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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

A OBESIDADE INFANTIL E SEU IMPACTO NA VIDA ADULTA

CINTHIA DE CASTRO FERNANDES - 201907347291


LUCINARA DE OLIVEIRA – 201908327243
TURMA 9002

ALCÂNTARA
NOVEMBRO, 2023

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CINTHIA DE CASTRO FERNANDES - 201907347291
LUCINARA DE OLIVEIRA – 201908327243
TURMA 9002

A OBESIDADE INFANTIL E SEU IMPACTO NA VIDA ADULTA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


APRESENTADO À UNIVERSIDADE ESTÁCIO
DE SÁ, SOB ORIENTAÇÃO DA PROF.
MARIA CRISTINA GASPAR LONTRO.

ALCÂNTARA
NOVEMBRO, 2023
SUMÁRIO
2
RESUMO .............................................................................................. ................04
ABSTRACT................................................................................................. ..........05
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... .......06
2 OBJETIVOS ............................................................................................... .......07
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................. ......07
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... .....07
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... .08
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. ........09
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... ... ...17
REFERÊNCIAS .......................................................................................... .... ...19

3
RESUMO
Esta revisão bibliográfica aborda a crescente preocupação com a obesidade
infantil e seus impactos na saúde da criança e na vida adulta. A obesidade infantil é
influenciada por fatores genéticos, ambientais, familiares e comportamentais, e sua
prevalência tem aumentado em todo o mundo, incluindo o Brasil. Mudanças nos
hábitos alimentares, como aumento do consumo de alimentos não saudáveis e
sedentarismo, são fatores contribuintes. A obesidade infantil está associada a
complicações de saúde, como aumento da insulina, lipídios no sangue e pressão
arterial, que podem persistir na vida adulta. Fatores etiológicos incluem
predisposição genética e influências ambientais. Estratégias de prevenção e
intervenções incluem educação nutricional, promoção de atividade física,
conscientização dos pais e criação de um ambiente familiar saudável. A promoção
da amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida também é uma
estratégia eficaz. Além disso, políticas públicas desempenham um papel
fundamental na prevenção da obesidade infantil, incluindo regulamentações para
reduzir a publicidade de alimentos não saudáveis dirigida a crianças e melhorias na
qualidade das refeições escolares. Esta revisão enfatiza a necessidade de
abordagens multidisciplinares, envolvendo profissionais de saúde, educadores e a
sociedade em geral, para combater a obesidade infantil. Investir na saúde das
crianças é fundamental para garantir um futuro saudável e reduzir o risco de
doenças relacionadas à obesidade na vida adulta.
Palavras-chave: obesidade infantil; fatores etiológicos; estratégias nutricionais;
prevenção; saúde pública.

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ABSTRACT
This literature review addresses the growing concern about childhood obesity
and its impact on children's health and adult life. Childhood obesity is influenced by
genetic, environmental, family and behavioral factors, and its prevalence has
increased all over the world, including Brazil. Changes in eating habits, such as
increased consumption of unhealthy foods and a sedentary lifestyle, are contributing
factors. Childhood obesity is associated with health complications such as increased
insulin, blood lipids and blood pressure, which can persist into adulthood. Etiological
factors include genetic predisposition and environmental influences. Prevention
strategies and interventions include nutritional education, promoting physical activity,
raising parental awareness and creating a healthy family environment. Promoting
exclusive breastfeeding for the first six months of life is also an effective strategy. In
addition, public policies play a key role in preventing childhood obesity, including
regulations to reduce advertising of unhealthy foods aimed at children and
improvements in the quality of school meals. This review emphasizes the need for
multidisciplinary approaches, involving health professionals, educators and society in
general, to combat childhood obesity. Investing in children's health is key to ensuring
a healthy future and reducing the risk of obesity-related diseases.
Keywords: childhood obesity; etiological factors; nutritional strategies; prevention;
public health.

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1 INTRODUÇÃO
O interesse sobre os efeitos do ganho de peso excessivo na infância,
atualmente, vem aumentado de forma considerável, pois o desenvolvimento da
celularidade adiposa neste período é um fator determinante para os padrões de
composição corporal de um indivíduo adulto.
As altas taxas da prevalência de obesidade na infância vêm preocupando
profissionais da área de saúde, por esse motivo estão sendo feitas pesquisas a
respeito da prevenção, causas e tratamentos. Foi no início dos anos noventa que a
Organização Mundial da Saúde começou a soar o alarme, depois que uma
estimativa de que 18 milhões de crianças em todo o mundo, menores de 5 anos,
foram classificadas como tendo sobrepeso. A grande preocupação é o impacto
econômico global, que esses futuros adultos obesos poderão causar (The Lancet,
2001).
Conforme BEHRMAN et al. (2002), a obesidade e o sobrepeso identificado na
infância e o seu tratamento tem importância na pediatria preventiva e na saúde
pública, ocorrendo promoção da saúde física, social e emocional das crianças. Os
aumentos de peso e de gordura corporal em adolescentes estão associados a
elevações dos níveis plasmáticos de insulina, dos níveis sanguíneos de lipídios e
lipoproteínas, dos níveis séricos de leptina e da pressão arterial, que são fatores
associados à morbidade adulta secundária a obesidade.
A mudança dos hábitos alimentares provocada por fatores socioeconômicos e
culturais, com o aumento do consumo de açucares e alimentos refinados, gordura
saturada e proteína animal, e diminuição do consumo de fibras, hortaliças e
carboidratos complexos são responsáveis pelo aumento da obesidade infantil e na
adolescência no Brasil e no mundo. Junto a essa mudança estão hábitos
sedentários, como uso de computadores e videogames ao invés de atividades
recreativo-esportivas, provocando o ganho de peso excessivo. O tratamento e
controle da obesidade são difíceis e se tornou um problema de saúde pública
aumentando o risco para doenças metabólicas e cardiovasculares. Já foi
demonstrado em pesquisas que adolescentes obesos têm maior risco de
permanecerem obesos quando adultos (LOPEZ; CAMPOS JÚNIOR, 2008).

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Segundo MONTEIRO et al. (2004), no Brasil, a exemplo das estatísticas
mundiais, dados indicam que 40% da população adulta apresentam excesso de
peso, constatando-se aumento da prevalência da obesidade em praticamente todos
os estratos de idade.
BATCH (2005), diz que em crianças e adolescentes, o mesmo fenômeno vem
sendo observado nas últimas décadas, tanto nos países desenvolvidos como
naqueles em desenvolvimento, tornando a obesidade uma grande epidemia mundial
também nestas faixas etárias e, consequentemente, agravando ainda mais o
sistema público de saúde.
A obesidade não é um acontecimento recente na história da humanidade. No
entanto, nunca atingiu a prevalência observada atualmente. As razões que explicam
o aumento significativo da obesidade no mundo têm a ver com mudanças no estilo
de vida e hábitos alimentares. É um importante viés nutricional que deve ser
abordado por profissionais de saúde. Na infância e na adolescência, o excesso de
peso pode determinar dificuldades e riscos de socialização incidência das principais
doenças crônicas (HALPERN – 1999).
Este trabalho, sob formato de revisão bibliográfica, com certeza auxiliará os
profissionais de saúde a atenuar o problema da obesidade infantil que muitas vezes
acarreta problemas na fase adulta. Dito isto, torna-se relevante investigar os
aspectos nutricionais relacionados com a obesidade infantil e o seu impacto na vida
adulta. Pesquisas dessa natureza podem fornecer elementos para uma atuação
multidisciplinar apoiada em evidências e estimular políticas públicas voltadas para a
redução de possíveis danos e promoção do bem-estar e da saúde do indivíduo
obeso. Diante do exposto, este estudo teve como questão norteadora: Quais
os fatores etiológicos são indicadores da obesidade infantil e seus danos à saúde da
infância até a fase adulta?

2 OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
Investigar e identificar os aspectos nutricionais relacionados com a obesidade
infantil e o seu impacto na vida adulta.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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Identificar os possíveis fatores etiológicos da obesidade infantil.
Averiguar a prevalência da obesidade infantil e seus danos à saúde da
criança.
Examinar quais as intervenções que se destacaram nesta última década
como forma de diminuir e/ou prevenir a obesidade em crianças.

3 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, em que foram utilizados
artigos científicos indexados nas bases de dados, The Scientific Electronic Library
Online (Scielo), PUBMED, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico
sendo selecionados os artigos apresentados no idioma português.
Para as buscas das referências, foi realizado uma pesquisa sistemática com
inclusão de artigos publicados entre 2000 e 2020. Tal intervalo foi com o intuito de
resgatar artigos sobre estratégias nutricionais, período que contém informações
mais relevantes acerca do tema.
Com os artigos situados, a busca foi apurada a partir da associação entre os
descritores “criança”, “adolescente” “adulto” e “obesidade”. Com a finalidade de
abordar os descritores com o assunto proposto, foram combinados a estes outros
descritores, como: “hábitos alimentares”, “estratégias nutricionais”, “família” e
“nutrição”. Tais descritores foram elegidos após consulta aos Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS), foi utilizado o operador lógico “OR” dentro de cada bloco
e o “AND” para combinar os blocos. A mesma estratégia de busca foi utilizada nas 4
bases de dados pesquisadas. Após a leitura, foram escolhidos os artigos que
atenderam aos critérios de abarcamento deste estudo e que respondiam à questão
norteadora.
As coletas de dados adotaram a seguinte sequência: inicialmente com a
leitura dos títulos, seguido da leitura dos resumos e por último a leitura dos artigos
na íntegra, com o intuito de averiguar se o conteúdo se relacionava com o tema em
questão. Para a eleição das fontes foi considerado o critério de inclusão:
bibliografias cujo enfoque do assunto estivesse relacionado ao tema “obesidade
infantil”; artigos entre 2000 e 2020; e foram excluídos artigos, repetidos ou que não
se encaixassem nos critérios de inclusão.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A prevalência da obesidade infantil é um tema de crescente preocupação em


todo o mundo, como indicam diversas pesquisas recentes. O problema da
obesidade infantil transcende fronteiras e afeta tanto países desenvolvidos quanto
em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Os estudos e dados compilados nesta
revisão bibliográfica destacam que a obesidade infantil não é uma preocupação
localizada, mas sim uma questão global que demanda atenção imediata (BATCH,
2005; MONTEIRO et al., 2004).
Uma das principais conclusões dessas pesquisas é que a prevalência da
obesidade infantil tem experimentado um aumento significativo nas últimas décadas.
Esse aumento não se limita apenas à população adulta, mas também se estende às
crianças e adolescentes. Essa tendência alarmante reflete a necessidade de ações
urgentes para reverter o cenário atual e promover hábitos de vida mais saudáveis
entre as gerações mais jovens.
Os estudos consultados também identificaram que as mudanças nos hábitos
alimentares e no estilo de vida desempenham um papel crucial no aumento da
obesidade infantil. Um dos fatores destacados é o aumento do consumo de
alimentos ricos em açúcares, gorduras saturadas e proteína animal, muitas vezes
em detrimento da ingestão de fibras, vegetais e carboidratos complexos. Essa dieta
desequilibrada contribui diretamente para o ganho de peso excessivo em crianças e
adolescentes, aumentando o risco de obesidade e suas complicações (LOPEZ;
CAMPOS JÚNIOR, 2008).
Além disso, a revisão da literatura enfatiza a influência negativa do
sedentarismo no cenário da obesidade infantil. O sedentarismo, caracterizado pelo
uso excessivo de dispositivos eletrônicos e pela falta de atividades físicas regulares,
tem agravado ainda mais o problema. A diminuição da prática de atividades físicas,
em conjunto com os hábitos alimentares inadequados, cria um ambiente propício
para o desenvolvimento e a manutenção da obesidade em crianças e adolescentes.

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Diante desses desafios, é evidente que medidas abrangentes são
necessárias para abordar a obesidade infantil. A prevenção e o controle da
obesidade infantil exigem esforços em várias frentes, desde a promoção de hábitos
alimentares saudáveis até a promoção de atividades físicas e a conscientização
sobre os perigos do sedentarismo. Essas ações devem ser coordenadas em níveis
individual, familiar, escolar e comunitário, com base nas evidências científicas e nas
diretrizes de saúde pública.
O avanço tecnológico nas últimas décadas transformou radicalmente a forma
como as crianças interagem com o mundo ao seu redor. Os dispositivos eletrônicos,
como smartphones, tablets, computadores e televisões, tornaram-se parte integrante
da vida cotidiana das crianças, proporcionando-lhes entretenimento, educação e
acesso a uma vasta gama de informações (RIDEOUT et al., 2019). No entanto, esse
uso excessivo de telas também trouxe à tona uma preocupação crescente: a relação
entre o tempo gasto em dispositivos eletrônicos e a obesidade infantil.
A obesidade infantil é uma questão de saúde pública que atinge proporções
epidêmicas em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que
mais de 340 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estejam acima do
peso ou obesos (OMS, 2020). Vários estudos científicos têm investigado a ligação
entre o uso de telas e o aumento do risco de obesidade em crianças (SUTHERLAND
et al., 2018).
Uma das maneiras pelas quais o uso excessivo de telas pode contribuir para
a obesidade infantil é através do aumento do tempo sedentário. Quando as crianças
passam longos períodos em frente às telas, estão menos propensas a se envolver
em atividades físicas, como brincadeiras ao ar livre, esportes e outras formas de
exercício (PEARSON et al., 2019). Esse comportamento sedentário pode levar a um
balanço energético positivo, no qual a ingestão de calorias supera a quantidade de
calorias queimadas, resultando em ganho de peso.
Além disso, o tempo gasto em frente às telas está frequentemente associado
ao consumo excessivo de alimentos calóricos e não saudáveis, muitas vezes em
resposta à publicidade de alimentos direcionada a crianças (BOYLAND et al., 2016).
A exposição constante a anúncios de alimentos ricos em açúcares, gorduras
saturadas e sódio pode influenciar as escolhas alimentares das crianças, levando ao
aumento da ingestão de alimentos não saudáveis e calóricos.

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O uso de telas antes de dormir também pode afetar a qualidade do sono das
crianças, o que, por sua vez, pode estar relacionado à obesidade. A privação de
sono está associada a mudanças hormonais que aumentam o apetite e a
preferência por alimentos ricos em calorias e carboidratos (CHAPUT et al., 2018).
Quando as crianças passam tempo em dispositivos eletrônicos até tarde da noite,
isso pode prejudicar seu sono e, potencialmente, contribuir para o ganho de peso.
Para abordar o problema do uso de telas relacionado à obesidade infantil, é
importante adotar estratégias baseadas em evidências. Recomenda-se que os pais
e cuidadores limitem o tempo de tela das crianças, estabelecendo regras claras
sobre o uso de dispositivos eletrônicos. A Academia Americana de Pediatria sugere
que crianças com idades entre 2 e 5 anos não devem passar mais de uma hora por
dia em frente às telas, enquanto para crianças mais velhas, a ênfase deve ser
colocada na qualidade do conteúdo e na moderação (AAP, 2016).
Além disso, é essencial educar as crianças sobre hábitos alimentares
saudáveis, ensinando-as a fazer escolhas alimentares conscientes e equilibradas. A
promoção de atividades físicas e o estímulo ao brincar ao ar livre também são
componentes fundamentais na prevenção da obesidade infantil (REILLY et al.,
2021).
Em resumo, o uso de telas está intrinsecamente relacionado à obesidade
infantil devido ao aumento do tempo sedentário, ao impacto nas escolhas
alimentares e à interferência na qualidade do sono. Para combater esse problema
crescente, é imperativo que pais, educadores e profissionais de saúde adotem
estratégias que promovam um equilíbrio saudável entre o uso de telas e um estilo de
vida ativo e nutritivo para as crianças.
Os fatores etiológicos associados à obesidade infantil representam um campo
complexo e multifacetado de estudo, como apontado pelos resultados desta revisão
bibliográfica. Entre os diversos fatores identificados, destacam-se as influências
genéticas, ambientais e comportamentais, todos desempenhando papéis
interligados na etiologia da obesidade infantil (BEHRMAN et al., 2002).
No que diz respeito aos fatores genéticos, as evidências sugerem que a
predisposição genética exerce um papel relevante na suscetibilidade à obesidade
infantil. Estudos mostram que algumas crianças podem herdar genes que as tornam
mais propensas a ganhar peso excessivo em resposta a determinados estímulos

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alimentares. No entanto, é importante ressaltar que a influência genética interage de
forma complexa com o ambiente em que a criança vive, incluindo seus hábitos
alimentares e níveis de atividade física (BEHRMAN et al., 2002).
Além dos fatores genéticos, os fatores ambientais desempenham um papel
significativo na obesidade infantil. A disponibilidade e o acesso fácil a alimentos não
saudáveis, muitas vezes ricos em açúcares e gorduras saturadas, podem facilitar o
desenvolvimento de maus hábitos alimentares em crianças. A falta de espaços
verdes e locais apropriados para atividades físicas ao ar livre contribui para o
sedentarismo, um fator de risco importante para o excesso de peso. Além disso, as
pressões sociais, incluindo a publicidade de alimentos processados e o estímulo ao
consumo de produtos não saudáveis, também influenciam negativamente os
comportamentos alimentares das crianças (HALPERN, 1999).
É crucial destacar o papel fundamental do ambiente familiar na formação dos
hábitos alimentares das crianças. Desde a infância, os hábitos alimentares são
frequentemente moldados pela educação alimentar fornecida pelos pais. Um
ambiente familiar que promove escolhas alimentares saudáveis, incentiva a prática
regular de atividade física e oferece uma estrutura adequada para o
desenvolvimento de hábitos saudáveis pode ser um fator protetor contra a
obesidade infantil.
Dada a complexidade e a interconexão desses fatores etiológicos, abordar a
obesidade infantil requer uma abordagem multidisciplinar que considere não apenas
aspectos genéticos, mas também ambientais e comportamentais. A promoção de
ambientes que incentivem escolhas alimentares saudáveis, a disponibilidade de
espaços para atividades físicas e a educação alimentar tanto em casa quanto na
escola são componentes essenciais na prevenção e no controle da obesidade
infantil.
A obesidade infantil representa um desafio crescente para a saúde pública em
todo o mundo e está associada a uma série de riscos significativos para a saúde na
vida adulta. Esta condição, muitas vezes vista como uma preocupação estética, vai
muito além disso, pois pode ter sérias implicações para a qualidade de vida e a
expectativa de vida das crianças afetadas. Neste contexto, é crucial compreender e
abordar os principais riscos da obesidade infantil na vida adulta, com base em
evidências científicas sólidas.

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Um dos principais riscos da obesidade infantil na vida adulta é o aumento da
probabilidade de desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes tipo 2.
Estudos mostram que crianças obesas têm maior probabilidade de desenvolver
resistência à insulina, o que pode levar ao diabetes quando atingem a idade adulta
(Reilly & Kelly, 2011). Além disso, a obesidade na infância está associada a um
maior risco de síndrome metabólica, que inclui fatores de risco para doenças
cardiovasculares, como hipertensão arterial, dislipidemia e obesidade abdominal
(Reilly & Kelly, 2011; Simmonds et al., 2016).
Outro risco importante é a possível persistência da obesidade na vida adulta.
Crianças obesas têm uma maior probabilidade de se tornarem adultos obesos, e a
obesidade na infância é um forte preditor de obesidade na idade adulta (Sinha &
Kling, 2019). A obesidade persistente ao longo da vida pode aumentar ainda mais o
risco de desenvolvimento de doenças crônicas e diminuir a qualidade de vida.
Além das implicações físicas, a obesidade infantil também está relacionada a
problemas psicossociais na vida adulta. Crianças obesas enfrentam um risco
aumentado de bullying, discriminação e estigmatização, o que pode afetar
negativamente sua autoestima e saúde mental ao longo da vida (Puhl & Latner,
2007; Griffiths et al., 2010). A depressão e outros problemas de saúde mental são
comuns em adultos que enfrentaram a obesidade na infância.
Para mitigar esses riscos, é fundamental adotar abordagens integradas e
multidisciplinares para prevenir e tratar a obesidade infantil. Isso inclui educação
sobre alimentação saudável e promoção da atividade física desde a infância, bem
como o envolvimento de pais, escolas e comunidades. As políticas públicas
desempenham um papel essencial na criação de ambientes que favoreçam escolhas
alimentares saudáveis e estilos de vida ativos.
Como indicado em diversas pesquisas, a obesidade infantil e sua
continuidade na idade adulta representam um desafio significativo para a saúde
pública global (BATCH, 2005; MONTEIRO et al., 2004).
No entanto, ao abordar o tema da obesidade, é importante compreender que
não existe uma "cura" única e definitiva para essa condição. Em vez disso, a
obesidade deve ser vista como um distúrbio de saúde crônico que exige uma
abordagem holística e de longo prazo para o gerenciamento e o tratamento. A
jornada rumo à saúde envolve uma combinação de estratégias que incluem

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mudanças nos hábitos alimentares, aumento da atividade física, consideração de
fatores genéticos e atenção ao ambiente em que vivemos (BEHRMAN et al., 2002).
Um dos desafios enfrentados no tratamento da obesidade é a influência da
predisposição genética. Estudos indicam que a genética desempenha um papel
importante na suscetibilidade à obesidade, mas a expressão dessa predisposição
pode ser modificada por fatores ambientais. Portanto, enquanto não podemos alterar
nossa genética, podemos modificar nosso ambiente e nossos comportamentos para
promover a saúde (BEHRMAN et al., 2002).
Nesse contexto, a educação alimentar desempenha um papel fundamental.
As mudanças nos hábitos alimentares são cruciais para a gestão do peso e a
promoção da saúde. Reduzir o consumo de alimentos ricos em açúcares, gorduras
saturadas e proteína animal, e aumentar a ingestão de fibras, vegetais e
carboidratos complexos são medidas-chave. É essencial também evitar o acesso
fácil a alimentos não saudáveis e combater as pressões sociais que incentivam o
consumo de produtos processados (HALPERN, 1999).
A prática regular de atividade física é outro componente vital na jornada rumo
à saúde. O sedentarismo, alimentado pelo uso excessivo de dispositivos eletrônicos,
contribui significativamente para o ganho de peso e a obesidade. Portanto, incentivar
a atividade física desde a infância e criar ambientes que promovam o movimento é
crucial para combater a obesidade infantil e adulta.
É importante destacar que a abordagem terapêutica da obesidade não deve
ser vista como uma busca pela "cura" instantânea, mas sim como uma busca por
melhorias na qualidade de vida e na saúde. As intervenções devem ser
personalizadas, levando em consideração a complexidade da condição e os fatores
individuais. Além disso, o apoio da família, o acesso a profissionais de saúde
qualificados e políticas públicas eficazes desempenham um papel crítico na
promoção de ambientes favoráveis à saúde (WHO, 2021).
A promoção da saúde e a prevenção da obesidade são metas alcançáveis por
meio de esforços coordenados em níveis individual, familiar, comunitário e político
(WHO, 2021).
A abordagem da obesidade infantil requer um esforço concertado e
abrangente, com intervenções e estratégias nutricionais desempenhando um papel
crucial na redução e prevenção dessa condição crescentemente preocupante. Com

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base nas descobertas da revisão da literatura, diversas abordagens têm emergido
como eficazes nas últimas décadas, contribuindo para a luta contra a obesidade
infantil (BATCH, 2005; MONTEIRO et al., 2004).
Uma das estratégias mais destacadas é a implementação de programas de
educação nutricional nas escolas. Esses programas desempenham um papel
fundamental na conscientização das crianças sobre escolhas alimentares saudáveis.
Ao educar as crianças desde cedo sobre a importância de uma alimentação
equilibrada e nutritiva, esses programas podem ajudar a moldar hábitos alimentares
positivos que perduram por toda a vida. Além disso, a promoção de atividades
físicas nas escolas e nas comunidades tem contribuído significativamente para
reduzir o sedentarismo e promover um estilo de vida ativo (BATCH, 2005).
Outra estratégia vital é a promoção da amamentação exclusiva nos primeiros
seis meses de vida. A amamentação oferece uma nutrição balanceada e ajuda a
regular a ingestão calórica nas fases iniciais da vida, reduzindo o risco de ganho de
peso excessivo na infância. Estudos destacam a importância de incentivar e apoiar
as mães nessa prática, garantindo os benefícios nutricionais e de saúde associados
à amamentação (Victora et al., 2016).
Além dessas estratégias, é fundamental considerar que as intervenções para
combater a obesidade infantil não devem se limitar apenas à conscientização e à
educação. Elas devem abranger uma ampla gama de setores da sociedade para
serem verdadeiramente eficazes:
 Políticas Públicas: Os governos desempenham um papel crucial no combate
à obesidade infantil por meio da implementação de políticas públicas. Isso
pode incluir regulamentações rigorosas para reduzir a publicidade de
alimentos não saudáveis direcionada a crianças, impostos sobre bebidas
açucaradas e medidas para melhorar a qualidade das refeições escolares
(WHO, 2021).
 Atividade Física: Além de promover atividades físicas, é importante incentivar
a prática regular de exercícios desde a infância. A participação em esportes,
jogos ao ar livre e atividades recreativas não apenas ajuda a queimar
calorias, mas também promove o desenvolvimento físico e emocional das
crianças (AAP, 2015).

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 Apoio à Família: A obesidade infantil frequentemente está ligada ao ambiente
familiar. Portanto, fornecer apoio e recursos às famílias para promover
hábitos alimentares saudáveis e um ambiente ativo é crucial. Isso pode ser
alcançado por meio de programas de orientação nutricional para pais e
cuidadores (AAP, 2015).
A implementação de estratégias nutricionais eficazes, juntamente com
políticas públicas sólidas e o envolvimento ativo de famílias e comunidades, é
essencial para criar um ambiente favorável à saúde das crianças e adolescentes,
ajudando a prevenir e reduzir a obesidade infantil.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão bibliográfica destaca a crescente e inegável importância do


problema da obesidade infantil e seus impactos que ecoam ao longo da vida. A
obesidade infantil se revela como um desafio multifacetado e intrincado, sendo
influenciada por uma interação complexa de fatores genéticos, ambientais,
familiares, culturais e comportamentais. Não podemos subestimar sua relevância,
uma vez que está diretamente associada a uma série de complicações de saúde
que podem persistir até a idade adulta.
No entanto, esta revisão também lança luz sobre um horizonte de esperança,
apontando para estratégias e intervenções nutricionais promissoras que podem
ajudar a enfrentar esse desafio complexo. A educação nutricional emerge como uma
ferramenta fundamental, capaz de fornecer informações preciosas sobre hábitos
alimentares saudáveis desde os primeiros anos de vida. Quando aliada à promoção
da atividade física, essa abordagem educativa se torna um pilar central na
manutenção de um estilo de vida ativo e equilibrado.
Além disso, não podemos subestimar o papel dos pais, cuidadores e da
comunidade em geral nesse processo. Conscientizar sobre a importância de criar
um ambiente familiar que fomente escolhas alimentares saudáveis e uma rotina
ativa é um componente crucial nessa batalha.
A abordagem multidisciplinar emerge como uma necessidade inquestionável.
Profissionais de saúde, educadores, psicólogos e outros especialistas devem
trabalhar de mãos dadas para proporcionar um tratamento abrangente e eficaz. É
importante destacar que a saúde mental também deve estar no centro dessa
discussão, visto que a obesidade infantil pode impactar significativamente a
autoestima e o bem-estar emocional das crianças.

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Ademais, o processo de monitoramento e avaliação constante se revela como
uma peça-chave nesse quebra-cabeça. Através do acompanhamento rigoroso,
podemos mensurar o progresso das intervenções e ajustar as estratégias de acordo
com as necessidades específicas de cada caso.
Em resumo, a obesidade infantil é um desafio premente de saúde pública que
exige esforços coordenados e engajamento de diversas esferas da sociedade.
Investir na saúde das crianças é investir no futuro, assegurando que elas cresçam
com saúde, e que a vida adulta seja vivida com plenitude e com menor risco de
doenças relacionadas à obesidade. Essa é uma causa que merece toda nossa
atenção e dedicação, pois, ao enfrentá-la de forma determinada e unida, podemos
oferecer um amanhã mais saudável e promissor às gerações vindouras.

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