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Para que serve a sociologia?

Sociologia é uma ciência filiada às ciências sociais que estuda a sociedade e


as relações humanas que a estabelecem em todos os seus aspectos.

Para que serve a sociologia? Em uma resposta simplista, podemos dizer que se trata
de uma ciência que estuda a sociedade. Ao aprofundarmo-nos mais nessa área de
estudo, descobrimos que a sociologia é uma ciência complexa que compõe a área das
ciências sociais e estuda as relações humanas na sociedade.

Junto à antropologia e à ciência política, é a sociologia que pode descobrir os


mecanismos de funcionamento das sociedades humanas, a fim de entendê-los e até
oferecer modelos de intervenção social para as ciências sociais aplicadas, como as
ciências jurídicas.

Origem da sociologia
Ao traçarmos um longo percurso na história do Ocidente, percebemos já na filosofia da
Antiguidade clássica traços fundamentais para o desenvolvimento da sociologia que
ocorreria, de fato, somente no século XIX da era cristã. Sócrates, Platão e Aristóteles,
os três grandes filósofos gregos clássicos, buscavam compreender o funcionamento
social, de maneira indireta, por meio da política e da ética.

No Renascimento, o filósofo e teórico político Nicolau Maquiavel propôs novos


modelos para a compreensão política, o que resultou numa nova visão da sociedade
pelos olhos do governante. Durante o Iluminismo francês, filósofos como Montesquieu
e Voltaire estavam preocupados com um novo modelo de política que colocasse
abaixo os velhos ideais do Antigo Regime e erigisse novos ideais, dessa vez mais
libertária e democrática.

Para tanto, eles fizeram abstrações filosóficas sobre o modelo social vigente e o
modelo social ideal. Finalmente aconteceu a Revolução Francesa, e, com ela, o caos
político de algumas décadas seguiu-se na França. Tentativas de governos
republicanos e socialistas seguiram-se até a ascensão do império napoleônico.

Fora da França, a situação também era caótica. A ascensão da burguesia desde o


século XV e o seu grande enriquecimento após a Revolução Industrial faziam
sobressaltar aos olhos do europeu comum a forte desigualdade social que se
instalava. A partir do fim do século XVIII, com o crescimento do número de indústrias
nas cidades, houve um intenso e repentino êxodo rural, ainda intenso no século XIX. A
explosão demográfica nas cidades contribuiu para o caos político, que se tornou
também social.

As cidades, abarrotadas de pessoas desempregadas (por conta da explosão


demográfica, grande parte da população não conseguia emprego nas fábricas) e
vivendo na miséria, tornaram-se um verdadeiro reduto de doenças, fome e violência.
As condições sanitárias eram péssimas, havendo surtos localizados de doenças, como
cólera e sífilis, além de um inexistente acesso dessa população pobre ao atendimento
médico.

A fome afetava os trabalhadores fabris, que tinham péssimas condições de trabalho e


recebiam tão pouco que mal dava para alimentarem-se. De maneira mais severa, a
fome ainda afetava os desempregados. Esse contexto de caos político (na França) e
de caos social (na França e, principalmente, na Inglaterra) ocasionou uma onda de
violência sem precedentes.

Toda essa situação, que levava o continente europeu (em especial a França) à ruína,
fez com que o filósofo francês Auguste Comte postulasse a necessidade de uma
ciência capaz de compreender a sociedade e propor modos de interferir no
desenvolvimento social, alcançando sempre o progresso.

Para Comte, as ciências naturais contavam com um rigor e uma precisão metódica
necessários às ciências humanas. A sua proposta intelectual era criar um sistema,
chamado de positivismo, baseado numa ciência que foi batizada de física social e,
depois, chamada por Comte de sociologia.

Auguste Comte é considerado o “pai” da sociologia, e ela serviria para entender a


sociedade e guiar o positivismo, que, pela ordem social, pelo militarismo e pelo
cientificismo, garantiria o progresso social e colocaria a Europa nos trilhos do
desenvolvimento novamente.

Apesar de Auguste Comte ser considerado o primeiro autor da sociologia, o cientista a


ser considerado, de fato, o primeiro sociólogo, foi o filósofo, sociólogo e jurista francês
Émile Durkheim. Durkheim aproveitou os estudos de Comte, mas teceu críticas a seu
antecessor. Na visão daquele, este queria ultrapassar um estágio de abstração
filosófica no pensamento pela sociologia, mas permaneceu nele. Durkheim, então, cria
um método para a sociologia, para que ela operasse autonomamente e como ciência
bem fundamentada. Esse método é o funcionalismo.

Antes de Durkheim, os estudos do alemão Karl Marx haviam se mostrado uma eficaz
fonte metodológica para as ciências humanas, em especial para a sociologia. O
método proposto por Marx foi o materialismo histórico dialético. Outro autor importante
para esse início da sociologia foi o alemão Max Weber.

O que a sociologia estuda


O objeto geral de estudo da sociologia é, obviamente, a sociedade. No entanto, ao
especificarmos nossa compreensão dessa ciência, percebemos que existem eixos de
estudos sociológicos que nos ajudam a compreender quais são os seus objetivos.

Em primeiro lugar, podemos destacar que a sociologia pode estudar e tentar entender
a sociedade em seus mais amplos e variados aspectos. Em segundo lugar, e de
maneira mais específica, podemos dizer que ela tenta compreender o comportamento
humano em grupo, em relações sociais e com base na sua relação individual com o
meio e com as instituições sociais.

Com base nisso, podemos estabelecer campos de estudos precisos da sociologia que
abrangem as mais variadas áreas das sociedades humanas e da interação humana
com o meio. Existe a demografia social, que estuda as interações de populações no
meio social; a sociologia política, que estuda as questões relativas ao poder político e
a elementos políticos, como Estado e governo; a sociologia da educação, que tenta
entender os processos sociais de ensino; a sociologia rural; e a sociologia urbana.

Qualquer campo em que haja atuação humana a nível de sociedade, comunidade e


instituição, a sociologia pode estudar.

A importância da sociologia
A compreensão da sociedade, das relações humanas e do papel das instituições
sociais é extremamente importante para o desenvolvimento social. A sociologia atua,
portanto, como uma fonte de dados sobre os fatores que influenciam e formam as
relações sociais. Nesse sentido, é a sociologia que fornece a base para a atuação
prática que visa a melhoria de setores sociais, como a segurança pública, a educação,
a saúde e o desenvolvimento humano em geral.

Se um dos grandes problemas urbanos vividos no Brasil é a violência, a sociologia


pode fornecer dados estatísticos e propostas críticas de intervenção para que as
autoridades responsáveis pela segurança pública atuem de maneira efetiva. Ela
também pode atuar junto à educação desempenhando um papel de prevenção, para
que as camadas mais baixas da população (geralmente ligadas à criminalidade por
fatores sociais, como a falta de acesso a serviços público e à educação de qualidade e
o contato direto com a criminalidade) possam encontrar outras alternativas de
desenvolvimento.

A sociologia também pode atuar no entendimento das dinâmicas populacionais,


analisando a vida no campo e na cidade, a fim de visualizar a complexa dinâmica
populacional que possuímos hoje. Isso é de extrema importância para que governos
tracem políticas de intervenção social que, de fato, possam melhorar a vida da
população em geral.

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