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Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

 Imaturidade emocional para nova fase

GESTANTE ADOLESCENTE Além da imaturidade biológica, fatores como


carências nutricionais, tabagismo, instabilidade
Entende-se por adolescente o indivíduo com idade emocional e marital podem determinar o resultado da
entre de 10 e 19 anos. É um período de crescimento, gestação. Mas quando a idade ginecológica é menor
maturação e estabelecimento dos padrões adultos. Em que 2 anos, a imaturidade da menina é que mais
apenas 2 décadas, a idade das mulheres ao influência (Chemin). Há uma dificuldade de associação
experimentarem a 1º relação sexual reduziu 2 anos, a da adolescência com risco obstétrico, pois
associação da precocidade da iniciação sexual feminina frequentemente há influência de outras variáveis como
à falta ou inadequação das informações a respeito da baixo nível sócio econômico, pouca escolaridade, abuso
sexualidade e uso dos métodos contraceptivos tem sido físico e psicológico, falta de assistência pré-natal e
apontada como principal causa da gravidez na apoio social insuficiente.
adolescência (Accioly).
Repercussões maternas:
Aspectos epidemiológicos (Accioly):  Complicações obstétricas e puerperais
No mundo, a cada ano cerca de 15 milhões de  Ganho de peso inadequado
mulheres de 15 a 19 anos de idade têm filhos, Destas,  Placenta prévia
80% vivem em países em desenvolvimento. No Brasil  HIV
houve aumento da taxa de fecundidade e 25% das 5  Fístulas
milhões de internações por gravidez no SUS, são de  Retenção de peso pós-parto
adolescentes. A taxa de mortalidade materna varia em  Atraso escolar
torno de 20% nos EUA e 50% na América Latina. No  Maior vulnerabilidade à violência física e abuso
Brasil, a mortalidade materna fica em 3º lugar no sexual
ranking de óbitos de adolescentes, perdendo só para
acidentes no trânsito e homicídios. Repercussões para o feto:
 Morbidade perinatal e mortalidade infantil
Características do adolescente  BPN (PN<2,5kg)
Há o alcance de 45% do crescimento, aquisição de  Muito baixo peso ao nascer (PN<1,5kg)
15 a 25% da estatura e o acúmulo de 37% de sua  Prematuridade (IG < 37semanas)
massa óssea adulta (Accioly). O estirão do crescimento  Retardo do crescimento intra uterino (RCIU)
ocorre entre 10 e 14 anos com média aos 12,5 anos e  Desproporção cefalopélvica (Chemin)
se reflete no aumento da estatura. As adolescentes com
menarca mais precoce crescem durante um maior Além disso, há aumento dos custos para o setor saúde.
período de tempo na fase pós-menarca. A fertilidade
completa se dá 2 anos após a mesma. O crescimento Accioly:
físico e maturação sexual só se completam pelo menos  Natimortalidade
4 anos depois da menarca. As adolescentes têm alto  Complicações neurológicas do lactente
risco obstétrico devido à sua imaturidade biológica para  Distúrbios de comportamento
atingir o termo. Segundo o IOM, as de maior risco são  Síndrome da atenção deficiente
as adolescentes que têm idade ginecológica (intervalo  Hiperatividade
de tempo entre a menarca e a idade materna na  Risco aumentado de abuso físico e maus tratos
concepção) menor que 2 anos e, idade cronológica ≤ de  RN pequenos para idade gestacional (PIG)
14 anos pois são anatômica e fisiologicamente imaturas  Apgar baixo no 5º minuto
(Accioly).  Sofrimento fetal agudo
Segundo OMS todas as adolescentes são
consideradas GESTANTES DE RISCO, especialmente Fatores que interferem no resultado obstétrico:
as com idade ginecológica < 2 anos, as primíparas, com
baixo peso, ou baixa estatura (Accioly). A mulher Idade materna
considerada madura é aquela com pelo menos 5 anos Gestantes brancas, mais jovens (< 15 anos) e
pós-menarca (essa é a idade ginecológica adequada). multíparas são as de maior risco. Quanto mais jovem,
Nos primeiros anos após a menarca há competição maior o risco de RCIU e BPN (estão associados com
pelos nutrientes entre mãe e feto, interferindo mortalidade neonatal), por serem mais susceptíveis à
negativamente no resultado final (Chemin) subnutrição, já que se encontram em rápido processo
de crescimento e desenvolvimento. A suplementação
Tornam as adolescentes, gestantes de risco: neste caso pode ter um efeito benéfico sobre o peso do
 Consumo de alimentos de baixo valor bebê.
nutricional Gestantes de 10 a 16 anos têm crescimento fetal
 Omissão dasprincipais refeições mais lento e uma diminuição no fluxo sanguíneo
 Dietas restritivas placentário, o que causa prejuízo no desenvolvimento
fetal (crescimento mais lento), isso pode ser justificado
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pela hipótese de competição entre mãe e feto pelos Condições socioeconômicas


nutrientes. As condições desfavoráveis predispõem a BPN,
A mãe jovem, por ser imatura, é incapaz de complicações neurológicas, síndrome de atenção
armazenar, sob o estresse físico imposto pela gravidez, deficiente, hiperatividade e distúrbios de
a mesma quantidade de tecido materno e fetal que as comportamento. Dentre as condições socioeconômicas,
gestantes adultas, o que resulta nesta competição pelos estão associadas com BPN: raça (mulheres não-
nutrientes que leva a cetonúria intensa responsável por brancas), estado civil (solteiras), baixo nível sócio-
maior frequência de óbitos fetais e neonatais. econômico e baixa escolaridade.

Paridade, estado nutricional e raça Infecções genitais


Primíparas de todas as idades tendem a ganhar 1kg Doenças sexualmente transmissíveis são frequentes
a mais que as multíparas. e podem estar associadas com BPN.
Gestantes com idade ginecológica < 2 anos tendem
a ganhar menos peso que gestantes adultas e Estresse, pequeno intervalo intergestacional e
apresentam maior risco de BPN do que as gestantes multiparidade
mais velhas com o mesmo ganho de peso gestacional. São fatores de risco para BPN.
Mulheres com IMC pré-gestacional baixo peso,
mesmo que ganhem o mesmo peso gestacional que Assistência pré-natal
mulheres de outras faixas de IMC, tendem a ter filhos
menores. Objetivos da assistência ao pré-natal (Accioly):
Gestantes negras têm filhos com menor peso ao  Promoção do ganho de peso gestacional
nascer, pois há associação com subnutrição pré- adequado
gestacional e a suplementação pode ter efeito benéfico.  Prevenção de complicações obstétricas
Ganho de peso menor que 3,4kg até a 24ª semana, maternas
ou seja, inadequado, oferece aumento de risco para PIG  Redução nas taxas de BPN, RNPT e
(pequeno para idade gestacional), mesmo quando o natimortos
ganho final de peso atinja o total recomendado.  Prevenção de gestações repetidas e
indesejáveis
Comportamento alimentar:  Redução da mortalidade materna
Há tendência à substituição do jantar por lanche que  Prevenção do aborto ilegal
favorece o consumo inadequado ou excessivo de
energia, contribuindo para obesidade. Deve-se ter a participação de equipe
Fatores que contribuem para isso: horários multiprofissional e interdisciplinar. A assistência do
irregulares, alimentação fora do domicílio, substituições nutricionista é indispensável nos programas de
por fastfoods, consumo abusivo de álcool, tabaco e assistência às gestantes adolescentes (Accioly).
drogas e dificuldade de relacionamento familiar e baixas Em geral, a assistência pré-natal é procurada
condições sócio econômicas. tardiamente devido à dificuldade de reconhecer os
O dia a dia agitado pode resultar em comer fora de sinais e sintomas e por não quererem a quebra da
casa e escolher uma variedade limitada de nutrientes. confidencialidade, piorando as consequências da
Geralmente composto por comidas salgadas, muito gravidez.
doces, alimentos gordurosos e com poucos nutrientes São coletados: idade cronológica e ginecológica,
(Dan). Além disso, apresentam ingestão excessiva de estado nutricional pré-gestacional, ganho de peso
sucos, refrigerantes e chás, ou seja, ingestão excessiva gestacional, sinais clínicos de má nutrição, índices
de líquidos. hematológicos, atividade física, uso de medicamentos,
A dieta utilizada por grupos de meninas de 15 a 19 presença de doenças crônicas ou infecções, avaliação
anos de idade contém frequentemente elevada dietética com ênfase na ingestão de proteínas, fibras,
quantidade de gordura e calorias. Ressalta-se que a vitamina C, cálcio, ferro, calorias vazias e gordura.
gordura trans no período gestacional pode comprometer
o crescimento e o desenvolvimento fetal (Accioly) Avaliação antropométrica
Em torno de 50% das adolescentes mantêm seu
crescimento durante a gestação, embora seja mais lento
do que se elas não estivessem grávidas, promovendo
Inadequação de cálcio, ferro, zinco e vitamina A, vit competição pelos nutrientes ou imaturidade em
B6 e ácido fólico, vit C, iodo e magnésio e menos transferí-los para o feto, gerando conceptos de menor
frequente de energia, fósforo e outras vitaminas (Accioly peso. As outras 50% das adolescentes interrompem seu
e Chemin). crescimento linear comprometendo sua estatura final,
A refeição mais negligenciada é o desjejum, sendo segundo alguns autores, esta deve ser mensurada pela
que 1/5 dos adolescentes não tomam café da manhã e altura do joelho.
50% que realizam o fazem de maneira inadequada
(Dan).

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Algumas gestantes adolescentes continuam seu curvas da OMS (quadro 2).


crescimento durante a gestação, neste caso elas
tendem a ganhar mais peso e manter este peso, após o b) Peso pré-gestacional desconhecido e avaliação
parto, além de terem recém-nascidos menores em com base no IMC gestacional:
crescimento (Dan).
Quanto mais jovem for a gestante, maior Caso o peso pré ou até a 14ª semana gestacional
probabilidade de manter seu crescimento durante a seja desconhecido, utiliza-se a proposta de Atalah.
gravidez, portanto, maior será sua necessidade Utilizar o peso da consulta e realizar a classificação
energética (Dan). pelo quadro 3.
O Ministério da Saúde preconiza a avaliação do O Ministério da Saúde ressalta que o método não foi
estado nutricional de todas as gestantes adolescentes proposto para gestantes adolescentes. No entanto esta
na rotina da Assistência Pré-natal por meio da proposta classificação pode ser usada desde que a interpretação
metodológica com base nas recomendações do Institute seja flexível. Assim, considerar:
of Medicine (IOM), da OMS e do estudo de Atalah.
Em 2009, o IOM publicou uma atualização das  Para adolescentes que engravidaram 2 anos após a
recomendações para ganho de peso durante a gestação menarca, a interpretação pode ser equivalente às
a serem aplicadas a mulheres americanas. Dentre as adultas;
alterações observadas na nova recomendação, em
comparação àquelas publicadas em 1990, destacam-se  Para as que engravidaram menos de 2 anos pós-
os pontos de corte da OMS, para a avaliação de menarca é provável que sejam classificadas como baixo
mulheres adultas e adolescentes. peso. Devem ter a estatura mensurada em todas as
Accioly recomenda avaliar as adolescentes com consultas. Deve-se acompanhar o traçado da curva de
base na classificação do estado nutricional pré- IMC, que deve ser ascendente.
gestacional baseada nas curvas propostas pela OMS
2006/20007, com base na idade (anos e meses) e sexo.  A utilização do gráfico de evolução do traçado de
Deve ser empregada quando peso pré é conhecido ou IMC gestacional proposto pelo MS para adultas, como
aferido até a 13ª semana gestacional x peso dito anteriormente, deve ser adotado para a avaliação
mensurado até 2 meses antes da concepção ou das adolescentes somente quando o peso pré-
aferido até a 14ª semana gestacional (Accioly). Caso gestacional não possa ser calculado ou o peso no 1º
o peso pré ou até a 13ª semana gestacional seja trimestre não possa ser obtido.
desconhecido, utiliza-se a proposta de Atalah.
OBSERVAÇÃO  Accioly sugere que deve-se
Procedimentos para avaliação antropométrica: empregar a classificação da OMS (2006/2007) (quadros
Inicialmente deve-se obter o peso pré-gestacional ou 1 e 2), em idade e meses para o diagnóstico pré-
inicial, peso atual, estatura materna e idade gestacional. gestacional de adolescentes e a seguir fazer a
programação do ganho de peso recomendado até o
a) Peso pré-gestacional conhecido  calcular o IMC termo (quadro 4). Nos casos em que o peso pré-
pré-gestacional e consultar os pontos de corte gestacional não é conhecido ou não é possível
específicos segundo a idade materna de acordo com as mensurá-lo (idade gestacional ≥ 14 semanas) proceder
curvas da OMS (2006/2007) e classificá-los de acordo a avaliação inical com base no IMC gestacional, pela
com o quadro abaixo (quadro 1), de acordo com as tabela ou gráfico (quadro 3 ou figura 1).

CONSULTAS SUBSEQUENTES:
A avaliação antropométrica nas consultas
subsequentes pode ser realizada com base na
adequação do ganho de peso semanal e total, de
acordo com o quadro 4.

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Quadro2:

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Quadro3:

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Figura 1:

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Ganho de peso gestacional (Accioly, 09):

Quadro 4:
Estado nutriconal Ganho de peso total Ganho de peso Ganho de peso total Ganho de peso
no 1º trimestre (IG < semanal médio no 2º e na gestação (kg) mínimo (kg/mês)
14 semanas) 3º trimestres (IG > 14
semanas)
Baixo peso (BP) 2,3 0,5 12,5 – 18,0 Não determinado

Adequado (A) 1,6 0,4 11,5 – 16,0 1,0

Sobrepeso (S) 0,9 0,3 7,0 – 11,5 Não determinado

Obesidade (O) -- 0,3 7,0 – 9,1 0,5

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Avaliação bioquímica OBSERVAÇÃO: para cálculo do peso desejável para


Devido à hemodiluição gestacional, o uso de alguns gestantes adolescentes pode utilizar a fórmula a seguir
parâmetros nutricionais torna-se limitado. Recomenda- adotando-se o valor mediano (percentil 50)
se o uso de hemoglobina para avaliar a condição correspondente ao IMC de meninas das curvas da OMS
nutricional do ferro. A anemia ferropriva é a deficiência (2006/2007)
específica mais prevalente entre gestantes (acomete 40-
50%) devido a:
- alta demanda de ferro materno-fetal Peso desejável = IMC mediano (curvas OMS
- baixa ingestão 2006/2007) x E2 (m)
- baixa reserva orgânica frente a demanda

Avaliação dietética Nível de atividade fisica


Métodos de avaliação de consumo mais utilizados:
recordatório de 24hs para estimar a ingestão energético
proteica e frequência de consumo para avaliar consumo
de micronutrientes. Deve ser detalhada para avaliar
número e composição das refeições, uso de diet e light,
bebidas alcoólicas, doces, etc. Investigar tabus,
alergias, presença de picamalácia.

Avaliação clínica
Investigar idade cronológica e ginecológica, sinais e
sintomas digestivos, avaliar o funcionamento intestinal e
patologias ou intercorrências associadas, avaliar
atividade física e hábitos sociais que podem repercutir
no desenvolvimento fetal.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
Nesta fase tem-se a superposição de 2 processos
biológicos de alta demanda nutricional, o crescimento e
desenvolvimento materno e fetal, principalmente durante
a fase onde o crescimento é mais intenso, entre 10,5 e
13 anos de idade.
Devido ao rápido crescimento pondero estatural, as
necessidades nutricionais estão significativamente
aumentadas a fim de suportar um aumento na massa 3º passo: após obtido o GET multiplicar por 1,01 que é
corpórea e nas reservas de nutrientes (Dan). a energia necessária para o crescimento.

Recomendações energéticas 4º passo: adicional energético recomendado para o


Para o cálculo do VET deve-se seguir os seguintes período gestacional:
passos:
1º passo: avaliação do estado nutricional da gestante e
determinação do ganho de peso recomendado até o Accioly* 85 kcal/dia 1º trimestre
termo. 285 kcal/dia 2º trimestre
475 kcal/dia 3º trimestre
2º passo: calcular o VET a partir do GET somado ao *Quando o início do pré-natal se dá no 2º ou 3º
adicional requerido para o ganho de peso gestacional trimestres, para mulheres não obesas, sugere-se somar
as 85 kcal requeridas no 1º trimestre às 285 kcal
VET = GET + adicional energético requeridas no 2º trimestre e a recomendação passa a
ser de 360 kcal/dia no 2º trimestre e 475 kcal/dia no 3º
GET = TMB x NAF trimestre.

TMB (10 a 18 anos): 13,384 x peso (kg) +692,6 O cálculo do adicional energético individualizado
é igual ao de gestantes adultas.
 IMC pré-gestacional de eutrofia: peso pré- Tratando-se de uma adolescente biologicamente
gestacional ou desejável imatura, recomenda-se um adicional de 150 kcal/dia,
 IMC pré-gestacional baixo peso: peso além do extra da gestação normal. No caso daquelas
desejável biologicamente maduras, a avaliação segue os critérios
 IMC pré-gestacional sobrepeso ou obesidade: das gestantes adultas (Chemin). Quanto mais próximo
peso pré-gestacional
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da menarca, maiores são os riscos nutricionais, em  Recomenda-se suplementação de: ferro, zinco,
função das necessidades aumentadas (Chemin). folato, cálcio, vit B6, vit C, vit A e magnésio quando não
Segundo a ADA, quanto mais fatores de riscos for possível alcançar a ingestão dietética adequada.
estiverem presentes, maior deve ser o valor energético Para vegetarianas: suplementação de vit B12 e vit D
recomendado, podendo variar de 40 a 50 kcal/kg de (Accioly).
peso ideal (Chemin).
Orientações nutricionais
 Esclarecer a importância do ganho de peso
Recomendação proteica gestacional adequado e os benefícios da alimentação
equilibrada para atender às necessidades materno-
Adicionais iguais aos das gestantes adultas são fetais, melhorar o resultado obstétrico, crescimento
utilizados pois a necessidade diária é a mesma: 0,91 linear materno e contribuir para lactação;
g/kg/dia considerando o peso pré- gestacional somado  Desencorajar consumo de fast-foods e lanches
à: rápidos em substituição às grandes refeições;
 Adicional de 6g/dia (OMS)  Contemplar nos lanches rápidos grupos
 Adicional de 10g, com ingestão total de 60g/dia básicos de alimentos;
(NRC)  Estimular uso de alimentos fortificados;
 Desencorajar consumo de doces, refrigerantes
ADA: Recomenda: e bebidas alcoólicas (calorias vazias);
 ≤ 15 anos - 1,7g/kg  Monitorar consumo de alimentos diet e light
 > 15 anos - 1,5g/kg pelo conteúdo de edulcorantes artificiais (sacarina e
ciclamato são contraindicados);
ANVISA:  Estimular a prática de amamentação através do
 71 g/dia preparo da mama. Dar orientações sobre aleitamento e
vantagens do leite materno;
FAO:  Incluir a gestante adolescente em grupos de
 15 a 19 anos – 1,5 g/kg/dia assistência multiprofissional.

Recomendações de vitaminas e minerais


Dan: Estudos demonstram alta prevalência de
AVALIAÇÃO E RECOMENDAÇÕES
deficiências nutricionais de cálcio, ferro, zinco, NUTRICIONAIS ESPECÍFICAS PARA
riboflavina, ácido fólico e vitaminas A e D. Estudos GESTANTES E PUÉRPERAS
mostraram que a ingestão diária de cálcio inferior a 2/3
GEMELARES
da recomendação pode afetar negativamente o
desenvolvimento ósseo do feto devido a oferta limitada
de cálcio. Devido a essa ingestão insuficiente de A gravidez múltipla frequentemente se relaciona a
nutrientes, suplementos nutricionais podem ser mulheres com idade acima de 27 anos, IMC > 30kg/m 2,
indicados para gestantes adolescentes. A depleção de raça negra, aumento da paridade, história familiar (lado
ferro está associada com a redução da oxigenação fetal materno), maior frequência de relações sexuais e
e maior risco de complicações como BP ao nascimento, atualmente com as técnicas de fertilização.
prematuridade e risco aumentado de natimorto. Quanto ao volume sanguíneo, na gemelar este
Gestantes adolescentes com risco de inadequação aumenta em torno de 50 a 60% contra 40 a 50% na
alimentar devem receber suplementação de cálcio, gestação única.
vitamina B6, vitamina C e acido fólico. Fatores de risco ou complicações são mais
 Inclusão de fontes de vitamina C em refeições frequentes em gemelares e por isso essas gestações
contendo ferro de origem vegetal. são consideradas de risco materno e fetal, isso
 Dar ênfase a leite e derivados (necessidade de acontece devido a:
cálcio e proteínas), carnes em geral (ferro e proteínas),  Idade avançada da mãe
vegetais folhosos, amarelos e vísceras (vitamina A e  Maior incidência de pré-eclâmpsia e anemia
ácido fólico) e frutas (vitaminas, em especial a C).  Descolamento prematuro da placenta
 As gestantes adolescentes têm  Maior chance de ocorrência de hemorragia
recomendações maiores que as de gestantes adultas periventricular intrauterina, prolapso retal e
de: vitaminas B1, vitamina B2, niacina, vitamina D, cálcio corioamnionite
e fósforo (Chemin).
 Deve-se garantir boas fontes de cálcio para o Repercussões da gestação gemelar:
término do crescimento e a formação do esqueleto fetal  Parto pré-termo (+ frequente) (Dan e Chemin)
e procurar estabelecer horários regulares, incluindo  Baixo peso ao nascer (Dan e Chemin)
lanches com produtos lácteos, frutas e vegetais, para  6 vezes mais chance de ser hospitalizada
alcançar as necessidades (Chemin). durante a gestação

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 O gêmeo tem 7 vezes mais risco de morte no gestante de feto único) (Dan). Segundo estudos, as
1º ano de vida gestantes gemelares têm de 4 vezes mais risco de
 Elevados índices de mortalidade perinatal desenvolver anemia, indicando aumento de 1,8 vezes
(8,5%) - aumenta proporcionalmente com o número de na necessidade de ferro em relação a gestação única.
fetos (Dan) Segundo o IOM a suplementação de ácido fólico é a
 Os bebês têm risco de desenvolver problemas mesma da gestante de apenas um feto.
mentais, de aprendizagem e psíquicos A suplementação com minerais como cálcio, zinco,
magnésio, multivitaminas e ácidos graxos essenciais
Cuidados nutricionais: parece reduzir as complicações da gravidez e melhora o
A necessidade energética é aumentada, devido ao prognóstico pós-natal de recém-nascidos de gestações
maior ganho de peso, maior produção de tecido fetal e gemelares (Dan 09).
materno, maior placenta entre outros (Dan).
Recomendação de suplementação diária proposta pelo
Recomenda-se ingestão de: IOM: 15mg de zinco, 2mg de cobre, 250mg de cálcio,
Baixo peso 4000 Kcal/dia 2mg de vitamina B6, 300μg de ácido fólico, 50mg de
Eutrofia 3500 Kcal/dia vitamina C, 5μg de vitamina D e 30mg de ferro depois
Sobrepeso 3250 Kcal/dia da 12º semana.
Obeso 3000 Kcal/dia
 Suplementação de 3g de cálcio, 1,2g de
Recomendações nutricionais para puérperas magnésio e 45mg de zinco, com a prescrição de 2
gemelares: comprimidos multivitamínicos/dia após a 20º semana.
Além de suplementação de 1g de vitamina C e 400 UI
de vitamina E segundo estudo de Luke et al.
Nutrientes Recomendação
Acréscimo calórico 36kcal/kg + 500/600kcal / bebê Recomendação de ganho ponderal gestacional
Proteínas 20% A gestação gemelar é dividida em 3 períodos: < 20ª
1g/kg + 16g (1º semestre) semana, entre 20 e 28 semanas e > 28ª semana.
1g/kg + 12g (a partir do 2º )
Avaliação antropométrica de gestantes
Carboidratos 40%
gemelares (Accioly):
Lipídios 40%

Recomendação de ganho de peso (Dan):


Considerações:
Gemelar Trigemelar
 A alimentação deve ser composta de 3
Semana de gestação 37 semanas 35 semanas
refeições diárias e 3 lanches
 Acréscimo de 20g de proteína contra 10g/dia Peso estimado do RN 2500g 1500g
na mulher de gestação única
 Estudos sugerem o acréscimo de 500 a Ganho de peso inferior a 385g por semana antes da
600kcal/dia por bebê para garantir a produção de 24º semana está associado à RCIU e maior morbidade
volume de leite adequado à demanda dos bebês, mesmo que tenha ganho adequado posterior
 300kcal acima das recomendadas para até o fim da gestação.
gestantes com um único feto, ou seja, 600kcal acima da
recomendação para mulheres não grávidas (Dan 09).
 A necessidade de ácidos graxos essenciais
está aumentada (Dan).
 A quantidade de porções de quase todos os
grupos de alimentos é maior para as gemelares.
 Carnes e derivados: as porções aumentam em
5 vezes
 Óleos e gorduras: aumento de 3 vezes
 Laticínios: aumento de 2,5 vezes
 Essas recomendações propiciam maior tempo
gestacional e peso dos bebês, e redução dos riscos de
complicações pré e pós-parto.

Vitaminas e minerais:
As recomendações precisas de vitaminas e minerais
não são bem conhecidas. Sabe-se que a necessidade
de ferro está aumentada (precisam de 1,8 mais que a
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Accioly:

Chemin:

Lactação em gemelares
A puérpera de gêmeos produz o dobro de leite em
Recomendações energéticas e proteicas (Accioly): comparação à mãe da gestação única, de modo que
No caso da gestação gemelar de 2 fetos, o adicional chega a produzir 1,2L no 1º mês e mais de 2L a partir
energético deve ser de 1000kcal/dia e o proteico de 50 do 2º mês. Essas mães têm dificuldades em iniciar e
g/dia a partir da 20ª semana gestacional. principalmente em manter o aleitamento exclusivo e
frequente pelo menos até o 6º mês de vida.
Exercício físico Cada 100ml de leite contêm em média de 67 a
É importante por favorecer a prevenção da 75kcal, com eficiência de produção em torno de 80 a
hipertensão arterial, a circulação sanguínea e a 90%. A concentração de lactose, proteínas, gorduras,
disposição da gestante. vitaminas e minerais é maior.
CDC: recomenda 30 minutos ou mais de exercícios Segundo estudos, a má nutrição, o vegetarianismo e
diários. Já o Guia da Associação Americana de a hidratação inadequada interferem na produção do leite
Ginecologia contraindica a atividade aeróbica para a diminuindo a quantidade, mas não na qualidade do
gestante gemelar em razão de risco elevado de ruptura mesmo.
prematura de membrana.

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maternos ficam mais refratários e permitem maior


SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DA acomodação de sangue.
Por razões ainda desconhecidas, algumas gestantes
GESTAÇÃO (SHG) OU DISTÚRBIO
desenvolvem hipertensão arterial. Nesta situação tem-
HIPERTENSIVO ESPECÍFICO DA se o aumento de tromboxano e diminuição da
GESTAÇÃO (DHEG) OU TOXEMIA prostaciclina. Além disso, a invasão trofoblástica nos
vasos uterinos não ocorre ou ocorre de forma
incompleta, havendo preservação da camada muscular,
No Brasil 26,5% dos óbitos maternos se devem a
o que faz com que estes tenham resistência aumentada.
eclâmpsia e pré-clâmpsia. As SHG podem propiciar
O aumento da pressão materna é uma tentativa de
BPN (PN < 2,5kg), asfixia, RCIU, aumenta a
manter o fluxo sanguíneo mínimo eficaz em um sistema
necessidade de partos cirúrgicos e prematuros, devido
vascular de alta resistência. Contudo, tal situação leva à
ao sofrimento fetal, morte fetal e morte perinatal.
hipóxia tecidual em órgãos alvo, como rins, cérebro,
Pode se desenvolver: vasoespasmo, depleção de
pulmão, olhos e PLACENTA.
volume intravascular e a hemoconcentração. E anorexia
(Chemin).
Tanto em casos de eclâmpsia como em casos de
pré-eclâmpsia apresentam hipoalbuminemia e
hipovolemia, com consequente hemoconcentração
podendo mascarar uma possível anemia (Chemin).

Etiologia:
Causas: produção excessiva de hormônios
placentários e supra-renais e desequilíbrio entre
substâncias vasodilatadoras (prostaciclina, óxido nítrico)
e vasoconstrictoras (tromboxano e endotelina). Esse
desequilíbrio pode causar vasoespasmos, dano
endotelial, agregação placentária e consequentemente
aumento da pressão arterial.
Em gestantes normais ocorre hiperlipidemia,
contudo nos casos de PE, os níveis são mais elevados,
sugerindo que o metabolismo lipídico anormal possa ter
um papel na gênese da PE (Accioly).
A principal etiologia da pré-eclâmpsia é o
desequilíbrio entre pró-oxidantes e antioxidantes (Dan).
Está associada ao fluxo sanguíneo uterino
diminuído, levando a um tamanho placentário diminuído,
nutrição fetal comprometida e um feto com RCIU. Na
pré-eclâmpsia ocorre redução da taxa de filtração
glomerular e aumento da sensibilidade a angiotensina
(vasoconstritora) e redução do volume natriurético atrial.

Fisopatologia:
Em uma gestação normal os ajustes fisiológicos
ocorrem logo após a fecundação do óvulo e a gestação
progride graças à tolerância imunológica entre tecido
materno e fetal, com carga paterna. Esta tolerância é
responsável pelos ajustes fisiológicos anatômicos,
funcionais, bioquímicos, na circulação materna e
uteroplacentária.
Alterações bioquímicas normais incluem alterações
nos sistemas de prostaglandinas (prostaciclinas e
tromboxanos) que são formados a partir do ácido
araquidônico.
Há predominância da síntese de prostaclinas, que
são vasodilatadoras e antiagregante plaquetárias sobre
a ação dos tromboxanos que são vasoconstritores,
acentuando a agregação plaquetária e adesividade às
paredes vasculares, produzindo plaquetas. Uma das
consequências é a vasodilatação generalizada, com
diminuição da resistência vascular. Com isso, os vasos

45
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

mais na pressão sistólica e/ou 15 mmHg ou mais na


diastólica, ou superior a 140x90mmHg;

Hipertensão crônica:
Accioly: presente antes ou diagnosticada até a 20ª
semana gestacional.

Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)


Normal < 120 < 80
Pré- 120-139 80-89
hipertenso
Hipertensão
Estágio 1 140-159 90-99
Estágio 2 ≥ 160 ≥ 100

Fatores de risco:
 Gestantes obesas (Accioly) e tensas, de baixa Pré-eclampsia:
estatura e brevelíneas. Acciolyo: pressão arterial ≥ 140 x 90mmHg ou aumento
 Fatores mesológicos: influência da distribuição de 15mmHg na pressão diastólica conhecida previa e
geográfica e clima. PROTEINÚRIA SIGNIFICATIVA (valores ≥ 300mg na
 Mulheres com diabetes mellitus com urina de 24h. Geralmente após a 20ª semana
proteinúria, hipertensão arterial crônica e nefropatia gestacional).
hipertensiva (Accioly) Pré-eclâmpsia grave é definida como: PA sistólica
 Mulheres com idade > de 40 anos (Accioly) e de 160mmHg ou PA distólica de 110mmHg ou mais de 5
adolescentes com idade ≤ 16 anos. g de proteínas em urina de 24 horas. Utilizam-se
 Primigestas  são 6 a 8 vezes mais anticonvulsivantes na tentativa de prevenir convulsões
susceptíveis. eclâmpticas (Chemin).
 História familiar de hipertensão (Accioly) A PE se torna grave quando 1 ou mais critérios
 Negras (Accioly), hindus, árabes mulçumanas, também estiverem presentes:
judias iraquianas.  PA diastólica ≥110mmHg
 Dieta hipoproteica ou deficiente em cálcio.  Proteinúria ≥ 2g/L em 24h
 Estado de vitamina D baixo  Oligúria (< 500ml/dia ou 15ml/h)
 Tabagismo: resultados contraditórios, mas  Creatinina > 1,2mg/dl
deve ser desencorajado.  Sinais de encefalopatia hipertensiva /
 Gestantes com menor escolaridade e as que insuficiência cardíaca / dor epigástrica
trabalham fora do domicílio.  Plaquetopenia (<100.000/mm3)
 Gestantes do grupo sanguíneo AB.  Aumento das enzimas hepáticas e de
 Gestações múltiplas (gêmeos) têm risco 5 bilirrubinas
vezes maior (Accioly)  Presença de RCIU e coagulopatia
 Polidramnia.
 Situações de hipovolemia, como elevadas Eclâmpsia:
altitudes, aumentam a incidência de pré-eclâmpsia e Presença de convulsões generalizadas não
BPN. causadas por epilepsia ou qualquer outra patologia, em
 Nulíparas (Accioly) gestantes com qualquer dos quadros hipertensivos
 Dietas ricas em energia, sacarose (açúcar) e anteriores, podendo ocorrer na gravidez ou parto ou
ácidos graxos poliinsaturados (Chemin) puerpério imediato.
 Síndrome de resistência à insulina A morte fetal ocorre com frequência.
 Mulheres com hipertensão há pelo menos 4 Outros sinais como: cefaleia, agitação psicomotora,
anos (Accioly) distúrbios visuais e epigastralgia. Além de tontura,
anorexia, náuseas e vômitos.
Diagnóstico: Tanto a pré-eclâmpsia como a eclâmpsia podem
apresentar, como dados clínicos da síndrome,
Hipertensão gestacional: hipoalbuminemia e hipovolemia, com consequente
Accioly: hipertensão SEM proteinúria com hemoconcentração, podendo até mesmo mascarar uma
aparecimento após a 20ª semana gestacional; anemia. A albumina sérica aceitável para gestantes é de
3,5g/100ml, podendo chegar até 2g/100ml (Chemin).
Chemin: quando há aumento de PA em 2 ou mais
momentos em espaço de 6hs, aumento de 30mmHg ou Síndrome HELLP:

46
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Surge como agravamento da PE, caracterizado por Estágio 1:


hemólise, aumento das enzimas hepáticas e
plaquetopenia. Tratamento ambulatorial
Os sinais de extrema gravidade são: ICC,
hepatomegalia dolorosa, icterícia, cianose, diurese  Dieta normossódica (até 6g/dia), evitando-se
inferior a 500ml/24h. alimentos ricos em sódio;
Apresenta os piores resultados maternos e  Dieta semelhante a uma gestante normal:
perinatais pois pode ocorrer descolamento prematuro da cloreto de sódio até 7g/dia (Chemin);
placenta, insuficiência renal, coagulopatia grave, choque  Hiperproteica (2g/kg/dia) visando correção de
e alterações neurológicas e essas alterações elevam a hipoproteinemia e adequado desenvolvimento fetal;
mortalidade perinatal e materna.  Adequada em vitaminas (ênfase em vitaminas
A,C e E) e minerais (ênfase em cálcio – 2000mg/dia).
 Definição de DHEG: presença de 3 sinais e sintomas  Preferir frutas, legumes e verduras, cereais
característicos: PA > 140x90 mmHg; edema e integrais, leguminosas, leite e derivados desnatados,
proteinúria (> 0,3g/24hs) (Chemin). quantidade reduzida de gorduras saturadas, trans e
colesterol (Accioly);
 Preferir óleos vegetais: soja, milho, girassol e
Prevenção (Vasconcelos) canola;
Suplementação de ácido fólico regular durante 1º e  2 a 3 porções de peixe por semana (Accioly).
2º trimestres de gestação. Follato tem papel importante  Potássio: devido a seu efeito hiopotensor
no desenvolvimento da placenta e melhora da função do (aumenta a natriurese), recomendação 2 a 4 g/dia, não
sistema endotelial nos níveis placentários, além de sendo necessária a suplementação. Alimentos com alto
redução dos níveis de homosciteína. teor de potássio:
Como a gênese da pré eclampsia está relacionada o Grãos e cereais: aveia, ervilha, feijões,
ao metabolismo oxidativo, atualmente, tem se levantado grãos de bico
a importância do papel de antioxidantes (folato, o Hortaliças: beterraba, folhosos,
vitaminas A, C, E, AG e caroteno). Um estuado mostrou cenoura, mandioca
melhora com uso de 1000 mg de vitamina C e 400UI de o Vegetais folhosos: almeirão, couve,
vitamina E. chicória, espinafre
o Fruas: abacate, banana, melão,
Tratamento maracujá.
Objetivo: atingir o melhor resultado obstétrico, concepto
com boas condições de evolução e a completa  Conclusão: dieta normocalórica, normossódica e
restauração da saúde materna. hiperproteica.

Consulta inicial: identificar fatores de risco, história Estágio 2 (≥160 e 100mmHg):


obstétrica pregressa e avaliação nutricional detalhada,
compreendendo: Internação obrigatória
 Dieta normossódica (6g/dia de NaCl);
Avaliação clínica: presença de edema, níveis de PA,  Em casos de hipertensão grave persistente ou
diurese, evolução da altura uterina, estado geral da crônica, pode-se adotar a dieta hipossódica, com no
gestante e sinais de vitalidade fetal. máximo 2 a 3g/dia de NaCl de adição;
 Chemin: em casos de maior gravidade  2g de
Avaliação antropométrica: atenção ao ganho de peso NaCl/dia ou menos e HA crônica limite máximo de
súbito (>0,5kg/semana) associado à hipertensão. Seguir 2g/dia;
as mesmas recomendações da gestante não hipertensa.  A consistência deve variar de acordo com o
grau de consciência materna
Avaliação dietética: inquérito dietético frequência de  Demais recomendações são iguais.
consumo semi-quantitativo. Identificar ingestão
inadequada de energia, proteína, vitaminas A, C e E e  Algumas pacientes com SHG têm o volume
de minerais cálcio e sódio. reduzido, e por isso não é recomendada uma restrição
drástica de sal, abaixo de 2 a 4 g/dia, lembrando que o
Avaliação bioquímica: hemograma, contagem de sódio inerente aos alimentos representa cerca de 1g
plaquetas, função renal (ácido úrico, uréia e creatinina), (Chemin).
proteinúria, urina, ECG, oftalmoscopia e em casos
graves: função hepática (transaminases) e  Eclâmpsia:
coagulograma.  Dependendo do grau de consciência: sonda
nasogástrica ou nasojejunal;
ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL  Seguir conduta da PE estágio 2.

 Para hipertensão gestacional ou crônica ou PE:


47
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

 Síndrome HELLP: Altas doses de óleo (1,8g/10ml) associadas a outros


 A conduta obstétrica na síndrome HELLP não nutrientes, como o retinol, vitamina D e E, no início da
está bem definida, sendo ainda motivo de controvérsia. gravidez, podem aumentar o risco de SHG (Accioly).
 Em linhas gerais, pode-se adotar a conduta
similar a adotada na PE estágio 2 Sódio:
O sódio é um nutriente indispensável para o controle
Aspectos nutricionais e SHG: do compartimento fluido extracelular, pois quando o
volume extracelular está aumentado, o sódio é
Ganho de peso necessário para manter a concentração iônica normal.
 Ganho de peso gestacional e edema: aumento O apetite por sódio está aumentado na gestação o
ponderal súbito e excessivo durante a gestação é que propicia expansão do volume plasmático, liquido
considerado sinal sugestivo de SHG; amniótico e atendimento das necessidades fetais. Os
 O controle de ganho de peso contribui para requerimentos de sódo giram em torno de 25g de sódio
reduzir os riscos de SHG (Chemin). ou 60 g de NaCl durante toda gestação, com uma média
 O ganho de peso de 1kg/semana ou 3kg/mês de 4meq/dia.
pode ser uma manifestação de SHG em evolução, em O uso de diuréticos causa perda de fluido e
alguns casos o ganho pode ser de até 5 kg/sem. diminuição no volume intravascular comprometendo
 O Ministério da Saúde recomenda que ainda mais o feto.
gestantes com ganho ≥ 0,5 kg/sem, mesmo sem O Ministério da Saúde recomenda para
aumento de pressão arterial merecem maior tratamento da hipertensão dieta com em torno de 6
investigação. gramas de cloreto de sódio/dia e de sódio < 2,4
g/dia.
Proteínas:
 Papel das proteínas na SHG: equilíbrio Cálcio:
hidroeletrolítico realizado pela albumina sintetizada no Indispensável para formação óssea, contração
fígado a partir de proteínas dietéticas lactoalbumina, muscular, transmissão neural, coagulação sanguínea,
caseína do leite, clara de ovo, músculo bovino e atividade enzimática e transporte de membrana.
fígado,além de transporte de lipídios pelas lipoproteínas Na gestação ocorre expansão do volume
e síntese tecidual. extracelular, aumento da filtração glomerular,
 Na 2º metade da gestação é observada uma aumentando a excreção renal de cálcio (calciúria), e
queda dos níveis de proteínas séricas de 7,3g% para aumento da demanda de Ca para atender as
6,6g%, e a albumina sérica, que é a de maior poder necessidades fetais, pois são acumulados 30g ao longo
osmótico, cai de 4,63g% para 3,34g% no 7º mês, da gestação e o transporte mãe-filho aumenta com a
contribuindo para formação de edema (Accioly). progressão da mesma, para isso, a ingestão materna
 O edema pode ser visível quando há formação deve ser aumentada.
de cacifo característico, ou oculto, quando mascarado Parece haver relação inversa entre ingestão de
pelo rápido ganho de peso. cálcio e desenvolvimento de PE na gestação. A baixa
ingestão de cálcio aumenta hormônio paratormônio
 A dieta deve ser HIPERPROTEICA (≥
(PTH) que aumenta a contração da musculatura lisa e
2g/kg/dia) para compensar a proteinúria, principalmente
por fim aumenta a PA. Entretanto outro estudo mostrou
de alto valor biológico (carne vermelha, leite, queijo e
que a suplementação com cálcio durante a gestação
ovos), pois tem um aminograma semelhante ao da
não impede a hipertensão induzida pela gravidez.
albumina sérica, favorecendo sua síntese (Chemin).
A suplementação com pelo menos 1g de Ca/dia
Energia:
reduz o risco de PE e hipertensão gestacional,
Não se deve fazer restrição calórica a fim de
principalmente nas mulheres em risco e com baixa
controlar ganho de peso e reduzir complicações, pois
ingestão, mas o efeito no concepto não está claro
pode desviar proteínas para produção de energia. Existe
(Accioly).
maior frequência de SHG em mulheres com peso
Recomendação: gestantes de alto risco, com
deficiente e/ou ganho de peso inadequado. Além disso,
histórico de SHG, devem ser suplementadas com 2g/dia
para função proteica normal é necessária uma
de Ca2+ a partir do 2º trimestre gestacional.
adequada oferta de energia não proteica.
A FDA concluiu que a relação entre cálcio e o risco
de hipertensão é inconsistente e inconclusiva, e a
Lipídios:
relação entre cálcio e o risco de hipertensão gestacional
Óleo de peixe (ômega 3, n-3, EPA-
e pré-eclâmpsia é altamente improvável (Dan).
eicosapentanóico): há associação entre sua
suplementação e menor prevalência de PE, a
Magnésio:
explicação parece ser a inibição da produção de
Há associação entre a suplementação e menor
tromboxano e o aumento de prostaciclina
prevalência de PE e RCIU. O sulfato de magnésio reduz
(vasodilatadora). Com isso, aumenta-se a vasodilatação
em 50% o risco de eclâmpsia, com menor risco também
e reduz-se a agregação placentária.
de morte materna (Chemin). Ele serve para tratar

48
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

convulsões de mulheres com eclâmpsia e prevenir as Na maioria das vezes ocorre em razão da
convulsões nas mulheres com pré-eclâmpsia. incapacidade funcional do organismo em compensar a
aumentada resistência à insulina que ocorre na gravidez
Vitaminas A (ou carotenóides), C e E: (Chemin).
Devem ser recomendadas visando à prevenção das Segundo Accioly, 7% das gestações são
SHG pelos seus poderes antioxidantes, evitam a lesão complicadas pelo DG. De acordo com os dados do SUS
endotelial e a ação vasoconstrictora do tromboxano. a prevalência de DG em mulheres adultas é de 7,6% e o
São capazes de ajudar a prevenir a pré-eclâmpsia. diabetes prévio representa 10% dos casos de mulheres
Não há evidências que suportem a suplementação com diabetes na gestação.
de antioxidantes de rotina durante a gestação para Segundo Chemin, sua prevalência pode alcançar
reduzir risco de pré-eclâmpsia ou outras complicações. 14% das gestações e além disso, o DMG representa
X o uso de polivitamínicos esteve associado a uma cerca de 90% dos casos de gestantes com diabetes.
redução de 45% no risco de pré-eclâmpsia (Dan). A mulher com Diabetes gestacional tem sintomas
similares a DM clássica como a glicosúria, mas os níveis
Conduta geral em todas as SHG: de glicose elevados não chegam a ser tão altos como
 Controle do ganho de peso gestacional na DM clássica e nem se desenvolve cetose.
 Controle do estresse e infecções
 Orientar para evitar o fumo Fatores de risco:
 Ter repouso noturno de 8hs e diurno de 2hs
para aumentar o fluxo plasmático e filtração glomerular  História de macrossomia (peso ao nascer >4,0kg)
que favorece a natriurese (Accioly e Dan)
 Monitoramento da vitalidade e crescimento fetal  Antecedentes obstétricos insatisfatórios como
RCIU
Prevenção para gestantes de alto risco: Uso de  Crescimento fetal excessivo
ácido acetilsalicílico (aspirina – 50-100mg/dia) em  Medida da altura uterina maior que a esperada
baixas doses a partir da 14ª -16ª semana, o que ainda é  Polidrâmnio
controverso.  Glicosúria gestacional
 Diabetes em gestações anteriores (Accioly e Dan)
Medidas não farmacológicas para controle da HA  Intolerância prévia à carboidratos (Accioly e Dan)
(Vasconcelos)  Idade materna > 25 anos (Accioly e Dan)
 Obesidade central, IMC acima de 25 (Chemin e
Medidas com Medidas sem Medidas Dan)
maior eficácia avaliação associadas 
definida  Baixa estatura
Redução do Suplementação Abandono do  Ganho ponderal excessivo, Ganho de peso ≥ 6,8kg
peso de Ca e Mg tabagismo num intervalo ≤ 24 meses entre gestações, Ganho
Redução do Dieta rica em Controle das excessivo de peso (> 5kg) entre 18 e 25 anos (Chemin)
sódio fibra dislipidemias  Hipertensão arterial, História de pré-eclâmpsia ou
Aumento do Medidas Controle do eclâmpsia
potássio antiestresse diabetes  Baixa estatura (≤ 1,50cm) (Accioly)
Redução de Evitar drogas  Síndrome do ovário policístico ou outras
bebidas que elevem a associadas ao hiperinsulinismo(Accioly)
alcóolicas PA  Uso de corticoesteróides (Dan)
Exercicios
regulares
Etiologia:

Redução na secreção pancreática de insulina


DIABETES MELLITUS NA GESTAÇÃO
Na gestante normal há uma hipersensibilidade das
células β a seus secretagogos (maior resposta insulino-
secretora a glicose), na gestante diabética isso pode
As gestantes diabéticas podem ser divididas em:
não acontecer por alguns fatores como falta de
expansão das células pancreáticas e insuficiente
 Diabetes prévia: pode ser do tipo 1 ou 2, sendo um
reserva de insulina.
grupo de desordens metabólicas caracterizado pela
hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção de
Alteração nos receptores de insulina
insulina, ação desta ou ambos).
A sensibilidade ao hormônio ou o número de
 Diabetes gestacional (DG): algum grau de
receptores pode estar diminuída.
intolerância à glicose com início ou reconhecimento na
gestação, geralmente após a 20ª semana de gestação,
Alteração na secreção de glucagon
podendo ou não persistir após o parto.
49
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Há uma diminuição na relação molar As gestantes que têm maior risco de DM2 são as
insulina/glucagon. que necessitam de insulina para manter o controle
glicêmico e aquelas com IMC acima de 30, sendo que
Desequilíbrio dos hormônios contra regulatórios para diminuir o risco as mulheres devem manter o peso
Aumento de estrogênio, progesterona, lactogênio dentro dos parâmetros normais e fazer exercícios
placentário e cortisol (hormônios contra insulínicos) regulares.
levam a menor eficácia da insulina em sua ação
periférica. Repercussões para o feto:
 Macrossomia (peso ao nascer > 4,0kg)
Efeito diabetogênico da gestação: (Accioly)
 Asfixia, sofrimento fetal durante o parto que
a) Hormônio Lactogênio Placentário (HPL): ação pode levar ao óbito fetal.
anabólica, glicogênica, lipolítico-materno e promove a  Prematuridade
glicogenóliise hepática materna. o Complicações pulmonares
b) Estrogênio: ação antogônica à insulina o Hipocalcemia e hipomagnesemia
c) Progesterona: diminui a eficácia da insulina nos o Hipoglicemia fetal e neonatal (Chemin)
tecidos periféricos inibindo sua secreção.  Distúrbios metabólicos (hipoglicemia fetal,
d) Cortisol: estimula gliconeogênese a partir de hiperbilirrubinemia, hipocalcemia, hipomegnesemia,
protólise tecidual. Tem ação antagônica à insulina no policitemia).
músculo e tecido adiposo. o Má-formação congênita. Dan: Aumento no risco
e) Insulina: ocorre aumento de sua secreção à medida de anomalias fetais (2-3 vezes mais), causadas
que a gestação progride. A secreção materna é principalmente devido a hiperglicemia materna
aumentada no período pós-prandial e diminuída no periconcepcional. Hipóxia, presença de cetonas,
jejum. Sofre ação de outros hormônios diminuindo sua anormalidades nos aminoácidos e glicosilação de
eficácia. proteínas, também têm sido relacionadas como
potenciais teratogênicos.
Evolução do Diabetes na gestação o DM descontrolado no início da gravidez está
Na 1ª metade ocorre menor necessidade de insulina, associado a aborto espontâneo no 1º trimestre (Dan)
por conta de sintomas digestivos, menor ingestão o Mortalidade perinatal (Chemin)
alimentar e transferência de glicose aumentada para o  Traumas de nascimento (Chemin)
feto. o Desproporção cefalo-pélvica (Chemin)
A 2ª metade da gestação é conhecida como um
estado diabetogênico, pela crescente produção de
hormônios contra-insulínicos, associada ao aumento da Causas de macrossomia:
secreção de insulina porém com menro eficácia,  Hiperglicemia materna leva ao maior
gerando maior tendência à cetoacidose e cetonúria. fornecimento de glicose para o feto, como
No pós-parto a necessidade materna de insulina consequência, ele eleva sua secreção de insulina,
retorna aos valores pré-gestacionais, bem como a aumentando a deposição de gordura (anabolismo).
glicemia. A glicemia deve ser reavaliada em 6 a 12  Maior passagem de ácidos graxos livres para o
semanas após o parto empregando-se o teste oral de feto.
tolerância à glicose com 75g de glicose e não com a  Alterado metabolismo proteico, lipídico e
hemoglobina glicada. síntese exagerada de glicogênio.
Para mulheres com diagnóstico de DG deve-se  Aumento de GH e de hormônios
investigar o possível desenvolvimento da doença a cada adrenocorticais que favorecem a passagem de glicose
3 anos após a gestação. para o feto (Chemin).
 Fatores hereditários (Chemin).
Repercussões maternas:
 Maior incidência de síndromes hipertensivas da  Bebês macrossômicos têm órgãos aumentados de
gravidez (Accioly) volume, mas imaturos, há excesso de gordura corporal,
 Polidramnia massa muscular e organomegalias e preservação do
 Infecções urinárias e pielonefrite cérebro.
 Hipoglicemia  Após o nascimento, subitamente o fornecimento de
 Cetoacidose glicose diminui e a insulina permanece alta, o resultado
 Trabalho de parto prematuro é um bebê hipoglicêmico, que pode necessitar de
 Necessidade de parto cirúrgico (Chemin) infusão de glicose.
 Lesões vasculares nos rins e retina

50
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

determinada em jejum e após 1 e 2hrs. Os pontos de


corte e interpretação estão apresentados no quadro 2.

Nos casos de glicemia de jejum < 85mg/dL


(rastreamento negativo) e na ausência de fatores de
risco, deve-se repetir a glicemia de jejum entre a 24ª e
28ª semana gestacional. No caso de duas glicemias
plasmáticas de jejum ≥ 126 mg/dL confirma o
diagnóstico de DG, sem necessidade de TOTG. O MS
ainda recomenda a dosagem de hemoglobina glicada
para identifcar risco de malformação.
Em 2010 a International Association of Diabetes and
Pregnancy Study Groups (IADPS) passou a recomendar
o diagnóstico do DG a partir de novos pontos de corte
de hemoglobina glicada, glicemia de jejum e de TOTG.

Assim, para diagnóstico de DG:

Parâmetro avaliado Valor de referência


Glicemia de jejum ≥ 92 mg/dL
TOTG – 1h ≥ 180 mg/dL
TOTG – 2h ≥ 153 mg/dL

Esta recomendaçao considera casos de DG a partir


Diagnóstico de DG
de 1 valor alterado no TOTG.
Chemin:
Para diagnóstico de DM na gestação:
Inicialmente foi indicado que todas as gestantes no
Hemoglobina glicada ≥ 6,5%
início do pré-natal fizessem o rastreamento, mas ficam
excluídas aquelas que são de baixo risco: Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL
 Idade inferior a 25 anos Glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL
 Peso corporal adequado
 Sem história familiar de diabetes e de Vasconcelos
aborto/natimorto e macrossomia sem explicação
 Ausência de filhos com anormalidades Rastreamento:
congênitas a) 1ª consulta: Glicemia de jejum
 Sem histórico de alteração no metabolismo  Normal (MS e Diretriz): 85- 90 mg/dl
glicídico  SBD: < 85 mg/dl
Rastreamento negatico, glicemia de jejum após 20 ª
SG
Diagnóstico de DG: > 110 mg/dl em qualquer
momento da gestação

b) TOTG (entre 24ª e 28ª SG): 50 g de dextrose,


avaliação após 1 hora (60 minutos), glicemia esperada <
140 ou 130 mg/dl

Tempo/Teste TOTG – 50 g TOTG – 100g


Jejum 85-90 mg/dl ≥ 95 mg/dl
1h ≥ 140 mg/dl ≥ 180 mg/dl
O rastreamento segundo o Ministério da Saúde deve 2h ≥ 155 mg/dl
ser universal, com avaliação da glicemia de jejum em 3h ≥ 140 mg/dl
todas as gestantes no início da gestação, antes da 20 a
semana gestacional Obs.
Quando a glicemia for ≥85 mg/dL até 125 mg/dL  Para diagnóstico o teste deve ser realizado
e/ou na presença de fatores de risco (quadro 1), as com 75g ou 100g de dextrosol entre 24 e 28ª SG (o
gestantes devem ser submetidas à confirmação por primeiro mais utilizado). Mulheres com DG anterior deve
meio do teste oral de tolerância à glicose (TOTG) após a realizar entre 16 e 18ª SG e depois entre 24 e 28ª SG.
ingestão de 75 g de glicose anidra em 250-300ml de  O procediemtno deve ser realizado de manhã,
água depois de jejum de 8-14hrs, entre 24 a 28 jejum prévio de 8-14 horas, semre striçõesd alimentares
semanas de gestação. No TOTG a glicose plasmática é em 3 dias anteriores e atividade física normal
51
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

 A solução deve conter 75 g de glicose anidra A dieta deve permitir ganho de peso adequado.
ou equivalente misturada em 300ml de água Deve seguir as mesmas recomendações que uma
 Durante o teste a gestante ddeve ficar em gestante sadia, com os seguintes acréscimos:
repouso, não fumar e nem estar com infecções. Os  Gestantes com peso pré-gestacional normal
medicamentos usados devem ser anotados. devem receber adição de 300kcal/dia a partir do 2º
 Em caso de 2 ou mais valores aumentados é trimestre na sua dieta habitual;
diagnosticado DMG.  Para gestantes obesas (IMC > 30 kg/m2) há
recomendação redução calórica na ordem de 30%
Terapia nutricional: (cerca de 25 kcal/kg/peso atual/dia) para reduzir a
O diabetes é tratado com mudanças na dieta e hiperglicemia, porém deve-se avaliar a adequação
exercícios moderados para controle de peso, deve-se energética pela presença de cetonúria e de adequação
atender as necessidades de crescimento fetal, impedir a do ganho ponderal;
cetose e o esgotamento das reservas maternas,  A perda de peso não é recomendada durante a
mantendo níveis ótimos de glicose. O Ministério da gestação, mas para DMG com sobrepeso ou obesidade,
Saúde recomenda manter o adequado, controle pode-se fazer uma leve restrição de energia e
matabólico por meio da terapia nutricional, aumento da carboidratos. Restrição de 30% do VET melhora do
atividade física, suspensão do fumo, insulinoterapia controle glicêmico sem causar cetose e sem prejudicar o
(Accioly). ganho de peso (Dan).
A terapia nutricional objetiva suprir as necessidades  Usar de 30 a 35kcal/kg de peso ideal para a
nutricionais específicas da gestação, manter os níveis idade gestacional, e para gestantes acima do peso,
glicêmicos próximos da normalidade, promover 24kcal/kg de peso ideal (Chemin).
adequado ganho de peso e evitar cetose (Dan).  Vasconcelos:
Deve-se usar apenas a insulina humana, pois
hipoglicemiantes orais são contraindicados pelo possível Cálculo a partir da adequação do peso ideal pré
efeito teratogênico e hiperbilirrubinemia neonatal. gestacional
A insulina materna não atinge o embrião, o que torna Estado nutricional na Kcal/kg/dia
pouco provável que a insulina exógena seja causa de gravidez
anomalias congênitas associadas ao diabetes (Dan). Adequado 30
Agentes hipoglicemiantes orais recomendado é a 120-150% da adequação 24
gliburida, pois não atravessa a placenta. > 150% de adeuqação 12-18
< 90% de adequação 36-40
Avaliação nutricional inclui:
 Avaliação antropométrica e ganho de peso Cálculo do valor calórico a aprtir do peso atual
recomendado: seguir mesma recomendação proposta Estado nutricional na Kcal/kg/dia
para gestantes não diabéticas. gravidez
Baixo peso 36-40
 Avaliação dietética: detalhar número e
Adequado 30-35
composição das refeições, grupos de alimentos
Sobrepeso 35-30
presentes. Avaliar o uso excessivo de produtos
Obesidade <25
dietéticos e não dietéticos, investigar tabus, hábitos
alimentares, alergia/intolerância alimentar, modificações
Distribuição de macronutrientes (ADA)
alimentares em função de sinais e sintomas digestivos e
Macronutrientes % VET
presença de picamalácia. Método usado: inquérito
Gordura 20- 35 (Accioly) 25-30
dietético frequência de consumo semi-quantitativo.
(Vasconelos)
 Avaliação clínica: avaliar o funcionamento n-6 13
intestinal, sinais e sintomas digestivos e patologias n-3 1,2
associadas e identificar sinais de carências nutricionais Carboidrato 45 – 65 (Accioly) 45-50
específicas, níveis de PA e evolução da altura uterina. (Vasconcelos)
 Avaliação funcional: avaliar a presença de Proteína 15 a 20% (Accioly) 25-30,
cegueira noturna gestacional. sendo 20% IOM
 Avaliação sociodemográfica e obstétrica. (Vasconcelos)
 Avaliação dos exames complementares:
ultrassonografia, dopplerfluxuometria, exames  Fracionamento da dieta:
laboratoriais (sangue e urina). A ingestão de carboidratos deve ser feita ao longo
do dia em 3 refeições moderadas e 2 a 4 pequenas
Orientação nutricional: refeições. A ceia merece atenção devendo ser
estimulada apara prevenção da cetose durante a noite.
Energia: Deve ser fracionado em 5-6 refeições/dia, com
menor volume, horários rígidos e intervalos regulares
para facilitar o controle da glicose sanguínea. Não
52
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

deixar de fazer nenhuma refeição (evitar hipoglicemia),  Ingerir 2 a 4 porções de frutas e 3 a 5 porçõaes de
assim como não juntar 2 refeições em uma (favorece a hortaliças cruas e cozidas
hiperglicemia) (Chemin). A ingestão adicional de cada 10g/dia de fibras totais
reduz 26% de risco de DMG, e cada 5g/dia de fibras de
Distribuição energética por refeições (ADA): cereais ou frutas, reduz de 23 a 26% o risco de DG
(Dan).
Desjejum 10 a 15 % (Accioly)
15% (Vasconcelos)  Proteínas
Colação 5 a 10 % (Accioly)  Adicional diário para o período gestacional de 10g
10% (Vasconcelos) ou ingestão total recomendada de 71g/dia (DRI) ou 1,1
Almoço 20 a 30 % (Accioly) g/kcal/dia.
30% (Vasconcelos)  ADA: 15 a 20% (Vasconcelos)
Lanche 10 a 15 % (Accioly)  IOM: 10 a 35% VET, sendo 20% para gestantes
10% (Vasconcelos) diabéticas (Vasconcelos)
Jantar 20 a 30% (Accioly)  Na doença renal 0,8 – 1,0 g/kg/dia (Vasconcelos)
25% (Vasconcelos)
Ceia 5 a 10 % (Accioly)  Lipídios:
10% (Vasconcelos)  20 a 35%
 < 7% do VET de gordura saturada, 10%
polinsaturado (DHA: 200 mg ou ALN: 2-7 g/dia), 10%
 Carboidratos: monoinsaturado (Vasconcelos)
 Mínimo de 175 g - DRI (Accioly e Vasconcelos),  Colesterol < 200 mg/dia
minimo 75g (Vasconcelos).  Desestimular a ingestão de ácido graxo trans
 ADA: 45 a 55% (Vasconcelos)  Estimular o consumo de 2-3 porções de peixe por
 Controlar o consumo de frutas (Chemin) semana para o fornecimento de ácido graxo ômega 3,
 Deve ser incentivado o consumo de CHO evitar peixes predadores devido ao mércurio (1ug
provenientes de frutas, vegetais, grãos integrais e leite máximo)
desnatado (Dan)  Para nutriz e crianças até 12 meses eliminar
 Carboidratos simples até 10% (Vasconcelos) amendoim, nozes e castanhas da dieta materna devido
 Fibras: ao potencial alergênico (Vasconcelos)
A maior ingestão de fibras promove saciedade e
consequente redução na ingestão energética total,  Vitaminas e minerais:
reduzindo assim o tecido adiposo e a resistência a Atenção ao atendimento das recomendações de
insulina. A ingestão de fibras também retarda o ácido fólico, ferro e vitamina A. Não deve- se restringir o
esvaziamento gástrico e a velocidade de absorção da sódio como prevenção de SHG.
glicose, reduzindo o aumento da glicemia e dos níveis A suplementaçao de ácido fólico no período pré-
de insulina pós-prandial (Dan). gestacional é importante para prevenção de defeitos
Fibras solúveis (pectinas, mucilagens e algumas congênitos do tubo neural – 5mg/dia, durante 60 a 90
hemiceluloses): atuam na redução dos níveis de LDL e dias antes da concepção.
melhoram níveis séricos de lipídios. São fontes de Suplementaçao de ferro = gestantes não-diabéticas
hemicelulose: leguminosa, aveia, cevada, maçã, laranja
e cenoura.
As fibras insolúveis (lignina e quitina, encontradas na
linhaça, farelo de trigo e grãos integrais) ligam-se a sais
biliares e reduzem a absorção de gorduras e colesterol,
contudo, a sua ingestão está menos associado à
redução dos níveis séricos de colesterol sérico (Accioly).
Além de todas as fibras prevenirem constipação
intestinal e hemorroidas.

 Fibras solúveis e insolúveis devem ser de 20 a


35g/dia (Accioly e Chemin) ou 14g/1000kcal (Accioly),
DRI – 28 g (Vasconcelos). Mínimo 20 g (Vasconcelos).

53
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Atentar para o consumo de vitamina A e vitaminas


antioxidantes.  Índice glicêmico dos alimentos (Accioly):
A dieta deve ser adequada em potássio, magnésio, Permite a classificação dos alimentos em relação ao
zinco e cromo, pois a deficiência destes nutrientes pode efeito que exercem na glicemia pós-prandial, em um
agravar a hiperglicemia (Accioly). mesmo indivíduo. A comparação é feita em relação à
A hiperglicemia materna induz ao estresse oxidativo alteração na glicemia produzida após o consumo de um
que pode gerar macrossomia fetal ou outras anomalias alimento considerado como referência (glicose ou pão
congênitas, os antioxidantes selênio, vitamina E e zinco, branco).
são importantes (Dan).
 Atividade física:
 Álcool e cafeína: Deve-se aumentar visando o controle da glicemia,
Álcool deve ser desencorajado por conta do risco de preferência para exercícios de pouco impacto no
síndrome Alcoólica Fetal. O uso de cafeína deve ser abdômen durante 20 a 30 minutos por 3 a 4 vezes na
moderado (< 300mg/dia). A ingestão excessiva de café semana.
dificulta a absorção do ferro em até 35% por conta dos
polifenóis presentes no café que formam grandes  Aleitamento materno:
complexos moleculares com o ferro. Deve ser estimulado e os casos de aleitamento
materno, a necessidade de insulina é menor devido ao
 Contagem de carboidratos (Accioly): gasto energético para lactação. Em casos de flutuação
É mais uma ferramenta nutricional, que visa o da glicemia durante a amamentação as nutrizes devem
controle glicêmico em função das menores variações ser orientadas a fazer um lanche antes ou durante a
das glicemias pós-prandiais. A ADA destaca que dietas amamentação.
com baixo teor de CHO (<130g) não devem ser
prescritas com a finalidade de controle glicêmico,  Alimentos que devem ser evitados
podendo trazer efeitos deletérios. Recomenda-se 50 a A sacarose deve ser usada dentro do contexto de
60% de CHO do valor energético total. dieta saudável. Na prática clínica, a substituição de
Os carboidratos provenientes dos alimentos sacarose por adoçantes não-calóricos é útil. Deve-se
integrais, frutas, vegetais e produtos lácteos com baixo desencorajar o consumo de alimentos ricos em gordura
teor de gordura devem ser priorizados. saturada e trans.
A sacarose não precisa necessariamente ser
restrita, porém incluída no total de carboidratos da dieta,  Edulcorantes artificiais:
evitando-se excessos. Definição: substâncias que apresentam ação
Entre os métodos existentes para se fazer a adoçante, muito superior ao da sacarose, podendo ser
contagem, os mais amplamente utilizados são a lista de de caráter natural (sacarose, frutose, esteviosídeo,
equivalentes e contagem da quantidade (g) de CHO. sorbitol, manitol e xilitol) ou artificial (aspartame,

54
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

ciclamato, sacarina, sucralose, acessulfame d de K e Mulheres diabéticas em idade reprodutiva devem


neotame). planejar a gravidez.
A insulinoterapia é indicada para mulheres que já
Os edulcorantes não-calóricos aprovados para faziam uso dela e iniciada em diabéticas tipo 2 que
uso pelas gestantes são aspartame, acessulfame de faziam uso prévio e hipoglicemiantes orais ou em casos
K, sacarina, sucralose, neotame e, os álcoois em que não se obtêm o controle glicêmico citado acima
açúcares disponíveis no Brasil - sorbitol, xilitol, após 2 semanas de dieta e para casos de macrossomia
manitol e amido hidrolizado fetal.
Os hipoglicemiantes orais são contraindicados, pois
Accioly: podem ter efeito teratogênico e causar
hiperbilirrubinemia neonatal.
Edulcorante Valor calórico Ingestão diária
(kcal/g) máxima (mg/kg)
Acesulfame-K 0 15
Aspartame 4 40
Neotame 0 2
Sacarina 0 5
Sucralose 0 5 (Accioly) e 15
(Vasconcelos)
Estévia 0 5,5 (Vasconcelos)
Ciclamato 0 11 (Vasconcelos)

Código para apresnetaçao dos edulcorantes


contidos nos produtos industrializados:

Edulcorante Código
Sacarina INS 954
Ciclamato INS 954
Sucralose INS 955
Acessulfame K INS 950
Aspartame INS 951
Xilitol INS 967
Manitol INS 421
Sorbitol INS 420
Esteviosídeos INS 960

De acordo com Vasconcelos, os adoçantes seguros


são aspartame, estévia, sucralose e acessulfame,
enquanto que ciclamato e sacarina devem ser evitados.

 Acompanhamento pré-natal
O controle das gestantes com DG deve ser feito com
glicemia de jejum e pós-prandiais semanais, além da
auto-monitorização da glicemia capilar.
Após 7 a 14 dias da orientação dietética, avaliar o
perfil glicêmico, por meio de glicemia de jejum, 1 hora
após o café da manhã e 1h após o almoço. Considera-
se como anormal valores ≥ 95 mg/dL (jejum) e ≥ 140
mg/dL (1h após refeições). Se apenas um dos valores
estiver alterado com o uso da dieta prescrita, é indicado
o início da insulinoterapia. A glicosúria não é útil para
monitorar o controle glicêmico na gravidez.
Nas gestantes com diabetes pré-gestacional e
naquelas em uso de insulina, o controle deve ser mais
rigoroso, com medições diárias da glicemia pela manhã
em jejum, antes do almoço, antes do jantar, 1 a 2 hrs
após o almoço e 1 a 2 hrs após o jantar. Em caso de
hipoglicemia noturna, medições adicionais podem ser
realizadas ao deitar e durante a madrugada (2-3h).

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Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

FRUTOSE Maior poder adoçante; 80-90% é absorvida no intestino (+ lentamente que a glicose, sacarose e
Natural lactose); não exige insulina para seu metabolismo; não é tóxico; não é fator de risco para DM ou
câncer, exceto quando consumido em excesso.
Desvantagens: alto custo, elevação dos triglicerídeos, uso > 20g causa sintomas gastrointestinais
como diarreia osmótica.
A ADA não recomenda o uso de frutose na forma de edulcorante (Accioly)

SORBITOL Absorvido no intestino delgado (+ lento que a glicose e frutose); rapidamente convertido a frutose no
Natural fígado, com isso não necessita da insulina; promove redução do colesterol; não é mutagênico,
tóxico, carcinogênico ou cariogênico.
Desvantagens: aumenta excreção de minerais (Ca principalmente, que pode predispor a formação
de litíase renal); dose >30g causa efeito diurético e dose > 10-50g causa flatulência, diarreia
osmótica e cólicas intestinais.
A ADA inclui o sorbitol na lista de substâncias consideradas como seguras (Accioly)

ASPARTAME É hidrolisado no intestino delgado a ácido aspártico, fenilalanina e metanol; o excesso de


Artificial fenilalanina pode causar efeito neurológico e variações do QI; seu consumo deve ser abaixo da dose
máxima recomendada. Uso em extremo excesso: metanol é convertido em ácido fórmico que causa
acidose metabólica e lesões oculares. Não deve ser usado por fenilcetonúricas independente de
estarem grávidas. Não é nocivo durante a gestação devido a impossibilidade de se alcançar a
quantidade de fenilalanina que causaria danos neurológicos ao feto – 1 lata a cada 8 min (Chemin)

SACARINA Tem baixo custo; sabor residual amargo e metálico; comumente associada ao ciclamato e
Artificial aspartame; liberada pelo FDA, mas deve ter seu consumo restrito pela falta de informações sobre
seu efeito transplacentário, transmamário. O feto tem baixa capacidade de excretá-la podendo
permanecer nos tecidos fetais, portanto deve ser restringida (Chemin). Pode estar associado com
tumores malignos e prejuízos no crescimento das crianças (Chemin)

CICLAMATO Uso proibido pela FDA pelo seu efeito carcinogênico. É transplacentário podendo causar câncer,
Artificial reabsorção fetal, anomalias cromossômicas, efeito teratogênico, reduz o peso de embriões. Parece
estar relacionado com redução da fertilidade e menor ganho de peso fetal (Chemin)

SUCRALOSE Obtido a partir da sacarose, com poder adoçante 400-800 vezes maior tem absorção prejudicada
Artificial tornando-se uma substância não calórica; não tóxico; não cariogênico; sem efeito cancerígeno ou
mutagênico e sem gosto residual.

ESTEVIOSÍDIO Proibido nos EUA e autorizado no Brasil; adoça 100-300 vezes mais que a sacarose; tem sabor
Natural doce retardado e demorado com característica de alcaçuz ou mentol; não é metabolizável no
organismo; não fermentável; não cariogênica; não calórico e de baixo risco toxicológico. Atenção às
marcas que possuem sacarina e ciclamato na sua composição.

ACESULFAME-K É rapidamente absorvido, mas não é metabolizado; não afeta níveis glicêmicos e lipídicos; não
Artificial tóxico; não cariogênico; não cancerígeno, mutagênico ou teratogênico; não tem efeito sobre o peso
ao nascer e pode atravessar a placenta e aparecer no leite materno como a sacarina. É considerado
seguro

NEOTAME Derivado da fenilalanina e ác aspártico tem poder adoçante 7.000 a 13.000 vezes superior ao da
(Accioly) sacarose. É parcialmente absorvido no intestino delgado, rapidamente metabolizado e excretado nas
fezes e urina. Pode ser utilizado por pacientes fenilcetonúricos. Não afeta a glicemia de jejum ou os
níveis de insulina em pacientes com DM 2. É considerado seguro pela ADA.

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Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Complicações da NPT na gravidez:


 Relacionadas ao cateter:É relatado risco de
NPT NA GRAVIDEZ (DAN) infecção ou trombose associada ao uso de cateter
central de inserção periférica, o que dificulta a utilização
deste dispositivo na mulher grávida.
A nutrição parenteral pode ser dada inicialmente por  Relacionadas à glicose - a hiperglicemia é uma
via periférica, uma vez que o quadro de hiperêmese complicação comum na NP na gravidez. Poderá ocorrer
frequentemente se resolve após 2 a 3 semanas. coma hiperosmolar e óbito do concepto. Taxas altas de
Quando há necessidade de NP por período mais glicose podem acarretar feto macrossômico, com óbito
prolongado, a avaliação precisa da necessidade de por volta da 37ª semana de gestação.
nutrientes é dificultada pela falta de dados científicos  Relacionadas aos aminoácidos - poderá
relacionados às necessidades nutricionais da NP na ocorrer acidose metabólica hiperclorêmica com óbito do
gravidez. concepto.
A necessidade calórica diária é GEB x 1,76 – 2,0. A  Relacionadas às gorduras - a gordura pode
relação grama de nitrogênio /kcal não nitrogenada deve causar contração uterina em decorrência do aumento na
ser de 1:156. E a gordura deve representar 20% das síntese de ácido araquidônico, a partir do ácido linoléico,
calorias. antecipando o trabalho de parto.
A recomendação é que as emulsões lipídicas devam  Relacionadas às vitaminas e oligoelementos:
ser ofertadas durante 20 a 24 horas, como parte da NP,  Carência de zinco - anorexia, diarreia, alopecia,
fornecendo 30 a 45% das calorias totais, além dos dermatite facial e retardo de cicatrização.
ácidos graxos essenciais necessários ao  Carência de cobre - anemia, leucopenia,
desenvolvimento do feto. Essa conduta ajuda a evitar a desmielinização, degeneração do sistema nervoso e
hiperglicemia materna, o que aumenta o risco de alterações cardiovasculares.
macrossomia fetal, retardo na maturação pulmonar,  Carência de manganês - dermatite, perda de
hipoglicemia neonatal e morte fetal. peso, náusea e vômito.
O ritmo ótimo de administração de glicose é de 4 a  Excesso de vitamina D - hipercalcemia fetal
5mg/kg/min, o que aumenta a insulina endógena. com retardo de crescimento, estenose aórtica e depósito
Em relação aos aminoácidos, a solução deve ser de cálcio no cérebro e em outros órgãos.
semelhante à utilizada para prematuros, com a  Excesso de vitamina A - lesão obstrutiva do
quantidade de fenilalanina e glicina menor e a relação uretér fetal e má formação do trato urinário, podendo
entre aminoácidos essenciais e não essenciais mais ainda estar associada a defeitos do tubo neural.
próxima do ideal. É necessário que 4,5% das calorias
sejam fornecidas através de ácidos graxos essenciais. Alterações hepáticas - são mais intensas e
Indicações da terapia nutricional na gravidez: frequentes do que fora da gravidez, manifestam-se por
 Peso antes da gestação menor que 10% do aumento das transaminases glutâmico-pirúvica e
peso corpóreo ideal. glutâmico-oxalacética, a fosfatase alcalina e as
 Excessiva perda de peso, em geral 5,0 a 6,0kg, bilirrubinas também poderão estar elevadas. Tais
durante o primeiro trimestre de gravidez. alterações desaparecem 10 a 15 dias após a suspensão
 Inadequado ganho de peso durante o segundo da NPT.
e terceiro trimestres de gravidez.
 Intercorrências clínicas e obstétricas.
NUTRIÇÃO NA LACTAÇÃO
Solução para nutrição parenteral total recomendada:
Conteúdo Calorias % Calorias
(g) Estado nutricional materno e produção láctea
Glicose 500 1700 66
Gordura 50 550 21 A produção do leite é mais afetada pela frequência
Nitrogênio 13,4 335 13 da sucção do lactente e o volume pode ser afetado pela
(85g de hidratação materna, mas a composição varia de acordo
proteína) com a dieta da mãe. Em caso de desnutrição materna
Total 2.585 100 (Severa – Accioly / grave IMC <18,5 – Chemin) pode
ocorrer diminuição da produção láctea. Estudos
recentes têm mostrado que para que o volume de leite
A resposta à terapia nutricional na gravidez deve ser
seja afetado, a desnutrição materna precisa ser muito
analisada através de exame clínico, do balanço
grave, mas que o conteúdo de gordura do leite é
nitrogenado, do nível de albumina sérica e de variação
reduzido em estágios menos graves da desnutrição
no número de linfócitos.
(Chemin).
O prognóstico fetal com NP demonstra que o peso
Sugere-se que proteínas antimicrobianas fornecidas
dos fetos ao nascimento atinge e, inclusive, supera a
pelo leite materno podem ser secretadas em
média de peso paridade gestacional.
quantidades menores se a mãe estiver desnutrida.

57
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Por outro lado, nutrizes com obesidade pré- odor do leite, levando a recusa pela criança e também a
gestacional e que apresentam ganho de peso excessivo menor poder de sucção que diminui a lactação.
durante a gestação apresentam risco aumentado de não 
iniciar a lactação, e apresentar retardo da lactogênese II Nicotina:
e de interromper o aleitamento materno mais A presença de nicotina no leite pode causar vômitos,
precocemente que nutrizes eutróficas (Accioly). O apatia, recusa de sucção, além de retenção de urina e
sobrepeso ou a obesidade podem dificultar o início ou a fezes (Chemin). A nicotina é transferida para o LH em
manutenção da lactação. proporção ao número de cigarros fumados e pode
É possível que o tecido adiposo da nutriz concentre provocar irritabilidade no lactente e inibir a prolactina,
progesterona, inibindo a lactogênese II. Além disso, a reduzindo o volume de leite produzido.
leptina pode inibir a ação da ocitocina, tanto na inibição
de contrações uterinas quanto na ejeção do leite Cafeína  bebidas contendo cafeína influenciam no
(Accioly). teor de ferro do leite humano e conseqüentemente na
reserva hepática do lactente. Ainda, causa insônia e
 Nutrizes de baixo nível sócio econômico com irritabilidade no bebê. A cafeína pode ser excretada no
condições inadequadas de vida produzem de leite por leite com pico 1 hora após a ingestão (Chemin). 1 xícara
dia: tem 100 a 150mg de cafeína.
400 a 700ml 1º semestre de lactação 
300 a 500ml 2º sem e 2º ano de lactação Indicadores antropométricos:
O retorno ao peso pré-gestacional após o parto é
 Nutrizes de bom nível sócio econômico produzem influenciado pelo edema durante a gestação, peso pré-
600 a 900ml de leite/dia. gestacional, peso pós-parto, paridade, idade materna e
ganho de peso durante a gestação. Também estão
Essa variação está associada a condições associados com a mudança de peso no pós-parto: raça,
socioeconômicas difíceis e inadequada ingestão tabagismo, exercício, retorno ao trabalho fora do lar e
dietética combinadas com trabalho físico pesado. lactação (Chemin). Aproximadamente 20% das
A produção média de leite nos primeiros 6 meses mulheres em lactação podem manter ou ganhar peso
pode variar de 550 até mais de 1.200ml/ dia, de acordo (Chemin).
com a frequência da amamentação do bebê, com média Segundo o IOM a taxa de perda de peso parece ser
de 750ml/dia (Chemin). constante de 0,6 a 0,8kg/mês nos primeiros 4 a 6 meses
No 2º semestre a produção pode cair para de lactação, independentemente do peso corporal
600ml/dia, neste período a maioria dos bebês está inicial.
consumindo alimentos sólidos e então diminuem as Quanto maior o ganho ponderal, maior a retenção de
mamadas e também a necessidade energética da peso (Accioly). O fato da mulher ser desnutrida com alta
lactante (Chemin). paridade e mais idade as associa a grande perda de
Anticoncepcionais com estrogênio e progesterona peso pós- parto.
inibem a prolactina, provocando diminuição da produção O aleitamento materno parece não estar associado,
láctea (40%), retardando o crescimento do lactente a embora grande parte dos estudos encontre maior perda
longo prazo. de peso após o parto em mulheres que amamentam por
mais tempo, outros referem pouca diferença na perda
Álcool: de peso comparando métodos de aleitamento.
Uso de bebidas alcoólicas em excesso (> 5 Entretanto a perda de peso após o parto é geralmente
g/kg/peso equivalente a 2 latas de cerveja) podem maior nos primeiros 3 meses e naquelas que
provocar diminuição da produção láctea (inibem amamentam ao seio exclusivamente (Accioly).
prolactina e ocitocina – Chemin). Dietas com redução de 500kcal/dia associadas a
Seu consumo experimentalmente levou a redução exercícios físicos proporcionam perda de peso e massa
do teor de vitamina A e aumento do conteúdo lipídico no gorda, sem efeitos no volume e composição do leite
leite, além disso, o álcool ingerido pela mãe pode estar bem como velocidade de crescimento (Accioly).
presente no leite materno e ser percebido pelo bebê, A recomendação sobre a perda de peso após o
diminuindo sua sucção, pode alterar o sono do lactente parto será diferenciada de acordo com o estado
e causar deficiências psicomotoras. O consumo acima nutricional da nutriz:
de 0,5g/kg de peso materno pode inibir o reflexo de
ejeção do leite (Chemin). A ingestão de álcool muda o Accioly:

58
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Calorias adicionais 500kcal/dia


requeridas

A lactação é a fase de maior demanda energética,


ou seja, as necessidades energéticas são maiores que
durante a gestação, pois em 4 meses o lactente dobra
seu peso ao nascer. Depende do volume e composição
do leite produzido e estado nutricional materno.

Exigências energéticas na lactação:

Mulheres obesas e com sobrepeso podem não


precisar do adicional.
A mulher em lactação com sobrepeso pode restringir
o seu consumo de energia em 500kcal por dia pela
diminuição do consumo de alimentos ricos em gordura e
açúcares simples, mas ela deve aumentar seu consumo
de alimentos ricos em cálcio e vitamina D,
especialmente frutas e hortaliças.

Accioly:
Considerando-se o acúmulo de ± 4kg na forma de
tecido adiposo durante a gestação e o tempo para o VET = GE (TMB x NAF) + adicional energético para
restabelecimento do equilíbrio hídrico (2 a 4 semanas), lactação – energia para perda de peso
a OMS recomenda o ponto de corte de 20,3kg/m 2 para
nutrizes 30 dias pós-parto. E sugere que, IMC abaixo de Adicional de energia para lactação =
18,5 representa risco para o binômio mãe-filho durante a  675kcal/dia no 1º semestre
fase de lactação.  460kcal/dia no 2º semestre
A avaliação da composição corporal pelas medidas
de dobras cutâneas triciptal, biciptal, subescapular e Perda de peso: para cada Kg a ser perdido = 6500kcal
suprailíaca possibilita estimar a quantidade de gordura Então: por ex. para perder 0,8kg: 0,8x6500 =
localizada nas regiões periféricas e centrais do corpo e 5200kcal/mês = 170 kcal/dia
auxiliam na avaliação da reserva adiposa materna Cálculo final: 675 – 170 kcal = adicional de 505 kcal no
necessária para lactação (Chemin). 1º semestre
A dobra triciptal é a mais usada em estudos, mas Mulheres de BP não precisam desta dedução.
tem seu uso limitado em nutrizes, pois durante a
gestação, a gordura corporal se mobiliza mais na região Chemin:
inferior do corpo. Neste caso, segundo a OMS, melhor A exigência energética da lactação é estimada a
seria a utilização da circunferência da coxa. partir do GET, adicionado da quantidade de energia
necessária para síntese de leite (representa um
Recomendações nutricionais: aumento de 4 a 5% na TMB) e da mobilização das
reservas teciduais.
Tab 1: Recomendações energéticas de lactação
exclusiva: Vasconcelos:
Conteúdo energético médio 70kcal/100ml
do leite de mães bem
nutridas
Eficiência com que se 80% (76-94%)
converte o leite materno em
energia láctea
Calorias produzidas em 560Kcal
800ml de leite humano
Calorias médias adicionais 700Kcal/dia
requeridas para lactante
Reservas energéticas 2-4Kg
(depósito de gordura
corporal)
Aporte teórico de gordura 100-150kcal/dia
de depósito durante os 6
primeiros meses

59
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Recomendação proteica: Em relação as vitaminas, a necessidade de vitamina


E está aumentada em 4mg/dia. As necessidades das
Accioly: vitaminas D e K não são alteradas na lactação em
Recomendação de proteínas: relação a mulheres não grávidas e não lactantes. As
Segundo: OMS 2007: NRC/RDA: recomendações de vitamina C e complexo B são
1º semestre 19g/dia 15g/dia maiores, e as concentrações de vitaminas
2º semestre 12,5g/dia 12g/dia hidrossolúveis no LM dependem da ingestão materna e
estão diminuídas nos casos de deficiência (Dan).
Calculo baseado em 1,1g/kg de peso desejável + Os principais minerais, como cálcio, fósforo
adicional. Ou utilizar 15% do VET. magnésio, sódio, potássio e ferro não são afetados pela
A DRI é a mesma da grávida: 71g. A RDA sugere ingestão dietética materna. Já os conteúdos de selênio
adicional de 25g/dia de proteína/dia (Chemin). e iodo são positivamente relacionados com a ingestão
É baseada na composição do leite e volume médio materna (Accioly). É recomendado um adicional de
de 750ml, supondo uma eficiência de 70% na conversão 5mcg/dia de selênio, para garantir adequada
de proteína da dieta em proteína do leite. concentração no leite e manter os estoques maternos
Seu conteúdo no leite tende a diminuir com a (Dan).
evolução da lactação e não é afetado pela desnutrição Além disso, são nutrientes críticos a vitamina A,
materna (Chemin). tiamina, riboflavina, vitaminas B6 e B12, selênio e
RDA sugere um adicional de 25g/dia ou 1,3 g/kg/dia iodopois a baixa ingestão e/ou estoques afetam
(Vasconcelos). adversamente a criança.
As necessidades estão aumentadas na lactação de:
Recomendação de lipídios: vitaminas A, E, C, B1, B2, niacina, folato, B12 e dos
Deve fornecer de 20 a 35% das calorias totais, 25 minerais: magnésio, zinco, iodo, selênio, cobre e
a 30% VET (Vasconcelos). manganês.
A quantidade e o tipo de gordura refletem 
diretamente a dieta materna. A restrição severa de Vitamina A
energia resulta em mobilização da gordura corporal e o A ingestão dietética materna de 1300μgRE produz
leite produzido possui uma composição de ácidos leite humano com 60-70 μgRE/100ml dessa vitamina.
graxos semelhante ao depósito de gordura materna Seu conteúdo depende da dieta e do estoque hepático
(Chemin). materno.
A presença de ácidos graxos poliinsaturados de
cadeia longa na dieta materna é crucial para a retina
fetal e o desenvolvimento cerebral do lactente (Chemin). A OMS recomenda suplementação com alta dose
(200.000 a 300.000UI) durante as primeiras 6
A AI para ácidos graxos poliinsaturados ômega 6 semanas pós-parto, período em que o risco de uma
(linoléico – ácido araquidônico) é de 13g/dia e para nova gestação é mínimo, visando aumentar o retinol no
ômega 3 (linolênico – ácido docosaexaenóico DHA) é de leite humano e consequentemente melhorar o estado
1,3g/dia na dieta. nutricional da vitamina na criança (Chemin).
Segundo o MS, em regiões de risco como o
As principais fontes de DHA são os peixes Nordeste e o Vale do Jequitinhonha (áreas de risco),
gordurosos de água fria como as sardinhas, 2 a 3 deve-se suplementar com megadoses (200.000UI -
refeições com peixe por semana durante a gravidez são Chemin) no pós-parto imediato, ainda na
suficientes para fornecer as quantidades recomendadas, maternidade.
outras opções de fontes são ovos enriquecidos, Ainda segundo o MS, nestas áreas a Vit A também
suplementos de DHA, sementes de linhaça e as nozes, deve ser fornecida as crianças na forma de cápsula.
especialmente seu óleo. Para crianças de 6 a 11 meses de vida 100.000UI
O colesterol está presente no leite na quantidade de e para crianças de 12 a 59 meses 200.000UI.
10 a 20mg/dl, resultando num consumo de 100mg/dia É recomendado um adicional de vitamina A (500 a
para o bebê. A quantidade de colesterol não varia com a 600mcg de retinol por dia) durante os primeiros 6 meses
dieta da mãe, mas seu conteúdo no leite reduz (Dan).
conforme progride a lactação. A dieta não tem efeito
considerável no colesterol do leite (Chemin). Vitamina D
Pequena quantidade é transferida para o leite, o qual
Recomendação de carboidratos contém de 0,05 a 0,15 μg/dl. A exposição ao sol
A EAR é 160g/dia e a AI é 210g/dia. Elas fornecem também influencia no teor desta vitamina no leite. Têm
calorias suficientes para um volume adequado de leite, maior risco de deficiência de vitamina D aquelas
para prevenir a cetonemia e para manter os níveis crianças que têm intolerância a lactose, que não tomam
apropriados de glicose durante a lactação. leite fortificado com vit D ou não tomam um suplemento
de vitaminas.
Recomendação de vitaminas e minerais:

60
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Vitamina K lactação. O cálcio necessário durante a lactação é


Para prevenção da doença hemorrágica do lactente, obtido pelo aumento do consumo dietético, redução da
recomenda-se suplementação de 1,0 a 2,0mg de excreção renal e maior reabsorção óssea (Accioly).
vitamina K para o neonato imediatamente após o parto.
Orientação nutricional:
Vitamina C As consultas devem ser aos 15, 30 e 90 dias pós-parto.
O leite humano contém 5 a 6mg/dL e o aumento da Orientar quanto à seleção e preparação dos
ingestão materna aumenta o conteúdo no leite. alimentos e deve ser recomendada a suplementação
medicamentosa na impossibilidade de adequação
Riboflavina energética
Conteúdo no leite é cerca de 0,04mg/dL e varia Estimular consumo de alimentos-fonte de vitamina
conforme a dieta. Em torno de 75% do adicional A, C e dos minerais cálcio e ferro.
dietético é usado na produção de leite, sendo 0,34mg Esclarecer quanto à perda de peso adequada e
transferidos por dia para o leite humano. inadequada, desencorajando uso de medicamentos e
dietas < 1500kcal, pois estão relacionadas com a
Ácido fólico diminuição da produção de leite. Evitar dietas líquidas e
O leite humano contém 100 μg/dL de folato. A alta medicamentos para emagrecimento (Accioly).
incidência de anemia megaloblástica por deficiência de  Deve-se evitar períodos prolongados de jejum, com
folato em nutrizes sugere que durante a lactação ocorra fracionamento de 6 refeições/dia, mantendo a
depleção das reservas maternas deste nutriente, regularidade na concentração energética das diferentes
sugerindo que possa haver um mecanismo fisiológico refeições diárias, proporcionando níveis glicêmicos
para manter níveis adequados deste nutriente no leite. constantes (Chemin)
Estimular atividade física.
Vitamina B6 Desestimular uso de edulcorantes artificiais e
Apenas 1% da ingestão materna é transferida para o bebidas alcoólicas. Álcool: seu consumo deve ser
leite. Sua quantidade no leite humano é influenciada inferior a 0,5g/kg de peso da nutriz (60ml de licor, 240ml
pela dieta materna e pelo uso de contraceptivos orais de vinho ou 2 latas de cerveja) (Accioly). A ingestão de
(diminui). álcool não é recomendada, mas a ingestão esporádica e
de preferência após a mamada não interfere na
Vitamina B12 dinâmica da lactação, entretanto a mãe não deve
A concentração no leite humano depende da amamentar dentro de 2 horas depois de ter ingerido
ingestão materna e dos estoques, podendo variar de 0,3 bebida alcoólica
a 3,2 μg/L em mulheres com dieta mista a 0,05 a 0,075 Investigar tabus e práticas alimentares para
μg/L em vegetarianas estritas. aumentar a produção de leite. Único galactogogo
seguro: esvaziamento completo dos seios.
 Ferro (Chemin) Não há evidências suficientes que indiquem
Apesar da excessiva perda de sangue no parto, a restrição de alimentos da dieta materna para prevenção
demanda de ferro durante a lactação é reduzida em de alergias alimentares no lactente (Accioly).
50% enquanto a mulher ainda está em amenorreia, se Recomendar a ingestão de líquidos. Devem ser
comparado a mulheres não lactantes e não gestantes. estimulados o consumo de pelo menos 2 a 3 litros de
Segundo o MS, em populações carentes, as nutrizes líquidos diariamente para garantir a produção do leite
devem ser suplementadas no pós-parto imediato com (Chemin) x A recomendação de ingestão líquida total
60mg de Fe elementar diariamente até o 3º mês pós por dia é de 3,8 L/dia, onde cerca de 3,1L deverão ser
parto. de água e outras bebidas (Accioly).
Recomendar a prática de caminhada 30 minutos ao
Cálcio dia, iniciando com 10 minutos ao dia para indivíduos
Recomendação para a lactação e gestação é a sedentários (Accioly).
mesma (1000mg). O seu teor no leite não está A ingestão de peixe 3 vezes/semana garante os
relacionado a dieta materna. níveis de ômega 3 no LH, proporcionando substratos
Após o parto, a mulher passa por um período de para o desenvolvimento do sistema nervoso e da retina
amenorréia e hipoestrogenemia, que junto com a perda do lactente
de 210mg de cálcio por dia pelo leite, poderiam
prejudicar a mineralização óssea e causar osteoporose. Cafeína
A perda de cálcio do esqueleto materno (3 a 7%)  Chemin pode ser excretada no leite. O consumo
que ocorre durante a lactação não é prevenida por um de uma xícara de café pela nutriz fornece para o
aumento na sua ingestão, porém aparentemente, o lactente 1,5 a 3,1mg de cafeína. Quantidades maiores
cálcio perdido é recuperado com redução da lactação de ingestão materna levam a acúmulo de cafeína no
que ocorre concomitante à introdução da alimentação sangue do lactente, que faz sua eliminação lentamente.
complementar (Chemin). Não evidências de que a  Accioly Restringir o uso de bebidas contendo
mulher deva aumentar seu consumo de cálcio em cafeína a 2 xíc/dia.
quantidades superiores àquelas que estejam em fase de
61
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Chemin:

62
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

Nutriz DRI
14-18/19-30/31-50 *AI
IDR (Accioly)
Vitaminas lipossolúveis

A (μg/dia) 1200 / 1300 / 1300 1200 / 1300

D (μg/dia)* 5 5

E (α-tocoferol mg/dia) 19 19

K (μg/dia) 75 / 90 / 90 75 / 90

Vitaminas Hidrossolúveis

B1 (mg/dia) 1,4 1,4

B2 (mg/dia) 1,6 1,6

B6 (mg/dia) 2 2

B12 (μg/dia) 2,8 2,8

C (mg/dia) 115 / 120 / 120 115 / 120

Niacina (mg/dia EN) 17 17

Folato (μg/dia) 500 500

Biotina (μg/dia)* 35

Ácido pantotênico(mg/dia)* 7

Colina (mg/dia)* 550

Minerais

Ferro (mg/dia) 10 / 9 / 9 10 / 9

Cálcio (mg/dia)* 1300 / 1000 / 1000 1300 / 1000

Fósforo (mg/dia) 1250 / 700 / 700 1250 / 700

Zinco (mg/dia) 14 / 12 / 12 13 / 12

Cobre (μg/dia) 1300 1300

Cromo (μg/dia) 44 / 45 / 45

Magnésio (mg/dia) 360 / 310 / 320 360 / 310

Manganês (mg/dia) 2,6

Iodo (μg/dia) 290 290

Flúor (mg/dia)* 3 3

Selênio (μg/dia) 70 70

63
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

6) São sintomas da pré-eclâmpsia: (Tocantins, 2004)


QUESTÕES: (A) glicosúria, hipertensão e edema
(B) proteinúria, edema e hipertensão
1) Entre as complicações mais frequentes relacionadas (C) lipidúria, hipertensão e edema
com a gravidez na adolescência, pode-se citar: (D) hipertensão, proteinúria e convulsões
(A) toxemia aguda e disfunção uterina (E) convulsões, hipertensão e glicosúria
(B) hipotensão e parto prolongado
(C) cardiopatia e parto pós termo 7) Entre as condutas de caráter nutricional adotadas no
(D) infecção vaginal e agalactia monitoramento da grávida portadora de hipertensão
(E) anemia e desnutrição arterial induzida pela gravidez, a principal é: (UERJ
1997)
2) Para uma gestante adolescente com índice de massa (A) Aumento de potássio
corporal entre 19,8 a 26,0, o ganho ponderal total deve (B) Restrição calórica leve
ser de: (Eletronorte, 2006) (C) Restrição severa de sódio
(A) 11,5 a 16,0Kg (D) Aumento das cotas de proteína
(B) 10,0 a 11,0Kg (E) Restrição acentuada de lipídios
(C) 9,5 a 10,0Kg
(D) 9,0 a 10,0Kg 8) Na prevenção das Síndromes Hipertensivas da
(E) 8,5 a 11,0Kg Gravidez, a suplementação de um mineral tem sido
sugerida, pois a baixa ingestão desse nutriente resulta
3) Sabrina, primigesta de 14 anos de idade, estava em aumento do hormônio paratireoideano, que aumenta
completando a 14º semana de gestação, quando a reatividade muscular produzindo vasoconstricção e
procurou o atendimento pré-natal. Durante avaliação aumento da pressão arterial. Esse nutriente é (UFRJ
nutricional foi verificado um padrão alimentar 2011):
inadequado: Peso: 53,6 kg ; Altura: 1,60m ; Peso pré- (A) cobre
gravítico: 52,7kg (B) cálcio
O ganho de peso mínimo, kg/mês, e o adicional (C) fósforo
energético, kcal, de acordo com o período gestacional (D) zinco
para um ganho de peso adequado, deve ser,
respectivamente, de (HUPE 2007): 9) Segundo Accioly, são considerados fatores de risco
(A) 2,0 / 500 associados com a Diabetes Gestacional (Piraí 2009):
(B) 1,6 / 300 A) história familiar de diabetes, baixa estatura e ganho
(C) 1,2 / 300 ponderal excessivo;
(D) 1.0 / 500 B) mãe portadora de DM tipo II, alta estatura e história
de macrossomia;
4) Em casos de hipertensão gestacional ou crônica leve, C) antecedentes obstétricos insatisfatórios, malformação
a recomendação nutricional deve ser: (Cantagalo, 2006) congênita e idade materna < 20 anos;
(A) Dieta normossódica, normoproteica, com aporte D) retardo do crescimento intrauterino, malformação
aumentado de cálcio e vitaminas A, C e E congênita, ganho ponderal insuficiente;
(B) Dieta hipossódica, normoproteica, com aporte E) morte fetal tardia de causa inexplicável, crescimento
aumentado de cálcio e vitaminas A, C e E fetal adequado, altura uterina menor que a esperada.
(C) Dieta normossódica, hiperproteica, com aporte
aumentado de cálcio e vitaminas A, C e E 10) Em relação a uma gestante diabética, o seu
(D) Dieta hipossódica, hiperproteica, com aporte requerimento de insulina: (Contagem – MG)
aumentado de cálcio e vitaminas A, C e E (A) Diminui durante a gravidez e volta aos níveis
anteriores logo depois do parto.
5) Madalena tem 32 anos, é primigesta sem história de (B) Aumenta durante a gravidez e volta aos níveis
doenças pregressas e encontra-se na 16º semana anteriores logo depois do parto.
gestacional. Foi encaminhada ao ambulatório de (C) Permanece inalterado durante toda a gestação e
Nutrição do pré-natal por ter apresentado pressão puerpério.
arterial de 150 X 95 mmHg em duas consultas médicas (D) Permanece inalterado durante a gravidez e irá
consecutivas. Seu IMC pré-gestacional era de 31 e seu aumentar somente depois do parto.
ganho de peso foi de 3 Kg. A dieta de Madalena deverá
objetivar, em relação à ingestão diária máxima de NaCl 11) Uma gestante com o peso ideal, com diagnóstico de
e ao peso, respectivamente (HUPE 2009): Diabetes Mellitus gestacional, deve ter um aporte
(A) 9g / ganho 20% < que o recomendado calórico (kcal/kg) no primeiro trimestre em torno de:
(B) 3g / perda de 200g / semana (Bolsista 1998)
(C) 7g / ganho recomendado (A) 25
(D) 2g / manutenção (B) 32
(C) 40

64
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

(D) 45 17) Segundo a FAO, a recomendação de proteínas


(E) 50 adicionais diárias para nutriz nos primeiros 6 meses de
lactação é de: (Niterói, 2000)
12) O principal objetivo da terapia nutricional no (A) 10g
diabetes gestacional é o controle da glicemia. A (B) 12g
distribuição de carboidratos deve ficar na faixa média de (C) 14g
(Residência 2004): (D) 16g
(A) 55%
(B) 45% 18) Nutriente de limitado transporte placentário e em
(C) 40% baixa concentração no leite materno cuja deficiência
(D) 35% está relacionada com a doença hemorrágica do recém
nascido é: (Piauí)
13) Os distúrbios dos aminoácidos relacionados às (A) Vitamina E
hiperfenilalaninas são relativamente frequentes. O (B) Cobre
distúrbio em que é contra-indicado o uso de aspartame (C) Vitamina A
é (São Luís – 2007): (D) Selênio
(A) obesidade. (E) Vitamina K
(B) fenilcetonúria
19) Uma gestante que na 36ª semana gestacional,
(C) insuficiência cardiovascular. apresenta edema em membros inferiores, pressão
(D) diabetes mellitus tipo II. arterial de 130 x 80 mmHg e ganho ponderal excessivo,
(E) síndrome do cólon irritável. necessita, como cuidado nutricional, de dieta: (Marinha
2004)
14) Os adoçantes dietéticos são, em sua maioria, (A) Hipossódica, hipocalórica e normoproteica
compostos a partir de substâncias não calóricas, (B) Hiperssódica, hipercalórica e hiperproteica
naturais ou sintéticas, conhecidas como Edulcorantes. (C) Normossódica, normocalórica e hiperproteica
Assinale qual substância não pertence ao grupo de (D) Hipossódica, hipocalórica e hipoproteica
Edulcorantes não Calóricos. (Rio Claro, 2007) (E) Hipossódica, hipercalórica e hiperproteica
(A) Frutose
(B) Sucralose
(C) Sacarina 20) Dentre os diversos sintomas da pré-eclâmpsia,
(D) Ciclamato destacam-se (FAETEC 1999):
(A) Hipertensão, proteinúria e edema
15) Nádia tem 28 anos, está na 16a semana de (B) Hipertensão, anemia e glicosúria
gestação e foi atendida no ambulatório de Nutrição. (C) Hipertensão, edema e hiperglicemia
Relata ser diabética e estar preocupada com o uso de (D) Protenúria, hipotensão e obesidade
adoçantes na gravidez. Sua anamnese alimentar (E) Hipercolesterolamia, anemia e hiperglicemia
evidencia uso de adoçante à base de sacarina
eciclamato no café com leite e no suco de laranja, além 21) O nutriente cuja suplementação na gestação pode
do consumo de iogurte diet e gelatina light. O auxiliar na prevenção da síndrome hipertensiva da
nutricionista que atendeu Nádia, orientou-a a (UERJ gravidez é a (o) (Conab):
2009): (A) tiamina
(A) usar açúcar light no suco de laranja (B) ferro
(B) consumir gelatina light com ciclamato (C) cálcio
(C) adoçar o café com leite com aspartame (D) cobre
(D) preferir iogurte diet a base de taurnatina (E) folato

16) Assinale a opção que apresenta a quantidade 22) A gestante adolescente com idade acima de 14
correta de calorias que deve ser acrescentada ao valor anos apresenta necessidades nutricionais aumentadas
energético total (VET) de uma nutriz que apresentou, em relação às gestantes não adolescentes quanto
durante a gestação, ganho de peso ponderal (Marinha, 2011):
gestacional abaixo do preconizado.(São Luís – 2007) (A) ao cálcio
(A) 300 Kcal (B) ao fósforo
(B) 700 Kcal (C) ao ferro
(C) 500 Kcal (D) ao potássio
(D) 550 Kcal (E) à vitamina D
(E) 600 Kcal
23) O consumo excessivo de cafeína pode reduzir, no
leite humano, o teor de (SES, 2011):
A) zinco
65
Capítulo elaborado por Alessnadra Mulder

B) manganês
C) ferro
D) selênio

24) Durante a gestação, o edema pode ser oculto,


mascarado pelo rápido ganho de peso, ou visível,
quando formado cacifo. Essa manifestação da Síndrome
Hipertensiva da Gravidez (SHG) em evolução pode ser
caracterizada por um ganho de peso de (Prefeitura de
Vassouras, 2012):
A) 1 kg/semana ou 3 kg/mês.
B) 0,9 kg/semana ou 2,7 kg/mês.
C) 0,8 kg/semana ou 2,4 kg/mês.
D) 0,7 kg/semana ou 2,1 kg/mês.
E) 0,6 kg/semana ou 1,8 kg/mês.

25) Madalena tem 32 anos, é primigesta sem história


de doenças pregressas e encontra-se na 16ª semana
gestacional. Foi encaminhada ao ambulatório de
Nutrição do pré-natal por ter apresentado pressão
arterial de 150 X 95 mmHg em duas consultas médicas
consecutivas. Seu IMC pré-gestacional era de 31 e seu
ganho de peso foi de 3 Kg.
A dieta de Madalena deverá objetivar, em relação à
ingestão diária máxima de NaCl e ao peso,
respectivamente (HUPE, 2009):
(A) 9g / ganho 20% < que o recomendado
(B) 3g / perda de 200g / semana
(C) 7g / ganho recomendado
(D) 2g / manutenção

26) Nádia tem 28 anos, está na 16ª semana de


gestação e foi atendida no ambulatório de Nutrição.
Relata ser diabética e estar preocupada com o uso de
adoçantes na gravidez. Sua anamnese alimentar
evidência uso de adoçante à base de sacarina e
ciclamato no café com leite e no suco de laranja, além
do consumo de iogurte diet e gelatina light. O

nutricionista que atendeu Nádia, orientou-a a (HUPE,


2010):
A) usar açúcar light no suco de laranja
B) consumir gelatina light com ciclamato
C) adoçar o café com leite com aspartame
D) preferir iogurte diet a base de taurnatina

GABARITO:

1A 9A 17 D 25 C
2A 10 B 18 E 26 C
3D 11 B 19 C
4C 12 A 20 A
5C 13 B 21 C
6B 14 A 22 C
7D 15 C 23 C
8B 16 B 24 A

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