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História da sociologia

A sociologia surgiu do pensamento iluminista, pouco tempo após a Revolução Francesa,


como uma ciência da sociedade positivista. Análise social, entretanto, tem origem no
estoque comum do conhecimento ocidental e necessariamente é anterior a essa área. A
sociologia acadêmica moderna surgiu como um reação à modernidade, capitalismo,
urbanização, racionalização, e secularização, carregando um forte interesse específico
na emersão do moderno estado-nação; suas instituições constituintes, suas unidades de
socialização, e seus meios de vigilância. Uma ênfase no conceito de modernidade, em
vez de no de iluminismo, geralmente distingue o discurso sociológico daquele da
filosofia política clássica.[1]

Como ciência, a Sociologia tem de obedecer aos mesmos princípios gerais válidos para
todos os ramos de conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos
sociais quando comparados com os fenômenos de natureza e, consequentemente, da
abordagem científica da sociedade. De acordo com GIANNOTI (IN VALENTIM,
2010): "A Sociologia estuda a sociedade, onde os seres vivos se unem por laços
independentes de seus organismos. A Sociologia é vista por Comte como "o fim
essencial de toda a filosofia positiva".

Referências

1. Harriss, John. The Second Great Transformation? Capitalism at the End of the
Twentieth Century in Allen, T. and Thomas, Alan (eds) Poverty and
Development in the 21st Century', Oxford University Press, Oxford. p. 325.

Sociologia

Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade,
ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que
interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na
sua singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-
metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los,
analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes
sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.

Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos.


Cobrindo todas as áreas do convívio humano — desde as relações na família até a
organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o
comportamento religioso —, a Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de
intensidade, a diversas outras áreas do saber. Entretanto, o maior interessado na
produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente é o Estado,
normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica.

Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de
pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da
Sociologia transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada
vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus
conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento
de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas
múltiplas relações sociais e, consequentemente, de si mesmas como seres
inevitavelmente sociais.

A Sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo nas


relações sociais para daí formular generalizações teóricas; e também se interessa por
eventos únicos sujeitos à inferência sociológica (como, por exemplo, o surgimento do
capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), procurando explicá-los no seu significado
e importância singulares.

A Sociologia surgiu como uma disciplina no século XVIII, na forma de resposta


acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo está ficando mais integrado, a
experiência de pessoas do mundo é crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos
não só esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também desenvolver um
"antídoto" para a desintegração social.

Hoje os sociólogos pesquisam macroestruturas inerentes à organização da sociedade,


como raça ou etnicidade, classe e gênero, além de instituições como a família; processos
sociais que representam divergência, ou desarranjos, nestas estruturas, inclusive crime e
divórcio. E pesquisam os microprocessos como relações interpessoais.

Sociólogos fazem uso frequente de técnicas quantitativas de pesquisa social (como a


estatística) para descrever padrões generalizados nas relações sociais. Isto ajuda a
desenvolver modelos que possam entender mudanças sociais e como os indivíduos
responderão a essas mudanças. Em alguns campos de estudo da Sociologia, as técnicas
qualitativas — como entrevistas dirigidas, discussões em grupo e métodos etnográficos
— permitem um melhor entendimento dos processos sociais de acordo com o objetivo
explicativo.

Os cursos de técnicas quantitativas/qualitativas servem, normalmente, a objetivos


explicativos distintos ou dependem da natureza do objeto explicado por certa pesquisa
sociológica: o uso das técnicas quantitativas é associado às pesquisas macro-
sociológicas; as qualitativas, às pesquisas micro-sociológicas. Entretanto, o uso de
ambas as técnicas de coleta de dados pode ser complementar, uma vez que os estudos
micro-sociológicos podem estar associados ou ajudarem no melhor entendimento de
problemas macro-sociológicos.

História

 Émile Durkheim
 Gilberto Freyre
 Karl Marx
 Vilfredo Pareto
 Georg Simmel
 Ferdinand Tönnies
 Max Weber

A Sociologia é uma área de interesse muito recente, mas foi a primeira ciência social a
se institucionalizar. Antes, portanto, da Ciência Política e da Antropologia.
Em que pese o termo Sociologie tenha sido criado por Auguste Comte (em 1838), que
esperava unificar todos os estudos relativos ao homem — inclusive a História, a
Psicologia e a Economia. Montesquieu também pode ser encarado como um dos
fundadores da Sociologia - talvez como o último pensador clássico ou o primeiro
pensador moderno.

Em Comte, seu esquema sociológico era tipicamente positivista, (corrente que teve
grande força no século XIX), e ele acreditava que toda a vida humana tinha atravessado
as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender este
progresso, poderia prescrever os "remédios" para os problemas de ordem social.

As transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas no século XVIII, como as


Revoluções Industrial e Francesa, colocaram em destaque mudanças significativas da
vida em sociedade com relação a suas formas passadas, baseadas principalmente nas
tradições.

A Sociologia surge no século XIX como forma de entender essas mudanças e explicá-
las. No entanto, é necessário frisar, de forma muito clara, que a Sociologia é datada
historicamente e que o seu surgimento está vinculado à consolidação do capitalismo
moderno.

Esta disciplina marca uma mudança na maneira de se pensar a realidade social,


desvinculando-se das preocupações especulativas e metafísicas e diferenciando-se
progressivamente enquanto forma racional e sistemática de compreensão da mesma.

Assim é que a Revolução Industrial significou, para o pensamento social, algo mais do
que a introdução da máquina a vapor. Ela representou a racionalização da produção da
materialidade da vida social.

O triunfo da indústria capitalista foi pouco a pouco concentrando as máquinas, as terras


e as ferramentas sob o controle de um grupo social, convertendo grandes massas
camponesas em trabalhadores industriais. Neste momento, se consolida a sociedade
capitalista, que divide de modo central a sociedade entre burgueses (donos dos meios de
produção) e proletários (possuidores apenas de sua força de trabalho). Há paralelamente
um aumento do funcionalismo do Estado que representa um aumento da burocratização
de suas funções e que está ligado majoritariamente aos estratos médios da população.

O desaparecimento dos proprietários rurais, dos artesãos independentes, a imposição de


prolongadas horas de trabalho, e etc., tiveram um efeito traumático sobre milhões de
seres humanos ao modificar radicalmente suas formas tradicionais de vida.

Não demorou para que as manifestações de revolta dos trabalhadores se iniciassem.


Máquinas foram destruídas, atos de sabotagem e exploração de algumas oficinas,
roubos e crimes, evoluindo para a criação de associações livres, formação de sindicatos
e movimentos revolucionários.

Este fato é importante para o surgimento da Sociologia, pois colocava a sociedade num
plano de análise relevante, como objeto que deveria ser investigado tanto por seus novos
problemas intrínsecos, como por seu novo protagonismo político já que junto a estas
transformações de ordem econômica pôde-se perceber o papel ativo da sociedade e seus
diversos componentes na produção e reprodução da vida social, o que se distingue da
percepção de que este papel seja privilégio de um Estado que se sobrepõe ao seu povo.

O surgimento da Sociologia prende-se em parte aos desenvolvimentos oriundos da


Revolução Industrial, pelas novas condições de existência por ela criada. Mas uma outra
circunstância concorreria também para a sua formação. Trata-se das modificações que
vinham ocorrendo nas formas de pensamento, originada pelo Iluminismo. As
transformações econômicas, que se achavam em curso no ocidente europeu desde o
século XVI, não poderiam deixar de provocar modificações na forma de conhecer a
natureza e a cultura.

Correntes sociológicas

Porém, a Sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação teórico-metodológica


dominante. Ela traz diferentes estudos e diferentes caminhos para a explicação da
realidade social. Assim, pode-se claramente observar que a Sociologia tem ao menos
três linhas mestras explicativas, fundadas pelos seus autores clássicos, das quais podem
se citar, não necessariamente em ordem de importância: (1) a positivista-funcionalista,
tendo como fundador Auguste Comte e seu principal expoente clássico em Émile
Durkheim, de fundamentação analítica; (2) a sociologia compreensiva iniciada por Max
Weber, de matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva; e (3) a linha de
explicação sociológica dialética, iniciada por Karl Marx, que mesmo não sendo um
sociólogo e sequer se pretendendo a tal, deu início a uma profícua linha de explicação
sociológica.

Estas três matrizes explicativas, originadas pelos seus três principais autores clássicos,
originaram quase todos os posteriores desenvolvimentos da Sociologia, levando à sua
consolidação como disciplina acadêmica já no início do século XX. É interessante notar
que a Sociologia não se desenvolve apenas no contexto europeu. Ainda que seja
relativamente mais tardio seu aparecimento nos Estados Unidos, ele se dá, em grande
medida, por motivações diferentes que as da velha Europa (mas certamente influenciada
pelos europeus, especialmente pela sociologia britânica e positivista de Herbert
Spencer). Nos EUA a Sociologia esteve de certo modo "engajada" na resolução dos
"problemas sociais", algo bem diverso da perspectiva acadêmica europeia,
especialmente a teuto-francesa. Entre os principais nomes do estágio inicial da
sociologia norte-americana, podem ser citados: William I. Thomas, Robert E. Park,
Martin Bulmer e Roscoe C. Hinkle.

A Sociologia, assim, vai debruçar-se sobre todos os aspectos da vida social. Desde o
funcionamento de estruturas macrossociológicas como o Estado, a classe social ou
longos processos históricos de transformação social ao comportamento dos indivíduo
num nível micro-sociológico, sem jamais esquecer-se que o homem só pode existir na
sociedade e que esta, inevitavelmente, lhe será uma "jaula" que o transcenderá e lhe
determinará a identidade.

Para compreender o surgimento da sociologia como ciência do século XIX, é


importante perceber que, nesse contexto histórico social, as ciências teóricas e
experimentais desenvolvidas nos séculos XVII, XVIII e XIX inspiraram os pensadores a
analisar as questões sociais, econômicas, políticas, educacionais, psicológicas, com
enfoque científico.
O sociólogo dentro da organização intervem diretamente sobre os resultados da
empresa, contribuindo com os lucros e resultados da organização. quando a organização
é observada e estudada podem se verificar as falhas assim alterar seu sistema de
funcionamento e gerar lucro.

A sociologia como ciência da sociedade

Ainda que a Sociologia tenha emergido em grande parte da convicção de Comte de que
ela eventualmente suprimiria todas as outras áreas do conhecimento científico, hoje ela
é mais uma entre as ciências.

Atualmente, ela estuda organizações humanas, instituições sociais e suas interações


sociais, aplicando mormente o método comparativo. Esta disciplina tem se concentrado
particularmente em organizações complexas de sociedades industriais.

Ao contrário das explicações filosóficas das relações sociais, as explicações da


Sociologia não partem simplesmente da especulação de gabinete, baseada, quando
muito, na observação casual de alguns fatos. Muitos dos teóricos que almejavam
conferir à sociologia o estatuto de ciência, buscaram nas ciências naturais as bases de
sua metodologia já mais avançada, e as discussões epistemológicas mais desenvolvidas.
Dessa forma foram empregados métodos estatísticos, a observação empírica, e um
ceticismo metodológico a fim de extirpar os elementos "incontroláveis" e "dóxicos"
recorrentes numa ciência ainda muito nova e dada a grandes elucubrações. Uma das
primeiras e grandes preocupações para com a sociologia foi eliminar juízos de valor
feitos em seu nome. Diferentemente da ética, que visa discernir entre bem e mal, a
ciência se presta à explicação e à compreensão dos fenômenos, sejam estes naturais ou
sociais.

Como ciência, a Sociologia tem de obedecer aos mesmos princípios gerais válidos para
todos os ramos de conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos
sociais quando comparados com os fenômenos de natureza e, consequentemente, da
abordagem científica da sociedade. Tais peculiaridades, no entanto, foram e continuam
sendo o foco de muitas discussões, ora tentando aproximar as ciências, ora afastando-as
e, até mesmo, negando às humanas tal estatuto com base na inviabilidade de qualquer
controle dos dados tipicamente humanos, considerados por muitos, imprevisíveis e
impassíveis de uma análise objetiva.

Comparação com outras ciências sociais

No começo do século XX, sociólogos e antropólogos que conduziam estudos sobre


sociedades não-industrializadas ofereceram contribuições à Antropologia. Deve ser
notado, entretanto, que mesmo a Antropologia faz pesquisa em sociedades
industrializadas; a diferença entre Sociologia e Antropologia tem mais a ver com os
problemas teóricos colocados e os métodos de pesquisa do que com os objetos de
estudo.

Quanto a Psicologia social, além de se interessar mais pelos comportamentos do que


pelas estruturas sociais, ela se preocupa também com as motivações exteriores que
levam o indivíduo a agir de uma forma ou de outra. Já o enfoque da Sociologia é na
ação dos grupos, na ação geral.
Já a Economia diferencia-se da Sociologia por estudar apenas um aspecto das relações
sociais, aquele que se refere a produção e troca de mercadorias. Nesse aspecto, como
mostrado por Karl Marx e outros, a pesquisa em Economia é frequentemente
influenciada por teorias sociológicas.

Por fim, a Filosofia social intenta criar uma teoria ou "teorias" da sociedade,
objetivando explicar as variâncias no comportamento social em suas ordens moral,
estética e históricas. Esforços nesse sentido são visíveis nas obras de modernos teóricos
sociais, reunindo um arcabouço de conhecimento que entrelaça a filosofia hegeliana,
kantiana, a teoria social de Marx e, ao mesmo tempo, Max Weber, utilizando-se de os
valores morais e políticos do iluminismo liberal mesclados com os ideais socialistas. À
primeira vista, talvez, seja complexo apreender tal abordagem. Entretanto, as obras de
Max Horkheimer, Theodor Adorno, Jürgen Habermas, entre outros, representam uma
das mais profícuas vertentes da filosofia social, representada por aquilo que ficou
conhecido como Teoria Crítica ou, como mais popularmente se diz, Escola de
Frankfurt.

Sociologia da Ordem e Sociologia da Crítica da Ordem

A Sociologia, em vista do tipo de conhecimento que produz, pode servir a diferentes


tipos de interesses.

A produção sociológica pode estar voltada para engendrar uma forma de conhecimento
comprometida com emancipação humana. Ela pode ser um tipo de conhecimento
orientado no sentido de promover um melhor entendimento dos homens acerca de si
mesmos, para alcançarem maiores patamares de liberdades políticas e de bem-estar
social.

Por outro lado, a Sociologia pode ser orientada como uma 'ciência da ordem', isto é,
seus resultados podem ser utilizados com vistas à melhoria dos mecanismos de
dominação por parte do Estado ou de grupos minoritários, sejam eles empresas privadas
ou Centrais de Inteligência, à revelia dos interesses e valores da comunidade
democrática com vistas a manter o status quo.

As formas como a Sociologia pode ser uma 'ciência da ordem' são diversas. Ela pode
partir desde a perspectiva do sociólogo individual, submetendo a produção do
conhecimento não ao progresso da ciência por si ou da sociedade, mas aos seus
interesses materiais imediatos. Há, porém, o meio indireto, no qual o Estado, como
principal ente financiador de pesquisas nas áreas da sociologia escolhe financiar aquelas
pesquisas que lhe renderam algum tipo de resultado ou orientação estratégicas claras:
pode ser tanto como melhor controlar o fluxo de pessoas dentro de um território, como
na orientação de políticas públicas promovidas nem sempre de acordo com o
interesse das maiorias ou no respeito às minorias. Nesse sentido, o uso do
conhecimento sociológico é potencialmente perigoso, podendo mesmo servir à
finalidades antidemocráticas, autoritárias e arbitrárias.

A evolução da Sociologia como disciplina


A sociologia no mundo foi-se mostrando presente em várias datas importantes desde as
grandes revoluções, desde lá cada vez mais foi de fundamental participação para a
sociedade mundial e também brasileira.

Desde o início a sociologia vem-se preocupando com a sociedade no seu interior, isto
diz respeito, por exemplo, aos conflitos entre as classes sociais. Na América Latina, por
exemplo, a sociologia sofreu influencias americanas e europeias, na medida em que as
suas preocupações passam a ser o subdesenvolvimento, ela vai sofrer influências das
teorias marxistas.

No Brasil nas décadas de 20 e 30 a sociologia estava num estudo sobre a formação da


sociedade brasileira, e analisando temas como abolição da escravatura, êxodos, e
estudos sobre índios e negros

Nas décadas seguintes de 40 e 50 a sociologia voltou para as classes trabalhistas tais


como salários e jornadas de trabalho, e também comunidades rurais. Na década de 60 a
sociologia se preocupou com o processo de industrialização do país, nas questões de
reforma agrária e movimentos sociais na cidade e no campo e a partir de 1964 o
trabalho dos sociólogos se voltou para os problemas sócio políticos e econômicos
originados pela tensão de se viver em um país cuja forma de poder é o regime militar.

Na década de 80 a sociologia finalmente volta a ser disciplina no ensino médio,e


também ocorreu a profissionalização da sociologia. Além da preocupação com a
economia política e mudanças sociais apropriadas com a instalação da nova república,
voltam também em relação ao estudo da mulher, ao trabalhador rural, e outros assuntos
culminantes.

Positivismo

Positivismo é um conceito utópico que possui distintos significados, englobando tanto


perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX. Desde
o seu início, com Augusto Comte (1798-1857) na primeira metade do século XIX, até o
presente século XXI, o sentido da palavra mudou radicalmente, incorporando diferentes
sentidos, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de
outras disciplinas que se consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a
obra de Comte. Exemplos paradigmáticos disso são o Positivismo Jurídico, do austríaco
Hans Kelsen, e o Positivismo Lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolph Carnap, Otto
Neurath e seus associados.

Para Comte, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu


como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral do fim da
Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que tiveram como
grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, ele propõe à
existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e
a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da história). Assim, o
Positivismo associa uma interpretação das ciências e uma classificação do
conhecimento a uma ética humana radical, desenvolvida na segunda fase da carreira de
Comte.

Método do Positivismo de Augusto Comte


O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na observação dos
fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, através da promoção do primado
da experiência sensível, única capaz de produzir a partir dos dados concretos (positivos)
a verdadeira ciência(na concepção positivista), sem qualquer atributo teológico ou
metafísico, subordinando a imaginação à observação, tomando como base apenas o
mundo físico ou material. O Positivismo nega à ciência qualquer possibilidade de
investigar a causa dos fenômenos naturais e sociais, considerando este tipo de pesquisa
inútil e inacessível, voltando-se para a descoberta e o estudo das leis (relações
constantes entre os fenômenos observáveis). Em sua obra Apelo aos conservadores
(1855), Comte definiu a palavra "positivo" com sete acepções: real, útil, certo, preciso,
relativo, orgânico e simpático.

O Positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de


conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsideram-se todas as outras formas do
conhecimento humano que não possam ser comprovadas cientificamente. Tudo aquilo
que não puder ser provado pela ciência é considerado como pertencente ao domínio
teológico-metafísico caracterizado por crendices e vãs superstições. Para os Positivistas
o progresso da humanidade depende única e exclusivamente dos avanços científicos,
único meio capaz de transformar a sociedade e o planeta Terra no paraíso que as
gerações anteriores colocavam no mundo além-túmulo.

O Positivismo é uma reação radical ao Transcendentalismo idealista alemão e ao


Romantismo, no qual os afetos das individuais e coletivos e a subjetividade são
completamente ignoradas, limitando a experiência humana ao mundo sensível e ao
conhecimento aos fatos observáveis. Substitui-se a Teologia e a Metafísica pelo Culto à
Ciência, o Mundo Espiritual pelo Mundo Humano, o Espírito pela Matéria.

A ideia-chave do Positivismo Comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo com a qual
o homem passou e passa por três estágios em suas concepções, isto é, na forma de
conceber as suas ideias e a realidade:

1. Teológico: o ser humano explica a realidade através de entidades supranaturais


(os "deuses"), buscando responder a questões como "de onde viemos?" e "para
onde vamos?"; além disso, busca-se o absoluto;
2. Metafísico: é uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. No
lugar dos deuses há entidades abstratas para explicar a realidade: "o Éter", "o
Povo", "o Mercado financeiro", etc. Continua-se a procurar responder a questões
como "de onde viemos?" e "para onde vamos?" e procurando o absoluto é a
busca da razão e destino das coisas. é o meio termo entre teológico e metafisico.
3. Positivo: etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das coisas, mas
sim o "como", através da descoberta e do estudo das leis naturais, ou seja,
relações constantes de sucessão ou de coexistência. A imaginação subordina-se à
observação e busca-se apenas pelo observável e concreto.

A Religião da Humanidade

Auguste Comte - através da obra Sistema de Política Positiva (1851-1854) - institui a


Religião da Humanidade. Após a elaboração de sua filosofia, Comte concluiu que
deveria criar uma nova religião: afinal, para ele, as religiões do passado eram apenas
formas provisórias da única e verdadeira religião : a religião positiva. Segundo os
positivistas, as religiões não se caracterizam pelo sobrenatural, pelos "deuses", mas sim
pela busca da unidade moral humana. Daí a necessidade do surgimento de uma nova
Religião que apresenta um novo conceito do Ser Supremo, a Religião da Humanidade.
Comte foi profundamente influenciado a tal pela figura de sua amada Clotilde de Vaux.

Segundo os Positivistas, a Teologia e a Metafísica, nunca inspiraram uma religião


verdadeiramente racional, cuja instituição estaria reservada ao advento do espírito
positivo. Estabelecendo a unidade espiritual através da ciência, a Religião da
Humanidade possui como principal objetivo a Regeneração Social e Moral.

Assim como o catolicismo está fundamentado na filosofia escolástica de São Tomás de


Aquino, a Religião da Humanidade está fundamentada na filosofia positivista de
Auguste Comte.

A Religião da Humanidade possui como Ser Supremo a Humanidade Personificada, tida


como Deusa pelos positivistas. Ela representa o conjunto de seres convergente de todas
as gerações, passadas, presentes e futuras que contribuíram, que contribuem e que
contribuirão para o desenvolvimento e aperfeiçoamento humano.

A Ciência Clássica se constitui no dogma da Religião da Humanidade. Também existem


templos e capelas onde são celebrados cultos elaborados à Humanidade (chamada Grão-
Ser pelos positivistas). A religião positivista caracteriza-se pelo uso de símbolos, sinais,
estandartes, vestes litúrgicas, dias de santos (grandes tipos humanos), sacramentos,
comemorações cívicas e pelo uso de um calendário próprio, o Calendário Positivista
(um calendário lunar composto por 13 meses de 28 dias).

O lema da religião positivista é : "O Amor por princípio e a Ordem por base; o
Progresso por fim". Seu regime é: "Viver às Claras" e "Viver para Outrem".

Auguste Comte foi o criador da palavra "altruísmo", palavra que segundo o fundador,
resume o ideal de sua Nova Religião.

DIALÉTICA

A corrente dialética surgiu como tentativa de expurgar os exageros pregados pelo


racionalismo e pelo empirismo, tendo como preocupação o diálogo das estruturas
mentais e racionais, insurgindo-se contra o mito da objetividade e neutralidade da
ciência. O pensamento dialético prega a necessidade da convivência dos contrários,
estabelecendo que a maneira de conhecer a realidade resulta do atrito e do confronto das
diferenças constatadas. Predomina a relação da razão com a consciência, de maneira
conflituosa como processo de conhecimento humano; ao mesmo tempo, uma afirmação
incorpora uma série de negações.

Essas três correntes nos mostram que, desde os seus primórdios, a Filosofia preocupou-
se com o problema do conhecimento, pois sempre esteve voltada para a questão de que
o pensamento parece seguir certas leis para conhecer as coisas e que há uma diferença
entre perceber e pensar. O pressuposto da teoria do conhecimento como reflexão
filosófica é de que o homem é um ser racional consciente. A capacidade humana para
conhecer, para saber que conhece e para saber que sabe que conhece revela que a
consciência é um conhecimento (das coisas e de si) e um conhecimento desse
conhecimento (reflexão). Dessa forma, ao adquirir conhecimento o homem sente,
instintivamente, a necessidade de transferir toda essa aquisição, suas reflexões e
descobertas, pois sabe que a sabedoria deve ser propagada. É nesse momento que o ser
humano se utiliza de uma ‘ferramenta’ que somente ele possui, a Linguagem.

A linguagem é, assim, a forma propriamente humana da comunicação, da relação com o


mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das artes. Está
sempre presente no cotidiano, seja nas atitudes mais simples até as mais cultas, sempre
pronta a envolver os pensamentos e exprimir os sentimentos, é inseparável do homem
segui-o em todos os seus atos e por toda sua vida.

Somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é
ditado de linguagem. Os outros animais possuem voz (phoné) e com ela exprimem dor e
prazer, mas o homem possui a palavra (lógos) e, com ela exprime o bom e o mau, o
justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a
vida social e política e, dela, somente os homens são capazes (Aristóteles, 2005 p. 98).

Através da linguagem o ser humano exterioriza seu pensamento e se intera socialmente,


nesse processo o entendimento surge entre os sujeitos e, ao atuar comunicativamente, se
relacionam, interagem, utilizam suas interpretações transmitidas culturalmente e
modificam, simultaneamente, seu mundo objetivo, seu mundo social e seu próprio
mundo subjetivo. É o instrumento ao qual o homem modela seus sentimentos, seus atos,
suas imposições e suas adequações, que exige e é exigido, que influencia e é
influenciado, a base mais profunda que rege, como um todo, a trajetória e a evolução da
sociedade humana.

Contudo, o mecanismo que nasce da necessidade do homem de se comunicar, seu poder


encantatório também pode ser utilizado como mecanismo de repressão na vida social. O
conhecimento, o diálogo e a comunicação podem, também, descobrir a ignorância e,
assim, se faz necessário seduzir os ignorantes através das palavras, fazendo-os aceitar
fascinados os discursos opressores onde se aprende a agir de acordo com a vontade da
sociedade. Nesse processo, quando a coação deixa de ser sentida como tal, é o momento
que o indivíduo, pela força como a sociedade se manifesta, se deixa vencer, pois a
linguagem talvez seja, dentre inúmeras, a primeira forma de imposição histórico-
cultural ao homem.

A linguagem é um instrumento do pensamento para exprimir conceitos e símbolos, para


transmitir e comunicar idéias e valores. Percebe-se então que, assim como o
conhecimento, a linguagem também é inata do ser humano e o acompanha por toda sua
trajetória fazendo com que, através da comunicação, ele se estabeleça e se reconheça
como parte de um sistema que opera, modifica e transforma a realidade, seja ela
estabelecida oralmente ou graficamente. Esta última, a palavra, é a representação
concreta das idéias, dos pensamentos e conceitos produzidos pelo sujeito pensante. E
partindo dessa representação se faz a escrita e, consequentemente, a leitura. Mas, não se
deve julgar por leitura somente o que está escrito e sim tudo que engloba a capacidade
de percepção do homem. Como relata Martins (2003, p.23), “Se o conceito de leitura
está geralmente restrito à decifração da escrita, sua aprendizagem, no entanto, liga-se
por tradição ao processo de formação global do indivíduo, à sua capacitação para o
convívio social”.

A leitura é o terceiro mecanismo dessa abordagem que mostra seus respectivos


envolvimentos na evolução e transformação da realidade humana. Antes de qualquer
coisa é preciso que se deixe bem claro que, aqui, não tomaremos a leitura apenas como
compreensão do que é a palavra escrita, mas a sua relação com o contexto de quem fala
e de quem lê e escreve, compreender que sem a sua própria leitura, representação e
imaginação, não há como existir a leitura da palavra. Isso define que cada indivíduo,
primeiramente, é o seu próprio escritor e leitor, ele escreve e lê, sua própria vida. A
partir dessa percepção fundamental surge o aperfeiçoamento, ou seja, uma forma correta
de enxergar a verdadeira relação entre ler um texto e perceber o contexto.

Quando o homem, individuo, se intera e percebe a importância da valorização de suas


experiências e compreende o seu lugar no mundo e se afirma nesse mundo consegue,
então, se impor em prol de suas convicções, consegue lutar por uma realidade mais
favorável e com essa conduta transforma seu meio. O homem convicto de sua força e de
seu valor conseguirá vencer as alienações e seguir consciente de sua inserção na
sociedade transformando-se em artífice de sua própria historia e, ao mesmo tempo, um
homem coletivo, agente da luta por um questionamento geral da inércia em que a
humanidade se encontra.

A leitura da palavra também favorece muito o engrandecimento de conhecer do homem


e, sendo assim, também beneficia modificando e renovando seu mundo através da
educação. Ler, não necessariamente na escola, é um ato educativo que, por
conseqüência, forma o cidadão e lhe da capacidade de tornar-se governante de si
mesmo. O torna o centro, destaque, pois saber é poder e essa sabedoria assume uma
dimensão favorável que viabiliza melhorias nas suas habilidades e, junto com a leitura
de mundo, se transforma em referencia de produção mental, pois percebe, reflete e
expõe os dilemas, conflitos, desigualdades e contradições da sociedade. Valoriza a
capacidade cultural de seu povo e percebe a importância das raízes.

Desde a Antiguidade, a arte privilegia o estudo das emoções humanas através de suas
representações. Tornou-se uma linguagem orgânica por está diretamente ligada ao
homem, fazendo parte de sua vida, retrata sua realidade e transforma seu futuro. A
leitura desempenha uma função nas sociedades, um papel que se configurou, em grande
parte, a partir daquilo que o público leitor reconheceu como valor.

A leitura não tem o poder de modificar a realidade, mas certamente é capaz de fazer
com que as pessoas reavaliem a própria vida e mudem de comportamento. Se esse efeito
é alcançado, o texto e seu contexto desempenham um importante papel transformador,
ainda que de modo indireto, levando a responder, por meio de construções simbólicas,
as perguntas que inquietam os seres humanos.

Portanto, percebe-se a importância desses três mecanismos relacionados à


transformação da realidade humana, suas interligações com os processos de crescimento
intelectual e como ser atuante na sociedade percebendo o seu lugar como ser individual
ou coletivo. Percebemos desse modo que o ser humano é influenciado diretamente em
sua vida pelas tradições que o cercam e o constroem, pelo menos até que possa
desenvolver uma interpretação e uma consciência crítica própria, até lá a cultura e suas
tradições constroem o ser humano arrastando consigo todos os conhecimentos,
linguagens e leituras em seus pensamentos pré-definidos. Porém, embora se observe
todo esse processo se desenvolver ao nosso redor não se pode perder a esperança, nem a
coragem de sonhar. Precisa-se sim, reconhecer as alienações, despertar utopias, e
desenvolver uma consciência crítica capaz de discutir o “valor dos valores”. Discutir o
valor dos valores significa estar sempre à procura da essência dos problemas, do
conhecimento, do contexto ao qual se encontra para, assim, se fixar como ser humano
de fato, ou seja, atuante e questionador, incansável e modificador de sua realidade
transformando seu mundo a cada dia individual ou coletivamente.

Referências:

CHAUÌ, Marilena. Filosofia: 3ª série: ensino médio/ Marilena Chauí. 1. ed. São
Paulo: Ática, 2007.

ARISTOTELES. Política/ Aristóteles. São Paulo: Escala, 2005.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Ensaio sobre a origem das línguas/ Jean-Jacques


Rousseau. São Paulo: Escala, 2003.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam/


Paulo Freire. 49 ed. São Paulo, Cortez, 2008.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura/ Maria Helena Martins. São Paulo:
Brasiliense, 2003. (Coleção Primeiros Passos; 74).

Sites pesquisados:

<http://folhadesaopaulo.com.br/jornal/entrevistas>acesso:26/07/2008 às 14h12min

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/27561/1/CONHECIMENTO-HUMANO-
LINGUAGEM-E-LEITURAS-MECANISMOS-DE-TRANSFORMACAO-DA-
REALIDADE/pagina1.html#ixzz1M8oeTiXE

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