Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EMENTA
Abordar e discutir as principais perspectivas teóricas, tanto clássicas quanto contemporâneas, da sociologia da
religião; enfocar o campo religioso brasileiro, a partir de sua diversificação, crescimento fenomenal e
mutabilidade, geradoras de transformações sociológicas significativas que exigem investigação e compreensão.
OBJETIVOS
Conhecer teorias explicativas legitimadas pelas ciências sociais e buscar construir novos instrumentos analíticos
para a construção de conhecimento e entendimento dos grandes desafios do fenômeno religioso no Brasil
contemporâneo.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. SOCIOLOGIA
1.1. A sociologia no nosso dia a dia
1.2. A importância da sociologia para o teólogo
1.3. Finalidade da sociologia
1.4. Definição
1.5. O desenvolvimento histórico da Sociologia
1.6. Tríade da sociologia
1.6.1. Karl Marx
1.6.1.1. Biografia
1.6.1.2. Teoria de Karl marx.
1.6.1.3. Karl Marx e a sociologia
1.6.2. Emile Durkheim
1.6.2.1. Biografia
1.6.2.2. Influências
1.6.2.3. Regras do método sociológico de Durkheim
1.6.2.4. O suicídio
1.6.3. Mak Weber
1.6.3.1. Biografia
1.6.3.2. Teoria, pensamentos e principais ideias de Max Weber
1.6.3.3. Ação social de Max Weber
1.6.3.4. Influências de Max Weber
1.7. Métodos de estudo da sociologia
2. RELIGIÃO
2.1. Definição
2.2. As marcas de uma religião
2.3. Os tipos de religião.
2.4. Teoria sociológicas sobre a religião
3. SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
3.1. Relação da sociologia com a religião
3.1.1. Considerações teóricas das igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais hoje
DESENVOLVIMENTO
Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos,
Provérbios 27:23
1. SOCIOLOGIA
Antes de iniciar a discussão sobre esta disciplina é importante que seja considerada as seguintes
questões: O que é Sociologia? De que trata? Qual o seu método? O que ela tem a ver com a religião? Qual a
importância dela no quotidiano das pessoas? E para o teólogo? Qual sua aplicabilidade na igreja?
De forma bem simplória, Sociologia trata do estudo do homem na sociedade. O homem é um ser social,
aliás, a vida em sociedade é responsável por sua humanidade. Isolado dessa ele acaba por perder sua humanidade,
já que a característica principal da humanidade é a linguagem, o mundo social é feito a partir das significações, e
esta é feita com a linguagem e a ciência diz que uma pessoa criada com animais terá os trejeitos de animais.
A sociologia juntamente com a Antropologia e a Ciências políticas compõem a chamada “Ciencias
sociais”, que são de suma importância para gestores sociais como políticos, assistentes sociais, líderes
comunitários e líderes religiosos.
Enfim, esta disciplina pode oferecer capacidade de se detectar e entender os fenômenos sociais, afim
de que seja desenvolvida políticas públicas para sua solução.
1.1. A sociologia no nosso dia a dia
A revolução industrial provocou enormes mudanças no mundo. O desenvolvimento de modernos
maquinários substituiu o homem do campo deixando o sem ocupação ou tornando seu serviço no campo obsoleto,
provocando um intenso e constante êxodo rural, o que provocou o inchaço das cidades, que não estavam
preparadas para recebe-los. O resultado são os vários problemas sociais tais como moradores de rua, aglomerados
sem estruturas dignas, prostituição comercial, menores abandonados, aumento da criminalidade etc. fenômenos
que, querendo ou não, entendendo ou não, fazem parte do nosso dia a dia, já que vivemos em sociedade.
1.2. A importância da sociologia para o teólogo
Das várias áreas de atuação do teólogo a mais destacada é a de líder religioso, e a comunidade onde ele
atua é um seguimento da sociedade, e como todo seguimento da sociedade, terá problemas sociais, como dizia
Jonh Stot “Crescem os crentes, crescem os problemas”, os quais deverá compreender e lidar.
1.3. A finalidade da sociologia
A finalidade da Sociologia é dar as ferramentas ao gestor social para identificar, compreender os
problemas sociais e desenvolver políticas públicas adequadas
1.4. Definição
Como o próprio nome sugere, a Sociologia é uma ciência que estuda a forma como os grupos interagem
em uma sociedade. Trata-se de uma análise crítica da vida social humana levando-se em consideração a cultura
cotidiana, os diferentes comportamentos e como os indivíduos se desenvolvem nesse meio.
Sociologia é, grosso modo, a ciência que estuda a sociedade. Com o auxílio da economia, da ciência
política, da antropologia e da psicologia, a sociologia busca compreender, de maneira estritamente
científica, como os agrupamentos sociais humanos desenvolveram-se e como é possível intervir nesse
desenvolvimento. Assim, diversas outras áreas do conhecimento utilizam dos conhecimentos sociológicos para
promoverem ações que estejam diretamente ligadas à intervenção nas sociedades.
A sociologia é a parte das ciências humanas que estuda o comportamento humano em função do meio
e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua
singularidade é estudado pela psicologia, a sociologia tem uma base teórico-metodológica voltada para o estudo
dos fenômenos sociais, tentando explicá-los e analisando os seres humanos em suas relações de interdependência.
Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.
1.5. O desenvolvimento da Sociologia
Trata se de uma ciência nova, não aparece antes do sec XIX
A sociologia surgiu no início do século XIX, quando o filósofo francês Auguste Comte elaborou a
doutrina do Positivismo, corrente que defende a ideia de que o conhecimento científico era a única forma válida
de conhecimento. Para Comte, a humanidade tende a evoluir constantemente e isso se dá por meio da ordem
social, do progresso científico e da disciplina individual.
Auguste Comté considerado um dos pais da Sociologia Moderna; acreditava que a sociologia é uma
ciência capaz de realizar a reforma moral e intelectual = substituto funcional da Religião; Criou a corrente de
pensamento conhecida como positivista.
No início do século XIX, o filósofo francês Auguste Comte formulou o positivismo, uma doutrina
filosófica que visa o progresso social por meio da ordem social, do progresso científico e da disciplina individual.
O pilar do positivismo é a lei dos três estados, que reconhecia na humanidade a insurgência de três distintos
estágios de desenvolvimento: o estado teológico, o estado metafísico e o estado positivo.
No primeiro estado (teológico), as explicações acerca da natureza baseavam-se em especulações de
cunho religioso baseadas em divindades e seres sobrenaturais, porque o ser humano, na verdade, não conseguia
explicar os fenômenos naturais.
No segundo estado (metafísico), o ser humano havia evoluído intelectualmente e criado a filosofia como
maneira de promover uma especulação racional acerca do ordenamento do mundo, mas ainda não era capaz de
criar e utilizar a ciência para promover tais explicações.
O terceiro e mais avançado estado (positivo) deu-se com o desenvolvimento da ciência. A partir de
então, houve o reconhecimento de que as explicações sobre a natureza encontram-se na própria natureza e de que
a organização natural do mundo requer um processo de observação e desbravamento do mundo para uma posterior
elaboração de teorias.
Para Comte, esse último estágio era o que o século XIX vivia, mas, para completá-lo, era necessário o
desenvolvimento de uma nova ciência capaz de estudar a sociedade por meio dos mesmos mecanismos que as
ciências da natureza usavam em relação à natureza.
A sociedade europeia vivia os reflexos de duas grandes revoluções e de mudanças sociais que aconteciam
desde o Renascimento. Em primeiro lugar, a burguesia começou a fortalecer-se, junto ao nascente capitalismo,
durante o período renascentista, pois a ampliação do comércio proporcionada
pelo capitalismo mercantilista (aquele baseado na ampliação do comércio ultramarino e na busca por uma maior
quantidade de exportação e importação de itens, como seda, ouro e especiarias) permitiu aos burgueses uma
grande ascensão econômica.
a) O crescimento da burguesia e o surgimento do capitalismo no século XV levaram os europeus a
procurarem novas rotas comerciais, o que fez os espanhóis e os portugueses atracarem seus navios em um novo
continente, até então desconhecido pelos europeus, asiáticos e africanos: a América.
b) O contato com povos diferentes fez com que os exploradores europeus desenvolvessem os primeiros
estudos sobre a cultura e o desenvolvimento das sociedades que eles chamavam preconceituosamente de
“primitivas”. Surgem aí os primeiros escritos que, de maneira etnocêntrica, estavam classificando e ordenando as
pessoas de etnias diferentes. Essas são as primeiras bases para o desenvolvimento de uma área dos estudos
sociais que fará parte da sociologia: a antropologia.
c) O contexto europeu do século XIX era de caos e instabilidade social, devido a mudanças sociais
ocorridas pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial. Esta marcou o início de uma nova fase do
capitalismo, o capitalismo industrial. A produção em massa das indústrias, comandadas pela burguesia, que
havia enriquecido com o comércio, agitou os grandes centros urbanos, primeiramente situados na Inglaterra, como
Londres. Houve, por conta disso, um intenso e repentino êxodo rural, o que ocasionou desemprego (pois não havia
trabalho disponível para todo mundo) e suas consequências: violência, miséria, epidemias e instabilidade social.
Já aquela deixou a França em um longo período de instabilidade política desde o fim do século XVIII.
Esses fatores fizeram com que Auguste Comte apostasse na criação de uma nova ciência como maneira
de entender e reorganizar a sociedade. Essa ciência foi chamada primeiro de FÍSICA SOCIAL, mais tarde, o
próprio Augusto Comte batizou-a de SOCIOLOGIA, o que fez com que ficasse conhecido como o “pai da
sociologia”.
Apesar de ter formulado a ideia inicial dessa área, Comte não criou um método próprio para a sociologia
e nem desenvolveu estudos estritamente científicos no ramo, o que fez com que o filósofo, escritor e psicólogo
francês Émile Durkheim criticasse a sua obra e dedicasse-se a tornar a sociologia uma ciência.
Durkheim cria um método baseado na análise dos fatos sociais, que são, segundo o pensador, estruturas
que tendem a repetir-se em todas as sociedades e garantem ao sociólogo um trabalho mais cientificamente preciso.
Durkheim também introduziu a sociologia como disciplina de estudo no Ensino Superior. Pela formulação do
método e por seu trabalho de pesquisa sociológico, o pensador francês é considerado o primeiro sociólogo.
(EDUCA+BRASIL)
Karl Emil Maximilian Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo, jurista e economista alemão. Nascido
em uma família de posses liderada por um advogado, Weber foi educado com a rigidez da religião protestante e
com o despertar do gosto pelo estudo e pelo trabalho. Quando ainda jovem, ele presenciou a unificação da
Alemanha promovida pelo estadista Otto von Bismarck. (O Estado alemão ainda não existia. Existiam vários
reinos de origem germânica independentes, e Bismarck promoveu uma política de integração desses reinos,
formando a Alemanha tal como a conhecemos hoje.)
Em 1882, Weber ingressa no curso de Direito da Universidade de Heidelberg, onde, para além das
ciências jurídicas, aprofundou seus estudos em economia e teologia. Em 1889 concluiu o seu doutorado em
Direito, na Universidade de Berlim, e, em 1893, foi nomeado professor na Universidade de Freiburg.
Entre os anos de 1882 e 1897, além da carreira acadêmica, Weber atuou no cenário político alemão,
não obtendo muito sucesso. O sociólogo era um homem muito rígido consigo, e a sua idealização do trabalho e
do sucesso financeiro como realização de um homem digno (ideia que aparece na obra citada) parecia acompanhar
a sua vida.
O sociólogo e historiador austríaco Michael Polak, que desenvolveu um trabalho biográfico sobre Weber,
afirma que o sociólogo alemão odiava a ideia de depender financeiramente de seu pai, primeiro por ter
algumas diferenças familiares com o progenitor e também por cobrar de si um sucesso profissional e financeiro,
sucesso esse que geralmente é demorado para quem está iniciando uma carreira de pesquisador acadêmico.
Sabe-se que, para tornar-se um professor universitário e pesquisador, é necessário estudar muito antes de
conseguir êxito. Um reflexo disso foi o casamento de Weber com a escritora feminista Marianne Schnitger,
o qual foi adiado por anos, tendo sido realizado apenas em 1894, quando o sociólogo conseguiu um emprego.
Nesse período de espera, antes do noivado definitivo, um amigo de Weber havia pedido Marianne em casamento
(quando Weber e ela já trocavam intensões de um relacionamento), o que causou ainda mais desgosto em Weber
com a sua própria vida, afirma Polak.
Em 1887, a mãe de Weber decide viajar para visitá-lo. O seu pai não permite que a esposa vá sozinha e
Weber não gosta da ideia de recebê-lo em casa, expulsando-o na sua chegada. Algum tempo depois, o pai morre
e Weber tem um colapso mental, entrando em profunda depressão, a qual o impediu de trabalhar.
O sociólogo conseguiu uma licença da universidade e decidiu viajar, percorrendo vários lugares da Europa
(a Itália era o seu destino preferido) e conhecendo os Estados Unidos. Nesse período ele tenta voltar a lecionar,
não obtendo êxito, no entanto, por conta de sua doença. A sua situação mental atormentava-o, principalmente
pela vergonha que ele sentia da depressão e de não conseguir trabalhar. Ser sustentado por uma licença era
ainda mais vergonhoso para o pensador.
Em 1903, Weber pede demissão da universidade, o que lhe foi negado por sua competência. A
administração pública entra em acordo com ele concedendo-o uma aposentadoria, e, em troca, torna-o professor
honorário da Universidade de Heidelberg, direcionando a ele uma carga horária mínima de trabalho, o que deu
certo para que o sociólogo voltasse a trabalhar e recuperasse a sua saúde mental.
Nesse período de retorno, Weber volta a escrever com intensidade, redigindo inclusive a sua obra magna
— A ética protestante e o espírito do capitalismo. Ele havia deixado a atuação no campo político há algum
tempo, o que também o ajudou a recuperar-se mentalmente.
Max Weber vivenciou a Primeira Guerra Mundial e, em 1919, foi conselheiro da delegação alemã nas
conferências que antecederam o Tratado de Versalhes. A Alemanha perdeu muito com o acordo, pois teve seu
exército reduzido, perdeu território e teve que pagar uma indenização pelos estragos causados pela guerra.
Entre 1919 e 1920, Weber também atuou como membro da comissão que formulou a Constituição de
Weimar — documento que oficializou a chamada República de Weimar, período republicano da Alemanha que
iniciou com o fim do Segundo Reich (segundo império que começou em 1871 com a unificação de Bismarck) e
terminou com o início do Terceiro Reich (terceiro império que se iniciou com a chegada de Hitler ao poder em
1933).
Em 1920 uma pneumonia severa acamou Weber e levou-o à morte aos 56 anos de idade. Até então,
o sociólogo havia publicado apenas os livros A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905), Economia e
sociedade (1910) e A ciência como vocação (1917). Após a sua morte, Marianne Schnitger Weber, sua esposa,
realizou uma curadoria de sua obra e foi responsável pela publicação póstuma de um segundo volume
de Economia e sociedade (1921), A metodologia das ciências sociais (1922) e História econômica geral (1923).
1.6.3.2. Teoria, pensamentos e principais ideias de Max Weber
Os principais objetos de estudo de Weber na sociologia foram o capitalismo e o protestantismo,
levando o sociólogo a desenvolver uma sociologia da teologia. A visão weberiana do capitalismo era diferente da
visão marxista. Enquanto Marx via no capitalismo a exploração do proletariado pela burguesia, Weber encara-o
como o fruto de um ideal, o ideal do capitalismo. Como um ideal, o capitalismo promovia uma espécie de
racionalização do trabalho e do dinheiro, sendo sustentado pela prosperidade e pela capacidade cada vez maior
de gerar dinheiro.
Max Weber foi profundamente influenciado pela filosofia de Immanuel Kant sustentada pelo idealismo.
Para Kant, o plano das ideias e conceitos deveria pautar todo o trabalho filosófico, que partiria da prática para
chegar aos conceitos mais puros e a priori (anteriores a qualquer vivência material). Weber acreditava que o
capitalismo originava-se com um ideal, com um espírito, e a partir disso, esse sistema ia sendo construído na
prática. Com base nesse ideal, surgiu a noção de administração como ciência capaz de promover o crescimento
do capital.
Para escrever A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber leu o texto Conselho a um jovem
comerciante, de Benjamin Franklin. Com base nesse texto, que expressa a noção que ficou conhecida como um
bordão de Franklin, time is money (tempo é dinheiro), e da observação de nações europeias e dos Estados Unidos,
Weber elaborou a teoria que dizia que o capitalismo teria sido aprimorado com o protestantismo, em especial
o calvinista (em nações como a Inglaterra e os Estados Unidos). Para Franklin, o dinheiro deveria ser
movimentado e ampliado, e essa ampliação dava-se como ensinava a tradição calvinista, por meio do trabalho.
Para os calvinistas, havia uma noção de predestinação (trabalhada por Weber como hipótese a ser
considerada) que dizia que o homem já nascia predestinado ao paraíso ou ao inferno. A maneira de saber se
determinada pessoa iria para o céu era medir o seu sucesso no trabalho e a sua resistência ao pecado. Como
pecado, os calvinistas incluíam as diversões fúteis, como festas e luxo, além do ócio e da preguiça.
O homem de valor para os calvinistas era aquele que trabalhava muito, o máximo que o seu corpo
aguentasse, e não se entregava aos prazeres da vida, acumulando assim cada vez mais dinheiro. Para as outras
vertentes protestantes, há uma ideia geral bem semelhante a essa de valorização do trabalho e de fuga dos prazeres.
Isso fez com que Weber enxergasse a diferença de desenvolvimento econômico entre nações
predominantemente protestantes que se tornaram as maiores potências econômicas (Alemanha, Inglaterra e
Estados Unidos) e nações predominantemente católicas que não tiveram tanto crescimento econômico, como
Espanha, Portugal e Itália.
A ideia do teórico político e estadista estadunidense Benjamin Franklin estava sustentada no ideal
calvinista, e o aumento do dinheiro por meio do trabalho e da fuga do ócio e dos prazeres parecia ser uma
hipótese bem plausível para Weber, no sentido de medir o sucesso de uma pessoa. Era esperado de alguém que
conseguisse ganhar dinheiro multiplicá-lo para mostrar o seu valor pessoal e moral.
A ética, nesse sentido, era uma prática voltada para um modo de agir que fugisse de qualquer
distração e de qualquer pecado e que procurasse no trabalho o maior meio de chegar-se a Deus. Por isso Weber
ficou tão frustrado durante um tempo de sua vida em que não conseguia obter sua sustentação financeira e sentiu
vergonha do tempo em que foi acometido pela depressão e não conseguiu trabalhar.
1.6.3.3. Ação social de Max Weber
Para a metodologia sociológica, Weber contribuiu formulando a sua teoria da ação social. Segundo o
sociólogo, era necessário que o pesquisador fosse dotado de uma neutralidade axiológica, ou seja, de
uma neutralidade em relação ao seu objeto de estudo. Com base em uma análise neutra e imparcial, o sociólogo
deveria identificar as ações sociais dos sujeitos e classificá-las. Nisso, Weber discorda do método de Durkheim,
que visa buscar fatos sociais que se repetem em todas as sociedades e são invariáveis.
Para Weber, as ações individuais é que forneciam o material necessário para chegar-se a um estudo válido.
No entanto, por serem as ações sociais tão vastas e diversas, o sociólogo deveria buscar um padrão de
correção para que o seu trabalho tivesse uma validade científica e um respaldo metodológico.
Esse padrão de correção estava localizado no que Weber chamou de tipos ideais, que eram balizas para
estabelecer-se qualquer comportamento padrão. Como ideais, esses tipos são perfeitos e imutáveis, não existindo
na prática. Nessa se encontram as ações que poderiam afastar-se ou aproximar-se dos tipos ideais.
Weber separa e classifica as ações sociais em quatro tipos. São eles:
a) Ação social racional com relação a fins: é um tipo de ação pensada e calculada para atingir alguma
finalidade. Por exemplo, casar-se para constituir uma família. A ação social é o matrimônio e a finalidade dessa
ação é a constituição da família.
b) Ação social racional com relação a valores: é um tipo de ação social pensada e calculada para atingir
algum tipo de valor moral, ou visando como fundo a moralidade. Por exemplo, fazer o que a moral considera
certo, como não roubar.
c) Ação social tradicional: não é racional e nem calculada. Consiste numa forma de agir de acordo com a
tradição, respeitando o que a sociedade considera como o que deve ser feito. Retomando o exemplo do
matrimônio, seria casar-se porque a sociedade impõe o casamento como uma tradição que deve ser seguida.
d) Ação social afetiva: não é racional. Ela segue os afetos e as paixões, os sentimentos e as afecções. É o
tipo de ação motivada por sentimentos, como amor, paixão, medo.
No campo da teoria da sociologia política, Weber contribuiu com uma teoria da dominação, que fala dos
modos de poder existentes. Para o pensador, existem três tipos de poder ou dominação exercidos que lhes
conferem alguma legitimidade:
1. A dominação legal: ocorre por meio das leis. É o poder exercido por aqueles que a lei permitiu exercê-
lo, como os representantes dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, no caso de nossa República.
2. A dominação tradicional: justifica-se pela tradição. Por exemplo, em uma sociedade patriarcal, o pai
exerce o poder autoritário dentro da família e respalda-se na tradição para exercitá-lo.
3. A dominação carismática: é exercida por lideranças carismáticas, que têm o dom de atrair o apoio das
massas com seus discursos, como de maneira mágica. Temos vários exemplos desse tipo de liderança na história
mundial, como Hitler, Mussolini, Getúlio Vargas e Fidel Castro.
1.6.3.4. Influências de Max Weber
Vários são os pensadores que influenciaram a sociologia de Max Weber. Por ser um grande estudioso,
dedicado à leitura e à pesquisa, Weber pegou de empréstimo várias ideias para seus trabalhos. Podemos destacar
como centrais para sua obra os seguintes pensadores:
Friedrich Nietzsche: Embora a relação e a leitura de Weber e do filósofo alemão Nietzsche sobre o
cristianismo e a religião sejam completamente opostas, o sociólogo adotou uma noção de ciência e de história
muito próxima da filosofia nietzschiana, que não aceitava a história defendida pelos positivistas (baseada no fato
histórico simples e cru), mas buscava compreender as interpretações de pessoas na história e levava em
consideração a perspectiva sobre a verdade científica. (BRASIL ESCOLA UOL)
2. RELIGIÃO
Se por um lado a Sociologia é um importante recurso para o conhecimento dos “fatos religiosos”, também
não se pode esquecer que religião, como fenômeno social, interessa muito à teoria social (a).
A religião é constituída por crenças e práticas relacionadas a assuntos sagrados e que visam a ajudar
uma sociedade a compreender o significado e o propósito da vida. A religião busca responder a perguntas e a
explicar o que é aparentemente inexplicável. A religião tenta explicar por que as coisas acontecem e desmistificar
as ideias de nascimento e morte. A religião influencia a forma como as pessoas reagem aos ambientes onde vivem.
A religião sempre foi, e continua sendo, um elemento importante em praticamente toda sociedade. Há evidências
de que mesmo as mais antigas sociedades possuíam símbolos religiosos e praticavam cerimônias religiosas.
Evidentemente, o fato de que há diferentes religiões significa que há diferenças entre elas. Não obstante, a religião
é um elemento fundamental da sociedade e da experiência humana. (b)
Sob a perspectiva sociológica, não importa a opinião das pessoas sobre a religião. O que é importante é
conseguir estudar a religião de forma objetiva, por meio de seus contextos sociais e culturais. (b)
2.1. Definição
1) Religião (do latim religio, -onis) é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de
mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores
morais.
2) Religião é o sentimento de devoção a tudo que é considerado sagrado. Cada cultura desenvolve crenças
baseadas em princípios, doutrinas e livros sagrados.
3) Religião é uma palavra de origem latina (religio) e pode significar rigidez, releitura, reeleger e/ou religar.
Assim, a religião seria aquilo que nos religa ao sagrado.
4) A religião é um conjunto de símbolos e rituais que possuem significados amparados pela crença de um
grupo de fieis que se identificam com a organização religiosa.
5) O Aurélio assim define "religião":
1. Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada (s) como criadora(s) do Universo,
e que como tal deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s).
2. A manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios, que envolvem, em geral, preceitos
éticos [etc.].
2.2. As marcas de uma religião
Na obra The Encyclopedia of Philosophy ("Enciclopédia de Filosofia"), encontramos a descrição de nove
marcas da religião:
(1) a crença num ser ou seres sobrenaturais;
(2) a distinção entre objetos sagrados e profanos;
(3) atos rituais orientados para esses objetos;
(4) um código moral com sanção divina;
(5) sentimentos religiosos despertados por objetos ou rituais sagrados e relacionados, em teoria, com um
deus ou deuses;
(6) a oração;
(7) uma cosmovisão que engloba o lugar do indivíduo no mundo;
(8) a organização da vida ao redor dessa cosmovisão;
(9) um grupo social que é unificado pelas características acima.
2.3. Os tipos de religião.
2.3.1. Quanto à forma de surgimento
2.3.1.1. Sapiencial
2.3.1.2. Da revelação ou profética
2.3.2. Quanto à divindade adorada
2.3.2.1. Panteístas: as mais primitivas manifestações religiosas, não possuem livros sagrados,
divinizam elementos naturais como o vento, a água, o fogo, os animais, dentre outros.
2.3.2.2. Politeístas: “substituem” as panteístas quando os elementos divinos são personificados e
humanizados, havendo uma equivalência entre deidades femininas e masculinas nos cultos.
2.3.2.3. Ateístas: negam a existência de um ser central e supremo (o qual, para elas, seria o Vazio
ou um Não-Ser). Não creem em deuses personificados, mas acreditam em forças invisíveis, como fenômenos da
natureza inexplicáveis. Deste modo, prega-se a interdependência harmônica do Universo, equilibrado por meio
do Tao ou encontrado no Nirvana. São exemplos, o Budismo, na Índia e na China, o Taoísmo e o Confucionismo.
2.3.2.4. Monoteístas: são as religiões mais recentes e populares (cerca de 50% da população
mundial), possuem Livro Sagrado no qual está presente a verdade da Revelação Divina, onde se estabelece a
divindade soberana e eliminam-se adorações independentes. É curiosa a escassez de representações do Deus
supremo, enquanto as entidades menores (como os anjos) são muito retratadas. Outro detalhe é que o Deus único
(Hebreu, Cristão e Islâmico) são masculinos e absorveram os elementos femininos como a bondade.
3. SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
DURKHEIM, E. Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. Trad. Rogério Fernandes. São Paulo:
Martins fontes, 2001.
BATTAILLE, Georges. Teoria da Religião. Trad. Sérgio Góes de Paula e Viviane
de Lamare. São Paulo: Ed. Ática, 1993.
WEBER, M. Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Companhia
das Letras, 2004.
COMPLEMENTAR
BERGER, Peter L. Perspectivas sociológicas. Uma visão humanistica. Petrópolis, Vozes, 2002.
FILORAMO, Giovanni; PRANDI, Carlo. As ciências das religiões. Trad. José Maria
de Almeida. São Paulo: Paulus, 1999.
GIDDENS, A. Política, Sociologia e Teoria Social. Encontros com o pensamento social clássico e
contemporâneo. São Paulo: EdUNESP, 1998.
GEERTZ, Clifford. O saber local. Petrópolis: Vozes, 1998.
NOVA, Sebastião Vila. Introdução à sociologia. São Paulo: Atlas, 2000.
PEREIRA, Mabel Salgado; CAMURÇA, Marcelo Ayres (orgs.). Festa e religião:
imaginário e sociedade em Minas Gerais. Juiz de Fora: Templo Editora, 2003.
TEXEIRA, F. Sociologia da Religião. Petrópolis: Vozes, 2003.
WACH, J. Sociologia da Religião. São Paulo: Paulinas, 1990.
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/sociologia
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/karl-marx.htm
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/emile-durkheim.htm
https://brasilescola.uol.com.br/biografia/max-weber.htm
https://www.educabras.com/enem/materia/sociologia/aulas/a_religiao
https://www.youtube.com/watch?v=m_IohjoM0F4&list=PLfXZOxMtgjFA40QjZsDq3U7OMmvyJ95YA
https://listadelivros-doney.blogspot.com/2018/03/neopentecostais-sociologia-do-novo.html