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UNIFASIPE CENTRO UNIVERSITÁRIO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PEDRO CLARO WALTER

PERCENTUAL DE ALUNOS COM INDICE DE SOBREPESO E


OBESIDADE DA EMEB VEREADOR RODOLFO VALTER KUNZ
DA CIDADE SINOP-MT

Sinop, 2023
1
PEDRO CLARO WALTER

PERCENTUAL DE ALUNOS COM INDICE DE


SOBREPESO E OBESIDADE DA EMEB VEREADOR
RODOLFO VALTER KUNZ DA CIDADE SINOP-MT

Trabalho Conclusão do Curso de


Graduação em Educação Física -
Bacharelado do Centro de Desportos do
centro educacional unifasipe como
requisito parcial para a obtenção do Título
de Bacharel em Educação Física.
Orientador:Prof. Claudemir Gomes da Cruz

Sinop, 2023

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RESUMO

A prevalência da obesidade infantil tem aumentado drasticamente com o passar das


décadas em todo o mundo. Na maior parte dos casos de obesidade na vida adulta ela
começa já na infância, o que torna a obesidade infantil uma preocupação, portanto existe
uma certeza de que a intervenção deve ser realizada no período correto. Além de ser um
dos maiores fatores para a obesidade na vida adulta, a obesidade infantil trás inúmeros
outros problemas no decorrer dos anos. A prevenção da obesidade é fundamental, uma
vez que o tratamento eficaz desta doença é limitado. A gestão da alimentação e o
aumento da atividade física devem ser incentivados, promovidos e considerados
prioritários para proteger as crianças. O presente estudo através de levantamento de
dados visa apresentar e calcular percentuais do IMC dos alunos da EMEP Vereador
Rodolfo Valter Kurze para uma análise dos possíveis fatores ambientais que possam ter
levado a situação atual de sobrepeso e obesidade, ainda assim procura demonstrar
embasamento teórico sobre obesidade infantil.

Palavras chave: Obesidade, infantil, percentual, sobrepeso, dados.

3
ABSTRACT

4
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5

1.1 Problematização.............................................................................................................7

1.2 Justificativa .................................................................................................................... 9

1.4. Objetivos..................................................................................................................... 12

1.4.1 Objetivos específicos ................................................................................................. 12

2 . REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 15

2.1 O que é obesidade ......................................................................................................... 15

2.2 Obesidade e doenças trazidas por ela ........................................................................... 16

2.3 Prevenção da obesidade na infância .............................................................................. 22

2.4 A ação da atividade física junto a obesidade ................................................................ 24

2.4.1. Benefícios da atividade física .................................................................................... 25

2.4.2. Quanto de atividade física é necessário para prevenir o ganho de peso ................... 26

3. METODOLOGIA............................................................................................................ 28

3.1 Método de pesquisa ........................................................................................................ 28

4. PESQUISA DE CAMPO ..................................................................................................31

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO ..................................................................................... 34

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 36

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 37

5
1.INTRODUÇÃO

A obesidade tem se tornado uma epidemia nos dias atuais, sendo


preocupante, principalmente se tratando de crianças, é nessa faixa etária que
poderá se desencadear distúrbios psicológicos e também fatores que
influenciam no desenvolvimento motor.
Sabemos que o sobrepeso e a obesidade infantil possuem muitas origens,
uma delas é a alimentação inadequada, onde muitas crianças acabam criando
hábitos irregulares pela falta de consciência dos pais, ocasionando sérios
problemas de saúde especialmente a obesidade.
Outro fator relevante é a questão do sedentarismo, pois devido aos
grandes avanços tecnológicos, as crianças estão cada vez mais deixando de
praticar atividades físicas, trocando as brincadeiras que gastam mais energia
por jogos eletrônicos como: vídeo game, jogos de computadores e até mesmo
já utilizam a internet como entretenimento.
A televisão através de desenhos animados, filme, entre outros
programas, acaba ocupando a maior parte do dia-a-dia das crianças,
incentivando ao sedentarismo. Atraves disso, o que me incentivou a realizar a
pesquisa, o sobrepeso. Com isso tive a iniciativa de realizar a pesquisa para
que desde a educação infantil as crianças tenham uma orientação apropriada
nas aulas de educação física, que é ideal para iniciar o processo de prevenção
do sobrepeso e da obesidade infantil, onde as crianças poderão ter acesso a um
número variado de atividades.
Além disso, obter orientações para uma melhor qualidade de vida e o
sobrepeso não se transforme em obesidade. Por que todos desde cedo devem
ter acesso às informações e orientações do quanto é importante crescer e viver
com saúde e bem estar. Deste modo, podemos observar que nas aulas de
educação física pode ser trabalhada a prevenção do sobrepeso, para que não se
transforme em obesidade futuramente.
Assim, o objetivo da pesquisa é analisar e calcular os dados e como a
analise pode ajudar a prevenir o sobrepeso em crianças de 10 e 11 anos da
Escola Municipal Vereador Rodolfo Valter Kunze, analisando o Índice de
Massa Corporal, através do cálculo do IMC e análise de percentil; averiguando

6
como está sendo a orientação nas aulas de educação física com relação à
prevenção do sobrepeso.
A obesidade infantil tem crescido cada vez mais. No âmbito escolar,
diariamente percebe-se que não são poucos os alunos que tem vergonha do seu
corpo e acabam tendo dificuldades de lidar com esta situação conforme
(GOULART, 2010).
Para a identificação das crianças com sobrepeso e obesidade infantil, foi
utilizada a abordagens quantitativa e a qualitativa para que pudesse obter a
análise dos dados coletados. O trabalho compreende a organização em
capítulos, com reflexões acerca da temática, que envolveram leituras de
diversos autores para fundamentar o assunto com os sujeitos da pesquisa.
No primeiro capítulo comentamos sobre contribuição dos autores na
pesquisa que me embasaram teoricamente, para ampliar as reflexões em
relação ao tema investigado. Abordagem: o que é sobrepeso; o que é o
sobrepeso infantil; a história da obesidade no Brasil e a sua etiologia; os
fatores que influenciam o sobrepeso e a obesidade infantil.
No segundo capítulo exponho a metodologia utilizada que orientou
diversos passos para realização da pesquisa.
No terceiro capítulo envolve a análise dos dados coletados, os quais
fundamento com as leituras realizadas que contribuíram para compreensão da
prevenção do sobrepeso e a obesidade infantil. Adotei as pesquisas qualitativa
e quantitativa, pois a obtenção de dados se deu através do questionário, a
coleta do IMC e análise do percentil realizado com os alunos de 7 a 11 anos da
Escola Municipal Vereador Rodolfo Valter Kunze do município de Sinop, os
dados foram analisados a partir do referencial teórico estudado.
Assim, a pesquisa servirá para conscientizar os professores da
importância de ser trabalhada a prevenção do sobrepeso com seus alunos em
busca de uma boa qualidade de vida evitando assim a obesidade infantil, e
mostrar aos pais que é possível prevenir o sobrepeso, desde que haja empenho,
força de vontade e que a prevenção inicie cedo, ou seja, mesmo que com 11
anos da educação infantil, pois é nesta fase onde a criança poderá adquirir
hábitos saudáveis que irá levar por toda a vida.
A obesidade é um fenômeno que vem acometendo milhares de pessoas
no mundo todo, tornando-se um problema de saúde pública, visto que, vem
7
sendo responsável por grandes dispêndios no custo total da saúde pública
(MATSUDO & MATSUDO, 2006). De maneira simplificada, obesidade é o
acúmulo excessivo de gordura corporal, de forma que esse acúmulo acarrete
prejuízos à saúde dos indivíduos, , doenças cardiovasculares.
O sedentarismo e a prática insuficiente de atividades físicas regulares
são, sem dúvida, responsáveis pela maior prevalência de excesso de peso e
obesidade,que proporcionar um acúmulo de peso, tornando a pessoa obesa.
Estudos têm sugerido que a diminuição no nível de atividade física pode ser a
explicação para o ganho de peso corporal, em maior proporção, quanto
comparada ao aumento da ingestão energética (MATSUDO & MATSUDO,
2006).
Em vários países pelo mundo a obesidade vem assumindo proporções
epidémicas, onde inclui-se o Brasil. Suas origens são inúmeras quando se
segue a origem literária podendo ser provinda de origens nutricionais,
farmacológicas, genética, endócrinas, ambientais ou comportamentais e podem
ou não se corelacionar para a geração da doença.

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1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2000, p. 165) “A
obesidade pode ser definida de uma maneira simplificada como o acúmulo
excessivo de gordura corporal, soba forma de tecido adiposo, sendo
consequência de balanço energético positivo, capaz de acarretar prejuízos à
saúde dos indivíduos”. Logo esse acúmulo excessivo de gordura corporal
pode comprometera saúde do individuo, levando a acarretar problemas tais
como alteração metabólica, dificuldades de locomoção ou impasse
respiratório dentre outros problemas bem como alguns tipos de câncer,
doenças cardiovasculares, diabetes tipo II, artrite, pedra na vesícula, cansaço,
refluxo esofágico.
A partir desse ponto pode-se realizar o diagnostico seguindo
parâmetro da Organização Mundial da Saúde (OMS) através de um cálculo
que denomina o índice de massa corporal (IMC) tal qual faz uso do peso do
individuo (kg) e também da altura (m)². Através dessa análise existe alguns
grupos em que pode vir a se encaixar como: peso normal, excesso de peso,
obesidade, e super-obesidade, e para cada um desses grupos é necessário
atingir uma resultante variável entre 17 e 58 ou seja o individuo passa a ser
considerado obeso ao atingir valor igual ou maior do que 30 kg/m².
Para atingir essa condição existem vários fatores que ainda são muito
discutidos incluindo os históricos familiares, fatores ecológicos, políticos,
socioeconómico, psicológicos, biológicos, culturais, idade e apesar de todos
esses fatores um dos que mais favorece a obesidade é a não pratica da
atividade física. Alguns estudos relacionam e analisam o Binômio dieta e
atividade física e sua correlação com a obesidade essas investigações se
concentram nas questões relacionadas a maior quantidade energético de dietas
e na redução da prática da atividade física com a incorporação do
sedentarismo, configuração denominada estilo de vida ocidental
contemporâneo.
Devido ao aumento da obesidade ao longo dos anos esse trabalho tem
como problemática a relação que a atividade física exerce sob a prevenção da
obesidade. Por isso esse trabalho de conclusão tem como a principal

9
problemática a relação que a atividade física exerce sob a prevenção da
obesidade e seu tratamento.
Segundo a OMS existe uma estimativa de mais de 300 milhões de
adultos que são clinicamente obesos, incluindo todas as áreas sejam elas
rurais ou urbanas, as faixas socioeconómicas apenas nos Estados Unidos as
taxas de obesidade em adultos entre 20 e 74 anos de idade aumentou em 2006
mais de 20% (Spiegato, 2022) sem incluir nos números a percentagem de
crianças que vem se tornando obesas ao longo do ano.
Já no Brasil o cenário passa a ser diferente por ser um pais em
desenvolvimento que passou por grandes problemas como a desnutrição
encarar a extremo oposto que passa a ser a obesidade é ainda mais
preocupante, segundo a última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2018) o
índice da obesidade aumentou cerca de 67,8% apenas entre os anos de 2006 e
2018, agregando para o grupo de 25 a 34 anos um maior aumento em relação
com relação aos de 35 a 44 anos de idade.
Logo podemos observar que a atividade física orientada contribui
para uma melhor prevenção ou tratamento da patologia, visto que ela
proporciona o desenvolvimento da aptidão física como a força, flexibilidade,
composição corporal resistência cardiorrespiratória e muscular além de
auxiliar no controle de células adipócitos e conservando a capacidade neuro-
motora e funcional além de que melhora a qualidade devida do praticante
sendo um reflexo dos hábitos diárias e estilo de vida. O questionamento que
levou ao início da pesquisa acerca desse tema foi, qual a importância da
atividade física ? Como ela atua na prevenção e tratamento da 11 obesidade?
E qual a relação entre alimentação, atividade física e obesidade?

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1.2 JUSTIFICATIVA

Este estudo teve as abordagens quantitativa e qualitativa, pois as aulas


Educação Física na escola pesquisada servirão como meio para descobertas e
melhor compreensão das influências que a escola exerce sobre a vida dos
alunos, possibilitando a adoção de estratégias consideradas relevantes para a
melhoria da qualidade de vida dos mesmos, onde o estudo será baseado na
coleta de dados, através da pesquisa de campo na escola.
Segundo Martins Junior (2008, p. 82) a análise quantitativa “É a
quantificação que se faz dos dados obtidos, na qual o número dos sujeitos
participantes, as médias e as percentagens resultantes serão dispostos sob a
forma de tabelas e gráficos”.
Adotou-se também a análise qualitativa, para que se possa obter a
análise que resultaram dos dados coletados. Para o mesmo autor (2008, p.83) a
análise qualitativa refere-se “a análise que se faz do conteúdo resultante da
coleta de dados. Para isso, o pesquisador pode se valer dos métodos
fenomenológicos ou hermenêuticos”.
Para que eu pudesse realizar a coleta de dados, o tipo de pesquisa que
desenvolvi, foi à pesquisa de campo, pois a mesma procura coletar dados
diretamente da fonte. Segundo Martins Junior (2008, p.59), a pesquisa de
campo “também chamada de pesquisa empírica, este tipo de trabalho requer
um contato maior com a população pesquisada a fim de verificar a ocorrência
de algum fenômeno que estaria influenciado sobre a mesma ou a fim de
realizar alguma experiência com a sua participação”.

11
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL

Levantar o percentual de alunos com indice de


sobrepeso e obesidade de acordo com o IMC, na EMEB
Rodolfo Valter Kunz.

12
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A. Calcular o IMC dos alunos da EMEB


Rodolfo Valter Kunz;
B. Verificar altura e peso de cada aluno
da escola;
C. Apontar qual a serie/ano/idade que
apresenta o maior indice de alunos
com sobrepeso e obesidade.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O QUE É OBESIDADE?

A obesidade pode ser definida, de forma resumida, como o grau de


armazenamento de gordura no organismo associado a riscos para a saúde,
devido a sua relação com várias complicações metabólicas (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1995). A base da doença é o processo
indesejável do balanço energético positivo, resultando em ganho de peso.
No entanto, a obesidade é definida em termos de excesso de peso. O índice
de massa corporal (IMC) é o índice recomendado para a medida da obesidade
em nível populacional e na prática clínica1. Este índice é estimado pela
relação entre o peso e a estatura, e expresso em kg/m2.(ANJOS, 1992).
Além do grau de excesso de gordura, a sua distribuição regional no corpo
interfere nos riscos associados ao excesso de peso. O excesso de gordura
abdominal representa maior risco do que o excesso de gordura corporal por si
só. Esta situação é definida como obesidade andróide, ao passso que a
distribuição mais igual e periférica é definida como distribuição ginecóide
com menores implicações à saúde do indivíduo (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1998).
A obesidade integra o grupo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis
(DANTSs). As DANTs podem ser caracterizadas por doenças com história
natural prolongada, múltiplos fatores de risco, interação de fatores etiológicos,
especificidade de causa desconhecida, ausência de participação ou
participação polemica de microorganismos entre os determinantes, longo
período de latência, logo curso assintomático, curso clínico em geral lento,
prolongado e permente, manifestações clínicas com períodos e de
exacerbação, lesões celulares irreversíveis e evolução para diferente graus de
incapacidade ou para a morte (PINHEIRO, 2004).

2.2 SOBREPESO E OBESIDADE INFANTIL

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Atualmente o sobrepeso e a obesidade infantil têm aumentado
constantemente em todo o mundo, o que ocasiona uma preocupação para a saúde.
Segundo Lopes (2006 apud GOULART 2010, p.16): “De fato, esta é uma doença
universal de prevalência crescente e que vem adquirindo proporções
alarmantemente epidêmicas, sendo um dos principais problemas de saúde pública
da sociedade moderna”.
A obesidade infantil é um problema grave, que cresce de forma descontrolada
nos últimos tempos, devido principalmente: mudanças no estilo de vida como
também pelo alto consumo de alimentos ricos em gorduras, açúcares e calorias, o
que automaticamente ocorre à diminuição no consumo de alimentos saudáveis e
também relacionados a pouca prática de atividade física.
Para obtermos um diagnóstico que uma criança está obesa, não basta
simplesmente observar se ela permanece dentro dos critérios de melhor aparência,
ou seja, olhar e analisar se ela está um pouco acima do peso, pois o excesso de peso
pode ser confundido com obesidade, contudo existem diferenças significativas entre
sobrepeso e obesidade como relata Bouchard:
O sobrepeso é, sob vários aspectos, muito diferente da obesidade. É
óbvio que a obesidade caracteriza-se por um excesso significativamente
maior de peso e, articularmente, de massa de tecido adiposo, do que o
sobrepeso; entretanto, a situação é ainda mais complexa. (BOUCHARD
2003, apud BORBA, 2006 P.04).

Já Viuniski (2000, apud BORBA, 2006) relata que para obter o diagnóstico
em crianças acima do peso ou obesas, é essencialmente, visual. O que não diz que é
só olhar para diagnosticar, porém sabendo os aspectos físicos não tem como errar.
A obesidade e o sobrepeso infantil trazem consequências à saúde física e
mental ocasionados por vários fatores. A população infantil é do ponto de vista
psicológico, socioeconômico e cultural, dependente do ambiente onde vive que na
maioria das vezes é constituído pela família, sendo que suas atitudes são,
frequentemente, reflexos deste ambiente. (OLIVEIRA et al., 2003).
Além da saúde física aobesidade ou sobrepeso se relaciona com a saúde
mental que está associado aos aspectos cognitivos, através dele que a criança
adquire um conhecimento sobre seu corpo. Onde passa a ser prejudicada por causa
do preconceito da população em geral, sendo discriminada até mesmo dentro da sua
própria casa. Isso faz também que a criança se afaste do meio em que vive e passa a
ficar em um mundo solitário. Chegando a situações desagradáveis por causa deste
15
preconceito, deixando de brincar com os colegas por vergonha, raiva, desgosto,
ansiedade, inveja entre outros; isto acaba ocasionando sofrimento e a criança cria
uma autoimagem negativa, pensando assim que está fora de um padrão estipulado
pela sociedade (magreza), o que leva a criança um grau de depressão, o qual pode
acabar em anorexia e/ou bulemia.
O sobrepeso infantil não ocorre somente pelo consumo exagerado de
alimentos pouco nutritivos, com alto valor calórico como produtos industrializados
e doces, mas sim por diversos fatores ambientais, genéticos os quais levam as
crianças se tornarem obesas. Por isso é importante à descoberta logo na infância,
para que possa ser tratado e não ocasionar problemas futuros, evitando assim, outras
doenças que podem ser originadas da obesidade, como diabetes, hipertensão e
problemas cardiovasculares.
Para obter o diagnóstico pode ser realizado o teste antropométrico nas
crianças, segundo Ricardo, Caldeira e Corso afirmam:
[...] O diagnóstico de sobrepeso e obesidade em estudos
epideomiológicos vem sendo realizado pela antropometria, por sua
facilidade de execução e baixo custo, permitindo avaliar o crescimento
da criança e as dimensões corporais nas diferentes idades (RICARDO;
CALDEIRA; CORSO 2009 p.425).

Para o mesmo autor, “o índice de massa corporal (IMC) reflete o excesso de


gordura corporal total e vem sendo muito utilizado para o diagnóstico de sobrepeso
e obesidade em adultos e crianças”. O IMC é realizado nas pessoas para
diagnosticar a obesidade ou não, pois dentro da tabela está o baixo peso, peso ideal,
acima do peso e obesidade.
Existem vários métodos empregados para diagnosticar a obesidade que
permitem estimar a quantidade total de gordura corporal, assim como sua
distribuição (PEIXOTO et al, 2006). O índice de massa corporal (IMC) é
frequentemente utilizado na prática clínica e em estudos epidemiológicos para a
avaliação do estado nutricional das crianças e adolescentes, com o objetivo de
identificar se a criança está abaixo do peso, no peso adequado ou obesidade. A
Organização Mundial da Saúde recomenda o uso do IMC no rastreamento de
sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes devido à facilidade para obtenção
das medidas, ao baixo custo dos equipamentos necessários para as avaliações e à
elevada correlação com a gordura corporal. O IMC foi determinado pela razão entre
o peso e a estatura: IMC = peso (kg) / estatura (m2), (CONDE, 2006).
16
Através do diagnóstico podemos detectar vários distúrbios que causam a
obesidade, como afirmam HELLER et al. (2004, p.25). [...] distúrbios ortopédicos,
gastroenterológicos, endócrinos, metabólicos, cardiovasculares, pulmonares e
neurológicos. Há, também, dificuldades econômicas e psicossociais significativas
associadas à obesidade pediátrica.
Para a mesma autora a obesidade a partir do esquema mostrado a seguir
pode ser compreendida:

• A criança recebe críticas sobre seu corpo e peso.


• A criança não sabe lidar com esta situação de crítica.
• Esta criança, já possui uma história de vida em que ocorreu punição,
humilhação, em função de seu peso e, portanto a repetição de tal
situação gera um estado de alta ansiedade.
• Pra “resolver” esta questão a criança opta por uma entre duas
alternativas:
a) Isola-se deliberadamente do grupo recolhendo-se na TV ou no
computador e evitando assim mais críticas;
b) Agridem seus “agressores” em geral os pares, e acaba sendo
“cortada” do grupo e sendo isolada.
• O isolamento diminui as fontes de obtenção de prazer e a comida
passa a ter papel ainda mais gratificante; o isolamento incentiva o
sedentarismo e facilita o ganho de peso.
• A criança engorda ainda mais, ocorre rebaixamento de autoestima,
sensações de fracasso, de não controle, o que leva à tristeza e que pode,
em casos extremos, levar até à depressão.
• A criança triste ou deprimida não tem condições de seguir um
tratamento para perda de peso e, assim se mantém com sobrepeso e
vulnerável às críticas sociais.
• O círculo vicioso se autoperpetua e a obesidade se mantém dentro
deste paradigma; a única forma de enfrentá-la consiste em se quebrar
esta cadeia comportamental, preferencialmente em seu início, ou seja,
ensinando a criança a lidar com as situações de crítica (HELLER et al.
2004, p. ,22).

Para a criança é muito difícil passar por estas situações sem receber ajuda,
por que não está preparada para lidar com estas ocasiões desde cedo. Por isso
quando a criança estiver acima do peso, já é bom tentar um diagnóstico para que
saibamos como lidar com esta doença.
Após o sobrepeso e/ou a obesidade ser diagnosticada, é fundamental que se
inicie uma transformação nos hábitos desta pessoa, pois com alimentação adequada
e uma atividade física orientada, aumenta a chance de esta pessoa reduzir o peso e
consequentemente estimular-se cada vez mais para buscar a saúde sempre.
Os autores Carrel et al., 2005; Gutin et al., (2002 apud RECH e HALPERN
2011, p.21) relatam:
Obesidade e baixo condicionamento físico constituem problemas à
17
saúde e estão afetando um número crescente de jovens. Estudos
experimentais têm demonstrado que programas de atividades físicas bem
orientadas conseguem diminuição significativa do percentual de gordura
total e da gordura corporal, assim como favoráveis mudanças na aptidão
cardiovascular (CARREL ET AL., 2005, GUTIN ET AL., 2002 apud
RECH; HALPERN 2011, p.21).

A Prática de atividades físicas pela criança leva à adoção de hábitos


saudáveis e à formação de um compromisso com a regulação alimentar,
contribuindo para o aprimoramento da sua autoestima. O que acontece muito é a
alta ingestão de alimentos hipercalóricos, o que acumula energia no corpo para ser
gasta com atividade física, e se essa energia não for queimada se transforma em
gordura para o corpo o que ocasiona o aumento de peso das crianças. A obesidade é
considerada um sério problema de saúde por que quando se inicia doenças por causa
do excesso de peso, acaba diminuindo a expectativa de vida e a autoestima está
ligada há muitos fatores, sendo eles cognitivos, emocionais e sociais. A visão que a
criança com excesso de peso tem de si própria, é um fator determinante para a
posterioridade de suas emoções, pois crianças com baixa autoestima acabam
deixando de fazer as coisas que tem interesse por medo de arriscar e falhar,
consequentemente de ser julgado por isso.
Reeve (2006 apud RECH e HALPERN 2011, p.104) “[...] a autoestima
correlaciona-se positivamente com a sensação de felicidade. Não existem evidências
de que aumentar a autoestima das pessoas faz aumentar seu funcionamento”.
Por mais que algumas crianças obesas, digam que não se importam com o
que os outros pensam e levam tudo na brincadeira, até mesmo quando algumas
pessoas fazem piadas a respeito de seu peso, a grande maioria delas não está
satisfeita com o seu corpo, o que faz com que sonhem em ser magras, pois assim
talvez não sofressem tanto em relação ao preconceito e passariam a se gostar mais.
A criança obesa tem muita dificuldade em se socializar e necessita
constantemente de estímulos, pois se sente inferior aos demais colegas, e passa
apresentar baixo desempenho em atividades físicas competitivas, o que causa
exclusão por parte de seus colegas.
De acordo com Heller et al., (2004) as crianças tem muitas dificuldades para
expressar seus sentimentos, principalmente as que estão com excesso de peso.
Tendo muita dificuldade de se expressar, sendo assim dóceis, procuram não
reclamar das coisas, com isso fica mais difícil para que os pais e professores
identifiquem os problemas emocionais causados pelo sobrepeso, porém muitas
18
vezes em busca de ajuda a criança busca a comida excessiva, fora de hora, ou
procuram por doces como maneira de desabafo e de acreditar que comendo, as
coisas vão melhorar, e ela se sentirá mais leve.
A obesidade não deve ser classificada como um transtorno psiquiátrico,
mesmo que a pessoa acabe tendo conflitos psicológicos, através do preconceito e o
desgosto de sua própria imagem, ocasionando assim a ansiedade, depressão, o
nervosismo, a vontade de comer irregularmente, o estresse entre outros.
É importante destacar que cada criança é única e pode reagir de maneira
diferente à obesidade e suas consequências emocionais. Além disso a autoestima é
influenciada por diversos fatores, não se limitando apenas ao peso corporal. O
suporte familiar, a educação sobre a importância da saúde e o incentivo à pratica de
hábitos saudáveis são fundamentais para ajudar as crianças a desenvolverem uma
autoestima positiva, independentemente do seu peso ou aparência física. Se uma
criança estiver enfrentando problemas emocionais relacionados a obesidade, é
essencial buscar apoio de profissionais de saúde, como psicólogos ou pediatras, para
fornecer a assistência adequada.
Na atualidade o acesso mais fácil aos alimentos ricos em gorduras e
açucares, faz com que a obesidade permanece presente na casa destas pessoas, como
também os avanços tecnológicos, que faz com que as crianças não deixem de ser
sedentárias passando assim o dia em frente a computadores e videogames
(OLIVEIRA e FISBERG 2003).
Um dos grandes pontos da obesidade infantil é a facilidade do consumo de
alimentos não saudáveis, que podem ser encontrados até mesmo na própria cantina
da escola e também a falta de incentivo de brincadeiras com um maior gasto
energético, logo eles podem ser facilitados por diversos fatores, sendo acessível,
atraente e conveniente, na maioria das vezes para os pais e responsáveis já que a
responsabilidade de adquirir os alimentos não deve ser das crianças. Além de
fatores como cultura e estilo de vida estarem atrelados a essa facilidade existe
também o marketing e a publicidade, grandes marcas investem em embalagens
atraentes ou campanhas que tornem atrativo o consumo de tais alimentos.
Quando o obeso resolve iniciar um tratamento, através de mudanças de
hábitos, passando a ingerir alimentos saudáveis e praticando atividade física
regularmente, passa por uma mudança comportamental. Sendo que deverá ter muita
força de vontade e evitar recaídas, por isso as terapias em grupos são tão
19
importantes.
Oliveira e Fisberg:
[...], pois a mudança de comportamento, por meio de terapias
comportamentais, baseia - se em análise e modificação do
comportamento disfuncional associado ao estilo de vida do indivíduo, na
qual utiliza estratégias que auxiliam no controle de peso, reforçando a
motivação com relação ao tratamento e evitando recaídas e
consequentemente o ganho de peso, por ser uma terapia feita em grupo a
motivação vinda dos demais participantes auxilia e a observação do
comportamento de outras pessoas beneficia ainda mais no tratamento, ou
seja, por meio da observação, pode levar a aprenderem do que é certo ou
errado e a mudança do comportamento para hábitos mais saudáveis
(OLIVEIRA; FISBERG 2003, p.02).

A mudança da forma comportamental é a mais usada pelas pessoas


envolvidas com a obesidade, pois mudando os hábitos de vida e é uma maneira mais
prática de diminuir o peso, incluindo atividade física no dia a dia, e fazendo uma
ingestão de alimentos saudáveis. Este comportamento pode também ser entendido,
de como a pessoa passa a agir com outras pessoas, por causa da sua autoestima
baixa, e consequentemente se torna uma pessoa agressiva por não aceitar o seu
peso.
Bosello e Cuzzolaro afirmam que:
Estudos sobre a resistência à obesidade, feitos entre jovens e adultos,
descobriram que aquelas que são capazes de manter o físico estável
(oscilações não superiores a três quilos em cinco anos) são cerca de
20%: um em cada cinco! E os homens tem maior incidência que as
mulheres. São predicados favoráveis à estabilidade de peso: um histórico
sem regimes, não ter passado por gravidez, não ter sido fumante e não
consumir bebidas alcoólicas. As pessoas que possuem resistência à
obesidade comem menos frequentemente em restaurantes e consomem
menos fast-food. A quantidade de atividade física voluntária, ao
contrário, não se tornou uma característica significativa de resistência à
obesidade futura (BOSELLO E CUZZOLARO 2010, p.47).

Entende-se que quando a pessoa possui biotipo magro, mesmo tendo


realizado atividades física do dia a dia ou não, vai continuar sendo magro. Porém,
para as outras pessoas a prática de atividades físicas continua sendo um fator
determinante para prevenir a obesidade e combater outras patologias.

2.3 EVOLUÇÃO DA OBESIDADE NO BRASIL


A população mundial cresceu significativamente nos últimos anos e o
peso da mesma também aumentou, o que mostra que nunca houve tantos
obesos como atualmente. O sobrepeso e a obesidade infantil têm aumentado a
cada década, principalmente depois dos anos 70, passando por uma transição
nutricional, o que se caracteriza de uma grande epidemia mundial. A
20
obesidade juntamente com os seus malefícios relacionados principalmente
com a saúde passou a ter relevância a partir do século XX. Em décadas
passadas a preocupação era com a desnutrição infantil, considerado um fator
para a mortalidade infantil. Dimon e Barros afirmam que:

[...] inicialmente nos países desenvolvidos, o século XX trouxe a


chamada transição nutricional, isso é, o surgimento de um novo perfil
nutricional de populações, em que desaparece a desnutrição e emerge a
obesidade como um problema de saúde pública, com todas as suas
consequências e fatores relacionados (DIMON; BARROS 2008 p.2).

A cada ano que passa, por mais que tenham pessoas cada vez mais se
preocupando com a saúde e com a estética, ainda há grande aumento do
número de pessoas obesas, as quais já iniciam o grau de obesidade na
infância. Antigamente, os adultos eram considerados saudáveis quando
estavam com excesso de peso, por isso havia um grande número de pessoas
com sobrepeso.
No Brasil, com diferentes regiões e culturas, a obesidade está presente
principalmente em regiões mais desenvolvidas e urbanas. Onde se encontra o
maior número de pessoas de classe média e alta, com acesso a grandes centros
de comida rápida, os fast foods, alimentos estes que não proporcionam
alimentação saudável.
Para Filho e Rissin:
É evidente que as diferenciações geográficas expressam,
basicamente, diferenciações sociais na distribuição da obesidade. Em
princípio, existiria maior prevalência de sobrepeso/obesidade nas regiões
mais ricas, sendo esta condição o fator discriminante dos cenários
epidemiológicos entre o Nordeste e Sudeste do Brasil. (FILHO; RISSIN
2003, p. 184).

O Brasil, com suas regiões distintas mostra a diferença entre as pessoas de


regiões menos desenvolvidas, que ainda hoje sofrem com a desnutrição, o
pouco acesso à alimentação diferenciada, algumas pessoas que vivem no
interior tem que racionar até mesmo a água mineral. O que representa que o
país não tem uma boa distribuição de renda entre sua população. Como a
obesidade infantil esta relacionada a muitos fatores, podemos analisar que,
mesmo tendo influências genéticas para obter a doença, o grande número de
crianças que são sedentárias e que não tem uma alimentação adequada é
alarmante.
21
Como afirma Chaves e Col. (2006, apud COLAÇO e SANTOS, 2011,
p.05): “No Brasil 95% dos casos de obesidade estariam relacionados à má
alimentação, enquanto apenas 5% seriam decorrentes de fatores endógenos,
referentes ao público infantil”.
A grande carência do Brasil e até mesmo de outros países, é o baixo
investimento na área da prevenção. Onde poderia ser aplicado melhor o
dinheiro dos impostos na prevenção, pois acabaria melhorando o alto fluxo de
pessoas nos pronto atendimento, em hospitais e isso só ocorre por nos
preocuparmos mais com as pessoas doentes e esquecer que muitas doenças
podem ser prevenidas através de uma boa alimentação e a prática de
exercícios físicos.
A obesidade já se tornou uma epidemia global, sem distinção sendo tanto
em homens, mulheres, crianças e idosos, onde as chances de melhorarmos
esses dados são grandes, sendo um desafio que envolve a economia, a
sociedade, a psicologia e os médicos responsáveis pelo tratamento. Uma das
preocupações com o grande número de crianças obesas está também
relacionada pelo fato dos pais já estarem acima do peso.
Segundo IBGE (2003 apud FERNANDES 2008), [...] num universo de
95,5 milhões de brasileiros de 20 anos ou mais de idade há 38,8 milhões com
excesso de peso, das quais 10,5 milhões são considerados obesos [...].
Nota-se que o Brasil por ser um país em desenvolvimento, encontra-se
com número muito alto de pessoas com excesso de peso e obesos.
Sobre os aumentos dos índices de obesidade, Guedes e Guedes (1998
apud COLAÇO; SANTOS, 2011, p.3) destacam que “[...] a obesidade têm se
caracterizado como a disfunção orgânica que mais apresenta aumento em seus
números, não apenas nos países industrializados, mas particularmente nos
países em desenvolvimento”.
Nós brasileiros nos baseamos sempre no padrão de vida americano, e até
mesmo em relação ao sobrepeso, infelizmente estamos indo para o mesmo
caminho, maior quantidade de pessoas obesas a cada dia.
Baseado em comentários de Heller (2004), no Brasil estima-se que 15%
das crianças já sejam obesos, o que causa uma enorme preocupação, pois uma
das causas de maior óbito no Brasil é através de doenças cardiovasculares, e a
obesidade pode desencadear estas doenças. Uma das grandes causas do
22
excesso de peso e consequentemente da obesidade é o sedentarismo. Nota-se
que nos anos 80 no Brasil, havia um número menor de pessoas obesas, pois a
vida de muitas destas pessoas era o trabalho no campo, e não a tecnologia que
hoje encontramos, a qual acaba incentivando o sedentarismo, por que as
crianças destas famílias brincavam de atividades que continham um gasto
energético maior e a alimentação era muito mais saudável.
A obesidade infantil, no Brasil e no mundo, mesmo tendo um grande
aumento anualmente, preocupa a população e vem sendo um fator
determinante para a prevenção e o combate da mesma em todos os lugares,
como: escola, empresas, na saúde publica entre outros.
O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de pessoas que
sofrem de obesidade mórbida, pessoas com Índice de Massa corporal
(IMC) acima de 40. No caso das crianças, o IMC elevado vem
aumentando, pesquisas mostram no Brasil foi detectado a obesidade
infantil em 4,1% no período de dez anos (MOTA; SILVA 2001 apud
FEITAL; OLIVEIRA 2011, .02).

Fonte: Veja (2015).

Pode-se observar o alto índice de obesidade infantil ultrapassando até


mesmo 30% da população infantil, o gráfico acima demonstra que o Brasil
23
está nutrindo uma geração de obesos, deixando o país no sexto lugar com
maior número de obesos segundo relatório anual sobre saúde global da
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). (VEJA,
2015).
A população brasileira preocupa-se muito em relação às doenças que
correm um maior risco de morte, porém muitos casos poderiam ser revertidos
com a prevenção. A prevenção custa menos para todos, e a doença além de
levar a pessoa ao sofrimento ainda custa mais caro para a sociedade.

2.4 ETIOLOGIA DA OBESIDADE


A etiologia da obesidade é dividida em dois grupos: no primeiro o
determinante é o fator genético ou fatores endócrinos e metabólicos, já o outro
é considerado fator externo que está relacionado ao ambiente e o
comportamento.
A obesidade traz inúmeras consequências tanto para a saúde, quanto à mente
da população, o que cada vez mais preocupa o equilíbrio da saúde pública. A
obesidade é definida através de vários fatores, sendo eles biológicos,
psicológicos e socioeconômicos.
Segundo Oliveira et al. descrevem que:
A obesidade definida como um excesso de gordura corporal
relacionado à massa magra, e o sobrepeso como uma proporção relativa
de peso maior que a desejável para a altura é condições de etiologia
multifatorial, cujo desenvolvimento sofre influência de fatores
biológicos, psicológicos e socioeconômicos (OLIVEIRA et al., 2003,
p.02).

A maior preocupação em relação ao sobrepeso e a obesidade infantil, é que o


índice de obesos tem aumentado consideravelmente nos últimos anos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2004 apud ROMERO e
ZANESCO 2006 p.02), número de obesos entre 1995 e 2000 passou de 200
para 300 milhões, perfazendo quase 15% da população mundial. Estimativas
mostram que, em 2025, o Brasil será o quinto país no mundo a ter problemas de
obesidade em sua população.
Portanto, a obesidade é considerada, em países em desenvolvimento e
subdesenvolvido, um importante problema de saúde pública. Por isso é de tão
importância fazer a prevenção, para que esta estatística mude, e que as pessoas

24
tenham um tempo maior de vida.
“A etiologia da obesidade é complexa, multifatorial, resultando da interação
de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais” (GUEDES et al. 2005,
p.03). Quando falamos sobre a etiologia da obesidade, entende-se que inúmeros
fatores como a genética, sedentarismo, alterações com o balanço energético,
como também muito tempo em frente à televisão, computador, são relacionados
como causadores da obesidade infantil. De acordo com Pinheiro e
Colaboradores (2004 apud DIMON e BARROS, 2008) afirma que: “a
obesidade é uma doença integrante do grupo das Doenças Crônicas Não
transmissíveis e pode ser definido, de uma maneira geral como acúmulo
excessivo de gordura corporal”.
Mesmo a obesidade não sendo considerada uma doença transmissível, pode
ser transferida para os filhos se forem de causa genética, ainda que sejam um
dos fatores menos determinantes referentes ao desenvolvimento da doença.
Além de fatores já citados, vários medicamentos podem influenciar a obesidade
como Guedes et al., afirma:
Vários medicamentos podem ter um efeito adverso no peso corporal por
influenciarem, tanto a ingestão alimentar, quanto o gasto
calórico/energético. Nestes casos, medicamentos alternativos com menos
impacto no ganho de peso devem ser considerados. Alguns destes
medicamentos são: Benzodiazepínicos, Corticosteróides, Antipsicóticos,
Antidepressivos tricíclicos, Anti-epiléticos, Sulfoniluréias, Insulina
(GUEDES et AL., 2005, P.05).

O sobrepeso e a obesidade podem também ser ocasionados através do sistema


emocional. E geralmente aparecem sintomas como: a ansiedade, o nervosismo, o
estresse, a busca excessiva por alimentos fora de hora estão presentes na vida das
pessoas obesas e com sobrepeso.
Para IBGE (2003 apud FERNANDES 2008), “[...] num universo de 95,5
milhões de brasileiros de 20 anos ou mais de idade há 38,8 milhões com excesso
de peso, das quais 10,5 milhões são considerados obesos [...]”.
Esse grande número de pessoas obesas que aumentam significantemente,
mesmo sendo eles em uma porcentagem menor, está relacionado a fatores
genéticos e se a genética interagir com os fatores ambientais automaticamente
será mais difícil para obter um controle do excesso de peso.
De acordo com Coutinho:

Aceita-se atualmente que os genes desempenham um papel permissivo


25
no desenvolvimento da obesidade poligência e que os fatores ambientais
interagem para levar à obesidade. Como diz George Bray: “A genética
carrega a arma e o ambiente aperta o gatilho” (COUTINHO 2008, p.05).

Em muitos casos, os medicamentos com corticoides tomados por tempo


prolongados são um dos fatores determinante para o aumento de peso, dificultando
a diminuição do mesmo.
Além dos fatores genéticos e ambientais já comentados e os fatores emocionais
que envolvem tanto adultos como crianças obesas, percebe-se que algumas
alterações metabólicas também podem estar presentes na vida dessas pessoas.
Como afirma Spada:

• Hiperinsulinemia:correlaciona-se, significantemente, como a


porcentagem de gordura do corpo. No jejum, os níveis séricos de insulina
caem em associação à perda de peso e restrição calórica.
• Aumento dos níveis de colesterol total e LDL colesterol, com
maior risco para o desenvolvimento de doenças aterosclerose pode
começar na infância, e os níveis elevados de colesterol, nessa fase, têm
papel relevante no estabelecimento da aterosclerose no adulto.
• Gordura centralizada, na maioria em tronco abdominal, tem clara
associação ao maior risco para diabetes, doenças cardiovasculares e
hipertensão arterial, ocorrendo diminuição desta última com a perda de
peso. A obesidade é uma das principais causas da hipertensão arterial em
crianças e adolescentes e favorece futuras complicações tanto
cerebrovasculares como cardiovasculares.
• O trauma nas articulações, provocado pelo excesso de peso, traz,
frequentemente, complicações ortopédicas, sendo que as articulações
dos joelhos são as mais envolvidas.
• Também podem ocorrer alterações da função pulmonar, com
diminuição do volume residual e do volume respiratório máximo e
tendência para redução geral do volume pulmonar.
• O Diabetes mellitus tipo II, é uma importante doença crônica
associada à obesidade. É raro em crianças e adolescentes, mas comum
em adultos obesos.
• Estrias, fragilidade da pele nas regiões das dobras, com tendência
às infecções fúngicas e acantose nigricans, com escurecimento da pele
nas axilas e no pescoço, são alterações demartológicas mais comumente
encontradas na obesidade. (SPADA, 2005, p.06).

As pessoas no geral que são obesas, não necessariamente crianças, estão propensas
a desenvolver vários tipos de outras doenças por causa do excesso de peso, e ainda,
também acabam esteticamente sendo excluídas, pois o aumento de estrias, e de
dobras (gorduras localizadas), faz com que estas pessoas sintam vergonha do
próprio corpo. Sendo que ainda existem pessoas que são capazes de dizer que os
obesos, são gordos por que comem, e não veem isso como uma doença e sim como
falta de vergonha. E esta realidade tem que mudar, por que este estudo tem
mostrado uma série de fatores que influenciam no aumento de peso.
26
2.4.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NO SOBREPESO E OBESIDADE
A obesidade está relacionada a diversos fatores que podem influenciar no
aumento de peso nas crianças, como: fatores genéticos, a mídia, o acesso fácil a fast
foods, a falta de brincadeiras que movimentam o corpo entre outros.
Oliveira e Fisberg afirmam:
Vários fatores são importantes na gênese da obesidade, como os
genéticos, os fisiológicos e os metabólicos; no entanto, os que poderiam
explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos
parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos
hábitos (OLIVEIRA; FISBERG 2003, p.4).

A sociedade atualmente está com estilo de vida que beneficia a epidemia da


obesidade. Pois, dentre os outros muitos fatores que influenciam o aumento de peso,
os hábitos favorecem grandiosamente o avanço da obesidade.
Coutinho relata que:
A influência genética mais comumente manifestada para a obesidade é a
poligênica, conferindo a certos indivíduos uma susceptibilidade
resultante de fatores genéticos que podem inter-relacionar-se de forma
bastante complexa, que torna difícil a individualização destes genes em
estudos populacionais. (COUTINHO 2008, p.04).

Como um dos fatores não menos preocupante no avanço do sobrepeso e da


obesidade, a falta de praticar exercícios está avançando, por que as pessoas desde a
infância não criam o hábito de se exercitar. Assim passam a serem adultos
sedentários, porém alguns ainda acabam dando como desculpa a falta de tempo
como forma de justificar a inatividade física.
Nos países desenvolvidos, cada vez mais a população tem deixado de
praticar atividades físicas; esta diminuição é vista em maior frequência nas pessoas
de renda mais baixa, sendo que na população de maior renda os dias separados para
o lazer, tem sido 3 vezes por semana (MOKDAD et al., 2000, apud COUTINHO
2008).
Alguns autores consideram a obesidade um problema crônico, por está
representado por grandes distúrbios nutricionais, e o grande número de fatores que
influenciam para que isso ocorra, em alguns casos é avaliada como uma síndrome.
Conforme Spada

Considerando-se a obesidade como problema crônico, representando,


atualmente, o principal distúrbio nutricional dos países industrializados.
Também pode ser encarada como síndrome, algo de múltipla facetas,
estando sujeita a diversos fatores que a influenciam meio ambiente,
27
aspectos emocionais, culturais, econômicos, sociais, ingestão de
alimentos de alto valor calórico, diminuição da atividade física e
estrutura familiar são fatores cada vez mais permissivos à sua expressão.
(SPADA 2005, p.05)

Na obesidade infantil, além de fatores genéticos que possam influenciar,


ainda há o baixo índice de atividade física, o sedentarismo e o alto consumo de
gorduras. E quando iniciada pode desenvolver vários problemas na saúde destas
pessoas dentre eles a depressão que é uma doença comum, pois o obeso se afasta de
todos, criando assim um mundo só para ele, pois acaba instituindo dificuldade na
socialização com as demais pessoas.
Segundo Grespan (2002, p. 47) “amor, raiva, alegria, frustração, medo,
prazer são algumas manifestações emocionais que fazem parte da construção da
personalidade e da afetividade de cada criança, numa intensa adaptação ao meio”.
Conforme Rosenbaum (1998 apud OLIVEIRA e FISBERG, 2003, p. 02)
relatam que:
Vários fatores são importantes na gênese da obesidade, como os
genéticos, os fisiológicos e os metabólicos; no entanto, os que poderiam
explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos
parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos
hábitos alimentares. (p.02).

São considerados um dos principais fatores associados a obesidade, o


aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares simples e gordura, com alta
densidade energética, e a redução da prática de exercícios físicos.
De acordo com Pires, Obelar e Wayhs alguns fatores estão associados com o
aumento de peso sendo eles:
• Genético e ambiental. Existe uma herança poligênica na determinação
da obesidade. O risco de obesidade quando nenhum dos genitores é
obeso é de 9%, quando um dos pais é obeso sobe para 50% e atinge 80%
quando ambos são obesos.
• Sócio-cultural. As mudanças dos hábitos alimentares têm contribuído
em muito para o excesso alimentar; que associada a diminuição da
atividade física, contribuem para o desequilíbrio entre o aporte calórico e
gasto energético.
• Emocional e psicológico. Relacionados ao hábito de se alimentar sem
fome. O aumento das células adiposas ocorre do sexto ao nono mês de
vida intrauterina, no primeiro ano de vida e, em menor intensidade, na
puberdade. Assim se estabelecem o número de células adiposas e a partir
de então as perdas de peso só ocorrerão à custa da perda de conteúdo
lipídico. (PIRES; OBELAR; WAYHS 2008, p.02).

Como já relatado, a obesidade infantil pode ser adquirida através de alguns


fatores, sendo eles exógenos ou endógenos. Os quais fazem muita diferença, pois
fatores ligados à genética são de pouca porcentagem, já quando nos referimos ao
28
exógeno, o tratamento pode estar relacionado há mudanças de hábitos, podendo
assim ficar mais “fácil” o tratamento.
Um fator interessante que foi pouco falado é a questão da cultura, onde
muitas pessoas principalmente de várias origens e etnias, gostam de comer
exageradamente, como exemplo a de origem italiana, gostam muito de comer
massas, carboidratos e molhos bastante gordurosos, isso acaba influenciando muito
no aumento de peso. Estas famílias não devem deixar de comer o que é de seu gosto
ou cultura, e sim diminuir as porções e equilibrar o gasto calórico com a prática de
atividades físicas.
Almeida e col. (2004 apud COLAÇO; SANTOS) propuseram um novo tipo
de classificação mais abrangente e específica, decorrente das recentes descobertas
da fisiopatogênica da obesidade.

• Obesidade metabólica: Onde o componente principal não é a ingestão


alimentar excessiva, mas sim o distúrbio metabólico de base (RPI), que
atua na gênese e/ou manutenção do quadro.
• Obesidade alimentar: Somática; quando o excesso de tecido adiposo
deve-se ao elevado consumo de calorias frente aos gastos de energia.
Psicossomática; quando o excesso de tecido adiposo deve-se à ingestão
alimentar com elevado teor calórico frente ao gasto de energia,
decorrente de questões emocionais.
• Obesidade induzida: Neurológica; quadro resultante de lesão do núcleo
ventromedial do hipotálamo, com perda da regulação fisiológica do
sistema fomesaciedade; há hiperfagia, queda na taxa metabólica,
descontrole autonômico e deficiência do hormônio do crescimento.
Endocrinológica, devido a doenças endocrinológicas como o
hipotireoidismo, hipoparatireoidismo e deficiência do hormônio do
crescimento. Farmacológica; quadro desencadeado pela utilização de
fármacos que podem atuar aumentando a fome, agravando a resistência
insulínica, aumentando a deposição de gordura ou reduzindo o
metabolismo basal. Sindrômica; quando a obesidade acompanha uma
síndrome congênita (p.07)

A prevenção usada adequadamente, através de atividades físicas leva as


crianças a evitar os fatores acima citados, proporcionando uma vida saudável, com
peso adequado para a faixa etária, diminuindo riscos de doenças relacionadas à
obesidade.

2.4.2 A OBESIDADE INFANTIL


A habilidade de armazenar gordura no tecido adiposo, em quantidades além das
necessárias para uso energético imediato, foi fundamental para a sobrevivência na
29
escala evolutiva do ser humano. Para exercer essa função, o adipócito se adaptou para
armazenar excessos de gordura na forma de triglicerídeos e para liberá-los na forma
de ácidos graxos livres de acordo com as necessidades energéticas do corpo. Esse
controle fisiológico é capaz de garantir a sobrevivência do homem por longos
períodos sem alimento. Na abundância crônica deste, no entanto, permite deposição
excessiva de gordura, com conseqüências adversas à saúde, hoje considerada uma
doença, chamada de obesidade. (Duncan, Schmidt & Giugliani, 2004).
Segundo Fisberg (2006) a obesidade na infância e adolescência tem como
importância a possibilidade de sua manutenção na vida adulta. Se nas idades menores
a morbidade não é freqüente, já no adolescente verifica-se a concomitância de fatores
de risco como as dislipidemias, a hipertensão, o aumento da resistência insulínica e as
dores articulares, que levam seguramente a que no adulto a situação seja de risco, por
associação com a doença arteriosclerótica, hipertensão, alterações metabólicas e
ortopédicas.

2.4.3 O IMC COMO REFERENCIA NO INDICADOR DE PREVALENCIA


DE SOBREPESO E OBESIDADE
O IMC é um indicador de avaliação da massa corporal total do indivíduo em
relação à altura. É um indicador simples, rápido e fácil de ser aplicado, sendo muito
utilizado em pesquisas epidemiológicas e na prática clínica. Tem uma alta correlação
com a gordura corporal, ou seja, quanto maior o IMC, maior a probabilidade do
indivíduo de ser obeso. Porém, nem todo IMC elevado indica excesso de gordura
corporal, visto que este índice não avalia separadamente os compartimentos
corporais. O uso do IMC é limitado na avaliação de indivíduos atletas, por exemplo,
que podem apresentar excesso de peso, em virtude da massa muscular hipertrofiada.
Além disso, o IMC tem boa correlação com dados de morbimortalidade. Os
estudos realizados revelam que valores de IMC abaixo da normalidade predispõem o
indivíduo a doenças associadas à desnutrição, como as pulmonares e infecciosas,
enquanto que valores elevados relacionam-se com aquelas associadas à obesidade,
como as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT’s).
Quanto às limitações, este índice não avalia separadamente os
compartimentos corporais ou a distribuição de gordura corporal. Tem correlação com
a estatura, apesar de baixa, não sendo aconselhada sua utilização para avaliação de
30
indivíduos muito baixos ou muito altos, bem como para aqueles com
desproporcionalidade corporal (troncos grandes, pernas curtas). Dessa forma, para
um diagnóstico e conduta nutricional adequados, é necessário que o IMC seja
associado a outros indicadores.
Existem índices que classifi cam o estado nutricional e que são calculados a
partir dos resultados obtidos pelo Índice de Massa Corporal (IMC) (CONDE &
MONTEIRO, 2006; COLE et al., 2000; MUST et al., 1991; FERNANDES et al.,
2007).
Entretanto, indivíduos com idade inferior a 18 anos não podem ser
classificados usando a tabela convencional, visto que sua estrutura corporal ainda está
em desenvolvimento, o que faz com que haja a necessidade de valores específicos
para o estado de desenvolvimento. Sendo as sim, meninos e meninas devem ser
comparados considerando o sexo e a idade.
Essa metodologia é chamada de IMC percentil, o qual indica a posição
relativa do IMC da criança ou adolescente comparando às outras crianças e
adolescentes da mesma faixa etária. Um dos índices mais utilizados para a avaliação
do sobrepeso em crianças e adolescentes na rotina pediátrica e em Saúde Pública é a
distribuição percentilar proposta por Must et al. (1999) para o IMC.
Ela foi elaborada para classifi car crianças a partir de seis anos e adultos de
acordo com sexo, idade e raça. Segundo Must et al. (1999) defi ne-se como sobrepeso
crianças com IMC entre os percentis 85 e 95 e, como obesas, aquelas com IMC acima
do percentil 95. Outro critério utilizado para avaliar o estado nutricional é a curva de
Cole et al. (2000), baseada em um grupo de estudos do perfi l do IMC por idade em
vários países, inclusive o Brasil, onde se estabeleceu limites para sobrepeso e
obesidade na faixa etária de 2 a 18 anos para uso internacional. Estudos que avaliam
o estado nutricional podem ajudar na promoção de estratégias de combate mais efi
cientes contra a obesidade.
Sendo assim, realizamos esse estudo com o objetivo avaliar crianças do
ensino público, do estado e município, e verifi car a prevalência de sobrepeso e
obesidade fazendo o uso da classificação nutricional. Também comparamos o IMC
percentil entre as redes de ensino e a faixa etária.

31
3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

3.1 TIPO DE PESQUISA


Esta pesquisa configura-se como uma pesquisa de natureza aplicada, que por
sua vez, a pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos para aplicações práticas
com objetivo de solucionar problemas específicos.

3.2 ABORDAGEM QUATITATIVA


Quanto a abordagem, será quantitativa, ou seja, considera elementos
quantificáveis. Isto é, o objetivo da pesquisa é analisar fenômenos a partir de
quantificações.
Quanto aos seus objetivos a pesquisa é classificada como descritiva, pois
objetiva caracterizar certo fenômeno. Como, por exemplo, descrever as
características de certa população. Assim, estabelecendo relações entre variáveis, o
que envolve técnicas de coleta de dados padronizados junto às pessoas, somando à
pesquisa bibliográfica e/ou documental, como questionários. De maneira geral, a
pesquisa descritiva assume a forma de levantamento de dados, com procedimentos de
técnicas para esta coleta expostos em tópico infra mencionado.
A pesquisa descritiva, segundo Gil (2008), é aquela que descreve um
fenômeno ou objeto de estudo (população, empresa, governo, situação-problema) e
estabelece relações entre as suas variáveis.

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA


A população abrangida foram os alunos matriculados na Escola Municipal de
Educação Básica Vereador Rodolfo Valter Kunze, do período matutino e vespertino
matriculados, compondo uma amostra de 483 escolares (235 meninos e 248 meninas),
com idades entre 6 e 11 anos, todos do ensino fundamental. Todos levaram um informe
(Termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE) para a casa que seu dados
antropométricos (idade, peso, altura e IMC) fariam parte de um estudo cientifico, no
entanto sem revelar a identidade e outros dados além desses.

32
Critérios de inclusão e exclusão.

Foram elegíveis para o estudo, todas as crianças matriculadas na escola


destacada. Foram excluídas da pesquisa, as crianças que os responsáveis não
consentiram que os dados foram divulgados, o que neste trabalho não teve este tipo de
ocorrência, a não ser aqueles que faltaram nos dias em que os professores das devidas
turmas fizeram a verificação do peso e da altura.

3.4 TECNICAS DE COLETA E ANALISE DE DADOS

Convém salientar que na EMEB Vereador Rodolfo Valter Kunze os dados de


peso e estatura dos alunos são verificados a cada ano letivo, em 2 etapas, sendo no
inicio das aulas (em março) e no encerramento do ano letivo (em dezembro).
Portanto, a coleta de dados foi procedida em março deste ano pelos professores
de Educação Física, os quais repassaram para este estudo, tendo o acompanhamento de
um deles.
A coleta foi realizada através de uma balança digital com plataforma display de
Led até 200kg – WELMY, com uma Régua antropométrica acoplada, com escala de
2,00 m em alumínio anodizado com divisão de 0,5 cm.
O professor, seguindo a lista de chamada de cada turma, pesava e media cada
aluno, que subiam descalso na plataforma da balança. Em seguida os dados de peso e
altura eram anotados em uma planilha de excel. Para ambos os sexos, as peças do
vestuário faziam parte do uniforme da escola ou de próprio uso. As medidas foram
realizadas no período da manhã e da tarde, no horário da aula de Educação Física.
Inicialmente foram verificados os valores de massa e estatura dos escolares, para
posteriormente ser calculado o Índice de Massa Corporal (IMC), o qual foi classificado
de acordo com o proposto (percentil) para estas idades pela OMS (2007).
De posse dos dados foi realizado a análise de quais os alunos em cada turma
estavam dentro do percentil determinado pela OMS (2007) de sobrepeso ou obesidade.
Diante disto foram destacados e mensurados para que se chegasse ao levantamento do
percentual de alunos com sobrepeso e obesidade matriculado na escola no ano letivo
de 2023.

33
3.4.1 A utilização do critério da Organização Mundial de Saúde para classificação
de sobrepeso e obesidade nesse trabalho.

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1995) recomenda a utilização do Índice


de Massa Corporal (IMC) para o diagnóstico do estado nutricional de grupos
populacionais por ser um método não-invasivo, válido e de baixo custo.
Em adultos, a OMS propôs os pontos de corte do IMC de 25 kg.m-2 e 30 kg.m-2
para o diagnóstico de sobrepeso e obesidade, respectivamente.
No entanto, como o IMC muda substancialmente com o avanço da idade, estes
pontos de corte não são adequados para classificação do estado nutricional em crianças
e adolescentes.
Em 2007, a OMS propôs um critério de classificação do estado nutricional para
crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos de idade, com a finalidade de monitorar e
acompanhar infantojuvenis de vários países.
Devido à sua recente publicação, o critério da OMS (2007) ainda é pouco
utilizado para diagnósticos nutricionais em crianças. ((BUTTE; GARZA; ONIS, 2007).
Para chegar ao diagnóstico de categorização de sobrepeso e obesidade dos
escolares, primeiramente foi calculado o IMC (conforme descrito na revisão de
literatura). A partir do valor obtido, foi necessário compará-lo com a referência através
das tabelas de percentil de IMC por idade e sexo prescrita pela OMS. A tabela contém
valores de referência diferentes para meninos e meninas.

34
Tabela referencia para meninos de 5 a 19 anos(OMS, 2007).

Tabela referencia para meninas de 5 a 19 anos(OMS, 2007).

35
4. ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

A análise de dados foi realizada a partir dos resultados obtidos da pesquisa de campo.

4.1 Percentual de escolares na faixa de sobrepeso e obesidade.

36
Percentual de escolares na faixa de
sobrepeso e obesidade.

18%

15% Padrão

67% Sobrepeso
Obeso

Ao realizar a somativa de alunos com sobrepeso ou obesidade pode-se confirmar a


informação de que mais de 30% das cianças entrevistadas possuem uma alteração
multifatorial para que apresentam uma fuga do padrão ideal de peso

37
38
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