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TRATO GASTROINTESTINAL III

Prof. Fernanda Osso


fernandaosso@nutmed.com.br

VESÍCULA BILIAR
A Vesícula biliar está localizada sobre a superfície do lobo
direito do fígado e tem a função principal de concentrar,
armazenar e excretar a bile produzida no fígado. A bile
apresenta 3 principais constituintes:

Principal pigmento da bile. A destruição


das hemácias libera a hemoglobina a
BILIRRUBINA partir da qual se forma a bilirrubina não
conjugada. Esta é transportada para o
fígado onde é conjugada e excretada
na bile.

Formados a partir do colesterol são


essenciais para digestão e absorção de Fig2: Observa-se a migração de um cálculo da vesícula
SAIS BILIARES gorduras, vitaminas lipossolúveis e até o esfíncter de Oddi, passando pelo colédoco.
alguns minerais. São excretados no
intestino delgado através da bile, e Colelitíase
posteriormente reabsorvidos no sistema
porta A colelitíase é definida pela formação de cálculos biliares
SEM infecção da vesícula. Na maioria dos casos esses
COLESTEROL Importante constituinte dos sais biliares cálculos são assintomáticos. Eles podem permanecer na
vesícula ou migrar para o colédoco permanecendo nele ou
ainda migrar para o duodeno causando ou não sintomas.
Trajeto da bile: Do Fígado ao Intestino Delgado Existem 2 tipos mais comuns de cálculos biliares:

 Cálculos de colesterol não pigmentados – SÃO A


Fígado MAIORIA DOS CASOS e são compostos de colesterol
+ bilirrubina + sais de cálcio
Ducto hepático comum

Ducto cístico

Ducto biliar comum


FATORES DE RISCO
- Sexo feminino -Obesidade / distribuição
Vesícula
central de gordura
Pancreas
- Gravidez
Esfíncter de
Ducto pancreático - Perda rápida de peso: cir.
Oddi
- Idade Bariátrica, jejum prolongado,
restrição calórica importante
- História familiar
- Drogas: hipolipemiantes,
-Etnia: índios pima, anticoncepcional oral,
Figura 1: A bile produzida deixa o fígado pelo ducto escandinavos e mexicanos estrógeno
hepático comum e chega à vesícula pelo ducto cístico
onde é armazenada. Mediante estímulo (colecistoquinina) - Dieta com alto teor de - infecções crônicas de baixo
gordura por longo período grau pois alteram capacidade
a vesícula se contrai e libera a bile que segue seu curso
pelo ducto biliar comum ou colédoco (união do hepático pois gera estímulo constante absortiva da mucosa da
comum com cístico) que se une ao ducto pancreático para para produção de bile vesícula
desembocarem no duodeno.
FATORES DE RISCO ALIMENTARES (Krause 2013)

- Dieta pobre em fibras e com alto teor de gordura


(especialmente saturada) e consumo de grande
A bile é a via excretória primária de cobre e manganês e quantidade de PTN animal.
tem imunoglobulinas para manter integridade de mucosa - carboidratos refinados aumentam 60% mais o risco

 Cálculos pigmentados – são polímeros de bilirrubina


DOENÇAS DA VESÍCULA BILIAR ou sais de cálcio. Estão associados à hemólise
crônica, pois a hemólise gera bilirrubina
As doenças biliares mais comuns são colelitíase, FATORES DE RISCO
coledocolitíase e colecistite
- Idade -Cirrose
Cole = vesícula
- Anemia Falciforme - Alcoolismo
Litíase = presença de “cálculos” - Talassemia - Nutrição Parenteral
prolongada
Ite = inflamação, não tem “cálculos” -Infecção no trato biliar

1
Tratamento da colelitíase sendo portanto arriscado preparações hiperlipídicas nesse
período, pois podem gerar esteatorréia
Em geral é realizada a cirurgia de remoção da vesícula
(colecistectomia) que pode ser por laparotomia ou Após a colecistectomia a bile é secretada diretamente pelo
laparoscopia que é menos invasiva. Outros métodos fígado no intestino.
menos comuns incluem dissolução química, terapia
litolítica com ácido quenodesoxicólico ou litotripsia (choque Colecistite
extracorpóreo). A CPRE pode ser usada para retirada de
cálculos que migraram para as vias biliares. Não há
tratamento dietético específico para impedir colelitíase em É caracterizada pela inflamação da vesícula biliar podendo ser
indivíduos suscetíveis. classificada como aguda ou crônica e quanto à presença ou
não de cálculos (calculosa e acalculosa). A forma mais comum
(Krause 2013) Foi observado recentemente que a é a colecistite calculosa cujos cálculos levam à obstrução dos
colecistectomia é um preditor de cirrose hepática e está ductos biliares. Esta obstrução faz com que a bile fique
associada à elevação de enzimas hepáticas estagnada na vesícula levando à inflamação de suas paredes
além de icterícia, pois já que a bile não flui normalmente acaba
(Krause 2013)Dietas baseadas em vegetais bem extravasando para a corrente sanguínea. A colecistite
como a Vitamina C podem reduzir o risco de acalculosa pode ocorrer em condições graves como trauma,
colelitíase em mulheres. sepse, queimaduras e choque onde há tendência à estagnação
de bile na vesícula.
Tratamento Nutricional após colecistectomia (Krause +
Chemin) Colangite
- A alimentação é retomada normalmente por via oral
assim que houver o retorno da peristalse e a retirada da Pode ser classificada como colangite aguda e colangite
sonda nasogástrica de drenagem, caso esteja presente. esclerosante.
- Deve-se iniciar com dieta leve ou líquida até evoluir para
geral  Colangite aguda: Ocorre APENAS Inflamação nos ductos
- Se no pós operatório o paciente ficar com dreno em biliares e o paciente necessita de ressuscitação com
intestino para retirada de secreção biliar (dreno de Kher), fluidos + antibióticos de amplo espectro.
deve-se fazer dieta hipolipídica durante permanência do
dreno (em geral 10 a 15 dias)  Colangite esclerosante: Ocorre além da inflamação,
- a adaptação do organismo para digestão de gorduras na cicatrização e obstrução dos canais biliares dentro e fora
ausência de vesícula se dá em 2 meses de pós operatorio, do fígado. É uma condição grave que pode gerar sepse e
insuficiência hepática. Assim como na colangite aguda o
Coledocolitíase tratamento é antibiótico de amplo espectro e , em caso de
Ocorre quando há o deslocamento de algum cálculo da sepse recorrente a antibioticoterapia se torna crônica.
vesícula para o colédoco, podendo causar obstrução, dor e
cólicas.
coledocolitíase Colestase

É a diminuição ou interrupção do fluxo de bile, fazendo com


Obstrução da passagem da bile que a bile fique estagnada. Uma das causas é a ausência de
alimentação pelo trato gastrointestinal por longo período, como
ocorre na NPT prolongada, que gera a colestase acalculosa, ou
seja a bile deixa de fluir normalmente não devido à obstrução
colecistite ↓Abs lip por cálculo, mas sim por falta de estímulo.

Acolia fecal* PREVENÇÃO: alimentação enteral mínima. Quando não for


possível alimentação, utilizam-se drogas.
*Acolia fecal: fezes esbranquiçadas devido à ausência de pigmentos
biliares nas fezes.
Fig 3: Possíveis conseqüências da coledocolitíase

Tab. 1: Considerações Nutricionais na Colecistite aguda e Crônica


Classificação da colecistite Considerações Nutricionais

 Via oral ZERO durante ataque agudo – Pode-se indicar NPT em caso de desnutrição ou previsão de VO zero
prolongada
AGUDA
 Retorno da VO: dieta com 30 a 45g de gordura/dia

 Sem associação de colesterol dietético com formação de cálculos na vesícula.

 Pode haver necessidade de dieta hipolipídica por longo prazo

 25 a 30% do VET de lipídeos. Não se recomenda restrição maior pois o lipídio é importante para o
escoamento da bile
CRÔNICA PÂNCREAS
 Flatulência é queixa freqüente. Deve-se avaliar caso a caso para identificar o alimento envolvido 2
 Nos casos de suspeita de má absorção de gordura, é benéfico reposição de vitaminas lipossolúveis na forma
hidrossolúvel
O Pâncreas é um órgão glandular que apresenta uma função 48h  PO2 arterial < 60mmHg
endócrina, através da síntese e liberação de insulina e  Déficit de base > 4 mEq/L
glucagon, e uma função exócrina através da síntese e  Seqüestro de fluido > 6L
liberação de enzimas digestivas (amilase, lipase e protease)  Cálcio sérico < 8mg/ml
que auxiliam a digestão de carboidratos, lipídeos e proteínas.
Esta secreção exócrina é regulada pelos fatores descritos na Interpretação:
Fig 1.
(Krause) 5 observações são feitas na internação/diagnóstico e
Secretina 6 são feitas 48h após. Se o paciente apresentar 3 ou mais
+ Resposta neural desses parâmetros a mortalidade é de 60%.
colecistoquinina
(Dan 2009)
Presença de 1 a 3 critérios = Pancreatite leve
Presença de 4 ou + critérios = Mortalidade elevada

Secreção exócrina pancreática Os sintomas da pancreatite incluem:


(enzimas digestivas)
 Dor de intensidade  Náuseas/vômitos
variável, contínua ou
intermitente que pode  Esteatorréia
irradiar para as costas
Composição dos Sais biliares  Hipoperistaltismo  Distensão abdominal
alimentos ingeridos  Parada de eliminação
(Os lipídeos são os de flatos e fezes  icterícia
maiores estimuladores)
Casos Graves de Pancreatite

Fig 1: Fatores responsáveis pela regulação da secreção  Hipotensão (pulso  Oligúria


exócrina pancreática fino)
 Dispnéia  Hemorragia
Neste capítulo serão abordadas apenas as doenças do
 Choque  Morte
Pâncreas exócrino.
 Sinal de Cullen  Sinal de Gray Turnner
(hematoma na (hematoma em flancos)*
PANCREATITE região umbilical)*
*significa sangramento retroperitoneal
È uma inflamação do pâncreas caracterizada por edema +
exudato celular + necrose gordurosa. A doença pode seguir
dois cursos distintos conforme abaixo: Etiologia
A pancreatite apresenta etiologia multifatorial (Fig. 2) e está
1. Suave (leve) – 80% dos casos: autolimitante, pancreas associada a sérias complicações e mortalidade significante.
apresenta edema intersticial (pancreatite edematosa) com As principais etilogias são álcool e cálculos biliares, que
recuperação completa em torno de 5-7 dias. apresentam respectivamente, mortalidade de 5 e 10 a 25%.
2. Grave – 20% dos casos: autodigestão + necrose +
hemorragia de tecido pancreático, com importante
repercussão sistêmica e hipercatabolismo.
Cálculos
Apesar de a extensão e gravidade da lesão poder ser avaliada Alcoolismo biliares
somente por exames radiográficos de imagem (Tomografia e crônico
ultrasom) pode-se avaliar o prognóstico de internação
hospitalar de um paciente utilizando-se os critérios de Ranson.

 Critérios de Ranson (1974): Composto de 11 critérios,


sendo 5 avaliados no momento da internação ou
diagnóstico e os 6 restantes durante as primeiras 48h de Dç do trato
PANCREATITE Trauma
internação, conforme ilustrado na Tab 2. biliar

Tab 2: Critérios de Ranson para avaliar o prognóstico na


Pancreatite
 Idade > 55 anos
 Leucócitos > 16.000/m3 hipertrigliceridemia Algumas drogas
Internação  Glicemia > 200mg/ 100ml hipercalcemia Infecção viral
ou  Desidrogenase lática > 350 UI/L
Diagnóstico  Aspartato transaminase > 250 U/L

Fig. 2: Fatores etiológicos da pancreatite

 Redução de hematócrito > 10mg/dl


Primeiras  Aumento do N2 ureico sanguíneo > 5mg/dl

3
(Krause 2013) A obesidade parece ser um fator de risco
para o desenvolvimento da pancreatite e aumento de Teste de tolerância à Endócrina
sua gravidade glicose (secreção de insulina)

Patogenia Classificação
A Pancreatite pode ser classificada em AGUDA ou CRÔNICA.
(Krause)
 Pancreatite Aguda
Os mecanismos exatos que levam à lesão
pancreática ainda não foram completamente elucidados, A Causa mais comum são os cálculos biliares
porém é aceita a teoria do refluxo do conteúdo ductal para o Outras causas incluem:
interior do ducto pancreático (Wirsung). Para entender esta  Traumática: trauma abdominal, pós operatória, CPRE
teoria, é necessário lembrar que as enzimas pancreáticas são  Doença pancreática: pâncreas divisum, câncer de
armazenadas no interior do pâncreas na sua forma inativa, pâncreas, ascaridíase ductal(colédoco ou Wirsung),
sendo ativadas apenas no lúmen intestinal. De volta à teoria, pancreatite crônica
acredita-se que este refluxo faça com que as enzimas sejam  Metabólica:alcoolismo, hipertrigliceridemia, hipercalcemia,
prematuramente ativadas no interior do pâncreas, causando obesidade, gravidez, hiperparatireoidismo (pelo ↑ cálcio)
autodigestão e destruição da glândula. Uma vez que as  Infecciosa: caxumba, peritonite, hepatite B, Herpes
enzimas pancreáticas (amilase, lipase e proteases) são Simples, citomegalovirus
armazenas no interior das células, a destruição destas faz  Medicamentosa: diuréticos, corticoesteróides, azatioprina,
com que as enzimas sejam liberadas na corrente sanguínea, o tetraciclina, metronidazol, sulfassalazina.
que explica o fato de observarmos elevação de amilase e  Tóxica: arsênico, chumbo, histamina, tetracloreto de
lipase na corrente sanguínea em casos de pancreatite, sendo carbono
estas enzimas utilizadas inclusive para auxiliar no diagnóstico  Outras: excessos alimentares, veneno de escorpião, LES,
da doença. Já a teoria que envolve o ácool como fator queimaduras, insuf. Hepática grave, pós Tx renal
etiológico, seria que este leva a um aumento da secreção  Idiopática: causa desconhecida
pancreática por estimular a gastrina e secretina, associado a
espasmo e/ou edema do esfícter de oddi. Logo, o estímulo da Avaliação Nutricional do Paciente (Dan)
secreção associado à obstrução da passagem desta pelo Uma vez que a desnutrição é um achado freqüente
edema ou espasmo do esfíncter de Oddi, gera pancreatite. em pacientes com pancreatite, torna-se fundamental a
realização da avaliação nutricional para traçar a conduta
mais adequada.
Nos casos de pancreatite crônica, devido à destruição celular A avaliação consiste em uma abordagem geral,
maciça e substituição do tecido pancreático (funcional) por baseada em dados antropométricos, bioquímicos e
fibrose (ñ funcional), a síntese de enzimas está diminuída e a imunológicos além de avaliação metabólica:
amilase e lipase séricas podem parecer normais.
 Antropometria: peso, PCT, CB e CMB devem ser
utilizados para avaliar reservas de proteína e gordura

(Dan 2009) Além do mecanismo já descrito acima, este autor  Dados Bioquímicos: índice de creatinina/altura (avaliação
acrescenta que o fator desencadeante está associado a das proteínas somáticas) + albumina e transferrina
aumento no fluxo de cálcio intracelular e à ativação (avaliação das proteínas viscerais)
prematura do tripsinogênio no pâncreas, ocasionando a
autofagia.  Dados imunológicos: contagem total de linfócitos + teste
de hipersensibilidade cutânea avaliam a competência
Migração de neutrófilos até o pâncreas imunológica do paciente, já que sabe-se que a
desnutrição a prejudica.
Liberação de citocinas inflamatórias
 Avaliação metabólica: realizada pelo balanço nitrogenado,
# Se essa resposta inflamatória ficasse contida apenas no que reflete a quantidade de massa protéica consumida
pâncreas a doença seria bem mais leve, ao invés disso ocorre para gerar energia.
a “enxurrada de citocinas” na circulação sistêmica, lesionando
outros órgãos, como por exemplo, lesão pulmonar aguda e Terapia Nutricional
SARA, ocasionada pela liberação de enzimas proteolíticas O cuidado nutricional na pancreatite aguda tem o objetivo
(tripsina, elastase, fosfolipase e caspase1) na circulação. de colocar a glândula “em repouso”, já que a dor está
parcialmente relacionada aos mecanismos de secreção de
enzimas pancreáticas e bile. Abaixo segue um esquema
Existem alguns testes de função pancreática (tab. 3) que contemplando as diferentes condutas nutricionais diante dos
podem ser feitos para avaliar a extensão da destruição diferentes “ataques” na pancreatite aguda.
pancreática, já que as enzimas sozinhas não são marcadores
de extensão da lesão.

Tab. 3: Testes de Função Pancreática 1. Pancreatite aguda leve


TESTE FUNÇÃO AVALIADA
(comum a todos os autores)
Estimulação de secretina Exócrina
(secreção de bicarbonato) Dieta zero + hidratação venosa + analgesia
Gordura fecal em 72h Exócrina (Dan) além de todos acima ainda recomenda descompressão
(secreção de lípase) gástrica (sonda nasogástrica em sifonagem)

4
(Krause + Dan)
Retorno da alimentação: deve ocorrer após desaparecerem Fórmulas com baixo teor de lipídios ou sob a forma de TCM e
vômitos, dor, distensão abdominal e íleo, além de se proteínas sob a forma de pequenos peptides estimulam
normalizarem os exames laboratoriais (amilase, lípase, cálcio menos o pâncreas e são melhores toleradas.
e glicose). Isto normalmente ocorre em 5 a 7 dias ou 2 a 5
dias segundo Chemin 2010. Atenção! Fórmulas isentas de lipídios tendem a ter alta
osmolaridade  > estimulação do pâncreas e < tolerância.
(Krause) dieta por via oral, hipercalórica, hipolipídica, PTN
adequada, de fácil digestibilidade e com 6 refeições/dia. No Preferência: Fórmulas elementares ou semielementares.
caso de pancreatite prolongada (mais de 7 dias) menos grave,
pode-se iniciar dieta acima (atenção que está errado no livro, Nos casos de uso de NP, deve-se monitorar atentamente a
já que o correto é abaixo) do ligamento de Treitz. glicose, os TG, cálcio e o estado hidroeletrolítico, pois a
tolerância não é tão boa quando os nutrientes são
administrados via enteral.
Fig. 3: seta aponta localização do ligamento de
Treitz, que consiste no local onde se liga o final do Minerais:
duodeno com o início do jejuno. - cálcio: devido à freqüência de hipocalcemia, pode ser
necessária sua reposição como gluconato de cálcio. Com a
suplemetação de cálcio, pode ocorrer hipomagnesemia, pois
ambos competem pelo mesmo sítio de ligação na albumina.
(Dan) dieta por via oral ou enteral, atentando para possível
retorno da sintomatologia que mostra refratariedade à essas
- selênio: foi observada redução da mortalidade com o uso de
vias. No caso de enteral, esta pode ser por sonda
500 microgramas/dia, devido à modulação da inflamação do
nasoentérica ou jejunostomia, com dieta hiperproteica,
pâncreas gerada por ele.
moderada em carboidratos e suplementada com TCM.
(Chemin 2010)
2. Pancreatite aguda grave
- recomenda via enteral pós ângulo de Treitz com fórmula
(Krauses) - recomenda NPT!
oligo ou monomérica, iniciando com 10 a 15ml/h e evoluindo
volume e fórmula para polimérica de acordo com tolerância.
 Iniciar NPT com lipídios (sistem 3 em 1) somente após
- Assim como Dan2009 também recomenda 2 sondas
lipidograma e se TG < 400mg/dl
simultaneamente. Uma para a alimentação, pós ligamento de
Treitz e a outra para descomprimir o estômago.
 Se TG > 400mg/dl usar solução de dextrose e tratar
hiperglicemia com insulina.
- INICIALMENTE as fórmulas devem ser isentas de fibras para
evitar distensão abdominal
(Krause 2013) A terapia nutricional agressiva pode incluir
tentativa de usar o TGI. Com a alimentação no jejuno, as
- Não recomenda uso de probióticos até que os estudos
fases cefálica (??) e gástrica de estímulo pancreático
demonstrem segurança em sua utilização
exócrino são eliminadas.
- Em caso de a Nutrição enteral não ser suficiente para atingir
(Cuppari 2014) – A via enteral é indicada sempre que
as necessidades, deve-se ter a parenteral como base e
tolerada, com posicionamente após o ângulo de Treitz (mas
somente descontinuá-la se a aceitação da nutrição enteral for
pode ser gástrico se tolerado), com fórmula oligomérica,
de, pelo menos, 50% do VET previsto SEM
iniciando com velocidade de infusão bem baixa, com
INTERCORRENCIAS.
progressão de volume e fórmula (oligomérica para polimérica)
conforme tolerância. Segundo cuppari, 2014 a polimérica pode
- Lipídios tanto em enteral quanto em parenteral podem ser
ser usada desde o início, desde que a fonte de lipídio seja
usados desde que triglicerídeos < 300mg/dl
TCM, com o mínimo de TCL.
(Chemin 2010) Recomendações na Pancreatite aguda
GRAVE
No caso de se optar por NE, assim como a Krause na PA leve,
VET 25 – 30kcal/kg/peso
diz que o posicionamento deve ser após o ângulo de Treitz
Carboidratos 35 a 65%
com fórmula elementar.
Proteínas 1,5 a 2,0 – desde de que
não haja ↑ ureia sérica
(Dan 2009) – ATENÇÃO!! Nesta edição o Dan não recomenda Lipídios 1,0 a 1,5 – optando por
mais a NPT como padrão de Terapia Nutricional na formulas com TCM ou oliva
pancreatite aguda, como fazia na edição anterior. Micronutrientes Não estabelecidas as doses

Sabe-se agora que não usar o trato digestivo pode ocasionar (Projeto diretrizes 2011)
problemas. Promove translocação bacteriana e aumento nas
complicações tardias de infecção nosocomial, sepse e  O posicionamento jejunal é o mais indicado, mas o
insuficiência de órgãos. Assim, a alimentação precoce na posicionamento GÁSTRICO é seguro.
pancreatite aguda é importante para manutenção da função  Não há evidências para recomendar TNE
intestinal e prevenção de complicações. imunomoduladora para esses pacientes. Entretanto, a
suplementação isolada de W-3 está indicada.
È indicado o uso de 2 sondas simultaneamente. Uma para a  Quando a TNP está indicada, a suplementação de
alimentação, pós ligamento de Treitz ( 40 – 60 cm além do glutamina deve ser feita na dose de 0,3g/kg/peso.
ligamento) e a outra para descomprimir o estômago.  Recomenda-se fórmula com alto teor de TCM.

5
 Se houver triglicerídeo > 1000mg/dl deve-se suspender alimentação posicionada no jejuno além do ligamento de
lipídio. Treitz (ver Fig. 3). Este posicionamento de sonda se justifica
Complicações da NPT (Dan) pelo fato de a presença do alimento nesta região do intestino
gerar um estímulo mínimo para secreção pancreática. A
 Infecciosas: a mais comum é a infecção de cateter, e os fórmula utilizada deve ser hidrolisada, já que a dieta será
pacientes com pancreatite crônica são mais acometidos administrada direto no jejuno, hipolipídica, já que dos
do que os com pancreatite aguda. macronutrientes o lipídeo é o que mais estimula a secreção
pancreática, rica em proteínas, moderada em carboidratos e
 Metabólicas: a mais comum é a hiperglicemia moderada, acrescida de TCM. Quando o paciente evoluir para via oral,
acometendo aproximadamente 80% dos pacientes. Uma pode ser necessário o uso de enzimas pancreáticas para
glicemia > 200mg% é de difícil controle e sinal de mau tratar a esteatorréia.
prognóstico.

 Pancreatite Crônica
Monitoração do paciente em NPT (Dan) Causa mais comum é o álcool
 Diária: glicemia, lipase, amilase, peso e balanço hídrico Segundo Chemin,2010 o consumo de 150g de álcool/dia
 2x/semana: cálcio e albumina séricos por 5 anos já é o suficiente para desenvolver a doença.
 1x/ semana: hemograma, hemocultura, CB, PCT e A pancreatite crônica em contraste ao que ocorre na
balanço nitrogenado aguda, usualmente evolui de forma insidiosa durante muitos
anos. É caracterizada por ataques recorrentes de dor
abdominal que pode ser precipitada pelas refeições. Além
disto, ocorrem alterações estruturais e funcionais do pâncreas
A conduta clínica para esses pacientes inclui: como fibrose, calcificações e cistos, resultando em
insuficiência exócrina e endócrina com intolerância à glicose.
 Correção da hipovolemia com reposição hidroeletrolítica +
cuidados cardiorrespiratórios Patogenia
O evento inicial é a formação de tampões protéicos dentro dos
 Tratamento da dor. A morfina está contra-indicada por ductos pancreáticos, que funcionam como matrizes para
causar edema do esfíncter de Oddi, sendo a meperidina a deposição de sais de cálcio (carbonato de cálcio), formando
melhor escolha verdadeiros cálculos. Uma vez formados, esses cálculos
obstruem os ductos gerando inflamação com destruição do
 Devido à gastroparesia,quase sempre é necessário a parênquima pancreático. A destruição das ilhotas de
passagem de uma sonda gástrica de descompressão. Langerhans (produtoras de insulina) ocorre mais tardiamente.
 Monitorização rigorosa de glicose devido à possibilidade Fatores etiológicos
de prejuízo endócrino + relativa resistência à insulina pela
condição de estresse metabólico presente. Além do álcool, que como já mencionado é a principal causa
de pancreatite crônica, podemos citar a estenose do esfíncter
 Redução da produção de ácido clorídrico (já que este é de Oddi, o hiperparatireoidismo, tumores pancreáticos, dietas
um estímulo para secreção pancreática) com a utilização hiperlipídicas e pancreatite hereditária como causas menos
de antagonistas do receptor de H2 (antiácido) e importantes de acometimento crônico do pâncreas.
somatostatina que é considerada o melhor inibidor da
secreção pancreática, além de poder ser adicionada à Sintomas
NPT
Dor abdominal contínua ou recorrente + desnutrição
 Atenção com os níveis séricos de cálcio que estão progressiva + má absorção + diabetes secundário
freqüentemente baixos nesses pacientes ( embrem que o
cálcio na pancreatite é tão importante que é até um Causas da desnutrição na Pancreatite Crônica
parâmetro avaliado nos critérios de Ranson) . As
prováveis causas são:  Náusea/ vômitos  Esteatorréia (gordura > 7g
nas fezes em 24h)
1.Hipoalbuminemia: já que parte do cálcio é carreado na
corrente sanguínea ligado à albumina, se ocorre redução  anorexia  Icterícia
dos níveis dela, conseqüentemente o cálcio será reduzido
 Dor ao se alimentar  Aumento do GER (devido à
2.Necrose de gordura: Ocorre um “seqüestro” do cálcio pela que gera sitofobia inflamação pancreática)
área de necrose gordurosa para a formação de sabão com (medo de se
os ácidos graxos livres ali gerados. alimentar)
 Anemia  Hemorragia gastrointestinal
Para saber o real cálcio disponível deve-se determinar os
níveis de cálcio ionizado, que não é nem ligado à albumina Conseqüências da desnutrição da Pancreatite Crônica
nem aos ácidos graxos
 Edema periférico devido aos déficits de proteínas,
Conduta Nutricional na Resolução da Pancreatite Aguda  Erupção cutânea ácidos graxos essenciais e
No caso de pacientes estáveis, na medida em que a  Glossite vitaminas
pancreatite se resolve, isto é, quando desaparecem os
vômitos, a dor, a distensão abdominal, o íleo paralítico e os Objetivos da Terapia Nutricional
exames laboratoriais (amilase, lIpase, cálcio e glicose) estão  Prevenir dano posterior  ↓ esteatorréia
normais, pode - se tentar a utilização de um suporte nutricional ao pâncreas
agressivo via trato gastrointestinal, através de uma sonda de  ↓ crises e inflamação  corrigir desnutrição
6
aguda - especialmente na pancreatite crônica alcoólica a deficiência
 aliviar a dor de tiamina está quase sempre presente, além de deficiência
Conduta Clínica e Nutricional na Pancreatite Crônica de ácido fólico (Chemin 2010).
ANTIOXIDANTES

Tratamento geral da PC - A deficiência de Selênio, Vit. A, E, betacaroteno, xantina e


Interrupção da ingestão de Álcool + Analgésicos licopeno levam à inflamação persistente e à evolução para
(Dan 2009) fibrose na PC. (Dan 09)

(Krause) A via preferencial é a via oral com uma dieta ENZIMAS PANCREÁTICAS
hipercalórica, hiperproteica, hipolipídica e com glicose como
substrato energético preferencial, de acordo com a tolerância. - podem fornecer alívio da dor pela redução da secreção
exócrina
ENERGIA
- Se a função pancreática for reduzida em 90% a reposição é
(Chemin 2010 + cuppari 2014) 30 a 35kcal/kg peso/dia ou obrigatória. Esta é feita oralmente com as refeições e a
<20kcal/kg peso/dia inicialmente com evolução gradativa se dosagem deve ser de pelo menos 30000 UI/ lipase/ refeição
IMC < 16kg/m², para evitar síndrome de realimentação. (Krause,05/10)

LIPÍDEOS - 20.000 a 40.000 U / refeição de preparado padrão de


enzimas, não somente lipase (Dan,09)
- (Krause 05 e 10) deve-se ofertar o nível máximo que o
paciente possa tolerar sem esteatorréia aumentada ou dor.
Esta medida ajuda na promoção do ganho de peso ANTIÁCIDOS

- (Krause 05 /10 + Dan 2009) pacientes com suplementação - devido à produção pancreática de bicarbonato ser
máxima de enzimas devem receber dieta hipolipídica com 40 freqüentemente ineficaz, pode-se utilizar antiácidos (Inibidores
a 60g/dia ou substituição de parte da gordura por TCM de bomba de prótons e antagonistas dos receptores de H 2) ou
bicarbonato para manter o pH intestinal ótimo para atuação
- (Chemin 2010) 30% do VET se bem tolerado. Reduzir para < das enzimas, além de inibir a secreção ácido-gástrica que é
20% VET + TCM se não houver ganho de peso e persistência um importante estimulador da secreção pancreática.
de esteatorréia.
ÁLCOOL - Está proibido!
- (Cuppari 2002) restrição de lipidios para < 20% VET é
necessária DISFUNÇÕES ENDÓCRINAS

(Dan 2009) embora a esteatorréia esteja presente em 1/3 dos - Deficiência de insulina: Paciente desenvolve intolerância à
pacientes com PC, a DESNUTRIÇÃO É RARA! glicose e o tratamento é feito com administração de insulina
exógena, similarmente ao que se faz com um paciente
diabético. Segundo DAN 2009, Diabetes pode ocorrer de 7 a
CARBOIDRATOS 15 anos depois do diagnóstico inicial de PC em 20 – 30% dos
pacientes.
(Dan) Nos casos leves ou iniciais, pode-se manter o estado
nutricional aumentando a oferta de carboidratos e reduzindo - Deficiência de glucagon: Gera hipoglicemia refratária, pois
os lipídeos sem o glucagon há prejuízo na mobilização dos estoques de
glicogênio. O tratamento deve focar o controle dos sintomas e
(Chemin 2010 + cuppari 2014) normoglicídica atentando para não a normoglicemia. Segundo DAN 2009, mais pacientes
possível Diabetes. morrem por HIPOglicemia do que por HIPERglicemia, devido
à ausência do contrarregulador Glucagon.
PROTEÍNAS

(Chemin 2010 + cuppari 2014) 1 a 1,5 g/kg/dia A deficiência hormonal ocorre em conseqüência à destruição
das células beta e alfa pancreáticas, produtoras de insulina e
VITAMINAS (Krause,2005) glucagon respectivamente.

- ocorre deficiência de vitaminas lipossolúveis devido à Nutrição enteral X parenteral na PC


esteatorréia

- (Chemin 2010) ocorre deficiência de Vit C, riboflavina, ácido NE: nos casos de dor refratária com ingestão de alimentos,
nicotínico, cálcio, magnésio e zinco. pode-se indicar dietas enterais, até mesmo poliméricas por via
oral, já que estimulam menos o pâncreas comparadas aos
- ocorre deficiência de Vit B12 pela ausência de proteases alimentos in natura.
pancreáticas que promovem a separação da vit B12 da sua
PTN carreadora. Como a B12 fica ligada à sua PTN NP: reservada para os casos de dor persistente até mesmo à
carreadora, não consegue se ligar ao fator intrínseco e NE oral ou casos de ascite pancreática e/ou cisto pancreático,
conseqüentemente não é absorvida. Podem ser necessárias onde a NP torna-se indicação formal e precisa na tentativa de
formas hidrossolúveis de vitaminas lipossolúveis ou estabelecer repouso pancreático máximo.
administração parenteral de B12.

7
Nos pacientes em regime de NP que não apresentam melhora
do estado geral e da dor, há suspeita de neoplasia, TRATAMENTO CIRÚRGICO PALIATIVO (Chemin)
principalmente nos idosos.
Pacientes com tumores não passíveis de ressecção são
submetidos a um desvio duplo, que é realizada para aliviar
uma obstrução já presente ou iminente do duodeno e do ducto
CIRURGIA NO CÂNCER DE PÂNCREAS biliar. A cirurgia consiste em uma gastrojejunostomia e de uma
O adenocarcinoma do ducto pancreático é extremamente coledocojejunostomia. Apesar desta cirurgia, os pacientes
agressivo e, no momento do diagnóstico, a maioria dos continuam queixando-se de saciedade precoce, dor abdominal
pacientes apresenta perda de peso importante e apresenta-se após a refeição, distensão e falta de apetite. Estes pacientes
num estágio que não é possível realizar tratamento curativo. apresentam perda de peso grave, debilidade física, dor e
Os sintomas principais desta neoplasia são: dor anorexia.
abdominal, anorexia, náuseas, vômitos e perda de peso,
sendo parte desta náusea e vômito, associados à obstrução Terapia Nutricional no pós operatório (Chemin)
duodenal. Alimentar-se pode piorara a dor.  fornecer calorias e nutrientes suficientes para
Quando o câncer obstrui o ducto pancreático, pode compensar a má absorção;
ocorrer má absorção devido à deficiência enzimática e, este  Se as secreções digestivas forem inadequadas após a
fato, combinado à anorexia, contribui ainda mais para a perda cirurgia, pode ser necessária a reposição enzimática
de peso. Se ocorrer obstrução biliar, pode ocorrer má junto às refeições;
absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis.  Devido aos oligossacarídeos não necessitarem de
enzimas pancreáticas para sua hidrólise seu uso pode
TRATAMENTO CIRÚRGICO CURATIVO (Chemin) favorecer uma melhor absorção do que o uso de
É a única chance de cura, sendo a carboidratos de cadeia longa;
pancreatoduodenectomia (cirurgia de Whipple) o  Avaliar individualmente a questão da intolerância à
procedimento de escolha. Nesta cirurgia é retirada a metade glicose;
distal do estômago, a cabeça e quantidades variáveis do  Refeições pequenas e freqüentes podem auxiliar a
pâncreas, todo o duodeno e alguns centímetros do jejuno. ingestão devido à saciedade precoce;
 Se for necessário tanto para pacientes com ou sem
Problemas no pós operatório (Chemin) ressecção curativa pode ser usado um tubo de
- insuficiência exócrina e a má absorção de gorduras jejunostomia para suplementação da nutrição oral
- saciedade precoce, diarréia e anorexia através de nutrição enteral noturna.
- rápido esvaziamento gástrico, úlcera marginal (minimizada
pelo uso de bloqueadores de H2) e gastrite com refluxo de
bile. Uma modificação para preservar o piloro reduz o refluxo FÍGADO
biliar e o esvaziamento rápido (ver figura abaixo, foto A), mas
seu uso em pacientes com câncer de pâncreas é O fígado é a maior glândula do corpo humano, pesando
problemático. aproximadamente 1500g e tem a capacidade de se regenerar.
Após o procedimento a sobrevida é baixa (4% em 05 Ele é suprido com sangue vindo da artéria hepática (1/3 do
anos) e aproximadamente 10 a 12% são diabéticos e 10 a total) + o vindo da aorta e veia porta, que supre os outros 2/3
35% apresentam glicosúria ou hiperglicemia assintomáticas. e leva para o fígado o sangue escoado do TGI.
Apesar de somente 10 a 20% de fígado funcional serem
necessários para manutenção da vida, a sua remoção
completa causa óbito em 24h. Isto demonstra claramente o
papel metabólico chave desempenhado pelo fígado, cujas
principais funções são mostradas na tabela 4.

Tab.4: Principais funções do fígado


SUBSTÂNCIA FUNÇÃO HEPÁTICA
 transforma em glicose os produtos da
digestão de carboidratos
 armazena glicose na forma de
glicogênio (glicogênese)
Fig. 4: Cirurgia com preservação do piloro (A) e cirurgia de
Carboidratos  disponibiliza glicose dos estoques de
Whipple padrão (B) glicogênio (glicogenólise) quando é
necessário (p. ex. em hipoglicemia)
 sintetiza glicose a partir de precursores
Terapia Nutricional no Pós Operatório não glicídicos (ácido lático, AA, ácido
-(Krause) Conduta semelhante á pancreatite crônica, com tricarboxílico), processo denominado
reposição enzimática gliconeogênese
- (Dan)  conversão de AA em substratos
Lipídios: Recomenda-se dieta hipogordurosa e nos casos de energéticos
má absorção deve-se usar TCM.  síntese de AA não essenciais
Proteínas  síntese de fatores de coagulação
Carboidratos: 60 a 70% do VET (fibrinogênio e protrombina)
 síntese de proteínas séricas (albumina,
Devido ao jejum digestivo GÁSTRICO prolongado no pós globulinas, transferrina, ceruloplasmina
operatório desta cirurgia, recomendam-se dietas elementares e lipoproteínas)
eriquecidas com TCM administradas por sonda nasoenteral ou
jejunostomia

8
 faz beta oxidação de ácidos graxos herpes simples, febre amarela e rubéola também podem
gerando energia causar hepatite aguda.
 sintetiza corpos cetônicos que
Lipídios servirão de substrato energético no 1. Hepatite A (HAV): transmitida por via fecal-oral e
jejum contraída por alimentos e/ou água contaminada. Os
 sintetiza e hidrolisa triglicerídeos, doentes apresentam sintomas como anorexia (mais
fosfolipídeos e colesterol comum), náusea, vômito, dor abdominal no quadrante
superior direito, urina escura e icterícia. Normalmente a
 armazena todas as vitaminas recuperação é completa, ocorre em 95% dos casos e
lipossolúveis (A, D, E, K) conseqüências tardias são raras.
 armazena vitamina B12 2. Hepatite B (HBV) e C (HCV): são transmitidas por
 sintetiza as proteínas transportadoras sangue, sêmen e saliva e podem se tornar crônicas
Vitaminas de Vit A. chegando até mesmo à cirrose. A recuperação ocorre em
 converte caroteno em Vit A 90% dos casos de HBV porém apenas 15 – 30% em
 ativa o folato HCV.
 ativa a vit D 3. Hepatite D (HDV): é um vírus dependente do vírus B para
sobreviver, sendo portanto uma co-infecção. Esta hepatite
 armazena zinco, ferro, cobre e normalmente cronifica.
magnésio 4. Hepatite E: Assim como a hepatite A, esta é transmitida
Minerais  sintetiza as proteínas carreadoras de por via fecal-oral e normalmente não se torna crônica.
ferro, zinco e cobre 5. hepatite G/GB, (HGV) (Krause 2010 e 2013): É a
Transforma amônia (produto tóxico causada pelo virus G e transmitida por transfusão
Amônia resultante do metabolismo de proteínas) sanguínea e parece NÃO CAUSAR hepatopatia.
em uréia, que pode ser excretada pelos
rins
Hormônios São inativados e excretados (aldosterona, Sintomas gerais
esteróides glicocorticóides, estrógeno, progesterona
e testosterona) Os sintomas podem ser divididos em 4 fases:
Álcool e drogas Detoxificação destas substâncias pelo
sistema enzimático que possui 1. Fase prodrômica: É uma fase inicial que acomete cerca
de 25% dos pacientes com febre, artralgia (dor nas
Bactérias e São removidos do sangue pela ação
articulações), artrite, erupção e angioedema (edema
detritos no fagocítica das células de Kupffer,
decorrente do aumento da permeabilidade vascular).
sangue presentes nos sinusóides hepáticos (ação
2. Fase pré-ictérica: ocorre mal-estar, fadiga, mialgia,
de filtro)
anorexia, náusea, vômito, disgeusia e disosmia (perda
parcial da fala).
3. fase ictérica: É a fase que de fato aparece a icterícia.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA FUNÇÃO 4. fase convalescente: começam a desaparecer a icterícia
HEPÁTICA e outros sintomas.

No caso de suspeita de doença hepática,podem ser utilizados HEPATITE FULMINANTE


marcadores bioquímicos como: É caracterizada por insuficiência hepática grave com
desenvolvimento de encefalopatia após 8 semanas, sem
 Níveis séricos de bilirrubina: quando aumentados, podem
hepatopatia preexistente.
indicar produção excessiva ou captação hepática
prejudicada Causas
 hepatite viral (75% dos casos)
 Fosfatase alcalina: níveis aumentados sugerem
 toxicidade química (acetaminofen, cogumelos venenosos,
colestase, mas também podem aumentar com distúrbios
venenos industriais)
ósseos, gravidez e alguns tipos de câncer, já que não é  doença de Wilson
uma enzima produzida apenas pelo fígado.
 Fígado gorduroso da gravidez
 Síndrome de Reye (doença rara, pode ser fatal, acomete
 Enzimas hepáticas: elevação dos níveis séricos de
principalmente crianças e está associada a infecção viral)
aspartato aminotransferase (AST), uma enzima  Isquemia hepática
mitocondrial e alanina aminotransferase (ALT), uma
 Obstrução de veia hepática
enzima citoplasmática, denota dano ao hepatócito.
 Malignidade disseminada
 Albumina sérica: como é produzida apenas pelo fígado,
no caso de doença hepática pode ser um marcador de HEPATITE CRÔNICA
função do fígado, denotando dano hepático frente a uma
síntese reduzida. Uma hepatite só pode ser classificada como crônica se tiver
um curso de doença superior a 6 meses ou achados de
biópsia que comprovem. Ela pode ter várias etiologias como:
 Auto-imune
HEPATITES VIRAIS AGUDAS  Viral (principalmente HCV)
 Metabólica (doença de Wilson; hemocromatose e
É caracterizada por uma inflamação disseminada do deficiência de alfa – 1- antitripsina
fígado, causada pelos vírus da hepatite A, B, C, D e E. Alguns  Tóxica ( metildopa, nitrofurantoína, etc.)
agentes menores como vírus Epstein-Barr, citomegalovírus,

9
HEPATITE ALCOÓLICA
Ao ser metabolizado, o álcool gera acetaldeído + hidrogênio. HEPATOPATIAS COLESTÁTICAS
O consumo excessivo de álcool produz excesso de
acetaldeído que causa dano à estrutura e função hepática, já Pode ser dividida em dois tipos: cirrose biliar primária e
o excesso de hidrogênio, causa acúmulo de gordura no fígado colangite biliar primária, ambas doenças colestáticas crônicas
(esteatose hepática). O acúmulo de gordura associado ao imunomediadas. Na tabela 5 estão descritas as diferenças
dano causado pelo acetaldeído causa a hepatite, que pode entre as duas.
evoluir para cirrose caso a ingestão alcoólica continue. De
forma resumida, a hepatopatia alcoólica evolui por 3 estágios: Cirrose biliar Colangite
esteatose → hepatite alcoólica → cirrose (fig.5) característica primária esclerosante
(CBP) primária
ÁLCOOL (CEP)
destruição inflamação fibrosante
progressiva dos dos ductos biliares
Ductos biliares ductos biliares intra extra-hepáticos
hepáticos pequenos (pode ou não
e médios. comprometer
 acetaldeído  hidrogênio intrahepático)
Sexo Maioria Mulheres Maioria homens
acometido (90% dos casos) (60 a 70% dos
casos)
osteopenia (redução hipertensão portal
da massa óssea)
hepatotoxicidade Acúmulo de gordura insuficiência hepática
Complicações hipercolesterolemia
no fígado(esteatose) colangiocarcinoma.
deficiência de
vitaminas
lipossolúveis

hepatite 75% dos pacientes


apresenta retocolite
ulcerativa, tornando-
Particularidade - os mais suscetíveis a
deficiência de
cirrose vitaminas
lipossolúveis devido
Fig. 5: Evolução da hepatopatia alcoólica à esteatorreia
presente.
Estudos mostram que independente da dose ingerida de
etanol, apenas 30 a 35% dos alcoolistas evoluem para cirrose, Tab. 5: Diferenças entre CBP e CEP
mostrando que há outros fatores que tem importante papel na
gênese da doença alcoólica, tais como:
Tratamento da CEP: utiliza-se imunossupressores pela
 Herança genética ou polimorfismos genéticos das capacidade deles em atrasar a necessidade do transplante.
enzimas que metabolizam o álcool
 Sexo (mulheres são mais suscetíveis)
 Exposição simultânea a outras drogas
 Infecção por vírus hepatotrópico
 Fatores imunológicos
 Estado nutricional precário

Sintomas da hepatite alcoólica


 Hepatomegalia (fígado de tamanho aumentado)
 Elevação modesta das transaminases (AST e ALT)
 Albumina normal ou   Anemia/trombocitopenia
 Dor abdominal  Fraqueza
 Anorexia  Náusea
 Vômito  Diarréia
 Febre  Perda de peso

Se o álcool for retirado, a esteatose e hepatite pode se


resolver. Caso contrário, há evolução para o 3º estágio
(cirrose), como ocorre na maioria dos casos.

10
DISTÚRBIO FISIOPATOLOGIA SINAIS E SINTOMAS TRATAMENTO
sobrecarga de ferro - hepatomegalia
( indivíduos conseguem - varizes de esôfago, - restrição de ferro
armazenar 20-40g de ferro - ascite - flebotomia (se iniciada
Hemocromatose comparados à 0,3 - 0,8g em -síntese hepática prejudicada antes do aparecimento
indivíduos normais) pigmentação anormal da pele de cirrose, promove
intolerância à glicose expectativa de vida
- comprometimento cardíaco normal)
- hipogonadismo
Acúmulo de cobre devido à -  níveis séricos de - usar agentes quelantes
excreção biliar prejudicada (a bile ceruloplasmina de cobre
Doença de Wilson é a maior forma de excretar - anel de Kayser-Fleischer (Fig. 6) - a suplementação com
cobre) em tecidos como: fígado, - sinais neurológicos podem ser a zinco pode  absorção
cérebro, córnea e rins. manifestação mais precoce do cobre.
- dieta pobre em cobre
- transplante hepático é
necessário
Def. de alfa- 1- antitripsina Colestase ou cirrose ocorrem - Transplante hepático

Manifestações clínicas (Chemin + Dan 2009)


CIRROSE HEPÁTICA (Chemin)
Na cirrose hepática, ocorre destruição dos hepatócitos e Os pacientes são classificados em compensados ou
substituição do tecido hepático funcional por tecido cicatricial descompensados (presença de ascite, encefalopatia e/ou
(fibrose), fazendo com que haja além de perda funcional, icterícia).
alteração estrutural do fígado (ver fig. 7). É uma doença
irreversível e só é curada com o transplante hepático. (Dan)
 Cirrose hepática compensada
Pobre em sinais e sintomas. Suspeita da doença por
alterações ao exame físico. Alguns pacientes podem manter-
se nesta fase por toda vida, outros, em poucos meses ou
anos, evoluem para falência hepatocelular e hipertensão
portal.
 Cirrose hepática descompensada
Presença de complicações da cirrose – ascite, encefalopatia e
HDA, e sinais característicos como fraqueza, perda ponderal,
hálito hepático, icterícia e circulação colateral.

Causas da desnutrição no hepatopata


Como o fígado é um órgão chave para o metabolismo
de forma geral, um prejuízo importante em sua função, como
se observa na cirrose, acarreta uma série de conseqüências
Fig. 7: O contorno mais externo representa o tamanho de um fígado inclusive nutricionais, sendo a desnutrição extremamente
normal. O contorno mais interno representa um fígado cirrótico, com prevalente. Entretanto, quando a terapia nutricional é
os nódulos de regeneração (fibrose) e tamanho reduzido. fornecida, a desnutrição pode ser revertida e o prognóstico
clínico melhorado.
Etiologias da cirrose (Chemin)
1. Ingestão oral inadequada  é o principal contribuinte para
 Metabólicas: decorrentes de erros congênitos como, desnutrição e é acarretada por um conjunto de fatores:
galactosemia, tirosinemia, doença de Wilson, - anorexia
hemocromatose, deficiência de alfa 1 antitripsina e - disgeusia: estes pacientes podem apresentar
esteato hepatite não alcoólica deficiência de zinco, que está associada à disgeusia
 Virais: ocasionada pelos vírus B (associado ou não ao D - saciedade precoce: a ascite aumenta a pressão
ou delta) e C da hepatite intra-abdominal, comprimindo o estômago
 Alcoólica: ocorre após ingestão média de 80g (homens) - dietas muito restritas e não saborosas
e 60g (mulheres) de alcool/dia por um período de 5 a 10
anos (chemin) ou > 60 a 80g etanol/dia (H) e > 40 a 60g Esteatorréia  é comum de ocorrer na cirrose,
etanol/dia (M) por aprox. 10 anos (Dan,09) especialmente se houver lesão ou obstrução do ducto
 Induzida por fármacos: metrotrexato, isoniazida, biliar.
oxifenisatina e alfa-metildopa - drogas utilizadas no tratamento que podem causar
 Auto imune: afeta caracteristicamente mulheres jovens má absorção (lactulose, sequestrantes de sais
ou pós menopausa e é conseqüente à evolução da biliares)
hepatite ou colangite auto imune
 Biliares: cirroses biliares primária e secundária 2. Metabolismo alterado  ocorre alteração no metabolismo
 Criptogenica: de etiolgia indeterminada (10 a 15% dos de macro e micronutrientes, com possível elevação do
casos) GEB.

11
3. Paracentese  consiste na retirada do líquido ascítico por - Krause (05/10)  tem demonstrado um nível aceitável
punção abdominal. Este líquido é rico em proteínas e, de confiabilidade e validade, fornecendo uma perspectiva
portanto, ao retirá-lo ocorre perda protéica. ampla, porém não é sensível às alterações no estado
nutricional.
4. Ingestão alcoólica  Apesar de não estar envolvida em - Dan 09 e Cuppari  é um bom método de avaliação com
100% dos casos de cirrose, a ingestão alcoólica é muito 77% de concordância com a antropometria, apesar de não
freqüente e é uma importante causa de desnutrição quantificar as alterações nutricionais. É considerado um
devido a fatores como: método impreciso por alguns autores por subestimar a DPC
- substituição do alimento pelo álcool em 50% na cirrose ou superestimar em 60%.
- o álcool possui efeito negativo sobre a digestão e
absorção, levado à deficiência de tiamina, B12, folato, - (Chemin) Ainda é controverso para hepatopatas
d-xilose, zinco, aminoácidos e lipídios.
- além do prejuízo na absorção dos micronutrientes, o
álcool também provoca alteração no metabolismo 4. indicadores bioquímicos:
deles. Ocorre maior degradação da forma ativa da
piridoxina e menor formação da forma ativa do folato. - proteínas séricas (albumina; pré-albumina; transferrina;
- promove aceleração da peristalse e redução da proteína ligadora do retinol) devem ser usadas com
lactase da borda em escova, causando diarréia e cautela pois já que são produzidas pelo fígado, níveis
esteatorréia. baixos podem refletir a disfunção hepática e não
necessariamente desnutrição
5. sangramento digestivo (melena)  pode ocorrer pela
ruptura de varizes esofagianas e gástricas e é necessário - se possível, dosar ferro, ferritina, magnésio, zinco,
que o paciente fique em dieta zero, de forma que se isto cálcio, fósforo, B12 e folato
ocorrer com freqüência pode levar a desnutrição
- índice creatinina/altura
6. alterações neurológicas: dependendo da gravidade, (Cuppari)pode ser usado para estimar massa magra
podem impossibilitar uma ingestão por via oral segura. uma vez que é mais afetado por doença renal do que
hepática, além de ser o que menos sofre interferência
A desnutrição é mais acentuada na hepatipatia alcoólica, do acúmulo de líquidos no terceiro espaço.
mostrando participação direta do álcool na desnutrição.
(Krause) (Chemin) o índice creatinina/altura é um bom
indicador de massa magra, exceto em doença renal
Conseqüências da desnutrição (Chemin)
A desnutrição pode contribuir com o aparecimento do ascite Atenção: A Chemin diz que é um bom indicador no
(pela redução ainda maior das ptns totais), encefalopatia (pela texto,mas coloca em uma tabela como sendo um
proteólise que o paciente faz) e peritonite bacteriana (pela fator que afeta o índice de creatinina altura, a síntese
redução da imunidade e risco de colonização bacteriana no hepática reduzida de creatina
líquido ascítico que é nutritivo para bactéria).
(Krause – 05/10) diz que como o fígado sintetiza a
Quanto maior for a gravidade da cirrose, pior é a desnutrição, creatina (PTN que dá origem a creatinina), no caso
ou seja, pacientes Child B e C são mais desnutridos do que de insuficiência hepática grave, ocorre alteração nas
Child A (Chemin) suas taxas independente do estado nutricional.

- balanço nitrogenado pode ser usado para avaliar a


AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO HEPATOPATA adequação da terapia nutricional através do grau de
(Krauses + Dans + Cuppari) retenção de nitrogenio.

Diante de todas as causas de desnutrição presentes no - contagem total de linfócitos: reduzida em alcoolistas
paciente hepatopata, e considerando que a desnutrição é uma durante ingestão alcoólica, mas voltam ao normal em
achado bastante freqüente, torna-se fundamental a realização abstinência
da avaliação nutricional. Entretanto, ainda não há um “padrão
ouro” para avaliação do hepatopata e portanto esta deve ser 5. Antropometria
feita utilizando-se métodos antropométricos, bioquímicos e - é usada utilizando-se os mesmos parâmetros que se utiliza
clínicos, conforme descritos abaixo: para qualquer indivíduo.

1. História clínica: deve-se considerar o início, duração, e - Nos casos de edema ou ascite, deve-se dar preferência a
etiologia da doença hepática, bem como a presença de PCT, PC biciptal , subescapular e CMB pois sofre menor
comorbidades (nefropatia, DM, cardiopatia) interferência na retenção hídrica. Não se recomenda uso de
IMC nestes casos (Chemin + Krause)
2. exame físico: observar edema, ascite e sinais de
deficiências nutricionais (dermatites por carência de zinco - em estudo com cirróticos ambulatoriais viu-se que a CMB
ou de ácidos graxos essenciais; pelagra por deficiência de estava mais reduzida em homens e a PCT em mulheres
niacina e queilose ou queilite por deficiência de complexo (chemin)
B)
- deve-se avaliar circunferência abdominal e peso
3. Avaliação subjetiva global: neste tipo de avaliação, há periodicamente para acompanhar a progressão ou remissão
diferenças entre os autores. da ascite.

- (Dan 2009) Circunferência da panturrilha não se deve utilizar


em casos de edema.

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6.Força muscular - pode ser utilizada para avaliar a eficácia da
terapia nutricional. Entretanto em casos de encefalopatia não
pode ser usada pois não se sabe se é devido à redução
muscular ou às alterações bioquímicas (Chemin + Krause)

7. impedância bioelétrica

(Dan 2009) Pode ser utilizada em pacientes com DHC


compensada ou descompensada sem grandes alterações na
sensibilidade do método. Identificação do risco prognóstico
através do ângulo de fase. Deve ser usada em casos de ascite
e edema e naqueles em uso de diuréticos para
acompanhamento da retenção hídrica.

(Chemin 11) tem valor limitado na presença de ascite e edema


pois superestima a massa gorda e subestima a magra
(atenção: essa informação de superestimar massa gorda está
errada, mas é assim que está na Chemin)
ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DE HORMÔNIOS NO
(krause 10/13) múltiplos erros de interpretação, em caso de HEPATOPATA
ascite e edema, sendo um método INVÁLIDO nesses casos. *shunt portossistêmico: é um desvio do sangue da veia porta
Por isso, recomenda realizar em conjunto medidas
para circulação sistêmica sem que ele passe pelo fígado.
antropométricas + avaliação da ingestão + ASG.
Normalmente a ligação é feita com a veia cava e objetiva
aliviar a hipertensão portal, conforme ilustrado abaixo:
(cuppari 2014) Pode ser usada em paciente hepatopata, mas
deve ser restrita em caso de edema e/ou ascite.

Como já visto, o paciente hepatopata requer um conjunto


de parâmetros para avaliá-lo de forma mais correta, uma vez
que as alterações metabólicas presentes geram dificuldades
na interpretação destes parâmetros, como mostra a tabela
abaixo.

Resumo dos fatores que afetam a interpretação dos


parâmetros de avaliação nutricional no hepatopata
(Krause,05/10)
Teste Fatores que afetam interpretação
Peso Afetado por edema, ascite e diuréticos
-Sensibilidade, especificidade e TERAPIA NUTRICIONAL NO CIRRÓTICO
Antropometria confiabilidade questionáveis
-Má distribuição hídrica pode subestimar Medidas gerais (Cuppari)
desnutrição  introdução de 5 – 6 refeições/dia
Hepatopatia grave reduz síntese de  evitar longos períodos de jejum (o paciente cirrótico faz
Creatinina/altura creatina e portanto formação de creatinina hipoglicemia mais precocemente devido à menor
independente do estado nutricional capacidade de armazenar glicogênio)
Balanço Pode ser afetado pela síndrome  alimentos de fácil digestibilidade e alta densidade calórica
nitrogenado hepatorrenal administrar suplementos energéticos à noite
Excreção 3- Afetada por trauma, infecção e função
metil-histidina renal Objetivos (Cuppari)
-A síntese diminuída reflete mau
Proteínas funcionamento hepático e não estado  favorecer a aceitação da dieta e melhorar o
viscerais nutricional aproveitamento dos nutrientes
-afetadas pela má distribuição hídrica que  atender às necessidades e favorecer o ganho de peso
promove diluição delas  controlar catabolismo muscular e visceral
Função Afetados pela insuficiência renal, distúrbios  garantir aporte adequado de aminoácidos para manter o
imunológica eletrolíticos, infecção e insuficiência renal balanço nitrogenado, garantir síntese de proteínas de fase
aguda e promover regeneração hepática sem precipitar a
Além dos parâmetros antropométricos, bioquímicos e clínicos encefalopatia.
já vistos, é importante classificar a gravidade da insuficiência
hepática para estimar de forma mais correta as necessidades
do paciente. Para tal, utiliza-se a classificação de Child – Energia
Pugh,demonstrada abaixo:
 os percentuais devem ser distribuídos normalmente entre
os macronutrientes

 (Krause).a maioria dos cirróticos é normometabólico,


especialmente os com doença terminal

13
 (Krause 2010) Com ascite, infecção ou má absorção   Não se recomenda mais restrição protéica para profilaxia
incremento de 150 a 175% do GER ou 25 a 35 kcal/kg/dia de encefalopatia. A maioria dos pacientes tolera bem até
 1,75 g/kg peso/dia

Terapia adjuvante deve ser dada se ingestão < Dan 2009


30kcal/kg/dia (Krause 2010)
 1g/Kg atual ou ideal/dia  Dç hepática estável p/ BN+
 (Chemin) Os pacientes hepatopatas tendem a ser  1,2 – 1,8g/Kg/dia  Para retenção nitrogenada – preferir
hipermetabólicos e desnutridos Ptn vegetal.
 (proj. diretrizes 2011) A cirrose está relacionada com  Mín. 1,5g/Kg/dia  Em indicações cirúrgicas.
hipermetabolismo em apenas 15% dos pacientes.
 Em geral os pacientes em estágio terminal sem ascite Chemin - olhar recomendações na tab 6
apresentam 120 a 140% do GEB.
 (krause & Cuppari) Deve-se utilizar de 25 – 35 kcal/kg
peso A recomendação para pacientes estáveis é comum aos 3
 (cuppari 2014) Deve-se utilizar de 25 – 40 kcal/kg peso primeiros autores diferindo apenas na Chemin e Dan 2009
(ver Tab 6)
(Dan 2009)
 25 – 35 Kcal/Kg/dia  Manter ou restaurar o EN.
 40Kcal/Kg/dia  Ganho de peso mais acentuado. Prestem atenção que a Krause e Dan 2009 utilizam peso
Sem Ascite: Usar peso atual SECO, ao passo que Cuppari peso ATUAL ou IDEAL.
Com Ascite: Usar peso adequado (teórico) ou seco.

 O peso utilizado deve ser o peso seco (Krause) Lipídios


 O peso utilizado não deve ser o seco e sim o atual (na
ausência de ascite) ou o ideal na presença de ascite.  25 a 40% de lipídios (Krause)
(CuppariS), já que o peso seco pode subestimar as  máximo de 30% do VET(Cuppari & Dan)
necessidades calóricas.  os ácidos graxos livres, glicerol e corpos cetônicos estão
 NÃO utilizar Harris Benedict devido a elevada margem de  no sangue pois há preferência por lipídios como fonte
erro para esses pacientes. (CuppariS) energética (Krause)
 (Chemin) ver tab 6
Carboidratos
 Podem compor de 50 a 60% do VET Tab 6: Recomendações para hepatopata (Chemin)
 Preferencialmente carboidratos complexos, mas os
simples podem ser usados desde que a glicemia esteja
controlada (a maioria dos cirróticos apresenta resistência
à insulina).
 Na vigência de sepse, pode ocorrer hipoglicemia em 50%
dos pacientes.
 (Chemin) ver percentual recomendado para cada doença
na tabela 6.

Proteínas

Krause Tab.7: Resumo das recomendações de Macronutrientes


 É o macronutriente de controle mais complexo segundo McCULLOUGH et. Al, 1998 (Dan & Cuppari)
 Estudos mostram perdas de proteínas aumentada apenas
em insuficiencia hepática fulminante e cirrose
descompensada, mas não em cirrose estável.

 Pacientes estáveis (Hepatite não complicada e cirrose


sem encefalopatia) = 0,8 – 1g/kg peso seco/dia para
equilibrar o balanço nitrogenado (BN)

 Para positivar BN = 1,2 a 1,3 g/kg peso /dia

 Doença descompensada (sepse, ascite grave, infecção,


sangramento TGI) = pelo menos 1,5 g/kg peso/dia Vitaminas e minerais
Projeto diretrizes 2011 (Krause + cuppari)
 Na cirrose AVANÇADA, a suplementação oral prolongada  a suplementação é necessária em todos como doença
com AACR é útil para prevenir a progressão da falência terminal
hepática e melhora da evolução clinica.
vitaminas lipossolúveis
CuppariS
(Krause + Cuppari)
 pacientes estáveis= 0,8 a 1,0 g/kg peso atual ou ideal/dia  A deficiência de vitaminas lipossolúveis foram
 Para melhor retenção nitrogenada = 1,2 – 1,8 g/kg encontradas em todos os tipos de insuf. Hepática, em
peso/dia especial as colestáticas

14
 Suplementação de vitamina A + zinco pode melhorar TERAPIA NUTRICIONAL NA PRESENÇA DE
ganho de peso por melhorar paladar COMPLICAÇÕES DA CIRROSE
 A vitamina K é administrada intravenosa por 3 dias para
eliminar a deficiência Hipertensão Portal
 Suplementação com vitamina E reduz a peroxidação de
lipídios, um dos indutores de endotoxinas que contribuem A hipertensão da veia porta ocorre devido à compressão das
para distúrbios hemorrágicos no cirrótico. Apesar dissso, suas ramificações intra-hepáticas pelo fígado fibrosado e de
não não modifica qualidade de vida nem mortalidade. menor tamanho. Com a compressão das ramificações, o
sangue não consegue fluir adequadamente, ficando “retido” na
(Chemin) veia porta aumentando sua pressão (fig.8)
- complexos vitamínicos são importantes especialmente para
alcoolistas
- pacientes em uso de diurético para tratar edema e ascite
podem apresentar cãibras por depleção de potássio e
magnésio
- casos prolongados de colestase há disabsorção de vitaminas
lipossolúveis e deve-se fazer esquema de reposição de vit A
(2.500 UI/dia); vit D (50.000 UI/dia); vit E (400 UI/dia) e vit K
(sem recomendação)

Vitaminas hidrossolúveis

  tiamina – administrar 100mg/dia por tempo


indetermiado para correção da deficiência que causa
encefalopatia de Wernicke.
  B12, folato, B6 (piridoxina) e B3(niacina), riboflavina e
Vit. C, principalmente na hepatopatia alcoólica.

Minerais

 ferro – pode estar diminuído (hemorragia digestiva) ou


aumentado (hemocromatose)
  cobre e manganês nas hepatopatias colestáticas (CBP Fig. 8: sistema porta hepático. As setas largas mostram as
e CEP), já que são excretados principalmente na bile. ramificações da veia porta que estão comprimidas. As setas
  Zinco e magnésio principalmente pelo alcoolismo e em finas brancas mostram a direção do fluxo sanguíneo.
parte pela terapia diurética freqüentemente utilizada para
redução de ascite e edema Como resultado da hipertensão portal, ocorre aumento do
 (Dan 2009) Suplementação com Zinco favorece a fluxo sanguíneo na circulação colateral (pequenos e finos
disponibilidade da Glicose, melhora a evolução clínica da vasos antes colabados, ou seja, sem fluxo), na tentativa de
cirrose, da encefalopatia hepática e sinais neurológicos reduzir a pressão no sistema porta. Com isso, formam-se as
da desnutrição. A recomendação é Sulfato de zinco varizes no TGI que com freqüência sangram causando
220mg para aqueles com zinco plasmático reduzido. emergência clínica. Além da circulação colateral ocorre
 cálcio pode estar  pela esteatorréia (Chemin + Krause), hepatoesplenomegalia (a esplenomegalia ocorre pois o
pode ser necessária suplementação com cálcio sangue fica congesto no baço já que não flui adequadamente
efervescente ou carbonato de cálcio (Chemin) pelo fígado) e ascite.
 restrição de sódio é necessária apenas se houver
retenção hídrica  Tratamento médico
(Chemin)
Suplementos Herbais - reposição de sangue e derivados em grande volume
(Krause)
(Krause 2010 e 2013) - beta bloqueadores para  freqüência cardíaca
Apesar de populares na doença hepática, o cardo mariano - escleroterapia
(antifibrótico) e a S-adenosil-L-metionina (SAMe), que - ligação varical ou colocação de desvios (shunt
participa da síntese de glutationa, não se mostraram benéficos portossistêmicos)
em pacientes com doença hepática alcoólica. - durante sangramento agudo pode-se administrar análogo da
somatostatina para  sangramento ou tamponamento dos
Atenção! A SAMe foi benéfica para NASH, por reduzir TNF-a vasos sangrantes com balão.
Krause,2013
 Terapia Nutricional
(Krause 2013)
Há vários relatos de que terpenóides de plantas podem induzir (Krause)
uma hepatotoxicidade grave, inclusive fatal. São eles: - dieta zero durante sangramento
teucrium polium, Sho-saiko-to, centella asiática e Black - caso via oral fique zerada por 5 dias, indicar nutrição
cohosh. Tambem foi descrita lesão hepática por N- parenteral
nitrosofenfluramina, alcaloides efedrinicos, psoralea corylifolia, - as escleroterapias repetidas no esôfago podem prejudicar a
kava e alcaloides pirrolizidínicos. deglutição
- os desvios podem aumentar a incidência de encefalopatia
por desviar o sangue do fígado.

15
Ascite média (TCM), sendo este último na dose de 15ml, 3-
4x/dia.
- A hipertensão portal + hipoalbuminemia + obstrução linfática  Se hover perdas fecais significantes, deve-se fazer uma
+ maior estímulo do sistema renina, angiotensina, aldosterona dieta hipolipídica (40g de gordura/dia)  se a diarréia não
que promove maior retenção de água e sódio, contribuem for resolvida, deve-se suspender a restrição lipídica pois
para o aparecimento dela. ela compromete a palatabilidade e resulta em < ingestão.

- eleva o GEB em 10% por ser um compartimento Síndrome hepatorrenal


metabolicamente ativo
É caracterizada por redução do fluxo sanguíneo renal +
 Tratamento médico redução da taxa de filtração glomerular, levando a uma
insuficiência renal sem que haja anormalidade intrínseca no
- paracentese órgão. Nos casos em que a terapia falhar, pode ser necessário
- terapia diurética (furosemida + espironolactona) – devem ser o uso de diálise.
monitorados sódio urinário, nitrogênio ureico sérico, creatinina,
albumina, ácido úrico e eletrólitos, peso e circunferência (Krause 2010) É diagnosticada por um sódio urinário é < 10
abdominal. mEq/L + oligúria persistente mesmo na ausência de depleção
de volume intravascular.
 Terapia Nutricional
- deve-se iniciar dieta em associação com diuréticos Terapia Nutricional: pode ser necessária a redução de
poupadores de potássio (Chemin) ingestão de líquidos, sódio, potássio e fósforo.
- a restrição hídrica só deve ser implementada em casos
avançados de ascite (Chemin)
- restrição de sódio a 2g/dia (80 mEq) – (Krause + Chemin). Osteopenia
Não devem ser feitas restrições exageradas pois levam a
menor ingestão e comprometimento nutricional (Chemin) Tem sido identificada em pacientes com hepatopatia alcoólica.
- no caso de paracenteses freqüentes, deve-se atentar para
ingestão protéica adequada, já que ocorre perda protéica com
a retirada do líquido ascítico. Terapia Nutricional:
- manutenção do peso
- dieta balanceada
Hiponatremia - proteína adequada para manter massa muscular
- (Krause) 1500 mg de cálcio/dia + vit. D adequada através de
Ocorre devido à capacidade reduzida de excretar água por dieta e/ou suplemento.
liberação persistente do hormônio antidiurético (o sangue fica - (Dan 2009) A suplementação com cálcio e vitamina D são
diluído causando uma hiponatremia dilucional), perdas de ineficazes.
sódio na paracentese e com a terapia diurética. Entretanto, - evitar o álcool
uma ingestão moderada de sódio deve ser continuada a fim - monitorar esteatorréia
de evitar maior retenção hídrica, gerando um circulo vicioso
(Krause). Segundo Chemin, valores de sódio < 130 mEq/L Encefalopatia Hepática
exigem restrição hídrica para 800ml/dia de líquidos no total
(não apenas água) e segundo Krause 10 a ingestão de Sua etiologia é multifatorial e apesar de ser uma
líquidos é geralmente restrita a 1 a1,5L/dia. complicação freqüente nos cirróticos (50 a 70% apresenta),
apenas em 7 a 9% dos casos ela é precipitada por ingestão
protéica excessiva. Ela pode ser classificada do estágio 1 ao 4
Alterações da Glicose e insulina (menos grave para mais grave – ver tab. 11) e as principais
teorias envolvidas na sua precipitação são:
 Resistência à insulina: quase 2/3 dos pacientes irão fazer  Amônia: a amônia é um produto neurotóxico, formado no
intolerância à glicose por conta dela e 10 a 37% irá metabolismo das proteínas, que necessita ser
desenvolver diabetes. transformado em uréia pelo fígado para poder ser
excretada. Como o fígado está doente, esta
 Hiperinsulinismo:também ocorre em pacientes cirróticos, transformação não ocorre, levando a um acúmulo de
possivelmente porque a produção aumenta e a depuração amônia na corrente sanguínea que irá causar toxicidade
hepática diminui. ao SNC.

 Hipoglicemia de jejum: ocorre em razão da menor Tratamento médico: como a maior fonte de amônia é a
disponibilidade de glicogênio no fígado cirrótico, produção pelas bactérias intestinais a partir de proteínas da
associado à capacidade reduzida do fígado em fazer dieta ou do sangramento de varizes do TGI, um dos
gliconeogênese. Também pode ocorrer após o consumo tratamentos médicos é a esterelização da flora com
de álcool pois ele inibe ainda mais a gliconeogênese . neomicina, um antibiótico não absorvido. Associado a
neomicina, utiliza-se o laxante lactulona, que age por dois
Terapia Nutricional na hipoglicemia de jejum: refeições mecanismos:
balanceadas com pequenos e freqüentes lanches. È - alteração do pH intestinal resultando em menor
mandatório a monitoração da insulinemia e glicemia. absorção de amônia por retenção intestinal dela na forma de
íon amônio.
- estimula eliminação de amônia nas fezes pelo efeito
Má absorção de gordura laxante.

 No caso de esteatorreia significante, é recomendada  Teoria do neurotransmissor: O paciente cirrótico


reposição de alguns triglicerídeos de cadeia longa (TCL) e apresenta uma redução de aminoácidos de cadeia

16
ramificada (AACR) e elevação dos aminoácidos de cadeia  Terapia Nutricional
aromática (AACA), metionina, glutamina, asparagina e
histidina. Isto se dá porque os AACA são degradados pelo Tab. 8: Recomendações nutricionais na encefalopatia
fígado e como o fígado está doente, esta degradação é (Cuppari)
menor, resultando em maiores concentrações séricas
deles. Já os AACR são preferencialmente consumidos
pelos músculos, coração, e cérebro, fornecendo 30% da
energia quando há redução da gliconeogênese e
cetogênese, exatamente como ocorre na cirrose. Desta,
forma as concentrações de AACR se reduzem. A relação
disso com a encefalopatia hepática, está no fato de
ambos os tipos de Aminoácidos competirem pelo mesmo
transportador na barreira hematoencefálica, de maneira
que conseguirá atravessar aquele que estiver em maior
concentração, neste caso os AACA. Ao atravessarem a  Restrição desnecessária de proteína pode piorar a perda
barreira hematoecefálica os AACA conseguem gerar protéica
falsos neurotransmissores que irão levar a alterações  (Dan 2009) Cirrose hepática e encefalopatia são
neurológicas, como as vistas na encefalopatia beneficiados com dietas NORMO ou HIPER protéicas
modificadas (aumento de proteínas lácteas e proteínas
vegetais). Os pacientes toleram bem até 1,8g ptn/Kg/dia.

 95% dos cirróticos pode tolerar até 1,5g/kg/dia de


proteína mista (krause 10)

(Chemin)

Energia: 25 – 40 kcal/kg/dia

Carboidratos: 60 – 70% VET


* aminoácidos essenciais
Lipídios: 25 – 30% VET

Proteínas

(Chemin)
 Teoria do “Cavalo de tróia” (Dan 2009): A amônia que - encefalopatia grau 1 e 2: ofertar 1 – 1,5g/kg peso IDEAL/dia
entra no cérebro é metabolizada nos astrócitos (céls (10 a 30g/dia de ptn animal + vegetal para completar
responsáveis pela nutrição e proteção dos neurônios) a quantidade)
glutamina. Em condições normais, essa glutamina sai do
astrócito por difusão passiva. Entretanto, com o aumento - encefalopatia grau 3 e 4: usar nutrição enteral exclusiva rica
de amônia no sangue, ocorre alteração de pH e prejuízo em AACR na proporção 3:1 (AACR: AACA) até atingir 1 – 1,5
da saída de glutamina dos astrócitos, promovendo seu g/kg peso IDEAL/ dia
acúmulo. Este acúmulo gera metabolismo da glutamina
nas mitocôndrias em glutamato + AMÔNIA. Logo, a Atenção: A recomendação de PTN na encefalopatia da
glutamina em excesso vira um “cavalo de tróia” que leva Chemin no texto é a descrita acima, porém na tabela 6 ela
amônia para o interior do astrócito. recomenda 0,5 – 1,5 g/kg/dia, sem especificar o grau de
 Outras teorias: engloba outras substâncias neurotóxicas encefalopatia, observem!
como ácidos graxos de cadeia curta, mercaptanas, fenóis
e ácido alfa –aminobutírico. Há ainda uma teoria de que a Com relação aos AACR para os encefalopatas:
deficiência de zinco, tipos de ácidos graxos ou triptofano
possam estar também envolvidos. (Dan 09)
 Indicada para pacientes com encefalopatia grave ou
Estágios da encefalopatia Hepática persistente;
 Em cirróticos desnutridos previne o catabolismo
endógeno, sem sobrecarregar a função hepática;
 Competem com AACA, minimizando a entrada de aminas
tóxicas no SNC;
 Útil para atingir necessidades protéicas naqueles com
intolerância à proteína-padrão (0,25g AACR/Kg + 0,75g
de ptn/Kg)
 A longo prazo, melhora a qualidade de vida e favorece
evolução clínica.

(Krause 2010) Suplementação com AACR não traz melhora


significativa aos pacientes.

(CuppariS) especialistas indicam fórmulas enriquecidas com


AACR para pacientes intolerantes à proteína padrão e que
não responderam ao tratamento com neomicina + lactulose.

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L-Ornitina e L-Aspartato (LOLA) – Cuppari 2014 esofágicas ativas ou com risco de sangramento
importante (proj diretrizes)
Ambos aminoácidos são substratos para síntese muscular de  Na presença de confusão mental deve-se posicionar a
glutamato, que será convertido à glutamina, aumentando a sonda em jejuno, para reduzir o risco de broncoaspiracao.
captação e depuração muscular da amônia circulante. Houve  Ostomias estão contra-indicadas nos pacientes com
melhora significativa do quadro clínico de pacientes com EH ascite volumosa pelo risco de peritonite
graus I e II submetidos à terapia com LOLA.  Recomenda-se o uso de bomba infusora para melhorar a
tolerância a dieta, especialmente nos pacientes com
Probióticos ascite volumosa.
(Dan 2009 + Krause 2010): São Indicados no tratamento da  Não infundir grandes volumes
EH. Nos cirróticos, os probióticos podem melhorar alguns  As formulas devem ter densidade calórica > 1 cal ml, para
sintomas de disfunção GI e reduzir conteúdo de amônia no favorecer o ganho de peso sem infundir grandes volumes.
sangue portal.  Teor de sódio deve ser < 40mEqdia
 A formula deve conter todos os aminoácidos essenciais.
(projeto diretrizes 2011)  As formulas suplementadas com AACR estão indicadas
Prebióticos, probióticos e simbióticos estão indicados na quando houver intolerância a proteína animal.
prevenção e no tratamento da EH. O uso de SIMBIÓTICOS,
inclusive, apresenta resultados mais consistentes Nutrição Parenteral

 Esta indicada quando não for possível usar o TGI, como


ocorre, por exemplo, em sangramentos não controlados.
Tab. 9: Alimentos contra-indicados e permitidos para dieta rica  A nutrição parenteral periférica pode ser útil para
em AACR (CuppariS) suplementar a nutrição enteral oral ou por sonda.

 Na presença de Encefalopatia grau 1 e 2 = solução


padrão de aminoácidos
Encefalopatia grau 3 e 4= solução
enriquecida com AACR

 Em pacientes estáveis  usar emulsão lipidica padrão (a


base de TCL), perfazendo de 25 a 40% das calorias não
protéicas.
 Presença de colestase ou esteatorreiausar emulsões
com TCL e TCM
 Presença de hipertrigliceridemia  restrição lipidica,
ofertando apenas o mínimo para evitar deficiência de
ácidos graxos essenciais (1000ml de TCL a 10% - 1x por
semana)
 (Chemin) oferecer 2 frascos ao dia com 40g de AA em
cada, em uma solução de glicose a 50%. Parece que
suplementação de AACR na parenteral não traz
Para encefalopatia crônica: benefícios comparada à solução padrão

 oferecer suplementos ricos em AACR ou leite de soja DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO
ALCOOLICA – DHGNA ou EHNA (Chemin +
 Oferecer dietas com proteína vegetal (menos histidina,
menos amoniogênicas em mais ricas em AACR) e Cupparis + Dan 2009 + Krause 10/13)
caseína (mais AACR e menos AACA) melhoram o estado
mental comparadas à carne. Definição: Acúmulo de triglicerídeos em mais de 5% dos
hepatócitos (Chemin). A evolução da DHGNA é normalmente
 Alto teor de fibras é benéfico por aumentar a excreção de benigna, com função hepática preservada por vários anos,
compostos nitrogenados entretanto pode evoluir para doença crônica se não tratada em
15% dos casos (Cuppari). Segundo DAN 2009, Já pode ser
TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E PARENTERAL NO considerada uma manifestação hepática da Síndrome
CIRRÓTICO (Dan + projeto diretrizes 2011) metabólica, associada à ingestão excessiva de açúcar simples
e gordura saturada.
A via oral deve ser sempre a via preferencial para estes
pacientes, entretanto no caso de impossibilidade ou ingestão
insuficiente, deve-se indicar nutrição enteral (2ª escolha) ou Classificação (Chemin)
parenteral dependendo do caso.
1. DHGNA primária: observados em pacientes obesos,
Nutrição Enteral diabéticos, hiperlipidemicos
 Quando o paciente apresenta significante perda de peso 2. DHGNA secundária:doenças familiares, agentes
corporal (>5% em três meses; ≥ 10% em seis meses) ou ambientais, hipotireoidismo e medicamentos
quando a ingestão via oral for < 60% (proj diretrizes)
 A presença de varizes no esôfago NÃO contra-indica o ATENÇÃO: Ela só será classificada em primária ou
uso de sondas nasoenterais de material macio e de fino secundaria após exclusão de Hepatite C ou alcoólica que
calibre. (Dan) X A passagem de sonda está são as principais causas de esteatose.
contraindicada somente nos pacientes com varizes

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Prevalência (Chemin)
- ainda não conhecida no Brasil
- apesar de ser mais comum em obesos e diabéticos, pode (Chemin)
também ser encontrada em magros não diabéticos 1. Avaliação Nutricional – utilizam-se parametros
bioquímicos, antropometricos (circunferencia da cintura,
IMC, % gordura), dados do consumo alimentar
(recordatório de 24h e registro de 3 dias)
Sinais e sintomas (Cuppari)
A maioria é assintomática, mas às vezes, especialmente em 2. Necessidades de energia e nutrientes
pacientes pediátricos, podem ocorrer sintomas como: dor no
quadrante superior direito do abdome, desconforto abdominal, Energia
fadiaga ou mal estar. - restringir de 500 a 1000 Kcal do consumo habitual baseado
nos dados de consumo alimentar (Chemin)
Alterações laboratoriais (Cupparis) - dieta hipocalórica com 25kcal/kg/dia (Cuparri + Chemin 10)
- dieta hipocalórica com 25 – 30 kcal/kg/dia (Dan 2009)
- a principal alteração é na ALT e AST que podem estar - 6h/semana de atividade física aeróbia (Cuppari + Dan 2009)
elevadas de 2 a 5x o valor normal ou 30min/dia(Chemin10)
- o objetivo é a perda de 10% do peso inicial em 6 meses, pois
- pode ocorrer elevação da ferritina em alguns pacientes pacientes que perdem peso rapidame nte podem piorar a
inflamação hepática pelo aumento do afluxo (chegada) de
- raramente são evidenciadas alterações em albumina e ácidos graxos livres para o fígado.(Chemin + Cuppari + Dan
bilirrubina 2009). (Chemin 2010) Esta perda resultou em redução de
aminotransferases (TGO e TGP), esteatose e inflamação.
Tratamento médico - a perda de peso (5 a 10%) aumenta a sensibilidade à
(Chemin) insulina
- nenhum é ainda universalmente aceito; - a perda de 10% do peso inicial mostrou em biópsia
- a resistência à insulina apresenta papel importante no
surgimento e evolução da DHGNA, logo tem sido empregadas Carboidratos
drogas que melhorem a sensibilidade à insulina (metformina e (Chemin)
glitazonas) - substituir grãos refinados por cereais integrais, frutas e
- ácido ursodeoxicólico (AUDC) também tem sido usado mas vegetais
seu efeito em reduzir as enzimas hepáticas é temporário e não - reduzir consumo de CHO com alto índice glicemico ( > 85)
houve modificação histológica com seu uso.
(Cuppari)
(Cuppari) - recomenda 65% do VET
- medicamento é indicado para pacientes com risco de - ingerir pelo menos 1 tipo de grão (milho, soja, ervilha, grão-
desenvolver doença hepática crônica; de-bico) em ao menos 1 refeição
- deve-se controlar as doenças associadas como DM, - estimular consumo de cereais integrais
obesidade e dislipidemias; - estimular consumo de 3 a 5 porções de frutas e vegetais ao
- interromper drogas potencialmente hepatotóxicas que dia
possam piorar esteatose
- genfibrozil (por 4 semanas) e N-acetilcisteína (por 3 meses) (Dan 2009) Normoglicídica com 55 – 60% VET
reduziram níveis de AST, mostrando redução do dano
hepático
- ácido ursodeoxicólico (UDCA) por 6 a 12 meses reduz o grau Lipídios
de esteatose (Chemin + Cuppari)
- dietas hiperlipidicas levam a resistência insulínica
(Krause 2010): recomenda uso de ácido ursodeoxicólico - redução das gorduras saturadas e aumento das insaturadas
sem explicar efeito nem especificar dose. poderá elevar a sensibilidade à insulina além delas reduzirem
a inflamação e esteatose.
(Krause 2013): Não menciona mais o uso de ácido - w-3:
ursodeoxicólico, como a edição 2010. - possui efeito protetor na DHGNA (Chemin 2010)
- é um componente dietético importante nos
pacientes com DHGNA e EHNA (Dan 2009)
Tratamento Nutricional - 1g/dia reduz inflamação e infiltração gordurosa.
2g/dia reduz, além da esteatose, também o
(Chemin) A única medida consensual de tratamento é a triglicerídeo sérico, TNF-a, enzimas hepáticas e
modificação de estilo de vida (MEV), ou seja prática de glicemia de jejum (projeto diretrizes)
atividade física + hábitos alimentares adequados.

Proteínas (Dan 2009)


Perfil dos pacientes com DHGNA (Chemin 10) Ptn vegetal e Ptn de AVB

AUMENTO REDUÇÃO Antioxidantes


Ingestão calórico-proteica Consumo de fibras
Gordura saturada Consumo de vits (CuppariS)
antioxidantes principalmente - estimula consumo de fontes de Zinco e selênio (castanha,
vit E nozes, brócolis, cebola, alho, cereais integrais, fígado, peixes
colesterol Gorduras poliinsaturadas

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e frutos do mar) por serem potentes antioxidantes , reduzindo
assim a incidência de hepatite. Atenção: No capitulo de hepatologia a Chemin considera HIV
- o tratamento com 400 a 1.200 UI de vitamina E por 4 a 10 positivo como contra indicação absoluta e no capítulo de
meses, reduziu o dano hepático por esta vitamina devido ao transpante, relativa. No caso de alcoolismo ativo, de um modo
seu poder antioxidante, reduzir peroxidação lipídica da geral a equipe exige 6 meses de abstinência alcoólica.
membrana celular e níveis de citocinas pró-inflamatórias (TNF,
IL – 1, 6 e 8) Fase Pré-transplante

Suplementos (Cuppari + Dan 2009 + Krause 2013) (Chemin)


Objetivos
(Cuppari) Se a dieta não for suficiente para controlar o dano - identificar subnutridos ou em risco nutricional
hepático, deve-se suplementar com lecitina e fatores - definir o tipo de terapia e determinar o tempo de sua
lipotrópicos (colina, inositol e L-metionina) manutenção
- avaliar a eficiência da conduta nutricional

Soja: (Dan 2009) Indicada devido ao alto teor de ptn de AVB, deve-se realizar exame físico, balanço nitrogenado e ASG,
fibras e isoflavonóides. Confere mobilização da gordura considerada por autores como o método de escolha para
localizada nos hepatócitos. (Cuppari 2014) 25g de PTN de candidatos a transplante
soja na dieta dos pacientes com DHGNA pode controlar a
dislipidemia, reduzir glicemia de jejum e aumentar tolerância à Atenção: apesar da maioria dos candidatos a transplante ser
glicose. desnutrido, uma pequena porcentagem é obesa. Apesar
deles apresentarem resultados de sobrevida pós transplante
(Krause 2013) Vitamina E, betaína e S-adenosilmetionina semelhantes a não obesos, recomenda-se restrição calórica
podem ser benéficas na redução da esteato-hepatite não utilizando-se peso ajustado para os cálculos.
alcoólica (NASH), por reduzirem a atividade do TNF-a
A nutrição deve ser otimizada nesta fase, especialmente nos
pacientes com estado nutricional precário (carcinoma
Vinho tinto (Cuppari + Dan 2009) hepatocelular, colangiocarcinoma)
Recomenda estimular o consumo de 1 cálice no jantar, pois
favorece redução do colesterol e triglicerídeos. ATENÇÃO:
Apesar da Cuppari recomendar isto, sabe-se que é contra PRÉ TRANSPLANTE
indicado o estímulo ao consumo de álcool para
pacientes!!
Tab.10: CUPPARI
Carboidratos Lipídios proteínas
TRANSPLANTE HEPÁTICO
não promover 30 a 40% do VET 40 a 60g/dia
ATENÇÃO: Em função da enorme divergência de sobrecarga de desde que não haja considerando-se a
recomendações inter e intra autores, as recomendações carboidratos para hiperlipidemia presença de
deste capítulo serão separadas por autores, para evitar esteatose encefalopatia
minimizar a dificuldade no estudo.
Tab. 11: KRAUSE 2010
O transplante hepático se tornou um tratamento
estabelecido para a hepatopatia terminal e por tudo que já foi
visto até aqui, a desnutrição é uma achado bastante freqüente
nesses pacientes candidatos ao transplante. Entretanto, a
ingestão dietética pode ser intensificada tomando-se medidas
como:
 Refeições pequenas e freqüentes
 Elevada densidade calórica
 Uso de suplementos orais
*
O transplante destina-se ao paciente portador de doença
aguda ou crônica terminal, como ja´dito, que atenda a
requisitos fundamentais como: (Chemin)
 Diagnóstico específico da doença
 Provas documentadas inequívocas da gravidade
 Identificação de possível complicação que poderá
prejudicar a sobrevida do paciente

*Na Krause 2013 recomendação de sódio pré-Tx é de 2g e


não de 2 -4g
(Chemin)

20
Tab 12: CHEMIN (capítulo tx hepático) Tab 14: CHEMIN (capítulo tx hepático): de acordo com
sintomas

(DAN 2009): capítulo de Tx hepático

Energia : 30 – 35 Kcal / Kg/ dia


Proteína Mínima: 1,2 g Ptn / Kg  Pode ser aumentada
progressivamente até alcançar 1,8 a 2 g Ptn/Kg
Recomenda-se o uso de Proteínas Vegetais
CHO: 60 a 70% de simples e complexos

ATENÇÃO! Apesar de o texto apresentar essas


recomendações, é apresentado também uma figura no
Tab 13: CHEMIN (capítulo de hepatologia) capítulo, que mostra recomendações distintas, conforme
Kcal/kg PTN CHO LIP abaixo:

21
Tab 15: KRAUSE 2010 / 2013
Tab 16: CUPPARI

(DAN 2009) Capítulo de tx de órgãos: parte de fígado


Tab 17: CHEMIN - macronutrientes
Objetivo Pré – Transplante: Melhorar ou manter o EN.
Recomenda-se oferta calórica que varia de 1,3 a 1,5 x GEB Energia PTN CHO(%) LIP(%)
ou 30 a 35 Kcal/Kg.

PTN Para encefalopatia


 0,5 a 0,7g/kg/dia de PTN, até 1,5 de acordo com
tolerância
 Suplementar AACR e restringir AAA e metionina

Tab 18: CHEMIN - micronutrientes


PÓS TRANSPLANTE
Nutrientes Pós transplante Pós transplante
imediato* tardio
Fase aguda pós- transplante
sódio 2–4g 2 – 4g
 Necessidades de nutrientes aumentada para promover Cálcio 800 – 1200 mg 1000 – 1500 mg
cicatrização, deter infecção e reabastecer as reservas Vit A, D e E Seguir RDA Seguir RDA
potássio Medir niveis sericos Medir niveis sericos
esgotadas.
 As necessidades de proteína são elevadas na fase aguda magnésio Manter equilibrio Manter equilibrio
pós transplante e podem ser atingidas por sonda pós água 1000 -1500 ml 1000 -1500 ml
operatória precoce. * até 2 meses de pós operatório
 As medicações usadas causam efeitos colaterais como
anorexia, transtornos no TGI (diarréia), hipercatabolismo,
hiperglicemia, hiperlipidemia, retenção de sódio,
hipertensão, hipercalemia e hipercalciúria.

As tabelas abaixo mostram as diferenças nas recomendações


dos autores.

22
ATENÇÃO! A figura a seguir mostra recomendações
diferentes da mencionadas do texto em relação às
CUPPARI proteínas.
Na fase de pós transplante tardio, ocorrem problemas que
necessitam de conduta nutricional, conforme mostra a tabela
abaixo:

Pós – Transplante Tardio

A Obesidade pode atingir até 66% dos transplantados. A


maior parte do excesso de peso é adquirida no primeiro ano
pós-transplante.
A instituição de Hábitos alimentares saudáveis com redução
calórica + atividade física leve ou moderada apresenta efeito
positivo para evitar ou controlar a obesidade.

Recomendações:

(DAN 2009) Capítulo de tx hepático

Não está indicada a TNE ou TNP no pós-operatório de


pacientes bem nutridos ou com desnutrição leve, desde que
sejam capazes de se alimentar por VO.
Geralmente se inicia VO líquida a partir do 3º ou 4º dia pós-
op.
Pacientes bem compensados: testar via Oral em no mín. 24
horas pós-transplante.

As recomendações de proteínas são semelhantes a qualquer


cirurgia, em torno de 1 a 1,5g Ptn / dia.

(DAN 2009) Capítulo de tx de órgãos: parte de fígado

Objetivo Pós-transplante(fase aguda): Promover a cicatrização


adequada e prevenir infecções.

23
O catabolismo protéico (devido a altas doses de corticóide) 5) A recomendação de proteínas para o paciente
permanece por até 2 semanas, necessitando de aporte hepatopata estável é: (Prefeitura Municipal de
proteico de 1,75g/Kg/dia. Águas de Lindóia - SP - São Paulo – 2005)

A TN no período pós-op deve ser instituída, preferencialmente, (A) 1,2 a 1,8 g/kg de peso/dia
nas primeiras 24 a 36 horas, até que a função do enxerto (B) 0,8 a 1,0 g/kg de peso/dia
hepático esteja totalmente estabelecida, o que ocorre, (C) 0,6 a 0,8 g/kg de peso/dia
geralmente, em torno do 5º dia após o transplante. (D) 1,8 a 2,0 g/kg de peso/dia

A sobrecarga calórica, sobretudo de CHO, deve ser evitada 6) A colecistite é geralmente causada por obstrução
pelo risco de causar esteatose hepática. das vias biliares por cálculos biliares. A conduta
Recomenda-se 30 a 50% do VET na forma de lipídios, dietoterápica envolve a prevenção da contração
desde que não tenham hiperlipidemia. biliar e a dieta deve ser: (Prefeitura Municipal de
Águas de Lindóia - SP - São Paulo – 2005)

(A) hipercalórica
EXERCÍCIOS (B) hipossódica
(C) hipercalêmica
1) Pacientes com cirrose hepática apresentam um (D) laxativa
equilíbrio de nitrogênio negativo, mas o (E) hipolipídica
fornecimento de proteínas deve ser cuidadoso
para não precipitar a encefalopatia hepática, 7) Na doença do fígado a função hepática pode
sendo recomendado: (Governo do Estado do mudar drasticamente e o cuidado nutricional
Piauí - NCE/UFRJ – 2006) deve ser ajustado de acordo com o estado dessa
função. A terapia Nutricional nesse caso tem
(A) 0,3g proteína/Kg peso entre seus objetivos: (Prefeitura Municipal de
(B) 0,5 g proteína/Kg peso Altamira - PA – Pará – 2005)
(C) 0,8 g proteína/Kg peso (A) normalizar o metabolismo do colesterol e manter
(D) 2g proteína/Kg peso seus níveis sericos
(E) 2,5g proteína/Kg peso (B) prevenir lesão adicional das células hepáticas e
aumentar sua regeneração
2) Pacientes com colelitíase, que no passado foram (C) melhorar a absorção dos carboidratos
submetidos à colecistectomia, devem ser (D) prevenir a destruição das células das ilhotas de
aconselhados a ingerir: (PETROBRAS - Langerhans
Cesgranrio - 2005) (E) melhorar a produção de insulina

(A) dieta hipolipídica 8) O suporte Nutricional enteral na cirrose hepática


(B) suplemento de cálcio deverá apresentar as seguintes características:
(C) dieta hipocalórica (Prefeitura Municipal de Barra do Garças – MT -
(D) dieta equilibrada em macronutrientes Mato Grosso – 2006)
(E) suplementos de vitaminas lipossolúveis
(A) hipocalórico, hipolipídico, hiperproteico,
3) A pancreatite é uma inflamação no pâncreas normoglicídico e reposição de vitaminas
caracterizada por edema, exudato celular e hidrossolúveis
necrose gordurosa. O tratamento nutricional de (B) normocalórico, hiperlipídico, normoproteico,
pacientes com pancreatite aguda grave deve ser, hipoglicídico e reposição de ácido Pantotênico
inicialmente composto de: (PETROBRAS - (C) normo ou hipercalórico, normolipídico,
Cesgranrio - 2005) normoproteico, normoglicídico e reposição de
vitamina B
(A) dieta oral zero associada a hidratação endovenosa (D) hipercalórico, normolipídico, hiperproteico,
(B) dieta oral fracionada com restrição de lipídeos normoglicídico e reposição de ácido fólico
(C) nutrição enteral hidrolisada por sonda nasogástrica (E) normocalórico, hiperlipídico, hipoproteico,
(D) nutrição enteral hidrolisada, por sonda nasojejunal hiperglicídico, reposição de vitamina C
após ângulo de Treitz
(E) Nutrição parenteral total sem emulsão lipídica 9) Com relação à formação da bile é correto
afirmar: (Prefeitura Municipal de Campinas - São
4) As hepatopatias podem ser classificadas de Paulo - SP – 2002)
várias maneiras. Na encefalopatia costuma
ocorrer um desequilíbrio no metabolismo de (A) É sintetizada pela vesícula biliar
aminoácidos de cadeia ramificada e de (B) É sintetizada e armazenada no fígado
aromáticos. Um exemplo de aminoácido de (C) É sintetizada no hepatócito e armazenada na
cadeia ramificada é: (PETROBRAS - Cesgranrio vesícula biliar
- 2006) (D) É sintetizada pelo pâncreas
(E) É sintetizada pelo pâncreas e armazenada na
(A) valina vesícula biliar
(B) tirosina
(C) fenilalanina 10) Para pacientes com quadros de encefalopatia
(D) metionina hepática sistêmica portal, o tipo de proteína
(E) triptofano usada deve ser: (Prefeitura Municipal de
Campinas - São Paulo - SP – 2002)

24
(C) em situação de destruição intensa do órgão,
(A) restrita a 0,3g/kg/dia comumente pode ocorrer intolerância à glicose, que
(B) sem alteração acarretará mudanças adaptativas na dieta
(C) de fonte vegetal (D) O nutriente menos comprometido nos casos mais
(D) de fonte animal graves é a gordura, que comumente é bem digerida
(E) de fonte animal e vegetal e absorvida

11) São alterações clínicas comuns nas 16) Paciente 56 anos, operado devido à abdome
hepatopatias: (Prefeitura Municipal de Carambeí agudo; durante laparotomia evidencia-se quadro
- PR - Paraná- 2006) de pancreatite aguda extensa. Qual o tipo de
terapia nutricional pós operatória a ser instituida?
(A) Degeneração hepática pela deficiência de vitamina (Pinheiral –RJ – 2006)
B6 e C
(B) altos níveis de hematócrito e de ferro sérico (A) enteral por sonda no inicio e, posteriormente,
(C) Deficiência de zinco parenteral por via central
(D) O armazenamento do ferro sob a forma férrica (B) parenteral inicialmente e enteral por jejunostomia
(E) O ferro gerado na hemólise feita pelo baço, não é quando for possível
recuperado pelo fígado gerando anemia ferropriva (C) enteral por gastrostomia e via oral assim que
possível
12) Na cirrose sem encefalopatia hepática a quota (D) parenteral periférica e, posteriormente enteral por
de proteínas (g/Kg/peso) e lipídeos (% VET) a sonda gástrica
ser dada para o paciente deve ser (E) sem terapia nutricional
respectivamente: (Prefeitura Municipal de
Ipanguaçu - RN - Rio G. do Norte - 2006) OBS: Esta informação não consta na bibliografia, é
apenas para treinamento.
(A) 0,8 e 25
(B) 1,2 e 30 17) Na coledocolitíase, a bile não passa para o
(C) 1,5 e 30 duodeno, tendo como conseqüência a seguinte
(D) 1,5 e 25 alteração nutricional: (Tucurí – Pará - 2006)
(E) 1,5 e 35
(A) alta excreção de cálcio
13) A pancreatite é uma inflamação no pâncreas que (B) baixa absorção de gordura
ocorre nas formas aguda e crônica. Portanto (C) baixa absorção de proteína
deve ser evitado (as/os) na fase crônica: (D) aumento na absorção de ferro
(Prefeitura Municipal de Laranjal do Jarí - AP –
Amapá - 2006)
18) Na pancreatite aguda é correto afirmar que:
(A) preparações cozidas, grelhadas e assadas (Secretaria Estadual de administração – TO -
(B) preparações gordurosas, leite integral e queijos 2004)
amarelos
(C) suplementação de vitaminas lipossolúveis A,D,E,K (A) A NPT com via oral zero é sempre indicada
(D) chás claros (B) A pancreatite aguda grave resulta em estado
(E) hortaliças e frutas não flatulentas hipometabólico, no qual é indicada a dieta zero
(C) A monitorização rigorosa da glicose não é relevante
(D) Não há restrições para nutrição enteral e percentual
14) Na pancreatite, saindo da fase aguda, a formula de lipídeos
enteral mais recomendada é: (Maricá - 2003) (E) Na NPT os lipídios podem ser dados a pacientes
com triglicerídeos < 400mg/dl
(A) normoproteica (ptn hidrolisada), hiperglicídica e
hipolipidica (TCM) 19) Qual destes não é considerado fator de risco
(B) hiperproteica(ptn hidrolisada), normoglicidica e para formação de cálculos biliares? (Secretaria
hipolipidica (TCM) Estadual de saúde - 2003)
(C) hipoproteica (ptn hidrolisada), hipoglicídica e
hipolipídica (TCM) (A) obesidade
(D) normoproteica (ptn hidrolisada), hipoglicídica e (B) sexo feminino
normolipídica (TCM) (C) gravidez
(E) hipoproteica (ptn hidrolisada), normoglicídica e (D) rápida perda de peso
hipolipidica (TCM) (E) nutrição enteral por longo prazo

20) Não faz parte do tratamento nutricional para


15) Quanto à pancreatite crônica, é correto afirmar pancreatite aguda: (Secretaria Estadual de
que: (Pinhais –Paraná - 2003) saúde - 2003)

(A) como o pâncreas é um órgão fundamental, cerca de (A) uso de alimentos facilmente digeríveis
20% de comprometimento funcional já implica uma (B) uso de alimentos com baixo teor de gordura
administração medicamentosa de enzimas, a fim de (C) aumento da ingestão calórica
viabilizar a dieta oral (D) ingestão protéica adequada
(B) pacientes com estatorréia merecem preocupação (E) aumento da ingestão de carboidratos simples
adicional com a reposição protéica, pois as proteínas
são perdidas em doses maciças pelas fezes
25
21) O fígado desempenha papel central no 26) Com relação à terapia nutricional na pancreatite
metabolismo de nutrientes. Representa uma aguda, assinale a alternativa incorreta.
reação hepato-específica: (Secretaria Estadual (Secretaria Estadual de saúde – Acre-2004)
de saúde - 2003)
(A) Suspender alimentação enteral e parenteral nas
(A) síntese do colesterol crises agudas
(B) síntese de glicogênio (B) Nos casos menos graves e prolongados pode-se
(C) síntese de corpos cetônicos iniciar terapia nutricional enteral abaixo do ligamento
(D) síntese das proteínas séricas de Treitz usando uma dieta de fórmula definida
(E) síntese da bilirrubina (C) Quando a nutrição oral não puder ser iniciada em 5 a
7 dias, começar o suporte nutricional
22) O tratamento da desnutrição na hepatopatia não (D) Na pancreatite aguda grave, a nutrição parenteral
tem como objetivo: (Secretaria Estadual de deve ser iniciada quando triglicerídeos forem <
saúde - 2003) 400mg/dl, usando solução 3:1 e monitorando níveis
de triglicerideos
(A) diminuir a ingestão calórica (E) Uma vez iniciada a nutrição oral fornecer: alimentos
(B) dieta normoproteica em cirrose estável facilmente digeríveis, dieta hiperlipídica, seis
(C) diminuir a ingestão protéica em encefalopatia refeições pequenas, ingestão protéica adequada e
(D) substituir TCL por TCM na esteatose hepática calorias aumentadas.
(E) suplementar vitaminas e minerais
27) Na pancreatite crônica associada ao alcoolismo crônico, é
23) Nas hepatopatias ocorrem alterações nos níveis freqüente a deficiência da seguinte vitamina: (Secretaria
séricos de aminoácidos. Assinale a alternativa Estadual de saúde – RO -2006)
correta em relação à esta condição: (Secretaria
Estadual de saúde – PE- 2003) (A) riboflavina
(B) piridoxina
(A) valina alto e tirosina baixo (C) tiamina
(B) leucina alto e fenilalanina baixo (D) niacina
(C) tirosina alto e triptofano livre baixo (E) biotina
(D) leucina alto e valina baixo
(E) fenilalanina alto e isoleucina baixo 28) Paciente masculino, 51 anos, desnutrido, com edema e
ascite, com diagnóstico de cirrose alcoólica foi
24) Sobre o tratamento nutricional dos distúrbios da internado no hospital X. O nutricionista deverá adotar
vesícula biliar, considere os itens a seguir: tratamento nutricional com as seguintes características:
(Secretaria Estadual de saúde – Amapá- 2004) (UFRJ - 2006)

I – Na colecistite, o tratamento dietético está diretamente (A) 25 a 35 kcal/ kg peso atual e distribuição normal de
relacionado com a prevenção da contração da vesícula, macronutrientes energéticos
através de uma dieta normolipidica (B) 0,8 a 1g de proteínas /kg peso/dia e suplementação
II – Na colecistite crônica, o paciente necessita de dieta de Zinco e vitamina A
hipolipídica por curto período de tempo (C) 50 a 60% do VET de carboidratos e 10g de sal de
III – Na colecistite aguda, a alimentação oral poderá ser adição/dia
interrompida até a melhora do quadro (D) 35 a 40% do VET de lipídios e redução do ferro
IV – Na colecistite crônica, poderá ocorrer um quadro de dietético
flatulência (E) substituição de proteína animal por vegetal e 6g de
sal de adição/dia
Marque a alternativa correta:
(A) apenas I e II são verdadeiros 29) Indivíduo do sexo masculino é internado na emergência
(B) Apenas os itens I e III são verdadeiros do hospital com náuseas, vômitos, diarréia fétida e
(C) Apenas os itens II e III são verdadeiros gordurosa e forte dor abdominal, sendo diagnosticada
(D) Apenas os itens III e IV são verdadeiros pancreatite aguda. Nesse caso, das alternativas abaixo
qual apresenta a conduta dietoterápica adequada para
25) No que se refere à hepatite fulminante, é correto o início do tratamento? (Universidade Federal de Santa
afirmar que: (Secretaria Estadual de saúde – Catarina - 2003)
Acre-2004)
(A) nenhuma alimentação por via oral e hidratação
(A) é uma síndrome na qual a disfunção hepática grave venosa
não é acompanhada por encefalopatia (B) dieta hipoproteica, hipolipídica, com restrição hídrica
(B) é definida pela presença de hepatopatia preexistente e suplementação de aminoácidos de cadeia
(C) as causas desta hepatite incluem hepatite viral, ramificada
toxicidade química, doença de Wilson, fígado (C) nutrição enteral com sonda em posição gástrica e
gorduroso da gravidez, entre outras fórmula oligomérica e isosmolar
(D) não apresentam complicações extra – hepáticas (D) dieta líquida completa, hipolipídica, sem irritantes
como edema cerebral, coagulopatia, insuficiência gástricos e reidratação oral
renal, complicações pulmonares, etc.
(E) é uma doença colestática crônica causada por 30) Na Insuficiência Hepática, o tratamento nutricional
destruição progressiva de ductos biliares intra- preconiza: (Universidade Federal do Paraná – 2003
hepáticos pequenos e de tamanho intermediário
(A) deve-se manter o estado nutricional dos pacientes

26
(B) as necessidades energéticas são em torno de 20 a ( ) Grandes quantidades de glicogênio são armazenadas
30Kcal/ Kg/peso/dia. dentro do hepatócito com efeitos significativos sobre a pressão
(C) uma variação de 20 a 45% de calorias de gordura é osmótica intracelular
recomendada.
(D) a quota de proteínas deve ser de 1,3 a 2,0 na ( ) A degradação de ácidos graxos fornece uma fonte
encefalopatia hepática. alternativa de energia, juntamente com a glicose,
(E) a quantidade de sódio, na presença de ascite, deve ser durante o jejum ou na inanição
de 2g/dia.
( ) A síntese protéica no fígado é influenciada pelo estado
31) Nos casos de desnutrição e enfermidades hepáticas, nutricional, por hormônios, em particular insulina,
indique a proteína que é diminuída e sintetizada no fígado com glucagon e glicocorticóides
ação no transporte de tirosina (Prefeitura Bom Jardim – 2007):
(A) albumina; ( ) Ácidos graxos liberados, ligados à albumina sangüínea,
(B) tranferrina; são lentamente removidos pelo hepatócito e
(C) pré- albumina; transportados para a mitocôndria
(D) proteína transportadora de retinol;
(E) somatomedina C. A seqüência CORRETA é:

32) No tratamento nutricional, em casos de hepatopatia, deve (A) F,F,V,F


ser recomendado (adaptada de Prefeitura Bom Jardim – (B) F,V,F,F
2007): (C) V,F,F,V
(A) ingestão protéica normal em cirrose estável; (D) V,V,F,F
(B) restrição de sódio e líquidos;
(C) terapia diurética; 37) A conduta nutricional para pacientes obesos portadores de
(D) uso de suplementos líquidos orais; esteatose hepática não alcoólica inclui (Marinha 2009):
(E) alimentação enteral.
(A) Perda ponderal rápida de aproximadamente 20% do peso
33) O tratamento nutricional para pacientes com esteatose inicial
hepática não alcoólica, para normalizar as enzimas hepáticas, (B) Manutenção do peso inicial para evitar descompensação
reverter a resistência à insulina e minimizar o quadro de do órgão
esteatose, deve ter as seguintes características: (adaptada de (C) Redução calórica de 300kcal/dia, baseado no consumo
Pref. RJ-2008) alimentar habitual
(D) Redução calórica de 500 a 1000kcal baseado no
(A) dieta hipercalórica, rica em fibras e em ácidos graxos recordatório alimentar de 3 dias
poliinsaturados (E) Perda ponderal de aproximadamente 10% do peso inicial
(B) dieta hipercalorica, rica em antioxidantes e ácidos
graxos saturados 38) A intervenção dietética na cirrose visa ao controle de
(C) dieta hiperproteica, rica em AACR e ácidos graxos complicações como ascite, icterícia, esteatorréia, anorexia,
saturados encefalopatia entre outras. Diante do exposto é incorreto
(D) dieta hiperglicídica, rica em monossacarídeos e AACR afirmar (Pref. São Gonçalo 2010)
(E) dieta hipocalórica, rica em antioxidantes e gordura
insaturada (A)A dieta deve ser hipolipídica, rica em fibras solúveis e ácido
fólico e restrita em sódio, líquidos e fenilalanina e triptofano.
34) Em relação a avaliação do hepatopata em estágio (B)A dieta nesse caso deve ser hipercalórica, normoglicídica,
terminal, é incorreto afirmar que (temporário Estado (FESPE)- hipolipídica, rica em aminoácidos ramificados e restrita em
2008): líquidos e sódio.
(C) dieta deve ser suplementada em TCL, rica em vitaminas
(A) o uso de laxantes afeta o peso corporal lipossolúveis, em especial a vitamina K e pobre em valina,
(B) há alteração nos testes de função imunológica leucina e isoleucina
(C) o índice de creatinina-altura é afetado pela desnutrição (D)dieta com elevado teor de proteína promove aumento de
(D) A concentração de proteínas viscerais é diminuída pelo amônia gerando danos à coordenação motora do paciente.
comprometimento hepático (E)a restrição protéica reduz o ritmo de progressão da
(E) O equilíbrio de nitrogênio está afetado devido a uma encefalopatia
maior retenção no organismo
39) Marque a opção que apresenta um fator predisponente
35) Paciente foi internado em hospital geral com quadro de para encefalopatia hepática no paciente portador de cirrose
pancreatite. Devido à deficiência funcional do órgão com hepática (adaptada de residência HUPE 2011):
comprometimento da absorção, a conduta dietoterápica a) Desnutrição
imediata que deverá ser adotada é a restrição de (INCA – b) Hiperhidratação
2008): c) Hipertensão arterial
d) Constipação intestinal
(A) Lipídeos
(B) Protídeos
40) Nas hepatopatias, ocorre alteração no metabolismo de
(C) Carboidratos
(D)Bebida alcoólica nutrientes, que se correlaciona com o grau de
comprometimento funcional do fígado. Sobre essa afirmativa,
marque a alternativa correta. (Residencia UFF 2011)
36) Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) quanto a alternativa
relacionada às alterações no metabolismo intermediário por
(A) Na cirrose, ocorrem alterações no perfil lipídico,
disfunção hepática (INCA – 2008):
apresentando redução significativa de ácidos graxos

27
monoinsaturados e aumento dos ácidos graxos saturados e b) interrupção da ingestão oral, com o objetivo de reduzir o
poliinsaturados, podendo afetar a regulação da função renal e volume plasmático circulante em decorrência da perda de
do sistema imune. líquidos colóides pela lesão pancreática
(B) Nas doenças hepáticas, o metabolismo de proteína está c) dieta enteral elementar pela via nasoduodenal, com o
alterado em virtude do aumento da massa hepática funcional, objetivo de redução da concentração da amilase e lípase
da derivação porto-sistêmica e das alterações hormonais séricas
sobre o metabolismo proteico muscular. d) dieta hipolipídica rica em triglicerídeo de cadeia média, com
(C) O metabolismo de etanol origina o excesso de o objetivo de redução da concentração sérica de amilase e
Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Reduzida (NADH), o que cálcio
impede a neoglicogênese a partir de aminoácidos, lactato e
glicerol. 45) Na impossibilidade da utilização da via oral para a
(D) Na cirrose hepática alcoólica, a suplementação de administração da dieta em um paciente com pancreatite
vitamina E deve ser feita com cautela, porque o álcool pode aguda, a via enteral se torna a opção mais fisiológica. Quanto
potencializar o efeito hepatotóxico desta vitamina. à via de acesso da dieta enteral, é CORRETO afirmar que
(Residencia UFRJ 2011):
41) A fim de atingir um balanço nitrogenado equilibrado, em
paciente com cirrose hepática sem encefalopatia, a a) a nasoduodenal geralmente é utilizada para nutrição no
quantidade de proteínas na dieta será (adaptada de FIOCRUZ pós-operatório em combinação com a descompressão gástrica
2010) b) a jejunostomia é indicada quando a nutrição for inferior a 3
semanas devido ao risco de aspiração pulmonar
(A) 0,5 a 08 g/kg de peso corporal seco/dia. c) a nasogástrica é preferencial para a nutrição de curta
(B) 0,8 a 1,0g/kg de peso corporal seco/dia. duração e permite a administração contínua
(C) 1,2 a 1,5g/kg de peso corporal seco/dia. d) a nasoentérica permite o uso de sondas de maior calibre
(D) 1,5 a 2,0g/kg de peso corporal seco/dia. que a enterostomia, o que facilita a administração de dietas
(E) acima de 2,0g/kg de peso corporal seco/dia. com maior osmolaridade

42) Nos casos de pancreatite grave deve ser adotada a 46) Nas doenças hepáticas um dos principais objetivos da
seguinte conduta (FIOCRUZ 2010) terapia nutricional é promover substratos energéticos e
proteicos suficientes para controlar o catabolismo proteico
(A) via enteral por sonda nasogástrica e suplementação com muscular e visceral. Marque a opção correta (Residencia
arginina. INCA 2011):
(B) via enteral por sonda jejunal e 1,5 a 2,5g de proteínas/kg
de peso/dia (A) Na encefalopatia hepática a oferta exógena de
(C) via enteral por sonda nasogástrica e suplementação com aminoácidos de cadeia ramificada é válida, porque eles
glutamina. podem competir com os aminoácidos aromáticos pela
(D) via parenteral e lipídeos 35% do VET. passagem na barreira hematoencefálica, prevenindo a entrada
(E) via parenteral e 0,8g de proteínas/kg de peso/dia. de aminas tóxicas no sistema nervoso.
(B) Fórmulas suplementadas com aminoácidos aromáticos
43) Um paciente do sexo masculino deu entrada em um estão indicadas para tratar pacientes com encefalopatia grave,
hospital com diagnóstico de cirrose hepática Child C, de forma a garantir o fornecimento de nitrogênio adequado
apresentando ascite, desnutrição protéico-calórica e não para manter o metabolismo sem prejudicar o estado mental.
apresentando sinais de encefalopatia hepática. De acordo (C) Pacientes hepatopatas estáveis podem receber dieta
com sua avaliação verificou-se contendo 0,8 a 1,0g de proteínas/kg de peso atual ou ideal por
Estatura - 1,75 m; dia, para melhorar a retenção nitrogenada.
Peso corporal atual - 71,1 Kg; (D) Está indicada a restrição proteica como profilaxia da
Peso seco estimado - 55 kg; encefalopatia hepática, pois a maioria dos pacientes com
Peso ideal - 67,4 Kg doença hepática crônica não tolera bem a proteína dietética.
Ao calcularmos as necessidades preconizadas de energia e
proteína para esse paciente encontramos os seguintes valores
(Residencia UFRJ 2011): 47) Marque a alternativa que preenche as lacunas
corretamente (Residencia UNIRIO 2011) .
a) na faixa de 2696 Kcal/Kg de peso/dia a 3370 Kcal/Kg de A esteatose hepática consiste no acúmulo
peso/dia de energia e na faixa de 67,4 g /Kg de peso/dia a de_______________ nos tecidos hepáticos. A razão desse
121,32 g /Kg de peso/dia de proteína acúmulo não está esclarecida, mas a causa básica é um
b) na faixa de 2200 Kcal/Kg de peso/dia a 2750 Kcal/Kg de desequilíbrio entre a _________________ e a exportação dos
peso/dia de energia e na faixa de 55 g/Kg de peso/dia a 99 _________________ na forma de
g/Kg de peso/dia de proteína ______________________________.
c) na faixa de 2844 Kcal/Kg de peso/dia a 3555 Kcal/Kg de A) triglicerídeos/ síntese enxógena/ triglicerídeos/ lipoproteínas
peso/dia de energia e na faixa de 71,1 g/Kg de peso/dia a de baixa densidade (LDL)
127,98 g/Kg de peso/dia de proteína B) diacligliceróis/ síntese exógena/ diacligliceróis/ lipoproteínas
d) na faixa de 3048 Kcal/Kg de peso/dia a 3810 Kcal/Kg de de alta densidade (HDL)
peso/dia de energia e na faixa de 76,2 g/Kg de peso/dia a C) toxinas /transaminação/ triglicerídeos/ lipoproteínas de
137,16 g/Kg de peso/dia de proteína baixa densidade (LDL)
D) triglicerídeos/ síntese endógena/ triglicerídeos/
44) O tratamento nutricional tradicionalmente utilizado na lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL)
pancreatite durante a fase aguda consiste em (Residencia E) diacligliceróis/ síntese endógena/ triglicerídeos/
UFRJ 2011): lipoproteínas de alta densidade (HDL)

a) dieta zero, com o objetivo de remover o estímulo da função


secretória do pâncreas por meio do repouso gastrintestinal

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48) A causa mais comum de cirrose é a hepatite C. Marque a
alternativa que cita uma complicação que não é observada em
sua evolução (Residência UNIRIO 2011).

A) Hipertensão porta.
B) Ascite.
C) Varizes esofagianas.
D) Resistência insulínica.
E) Febre.

49) Na pancreatite, a ingestão alimentar agrava a dor


abdominal crônica, e isso frequentemente leva à redução da
ingestão com emagrecimento. Marque a alternativa que cita as
recomendações nutricionais para pacientes com pancreatite
aguda (Residência UNIRIO 2011)..

1) Dieta Zero por 48 horas.


2) Nos casos menos graves, refeições orais leves, líquidos e
pouca gordura.
3) Nos casos mais graves, alimentação jejunal com fórmulas
elementares.
4) Se houver íleo paralítico, nutrição parenteral.

A) Somente 1 e 2 estão corretas.


B) Somente 2 e 3 estão corretas.
C) Somente 3 e 4 estão corretas.
D) 1, 2, 3 e 4 estão corretas.
E) Somente 1 está correta.

GABARITO
1C 2D 3A 4A 5B 6E
7B 8C 9C 10C 11C 12A
13B 14B 15C 16B 17B 18E
19E 20E 21C 22A 23E 24D
25C 26E 27C 28B 29A 30E
31C 32A 33E 34A 35A 36A
37D 38C 39D 40C 41B 42B
43A 44A 45C 46A 47D 48E
49D

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