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12/11/2021
Avaliação Psicológica
É um processo complexo não redutível à instrumentação diagnóstica, mas sim
algo dinâmico que ocorre ao longo do tempo e que implica uma série de fases com
objetivos e procedimentos determinados. (podemos ter varias fases do processo de
avaliação tanto no inicio, como durante o próprio processo de intervenção).
1. A entrevista comportamental
Objetivos:
Revisão dos principais componentes e temas da entrevista com
crianças/adolescentes
Refletir sobre a importância das múltiplas fontes de informação e o papel que o
desenvolvimento desempenha no processo da entrevista
Competências e estratégias necessárias para conduzir a entrevista (ex: métodos
não estruturados, semi-estruturados e estruturados)
2. Objetivos da entrevista
1ª reunião com os pais e com a criança ocorre durante a entrevista clínica
Objetivos:
Recolher a informação diagnóstica importante (o que se passa na perspetiva dos
pais e na perspetiva da criança, e muitas vezes o problema não está na criança,
mas sim nos pais)
Avaliar contingências ambientais
Formular as estratégias de tratamento (mediante a informação que recolhermos,
é essa informação que vai dirigir as estratégias que vamos utilizar)
O contexto do Desenvolvimento
É importante avaliar o contexto de desenvolvimento do comportamento
Fase de desenvolvimento da criança pode ter implicações para o
prognóstico/diagnóstico e tratamento:
- DSM-V: perturbações diagnosticadas na infância e adolescência (rever)
Papel do desenvolvimento no diagnóstico:
Critérios de diagnóstico são diferentes da idade adulta
Algumas perturbações manifestam-se de forma diferente em
diferentes fases do desenvolvimento
Exemplo: DEP manifesta-se com irritabilidade nas crianças
A Relação de Colaboração
Estabelecer uma relação de colaboração com a criança e coma família.
Entrevista com a criança considera a idade e a etapa desenvolvimento.
A ansiedade e medo na criança: falar sobre temas que sejam familiares, temas
que interessem à criança (ex: programas de tv)
Estabelecer uma relação com todos os que avaliamos
Escuta eficaz
Escuta de forma atenta e empática
Possibilidade de avaliar a comunicação não verbal da criaça/adolescente
Tom de voz, expressão facial…
Substituir algumas expressões técnicas por expressões mais simples
O psicólogo deve estar atento à sua comunicação não verbal
Áreas da SCICA
Contingência ambiental
Contexto familiar e escolar
Fatores de risco
Atividades, escola, emprego
Amigos e relações familiares
Fantasias
Auto perceção e sentimentos
Problemas relatados pelos pais e professores
Testes de realização (opcional
Para idades de 6-12: pesquisar anormalidades motoras – destreza fina e
grossa (opcional
Para idades 13-18: queixas somáticas, álcool, droga e problemas com
lei.
Objetivos da Entrevista
• Estabelecer a relação terapêutica
• Obter informação
• Avaliar a psicopatologia/Diagnóstico
• Dar informação ao paciente
• Conceptualizar os problemas
• Formular hipóteses
• Seleccionar e definir objectivos terapêuticos
Tipos de Entrevista
• Entrevistas estruturadas
• Entrevistas semi-estruturadas
• Entrevistas não estruturadas
Fases
• Fase de Abertura
• Fase de Reconhecimento
• Fase de Finalização
Conteúdo da Entrevista
1. Problema Presente/Razão do Pedido
Objectivo:
– Resumir o problema apresentado pelo paciente a uma ou duas
frases que identifiquem a natureza do pedido;
– Muitas vezes apresentado nos termos do paciente.
2. História do Problema
• Há quanto tempo ocorre;
• O que iniciou;
• Gravidade;
• Padrão de ocorrência e mudança;
• De que modo afeta a vida do paciente;
• Como lida com os sintomas;
• O papel que os outros têm no problema do paciente;
• Tratamentos prévios.
• Curso desenvolvimental do problema
– Recolha de informação acerca das circunstâncias presentes no
início dos sintomas e de como o paciente ou outros os notaram.
– Em que circunstâncias voltou a aparecer.
– Que mudanças notou ao longo do tempo.
• De que modo afeta a vida do paciente
– Reflete quer a gravidade do problema, o modo como o paciente
lida com ele (competências de confronto), o suporte social e o
funcionamento interpessoal.
– A gravidade do problema manifesta-se e infere-se a partir do
número de atividades como trabalho, escola, e relações interpessoais que
são afetadas.
• Modo como o paciente lida com os sintomas ou problemas
• Risco de Suicídio
– “Já alguma vez desejou não estar vivo?”
– “Tem tido pensamentos acerca da morte?”
– “Fez planos para se matar?”
• Outros problemas: “Está preocupado com mais alguma área da sua
vida neste momento?”
Áreas:
– Trabalho/escola
– Família e relações conjugais
– Amigos e vida social
– Stress interior e saúde
3. História Familiar e Social
• História social e desenvolvimental
– Estrutura das relações familiares e mudanças da mesma ao
longo do tempo.
• Amizades, problemas com autoridades, educação, trabalho, relações
íntimas.
• História sexual (relações íntimas, padrões de disfunção, abuso).
Áreas:
– Nascimento
– Desenvolvimento Pré-escolar
– Experiência Escolar, Adolescência
– História Adulta
4. História Médica
• Antecedentes
– desordens psiquiátricas
– tratamento psiquiátrico
– Hospitalizações
• Resposta à medicação
• Psicoterapia
• Revisão dos problemas médicos, tratamentos associados e medicação
(atual e anterior).
• Utilização de substâncias (álcool, tabaco, drogas ilegais).
5. Estado Mental
• Aparência
• Funcionamento cognitivo
• Afeto e humor
• Estilo interpessoal
• Comportamentos especiais
• Necessidades especiais
• História Pessoal
– Breve resumo da história desenvolvimental do paciente, incluir
relações com pais, outros significativos, familiares, história escolar e
profissional, principais relações afectivas, etc.
• História médica
• Diagnóstico
• Eventual sugestão de plano terapêutico
Administração
Aplica-se à criança/adolescente entre os 5 aos 12 anos
Material
Folha de papel A4, branca
Lápis afiado (de cores, só se a criança pedir)
Não é permitido uso de borracha nem régua
Instruções
“gostaria que tu me desenhasses uma família”
Caso pergunte “qual família?”:
“desenhas a família que tu quiseres”
Interpretação
Mecanismos de defesa
Quanto mais os mecanismos de defesa utilizados correspondem a mecanismos
imaturos mais perturbadora é a situação familiar do indivíduo e menos capaz ele
estará de gerir as suas relações com a família.
Identificações
Avaliar se a criança faz uma identificação de realidade (o que indica que ela está
bem com ela própria no seio da família) ou uma identificação diversa da sua
Escala verbal:
Informação
Semelhanças
Aritmética
Vocabulário
Compreensão
Memoria de dígitos
Escala manipulativa:
Código
Complemento de gravuras
Cubos
Disposição de gravuras
Composição de objetos
Labirintos
QI Classificação
130 ou mais Muito Superior
120-129 Superior
110-119 Médio Superior
90-109 Médio
80-89 Médio inferior (normal lento)
70-79 Inferior (Zona Fronteiriça)
<69 Muito Inferior (incapacidade intelectual)
50-70 Def. Mental Ligeira
35-49 Def. Mental Moderada
20-34 Def. Mental Grave
Abaixo de 20 Profunda
Descrição:
Apresentam-se laminas que mostram conjuntos geométricos incompletos que o
sujeito deve completar
Em cada lâmina existe um conjunto geométrico incompleto, e na parte inferior
várias figuras pequenas, uma das quais serve para completar o conjunto.
O sujeito deve identificar a parte que o completa.
Caracteristicas psicométricas
SPM (1938-1995): Irlanda, Reino Unido, EUA
Fidelidade:
Entre .65 e .93 (CPM)
Teste-reteste: .81 e .87
Validade:
Validade concorrente: SPM e WISC (.41).
Validade concorrente: CPM e teste de Goodenough (.76).
Material
– Manual do teste, caderno das matrizes e folha de resposta.
Procedimentos
– Apresenta-se ao sujeito o caderno de matrizes e uma folha de respostas onde a
pessoa avaliada anota a resposta que seleciona para completar o conjunto geométrico
incompleto. – Não há limite de tempo para a realização da prova.
Pontuação:
– Consiste no número de acertos que posteriormente se converte numa
pontuação percentil.
CPM: dispõe de normas para crianças dos seis aos onze anos (6-11).
SPM: dispõe de normas para crianças (9-12 anos), adolescentes (12 a 18 anos) e
para adultos
Definição:
- “Instrumentos especialmente sensíveis para revelar aspetos inconscientes da
pessoa que provocam uma ampla variedade de respostas subjetivas”.
- Multidimensionais.
- Material utilizado como estímulo apresentado ambíguo.
- Não existem respostas corretas ou incorretas e a interpretação depende de
uma análise (haverá sempre uma ligeira manobra de subjetividade).
- “Conjunto de instrumentos cujo objetivo é descrever e caracterizar a
personalidade”
Técnicas projetivas
Existem sérias dúvidas sobre o valor científico dos resultados obtidos através
destas provas
Falta de base teórica clara.
Psicanálise (projeção do munto interno do sujeito), Gestalt (liga a
personalidade à perceção).
Temáticas
o Material visual com diferenças de graus de estruturação formal de conteúdo
humano ou parahumano (mistura de humano com animal) cuja tarefa é narrar
uma histótoa (ex: Roberts)
Expressivas
o Tarefa verbal ou escrita de desenhar umas figuras (ex: desenho da figura
humana, da família).
Construtivas
o Material concreto que o sujeito deve organizar ou construir
Associativas
o Tarefa verbal ou escrita (consoante a faixa etária) através da qual o sujeito
deve associar ou completar verbalmente palavras, frases ou pontos (frases
incompletas, fábulas)
Escalas Adaptativas
1. Pedido de Ajuda (REL) - alguma das personagens pede algo a outra (ex: apoio,
aprovação, material)
2. Suporte-outros (SUP-O) - alguma das personagens dá algo ou interage
positivamente com outra personagem
3. Suporte-crianças (SUP-C) - alguma das personagens sente-se feliz (ou
sentimento equivalente) ou evidencia apropriado autocontrolo (ex: assertividade,
autossuficiência).
4. Limite do Comportamento (LIM) - uma personagem adulta coloca limites ao
comportamento da criança, pune-a ou aconselha-a.
5. Identificação do problema (PROB) – pode ou não haver essa identificação
6. Resolução (RES-1, RES-2, RES-3) – a história tem uma resolução. Há 3 tipos
diferentes de resolução:
A RES-1 é codificada para histórias em que o problema deixa
subitamente de existir ou tem uma resolução mágica (6)
Na RES-2 a história tem uma finalização adaptativa e há alguma
discriminação dos passos que conduziram à resolução (7)
Na RED-3, para além dos requisitos da RES-2, é necessário a presença
de extrapolações ou generalizações para situações futuras. (8)
Escalas Clínicas
Indicadores Clínicos
Escalas
Escalas que não podem ser codificadas simultaneamente para a mesma história:
População alvo
Crianças/adolescentes dos 6 aos 18 anos (tentar manter até aos 15/16 anos
apenas)
Aplicação com crianças nos extremos do intervalo etário pode ser problemático:
Adolescentes podem sentir-se infantilizados
Crianças mais novas podem apenas dar respostas descritivas dos cartões
História
Roberts tentou determinar que tipo de imagens são mais adequadas para utilizar
em tarefas projetivas
As crianças preferem desenhos pouco complexos
É uma das provas projetivas de maior interesse no trabalho com
crianças/adolescentes:
- Recetividade
- Diversidade de indicadores clínicos e adaptativos
Fundamentação teórica:
Técnicas de figuras de perceção temática.
Hipótese projetiva: uma pessoa responde a um estímulo relativamente ambíguo
de forma a refletir características pessoais.
É apresentada ao indivíduo uma série de estímulos visuais, sendo-lhe pedida a
criação de histórias.
Análise temática dos conteúdos e estrutura da história.
Distorções do estímulo: a projecção é mais intensa (histórias mais perturbadas).
Apresentando desenhos ambíguos de crianças e adultos em interacção diária:
projecção dos seus pensamentos, preocupações, conflitos e estilos de coping nas
histórias que criam.
Características do RATC
É especificamente planeado para crianças e adolescentes
Enfatiza acontecimentos quotidianos e significativos da vida das
crianças/adolescentes
Os estímulos são consistentes ao longo dos cartões e incluem crianças e
adultos.
Codificação estruturada.
Existência de dados normativos.
Limitações do RATC
Hiper-interpretação dos conteúdos presentes nas respostas
Sugestão: triangular com outro tipo de informações e de informadores
Material:
27 cartões
5 comuns a ambos os sexos
11 com versão masculino/feminino
Total de cartões administrados: 16 cartões
Codificação
ESCALAS ADAPTATIVAS:
1. Depender dos outros (REL)
Procura assistência ao lidar com conflito – intrapsíquico ou problema
externo;
Procura ajuda para completar uma tarefa;
Pede permissão;
Solicita aprovação, interação ou pede algo material.
Perceção do sistema de suporte como responsivo e disponível (elevação pode
indicar dependência exagerada).
Cartões – 4, 7, 11, 16
2. Suporte-Outros (SUP-O)
Dá um objecto a alguém ou faz algo pedido.
Compreende, aceita, conforta, ama ou outro tipo de interacção
positiva.
Acredita ou está orgulhoso de alguém.
Dá conselhos, explica algo ou encoraja.
Ajuda ou toma conta de alguém.
Complementa a escala anterior dado que reflete a perceção da criança do seu sistema de
suporte.
Cartões – 2, 5, 10/ noutros cartões (projeção que não é óbvia)
3. Suporte-criança (SUP-C)
Mostra apropriada auto-confiança, assertividade, perseveração,
adiamento de gratificação ou coloca limites auto-impostos.
Experiência sentimentos positivos.
(se esta escala e a anterior surgirem na mesma resposta só uma deve ser
codificada)
Cartões 3, 7, 9, 11 (1ª sub-escala)/ 5, 7, 10 e 16 (2ª sub-escala)
6. Resolução 1
Salta do problema para a conclusão sem etapas intermédias.
Inclui satisfação de desejos não-realistas.
Inclui um problema que subitamente deixa de existir.
Tendência para procurar soluções irrealistas de carácter mágico.
Nas crianças mais velhas o aparecimento destas respostas pode significar elevada
defensividade, ingenuidade, denegação ou incapacidade para se envolver em
resoluções de problemas complexos.
7. Resolução 2
Resolução construtiva de sentimentos internos.
Resolução construtiva de problema externo.
Solução harmoniosa de problemas interpessoais.
Reflete a capacidade de resolver problemas de forma construtiva.
8. Resolução 3
Deve ser codificado se o processo de resolução de problemas é totalmente
explicado e se inclui:
Identificação de sentimentos ou problemas.
Procura de ajuda ou entendimento.
Auto-confiança ou ajuda de outros.
Expressão de atitudes positivas.
Novo insight ou capacidade.
Um novo princípio que possa ser aplicado a futuras situações.
(a partir dos 13 anos)
Implica uma capacidade de resolução de problemas que transcende o problema
actual.
Exige que a criança tenha maturidade emocional, auto-consciência, capacidade
de raciocinar abstractamente e resolver problemas complexos.
É muito raro que uma criança de qualquer amostra clínica tenha respostas desta
natureza.
(tipicamente estas respostas são também sup-o ou supc)
ESCALAS CLÍNICAS
1. Ansiedade
Medo, apreensão, surpresa.
Dúvida acerca de si próprio ao lidar com dificuldades internas ou
externas.
Culpa, arrependimento, embaraço.
Doença, morte, acidentes.
Cartões 2 e 12; tb 4, 7, 14.
2. Agressão
Raiva.
Ataque verbal ou físico.
Destruição de objectos.
Acting out com comportamento mal-adaptativo.
Cartões 9, 13, 14 (se nestes cartões não surgir agressão deve-se cotar ATY).
Respostas agressivas nos cartões 3, 6, 8, 11 e 12.
3. Depressão
Tristeza, infelicidade, pena ou choro.
Resignação, falta de esperança ou incapacidade de funcionar
adequadamente.
Manifestações físicas de depressão (fadiga, apatia, excesso de sono).
Cartões 2 e 12.
4. Rejeição
Separação prolongada dos outros, divórcio.
Auto-rejeição, rejeição por outros, ser ignorado ou deixado de parte.
Ciúmes.
Discriminação racial.
Não gostar ou não aceitar outra pessoa.
Não se codifica se no cartão 15 a rapariga pede para o rapaz sair. Codifica-se
MAL se a personagem rejeitada foge.
Cartões 5, 6, 10 e 16.
5. Não resolvido
Codifica-se sempre que a criança não resolve problemas ou sentimentos
relacionados com a história.
Há 5 possibilidades de resolução: Não resolvido, Res 1, 2, 3 e MAL.
INDICADORES CLINICOS
Para crianças com mais de 7 anos mais do que um score em ATY, MAL
ou Recusa é clinicamente significativo.
2. Resultado mal-adaptativo
Isolamento ou outra forma de inibir resolução de conflito.
Ação inapropriada ou inaceitável.
Negação, reação fóbica ou histérica.
Enganar ou manipular outros.
Fisicamente destrutivo ou a figura principal morre.
3. Recusa
Recusa verbal ou não-verbal em elaborar história
É atípico em crianças bem-adaptadas com mais de 6 anos
4. Sem score
Incapacidade de projetar material – semelhante em termos
interpretativos à anterior.
Em termos de nível de projeção é 1 se descreve uma situação ou
objetos, é 2 se descreve uma ação.
Em crianças com menos de 6 anos pode dever-se a insuficientes
capacidades cognitivas.
Procedimentos Interpretativos
1. Indicadores Clínicos
Frequência e conteúdo
• (e.g., respostas agressivas – quem são os agressores? Quem são
as vítimas?)
2. Escalas Clínicas
Frequência e conteúdo
3. Escalas Adaptativas
Depender dos outros: da utilização do sistema de suporte à
hiperdependência. Verificar tb a quem a criança pede ajuda e se utiliza os
recursos internos da família
Sintomatologia Psicológica
Itens adicionais: são 4 (11, 25, 39, 52) e não pertencem a nenhuma das dimensões
primárias porque estão presentes em várias. Fazem parte do teste porque representam
indicadores clínicos e vegetativos importantes.
Populações – alvo
– Doentes do foro psiquiátrico
– Indivíduos perturbados emocionalmente
– Outros doentes
– População em geral
– Com adolescentes (a partir dos 13 anos, com presença do psicólogo)
Fundamentação Teórica
Nove dimensões de psico-sintomatologia avaliadas pelo instrumento constituem
importantes elementos da psicopatologia.
São considerados pelos manuais (e.g., DSM-IV) como sendo importantes para a
elaboração de diagnósticos (e.g., para as perturbações do eixo I).
Adaptação Portuguesa:
Canavarro (1999);
Inclui a população em geral (amostra 1) e a população clínica (amostra
2).
Fidelidade:
• Boa fidelidade;
• Escalas de ansiedade fóbica e psicoticismo são as que têm menor
consistência interna quando comparadas com as restantes;
• Boa estabilidade temporal.
Validade:
• Boa validade discriminativa (população em geral versus
população psiquiátrica);
• Correlação elevada com o MMPI.
Conclusão:
Bom indicador de sintomas de foro psicopatológico e um bom
discriminador de saúde mental permitindo distinguir os indivíduos que apresentam
perturbações emocionais daqueles que não as apresentam.
Administração:
• 8 a 10 minutos.
• Interpretação:
A interpretação é feita a 3 níveis:
1. Deve focar o score global que representa o distress global;
2. Deve ter em atenção as 9 dimensões primárias que permitem um perfil
do indivíduo em termos psicopatológicos, informando sobre a
sintomatologia que mais o perturba;
3. Ao nível dos sintomas discretos que fornecem informação
pormenorizada importante para decisões clínicas.
Distribuição dos itens pelas escalas:
• Somatização: 2, 7, 23, 29, 30, 33, 37
• Depressão: 9, 16, 17, 18, 35, 50
• Hostilidade: 6, 13, 40, 41, 46
• Ansiedade: 1, 12, 19, 38, 45, 49
• Ansiedade fóbica: 8, 28, 31, 43, 47
• Psicoticismo: 3, 14, 34, 44, 53
• Ideação paranóide: 4, 10, 24, 48, 51
• Obsessivo-Compulsivo: 5, 15, 26, 27, 32, 36
• Sensibilidade Interpessoal: 20, 21, 22, 42
Normas:
O grau de escolaridade, sexo e idade interferem com os resultados obtidos no
BSI;
Estudos revelaram que as mulheres apresentam um maior índice de
sintomatologia nas escalas de somatização e de obsessões-compulsões;
As dimensões de Somatização e Depressão são sensíveis à idade dos indivíduos;
Os indivíduos com grau de instrução primário ou obrigatório apresentam um
maior índice de somatização do que os indivíduos pertencentes a outros grupos;
Paranóia é sensível à influência do grau de instrução mas apenas os indivíduos
com escolaridade obrigatória apresentam maior índice de sintomatologia quando
comparados com os indivíduos com grau de instrução superior;
Avaliação da personalidade
MMPI-2: Objectivos
• É um teste de amplo espectro desenhado para avaliar um grande número de
padrões de personalidade e perturbações emocionais.
• Inventário criado no âmbito da aplicação clínica.
• Verificar a semelhança entre o doente diagnosticado com diferentes
perturbações e a pessoa em estudo.
MMPI-2: Descrição
• Frases de carácter afirmativo com duas opções de resposta: verdadeiro/falso. –
“Tenho bom apetite”...
• Através dos itens é possível chegar a um total de 10 escalas clínicas e quatro de
validade e um total de 15 de conteúdo.
• Correção informatizada: 18 escalas suplementares e 31 sub-escalas.
• Escalas de Validade:
– ? (dúvida)
– L (mentira)
– F (score de validade)
– K (score de correção)
• Escalas Clínicas
1. Hs (hipocondria)
2. D (depressão)
3. Hy (histeria)
4. Pd (psicopatia)
5. Mf (masculinidade - feminilidade)
6. Pa (paranóia)
7. Pt (psicastenia)
8. Sc (esquizofrenia)
9. Ma (hipomania)
10. Si (introversão social)
• Limitações:
– Fidelidade das escalas é variável (.58 - .92).
– Problemas culturais na interpretação dos itens.
– As escalas de validade reduzem os problemas inerentes às medidas de
auto-relato mas não os anulam.
(Continuação descrição)
• Escalas de Validade:
? (Dúvida - itens não respondidos)
– Superior a 30 RESPOSTAS OMISSAS indica uma ausência de
cooperação do sujeito na tarefa e levanta dúvidas acerca da validade dos
resultados.
L (Mentira)
– Baseado num grupo de itens cuja negação fazem o sujeito
aparecer de forma favorável; informa se o doente tenta dar uma imagem
falsa de si próprio.
F (score de validade - medida de incoerência)
– Indivíduos que não desejam colaborar e respondem ao acaso,
possuem baixa capacidade de leitura, simulam ou têm pouco contacto
com a realidade.
K (score de correção)
– Trata-se de uma nota de correção. Um K elevado pode traduzir
alta defensividade ou uma tentativa de “parecer bem”. Um K baixo pode
indicar auto crítica severa ou uma tentativa de “parecer mal”.
Limiares de Significação
• Critérios:
T <= 40 - pontuação baixa
41 <= T <=55 - pontuação normal
56 <= T <= 65 - pontuação moderada
66 <= T <= 75 - pontuação alta
T >= 76 - pontuação muito alta
Pontuação
Contar o número de itens pertencentes a cada escala.
Converter as pontuações directas obtidas em pontuações T.
As pontuações T têm uma distribuição normal fixa com média de 50 e desvio
típico de 10.
Passos na Pontuação
Identificar o número de omissões para obter a pontuação de ?.
Obter a pontuação direta das outras escalas.
Selecionar o modelo de perfil correspondente ao sexo do sujeito.
Anotar os dados de identificação nos espaços previstos na folha de perfil.
Transcrever as pontuações directas, incluindo a da escala (?) nos locais
correspondentes.
Converter as pontuações directas em pontuações T.
Traçar os perfis das pontuações T das escalas.
Preparar uma lista de itens críticos.
MMPI-2: Descrição
15 Escalas de Conteúdo:
• Válidas para descrever e predizer variáveis de personalidade.
ANX (ansiedade):
• Sintomas gerais de ansiedade, tensão, problemas somáticos,
insónia, preocupações e escassa concentração;
• Medo de perder o juízo e dificuldades em tomar decisões;
• Conscientes dos sintomas e problemas e admitem-nos.
FRS (medos):
• Pontuação alta - muitos medos específicos (e.g., sangue, lugares
altos, animais, sair de casa, água, etc.);
• Tendência a cumular medos.
OBS (obsessões):
• Pontuação alta - dificuldades para tomar decisões e tendência
para ruminar sobre as preocupações e problemas;
• Comportamentos compulsivos;
• Asfixiados pelos seus próprios pensamentos.
DEP (depressão):
• Pontuação alta - pensamentos depressivos;
• Sentem-se melancólicos, com incerteza do futuro e sem
interesse pela vida;
• Tristes, choram facilmente e sentem desesperança e vazio;
• Pensamentos de suicídio ou de estar mortos.
HEA (preocupações com a saúde):
• Apresentam muitos sintomas físicos em vários sistemas
orgânicos (e.g., gastro-intestinais, neurológicos, sensoriais,
dermatológicos, etc.);
• Preocupação com a sua saúde e doença acima da média.
BIZ (pensamento extravagante):
• Pontuação alta - processos de pensamento psicótico;
• Alucinações auditivas, visuais ou olfactivas e podem reconhecer
que os pensamentos são estranhos;
• Ideação paranóide;
• Podem sentir que têm uma missão especial ou que possuem
poderes especiais.
ANG (hostilidade):
• Pontuação alta - problemas com o controlo da ira.
• Sentem-se irritados, impacientes, exaltados, etc;
• Podem perder o controlo de si próprios e dizem ter abusado
fisicamente de pessoas e objectos.
CYN (cinismo):
• Pontuação alta - esperam motivações negativas ocultas nos actos
dos outros (e.g., acreditam que a maioria das pessoas é honesta porque
teme a prisão);
• Problemas no relacionamento com os semelhantes devido a
dupla intenção nas suas acções (e.g., amizade por razões egoístas) e de
esperar actos negativos dos outros.
ASP (comportamentos anti-sociais):
• Informa de comportamentos problemáticos durante os anos de
escolarização e práticas anti-sociais (e.g., roubo);
• É um complemento da escala anterior; são pessoas que
consideram normal funcionar nos limites da lei.
TPA (comportamento tipo A)
• Pontuação alta - os sujeitos trabalham duramente, movem-se
rapidamente, orientados para o trabalho, impacientes, irritáveis...
• Não gosta de esperar e ser interrompido;
• Não há horas suficientes no dia para as tarefas.
LSE (baixa auto-estima):
• Pontuação alta - má opinião de si próprio;
• Atitudes negativas face a si próprio, pensamentos de que não são
atractivos;
• Carência de auto-confiança e dificuldade em aceitar elogios.
SOD (mal-estar social):
• Pontuação alta - sentem-se sem tranquilidade quando estão
rodeados de gente e preferem estar sós
• Sentam-se sozinhos em situações sociais;
• Vêm-se a si próprios como tímidos e não gostam de festas e
actos sociais.
FAM (problemas familiares):
• Pontuação alta - história vasta de desavenças no âmbito familiar;
• Famílias descritas como carentes de amor, com constantes
discussões. Podem sentir ódio.
• Infância descrita como humilhante e matrimónio infeliz, carente
de afecto.
WRK (interferência laboral):
• Pontuação alta - comportamentos ou atitudes que contribuem
para uma deficiente execução do trabalho.
• Problemas relacionados com baixa auto-confiança, dificuldades
de concentração, tensão, pressão...
• Dificuldades laborais provocadas por baixo rendimento como
resultado de problemática pessoal, falta de interesse ou motivação.
TRT (indicadores negativos de tratamento):
• Pontuação alta - atitudes negativas face aos médicos e ao
tratamento de saúde mental;
• Acreditam que ninguém os pode atender ou ajudar.
Adaptação espanhola:
– 1.906 pessoas saudáveis estratificadas por idade, sexo e zona geográfica e uma
amostra clínica de 525 doentes.
Fidelidade:
– .91 (37 escalas).
– .78 (10 escalas).
Características Psicométricas
• Validade:
– Factor 1 (psicótico)
– Factor 2 (inibição)
– Factor 3 (somatoforme)
– Factor 4 (género)
Administração
• Ausência de dificuldades na leitura e na compreensão de textos escritos.
• Capacidade de uma análise realista dos próprios comportamentos e
pensamentos.
• Recomenda-se o preenchimento num só dia, sem levar para casa.
Correção
Correção mista: folhas de correção e programa informático.
Separar as folhas de correção da escala Mf para o respetivo género.
Itens omitidos ou marcados duplamente devem ser rodeados e constituem a
escala de dúvida (?).
Usar as folhas de correção para obter as pontuações dos 3 indicadores adicionais
de validade, das 10 escalas clínicas e das 15 de conteúdo.
Pontuações diretas (brutas) que são colocadas num perfil gráfico: permite uma
localização rápida dos níveis de normalidade e uma conversão direta em
pontuações T.
Fracção K é adicionada nas escalas Hs, Pd, Pt, Sc e Ma.
Anota-se o total corrigido das pontuações directas.
Aspectos na elaboração do perfil básico:
– Deve utilizar-se o perfil adequado ao sexo do sujeito;
– As pontuações directas anotam-se na base da folha de perfil e marcam-
se no corpo do perfil; as colunas à direita e à esquerda proporcionam as
pontuações T;
– As pontuações directas corrigidas devem utilizar-se naquelas escalas
corrigidas com o factor K;
– Devem colocar-se pontos nas pontuações directas de cada escala sobre
o perfil e unir as escalas de validade, clínicas e as de conteúdo.
Interpretação
1. Considerar a validade do perfil.
– Rever cada escala de validade e inte-relacioná-las.
2. Analisar cada escala (Média é T=50; desvio padrão=10).
3. Analisar a configuração das várias escalas.
Tópicos de Análise
– Dados de identificação do doente.
– Grau de validade do perfil: estudo pormenorizado das escalas L, F e K.
– Padrões sintomáticos: escalas.
– Relações pessoais: descrição e análise.
– Estabilidade comportamental.
– Considerações diagnósticas.
– Considerações sobre o tratamento.
– Análise das pontuações de algumas escalas.