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UNIDADE 1

Fundamentos das metodologias


inov-ativas
Disciplina: Metodologias inov-ativas: do design
à avaliação da aprendizagem criativa
Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

O CONCEITO DE PROPÓSITO DE
VIDA E SUA TRILHA CONCEITUAL

Objetivos
Reconhecer os fundamentos das metodologias inov-ativas
aplicadas ao ensino-aprendizagem;

Identificar as metodologias (cri)ativas, ágeis, imersivas e


analíticas.

AQUECIMENTO

Observe o diagrama a seguir, que traz o perfil das gerações em


relação às mídias e tecnologias.

Perfil das gerações em relação às mídias e tecnologias

1.2
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Fonte: FILATRO (2018, p. 6)

Você observa a diferença gritante entre as gerações chamadas


analógicas, que tinham pouquíssimo contato com a tecnologia e
as gerações digitas, que lidam com a tecnologia como se fosse
parte da vida?

A abundância de possibilidades do mundo atual – seja em termos


de acesso a conteúdos, ferramentas ou pessoas – modifica profun-
damente o significado do que é aprender.

Se no passado precisávamos memorizar a informação para provar


que havíamos aprendido algo, hoje dispomos de soluções que
armazenam e disponibilizam a informação como uma extensão
da memória humana.

Então, uma vez que não existe mais a


necessidade de memorizar as informações
sobre o mundo, no que consiste aprender hoje? E o
que essa mudança de curso representa em termos de
metodologia de ensino e avaliação da aprendizagem?

1.3
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Esses são os temas que vamos abordar nesta disciplina e, mais


especificamente, nesta unidade.

O MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO

Você certamente já se deparou com a abreviatura VUCA, usada


para descrever a realidade atual: volátil, incerta (o “u” vem do
inglês uncertain), complexa e ambígua. O termo tem sido usado
como uma ferramenta para dar sentido ao mundo, principalmente
na era de rápidas transformações motivadas pelo desenvolvimento
tecnológico e científico.

A figura a seguir mostra uma breve descrição do significado de


cada um dos componentes desse conceito.

Figura 1 – Componentes da sigla VUCA

1.4
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

O conceito VUCA foi cunhado pelo US Army War


College no final da década de 1980 e espalhou-se
rapidamente pela liderança militar na década de
1990. No início da década de 2000, começou a
aparecer em livros sobre estratégia de negócios, e
progressivamente se disseminou até alcançar as
mais diferentes esferas sociais.

O momento recente de caos político, desastres


climáticos e pandemia global – aliados à intensificação da
transformação digital pela qual organizações e nações já estavam
passando – parecem ter tornado o VUCA uma lente insuficiente
para entender o mundo.

Surge então, a sigla paralela BANI para descrever uma realidade


em que as condições não são apenas instáveis, são caóticas; em
que os resultados não são apenas difíceis de prever, são comple-
tamente imprevisíveis; em que o que acontece não é simplesmente
ambíguo, é incompreensível.

Indicação de Leitura

VUCA e BANI são termos muito usados no mundo


dos negócios, que é bastante receptivo a inovações.
Pode parecer distante do mundo educacional, mas é
um espelho do mercado de trabalho e um reflexo da sociedade na qual
escolas e unviersidades estão inseridas e para a qual estão formando
pessoas. Então, a sugestão de leitura para você é o artigo a seguir,
sobre a transição do mundo VUCA para o mundo BANI:
ZAMBONI, U. O modo VUCA arrefece. Boas-vindas ao modo BANI!
MIT Sloan Management Review Brasil, 24/11/2020.
Link: https://bit.ly/3qAnEF9 Acesso: 25/06/2021
1.5
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Em um paralelo com a ideia de VUCA, a figura a seguir mostra


os componentes do mundo BANI.

Figura 2 – Componentes da sigla BANI

Vamos detalhar um pouco o significado de cada uma das pala-


vras da estrutura BANI utilizando para isso a perspectiva de
Jamais Cascio, antropólogo americano, autor e futurista que criou
o conceito em 2020.

O “B” se refere ao inglês brittle, que pode ser traduzido como


“frágil”, ou seja, suscetível a falhas súbitas e catastróficas. Pessoas,
sistemas, organizações frágeis não falham graciosamente, eles
se estilhaçam.

1.6
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Da consciência de nossa fragilidade, surge o “A”, de ansioso. Embora


a ansiedade faça parte do conjunto de emoções humanas, a acele-
ração da revolução digital provocou mudanças constantes que
agravam sua manifestação de forma significativa. As desigual-
dades, a intolerância, os problemas socioambientais e econômicos
ficaram ainda mais evidentes, de modo que há motivo de sobra
para ansiar por um mundo melhor.

O reconhecimento de que não estamos no


controle de nada corresponde à constatação de
que causa e efeito estão desconectados ou são
desproporcionais, ou seja, carregam um compo-
nente de não-linearidade (a letra “N”). Por
exemplo, decisões pontuais podem resultar
em consequências massivas, boas ou más.
No caso da COVID-19, a escala e o alcance
da pandemia vão muito além da experiência
individual cotidiana; a velocidade com que a
infecção se espalhou no mundo é impressionante.

Por vezes, esses movimentos são impossíveis de compreender, e aí


está a letra “I”, de incompreensível. Ainda que estejamos em plena
era dos dados (Big Data), eles podem sobrecarregar nossa capa-
cidade de entender o mundo.

Convite para reflexão

E o que o mundo BANI tem a ver com a educação?


Será que a pandemia do COVID vai deixar marcas
profundas na maneira de aprender e ensinar do futuro?
Compartilhe as suas impressões no fórum.

1.7
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Como podemos ver na publicação da #42 SÃOPAULO (2020), o


conceito BANI mostra que, cada vez mais, é preciso desenvolver as
chamadas soft skills, ou competências socioemocionais e ambien-
tais que nos permitam estar preparados para enfrentar o caos.

Assim, saber lidar com frustrações é muito importante em um


mundo frágil. De um dia para o outro, os planos podem precisar
de adaptações para um novo contexto. Então errar não é sinô-
nimo de fracasso, mas sim de desenvolvimento. E, para desen-
volver a flexibilidade, os alunos precisam decidir quanto tempo e
quais recursos vão dedicar a cada projeto de aprendizagem e ao
seu próprio projeto de vida.

Autoconhecimento e autonomia são fundamentais para a experi-


ência de aprendizagem contemporânea, mas isso não significa que
os alunos vão estudar sozinhos. Eles encontram nos professores e
nos colegas de estudo oportunidades de acolhimento e troca.

1.8
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

De igual modo, encontrar lógica em um mundo não linear é tarefa


difícil, mas não é impossível. Acompanhar os movimentos que acon-
tecem no mundo exige observação, método científico e uma combi-
nação de várias competências. O raciocínio lógico, o pensamento
crítico e a capacidade de solucionar problemas entram em cena.

METODOLOGIAS INOV-ATIVAS
Todo esse preâmbulo sobre o mundo em transformação visa mostrar
o pano de fundo no qual as ações de aprendizagem formais acon-
tecem hoje. E, seja do ponto de vista curricular – o que aprender
– ou do ponto de vista metodológico – como aprender -, as impli-
cações são significativas.

A área educacional é talvez uma das mais resistentes às mudanças.


Afinal, uma das principais finalidades da educação é transmitir às gera-
ções mais novas o conhecimento acumulado pelas gerações anteriores.

Mas a educação também olha para o futuro, é claro. Afinal,


formamos pessoas para exercerem plenamente sua cidadania e
atuarem profissionalmente quando chegarem à vida adulta.

1.9
1.9
Unidade 3: O propósito da inovação na educação

Com a pandemia do COVID, muitas escolas “saltaram” do conhe-


cido mundo analógico para o mundo BANI; outras já reconheciam
a necessidade de adaptações à realidade VUCA e se viram um
pouco mais preparadas para o impacto do isolamento social e as
demais consequências desse período tão crítico.

O fato é que a necessidade de desenvolver competências para o


século XXI não é algo novo (ANANIADOU & CLARO/OCDE,
2009; UNESCO, 2015; só para citar alguns); só se intensificou com
os últimos acontecimentos mundiais.

Aí entram as metodologias inov-ativas que dão título a esta


disciplina. O termo foi cunhado pelas autoras (FILATRO &
CAVALCANTI, 2018) para abarcar as novas abordagens que
têm surgido na educação, e que são entendidas como inovadores
por suas características distintivas.

Na verdade, a expressão é um trocadilho com o termo metodologias


ativas, tão propaladas nos últimos anos como a grande novidade
educacional. No entanto, há que se considerar que mesmo as meto-
dologias não são nada novas. Expoentes como John Dewey, Paulo
Freire, Malcom Knowles, Carls Rogers e Lev Vygotsky há décadas
defendem a aprendizagem ativa, mesmo que não tenham utilizado
a expressão como é aplicada hoje (SANTOS & FERRARI, 2017).

1.10
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Assim, as metodologias inov-ativas incluem, mas não se limitam, às


metodologias ativas, como veremos nas seções seguintes.

A figura a seguir traz um panorama dos quatro grupos de meto-


dologias inov-ativas (e seus respectivos princípios), as quais serão
objeto da nossa discussão ao longo da disciplina.

Figura 3 – Quatro grupos de metodologias inov-ativas e seus respectivos princípios

1.11
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

METODOLOGIAS (CRI)ATIVAS
Autores como Bacich & Moran (2018) utilizam a expressão meto-
dologias ativas como um conceito guarda-chuva sob o qual se
abrigam várias práticas educacionais, como aprendizagem baseada
em problemas, aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem
baseada em casos, sala de aula invertida, entre outras.

Como o próprio nome diz, as metodologias ativas se assentam sobre


a ideia da atividade/proatividade. Estão em clara contraposição
ao ensino tradicional, predominantemente transmissivo, em que os
alunos assumem uma postura mais receptiva diante do professor ou
dos recursos didáticos.

As metodologias ativas valorizam, portanto, o protagonismo do


aluno, seu envolvimento direto, participativo e reflexivo na construção
do processo de aprendizagem. O binômio ação-reflexão deixa claro
que não basta “fazer coisas”, é preciso refletir sobre o que é feito.

1.12
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Além disso, são fortemente embasadas na colaboração, o que signi-


fica que são apoiadas ou concretizadas por meio de discussões
em fóruns, de escrita e leitura social em wikis e plataformas de
social reading, de bate-papos via chats e aplicativos de mensagens
instantâneas, de postagens e comentários nas redes sociais, entre
outras. Ou seja, utilizam ferramentas de colaboração para viabi-
lizar ações de aprendizagem social, como curtir, incluindo ainda
comentar, compartilhar, taguear (incluir etiquetas descritivas),
seguir/ser seguido.

Em 2019, Filatro estendeu o conceito de metodologias ativas para


enfatizar o aspecto criativo/cocriativo das metodologias ativas. Isso
é, estimula-se a expressão tangível da aprendizagem em produtos
ou serviços criados pelos próprios alunos em resultado da cons-
trução ativa de conhecimentos e do desenvolvimento colaborativo e
reflexivo de competências.

Saiba mais

Um ótimo exemplo de metodologias (cri)ativas são


os laboratórios de fabricação – conhecidos como
pela abreviatura fablabs. São espaços de experimen-
tação que permitem aos alunos criar protótipos de um modo rápido e
barato. Você pode conhecer mais a respeito desses laboratórios e do
movimento maker (“faça você mesmo”) ao qual eles estão associados
em uma entrevista dada por Paulo Blikstein, professor de Stanford e
criador do Fablab@School, ao projeto Porvir em 2013.
Link: https://bit.ly/3y2bhUV Acesso: 25/06/2021

1.13
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Vale lembrar que as metodologias (cri)ativas valorizam a


integração entre o que é aprendido em situações formais de
ensino-aprendizagem (a escola, a universidade) e sua apli-
cação prática na vida “real” (na sociedade, no mundo do
trabalho).

METODOLOGIAS ÁGEIS
No início dos anos 2000, discussões sobre um modo mais ágil de
desenvolver softwares culminaram em um manifesto de princípios
que logo se estenderam para o mundo dos negócios.

Inspirados nesse movimento, autores como Krehbiel et al. (2017)


organizaram o Manifesto Ágil para o Ensino e a Aprendizagem,
cujas principais características incluem:

Flexibilidade para atender às necessidades dos


alunos, em vez de aplicar de forma rigorosa um
programa predeterminado;

Desenvolvimento da capacidade dos alunos de


agirem em ambientes de incerteza;

Envolvimento dos alunos em esforços conjuntos


para alcançar os resultados almejados, como acon-
tece em equipes na vida pessoal e profissional;

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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Avaliação como ferramenta para promover (mais


do que verificar) a aprendizagem;

Empoderamento e individualidade dos alunos;

Demonstração e aplicação da aprendizagem,


com geração de evidências tangíveis das reali-
zações pelos alunos;

Melhoria contínua por meio da aprendizagem a


partir dos erros, de avaliações frequentes e de
comentários formativos.

De maneira mais específica, as metodologias ágeis têm por fina-


lidade ajudar os alunos no gerenciamento do seu tempo e sua
atenção. Elas se mostram extremamente oportunas no cenário
atual em que informações são produzidas e comunicadas em velo-
cidade vertiginosa, ao passo que a atenção humana é um recurso
finito, assim como o tempo é um recurso inelástico.

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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Por séculos, a escola e a universidade foram as instituições sociais


legitimamente responsáveis por gerenciar a atenção das pessoas,
por meio de práticas estruturadas de administração do tempo.

Hoje, diante de tantas fontes de informações (inclusive falsas)


e de tantos estímulos que competem pela atenção dos alunos,
o desafio de atrair, canalizar e direcionar a atenção dos alunos
tornou-se mais complexo.

Daí a importância das metodologias ágeis, que favorecem a


microaprendizagem e o just-in-time learning (a aprendizagem no
tempo certo). Microconteúdos, microatividades e microavaliações
são projetados para rodar em dispositivos móveis em conexão
contínua (sem fio), possibilitando dessa forma que a aprendizagem
se realize literalmente em qualquer tempo e lugar.

As metodologias ágeis se expressam, por exemplo, nas técnicas


de Minute Paper (que consiste em uma questão proposta para
ser respondida no tempo cronometrado de 1 minuto); Discurso de
Elevador (que envolve a elaboração de uma apresentação oral de
curtíssima duração); e Pecha Kucha (que tem a mesma lógica do
Discurso de Elevador, mas é apoiada por imagens dispostas em
20 slides com a duração de 20 segundos cada).

Indicação de Vídeo

Veja um exemplo de apresentação Pecha Kucha


tratando justamente da técnica no vídeo Pecha
Kucha - O que é, como fazer, e o que tem a ver com
inovação, no canal Findeslab do Senai Espírito Santo, 2020.
Link: https://bit.ly/360PHUR Acesso: 25/06/2021

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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

METODOLOGIAS IMERSIVAS
As metodologias imersivas são aquelas que visam desenhar a
aprendizagem como um conjunto de experiências agradáveis, ines-
quecíveis e altamente significativas. Para isso, valorizam o enga-
jamento dos alunos, possibilitando a vivência integrada de sensa-
ções, intuições, sentimentos e pensamentos.

Um princípio importante das metodologias imersivas é a diversão


– no sentido de propiciar a vivência de algo diverso, diferente.
Essa é a razão pela qual a aprendizagem baseada em jogos e a
gamificação podem trazer para a aprendizagem elementos que
promovem alto envolvimento:

storytelling (narrativas ou contação de histórias), envolvendo


surpresa, mistério e suspense, curiosidade e encantamento, conflito,
competição e cooperação;

desafios e metas, níveis de dificuldade, pontuação e recom-


pensas;

liberdade de tentar, errar e tentar novamente, a partir de


feedbacks qualificados;

caminhos personalizados, com monitoramento individualizado


de progresso.

De maneira mais imersiva, tecnologias imersivas como a realidade


a realidade aumentada, a realidade virtual e a simulação digital
propiciam aos alunos experimentar realidades modeladas compu-
tacionalmente ou totalmente inventadas.

1.17
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

E possibilitam ainda que os aprendizes visualizem e vivenciem “na


pele” as consequências de suas decisões, ao emitir feedbacks que
não são meramente explicativos das decisões tomadas, mas trans-
formadores do espaço e do tempo.

Saiba mais

Um dos exemplos mais emblemáticos de tecnolo-


gias imersivas é o jogo Pokemon, lançado em 2016 e
que virou febre por um período. Utilizando o sistema
de posicionamento global (GPS) e realidade aumentada na linha de
frente dos smartphones, o jogo dá aos jogadores a possibilidade de
capturar, batalhar e treinar criaturas virtuais que aparecem nas telas
dos dispositivos como se estivessem no mundo real.

Você pode conhecer mais sobre o potencial educacional dessa tecno-


logia inversiva lendo o artigo Pokémon Go: um recurso a utilizar?, publi-
cado por Vera Cabral no Portal do Professor do Centro do Professorado
Paulista. Link: https://bit.ly/3jo4nFu Acesso: 28/06/2021

Como podemos ver, as metodologias imersivas


se desdobram em coleções de objetos tridimen-
sionais, mundos totalmente virtuais, recursos
holográficos e simuladores híbridos (parte
digital, parte virtual) com potencial de
criar experiências de aprendizagem nas
quais os alunos se tornam os verdadeiros
responsáveis pelas escolhas, manipula-
ções, decisões e criações.

1.18
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

METODOLOGIAS ANALÍTICAS
As metodologias analíticas fazem uso do poder dos computadores
para coletar, tratar e transformar os dados relativos à aprendi-
zagem, apoiando assim a tomada de decisão por educadores,
gestores e pelos próprios alunos.

Incluem-se nesse grupo de metodologias abordagens como:

1.19
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Um princípio importante nas metodologias analíticas é que, a partir


da coleta, tratamento e interpretação de dados torna-se possível
adaptar a aprendizagem ao perfil ou ao desempenho dos alunos
individuais ou de grupos de alunos.

Conforme Filatro (2021), isso se dá por meio de monitoramento


e análise das atividades dos alunos, cujos resultados subsidiam a
tomada de decisão humana ou computacional.

Por exemplo, sistemas de recomendação agregam dados sobre o


comportamento ou as preferências dos alunos – ou mesmo de alunos
com perfil semelhante – a fim de tirar conclusões sobre quais itens
eles provavelmente podem estar interessados ou necessitam acessar.

Parte das metodologias analíticas está voltada à previsão de como


os alunos vão se comportar no futuro e como os professores e a
equipe de apoio podem realizar intervenções proativas em bene-
fício daqueles que precisem de apoio adicional.

É o que fazem os sistemas de tutoria inteligente que utilizam


técnicas de inteligência artificial para fornecer feedback imediato
e personalizado para estudantes. Esses sistemas têm como grande
diferencial a capacidade de atender aos alunos 24 horas por dia,
7 dias por semana.

1.20
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Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

Saiba mais

O Duolingo é um dos exemplos mais conhecidos de


plataforma de ensino-aprendizagem personalizada.
Criada em 2011, é voltada ao ensino de idiomas e
apresenta pequenas lições interativas que simulam um jogo on-line.
Utilizando a abordagem orientada a dados, a cada passo concluído o
sistema verifica em quais atividades os alunos sentiram dificuldade e
que tipos de erros foram cometidos. A partir dos padrões identificados,
o sistema customiza as lições para que o aluno tenha uma experiência
totalmente adaptada de aprendizagem.

Caso você ainda não conheça, vale experimentar o recurso diretamente


no site, há uma versão da ferramenta voltada para o uso em escolas
Link: https://bit.ly/35ZHO1M Acesso: 25/06/2021
Link: https://bit.ly/3jrCIDB Acesso: 25/06/2021

As metodologias analíticas combinam a capacidade humana


com a capacidade informacional para compor o que alguns
chamam de inteligência aumentada, que tem por objetivo é
utilizar a inteligência artificial para estender as capacidades
humanas, permitindo que as pessoas realizem suas tarefas com
mais precisão e rapidez (CIEB, 2019).

O que aprendemos e o que vem por aí?

1.21
1.21
Unidade 1: Fundamentos das metodologias inov-ativas

As metodologias inov-ativas são inovadoras porque repre-


sentam mudanças significativas em vários aspectos do processo
de ensino-aprendizagem:

As metodologias As metodologias
(cri)ativas alteram os ágeis alteram o tempo
papéis que as pessoas no qual as pessoas
desempenham – alunos aprendem.
podem ensinar.

As metodologias As metodologias
imersivas alteram a analíticas alteram
relação das pessoas as formas de
com as mídias e acompanhar e avaliar
ferramentas. a aprendizagem.

Nesta unidade, você pôde conhecer as características básicas de


cada um desses quatro grupos de metodologias. Nas unidades
seguintes, vamos focar em como elas podem ser desenhadas,
implementadas e avaliadas para gerar as melhores experiências e
resultados em educação.

1.22
1.22
REFERÊNCIAS

#42SÃOPAULO. Qual é a relação entre Mundo Bani e a educação do futuro? Fundação


Telefônica Vivo, 19.03.2021. Disponível em: <>. Acesso em: 20 mar. 2021.

ANANIADOU, K.; CLARO, M. 21st Century Skills and Competences for New Millen-
nium Learners in OECD Countries. OECD Education Working Papers, No. 41, OECD
Publishing, 2009. Disponível em: < https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED529649.pdf >. Acesso
em 15 mar. 2021.

BACICH, L.; MORAN, J. M. (orgs.) Metodologias ativas para uma educação inovadora.
Porto Alegre: Penso, 2018.

CASCIO, J. Facing the Age of Chaos, Apr 29, 2020. Disponível em: <https://medium.
com/@cascio/facing-the-age-of-chaos-b00687b1f51d>. Acesso em 21 fev. 2021.

CIEB. Como entender e aplicar a inteligência artificial na educação? Notícias gerais,


13/11/2019. Disponível em: < https://cieb.net.br/como-entender-e-aplicar-a-inteligencia-arti-
ficial-na-educacao/ >. Acesso em: 20 abr. 2021.

FILATRO, A. Como preparar conteúdos para EAD. São Paulo: Saraiva, 2018.

FILATRO, A. DI 4.0: inovação na educação corporativa. São Paulo: Saraiva, 2019.

FILATRO, A. Data science na educação. São Paulo: Saraiva, 2021.

FILATRO, A.; CAVALCANTI, C. C. Metodologias inov-ativas na educação presencial, a


distância e corporativa. São Paulo: Saraiva, 2018.

KREHBIEL, T. C. et al. Agile manifesto for teaching and learning. The Journal of Effective
Teaching, v. 17, n. 2, p. 90-111, 2017.

UNESCO. Education 2030. Incheon declaration and Framework for action. Towards Inclu-
sive and equitable quality education and lifelong learning for all. Banco Mundial, 2015.
Disponível em: <https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000245656_eng>. Acesso em:
15 mar. 2021.
Professora: Dra. Andrea Filatro
Designer: Franciele Souza

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