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AUTORIA
Flávio Donizete Batista
Bem vindo(a)!
Obviamente não será possível abordar todos os itens que envolvem a vida em
sociedade e que são estudados pela Sociologia. Mas será uma importante
oportunidade para iniciarmos nossos estudos sociológicos, e nos despertará para
novas leituras e pesquisas, cientes de que sempre há ainda muito a aprender.
Unidade 1 Unidade 2
O pensamento sobre a sociedade: O pensamento clássico e
breve resgate histórico contemporâneo da sociologia
Unidade 3 Unidade 4
Cultura e sociedade Política e poder
O pensamento sobre a
sociedade: breve resgate
histórico
AUTORIA
Flávio Donizete Batista
Sumário
Introdução
3 - O Iluminismo e o Liberalismo
Considerações Finais
Introdução
Todos nós vivemos em sociedade, e até o mais remoto ermitão é um ser humano que
já foi socializado e optou pelo isolamento da sociedade. Entretanto, isolamento
individual não é isolamento da sociedade. O mero ato de pensar é um ato social;
aprender a linguagem é uma ato social. Embora qualquer um de nós venha ao
mundo com a capacidade de aprender línguas, só as aprendemos em contato com o
mundo social. Essa constatação simples, “vivemos em sociedade”, deu origem a
muitas re exões sobre o lugar do indivíduo no mundo.
Plano de Estudo:
1. A sociologia: antecedentes na história
2. Os gregos e as origens do pensamento cientí co
3. O Renascimento e as novas formas de pensar a sociedade
4. Maquiavel e a emergência da Ciência Política
5. O iluminismo e o liberalismo
6. O positivismo de Auguste Comte e a Sociologia
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer os precursores do pensamento sobre a sociedade.
2. Compreender o processo de desenvolvimento histórico da ciência social.
3. Estabelecer relações entre os momentos históricos e a forma de pensar a
sociedade.
A Sociologia: antecedentes na
história
A Sociologia resultou de um movimento de ideias que teve início com os gregos
antigos e foi retomado no Renascimento. Segundo Costa (2016), grandes mudanças
na sociedade ocidental - desenvolvimento do capitalismo, do colonialismo, das
ciências e da tecnologia - levaram os pensadores a se afastar da visão religiosa do
mundo da época e a analisar crítica e objetivamente a vida social. Escreve a autora:
Para que esse novo sistema tivesse pleno desenvolvimento, era preciso transformar a
sociedade europeia, ainda presa aos princípios feudais, promovendo uma cultura
voltada à prosperidade material, à felicidade terrena e à vida pública, princípios que
regiam algumas sociedades da Antiguidade. Por isso, os pensadores renascentistas
buscaram no passado as suas fontes de inspiração para a nova cultura, especialmente
na cultura antiga e na herança greco-romana. Nesta cultura antiga, seriam
encontrados elementos contrários à cultura medieval - calcada na religião e numa
mentalidade conservadora do ponto de vista moral e social, a qual dividia os seres
humanos em linhagens, regiões, dinastias e relações servis. Isso explica por que esse
período foi chamado de renascimento pelos historiadores, pois promoveu o renascer
do comércio e da vida na polis.
SAIBA MAIS
ATENÇÃO
Costa (2016) lembra que foi assim que, depois de séculos de re exão losó ca e de
um mundo convulsionado por intensas transformações, chegamos à formação de um
campo de conhecimento que tem por objeto de estudo a vida em sociedade.
Propondo-se a um estudo
sistemático das relações humanas
em coletividade, a Sociologia
permite identi car aquilo que, além
das circunstâncias físicas e naturais,
além do caráter ou da psiquê dos
interagentes , in uencia o
comportamento dos seres humanos
em sociedade.
@wikimedia
SAIBA MAIS
Fonte: CHAUÍ, Marilena. Convite à loso a. São Paulo: Ática, 1994, p. 59.
Livro
Filme
Web
O pensamento clássico e
contemporâneo da
sociologia
AUTORIA
Flávio Donizete Batista
Sumário
Introdução
2 - Émile Durkheim
3 - Karl Marx
4 - Max Weber
Considerações Finais
Introdução
O que é essa coisa chamada “o social” que os sociólogos estudam? Podemos dizer
que o social é o ponto de partida. Muitas pessoas preferem ver a vida humana como
algo biológico, individual, econômico ou religioso, mas para os sociólogos, o ponto de
partida sempre está em tudo o que é ser social. Essa é uma ideia com vários
signi cados. E queremos em nosso estudo aprender como a Sociologia encara e
relaciona esses mesmos signi cados para, ao nal, compreender como o homem vive
em sociedade.
Vejam quantas perguntas. Talvez não demos conta de todas nesse estudo. Mas é esta
busca pela compreensão cada vez maior de nossa própria vida em sociedade que
estamos dando continuidade na unidade que se inicia. E que busquemos sempre
mais conhecimentos sobre nossa vida em sociedade.
Objetivos de Aprendizagem:
1. Compreender o conceito de Sociologia.
2. Conhecer qual seu objeto a partir de seus teóricos.
3. Conhecer o pensamento dos clássicos e dos contemporâneos da Sociologia.
O que é Sociologia e qual seu
objeto?
Sociologia é a ciência que estuda as relações sociais, as instituições sociais e a
sociedade. É, pois, uma ciência social que dispõe de um conjunto acumulado de
conhecimentos e que se propõe a fornecer respostas acerca do ser humano. Gil (2011)
acrescenta que a Sociologia não estuda a ação das pessoas isoladamente, mas trata
das atitudes e dos comportamentos das pessoas como situações coletivas, que
podem ser explicadas pelas relações que estabelecem entre si.
O interesse da Sociologia são as situações cujas causas não são buscadas nas
personalidades individuais, mas sim na sociedade, nos grupos sociais ou nas relações
que se estabelecem entres seus membros. Assim, o objeto da Sociologia - ou seja,
aquilo que ela estuda - são as relações que as pessoas estabelecem entre si na
sociedade: cooperação, competição, con ito, interdependência.
Fatos sociais
Durkheim acredita que o objeto da Sociologia é o fato social, que ele de ne como
formas de agir, pensar e sentir que são externas ao indivíduo e a ele se impõem, mas
que orientam seu comportamento, muitas vezes sem que ele perceba que está sendo
in uenciado. Falar o idioma de um país onde nascemos é, por exemplo, um fato social
- não depende de nossa escolha nem de nossa vontade e impõe-se à nossa maneira
de agir, com uma força externa a nós.
Para explicar melhor, Costa (2016) escreve que aprender o idioma e nos expressarmos
por intermédio dele, resulta do poder coercitivo dos fatos sociais sobre nosso
comportamento e nossa forma de ser. Da mesma forma, os hábitos alimentares e a
maneira de se vestir, em dada sociedade, impõem-se a nós, independentemente de
nossa vontade. Já encontramos esses fatos formulados ao nascer e a ele nos
adaptamos. Para compreender como as forças sociais atuam, o sociólogo precisa
analisar as manifestações e as regularidades dos fatos sociais, pois, em si mesmos,
eles são inapreensíveis. Daí a importância das estatísticas, que são uma forma de os
fatos sociais se tornarem evidentes ao pesquisador.
Durkheim a rma que os fatos sociais
são uma força exterior ao indivíduo.
Gil (2011) lembra que as maneiras de
agir e sentir são exteriores às pessoas,
pois constituem herança própria da
sociedade, que são transmitidas de
geração para geração e atuam sobre
elas independentemente de sua
adesão consciente. O exemplo acima
do uso de um idioma também se
refere a essa característica dos fatos
sociais.
Fonte: https://pt.slideshare.net/98698999/mile-durkheim-54363064
Para ele, as principais forças da vida social estavam nas tradições e nos costumes que
alicerçam os deveres de uns para com os outros, como membros de uma mesma
comunidade. Três instituições colaboram para intensi car essas integrações: a família,
o Estado e as corporações pro ssionais, assim como as leis, que costuram e
legitimam direitos, deveres e reciprocidades.
Em sua obra A Ideologia Alemã, de 1845, escrita em parceria com Friedrich Engels,
Marx sintetiza a dinâmica da vida em sociedade da seguinte forma: os homens
produzem suas representações e suas ideias sobre as relações sociais em que vivem
concretamente. Esse conjunto de relações de produção que os homens estabelecem
para sobreviver é a base econômica da sociedade sobre a qual se assenta o aparato
de relações de natureza política, jurídica, cientí ca, religiosa, etc.. É o que Marx
denomina modo de produção.
Essa é uma realidade histórica e, portanto, mutável. A forma com que os homens
produzem socialmente sua sobrevivência material se acha condicionada por
determinado desenvolvimento das forças produtivas e pelas relações que a elas
correspondem. Assim, o processo da história tem sido explicado como uma sucessão
de diferentes modos de produção - o primitivo, o asiático, o escravista, o feudal, o
capitalista -, cada qual com suas relações sociais. Marx dedicou-se ao estudo das
transformações sociais e econômicas de cada período histórico. Analisou a Revolução
Industrial e percebeu de que forma os artesãos, aos poucos, faliram, por causa da
concorrência com a produção em massa, que barateava os produtos e contava com
muitos recursos tecnológicos. Foram, então, obrigados a trabalhar nas manufaturas
que dominaram a produção de bens, ganhando salários cujo valor era vinculado não
à riqueza produzida pelo seu trabalho, mas ao tempo e à força de trabalho
despendidos na produção.
Karl Marx, escreve Araújo (2013), a partir da realidade estudada produz uma teoria da
acumulação tomando as características das relações de produção na sociedade
capitalista - entendida como relações entre proprietários e não proprietários dos
meios de produção. Basicamente, esta teoria explica como ocorre o crescimento do
capital na sociedade capitalista. Na medida em que o trabalhador aluga a sua força
de trabalho ao capital para produzir, ou seja, transforma os meios materiais de
produção em mercadorias com o seu trabalho, não recebe o que lhe é devido. Esse
“valor a mais” que ele produz é apropriado pelo capitalista. Assim, em contínuo
movimento, cresce o capital, o conjunto dos meios de produção, não só em volume,
mas também em nível técnico e tecnológico.
@wikimedia
Para entendermos como Weber desenvolveu suas análises da vida social é preciso
dizer que, ao contrário de seus antecessores, ele não opõe indivíduo e sociedade, mas
os integra em uma ação social, um dos conceitos teóricos mais importantes de sua
obra. Para ele, uma ação social é uma ação orientada por um agente social (um ser
humano), que lhe dá sentido, ou seja, uma motivação subjetivamente elaborada. Essa
ação é orientada em função de alguém (outro ser humano) de que o agente espera
resposta ou reciprocidade. A motivação da ação encontra sua causa tanto no contexto
histórico em que se realiza como na subjetividade de que têm a iniciativa da ação.
Como se percebe, o indivíduo, agente de uma ação, é categoria relevante da ação
social. Buscar o motivo que guia a ação de uma pessoa é um dos principais objetivos
da investigação.
Por exemplo, explica Costa (2016), se uma pessoa se dirige a alguém na rua para
pedir-lhe informação, põe em prática uma ação social, cujo sentido é dado pela sua
motivação - obter orientação. Quando uma pessoa perguntada responde,
oferecendo-lhe para ajudar aquele que busca informação ou, ao contrário, negando-
se a orientá-lo, estabelece com ele uma relação social, ou seja, uma ação recíproca. Os
sentidos das ações e das relações sociais dependem do contexto. Ou seja, a rua pode
ser perigosa, fazendo com que o perguntado tenha medo de falar com estranhos. Em
outras palavras, a ação social e a relação social dependem de fatores pessoas e
externos, como a educação ou o medo de estranhos, além das circunstâncias
históricas.
Para Weber, há diferentes tipos de ação social, que podem ser classi cadas, de acordo
como o modo com que os indivíduos orientam suas ações, em:
compreender o que
dá sentido à ação
social. O que implica
admitir que as ideias
coletivas, como
Estado, as religiões e o
mercado econômico,
só existem porque
muitos indivíduos
orientam
reciprocamente suas
ações num
determinado sentido e
estabelecem relações
sociais que são
mantidas
continuamente pelas
atitudes individuais
(GIL, 2011, p. 33).
@wikimedia
REFLITA
Filme
Web
Cultura e sociedade
AUTORIA
Flávio Donizete Batista
Sumário
Introdução
3 - Diversidade Cultural
Considerações Finais
Introdução
Olá, prezado estudante. Olá, prezada estudante.
Plano de Estudo:
1. Os sentidos da palavra cultura.
2. Cultura, etnocentrismo e relativismo cultural.
3. Diversidade cultural.
4. Diversidade cultural na sociedade brasileira.
5. Mudanças culturais na sociedade.
6. A sociedade do espetáculo: cultura de massa
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conceituar cultura e perceber suas variações.
2. Entender a diversidade cultural como sinal de riqueza das sociedades.
3. Promover a prática do respeito diante das muitas diferenças culturais,
superando todo preconceito e discriminação.
Os sentidos da palavra cultura
A palavra cultura vem do latim colere, que signi ca o cultivo da terra, ou seja, a
agricultura. Com o tempo, por força da capacidade metafórica da linguagem
humana, isto é, da capacidade de desprender-se do que é concreto e material para se
referir ao que é imaterial e abstrato, o termo cultura passou a designar aquilo que se
cultiva mentalmente, não mais semeando apenas a terra, mas também o espírito.
Assim, por exemplo, atividades de cunho religioso, como as preces, que se faziam
para obter uma melhor colheita, também passaram a fazer parte da cultura (COSTA,
2016).
Geralmente, quando falamos de cultura, a primeira ideia que nos vem à mente é algo
relacionado ao teatro, à música, à literatura, à pintura, à escultura e a outras áreas das
artes. Mas também são considerados como elementos culturais de grande relevância
as festas tradicionais, as lendas, o folclore e os costumes de um povo. Seu signi cado
abrange ainda os meios de comunicação de massa, como a televisão, o rádio, a mídia
impressa, a internet, o cinema, etc. cultura, portanto, não se resume só às
manifestações artísticas, às tradições e aos hábitos de uma dada coletividade. Na
Sociologia e na Antropologia, o conceito de cultura também está relacionado aos
conhecimentos, às ideias e às crenças de uma sociedade e/ou das diversas
sociedades.
Silvia Araújo (2011) escreve que o termo cultura foi aplicado em português por
bastante tempo como sinônimo de erudição, mas não existe diferença em termos de
importância entre a chamada “alta cultura” e as expressões culturais populares, pois
ambas (cada uma a seu modo) são criadas e cultivadas pela participação efetiva do
ser humano na sociedade. Assim podemos conceber cultura como a totalidade de
conhecimentos, crença e expressão emocional, à qual se somam as regras
estabelecidas, os hábitos, comportamentos e habilidades adquiridas no convívio dos
membros de uma sociedade.
Para Boas, as diferentes populações que existem no mundo têm diferentes culturas e
é praticamente impossível estabelecer entre elas qualquer tipo de hierarquia, uma
vez que cada povo tem sua história particular, preenchidas por interesses tão
diferentes, que qualquer comparação só seria possível se fosse utilizada uma medida
de análise, que seria sempre arbitrária. Ou seja, a comparação para estabelecer uma
hierarquia sempre deveria adotar algum critério, tomado de alguma população, e
nesse processo a própria comparação seria injusta.
CONCEITUANDO
Igor Machado (2014) lembra que assim, Boas inaugurava o que mais
tarde cou conhecido como relativismo cultural: uma tomada de
posição perante a diferença cultural, segundo a qual cada cultura deve
ser avaliada apenas em seus próprios termos. Portanto, é uma forma de
encarar a diversidade sem impor valores e normas alheios. Podemos
considerar o relativismo uma inversão do evolucionismo: se este escalona
as diferenças a partir de valores especí cos das sociedades ocidentais, o
relativismo evita qualquer tipo de escala, analisando as diferenças
segundo os termos da própria sociedade da qual fazem parte.
Tantas são as culturas quantos são os povos, os grupos sociais e as etnias existentes.
Para além da diversidade de culturas, as relações entre as diferentes culturas são
marcadas pela desigualdade. Os interesses e as visões de mundo são distintos,
gerando tensões no âmbito das sociedades e certa hierarquização entre os povos e
nações decorrentes de disputas de fundo político e econômico. Essa diferenciação
social está explicitada, muitas vezes, na busca por emprego, nos diferentes locais de
moradia, na necessidade de povos se deslocarem e/ou se abrigarem em
acampamentos. Esses são apenas exemplos de con itos de interesses que podem
implicar a luta por espaço físico e cultural com os quais os grupos sociais se
identi cam culturalmente.
Araújo (2013) lembra que a interação social gera novas formas de identidade cultural.
A consciência de pertencer a determinado grupo social - seja por caracteres comuns
de gênero ou de origem étnica, seja por interesses especí cos, pro ssão, atividades
realizadas, crenças e costumes semelhantes - aproxima os indivíduos em
determinada sociedade, levando à formação de agrupamentos de diversos tamanhos.
Nesse sentido, a identidade cultural é aquela marca característica de um grupo social
que partilha um ideal, valores, costumes e comportamentos formados ao longo da
sua história.
É a partir de nossa identidade
cultural que construímos a ideia de
“eu”, “nós” e “outros” . A forma como
o fazemos muitas vezes constrói
fronteiras sociais ligadas à classe
socioeconômica, à raça, ao gênero,
ou mesmo a outros fatores como o
bairro onde moramos, os programas
de TV de que gostamos, ou tipo de
roupa que preferimos, etc. Por meio
destes e de muitos outros elementos
combinados, identi camos
“semelhantes” e “outros” nas pessoas
com quem compartilhamos a vida
social. Algumas dessas fronteiras
sociais, aliadas a tendências
etnocêntricas que reproduzimos até
hoje - embora tenham sido mais
populares antes do século XX -,
formavam as chamadas “teorias”
sociais racistas.
@ freepik
De fato, com a globalização emergiu o debate sobre “a cultura global”. Alguns autores
consideram que a globalização levaria à homogeneização cultural. No entanto, as
relações em sociedade são mais complexas. Não podemos a rmar que há uma
cultura global de modo de nitivo nem que a globalização padronizou os povos
culturalmente, já que estes se apropriam da “cultura global” de várias formas. Sobre a
tentativa de homogeneização da cultura e os movimentos de resistência, Araújo
escreveu:
As minorias sociais não são de nidas pela questão numérica, mas pelas di culdades
impostas a esses grupos no acesso às instâncias de poder e pela situação
discriminatória e excludente em que se encontram. Por exemplo, o número de
indivíduos que se consideram negros e pardos no Brasil, segundo o IBGE,
corresponde proporcionalmente à população que se diz branca. Entretanto, se
comparados aos brancos, apresentam reduzida presença em funções socialmente
mais valorizadas e com melhores salários. Colocadas em situações como essas,
sobretudo por fatores históricos, tais minorias enfrentam di culdades em manter ou
melhorar sua condição socioeconômica e em expressar suas tradições culturais.
CONCEITUANDO
Entretanto, apesar de seu sucesso, muitos autores viram com descon ança o poder
que os meios de comunicação e a indústria cultural conquistaram entre as pessoas e
passaram a questionar sua legitimidade. Cientistas sociais alertaram para os
malefícios de se deixar guiar pelo poder manipulador da cultura de massa. Costa
escreve que um deles, “Guy Débord, em suas críticas à indústria cultural, chamou a
sociedade contemporânea, na qual se dá sua máxima expansão, de sociedade do
espetáculo” (2016, p.179).
Hoje, o rádio, a televisão, o cinema e,
mais recentemente, a internet,
absorvem a atenção de todos, e
levam à decadência as famílias
circenses tradicionais, superando um
tempo em que o circo foi relevante
diante do pouco entretenimento nas
cidades mais distantes da capital e
representava a grande possibilidade
de consumo cultural.
Araújo (2013) diz ser a cultura fruto do empenho acumulado de diversas gerações e
de vários grupos sociais que dela participam de diferentes formas - produzem,
compartilham e reproduzem cultura, em seus aspectos materiais e imateriais. A
cultura é um trabalho de muitas gerações.
REFLITA
(MACHADO, Igor José de Renó. Sociologia Hoje. São Paulo: Ática, p. 49,
2014.).
Livro
Filme
Web
Política e poder
AUTORIA
Flávio Donizete Batista
Sumário
Introdução
1 - Política e poder
2 - Estado e sociedade
3 - Estado e governos
5 - Poder e autoridade
Considerações Finais
Introdução
Prezados estudantes:
Essa sobre discussão sobre política e poder teve início há muitos séculos e continua
ainda hoje despertando em nós o interesse para conhecer como se dão essas
relações e como toda a sociedade é in uenciada pelos seus desdobramentos.
Plano de Estudo:
1. Política e poder
2. A liderança nos grupos humanos
3. O espaço público como uma construção grega
4. Sobre a liderança e o poder
5. Estado e sociedade
6. Concepções de Estado e sociedade civil moderna
7. O que é o Estado?
8. Estado e Governos
9. Partidos políticos e o quadro partidário no Brasil
10. Perspectivas teóricas acerca da política: funcionalista e do con ito
11. Poder e autoridade
Objetivos de Aprendizagem:
1. Conhecer as relações de poder existentes na sociedade.
2. Entender o que e o Estado moderno.
3. Estabelecer distinções entre Estado e Governo.
4. Compreender a importância do sistema democrático para nosso sistema
político.
Política e poder
A democracia grega, entretanto, não tinha ainda o signi cado que o regime veio a ter
na modernidade. Era um sistema no qual as decisões políticas eram tomadas pelo
voto direto dos cidadãos, conjunto formado por proprietários de terras, artí ces,
militares e comerciantes enriquecidos. Escravos, estrangeiros, camponeses e
mulheres estavam excluídos da cidadania. Por esse conjunto corresponder, na
realidade, a um pequeno número de pessoas (estima-se em cerca de 10% da
população), a votação podia ser direta - cada cidadão expunha oralmente suas ideias
e levantava a mão para votar nas assembleias populares.
SAIBA MAIS
O pensador alemão Jürgen Habermas (COSTA, 2016) considera que o espaço público,
com o signi cado atual de espaço coletivo e compartilhado por todos, nasceu com a
democracia grega. Tal espaço distingue-se do espaço doméstico, privado e íntimo,
onde se dá o trabalho e a reprodução da vida. No espaço público, na Ágora, se dá a
práxis ou ação sobre a vida coletiva, os acordos, a luta e a guerra.
Essa novidade não parou de crescer e constituiu uma das instâncias signi cativas das
sociedades moderna e contemporânea que, sucessivamente, revisitam o passado em
busca de transparência, legitimidade e justiça social (COSTA, 2016).
Estado e sociedade
Desde a Idade Moderna, o exercício do poder político legítimo é considerado em
nossa sociedade uma atividade própria do Estado. Um dos primeiros estudiosos a
fornecer as bases para essa concepção foi o historiador e diplomata italiano Nicolau
Maquiavel (1469-1527). Dando conselhos ao governante para que fosse temido pelos
governados, Maquiavel também adverte que ele não pode ser odiado. Vê-se então,
desde essa época, a ideia de que, para aceitar a dominação, a sociedade precisa
considerá-la legítima (ARAÚJO, 2013).
Hoje, pode-se a rmar que o Estado tem como função assegurar, por meio de políticas
públicas, certas condições de vida que a sociedade considera necessárias à
população. Não há, no entanto, unanimidade quanto ao papel dessa instituição social,
tampouco quanto às interpretações teóricas a respeito dele. É fato que esse é um
tema controverso.
En m, o que é o Estado?
Não há uma visão única sobre a resposta a essa pergunta. Na interpretação do
lósofo alemão Friderich Engels (1820-1895), o Estado é um produto da sociedade e
seu papel é amortecer os con itos sociais, evitar os choques entre as classes e, de
certo modo, assegurar a reprodução do sistema social (ARAÚJO, 2013).
Já o lósofo político grego Nicos Poulantzas (1936-1979) pensa o Estado como uma
relação de forças, uma relação de poder entre as classes sociais e no próprio interior
delas. Para Louis Althusser (1918-1990), lósofo francês, o Estado é composto por
aparelhos ou instituições sociais (como é o caso do exército, da administração, do
sistema judiciário e do aparato da polícia) e tem por função a repressão, ou seja, a
manutenção da ordem social. Esta, por sua vez, é moldada por interesses da classe
dominante, que faz com que o Estado esteja ao seu serviço (ARAÚJO, 2013).
O papel social dos partidos na formação política vem se alterando pela crise das
ideologias e pela fragmentação das classes sociais, entre outros fatores. Ainda assim,
é difícil imaginar uma democracia sem partidos.
Perspectivas teóricas acerca da
política
Algumas das mais antigas questões formuladas acerca da constituição das
instituições políticas são as que se referem a como o estado-nação se tornou uma
sociedade coesa e como uma nação desenvolve leis que unem sua população, criam
uma sociedade organizada, conferem autoridade ao governante e restringem a
necessidade do uso da força física. Respostas a essas questões têm sido oferecidas
por sociólogos vinculadas a duas perspectivas: à teoria funcionalista e à teoria do
con ito (GIL, 2011).
Perspectiva funcionalista
Para os funcionalistas, segundo Gil (2011), as sociedades se constroem com base num
sistema de valores. As democracias ocidentais, por exemplo, fundamentam-se em
valores como trabalho, realização, oportunidades iguais e liberdade de construir seu
próprio destino. Estes valores, por sua vez, são aprendidos pelas crianças no âmbito de
sua família e das demais instituições sociais e passados para as gerações seguintes.
CONCEITUANDO
Vemos que o poder não pode ser compreendido como uma via de mão única. Ele
depende da legitimidade da dominação; ou seja, é preciso que esta seja aceita pelos
dominados para que se mantenha (ARAÚJO, 2013).
Em uma visão mais alargada, o lósofo francês Michel Foucault (1926-1984) destaca
que o poder se encontra em todas as relações sociais, e não apenas no Estado. Assim,
o poder está presente na microrrelações: na família (onde existe a autoridade do pai e
da mãe), na sala de aula (na relação entre professor e aluno), nas instituições
religiosas (com a autoridade do padre, do pastor ou de outros líderes em relação aos
seus éis), nas relações de gênero (entre homens e mulheres), etc. (ARAÚJO, 2013).
REFLITA
Filme
Web
Conclusão
Que esses pontos estudados e tantos outros que, por questões óbvias de espaço e
tempo tiveram que car de fora desse estudo, possam ser buscados oportunamente
para a continuidade do estudo da Sociologia. Isso porque não podemos nos
esquecer que sempre há muito ainda para aprender.