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Psicologia do

desenvolvimento (criança)

Profa. Maira Di Ciero Miranda


Desenvolvimento
Refere-se ao processo no qual ocorre aumento
da capacidade do ser humano em realizar
funções cada vez mais complexas.
Engloba também o desenvolvimento físico
(crescimento) tido como o aumento da massa
corpórea.
É influenciado pela hereditariedade e pelo
ambiente (social, econômico,cultural, familiar,
educação, ocupação e renda).
Padrões universais e básicos de desenvolvimento da
criança:
As crianças são competentes: possuem
qualidades e habilidades que asseguram sua
sobrevivência e promovem seu desenvolvimento.
As crianças se parecem uma com as outras.
Cada criança é única.
 O desenvolvimento obedece a tendências
direcionais: cefalo-caudal, próximo-distal e de
diferenciação.
Diferenciação: linguagem (balbucia , forma
sílaba, palavras, frases e depois a escrita com
vocabulário mais amplo).
O desenvolvimento obedece uma tendência
sequencial: primeiro engatinham e depois
andam.
Cada criança tem uma velocidade própria de
crescimento.
O desenvolvimento ocorre em um tempo
certo. Ex: no desenvolvimento emocional o
relacionamento intenso com a mãe no primeiro
ano de vida é essencial para o estabelecimento da
confiança. Ex: controle dos esfíncteres.
Novas habilidades tendem a predominar. Ex:
quando aprende a andar a criança quer andar o
tempo todo.
Os vários aspectos de desenvolvimento interagem
entre si: Ex: para a aquisição de habilidades
motoras é essencial o desenvolvimento da
musculatura, mielinização dos nervos,
coordenação motora.
Desenvolvimento físico
Geral ou somático –fase de estirão e repleção
Neural- crescimento cerebral significativo até
os 2 anos.
Linfoide- pico aos 10 anos depois involução do
timo
Genital- pré-puberdade e adolescência
A idade óssea é a melhor estimativa da idade
biológica e o melhor indicador do
desenvolvimento global da criança.
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR
Existe uma correlação entre o desenvolvimento
neurológico e mental da criança, de forma que o
comportamento psicológico depende da
integridade de determinadas estruturas
neurológicas.
4 setores (escala de Gessel)
Motor
Adaptativo
Linguagem
Sociabilidade ou pessoal social
Desenvolvimento psicossocial
Erikson propõe 8 estágios de desenvolvimento,
sendo 4 relativos a criança:
1- Confiança x desconfiança: evidencia no
primeiro ano de vida quando se estabelece a
confiança básica. Depende da presença de uma
pessoa que cuide com afeto, geralmente a mãe, que
permite a formação de um vínculo de confiança. A
partir daí a criança consegue confiar no mundo,
nas outras pessoas e em si mesma.
Resultados positivos: ter fé e
ser otimista
2- Autonomia x vergonha e dúvida:
(1-3 anos)
Desenvolvimento da autonomia pela crescente
capacidade de controlar o ambiente e a si própria
como o controle esfincteriano.
Resultados positivos: autocontrole e força de
vontade.
3- Iniciativa x culpa: as crianças buscam
oportunidades para desenvolver a iniciativa, com
destaque para a sua capacidade de imaginar.
Quando em conflito com os pais => culpa
Resultados positivos: direção e propósito
4- Produtividade x inferioridade: (6-12 anos)
as crianças sentem a necessidade de ser produtiva,
engajar-se em tarefas e atividades que envolvam
competição (cooperação e respeito às regras).
Quando muito cobradas para atingir as metas ou
elas não acreditam nas sua capacidades podem
surgir os sentimentos de inadequação e
inferioridade.
Resultado positivo: competência.
MORALIDADE
Interfere significativamente nas relações sociais na
infância.
Toda moral consiste num conjunto de regras e a
essência de toda moralidade se encontra no respeito
que o indivíduo adquire por essas regras (Jean
Piaget).
O respeito ao outro corresponde a exigência de ser
respeitado.
Moral heterônoma- proveniente de autoridade (pai,
professor)
Moral autônoma – regras e acordos entre pessoas
livres e iguais.
O sentimento de obrigatoriedade de obedecer
às regras surge de uma relação assimétrica, na
qual alguém exerce o papel de autoridade, e
esse sentimento é essencial para o
desenvolvimento da moralidade no indivíduo.
É muito importante o estabelecimento de
limites para educar a criança.
Desenvolvimento psicossexual
Segundo FREUD os instintos sexuais são significativos
no desenvolvimento da personalidade, e, durante a
infância, certas regiões do corpo evidenciam-se como
fonte de prazer e novos conflitos, de acordo com o
estágio de desenvolvimento em que a criança se
encontre.
DESEVOLV. PSICOSSEXUAL

Latência
Oral Anal Fálica Genital
6 – 12 a
até 1 ano 1–3 a 3–6a 12 a ou +
Desenvolvimento
cognitivo
O desenvolvimento cognitivo refere-se a
mudanças na capacidade mental da criança,
incluindo a aprendizagem, a memória, o
raciocínio, o pensamento e a linguagem.
Piaget propôs uma teoria do desenvolvimento
cognitivo que contempla 4 estágios:
1- Sensório-motor ( do nascimento aos 2
anos)- atividade reflexa => comportamentos
repetitivos simples => comportamento imitativo.
Tende a resolver os problemas por meio de
tentativa e erro, começando a correlacionar causa e
efeito.
2- Pré-operacional ( 2 – 7 anos): característica
marcante é o egocentrismo. Desenvolve o uso da
linguagem e dos símbolos. Brincadeira e jogos
imaginativos ajudam a criança elaborar conceitos e
associação de ideia simples.
3- Operações concretas (7 – 11 anos):
surgimento do pensamento lógico e coerente
permite que a criança classifique, escolha, ordene e
organize as coisas à sua volta. O raciocínio é
indutivo e a criança passa a considerar pontos de
vista diferentes do seu.
4- Operações formais ( 11 anos em diante):
capacidade de abstração, discute assuntos teóricos
e filosóficos.
Repercussões emocionais da doença na infância
Situação de crise (doença, hospitalização).
Criança- mecanismo deficiente de
enfrentamento de estresse, gerando:
=> ansiedade relacionada à separação dos
pais e amigos;
=>Perda do controle da situação;
=>Medo relacionado à lesão corporal e à
dor.
Fases relacionada à separação:
PROTESTOS (gritos e choro)
DESESPERO (indiferença a tudo e a todos)
DESLIGAMENTO OU NEGAÇÃO (resignação)
Perda do controle
A quebra da rotina diária da criança e o fato de ser
cuidada por diferentes pessoas provocam uma
diminuição do senso de controle sobre o ambiente,
dificultando o desenvolvimento da confiança.
Principal manifestação: REGRESSÃO
A doença e a hospitalização são vistas como
punição, fazendo-a sentir vergonha, culpa e medo.
As possibilidades de escolha sobre o que será feito
com ela são limitadas, ameaçando diretamente sua
segurança. As principais manifestações são:
depressão, hostilidade e frustração.
Medo da dor e lesão corporal
Experiências anteriores, bem como a reação
emocional dos pais durante o evento doloroso
influenciam significativamente na resposta da
criança à dor.
Na fase escolar a criança se preocupa mais com a
incapacidade causada pela doença, a incerteza da
recuperação e a possibilidade de morrer, do que
com a dor.
ENFERMAGEM
 Estratégias para minimizar o estresse
 da criança no hospital

Propiciar Apoiar Promover o Ter relac. confian_


o brincar os pais desenvolv. ça -criança e fam.
Psicologia do desenvolvimento
(adolescente)
Adolescência
Nesse período ocorrem mudanças fisiológicas,
psicológicas e sociais que separam a criança do adulto
prolongando-se dos 10 aos 20 anos incompletos
segundo a OMS ou dos 12 aos 18 anos segundo o
Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil.
Adolescência: fase turbulenta, tranquila ou marcada
por crises.
Instabilidade emocional ante suas mudanças
corporais e intelectuais e pela pressão social pelo seu
amadurecimento.
Sentimentos ambivalentes, sentimentos
contraditórios, como gostar e odiar.
Tendência grupal.
Lutos da adolescência: pelo corpo infantil, pelo
papel e identidades infantis e pelos pais da
infância.
A forma como o adolescente elabora esses lutos é
fundamental para seu desenvolvimento saudável.
O grupo é o epicentro do adolescente. A
conformidade (agir de acordo) com os pares torna-
se muito importante e é fundamental para sentir-
se aceito.
Definição de quem ele é: identidade sexual,
profissional e ideológica.
Doença e hospitalização
À medida que a adolescência tem sido considerada um
período complexo, alguns fatores típicos desse período
podem se acentuar diante de uma doença.
Em qualquer idade podem surgir as incertezas e
medos em relação à doença e seu prognóstico, mas
especialmente para o adolescente a angústia é maior.
Ameaça à independência já conquistada – raiva,
desconfiança e não colaboração.
Distância dos estudos, do grupo, do amor,
dúvidas em relação ao tratamento, perspec-
tivas futuras, imagem corporal, restrição
do lazer.
• Minimizar o estresse dos procedimentos e da
hospitalização.
EN- • Respeitar a privacidade física do adolescente.

• Compartilhar as decisões sobre o tratamento com o


adolescente.
FER- • Incentivar a presença dos pais, familiares e amigos.

• Estabelecer boa comunicação com o adolescente


• levando em conta as diferenças individuais.
MAGEM
Psicologia do
desenvolvimento (adulto)
A Teoria de Maslow é útil para a enfermagem porque
destaca as necessidades físicas e psicossociais
básicas essenciais à vida humana.
Fases: adulto jovem (18 a 40 anos); adulto
intermediário ( 40 – 65 anos) e adulto idoso (acima
de 65 anos).
Aos 25 anos o desenvolvimento físico do homem
está completo e seus sistemas orgânicos funcionando
em plenitude.
Os adultos jovens geralmente são muito ativos,
apresentam menos doenças graves que os outros
grupos etários, tendem ignorar sintomas físicos e
geralmente adiam a procura de tratamento médico.
No adulto intermediário evidenciam-se alguns sinais
de decadência física: perda da elasticidade e
alterações arteriais, queda do metabolismo, ganho
de peso, perda da força muscular, rigidez muscular e
das articulações, pele seca, rugas, diminuição da
acuidade visual e auditiva, sintomas da menopausa,
etc.
 Conhecimento prático da vida: como agir para
atingir metas pessoais.
Capacidade de compreender e regular as emoções:
lidar com os próprios sentimentos e os sentimentos
dos outros (inteligência emocional- Salovey &
Mayer- 1990)
Senso de responsabilidade, manutenção de controle
dos impulsos, capacidade para planejar e implementar
objetivos realistas, desenvolvimento de uma carreira e
capacidade de desenvolver relações íntimas.
Nem todas as pessoas chegam a idade adulta jovem
com o mesmo nível de maturidade.
A opção ocupacional desempenha um papel
significativo na formação da personalidade fornecendo
um sistema social- posição social, papeis e estilo de
vida.
Período de deixar a casa dos pais/ casar/ trabalhar fora.
As alterações psicossociais da meia-idade podem
envolver eventos esperados, como os filhos mudarem
de casa, ou inesperados, como separação conjugal ou
morte de um cônjuge. Essas mudanças podem
resultar em estresse e afetar a saúde do indivíduo
como um todo.
Ninho vazio
Síndrome da porta giratória – os filhos voltam
para casa inesperadamente devido a dificuldades
financeiras, conjugais e outras. Sérios conflitos
podem surgir e tensão familiar principalmente
quando o filho é financeiramente dependente.
Geração sanduíche: agem como provedores de
cuidado aos pais idosos e que ainda cuidam de seus
filhos, muitas vezes com recursos limitados de
tempo, dinheiro e energia.
Definição da opção sexual ocorre na fase adulta
jovem.
Alterações da sexualidade na fase intermediária
(envelhecimento, doenças, pressão no trabalho e na
família).
Importância da espiritualidade/ significado da vida e
aceitar seu fim inevitável.
Doença => CRISE pessoal e familiar
Mudanças => estresse => adaptação
Cada indivíduo tem sua peculiaridade e suas
necessidades próprias => assistência de
enfermagem individualizada.
O enfermeiro deve escutar e atender o paciente,
intervir , orientar ou encaminhar para
profissionais especializados.
Psicologia do
desenvolvimento (idoso)
Envelhecimento
Processo normal, contínuo, dinâmico,
inevitável e irreversível.
Aumento das doenças crônicas.
Declínio funcional, dependência, perda da
autonomia, isolamento social, depressão,
solidão, viuvez, morte de parentes e amigos.
Fisiologia do envelhecimento
Mudanças na estrutura e funcionamento orgânico.
Menor capacidade adaptativa. A reserva biológica
diminui à medida que o indivíduo envelhece
dificultando a recuperação da homeostase frente
aos insultos.
Indicador importante do estado de saúde do idoso:
capacidade funcional.
O envelhecimento saudável é resultado da
interação multidimensional entre saúde física,
mental, independência na vida diária, integração
social, suporte familiar e independência
econômica.
Os objetivos principais das ações de saúde
para o idoso são o de procurá-lo mantê-lo
com o máximo de capacidade funcional e
independência física e mental, na
comunidade e na família.

QUALIDADE DE VIDA
HOSPITALIZAÇÃO DO IDOSO

Mudança no seu cotidiano;


Perda de autonomia e independência;
Ameaça à sua integridade física e mental;
O idoso pode manifestar atitudes retaliadoras ou
até mesmo agressivas, recusar a execução de
procedimentos de enfermagem, deixar de se
alimentar, não realizar a própria higiene corporal
etc. que significam sentimento de insegurança e
insatisfação.
Intervenções do enfermeiro
Estar atento às mudanças ocorridas no idoso nos
aspectos da afetividade, da cognição e alterações físicas
decorrentes da doença e efeito das medicações;
Avaliar o grau de independência do idoso
(instrumentos AVD – Katz e Lawton);
Estimular o potencial máximo do idoso evitando
atitudes de superproteção e de reforço a dependência
do idoso;
Lembrar que envelhecer é diferente de ficar doente;
Atentar para os comportamentos
que sinalizam para doenças
neurológicas (demência, depressão,
risco de suicídio) e maus tratos.
Atendimento às necessidades psicossociais:
controle e prevenção de situações de estresse,
elevar a autoestima do idoso, atendimento das
necessidade espirituais;
Permitir o diálogo e a participação do idoso no
processo decisório dos cuidados de enfermagem;
Recomendar a permanência do acompanhante no
hospital ( Estatuto do Idoso);
Tratar o idoso com respeito e dignidade;
Incluir a família nas orientações e cuidados uma
vez que representa o alicerce das emoções e
vínculos sociais entre o idoso e o mundo.

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