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Técnicas Cognitivo-

Comportamentais: princípios e
aplicações
Teorias e Técnicas Psicoterápicas II
Profª. Ana Clara Aubin
Questionamento Socrático
Questionamento
• É uma técnica utilizada o tempo todo ao longo da terapia. A maior parte
das técnicas cognitivas se utiliza dela.

• Os propósitos do questionamento:

1. No início da terapia, durante a avaliação, as perguntas do terapeuta


reúnem todas as informações importantes sobe o paciente.

2. É a principal ferramenta para identificação dos PAs: durante a sessão, o


terapeuta observa relação entre eventos externos – uma situação – e
reações do paciente, emocional, comportamental ou fisiológica, e
quando percebe alguma mudança de humor em seu paciente, o
terapeuta pergunta sobre os pensamentos que passaram pela mente do
paciente justamente antes da mudança do humor (BARLOW, 1999)
Questionamento
• Uma série de perguntas, bem planejadas, pode ajudar o paciente a perceber com
maior objetividade seus problemas e/ou suas decisões;

• Questionamento ajuda o paciente a avaliar vantagens e desvantagens de possíveis


soluções de um problema (BARLOW, 1999, p. 288-289).

• As perguntas devem ser feitas com cuidado e com habilidade. O questionamento


do paciente não deve ser utilizado para descobrir e apontar contradições em suas
respostas, pois isso pode ser sentido ou interpretado como um ataque ou como
uma manipulação.

• O objetivo do questionamento (isso nunca deve ser esquecido) é ajudar o paciente


a reconhecer seus pensamentos e esquemas, a reconhecer, ele próprio, as
soluções mais adequadas para seus problemas (BARLOW, 1999, p. 289).
Questionamento Socrático
• Sócrates costumava iniciar uma discussão sobre algo com uma pergunta,
que obtinha opiniões de seu interlocutor, que ele primeiramente as
aceitava. Depois, por meio de perguntas e respostas, mostrava o
contraditório ou absurdo das opiniões originais, levando ao interlocutor a
reconhecer seu desconhecimento sobre o assunto. Esta primeira parte do
método de Sócrates, destinada a levar o indivíduo à convicção do erro, é a
ironia. Depois, continuando o diálogo, e partindo da opinião primitiva do
interlocutor, constrói com o interlocutor o conhecimento daquilo que se
discute. Sócrates deu a esta última parte a designação de maiêutica - a
arte de fazer nascer as ideias. É este o método que encontramos
amplamente desenvolvido nos diálogos socráticos de Platão, onde a
verdade nasce da discussão e não de uma "verdade" anterior afirmada.
• Importante recurso na prática clínica e uma das pedras
angulares da Terapia Cognitiva.
• É também denominado Diálogo Socrático ou Método
Socrático.
• Pode ser definida como uma série de questões
cuidadosamente elaboradas para levar a conclusões
lógicas em relação a um problema e para fornecer
diretrizes adequadas para futuras ações.
• É uma forma de questionamento usado na TCC que tem como base uma
relação empírica colaborativa. O objetivo da técnica é “ajudar os pacientes
a reconhecerem e modificarem o pensamento desadaptativo”.

• Para Rangé e Sousa (2009, p. 275), “O questionamento socrático consiste no


levantamento das evidências que sustentam ou não a lógica do
pensamento do paciente, para que seja possível o desenvolvimento de
interpretações alternativas.”.

• Os PAs e as crenças da pessoa são transformados em hipóteses a serem


testadas. Perguntas apropriadas para isso são: “Quais as evidências de que
este é um pensamento realista?”, ou “Há outras interpretações
possíveis?”, ou “E se o pior acontecer?”
• “O questionamento socrático incentiva os pacientes a submeter seus
pensamentos à análise lógica”. “O terapeuta frequentemente tem um
objetivo em mente durante esse processo de descoberta” (WRIGHT et al.,
2012, p. 115).
• Os mesmos autores apresentam algumas dicas para usar o questionamento
socrático: a) Os terapeutas devem visar os pontos principais, ou os
problemas-chave, ao fazer o questionamento socrático. b) As perguntas
devem criar uma abertura para a mudança no modo de pensar, no modo
de perceber a realidade ou no modo de se comportar. c) As perguntas
devem ser feitas de tal forma que estimulem um modo de pensar
adaptativo, sem confundir o paciente.
• Em vez de fornecer respostas, o terapeuta
cognitivo realiza uma exploração cooperativa
de determinado tema.

• Embora o Diálogo Socrático possa ser útil


isoladamente, é habitualmente utilizado em
conjunto com outras técnicas e empregado
durante todo o processo terapêutico.
• O Diálogo Socrático contém três componentes
básicos:

a) Questionamento Sistemático

b) Raciocínio Indutivo

c) Definições Universais
Questionamento Sistemático

• Envolve a formulação de uma série de


questões cujo objetivo é desenvolver, no
cliente, habilidades para pensar de forma
independente.
Raciocínio Indutivo

• É o processo de derivar inferências e


princípios gerais a partir de observações
particulares.
Definições Universais

• Descrição de um conceito e de suas


propriedades, de forma que ele possa ser
utilizado e compreendido mesmo quando as
circunstâncias variam. A utilização de definições
universais durante o processo terapêutico auxilia
a “reduzir ambiguidades e vieses”.
• A utilização do Diálogo Socrático vai além da
utilização de questões com o objetivo de obter
dados de fatos e de detalhes. As questões
devem ser elaboradas para encorajar o cliente
a analisar, sintetizar e avaliar diferentes fontes
de informação, bem como desenvolver
habilidades para solucionar problemas
• Características chave do questionamento socrático:

1. Faça perguntas que revelem oportunidades de mudança.

2. Faça perguntas que tragam resultados.

3. Faça perguntas que envolvam os pacientes no processo de


aprendizagem .

4. Elabore perguntas de forma que seja produtivo para o


paciente

5. Evite fazer perguntas de comando.


• Uma boa forma de desenvolver habilidades para aprender
a utilizar o Diálogo Socrático é ouvir sessões gravadas de
atendimento, parar cada vez que o terapeuta tiver feito
uma observação ou uma pergunta e tentar elaborar uma
questão com o mesmo objetivo, mas de forma mais
proveitosa.
• Embora, seja uma excelente estratégia, o Diálogo Socrático
não deve ser utilizado excessivamente, mas sim alternado
com diálogos não socráticos, para não limitar a
espontaneidade do cliente e também para não prejudicar a
relação terapeuta-cliente.
• Um tipo de questionamento socrático é a Descoberta Guiada.

• A descoberta guiada é uma das técnicas mais utilizadas e consiste em


“fazer boas perguntas que ajudem os pacientes a entenderem como seus
padrões de pensamento fazem parte de seus problemas”.

• A técnica pode ser utilizada primeiro para identificar os PAs desadaptativos


e depois para modificá-los (WRIGHT et al., 2012, p. 108-109).

• De acordo com Wright, Basco e Thase (2008, p. 28), a descoberta guiada é


uma forma especial de questionamento socrático através da qual “o
terapeuta faz uma série de perguntas com objetivo de revelar padrões
disfuncionais de pensamento ou comportamento”
• Estratégias altamente produtivas:
1. Faça questionamentos que estimulem a emoção.
2. Seja específico.
3. Focalize em eventos recentes não no passado distante.
4. Mantenha-se em uma linha de questionamento e um tópico.
5. Vá fundo.
6. Utilize suas habilidades de empatia
7. Conte com a formulação de caso para saber que caminho tomar.
• A seta descendente é um método de questionamento socrático e é uma
técnica bastante útil na busca de crenças que mantêm o quadro . É
utilizada em situações quando os PAs negativos ou disfuncionais se
revelam verdadeiros. Nesses casos, o que é importante é investigar quais
são as crenças subjacentes que potencializam o pensamento (POWELL et
al., 2008).

• Uma vez identificado um PA (carregado de emoção), o terapeuta faz uma


série de perguntas, em busca de CIs, ou seja, em busca do significado que
os pensamentos mais manifestos têm para o paciente. As CIs envolvem os
pressupostos (“Se... então...) e as regras (“tenho que”) (KNAPP, 2007).
• Digamos que o paciente preveja que será ignorado ou rejeitado numa
festa e que isso se torne verdade.

• • Explorar as crenças subjacentes ao medo desse resultado ajuda a


despotencializar o pensamento. Com essa técnica, o terapeuta continua a
fazer perguntas sobre o pensamento ou evento: “O que aconteceria,
então, se isso fosse verdade?” ou “O que isso significa para você, se
acontecesse?”.

• • Referimo-nos a esse processo como seta descendente – tentamos cavar


até o fundo da crença. [...] o terapeuta escreve o pensamento do paciente
na parte superior da página e então desenha uma flecha para baixo, em
direção à série de pensamentos ou eventos implícitos no pensamento
original (LEAHY, 2008).
Perguntas feitas na técnica da seta
descendente
• “Se (seu pensamento) for verdadeiro, o que isso significa para (ou
de) você?
• Por que isso seria um problema?
• O que aconteceria?
• Essas perguntas são feitas após cada resposta dada.
• Exemplo: “Você disse que, se for rejeitado na festa, isso significa
que você não é atraente. O que aconteceria se você não fosse
atraente?”
Identificando Crenças Centrais sobre
si mesmo
Situação (RPD)

O que isso significa ou diz a meu respeito?

O que isso significa ou diz a meu respeito?

O que isso significa ou diz a meu respeito?


Identificando Crenças Centrais a
respeito dos outros
Situação (RPD)

O que isso significa ou diz a respeito das outras pessoas?

O que isso significa ou diz a respeito das outras pessoas?

O que isso significa ou diz a respeito das outras pessoas?


Identificando Crenças Centrais a
respeito do mundo
Situação (RPD)

O que isso significa ou diz a respeito do mundo?

O que isso significa ou diz a respeito do mundo?

O que isso significa ou diz a respeito do mundo?

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