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TERAPIA COGNITIVA

AARON BECK

PROFº ORLANDO BUENO FILHO


PSICÓLOGO
IPCS – INSTITUTO DE PSICOLOGIA E CONTROLE DO
STRESS
Terapia cognitiva
Aaron Beck
Aaron Beck

 Nasceu em Providence, Rhode Island, em 18 de julho de 1921;


 O mais pequeno de seus três irmãos.
 Os pais de Beck eram imigrantes judeus.
 O nascimento de Beck viu-se seguido pelo falecimento de sua
irmã como consequência de uma epidemia de gripe. Após a
morte de sua irmã, a mãe de Beck sumiu-se em uma profunda
depressão;
 Beck sentia-se estúpido e incompetente após sofrer uma
doença grave causada por uma infecção em um braço
rompido;
 Beck aprendeu como enfrentar cognitivamente seus medos e
problemas; isto foi o que inspirou em anos posteriores sua
teoria e suas terapias.
AARON BECK

Na década de 60 Beck um psiquiatra com formação


freudiana desenvolveu a abordagem cognitiva.
Ganhou o nome COGNITIVA pela importância que
a abordagem coloca no pensamento.
Foi desenvolvida na Universidade da Pensilvânia
como uma psicoterapia breve, estruturada, orientada
ao presente, para depressão e direcionada em
resolver problemas.
TERAPIA COGNITIVA

Propõe que o pensamento distorcido/disfuncional


influenciam no humor e comportamento do
individuo e que são comuns a todos os distúrbios
psicológicos.
É uma modalidade terapêutica singular, pois unifica
a teoria da personalidade e da psicopatologia,
apoiando-as por evidencias empíricas.
Para Beck as cognições são baseadas em
esquemas/crenças, ou seja padrões fixos que guiam
de modo constante a interpretação da pessoa sobre si
mesmo, eventos, outros e futuro.
Estes esquemas são desenvolvidos na infância e
fomentam erros de interpretação sobre o mundo.
Beck percebeu nas pessoas que faziam analise um
dialogo interno, como se estivessem falando consigo
mesmas, e nessas ocasiões tinham respostas
emocionais que nem sempre estavam relacionadas a
situação imediata.
É a terapia mais indicada no tratamento das mais
diversas patologias: Depressão, ansiedade,
transtornos de personalidade, abuso de substancias e
também terapia familiar, casais e de grupo.
É o tratamento de OURO indicado pela OMS.
Para entendermos, seus princípios...

Principio 1: A terapia cognitiva se baseia em uma


formulação em continuo desenvolvimento do
paciente e de seus problemas em termos cognitivos.
Principio 2: A terapia cognitiva requer uma aliança
terapêutica segura.
Principio 3: A terapia cognitiva enfatiza
colaboração e participação ativa.
Principio 4: A terapia cognitiva é orientada em
meta e focalizada em problemas.
Principio 5: A terapia cognitiva inicialmente
enfatiza o presente.
Principio 6: A terapia cognitiva é educativa, visa
ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e
enfatiza a prevenção de recaída.
Principio 7: A terapia cognitiva visa ter um tempo
limitado.
Principio 8: As sessões de terapia cognitiva são
estruturadas.
Principio 9: A terapia cognitiva ensina os pacientes
a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos
e crenças disfuncionais.
Principio 10: A terapia cognitiva utiliza uma
variedade de técnicas para mudar pensamentos,
humor e comportamento.
Modelo Cognitivo

A terapia cognitiva parte de que emoções e


comportamentos são influenciados pela percepção
dos eventos.
Não é a situação por si só que determina o que as
pessoas sentem, mas sim o modo como elas
interpretam a situação.
“Perturbam aos
homens não as coisas,
senão a opinião que
delas tem” Epicteto
Pressuposto Cognitivo

Pensamentos Automáticos

Crenças/Esquemas Intermediários
(regras, atitudes, suposições)

Crenças/Esquemas Centrais
Pensamentos Automáticos

Surgem automaticamente.
São rápidos, com freqüência e breves.
Não são decorrentes de deliberação ou raciocínio.
Ex: “o que estão pensando sobre mim” “será que isso
Dara certo” “acho que não sou bom mesmo” “sou
estúpido e idiota”...
Pensamentos Automáticos
Identificação e modificação

O que estava passando pela sua cabeça neste


momento?

 Identificar os pensamentos automáticos:


1. Faça essa pergunta quando você perceber uma mudança no afeto
durante a sessão.
2. Peça para o paciente descrever uma situação problemática durante a
qual experimentou uma mudança de afeto e faça a pergunta acima.
3. Peça ao paciente para utilizar uma imagem para descrever a situação
específica e faça a pergunta acima.
 Outras perguntas:
1. Sobre o que você acha que estava pensando?
2. Quais são as evidências que apoiam essa idéia?
3. Quais são as evidências contra essa idéia?
4. O que você tem de concreto que confirma essa idéia?
Pensamentos Automáticos
Disfuncionais

O terapeuta cognitivo deve procurar identificar, o


pensamentos disfuncionais....porque:

Distorcem a realidade;
Emocionalmente aflitivos;
Interfere com a habilidade do paciente de atingir
suas metas;
Geram comportamentos mal adaptados.
Pensamentos Automáticos

De onde surgem os pensamentos automáticos?


O que faz uma pessoa interpretar uma situação
diferentemente de uma outra?
Porque a mesma pessoa pode interpretar uma situação
diferentemente de uma outra?
Porque a mesma pessoa pode interpretar um evento
idêntico de forma diferente em um momento e em outro?
A resposta está relacionada a fenômenos cognitivos mais
duradouros....CRENÇAS.
Crenças Intermediárias

São influenciadas pelas crenças centrais.


Consistem em atitudes, regras e suposições. E
freqüentemente não são articuladas.
Ex: CN – “ é horrível ser incompetente”
 CI – “se eu trabalhar mais arduamente que
puder, posso ser capaz de fazer alguma coisa que as
outras pessoas fazem facilmente”.
São regradas a Se...Então.
Crenças Centrais

São o nível mais fundamental de crenças.


Elas são globais, rígidas e supergeneralizadas.
São desenvolvidas na infância, estes entendimentos
fundamentais sobre si e o outro.
São consideradas verdades absolutas e exatamente o
modo como as coisas “são”.
CRENÇA NUCLEAR

Judith Beck (1995) – a crenças nucleares podem ser


colocadas em 03 grupos:
1. Crenças nucleares de desamparo - crenças sobre ser
impotente, frágil, vulnerável, carente, desamparado, necessitado,
fraco;
2. Crenças nucleares de desamor – crenças sobre ser
indesejável, incapaz de ser gostado, de ser amado, sem atrativos,
imperfeito, rejeitado, abandonado, sozinho.
3. Crenças nucleares de desvalor – crença sobre ser incapaz,
incompetente, inadequado, ineficiente, falho, defeituoso,
enganador, fracassado, sem valor.

A Terapia Cognitiva busca produzir mudanças no pensamento e no


sistema de crenças do cliente, com o propósito de promover
mudanças emocionais e comportamentais duradoras (Beck, 1977).
CRENÇA NUCLEAR
Desamparo

Eu sou incompetente”;


Eu sou um necessitado”;
“Eu não consigo fazer nada direito”
“Eu estou desamparado”;
“Eu sou fraco”;
“Eu sou vítima”;
“Eu sou vulnerável”;
“Eu sou um fracasso”;
“Eu sou um impotente”
CRENÇA NUCLEAR
Desamor

“Eu sou incapaz de ser amado”;


“Eu não sou desejável”;
“Eu não sou atraente”;
“Eu não sou querido”;
“Ninguém se preocupa comigo”
Eu com certeza vou ser abandonado”;
“Eu vou ser rejeitado”;
CRENÇA NUCLEAR
Desvalor

“Eu não tenho valor”;


“Eu sou intolerável”;
“Eu sou mau”;
“Eu sou inútil”;
“Eu sou prejudicial”;
“Eu sou ruim”.
Pensamento Automáticos Conseqüências
Situação
Ler um livro Isso é difícil demais. Eu Emocional
jamais entenderia isso.
Tristeza
Comportamental
Fecha o livro

Fisiológica
Peso no abdômen

Crença Intermediaria
“ Se eu não entendo algo perfeitamente, então eu sou burro.”

Crença Central
“Eu sou incompetente”
Pensamentos Automáticos
Crenças Intermediárias ou subjacentes

 Essas crenças influenciam sua visão de uma situação, o que, por sua
vez, influencia como ele pensa, sente e se comporta.
.
DISTORÇÕES COGNITIVAS

 Os pacientes tendem a cometer erros constantes em seu pensamento;


 Há uma tendência sistemática negativa no processamento cognitivo
dos pacientes.
1. Pensamento tudo ou nada (dicotomico ou polarizado) – vê a
situação em apenas duas categorias em vez de um continuum.
Ex.: “Deu tudo errado na festa”; “Devo tirar sempre a nota máxima, ou serei
um fracasso”; “Ou algo é perfeito, ou não vale a pena”.
2. Desqualificação do positivo – experiencias positivas e qualidades
que conflituam com a visão negativa são desvalorizadas (são triviais).
Ex.: “Fiz bem aquele projeto, mas isso não significa que eu seja competente;
apenas tive sorte”; “Ter emagrecido somente essas gramas não significa
nada, só ficarei feliz quando atingir meu peso ideal”
DISTORÇÕES COGNITIVAS

3. Rotulação – o paciente coloca um rótulo global e fixo sobre si mesmo


ou sobre os outros, sem considerar que as evidências poderiam ser mais
razoavelmente conduzidas a uma conclusão menos desastrosa.
Ex.: “Ele tem um defeito de caráter”; “Sou covarde”; “Como como uma porca”;
“Ele é louco”; “Hoje eu tive um dia péssimo, agora mereço dar um gole”;
“Sou incapaz”.
4. Minimização/Maximização - Características e experiências negativas
são maximizadas enquanto as positivas são minimizadas. Supervalorizar
ou desvalorizar a importância de um atributo pessoal, evento ou uma
possibilidade futura.
Ex.: “As dificuldades para conseguir um novo emprego são insuperáveis”; “Eu
tenho um ótimo emprego, mas todo mundo tem”; “Obter notas boas não
significa que sou inteligente”.
5. Catastrofização - pensar que o pior de uma situação irá acontecer,
sem levar em consideração a possibilidade de outros desfechos.
Acreditar que o que ocorreu ou que pode acontecer será terrível,
intolerável ou insuportável. Eventos negativos eu podem acontecer são
tratados como catástrofes intoleráveis.
Ex.:”Perder o emprego será o fim da minha carreira”. “Eu não suportarei a
separação da minha mulher”.
DISTORÇÕES COGNITIVAS
6. Abstração seletiva (visão em túnel) – um aspecto de uma situação complexa é foco
da atenção, enquanto outros aspectos relevantes da situação são ignorados. Uma parte
negativa (ou mesmo neutra) de toda situação é realçada, enquanto todo o restante
positivo não é percebido.
Ex.: “Veja todas as pessoas que não gostam de mim”. “A avaliação do meu chefe foi péssima”
(focando apenas nos aspectos negativos e negligenciando todos os positivos).

7. Leitura Mental - A pessoa acha que sabe o que os outros estão pensando e não
considera outras possibilidades mais prováveis.
Ex.: “Ele está pensando que eu não sei nada sobre esse projeto.”  "Ele pensa que sou uma idiota"  
"Ele está me olhando assim pois deve estar pensando que estou falando abobrinhas." 

8. Supergeneralização -  A pessoa tira uma conclusão negativa radical que vai muito
além da situação atual. Uma característica específica numa situação específica é
avaliada como acontecendo em todas as situações
Ex.: "Nessa escola não tenho amigos, assim como era no colégio anterior"Todos os meus
namorados irão me trair." 

 
  
DISTORÇÕES COGNITIVAS

9. Personalização- Ocorre quando a pessoa guarda para si mesmo a  inteira


responsabilidade sobre um evento que não está sob seu controle.
E.: "Eu não cuidei bem do meu filho, por isso ele está internado no hospital". "Meu namorado
me traiu porque eu estava estressada." Esse tipo de distorção cognitiva gera muito
sofrimento psicológico, pois está embasado na emoção "culpa".

10. Imperativos (“deveria” e “tenho que”)- interpretar eventos em termos de


como as coisas deveriam ser, em vez de simplesmente considerar como as coisas
são. Demandas feitas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as
consequencias do não cumprimento dessas demandas.
Ex.: “Eu tenho que ter controle sobre todas as coisas”; “Eu devo ser perfeito em tudo que
faço”.

11. Vitimização – considerar-se injustiçado ou não entendido. A fonte dos


sentimentos negativos é algo ou alguém, havendo recusa ou dificuldade de se
responsabilizar pelos próprios sentimentos ou comportamentos.
Ex.: “Minha esposa não entende meus sentimentos”; “Faço tudo pelos meus filhos e eles não
me agradecem”.
DISTORÇÕES COGNITIVAS

12. Raciocínio emocional – (emocionalização)- presumir que


sentimentos são fatos (“Sinto, logo existe”). Pensar que algo é
verdadeiro porque tem um sentimento (na verdade, um pensamento)
muito forte a respeito. Deixar os sentimentos guiarem a interpretação
da realidade.
Ex.: “Eu sinto que minha mulher não gosta mais de mim”; “Eu sinto que meus
colegas estão rindo nas minhas costas”; “Sinto-me desesperado, portanto a
situação deve ser desesperadora”.
13. Adivinhação - prever o futuro. Antecipar problemas que talvez não
venham a existir. Expectativas negativas estabelecidas como fatos.
Ex.: “Não irei gostar da viagem”; “Ela não aprovará meu trabalho”; “Dará tudo
errado”.
Bibliografia

 Rangé, Bernard. Terapia Racional Emotivo


Comportamental . In: Range, B. Psicoterapias Cognitivo
Comportamentais. Artmed. 2001: 34-48.
 Beck, J.S. (1997). Terapia Cognitiva: teória e pratica. São
Paulo: Artmed.
 LIPP, M.E.N & YOSHIDA, E.M.P. (2012). Psicoterapias Breves:
nos diferentes estágios evolutivos. São Paulo: Casa do Psicólogo.
 KNAPP, P e cols. (2004). Terapia Cognitivo-Comportamental na
Pratica Psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed.
 Neufeld, C.B. (2017). Terapia Cognitivo Comportamental para
adolescentes: Uma perspectiva transdiagnóstica e
desenvolvimental. São Paulo: Artmed

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