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Promoção da atividade física na obesidade infantil

Trabalho de investigação apresentado à Universidade


Católica Portuguesa no âmbito da unidade curricular
Promoção da Saúde

Ana Antunes 226321004


Renata Esteves 226321026
Teresa Paiva 226321015

Sob a Orientação da Prof.ª Doutora Eleonora Costa

Fevereiro 2022
Introdução
Atualmente sabe-se que a infância é uma das fases fulcrais do desenvolvimento
da criança no que diz respeito à criação de hábitos e comportamentos adequados com o
objetivo de proporcionar um estilo de vida saudável ao longo de toda a vida do
indivíduo. No entanto com o passar dos anos, as crianças tem vindo a tornar-se cada vez
mais sedentárias e obesas, provavelmente devido aos avanços tecnológicos, a fatores
genéticos, ambientais, sociais e económicos e por esse motivo, tem se vindo a verificar
um aumento significativo da obesidade infantil (Pinho & Godinho, 2017).
Assim sendo, esta problemática transformou-se em inúmeros estudos com o
objetivo de perceber a importância da atuação pela prevenção e tratamento desta
patologia, que passa principalmente por uma mudança de comportamentos como a
prática regular de atividade física.
A prática de exercício físico traz de facto diversos benefícios para a saúde dos
indivíduos, atuando a nível cardiorrespiratório, composição corporal, bem-estar
psicossocial, entre outros. Dado este facto, o exercício físico é uma ferramenta
importante na prevenção e no tratamento da obesidade, uma vez que ajuda a
desenvolver qualidades físicas que modificam positivamente a composição corporal, a
atividade metabólica, e a atenuar comorbidades associadas ao excesso de peso (da Silva
& Veneziano, 2021).
No que concerne à criança, esta sofre uma forte influência por toda a sua
convivência tanto familiar como escolar, tornando-se assim pertinente perceber quais
entidades são responsáveis e qual papel igualmente fundamental têm nos
comportamentos e hábitos alimentares das crianças. Por este motivo, é necessário que as
escolas, para além de darem enfase à disciplina de Educação Física para a reeducação
de comportamentos saudáveis, criem programas preventivos e interventivos com os
progenitores e a respetiva criança na tentativa de criar um estilo de vida mais saudável e
adequado (da Silva & Veneziano, 2021).
Considerando os factos sobreditos, a prevenção e o tratamento da obesidade
infantil, ainda é um tema complexo, envolvendo mudanças sobretudo comportamentais
que irão permitir ao indivíduo restabelecer o equilíbrio de um estilo de vida saudável,
acompanhado de uma prática de exercício físico regular. Deste modo, se as tendências
pós 2000 se prolongarem, os níveis globais de obesidade infantil, superarão os níveis de
desnutrição moderada e grave até 2022 (WHO, 2013).
Conceitos e Epidemiologia
A palavra obesidade provém do latim obesitas (âtis), que por sua vez significa
gordura excessiva. Esta massa gorda é constituída pela gordura presente em todo o
organismo que possuiu funções de armazenamento energético, proteção do organismo
contra alterações de temperatura e produção hormonal (Ribeiro, 2008).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2013), 18 milhões de crianças com
menos de 5 anos de idade encontram-se acima do peso, sendo que por ano 400 mil
crianças, juntam-se aos já 18 milhões de crianças com excesso de peso, das quais 3
milhões são obesas. Desta forma, a OMS classificou-a como a epidemia do século XXI,
com alta incidência principalmente em países em desenvolvimento, considerando assim
um dos dez principais fatores de risco de mortalidade.
No decorrer deste excesso de peso infantil, estão problemas como doenças
epidemiológicas globais não transmissíveis, nomeadamente diabetes, doenças
cardiovasculares, hipertensão arterial, colesterol, alterações ortopédicas, dermatológicas
e respiratórias que acompanham o indivíduo durante o seu ciclo vital bem como
distúrbios psicológicos que afetam o desenvolvimento motor dos indivíduos (Serra, et
al., 2018).
De acordo com o Relatório da International Obesity TaskForce (IOTF) –
Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI), Portugal entre os anos 2007/2008
apresentava um dos valores mais elevados de obesidade infantil quando equiparado a
países como a Grécia, Espanha, Malta e Itália. Num estudo feito em 2019 em 44 países,
foi possível analisar um aumento significativo de obesidade infantil, perpetuando uma
prevalência e aumento noutras regiões do mundo, mais concretamente nos Estados
Unidos da América, onde foi registado um aumento significativo desde 1999 a 2014,
15% no Peru, 32,8% no Canadá e 34,4% no México. Na Europa, este aumento é
notório, sendo registados entre 20 e 35% no que toca à prevalência e excesso de peso no
Ocidente e Sul do que no Norte (Tomada, 2011).
Considerando estes valores, em Portugal, existem 32% crianças entre os 7 e os 9
anos de idade acima do peso, sendo que 11% são obesas. No entanto, 32% dizem
respeito a crianças que frequentam o pré-escolar com idades compreendidas entre os 3 e
os 6 anos de idade, colocando assim Portugal no segundo país da Europa com mais
crianças a sofrerem de problemas de obesidade (WHO, 2013). Por outro lado, o
aumento significativo da prevalência da obesidade acarreta consequências assinaláveis
para o Sistema Nacional de Saúde (SNS) e para a sociedade portuguesa em geral,
tornando-se assim importante avaliar com o máximo dos rigores o potencial impacto de
estratégias de prevenção contra a obesidade sobretudo infantil (Martins, 2017).
Em conformidade com a WHO (2013), vários estudos epidemiológicos
sugeriram uma acentuada variabilidade individual na suscetibilidade para o
desenvolvimento de excesso de peso e obesidade, uma vez que, o contexto onde a
criança se encontra inserida, a diminuição da prática de exercício físico e a supra
ingestão calórica são fatores prevalentes que contribuem para que os níveis de
obesidade infantil estejam todos os anos a aumentar exponencialmente. Em
contrapartida, o fator stress pode também ser um fator a favor para o desenvolvimento
da obesidade devido ao mecanismo regulador do eixo hipotálamo-hipófise adrenal,
responsável pelas alterações no metabolismo do cortisol (Bravin et al., 2016).
Relativamente ao conceito da atividade física, este é aceite como sendo um dos
maiores pré-requisitos para o crescimento e desenvolvimento normativo de crianças e
adolescentes bem como na precisão de um estilo de vida ativo durante a fase adulta,
auxiliando na regulação da adiposidade e facilitando a aquisição de uma boa capacidade
funcional. Assim sendo, a atividade física contribui positivamente para que o indivíduo
permaneça com saúde, uma vez que, possibilita relações sociais e desencadeia fatores
fisiológicos determinantes para a saúde (Ribeiro, 2008).
A respeito do conceito de exercício físico, este pode ser definido através da
realização de qualquer atividade que englobe grandes grupos musculares com uma
determinada duração, frequência e intensidade. Atividades como andar, correr,
caminhar, fazem parte das mais variadas formas de praticar esta modalidade, permitindo
assim ao indivíduo perder peso de forma gradual e posteriormente a sua manutenção
(Jesus et al., 2018).
Segundo a literatura, os exercícios aeróbicos são os mais recomendados para a
perda de peso e para a melhoria de aspetos relacionados com o quadro clínico dos
pacientes com obesidade. Estes exercícios, numa intensidade moderada e com um
aumento progressivo dos treinos, levam a um maior gasto calórico e permitem obter
uma perda de peso clinicamente significativa, ajudando na qualidade de vida, na saúde
mental e autoestima (Jesus et al., 2018).
De acordo com Cieslak e colaboradores, populações fisicamente inativas
tornam-se mais propensas ao aparecimento de doenças crónicas, problemas mentais e
fatores de risco oscilantes (Cieslak et al., 2012 cit in Ribeiro, 2008). Em contrapartida, o
sedentarismo tem sido cada vez mais tema de discussão entre os órgãos de saúde
pública, que alertam para uma inatividade física, na qual o indivíduo realiza uma
atividade na posição horizontal, inclinado ou sentado, não aumentando os gastos
calóricos produzidos ao longo do dia (Ribeiro, 2008).
Sobretudo na infância, é possível observar um aumento do número de obesos
uma vez que, uma criança com um IMC alto, corre o risco de vir a desenvolver
inúmeras doenças, ou seja, este IMC deve-se ao facto de a criança apresentar doenças
genéticas, do foro endócrino-metabólicas ou alterações nutricionais. A maioria das
crianças apresenta obesidade do tipo exógena, isto é, ingerem mais calorias do que
aquelas impostas para as necessidades diárias, compostas por gorduras saturadas,
excesso de líquidos e falta de atividade física (Garcia et al., 2019).
Sabemos que os comportamentos e estilos de vida que promovem a obesidade
são estabelecidos desde cedo, por esse motivo, através da revisão de literatura,
conseguimos perceber que existem vários fatores externos que estão associados a este
aumento significativo nos últimos tempo, sendo a evolução das tecnologias um dos
principais que, atualmente, se traduz num comportamento sedentário, como estar em
frente a um ecrã (e.g., computadores, telemóveis, videojogos) comprometendo em
grande escala a saúde física e mental de quem dispõe uma parte do seu tempo a usufruir
desta atividade. Para além disso, a influência dos hábitos alimentares das crianças são
sobretudo transmitidos pelos progenitores, uma vez que, qualquer criança adquire nas
primeiras fases de vida os mesmos hábitos e estilos alimentares dos cuidadores (Silva et
al., 2021).
Posto isto, o consumo de alimentos em grandes quantidades à base de açúcares,
em conjunto com o sedentarismo, constituem-se com principais fontes para a realização
de programas de prevenção e intervenção através da promoção da roda de alimentos, da
prática de atividade física regular com o objetivo principal de minimizar o ganho de
peso e de doenças a ele associadas (Barreto & Nunes, 2019).
O problema da obesidade pode ter início em qualquer etapa de vida do ser
humano, contudo ocorre com maior frequência nos primeiros anos de vida, isto é, na
fase de crescimento, sendo que a probabilidade de manter esse excesso de peso no
futuro só poderá ser ultrapassada quanto mais precoce for a prevenção e o tratamento. É
por esta razão que existe uma grande importância da escola e nomeadamente da
disciplina referente à Educação Física, que tem como objetivo educar e alertar para a
necessidade extrema de procurar manter uma atividade física regular e uma alimentação
equilibrada. No entanto, muitas crianças devido ao seu volume de gordura corporal, têm
mais dificuldades em realizar certas atividades físicas, o que leva a uma influência
negativa na participação das atividades propostas por esta modalidade, acabando por ter
um peso significativo na sua saúde física e mental (Barreto et al., 2019).
No que diz respeito à etiologia da obesidade infantil, a obesidade resulta de um
conjunto de condições às quais incluem fatores genéticos, orgânicos, físicos,
comportamentais e sociais. A primeira componente diz respeito a fatores que
determinam a suscetibilidade de um indivíduo no ganho de peso, no entanto a parte
genética apresenta-se condicionada pela exposição a diversos fatores ambientais, nos
quais atuam como fatores de risco para o desenvolvimento desta patologia. Nenhum
gene é conhecido como impulsionador de obesidade, apenas se sabe que o risco de
obesidade quando nenhum dos progenitores é obeso é de 9%, porém quando um dos
progenitores é obeso, é de 50% (Martins, 2017).
A segunda, refere-se à influência do contexto ambiental no desenvolvimento da
obesidade, sobretudo pelo aumento da prevalência em países desenvolvidos e
industrializados, devido às alterações dos estilos de vida e dos hábitos nutricionais
ocorridos ao longo dos tempos. Esta prevalência recai nas sociedades com maior grau
de pobreza e um menor grau educacional. Em contrapartida, o aumento da obesidade
infantil ocorre quando há um excesso de recursos que permitem a que a criança se torne
sedentária, a um fraco aleitamento materno que consequentemente é substituído por
exemplo alimentos lácteos mais saborosos e mais calóricos (Serra et al., 2018).
Por fim, a terceira aborda estilos de vida sedentários e inatividade física
sucessiva. Segundo Bravin e colaboradores, crianças obesas tendem a ser menos ativas à
medida que se tornam adultas. Numa amostra realizada nos Estados Unidos da América
com 6965 crianças entre os 6 e os 11 anos de idade, apresentou que em média, as
crianças passam vinte e quatro horas por semana a ver televisão, o que leva a uma maior
prevalência de excesso de peso (Bravin et al., 2016).
Atualmente sabe-se que o tipo de alimentação e consequentemente os
comportamentos alimentares das crianças dependem fortemente dos seus progenitores e
das suas perceções acerca de quais serão os tipos de alimentação e riscos associados à
obesidade, isto é, o contexto familiar influência cada vez mais o desenvolvimento
nutricional das crianças, o que leva a investir em refeições pré confecionadas e rápidas
de preparar como é tipo de comidas fast-food, modificações da composição dos
alimentos, como é o caso das comidas ricas em gorduras e doces. Por outro lado, a
inatividade física dos progenitores tem um peso acrescido na perceção que os filhos
possuem em relação à prática desta modalidade (Garcia et al., 2019).
A escola representa então uma função fulcral, na prevenção da obesidade infantil
dado que consegue efetivamente consciencializar as crianças a adotar comportamentos e
hábitos de saúde adequados (Serra et al., 2018). No entanto este papel escolar tem de ser
conjugado com o papel dos pais, criando assim planos de prevenção e de educação para
a saúde, de forma que estes consigam levar um estilo de vida adequado para as crianças,
reduzindo o tempo desperdiçado em frente aos ecrãs, e encorajando-os a realizar
atividades físicas como desportos de alta atividade, juntamente com hábitos alimentares
adequados, de forma a englobar uma alimentação mais equilibrada (Silva et al., 2021).

Diagnóstico de Obesidade Infantil


Segundo Martins (2017), é possível recorrer a vários métodos e técnicas de
diagnóstico na identificação da obesidade e excesso de peso para assim se conseguir
determinar o estado nutricional. Deste modo, existem dois tipos de diagnóstico a
utilizar, diagnósticos quantitativos e os qualitativos.
O primeiro diagnóstico diz respeito ao IMC (índice de massa corporal), definido
como um método antropométrico mais utilizado na prática clínica, uma vez que, que se
trata de um cálculo simples, apresentando uma excelente relação com a adiposidade
corporal. A classificação da obesidade pode ser feita através do Índice de Massa
Corporal (IMC) do indivíduo, sendo que no caso das crianças com mais de 5 anos,
utiliza-se as curvas americanas de IMC do National Center for Health Statisitics
(NCHS), específicas para cada género, considerando como diagnóstico de sobrepeso e
obesidade os percentis acima dos 85 e 95. Por exemplo, se este percentil se encontrar
acima de 85, significa que a criança encontra-se acima do peso de 85% das crianças da
sua faixa etária, no entanto se este percentil estiver nos 95 ou mais significa que a
criança evoluiu para o patamar da obesidade (de Oliveira & de Oliveira, 2020).
O segundo diagnostico corresponde ao PC (perímetro de cintura), também
utilizado em contexto clínico, no entanto as medições não são consistentes em situações
de obesidade mórbida e edema, apesar do acompanhamento feito ao nível da reserva de
gordura corporal dos indivíduos em diferentes condições clínicas (de Oliveira & de
Oliveira, 2020).
Complicações da Obesidade Infantil
No que concerne às complicações da obesidade infantil, o impacto desta
problemática nas crianças pode ser compreendido pelo efeito que acarreta na qualidade
de vida das mesmas, no recurso aos serviços de saúde, no absentismo escolar, nas
diversas limitações nas atividades de vida diárias (e.g., prática de desporto, relações
interpessoais, problemas psicológicos, isolamento social). Assim sendo, crianças obesas
são mais propensas a desenvolver complicações que se classificam como distúrbios,
sendo estes psicossociais, de crescimento, respiratórios, cardiovasculares, ortopédicos e
metabólicos (Garcia et al.,2019).
Relativamente aos distúrbios psicossociais, a obesidade sempre foi considerada
pelas sociedades em geral e também pelos profissionais de saúde como uma ocorrência
somática de uma divergência psíquica subjacente (Garcia et al., 2019). Em
conformidade com este facto, Bravin e colaboradores explicaram a existência de
sintomatologias comuns em pacientes com excesso de peso e obesidade, onde surge
uma relação entre o stress e a obesidade que levam o indivíduo a desenvolver sintomas
como a ansiedade, hábitos alimentares desadequados, rejeição social quando se
encontram sob problemas emocionais (Bravin et al., 2016).
No que toca a distúrbios ao nível do crescimento, percebe-se que o excesso de
peso pode muitas das vezes estar relacionado com uma maturação sexual precoce no
caso do género feminino e um atraso da maturação sexual no caso do género masculino
(Bravin et al., 2016).
Acerca dos distúrbios respiratórios, sabe-se desde já que existem inúmeras
complicações respiratórias que podem estar na origem de problemas ao nível da
obesidade, como é o caso da apneia do sono, padrões asmáticos, intolerância à prática
de exercício físico regular, limitando a perda de peso. Na base destes distúrbios,
encontra-se o síndrome de Pickwick ou síndrome de Obesidade-Hipoventilação, descrito
por um quadro de obesidade associada a sintomas de hipoventilação (Bravin et al.,
2016).
Em relação a distúrbios cardiovasculares, o colesterol elevado, diabetes e
sedentarismo são fatores de risco que levam ao aparecimento de doenças coronárias.
Tendo em consideração todos estes problemas, e focando em problemas associados ao
nível do colesterol, a aterosclerose tem início na infância, podendo ser explicada por
uma acumulação de colesterol nas artérias musculares, formando uma espécie de estria
de gordura nas artérias coronárias das crianças (Bravin et al., 2016).
Por fim, quanto aos distúrbios metabólicos, os que se destacam na infância são, a
oposição à insulina, diabetes tipo 2, hipertrigliceridemia, intolerância à glicose entre
outros. A obesidade na infância apresenta-se de forma constante, sendo que
aproximadamente 70% a 90% das crianças por exemplo com diabetes tipo 2 são obesas
e 38% apresentam obesidade mórbida, sendo que a relação entre a obesidade e a história
familiar parece ter um efeito aditivo no risco de as crianças desenvolverem esta
patologia (Bravin et al., 2016).

Tratamento da Obesidade
O tratamento da obesidade faz-se compreender em três formas: tratamento
comportamental, tratamento farmacológico e tratamento cirúrgico, sendo que este
método só é utilizado para indivíduos com mais de 16 anos de idade.
O tratamento comportamental, com orientação dietética, aumento da atividade
física e mudança de hábitos de vida é a primeira escolha na abordagem da obesidade
infantil e, para muitas crianças, é totalmente eficaz, pois os benefícios levam a uma
diminuição significativa do colesterol, da tensão arterial, diminuição de problemas
respiratórios como é o caso da apneia do sono e diminuição do risco de desenvolver
doenças coronárias associadas (Serra et al., 2018).
No que respeita ao tratamento comportamental, as mudanças nos hábitos de vida
das crianças obesas mostrou-se importante para promover a prática de exercício físico,
como a estimulação de refeições mais saudáveis e equilibradas. Estas mudanças só são
concretizáveis com a ajuda dos progenitores na adoção de medidas que ajudam na
integração de novos alimentos, mais diversificados, sendo que qualquer processo de
perda de peso deve ser adequado à idade do individuo (Martins, 2017).
Em referência ao tratamento farmacológico, acredita-se que tal como nos
adultos, as crianças beneficiam da possível administração de medicamentos, desde que
seja assegurada a sua eficácia e segurança. No entanto, ainda existe discórdia na revisão
de literatura quanto há administração de medicamentos nesta faixa etária, uma vez que a
obesidade apresenta diversas etiologias e além de que existe pouco conhecimento sobre
os efeitos adversos das drogas contra a obesidade infantil (Serra et al., 2018).
Vários profissionais de saúde, apelam para a importância da prevenção contra a
obesidade pelo facto de esta ser estrategicamente mais importante do que o tratamento,
pois aquando da ocorrência da obesidade deve-se ter em atenção os diversos contextos
sociais, culturais, educacionais, demográficos, alimentares, sendo que esta deve
começar logo após o nascimento da criança (WHO, 2013).

Conclusão
Atualmente, a obesidade infantil e o excesso de peso na infância representam um
enorme problema de saúde pública, preocupando cada vez mais órgãos de saúde publica
devido ao crescimento abrupto da sua prevalência e ao aparecimento de doenças
associadas sobretudo cardiovasculares, metabólicas (e.g., diabetes) e problemas renais.
A prevenção e o tratamento desta perturbação, ainda é um tema complexo,
envolvendo mudanças sobretudo comportamentais que irão permitir ao indivíduo
restabelecer o equilíbrio de um estilo de vida saudável, acompanhado de uma prática de
exercício físico regular. Perante isto, torna-se deveras importante procurar estratégias
que levem a criança a ter um estilo de vida mais saudável. Para isso, o contexto escolar
mais concretamente a disciplina de Educação Física juntamente com os progenitores
tem um papel crucial na influência e na conservação deste estilo de vida.
Com o surgimento da Covid-19, veio também uma crescente preocupação acerca
desta temática, sobretudo pelo facto de os indivíduos passarem mais tempo em suas
casas, acabando por não praticar regulamente exercício físico, perpetuando deste modo
o sedentarismo.
Isto levou a que fosse criado um Programa Nacional para a Promoção da
Atividade Física (2020) em Portugal de forma a promover e incentivar as pessoas a
manterem rotinas diárias de prática de exercício físico. Acredita-se então que existe uma
associação entre a redução da prática de atividade física e maus hábitos alimentares que
levam a um maior isolamento social e consequentemente a um maior risco de doenças
crónicas e mortalidade. Perante isto, a Organização Mundial de Saúde alertou e
recomendou para que as crianças e adolescentes reduzissem o tempo gasto em frente
aos ecrãs e praticassem pelos menos uma hora de exercício físico, três vezes por
semana, na expectativa de prevenir efeitos negativos futuros da situação pandémica que
vivemos atualmente.
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