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MUDANÇAS GERACIONAIS
Patrícia Prado
Introdução
Para quem
A geração dos millennials, também chamada de
é curioso geração Y, abrange os indivíduos que nasceram
entre 1980 e 1994. Essa geração se desenvolveu na
era da tecnologia e acompanhou toda a evolução
do analógico para o digital, ou seja, presenciou,
por exemplo, a transformação das fitas VHS em
DVDs e, posteriormente, em serviços de streaming.
São precedidos pela geração X e sucedidos pela Z –
estes últimos nascidos na era da informação.
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Nesse cenário complexo e altamente competitivo, o estudo realizado por
Rodriguez e Rodriguez (2013) traça algumas características do grupo social
dos millennials com as quais líderes e educadores terão de trabalhar. Entre
essas características estão:
Tecnologia:
Informação:
esse conceito faz parte do ambiente natural e afeta diretamente a maneira como
se relacionam. Consideram a diversidade uma chave essencial para alcançar
os objetivos e esperam estar envolvidos em uma rede que fornece velocidade,
conveniência e flexibilidade.
Multitarefa:
Autônomos:
têm menos respeito por estruturas hierárquicas, buscam ter mais tempo para
lazer e saúde e estão mais preocupados em realizar algo com propósito e que
faça a diferença.
Requerentes:
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Velocidade:
são impacientes e não gostam de esperar por resultados, ou seja, são mais
imediatistas. Esperam informações, feedbacks, conquistas de maneira rápida.
Sweeney (2012) afirma que os millennials costumam ignorar processos, acordos,
decisões de grupo, cortesias e que questões éticas são comportamentos
tolerados.
Gafanhotos:
Veleiros:
Delimitando as fronteiras
entre as gerações Y e Z
A geração Z abrange os nascidos após da virada do milênio. Segundo a
Pew Research Center, os pontos de corte geracionais não são uma ciência
exata, mas, para fins analíticos, apontam que a partir de 1997 pode haver
um corte significativo entre os millennials e a geração Z. São considerados
os fatores políticos, econômicos e sociais que definem os anos de
formação dos millennials.
A seguir, temos um gráfico do Pew Research Center que apresenta os
limites de corte de cada geração a partir de 1928. Assim, fica mais fácil
visualizar a história cronológica dos movimentos geracionais; afinal, hoje
podemos trabalhar em sala de aula com alunos que podem vir desde a
geração X até a Z.
Geração Z
1997-2012
Entre 7 e 22 anos
Millennials
1981-96
Entre 23 e 38 anos
Geração X
1965-80
Entre 39 e 54 anos
Baby boomers
1946-64
Entre 55 e 73 anos
Silenciosos
1928-45 Entre 74 e 91 anos
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A nova relação com o saber
A realidade complexa com o trabalho no futuro tem mais a ver
o mercado de trabalho se com aprender, transmitir saberes e
reformulando, postos e cargos produzir conhecimentos.
em extinção e outros nascendo,
Segundo Levy (1999, p. 157), todas
além da mistura geracional, são
essas transformações, unidas ao
desafios para os educadores. No
desenvolvimento do ciberespaço
entanto, são também um campo
e às interações no universo
de oportunidades. Em tempos
digital, “amplificam, exteriorizam
de fake news e pós-verdades, a
e modificam numerosas funções
responsabilidade que temos no
cognitivas humanas: memória
que se refere a orientar sobre
(banco de dados, hiperdocumentos,
como buscar, filtrar, sintetizar e
arquivos digitais de todos os tipos),
estruturar informações nunca foi
imaginação (simulações), percepção
tão necessária. Pela primeira vez
(sensores digitais, telepresença,
em nossa evolução, a maioria das
realidades virtuais), raciocínios
competências adquiridas por uma
(inteligência artificial, modelização
pessoa no começo da sua jornada
de fenômenos complexos)”.
profissional pode ficar obsoleta no
final da carreira. Observamos que
Para quem
é curioso
Um momento de descontração: neste vídeo, Bill
Gates explica sobre a internet e como se davam
as interações lá no início da rede. Sabemos que
muitas coisas podem ser feitas de maneiras
diferentes – Gates fala das diferenças que o
universo digital trouxe para nossa realidade.
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A visão hierárquica e generalista autônomos, tomam decisões
de ensino, que foi construída e em relação ao que e a quando
consolidada ao longo dos anos, aprendem o que lhes interessa.
entra em conflito com os perfis e Esse ambiente virtual estimula
comportamento das novas gerações regiões do cérebro que ativam
junto com a evolução tecnológica. o paralelismo – uma função que
A partir da última década, o possibilita o desenvolvimento
percurso e perfis de competências das duas regiões do cérebro,
são singulares e buscam espaços permitindo um raciocínio rápido
de “conhecimentos emergentes, e flexível. A neuropsicóloga
abertos, contínuos, em fluxo, Mariana Assed afirma que “toda
não lineares, se reorganizando vez que você expõe uma série de
de acordo com os objetivos ou estímulos, ocorrem modificações
contextos, nos quais cada um ocupa nas sinapses – as responsáveis
uma posição singular e evolutiva.” pelos vários caminhos dentro do
(LEVY, 1999, p. 158). cérebro. Isso ajuda a formar novas
conexões” (MESQUITA, 2015, n.p.).
Com as tecnologias sendo
Essas conexões estruturam novas
usadas ativamente no dia a dia,
formações neurais e fazem com que
os millennials e a geração Z são
a geração Z tenha formas diferentes
considerados multitarefas e
de aprendizado.
chamados de nativos digitais.
Superinformados e mais
Cabeças No Brasil, 54% dos usuários das
hiperconectadas redes sociais têm entre 18 e 24
anos. Cerca de 72 milhões de
Embora tropecem no raciocínio e na crítica, internautas acessam o
os “nativos digitais” da geração Z disparam Facebook pelo menos uma vez
sinapses cerebrais com velocidade e por mês. Os mais jovens
automatismo. Entenda essa agilidade. passam até três horas por
dia diante das telas.
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Diante da tela, o
sinal captado pelo O córtex pré-frontal
olho é enviado acelera as sinapses.
pelo nervo óptico Mas só o treino inibe
às áreas visuais do reações impulsivas e
cérebro situadas permite a reflexão.
atrás do órgão.
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Nem tudo que está na rede é ruim. Utilizar essas ferramentas
para o desenvolvimento dos alunos é extremamente
importante e prático; claro que precisa haver um pouco
mais de esforço dos não nativos digitais. A interação é uma
palavra forte, pois possibilita a independência, a autonomia
e a descoberta autodidata. Esses estímulos multitarefas lhes
proporcionam atenção simultânea – ao mesmo tempo em
que conversam no WhatsApp, jogam videogames on-line e
compartilham vivências nas redes sociais.
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REFERÊNCIAS
CALLON, M. Society in the making: the study of technology as a tool for sociological
analysis. In: BIJKER, W et al. (ed.). The social construction of technological
systems. New directions in the sociology and history of technology. Cambridge: Mit
Press, 1986. pp. 83-103.
LÉVY, P. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.
LOIOLA, R. Geração Y. Revista Galileu, Edição 219, out./2009. Disponível em: http://
revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87165-7943-219,00-GERACAO+Y.
html. Acesso em: 16 jun. 2021.
SWEENEY, R. Millennial behaviors and higher education focus group results: How are
millennials different from previous generations at the same age? NJIT Journal, New
Jersey Institute of Technology, mar./2012.