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Capítulo 11 Pappalia e Feldman

Desenvolvimento físico e cognitivo na


adolescência
Adolescência: uma transição no desenvolvimento
1. Rituais para marcar a maturidade de uma criança são comuns em muitas
sociedades tradicionais. Na maioria das sociedades modernas, a passagem da
infância para a vida adulta é marcada não por um único evento, mas por um
longo período conhecido como adolescência- uma transição no
desenvolvimento que envolve mudanças físicas, cognitivas, emocionais e
sociais e assume formas variadas em diferentes contextos sociais, culturais, e
econômicos.

2. Uma mudança física importante é o início da puberdade, o processo que leva à


maturidade sexual, ou fertilidade.

A adolescência como uma construção social


1. A adolescência é uma construção social. Apenas no século XX que a
adolescência foi definida como um estágio de vida separado no mundo
ocidental.

Adolescência: uma época de oportunidades e riscos


1. A adolescência oferece oportunidades para o crescimento não só em termos de
dimensões físicas, mas também em competência cognitiva e social, autonomia,
autoestima e intimidade.

2. Os jovens que têm relações de apoio com os pais, a escola e a comunidade


tendem a desenvolver-se de forma positiva e saudável. Entretanto, os
adolescentes enfrentam hoje riscos a seu bem-estar físico e mental, que
incluem altas taxas de mortalidade por acidentes, homicídio e suicídio.

Desenvolvimento físico
PUBERDADE: A puberdade envolve alterações físicas dramáticas. Essas
mudanças fazem parte de um longo e complexo processo de maturação que

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começa antes do nascimento, e suas implicações psicológicas podem continuar até
a vida adulta.

COMO COMEÇA A PUBERDADE: ALTERAÇÕES HORMONAIS

1. A puberdade resulta da produção de vários hormônios. Um aumento no


hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) no hipotálamo leva a uma
elevação em dois hormônios reprodutivos fundamentais: o hormônio luteinizante
(LH) e o hormônio estimulador dos folículos (FHS).

2. Nas meninas, os níveis aumentados de FSH levam ao início da menstruação.

3. Nos meninos, o LH inicia a secreção de testosterona e androstenediona.

4. A puberdade é marcada por dois estágios: (1) a ativação das glândulas adrenais
e (2) o amadurecimento dos órgãos sexuais alguns anos mais tarde.

1º estágio: ocorre entre as idades de 6 e 8 anos.

Durante esse estágio, as glândulas adrenais localizadas acima dos rins


secretam gradualmente níveis cada vez maiores de androgênios, principalmente
dehidroepiandrosterona (DHEA).

Aos 10 anos de idade, os níveis de DHEA são 10 vezes maiores do que eram
entre as idades de 1 a 4 anos.

O DHE influencia o crescimento de pelos púbicos, axilares e faciais. Ele


também contribui para o crescimento mais rápido do corpo, para a maior
oleosidade na pele e para o desenvolvimento de odores corporais.

O amadurecimento dos órgãos sexuais ativa um segundo surto de produção de


DHEA, que se eleva a níveis adultos.

Nesse segundo estágio, os ovários da menina aumentam a sua produção de


estrogênio, que estimula o crescimento dos órgãos genitais femininos e o
desenvolvimento dos seios e dos pelos púbicos e axilares.

Nos meninos, os testículos aumentam a produção de androgênios,


principalmente a testosterona, que estimula o crescimento dos órgãos genitais
masculinos, da massa muscular e dos pelos do corpo.
MENINOS E MENINAS POSSUEM OS DOIS TIPOS DE HORMÔNIO, MAS AS
MENINAS TÊM NÍVEIS MAIORES DE ESTROGÊNIO E OS MENINOS DE
ANDROGÊNIOS. Nas meninas, a testosterona influencia o crescimento do
clitóris bem como dos ossos e dos pelos púbicos e axilares.

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1. Há, nessa fase, ganho de gordura corporal.

1. Os caracteres sexuais primários são os órgãos necessários para a reprodução.

2. Os caracteres sexuais secundários são sinais fisiológicos do amadurecimento


sexual que não envolvem diretamente os órgãos: por exemplo, os seios das
meninas e os ombros largos dos meninos; alterações na voz e na textura da
pele, o desenvolvimento muscular e crescimento de pelos púbicos, faciais,
axilares e corporais.

O cérebro do adolescente
Estudos recentes de imageamento revelam que o cérebro do adolescente ainda
é uma obra em andamento.

Mudanças dramáticas nas estruturas cerebrais envolvidas nas emoções, no


julgamento, organização do comportamento e autocontrole ocorrem entre a
puberdade e o início da vida adulta.

A imaturidade do cérebro adolescente tem levantado a questões sobre o grau


com que os adolescentes podem ser razoavelmente considerados legalmente

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responsáveis por seus atos.

A propensão para o comportamento de risco parece resultar da interação de


duas redes cerebrais: (1) uma rede socio-emocional que é sensível a estímulos
sociais e emocionais, tal como a influência dos pares - esta se torna mais ativa
na puberdade- , (2) uma rede de controle cognitivo que regula a resposta aos
estímulos -a qual amadurece mais gradualmente até o início da idade adulta.
Esses achados podem explicar a propensão de adolescentes a apresentarem
explosões emocionais e a propensão a comportamento de risco e por que o
comportamento de risco frequentemente ocorre em grupos.

Os adolescente processam a informação sobre as emoções diferentemente dos


adultos. Em um estudo, pesquisadores registraram a atividade cerebral de
adolescentes enquanto eles identificavam emoções expressadas por rostos em
uma tela de computador. Jovens de 11 a 13 anos tendiam a usar a amígdala,
estrutura fortemente envolvida nas reações emocionais ou instintivas.
Adolescentes de 14 a 17 anos apresentavam padrões mais adultos, utilizando
os lobos frontais, responsáveis por planejamento, raciocínio, julgamento,
modulação e controle de impulsos e que portanto permitem julgamentos mais
preciso e razoáveis.

O desenvolvimento imaturo do cérebro pode permitir que os sentimentos se


sobreponham à razão e pode impedir que alguns adolescentes deem ouvidos a
advertências que parecem lógicas e convincentes aos adultos. Os sistemas
corticais frontais ainda não desenvolvidos associados à motivação,
impulsividade e adicção podem explicar por que os adolescentes buscam
excitações e novidades, e a sua dificuldade em concentrar-se.

Saúde física e mental


ATIVIDADE FÍSICA: O exercício físico ou a falta dele afeta tanto a saúde física
quanto a mental. Os benefícios do exercício regular incluem. O exercício físico
também diminui a probabilidade de um adolescente se envolver em
comportamentos de risco.
NECESSIDADES E DISTÚRBIOS DO SONO: A privação de sono entre
adolescentes tem sido chamada de epidemia. Uma média de 40% de adolescentes
(em sua maioria meninos) em um estudo em 28 países industrializados relataram
sonolência matinal pelo menos uma vez por semana, e 22% disseram que se
sentem sonolentos quase todos os dias. Os adolescentes precisam de tanto ou

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mais sono do que quanto eram menores. DORMIR MAIS NOS FINS DE SEMANA
NÃO COMPENSA AS PERDAS DE NOITE DE SONO NAS NOITES DE ESCOLA.

A privação de sono pode diminuir a motivação e causar irritabilidade, e a


concentração e desempenho escolar podem ser afetados.
TRANSTORNOS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

A boa nutrição é importante para sustentar o crescimento rápido da adolescência e


para estabelecer hábitos alimentares saudáveis que vão persistir até a idade adulta.
Transtornos da alimentação, incluindo a obesidade, são mais prevalentes em
sociedades industrializadas, onde a comida é abundante e a atratividade está
relacionada à magreza, mas esses transtornos parecem estar aumentando também
em países não ocidentais.

imagem corporal e transtornos da alimentação: às vezes a determinação de não


ter excesso de peso pode resultar em problemas mais graves do que o próprio
excesso de peso. A preocupação com a imagem corporal pode resultar em
esforços obsessivos para controlar o peso. Esse padrão é mais comum e tem
menor probabilidade de estar relacionado a problemas reais de peso entre as
meninas do que os meninos. Isso se dá, muitas vezes, pela insatisfação
corporal devido a ganha de gordura corporal na puberdade.

A preocupação excessiva com o controle do peso e a imagem corporal podem


ser sinais de anorexia nervosa ou bulimia nervosa, ambas envolvendo padrões
anormais de ingestão de alimentos.

A IDEIA DE QUE TRANSTORNOS DA ALIMENTAÇÃO SÃO RESULTADO DE


PRESSÃO CULTURALÉ SIMPLISTA DEMAIS.

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ANOREXIA NERVOSA: A anorexia nervosa é a auto inanição, potencialmente fatal.
As pessoas com anorexia têm uma imagem corporal distorcida e, embora
geralmente estejam gravemente abaixo do peso, acreditam que estão gordas.
Geralmente são bons alunos, mas podem ser retraídas ou deprimidas e assumir
comportamentos repetitivos e perfeccionistas. Os primeiros sinais de advertência
incluem uma dieta determinada e secreta; insatisfação após perder peso metas de
peso mais baixo após atingir um peso inicial desejado, excesso de exercícios, e
interrupção da menstruação regular.
BULIMIA NERVOSA: A bulimia afeta aproximadamente 1 a 2% de populações no
mundo. Uma pessoa com bulimia nervosa regularmente ingere quantidades
enormes de alimento em um curto período, e então pode tentar purgar a alta
ingestão calórica através da indução de vômito, de dietas rigorosas ou jejum, de
exercícios excessivamente vigorosos, ou de laxantes, enemas ou diuréticos. Um
problema relacionado é o transtorno da compulsão alimentar, que envolve
compulsões frequentes, mas sem o subsequente jejum, exercício ou vômito.
TRATAMENTO E CONSEQUÊNCIAS DOS TRANSTORNOS DA ALIMENTAÇÃO

O objetivo imediato do tratamento para anorexia é fazer o paciente comer e ganhar


peso -metas frequentemente difíceis de alcançar dada a força das crenças dos
pacientes sobre os seus corpos. Um tratamento amplamente utilizado é um tipo de
terapia familiar no qual os pais assumem o controle dos padrões alimentares de seu
filho. Quando a criança começa a obedecer seus pais, ela pode ter mais autonomia
adequada à idade. A terapia cognitivo-comportamental (TCC), que busca mudar
uma imagem corporal distorcida e recompensar a alimentação com privilégios como

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ter permissão para levantar da cama e sair do quarto, pode ser parte do tratamento.
Pacientes que apresentam sinais de desnutrição grave resistem ao tratamento ou
não fazem progresso como pacientes ambulatoriais podem ser internados em um
hospital, onde poderão receber atendimento 24 horas por dia. Uma vez estabilizado
o peso, poderão passar a ter cuidados diários menos intensivos.

A bulimia também é melhor tratada com a TCC. Os pacientes mantém registros


diários de seus padrões alimentares e são ensinados a evitar a tentação à
compulsão. Psicoterapia individual, de grupo ou familiar pode ajudar pacientes de
anorexia e bulimia, geralmente após a terapia comportamental inicial ter colocado
os sintomas sob controle.

Visto que esses pacientes estão sob risco de depressão e suicídio, medicamentos
antidepressivos são frequentemente associados à psicoterapia, mas não há
evidência de sua eficácia a longo prazo na anorexia ou na bulimia.
USO E ABUSO DE DROGAS

O abuso de substâncias químicas é o uso prejudicial de álcool ou outras drogas. O


abuso pode levar à dependência química, ou adicção, que pode ser fisiológica,
psicológica ou ambas, e que provavelmente continuará até a fase adulta. As drogas
que causam dependência são especialmente perigosas porque estimulam parte do
cérebro que ainda estão se desenvolvendo na adolescência.

Tendências no uso de drogas: Quase metade dos adolescentes norte-americanos já


experimentou drogas ilícitas no final do ensino médio.

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O uso não medico de medicamentos, com sedativos, tranquilizantes e analgésicos
narcóticos, particularmente Oxycontin e Vicodin, permanece inalterado em
aproximadamente 13%. De fato, o uso indevido de medicamentos tem sido
considerado o segundo principal problema de drogas, depois da maconha.

Álcool, maconha e tabaco: O uso de álcool e tabaco entre entre adolescentes norte-
americanos tem seguido uma tendência aproximadamente paralela ao uso de
drogas mais pesadas, com um aumento dramático durante a maior parte década de
1990.

Álcool é uma droga potente, que altera a consciência e provoca graves efeitos sobre
o bem-estar físico, emocional e social. Seu uso constitui um problema muito sério
em muitos países.

O uso do tabaco por adolescentes é um problema menos generalizado nos Estados


Unidos do que na maioria dos outros países industrializados.

DEPRESSÃO
A prevalência de depressão aumenta durante a adolescência. A depressão em
pessoas jovens não se manifesta necessariamente como tristeza, mas como
irritabilidade, tédio ou incapacidade para experimentar prazer.
Meninas adolescentes, especialmente aquelas que estão começando a amadurecer,
são mais propensas a ficar deprimidas do que meninos adolescentes. A puberdade
pode ser um fator influenciador da depressão.

Outros possíveis fatores são o modo como as meninas são socializadas e a sua
maior vulnerabilidades e estresse nas relações sociais.

Além do gênero feminino, os fatores de risco para a depressão incluem ansiedade,


medo do contato social, eventos estressantes, doenças crônicas como diabetes ou
epilepsia, conflito entre pais e filhos, abuso ou negligência , uso de álcool ou drogas,
atividade sexual e ter um dos pais com histórico de depressão.

Aspectos do amadurecimento cognitivo


Não apenas a aparência dos adolescentes é diferente de quando eram crianças,
mas eles também
pensam e falam de maneira diferente. A velocidade do processamento de
informação deles continua a
aumentar. Embora o pensamento possa permanecer imaturo em alguns aspectos,
muitos são capazes
de raciocinar em termos abstratos e de emitir julgamentos morais sofisticados, além

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de poder planejar
o futuro de modo mais realista.

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