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AVALIAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA

Avaliação Física durante o período escolar tem como base a aplicação de uma série de procedimentos
que visam a acompanhar, minuciosamente, o desenvolvimento da criança e do adolescente. Sua prática
consiste na aplicação sistematizada e científica de técnicas de mensuração que permitam analisar, de forma
qualitativa, os aspectos físicos e as adaptações em função do tempo. A aplicação de uma avaliação física
periódica possui inúmeros benefícios, principalmente o de identificar possíveis distúrbios de ordem motora,
postural e metabólica. Dessa forma, pode-se classificar indivíduos ou grupos de risco e, através de descrições
e comparações, elaborar programas preventivos ou até mesmo interventivos no contexto escolar.
Distúrbios físicos comuns na criança e no adolescente em fase escolar
Concomitantemente às constantes modificações ocorridas nos padrões de comportamento no mundo
contemporâneo, observa-se um aumento nos distúrbios físicos e psíquicos entre crianças e adolescentes. Entre
os distúrbios físicos mais comuns, podemos citar: a obesidade, os desvios posturais, as alterações no
crescimento e o comprometimento dos padrões motores.
Obesidade infantil
A obesidade é um problema crescente no mundo. Segundo a Organização Pan-americana de Saúde
(Opas), “a obesidade infantil já apresenta dimensões epidêmicas em algumas áreas e ascendentes em outras.
No mundo, existem 17,6 milhões de crianças obesas com idade menor que 5 anos”. No Brasil, segundo a
Opas, o índice de obesidade infanto-juvenil subiu 240% nas últimas duas décadas. Em estudo recente, a
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) indica que 15% das nossas crianças estão
obesas.
Essa também é uma preocupação que deve sensibilizar as instituições de ensino, pois a obesidade, além de
criar dificuldade de socialização, pode aumentar a incidência de problemas ortopédicos e dermatológicos e
favorecer a aquisição de doenças crônicas degenerativas, como: diabetes, acidente vascular cerebral,
cardiopatias, hipertensão, osteoartrites, câncer, osteoporose, entre outras, aumentando, consideravelmente, os
fatores de risco para a mortalidade. Estudos indicam que crianças obesas aumentam em três vezes as chances
de ser um adulto obeso, enquanto adolescentes obesos apresentam 70% de chances de adquirir algum tipo de
doença crônica na idade adulta.
A obesidade pode ser adquirida através de um conjunto de fatores: biológicos (ex.: genéticos e fisiológicos),
culturais (ex.: prática alimentar e atividade física) e psicológicos, proporcionando ao organismo o acúmulo
excessivo de energia sob a forma de gordura. Apesar de sua etiologia multifária, o aspecto preponderante no
desenvolvimento da obesidade é a relação entre a quantidade de energia ingerida e a gasta. Assim, a
“epidemia” de obesidade é atribuída, principalmente, a mudanças de hábitos alimentares (aumento na
aquisição de energia) e ao sedentarismo (diminuição no gasto de energia). Nesse contexto, podemos destacar
alguns hábitos indesejáveis adquiridos na infância e adolescência que são determinantes no desenvolvimento
da obesidade: declínio no número de crianças que participam de atividades físicas na escola e no lar, aumento
de passatempos sedentários (televisão e computador) e aumento da ingestão de alimentos hipercalóricos e de
baixo valor nutritivo.

Alterações posturais
No Brasil, estima-se que 70% dos jovens entre cinco e catorze anos possuem ou vão adquirir alguma
alteração postural. Vários são os fatores que podem causar desvios posturais em crianças e adolescentes. Entre
os mais comuns, destacam-se: permanecer muito tempo sentado (televisão, computador, sala de aula),
transportar mochilas escolares pesadas e sedentarismo.
As patologias ortopédicas de ordem postural surgem, em sua maioria, entre os sete e catorze anos de idade,
principalmente por ser nesse período que a criança está mais susceptível a alterações no sistema ósseo e
articular, favorecendo o surgimento de deformidades. Também é devido à enorme plasticidade das estruturas
relacionadas à postura que a implementação de programas de prevenção e correção postural durante o período
de crescimento encontra maiores chances de êxito. Justifica-se, diante disso, a importância da prevenção e do
diagnóstico de desvios posturais nas idades mais tenras. Se a má postura não for corrigida, o indivíduo poderá
apresentar uma série de doenças na fase adulta: artrose, artrite, bursite, hérnia de disco, entre outras.
Avaliação da aptidão física e sua importância
O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), em seu posicionamento oficial sobre a aptidão
física na infância e adolescência, considera que:
A avaliação do condicionamento físico é uma visível e importante parte dos programas de aptidão física.
Escolas, comunidades, estados e organizações nacionais devem adotar uma aproximação lógica, consistente e
científica sobre a avaliação da aptidão física. O foco da avaliação física deve ser relacionado à saúde, em vez
de ser relacionado à forma. A aptidão física é primariamente determinada pela prática de atividade física e é
operacionalmente definida como o desempenho atingido nos seguintes testes: potência aeróbia, composição
corporal, flexibilidade, força e resistência dos músculos esqueléticos. A aptidão física é importante durante a
vida para desenvolver e manter a capacidade funcional para as demandas vitais e promoção de saúde.
Somente através da avaliação física é que o profissional da Educação Física poderá conhecer seu
aluno. Uma boa anamnese levantará o histórico de participação em atividades físicas do seu aluno, lhe dirá
também como são os hábitos de sono e alimentação desse indivíduo, quais medicações ele toma e quais
doenças já teve ou ainda tem. Tudo isso informa o profissional sobre possíveis riscos ao se trabalhar com
aquela pessoa.
A avaliação da composição corporal fornece dados importantíssimos sobre quantidade de gordura e
massa magra corporal, tornando mais fácil estabelecer objetivos para essa pessoa. Da mesma forma, testes
sobre aptidão física (força, velocidade, flexibilidade, equilíbrio corporal) ajudarão o profissional a classificar
esse aluno quanto ao nível de treinamento físico para que o seu treino possa levar em conta seu estado atual
de condicionamento.
Uma avaliação postural lhe dará informações sobre quais cadeias musculares estão encurtadas e
fortes e quais estão alongadas e fracas, direcionando claramente o profissional acerca de qual trabalho
deverá ser feito em relação ao treino de força e flexibilidade.
Além disso, a análise da postura do avaliado poderá acusar desvios e vícios posturais assumidos por
esse indivíduo no seu dia a dia, no trabalho ou em casa, possibilitando a intervenção do profissional para
ajudar seu aluno mudando a ergonomia no trabalho ou no lazer e melhorando assim a qualidade de vida
dessa pessoa.
Avaliação Física – As 7 Dobras Cutâneas
Dentre os tipos de avaliação física, a avaliação da composição corporal se destaca por despertar
muita curiosidade por parte do aluno e do profissional, já que esses dados estão diretamente relacionados à
estética e à saúde do avaliado. A forma mais utilizada para o cálculo da composição corporal do indivíduo
ainda é a aferição das pregas cutâneas com o compasso de dobras cutâneas.
As dobras cutâneas nos dão a estimativa da composição corporal a partir da avaliação da espessura
em milímetros das pregas, e para tal procedimento, utiliza-se o adipômetro, também chamado de compasso
de dobras cutâneas.
Este é um método de fácil obtenção de dados e baixo custo, sendo útil e praticável em grandes
estudos de campo, quando realizado pelo mesmo avaliador, permite um resultado fidedigno.
Para realizar as medidas, separamos um passo a passo:
1. Todas as medidas devem ser realizadas no lado direito do corpo;
2. O avaliador deverá identificar e marcar com uma caneta ou lápis apropriado o local da medida;
3. O pinçamento da dobra cutânea deverá ser feito com a mão esquerda e com os dedos polegar e indicador a
± 1 cm acima do local marcado da medida;
4. Colocar as hastes do compasso perpendiculares à dobra, ± 1 cm abaixo do local pinçado, e soltar
lentamente as hastes do compasso; manter a dobra pressionada enquanto à medida é realizada; fazer à leitura
no compasso ± 3 segundos após a pressão ter sido aplicada na dobra;
5. Afastar as hastes do compasso para removê-lo e fecha-las lentamente;
6. Ler o mostrador em sua escala mais próxima e realizar no mínimo duas medidas para cada local.
Caso os valores diferenciem em mais de 10%, realizar novas medidas. As medidas devem ser feitas
sob a pele seca e sem loções. Além disso, é necessário utilizar o adipômetros validados cientificamente (os
de plástico não são) e não medir as dobras imediatamente após o exercício.
As principais dobras cutâneas mensuradas são: tríceps, bíceps, subescapular, peitoral, axilar média,
supra-ilíaca, abdominal, coxa e panturrilha. Pollock e seus colaboradores definiram um protocolo de cálculo
de percentual de gordura de homens (em 1978) e mulheres (1980) utilizando sete dessas nove medidas
(excluíram as pregas do bíceps e da panturrilha), e esse é um dos protocolos mais utilizado hoje.
Vejamos a seguir como proceder para a tomada das medidas de cada prega cutânea.
Dobra Cutânea Triciptal
É medida na face posterior do braço, paralelamente ao eixo longitudinal, no ponto que compreende a
metade da distância entre a borda súpero-lateral do acrômio e o olécrano.
Dobra Cutânea Subescapular
A medida é executada obliquamente em relação ao eixo longitudinal, seguindo a orientação dos arcos
costais, sendo localizada a dois centímetros abaixo do ângulo inferior da escápula.
Dobra Cutânea Biciptal
É medida no sentido do eixo longitudinal do braço, na sua face anterior, no ponto de maior
circunferência aparente do ventre muscular do bíceps.
Dobra Cutânea Axilar Média
É localizada no ponto de intersecção entre a linha axilar média e uma linha imaginária transversal na
altura do apêndice xifóide do esterno. A medida é realizada obliquamente ao eixo longitudinal, com o braço
do avaliado deslocado para trás, a fim de facilitar a obtenção da medida.
Dobra Cutânea Supra-ilíaca
É obtida obliquamente em relação ao eixo longitudinal, na metade da distância entre o último arco
costal e a crista ilíaca, sobre a linha axilar medial. É necessário que o avaliado afaste o braço para trás para
permitir a execução da medida.
Dobra Cutânea Torácica
É uma medida oblíqua em relação ao eixo longitudinal, na metade da distância entre a linha axilar
anterior e o mamilo, para homens, e a um terço da linha axilar anterior, para mulheres.Dobra Cutânea
AbdominalÉ medida aproximadamente a dois centímetros à direita da cicatriz umbilical, paralelamente ao
eixo longitudinal.
Dobra Cutânea da Coxa
É medida paralelamente ao eixo longitudinal, sobre o músculo reto femural a um terço da distância
do ligamento inguinal e a borda superior da patela, segundo proposta por Guedes (1985) e na metade desta
distância segundo Pollock &Wilmore (1993). Para facilitar o pinçamento desta dobra o avaliado deverá
deslocar o membro inferior direito à frente, com uma semi-flexão do joelho, e manter o peso do corpo no
membro inferior esquerdo.
Dobra Cutânea Abdominal
É medida aproximadamente a dois centímetros à direita da cicatriz umbilical, paralelamente ao eixo
longitudinal.
Dobra Cutânea Panturrilha Medial
Para a execução desta medida, o avaliado deve estar sentado, com a articulação do joelho em flexão
de 90 graus, o tornozelo em posição anatômica e o pé sem apoio. A dobra é pinçada no ponto de maior
perímetro da perna, com o polegar da mão esquerda apoiado na borda medial da tíbia.

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