessoal. ”
“O quadro acima revela um processo de consideráveis mudanças no cenário religioso brasileiro: a
derrocada constante da hegemonia católica concomitante à consolidação institucional e demográfica dos grupos
pentecostais, à ampliação e diversificação das religiões de matriz cristã, à pentecostalização do protestantismo e
de segmentos do catolicismo e à dessacralização da cultura por meio do desenraizamento dos brasileiros da
“religião tradicional e da tradição religiosa”, abrindo-os inevitavelmente para a apostasia, para a quebra de
lealdade e para a livre escolha religiosa. Tal pluralização do espectro cristão tem propiciado a formação de um
vasto mercado religioso e a expansão do mercado de negócios, produtos e profissões bancados por e atrelados a
empreendimentos ditos religiosos ou pararreligiosos”.
“Numa situação de pluralismo religioso, a concorrência inter-religiosa para cooptar adeptos e mantê-los
é acirrada. Cada religião procura imprimir seus símbolos e marcas distintivas nos fiéis para que sejam
identificados e reconhecidos por pertencerem a ela. Sectários, os pentecostais até há pouco eram reconhecidos, e
muitas vezes estigmatizados, pela veiculação pública de sua identidade, já que a conversão pentecostal implicava
mudar de comportamento, de estilo de vida, de visão de mundo e participar preferencialmente da comunidade
religiosa. Com a mobilidade social de parte da membresia e a irrupção do neopentecostalismo, isso mudou, ainda
que parcialmente. Mas se ficaram menos sectários e menos distintos, permaneceram intransigentes no plano
religioso.
A intransigência discursiva do pentecostal, de todas as matizes, deriva de sua convicção de possuir, com
exclusividade, a verdade divina e constitui forma de autoafirmação e defesa de sua identidade religiosa.
Ligeiramente arrogante e portador de certezas congeladas, jamais omite as vantagens de ser crente nem relativiza
sua opção religiosa. Para quem, por meio da conversão, supõe ter recomposto a integridade psíquica, encontrado
sentido e forjado identidade segura e que pretende inabalável, a relativização de sua fé representaria o perigo de
retorno à dolorosa experiência pré-conversão, quando os referenciais de sentido, as regras e normas de conduta
encontravam-se subjetivamente em frangalhos.
Mesmo entre as igrejas pentecostais, há as exclusivistas que negam às outras, para retirá-las do páreo e
desqualificá-las, a posse dos bens de salvação. Recusam-se a identificá-las como legitimamente bíblicas, de modo
a pleitear para si o poder e status que os símbolos, compartilhados em seu meio, conferem. Portadores de
identidades em conflito, disputam palmo a palmo o monopólio dos bens de salvação e da definição dos símbolos
sagrados.
A partir de sua interpretação bíblica, pastores e fiéis avaliam e criticam tudo à sua volta. Elegem o
mundanismo e as outras religiões como alvos prediletos de ataque. Isto é, canalizam sua agressividade para os de
fora de seu grupo. Tudo que repudiam nas religiões com as quais se relacionam e concorrem visa a aclamá-los
como detentores exclusivos da verdade e virtude bíblicas que conduzem à salvação. Mas, quando, para cumprir
ordens pretensamente divinas e impor sua verdade, avançam destemidos como vimos, além das fronteiras dos
templos, correndo o risco de desencadear senão a “guerra santa”, mas ao menos uma perversa maré de atos de
intolerância explícita.”
A guerra travada dia a dia contra a umbanda, o candomblé, o kardecismo e a Igreja Católica torna seus
elementos parte integrante da própria identidade da Universal, a mais combativa das igrejas neopentecostais, e da
Internacional da Graça. Essa identidade se estrutura na relação com o outro, seja ela pacifica ou não. Sem o Diabo,
sem o inimigo incessantemente expulso, humilhado, combatido, vilipendiado, Universal e Internacional da Graça
não seriam quem são nem quem presumem ser. Precisam estar combatendo e vencendo um inimigo forte e
poderoso para atestar seu próprio poderio espiritual. Enfim, sem o Diabo e seus asseclas, não teriam como
justificar, diagnosticar e sanar os males que acometem os fiéis nem como legitimar sua própria existência ou sua
natureza divina.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

DURKHEIM, E. Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
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