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 A combinação relativamente coerente de emoções, temperamento,

pensamento e comportamento é que torna cada pessoa única.


 Da primeira infância em diante, o desenvolvimento da personalidade se
entrelaça com as relações sociais; e essa combinação chama-se
desenvolvimento psicossocial.
 EMOÇÕES
 O padrão característico de reações emocionais de uma pessoa começa a se
desenvolver durante a primeira infância e constitui um elemento básico da
personalidade;
 A cultura também influencia o modo como as pessoas se sentem em relação a
uma situação e a maneira como expressam suas emoções;
 OS PRIMEIROS SINAIS DE EMOÇÃO: os recém nascidos demonstram com
choros, gritos, corpo enrijecido que estão infelizes. Durante o primeiro mês,
ficam quietos ao som de uma voz humana ou quando alguém os pega no colo.
Poderão sorrir quando um adulto pegar suas mãos para fazer com que batam
palmas. À medida que o tempo passa, os bebês tornam-se mais responsivos às
pessoas – sorriem, arrulham, esticam os braços e finalmente vão ao seu
encontro.
 Esses primeiros sinais ou indícios de sentimentos nos bebês são importantes
indicativos de desenvolvimento;
 Quando suas mensagens trazem uma resposta, aumenta a sensação de ligação
com outras pessoas e tornam-se mais aptos a participar ativamente na
regulação de seus estados de excitação e de sua vida emocional;
 O CHORO:
- À medida que crescem, as crianças começam a perceber que o choro serve a
uma função comunicativa;
- Chorar é a maneira mais veemente – e às vezes a única – de os bebês
comunicarem suas necessidades;
- Algumas pesquisas distinguiram quatro padrões de choro (Wolff, 1969): o
choro de fome, o choro de raiva; o choro de dor e o choro de frustração;
- Aos 5 meses, os bebês aprenderam a monitorar as expressões dos cuidadores,
e se forem ignorados primeiro choram com mais intensidade numa tentativa de
obter atenção, e depois param de chorar se a tentativa não for bem-sucedida;
- Alguns pais preocupam-se com o fato de, ao pegar constantemente o bebê
chorão no colo, estar mimando a criança. A maioria das evidências sugere que
isso não é verdade, especialmente quando são altos os níveis de aflição. Se os
pais, no entanto,deixarem o choro de aflição transformar-se em gritos
estridentes de fúria, talvez fique mais difícil acalmar o bebê; e esse padrão, se
repetidamente vivenciado, poderá interferir na capacidade da criança de regular
ou administrar seus próprios estados emocionais;
- Em termos ideais, o método mais saudável, do ponto de vista do
desenvolvimento, talvez seja evitar a aflição, tornando desnecessária a
tranquilização;
 SORRISO E RISADA:
- Os primeiros sorrisos ocorrem espontaneamente logo após o nascimento,
aparentemente como resultado da atividade do sistema nervoso subcortical.
Esses primeiros sorrisos às vezes são conhecidos como “sorrisos instintivos”
porque geralmente ocorrem em resposta a processos fisiológicos;
- Esses sorrisos involuntários aparecem frequentemente durante os períodos de
sono REM;
- Com 1 mês de idade, os sorrisos geralmente são induzidos por tonalidades
altas, quando o bebê está sonolento. Durante o segundo mês, à medida que
desenvolve o reconhecimento visual, o bebê passa a sorrir mais com os
estímulos visuais, como os de faces que ele conhece;
-O sorriso social, quando os recém-nascidos olham para os pais e sorriem para
eles, não se desenvolve antes do segundo mês de vida. Esse sorriso sinaliza a
participação ativa e positiva do bebê no relacionamento.
- A risada é uma vocalização ligada ao sorriso que se torna mais comum entre os
4 e os 12 meses, quando pode significar a mais intensa e positiva emoção;
- Aos 6 meses de idade, os sorrisos do bebê refletem uma troca emocional com
um parceiro. Conforme ele cresce, torna-se mais ativamente envolvido em
comportamentos divertidos de ação mútua;
- Por exemplo: Uma criança de 6 meses poderá dar risadinhas em resposta à
mãe quando esta produzir sons incomuns ou aparecer com uma toalha cobrindo
o rosto; aos 10 meses, se a toalha cair, talvez tente, rindo, colocá-la de volta no
rosto da mãe. Essa mudança reflete o desenvolvimento cognitivo: quando ri do
inesperado, o bebê demonstra que sabe o que espera; ao inverter as ações, ele
mostra que tem consciência de que pode fazer as coisas acontecerem.
- A risada também ajuda o bebê a descarregar tensões, como o medo de um
objeto ameaçador;
- O sorriso antecipatório – quando os bebês sorriem ao ver um objeto e depois
olham para um adulto enquanto continuam sorrindo – pode ser o primeiro
passo. O sorriso antecipatório aumenta abruptamente sua frequência entre os 8
e 10 meses e parece estar entre os primeiros tipos de comunicação em que o
bebê refere-se a um objeto ou experiência;
- Os primeiros sorrisos podem ajudar a prever o desenvolvimento futuro.
- Bebês de 4 meses que sorriem mais em resposta a um móbile tendem a ser
mais exuberantes aos 4 anos, mais propensos a conversarem e a participarem;
-A forma como o bebê sorri, bem como os momentos em que o faz, muda com o
desenvolvimento;
-QUANDO APARECEM AS EMOÇÕES ?
 O desenvolvimento emocional é um processo ordenado; emoções complexas
desdobram-se de outras mais simples;
 De acordo com um dos modelos, o bebê revela sinais de contentamento,
interesse e aflição logo após o nascimento;
 Aproximadamente nos próximos seis meses, após os três anos, esses estados
emocionais iniciais se diferenciam em verdadeiras emoções: alegria, surpresa,
tristeza, repugnância, e depois raiva e medo – reações a eventos que têm
significado para o bebê;
 EMOÇÕES AUTOCONSCIENTES: como o constrangimento, a empatia e a inveja,
surgem somente depois que a criança desenvolveu a autoconsciência;
 AUTOCONSCIÊNCIA É: compreensão cognitiva de que ela tem uma identidade
reconhecível, separada e diferente do resto de seu mundo. Essa consciência da
própria identidade parece emergir entre 15 e 24 meses. A autoconsciência é
necessária para que a criança possa estar consciente de ser o foco da atenção,
identificar-se com o que outras “identidades” estão sentindo, ou desejar o que
outra pessoa tem;
 Por volta dos 3 anos, tendo adquirido autoconsciência e mais algum
conhecimento sobre os padrões, regras e metas aceitas de sua sociedade, a
criança torna-se mais capacitada para avaliar seus próprios pensamentos,
planos, desejos e comportamento com relação àquilo que é considerado
socialmente apropriado;
 Só após esse processo a criança pode desmontar as emoções autoavaliadoras
como orgulho, culpa e vergonha;

-CRESCIMENTO DO CÉREBRO E DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL


 O desenvolvimento do cérebro após o nascimento está intimamente ligado a
mudanças na vida emocional: as experiências emocionais são afetadas pelo
desenvolvimento do cérebro e podem causar efeitos duradouros na estrutura
cerebral;
 Durante os três primeiros meses, começa a diferenciação das emoções básicas
à medida que o córtex cerebral torna-se funcional e faz emergir as percepções
cognitivas. Diminuem o sono REM e o comportamento reflexo, incluindo o
sorriso neonatal espontâneo;
 A segunda mudança ocorre por volta dos 9 ou 10 meses, quando os lobos
frontais começam a interagir com o sistema límbico, uma das regiões do
cérebro associada às reações emocionais. Conexões entre o córtex frontal e o
hipotálamo e o sistema límbico, que processam a informação sensorial, podem
facilitar a relação entre as esferas cognitiva e emocional. À medida que essas
conexões tornam-se mais densas e mais elaboradas, o bebê poderá ao mesmo
tempo experimentar e interpretar emoções;
 A terceira mudança ocorre durante o segundo ano, quando o bebê desenvolve
a autoconsciência, as emoções autoconscientes e maior capacidade para
regular suas emoções e atividades. Essas mudanças, que coincidem com maior
mobilidade física e com o comportamento exploratório, podem estar
relacionadas à mielinização dos lobos frontais;
 A quarta mudança ocorre por volta dos 3 anos, quando alterações hormonais
no sistema nervoso autônomo (involuntário) coincidem com a emergência das
emoções avaliadoras. Subjacente ao desenvolvimento de emoções como a
vergonha pode estar um afastamento da dominância por parte do sistema
simpático, a parte do sistema autônomo que prepara o corpo para a ação,
enquanto amadurece o sistema parassimpático, a parte do sistema autônomo
envolvida na excreção e na excitação sexual;

-AJUDA ALTRUÍSTA, EMPATIA E COGNIÇÃO SOCIAL


 O comportamento altruísta parece surgir naturalmente em crianças pequenas.
Bem antes do segundo aniversário, as crianças costumam oferecer ajuda a
outros, compartilhar pertences e alimentos e prestar consolo;
 No entanto, o ambiente também influencia o grau de altruísmo;
 Sobre a empatia... A capacidade de imaginar como outra pessoa poderia estar
se sentindo em uma determinada situação;
 As origens da empatia podem ser vistas no começo da primeira infância. Bebês
de 2 e de 3 meses reagem às expressões emocionais dos outros. Bebês de 6
meses envolvem-se em avaliação social, valorizando alguém com base no
tratamento que essa pessoa dá aos outros;
 Os chamados “neurônios espelhos” podem ser a base da empatia e do
altruísmo;
 Os neurônios espelhos, localizados em várias partes do cérebro, são ativados
quando uma pessoa faz alguma coisa, mas também quando ela observa outro
indivíduo fazendo o mesmo.
 Ao “espelharem” as atividades e motivações dos outros, permitem que se veja o
mundo do ponto de vista da outra pessoa;
 A empatia também depende da cognição social, a capacidade de entender que
os outros possuem estados mentais e de avaliar seus sentimentos e intenções;
 Pesquisas recentes sugerem que a cognição social tem início do primeiro ano de
vida.
- TEMPERAMENTO
 O temperamento às vezes é definido como o modo característico, com base
biológica, de uma pessoa abordar e reagir a outras pessoas e às situações;
 O temperamento não descreve o que as pessoas fazem, mas o modo como
fazem;
 O temperamento poderá afetar não só o modo como a criança se aproxima do
mundo exterior e reage a ele, mas como ela regula suas funções mentais e
emocionais e seu comportamento;
 Duas crianças, por exemplo, podem ser igualmente capazes de se vestirem
sozinhas e estarem igualmente motivadas, mas uma delas talvez o faça mais
rápido do que a outra, esteja mais disposta a vestir uma roupa nova e talvez não
se impressione com um gato que venha a pular sobre a cama;
 O temperamento tem uma dimensão emocional; mas diferentemente de
emoções como o medo, a excitação e o tédio, que aparecem e desaparecem, ele
é relativamente estável e duradouro;
 As diferenças individuais no temperamento, que, acredita-se, derivam da
constituição biológica básica da pessoa, formam o núcleo da personalidade em
desenvolvimento;
 O temperamento parece ser em grande parte inato, provavelmente hereditário
e razoavelmente estável;
 Pesquisadores que utilizaram tipos de temperamento semelhantes àqueles do
NYLS descobriram que o temperamento aos 3 anos prevê aproximadamente a
personalidade aos 18 e aos 21 anos;
 Isso não significa, porém, que o temperamento esteja plenamente formado no
nascimento. Ele se desenvolve à medida que aparecem as várias emoções e
capacidades autorregulatórias e pode mudar em resposta ao tratamento dado
pelos pais e a outras experiências da vida;
 O temperamento também pode ser afetado por práticas de educação infantil
influenciadas pela cultura;
 Temperamento e adaptação- adequação da educação: Segundo o
NYLS, a chave para uma adaptação saudável é a adequação da educação a
combinação entre o temperamento de uma criança e as exigências e restrições
ambientais que ela deve enfrentar.
 Bebês com temperamentos difíceis podem ser mais suscetíveis à qualidade dos
cuidados parentais do que bebês de temperamento fácil ou de aquecimento
lento, e talvez precisem de mais apoio emocional combinado com respeito por
sua autonomia;
 Cuidadores que reconhecem que a criança age de certa maneira, não de
propósito, por preguiça ou estupidez ou para irritá-los, mas por causa
principalmente de um temperamento inato, estão menos propensos a sentir
culpa, ansiedade ou hostilidade, a perder o controle, ou a se tornarem rígidos
ou impacientes. Poderão prever as reações da criança e ajudá-la a se adaptar;

- TIMIDEZ E OUSADIA: INFLUÊNCIAS DA BIOLOGIA E DA CULTURA


 Os pesquisadores sugeriram que crianças inibidas podem ter nascido com uma
amígdala mais excitável do que a média;
 A amígdala é uma estrutura do cérebro que detecta e reage a eventos não
familiares, e que está envolvida nas respostas emocionais;
 Outras influências ambientais, como ordem de nascimento, raça/etnia, cultura,
relacionamento com professores e com os pares, bem como eventos
imprevisíveis, também podem reforçar ou abrandar o temperamento original de
uma criança;

 AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS: O BEBÊ NA FAMÍLIA


 Quando discutimos padrões de interação adulto-bebê, precisamos considerar
que muitos desses padrões são de origem cultural;
 As práticas educativas e os padrões de interação variam muito em todo o
mundo, dependendo de como uma cultura vê a natureza e as necessidades da
criança;
 Vejamos primeiro os papéis da mãe e do pai – como eles educam e brincam com
seus bebês, e como sua influência começa a moldar as diferenças de
personalidade entre meninos e meninas;
-O PAPEL DA MÃE
 A alimentação não é a única coisa, ou mesmo a mais importante, que bebês
recebem de suas mães;
 A maternidade inclui o conforto do contato íntimo com o corpo e, pelo menos
em macacos, a satisfação de uma necessidade inata de se agarrar à mãe;
 Bebês humanos também têm necessidades que precisam ser satisfeitas para
que cresçam normalmente. Uma dessas necessidades é por uma mãe que
responda afetuosamente e prontamente ao bebê;
-O PAPEL DO PAI

 O papel da paternidade é basicamente uma construção social, tendo diferentes


significados em diversas culturas;
 O papel pode ser assumido ou compartilhado por alguém que não seja o pai
biológico: o irmão da mãe, como na Botsuana; ou um avô, como no Vietnã;
 Em algumas sociedade, os pais estão mais envolvidos na vida de seus filhos
pequenos – economicamente, emocionalmente e no tempo que lhe é
dedicado– do que em outras;
 O envolvimento frequente e positivo do pai com seu filho, desde a primeira
infância, está diretamente relacionado ao bem-estar e ao desenvolvimento
físico, cognitivo e social da criança;
- GÊNERO: O QUANTO MENINOS E MENINAS SÃO DIFERENTES?
 Diferenças mensuráveis entre bebês do sexo masculino e do sexo feminino são
poucas, pelo menos em amostras norte-americanas;
 Começando no período pré-natal, os meninos são mais ativos que as meninas.
 As meninas são menos reativas ao estresse e mais propensas a sobreviverem à
primeira infância;
 O cérebro dos meninos ao nascer é aproximadamente 10% maior que o das
meninas, uma diferença que continua na vida adulta;
 Por outro lado, os dois sexos são igualmente sensíveis ao toque e tendem a ter
a primeira dentição, a sentar-se e a andar por volta da mesma idade;
 Outros marcos motores também são atingidos mais ou menos no mesmo
tempo;
 Umas das primeiras diferenças comportamentais entre meninos e meninas, e
que aparece entre 1 e 2 anos, está na preferência por brinquedos e
brincadeiras e por amiguinhos do mesmo sexo;
 Meninos já aos 17 meses tendem a brincar mais agressivamente do que as
meninas;
 Entre 2 e 3 anos, meninos e meninas tendem a dizer mais palavras pertinentes
a seu próprio sexo (tais como “trator” versus “colar”) do que a do outro sexo;
 Psicólogos encontraram evidência de que bebês começam a perceber
diferenças entre homens e mulheres bem antes de seu comportamento ser
diferenciado por gênero, e mesmo antes de poder falar;
 Estudos de habituação constataram que bebês de 6 meses respondem
diferentemente a vozes masculinas e femininas;
 Entre 9 e 12 meses, os bebês conseguem distinguir a diferença entre faces
masculinas e femininas, aparentemente com base no cabelo e no vestuário;
 Aproximadamente aos 19 meses, as crianças começam a usar rótulos de gênero
como “mamãe” e “papai” para descrever pessoas de seu mundo social, e
aquelas que começam a usar esses rótulos mais cedo geralmente também se
envolvem mais cedo em brincadeiras ligadas ao gênero;
 Durante o segundo ano, as crianças começam a associar brinquedos típicos de
gênero, como bonecas, com a face do gênero apropriado;

-COMO OS PAIS MOLDAM OS GÊNEROS?


 Os pais tendem a pensar que bebês do sexo masculino e do sexo feminino são
mais diferentes do que realmente são;
 Os pais começam já muito cedo a influenciar a personalidade de meninos e
meninas. O pai, especialmente, promove a tipificação de gênero, processo em
que os filhos aprendem o comportamento que sua cultura considera
apropriado para cada sexo;
 O pai trata meninos e meninas mais diferenciadamente do que a mãe, mesmo
durante o primeiro ano;
 Durante o segundo ano, o pai conversa mais e passa mais tempo com os filhos
do que com as filhas e a mãe conversa mais, e é mais atenciosa, com as filhas
do que com os filhos;
 As meninas nessa idade tendem a ser mais falantes do que os meninos e o pai
brinca de modo mais brusco com os filhos e demonstra mais sensibilidade com
as filhas;
 Variações transculturais sugerem que a brincadeira ríspida não é uma função
da biologia masculina, mas, sim, fruto de influências culturais.

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