O documento discute as técnicas de psicoterapia analítica e cognitivo-comportamental para crianças, adolescentes e idosos. Ele descreve os procedimentos clínicos, considerações sobre a técnica analítica que envolve o brincar, avaliação da criança, indicações e contraindicações do tratamento analítico, além de técnicas cognitivo-comportamentais para ansiedade, depressão e transtornos alimentares.
Descrição original:
psicologia material complementar
Título original
6. A clínica com crianças, adolescentes e idosos
O documento discute as técnicas de psicoterapia analítica e cognitivo-comportamental para crianças, adolescentes e idosos. Ele descreve os procedimentos clínicos, considerações sobre a técnica analítica que envolve o brincar, avaliação da criança, indicações e contraindicações do tratamento analítico, além de técnicas cognitivo-comportamentais para ansiedade, depressão e transtornos alimentares.
O documento discute as técnicas de psicoterapia analítica e cognitivo-comportamental para crianças, adolescentes e idosos. Ele descreve os procedimentos clínicos, considerações sobre a técnica analítica que envolve o brincar, avaliação da criança, indicações e contraindicações do tratamento analítico, além de técnicas cognitivo-comportamentais para ansiedade, depressão e transtornos alimentares.
ADOLESCENTES E IDOSOS Os procedimentos clínicos Psicoterapia de orientação analítica na infância Considerações sobre a técnica
(Cordioli e cols., 2008)
Considerações sobre a técnica As crianças fazem livre associação e também se comunicam muito pela ação, de forma não-verbal e por intermédio de material lúdico. Ao brincar, a criança possibilita ao analista o acesso a seu inconsciente; O brincar proporciona também o domínio e a integração de experiências difíceis e traumáticas, transformando o passivo em ativo; O brincar existe em um espaço entre o mundo psíquico da criança e sua vida externa e entre ela e seu psicoterapeuta.
(Cordioli e cols., 2008)
Considerações sobre a técnica As crianças, ao brincarem, pensam, imaginam e constroem significados, como o adulto com a linguagem. O fazer de conta no brincar permite elaborar aspectos desejados, proibidos ou repudiados de si mesmas, com menos conflitos. Entre as razões que impedem o brincar estão os transtornos biológicos (p. ex., autismo), as falhas do desenvolvimento emocional e os casos de crianças menores muito “maduras” ou temerosas de serem “más”. As crianças latentes diminuem o brincar imaginário e desenvolvem as regras dos esportes e jogos de tabuleiro, o que favorece que tenham um senso de domínio do mundo externo, mas esta diminuição pode significar um incremento de defesas contra a expressão de sentimentos conflitantes e inaceitáveis.
(Cordioli e cols., 2008)
Considerações sobre a técnica A importância dos pais no trabalho com crianças: Na procura por ajuda terapêutica; Na avaliação diagnóstica: são os pais que fornecem uma parte significativa dos dados que permitem uma compreensão diagnóstica da criança (e a dinâmica familiar); Nos critérios de indicação: importância de se levar em conta as condições dos pais; Na evolução do processo terapêutico: é preciso que eles possam tolerar as mudanças da crianças (retomar para si aspectos projetados); Na manutenção dos progressos alcançados durante o processo terapêutico: a criança depende de uma ambiente familiar favorável para que possa manter os progressos. Considerações sobre o setting terapêutico
A sala de atendimento deve ter piso e paredes laváveis,
para que se possa trabalhar à vontade com a criança e para que ela possa se expressar o mais livremente possível. Deve, dispor de mesa e cadeiras pequenas, um quadro negro, um espelho, ter acesso a um banheiro, ou ter uma pia com água corrente, e um armário ou gavetas com chaves, para guardar seus brinquedos e produções, simbolicamente equivalentes a seu mundo interno.
(Cordioli e cols., 2008)
Considerações sobre o setting terapêutico Os brinquedos utilizados devem ser simples e resistentes. Recomendam-se os seguintes: família de bonecos; carros de polícia, bombeiro, ambulância e outros carros; avião; revólver; panelinhas; pratinhos e xícaras; cubos de madeira; pinos mágicos ou algo similar; argila; massa de modelar; têmperas; pincéis; cola; durex; tesoura; cordão; material gráfico; agulha, linha e retalhos de tecido. A maneira como a criança utiliza o material disponível e sua reposição proporciona a compreensão do seu funcionamento emocional, em função dos significados simbólicos deste material, sendo necessário um exame cuidadoso deste, não apenas sua substituição. (Cordioli e cols., 2008) Avaliação da criança A entrevista com os pais ou responsáveis: Forma e origem do encaminhamento; Contato com outros cuidadores ou outros profissionais; Sentimentos de ansiedade, fracasso e culpa dos pais.
1. Motivo da consulta e história da doença atual
2. Rotina diária 3. Antecedentes obstétricos 4. Antecedentes neonatais 5. Desenvolvimento neuropsicomotor 6. Antecedentes mórbidos 7. Escolaridade 8. História familiar 9. Exames complementares 10. Outras avaliações (pediatra, neuro, oftalmo, fono, geneticista, psicopedagogo, etc). (Cordioli e cols., 2008) Avaliação da criança A entrevista com a criança: É importante que a criança seja preparada para a entrevista pelos pais; Na sala de espera observar: a atitude dos pais; a maneira como a criança se separa dos pais (crianças pequenas costumam solicitar a presença dos pais neste primeiro encontro, o que é aceitável); No consultório observa-se qual a reação ao examinador e aos brinquedos, a primeira associação verbal ou atividade.
(Cordioli e cols., 2008)
Avaliação da criança Ao final da avaliação, o psicoterapeuta lida com 3 crianças: A descrita pelos pais; A construída por ele; A criança que efetivamente encontrará. O psicoterapeuta tem o dever de informar a criança acerca do parecer diagnóstico e da indicação do tratamento, assim como de informá-la de que essa indicação será submetida à apreciação dos pais. Aos pais é necessário explicar, de forma clara, o parecer do terapeuta; se há indicação de atendimento, qual a modalidade, e o estabelecimento um plano de tratamento, que será revisado em vários momentos do atendimento, em encontros regulares com os pais, com ou sem a criança.
(Cordioli e cols., 2008)
Indicações e contraindicações Indicações: Quando se tem o objetivo de compreender sentimentos e pensamentos da criança e as conexões entre o mundo emocional interno e sua externalização. Contraindicações: Quando um dos pais está em desacordo; Pais que apresentam condutas perversas ou sociopáticas, ou funcionamento psicótico, e situações em que não se pode contar com um adulto mais sadio na família.
(Cordioli e cols., 2008)
O processo da psicoterapia de orientação analítica Início: É marcado pela formação da aliança terapêutica entre a criança e seus pais e o psicoterapeuta. São importantes: A compreensão por parte da criança dos motivos pelos quais o psicoterapeuta solicitou sua presença; A investigação sobre a percepção que a criança tem de sua doença e de suas fantasias de cura (Aberastury, 1982); A clarificação explícita do contrato de trabalho; A explicação sobre a função de ser psicoterapeuta; O estabelecimento de uma forma de comunicação própria àquela criança em particular. (Cordioli e cols., 2008) O processo da psicoterapia de orientação analítica Fase intermediária: Inicia quando a aliança de trabalho consolidou-se, permitindo o lento e repetitivo reconhecimento de sentimentos e defesas e suas relações com o comportamento da criança. Atenção especial deve ser dada aos sentimentos contratransferenciais despertados no psicoterapeuta.
(Cordioli e cols., 2008)
O processo da psicoterapia de orientação analítica Fase final: O término segundo Coppolillo (1987), ocorre quando: Há diminuição ou desaparecimento da sintomatologia apresentada pela criança; Há obtenção de prazer advindo de gratificações reais; Há um senso de bem-estar da criança com o seu desenvolvimento, acompanhado de uma convicção verdadeira de seu próprio valor e do valor dos outros.
(Cordioli e cols., 2008)
O processo da psicoterapia de orientação analítica Alguns indícios, segundo Coppolillo (1987), de que a hora de terminar se aproxima podem ser: A sensação de sentir-se bem com a criança, especialmente com as quais não acontecia este fato durante o início e o meio do tratamento, pois isto traduz a capacidade de relacionar-se produtivamente com os outros; A constatação de uma plasticidade da criança em responder e adaptar-se às demandas da realidade, traduzindo uma fluidificação dos mecanismos de defesa; A verificação, por parte do psicoterapeuta, de estar assumindo um papel mais periférico na psicoterapia, pois a criança passou a associar conteúdos por meio do brinquedo e a observar e a concluir algo sobre si mesma por si só; A modificação do padrão de conduta em casa e/ou na escola.
(Cordioli e cols., 2008)
Técnicas cognitivo-comportamentais na infância e adolescência
A utilização da TCC em crianças e adolescentes nos transtornos
de ansiedade, depressão e transtornos alimentares Os transtornos de ansiedade De acordo com o DSM, os subtipos de transtornos de ansiedade encontrados na infância e adolescência são: transtorno de ansiedade de separação (TAS), transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia social (FS), fobias específicas (FE), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno do pânico (TP) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Diferentemente do tratamento de adultos, medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos não são considerados terapêutica de primeira escolha para crianças e adolescentes (Asbahr, 2004). Medicamentos são indicados quando os sintomas forem intensos e interferirem no desempenho global do indivíduo, atuando no alívio imediato do desconforto físico e subjetivo.
(Cordioli e cols., 2008)
O tratamento
(Cordioli e cols., 2008)
Principais técnicas cognitivo- comportamentais utilizadas Relaxamento Treino na imaginação Solução de problemas Manejo de recompensas Reestruturação cognitiva – corrigir pensamentos antecipatórios catastróficos e expectativas negativas sobre acontecimentos futuros Modelação Exposição e prevenção de respostas – a graduação da exposição aos estímulos temidos deve ser planejada com um maior número de etapas (Cordioli e cols., 2008) Principais técnicas cognitivo- comportamentais utilizadas
(Cordioli e cols., 2008)
O papel dos pais Os pais podem ser instruídos para serem: Consultores: eles trazem informações passadas e atuais, além de poderem fornecer inúmeras respostas durante o andamento do tratamento. Colaboradores: eles são envolvidos no tratamento, cooperando na sua condução e nas atividades relacionadas a ele. “Co-pacientes”: os pais podem participar tanto no tratamento de seus filhos como em sessões de terapia familiar, bem como em algumas intervenções específicas (“treinamento de pais”) sobre como lidar com a sintomatologia apresentada por seus filhos. (Cordioli e cols., 2008) Psicoterapia na adolescência Fases da adolescência Adolescência inicial ( 10 aos 13 anos) – mudanças corporais da puberdade, emergência da sexualidade, importantes modificações nas relações familiares em função da maior autonomia do jovem. Adolescência média (14 aos 16 anos) – crescente diferenciação do grupo familiar e estabelecimento de relações autônomas, interesse pelas questões sociais, questionamentos de posições e valores e início do processo de escolha profissional. Fases da adolescência Adolescência tardia (17 aos 19 anos) – busca e afirmação de projetos de vida, capacidade de cuidado pessoal e mútuo, estabelecimento de relações afetivas, reestruturação das relações familiares e capacidade de independência em relação aos pais. Avaliação diagnóstica Entrevista com o adolescente: A tarefa primordial do avaliador é a de propiciar um clima receptivo. Há diferenças no setting conforme o estágio do desenvolvimento: para adolescentes iniciais ou intermediários o avaliador pode deixar à disposição material gráfico. Manifestações não verbais são muito ricas: fotos, cartas, diários, etc. As entrevistas preliminares devem ser capazes de avaliar: o A motivação do adolescente o Sua capacidade de insight o Aquisição do pensamento formal o Capacidade de estabelecer aliança terapêutica
(Cordioli e cols., 2008)
Avaliação diagnóstica Entrevista com os pais: Tem como finalidade a obtenção de dados a respeito do motivo da consulta, da situação de vida atual e da história passada e familiar do paciente.
(Cordioli e cols., 2008)
Indicações e contraindicações
(Cordioli e cols., 2008)
O processo terapêutico É importante a explicitação de regras claras a serem combinadas com o adolescente; A participação dos pais no tratamento é um aspecto importante = recomenda-se a realização de uma ou várias entrevistas prévias ou simultâneas com os pais. Manter o sigilo = resguardar a privacidade do adolescente tem forte impacto na aliança terapêutica e no vínculo com o terapeuta.
(Cordioli e cols., 2008)
O processo terapêutico O processo terapêutico na adolescência exige como técnica do terapeuta: o Uma postura receptiva e empática; o Atenção à transferência e à contratransferência com uma imediata compreensão dos sentimentos presentes na relação; o Atenção à maior facilidade de abandono terapêutico ligada à dificuldade de lidar com frustrações; o No aspecto relacional de considerar o terapeuta como “outro” adulto representante das figuras parentais; o As interpretações devem ser elaboradas de forma direta e clara; o Manejo dos silêncios na sessão.
(Cordioli e cols., 2008)
Término Principais critérios para a decisão do término do tratamento: A melhora sintomática; A capacidade de obtenção de insight intelectual e emocional de sua conflitiva; O aumento da capacidade para a obtenção de prazer não- destrutivo; Possibilidade de conseguir sublimação também por meio de estudo, trabalho e distração; Retomada do curso normal de desenvolvimento esperado para a idade.
(Cordioli e cols., 2008)
Psicoterapia na velhice Temas comuns na psicoterapia do idoso Perdas: Saúde física Diminuição das capacidades Perda de companhia (sentimento de solidão) Perda do cônjuge Perda do trabalho Declínio do padrão de vida Diminuição das responsabilidades
(Cordioli e cols., 2008)
Temas comuns na psicoterapia do idoso Manutenção da autoestima: As alterações físicas se tornam tão pronunciadas que a pessoa é forçada a aceitar uma auto-imagem menos desejada; A autoestima dependia demasiadamente de papéis sociais ou profissionais; A perda do controle sobre a própria vida e o ambiente; A persistência de problemas com a regulação da autoestima ligados às etapas anteriores do ciclo vital que não foram superadas com sucesso (Lazarus, 1989).
(Cordioli e cols., 2008)
Características da psicoterapia no idoso Transferência e contratransferência: Envelhecimento e proximidade da morte. Definido os objetivos: Alívio sintomático; Adaptação para alterações na situação de vida; Aceitação de uma situação de maior dependência; Desenvolvimento da capacidade de falar sobre si mesmo e sobre seus problemas; Alívio de sentimentos de insegurança; Melhora na autoestima; Aumento na capacidade para utilizar os recursos da comunidade (Yesavage; Karasu, 1982).
(Cordioli e cols., 2008)
Psicoterapias específicas Psicoterapia de apoio: Indicada para pacientes que mostram os efeitos limitantes de patologias múltiplas, com diminuição das reservas funcionais dos sistemas orgânicos, manifestações de dano cerebral, restrição das atividades, dificuldade para manter- se sem o apoio direto da família ou de uma instituição, dominância de um funcionamento pré-genital, ausência de estímulos externos, afetos, satisfação e reações de luto recorrentes. O objetivo é o reforço dos sistemas defensivos.
(Cordioli e cols., 2008)
Psicoterapias específicas Psicoterapia de orientação analítica: É indicada aos pacientes que não se encontram em situações emergenciais, de risco de vida ou em situações de regressão severa e que tenham alguma condição de insight. Problemas como a divergência entre as aspirações e a situação atual, a perspectiva de aposentadoria, a percepção da limitação do tempo e a realidade da morte, perdas ou alterações na situação de vida, como dificuldades nos relacionamentos familiares que decorrem das mudanças relativas ao envelhecimento, podem ser abordados com as técnicas de orientação analítica, em pacientes com transtornos de ajustamento ou transtornos de personalidade não- excessivamente incapacitantes.
(Cordioli e cols., 2008)
Psicoterapias específicas Psicanálise: Os objetivos da análise de pacientes idosos são os mesmos de pacientes mais jovens, quais sejam, uma relativa redução ou resolução do conflito intrapsíquico e das dificuldades nos relacionamentos interpessoais consequentes de estruturações de caráter patológico. Entretanto, é preciso considerar que as especificidades dessa etapa da vida promovem situações no campo analítico que são específicas da velhice (perdas, proximidade da morte), (Valenstein, 2000, p. 1.571).
(Cordioli e cols., 2008)
Psicoterapias específicas Psicoterapia breve dinâmica: Essa abordagem pode ser utilizada para muitos pacientes idosos que procuram tratamento psicoterápico com problemas circunscritos, claramente definidos, que podem ser resolvidos dentro de um período breve de tempo, tais como uma reação de ajustamento, uma reação de luto não- resolvida ou um transtorno de estresse pós-traumático.
(Cordioli e cols., 2008)
Psicoterapias específicas Psicoterapia de grupo de orientação analítica: O uso de psicoterapia de grupo na velhice é considerado eficaz, uma vez que o isolamento e a perda da identidade social nessa fase da vida estão associados à depressão, oferecendo ao grupo um espaço de convívio que auxilia o trabalho dessas dificuldades. Essa abordagem, além de proporcionar o uso eficiente de recursos, permitindo o atendimento de um número maior de pacientes, ajuda o idoso a estabelecer um senso de identidade. Como essa é uma fase em que as relações sociais são mais críticas, o grupo oferece uma possibilidade de reaprendizado do relacionamento interpessoal.
(Cordioli e cols., 2008)
Psicoterapias específicas Terapia cognitiva: Essa abordagem tem-se revelado eficaz, especialmente em pacientes idosos cognitivamente prejudicados, com sintomatologia depressiva de diferentes intensidades. A terapia cognitiva apoia mecanismos de defesa como a intelectualização e a racionalização, encoraja a participação ativa do paciente e oferece uma abordagem eficaz para a depressão.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)