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AVALIAÇÃO FÍSICA E NUTRICIONAL DE IDOSOS

NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.
Sumário
Unidade 1: Avaliação do Estado Nutricional de Idosos ........................................ 4
Seção 1.1: Conceitos e métodos ............................................................................ 4

Seção 1.2: Métodos possíveis para avaliar o estado nutricional nos vários níveis de
atenção à saúde ..................................................................................................... 6

Seção 1.3: Considerações sobre a avaliação nutricional em idosos ..................... 10

Unidade 2: Avaliação nutricional de idosos: desafios da atualidade................. 12


Seção 2.1: Breve síntese dos desafios atuais ...................................................... 12

Seção 2.1: Avaliação nutricional de idosos no SUS.............................................. 13

Seção 2.2: Processo de envelhecimento e avaliação nutricional .......................... 19

Seção 2.3: Processo de envelhecimento e avaliação nutricional .......................... 21

Unidade 3: A avaliação física em idosos .............................................................. 23


Seção 3.1 A importância da avaliação e do acompanhamento físico de idoso ..... 23

Seção 3.2 A Capacidade Funcional (CF) dos idosos ............................................ 24

Seção 3.3 A importância da avaliação funcional em idosos .................................. 26

Unidade 4: Teorias do envelhecimento e atividades físicas ............................... 31


Seção 4.1: O Envelhecimento .............................................................................. 31

Seção 4.2: O Envelhecimento biológico ............................................................... 32

Seção 4.2: Envelhecimento ativo e qualidade de vida .......................................... 39

Seção 4.3: Envelhecimento e atividade física ....................................................... 40

Seção 4.3: Considerações sobre a atividade física e a prevenção de doenças .... 46

Referências............................................................................................................. 49

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Unidade 1: Avaliação do Estado Nutricional de Idosos

Seção 1.1: Conceitos e métodos

Segundo a Associação Americana de Saúde Pública, o estado nutricional é


definido como a condição de saúde de um indivíduo influenciada pelo consumo e uti-
lização de nutrientes e identificada pela correlação de informações obtidas através de
estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos.
Portanto, o estado nutricional é detectado a partir de vários parâmetros, que
podem ser utilizados e avaliados de forma isolada ou associada.
Para o idoso, a determinação do seu estado nutricional deve considerar, entre
outros, uma complexa rede de fatores, onde é possível relatar o isolamento social, a
solidão, as doenças crônicas, as incapacidades e as alterações fisiológicas próprias
do processo de envelhecimento.
É de fundamental importância conhecer as mudanças corpóreas normais que
ocorrem durante o processo de envelhecimento, principalmente nos países em de-
senvolvimento, onde a população idosa apresenta um envelhecimento funcional pre-
coce.
As alterações biológicas próprias deste processo incluem a progressiva dimi-
nuição da massa corporal magra e de líquidos corpóreos, o aumento da quantidade
de tecido gorduroso, a diminuição de vários órgãos (como rins, fígado, pulmões) e,
sobretudo, uma grande perda de músculos esqueléticos. Todos esses aspectos justi-
ficam a busca de condutas e diagnósticos nutricionais que visem a melhora da quali-
dade de vida desse grupo etário.
Alguns métodos que podem fazer estimativas, ou mesmo determinar as altera-
ções acima descritos são: peso; estatura; dobras cutâneas; circunferências corporais
e bioimpedância elétrica. Estas medidas de forma isolada ou em associação buscam
a determinação da composição corpórea com relação ao tecido adiposo e muscular.
Para uma avaliação nutricional adequada devem ser utilizados parâmetros bi-
oquímicos, dietéticos e clínicos, além dos antropométricos, que se referem às medi-
das das dimensões corporais que determinam os depósitos de tecido adiposo e massa
magra, a avaliação subjetiva do estado nutricional e a avaliação da força de preensão
palmar.

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Algumas das medidas antropométricas recomendadas na avaliação nutricional
do idoso são peso, estatura, circunferência do braço e dobras cutâneas tricipital e
subescapular. Estas medidas permitem predizer, de forma operacional, a quantidade
de tecido adiposo e muscular.
Nos últimos dez anos o uso da força de preensão palmar vem sendo discutido
como um instrumento adequado nas avaliações clínicas, qualificando-se como um
preditor de força total do corpo.
Segundo vários autores, a força de preensão palmar também é um importante
pré-requisito para a identificação das condições de funcionalidade dos membros su-
periores.
A avaliação nutricional do idoso é parte integrante da Avaliação Geriátrica Am-
pla (AGA) por ser uma ferramenta sensível de detecção dos fatores de risco associa-
dos à desnutrição. Assim, torna-se relevante o desenvolvimento de métodos que uti-
lizem questões simples e rápidas que permitam destacar sinais de alerta do estado
nutricional e direcionem as intervenções que devem ser realizadas pelos profissionais
da área da saúde.
Das duas formas de má alimentação que afetam o idoso, desnutrição e obesi-
dade, a desnutrição merece especial atenção por sua grande associação com a mor-
bimortalidade. Os Indivíduos acima dos 65 anos passam por mudanças que aumen-
tam as chances de desenvolver desnutrição.
Em geral, as causas de perda de peso e possível desnutrição em idosos são:
• presença de doenças altamente consumptivas como o câncer;
• doenças ou alterações do trato digestório;
• depressão, alterações cognitivas (demência);
• dificuldade para deglutir, presença de disfagia;
• alteração do paladar;
• viver sozinho em geral está associado a uma alimentação mais monótona,
podendo assim tornar-se deficiente tanto em qualidade quanto em quantidade de nu-
trientes;
• perda da capacidade funcional pode dificultar a compra e/ou o preparo da
alimentação;
• problemas bucais e/ou dentários alteram a escolha dos alimentos;
• efeitos colaterais dos medicamentos;

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• fatores sociais como a pobreza;
• outros problemas de saúde (ex., infecções).
A hospitalização merece atenção especial como situação de risco associada à
desnutrição. Segundo dados nacionais, a prevalência de desnutrição neste caso é de
53% e está associada ao aumento da mortalidade, maior tempo de internação, desfe-
cho desfavorável da internação, readmissões, maior susceptibilidade às infecções e
à redução da funcionalidade.

Seção 1.2: Métodos possíveis para avaliar o estado nutricional nos vários
níveis de atenção à saúde

Medida de peso – avaliação isolada: mesmo considerando que a medida de


peso isolada não é um bom indicador do estado nutricional para a população idosa,
esta medida é útil, pois permite verificar a velocidade de perda de peso no decorrer
do tratamento.
O conhecimento deste dado é importante pelo fato de uma alta velocidade de
perda de peso estar associada à redução da massa muscular, que constitui um dos
principais marcadores de desnutrição. Alguns pesquisadores consideram a evolução
ponderal o elemento mais importante na avaliação do risco de desnutrição em idosos.
(Quadro 1) Para uma pesagem correta os indivíduos deverão estar descalços,
usando o mínimo de roupa possível e os braços deverão permanecer estendidos ao
longo do corpo. A pesagem deverá ser efetuada em todas as consultas.

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Figura 1: Quadro 1 – pesagem correta

Mini Avaliação Nutricional (MNA): MNA é uma ferramenta de avaliação nu-


tricional que pode identificar em pacientes com idade maior ou igual a 65 anos, que
estão desnutridos ou com risco de desnutrição. Consiste em um questionário que
pode ser completado em 10 minutos. Ele é dividido, além da triagem, em quatro par-
tes: avaliação antropométrica (IMC, circunferência do braço, circunferência da pantur-
rilha e perda de peso); avaliação global (perguntas relacionadas com o modo de vida,
medicação, mobilidade e problemas psicológicos); avaliação dietética (perguntas re-
lativas ao número de refeições, ingestão de alimentos e líquidos e autonomia na ali-
mentação); e autoavaliação (a autopercepção da saúde e da condição nutricional)
A soma dos escores da MNA permite uma identificação do estado nutricional
além de identificar riscos. A sensibilidade desta escala é 96%, a especificidade 98%
e o valor prognóstico para desnutrição 97%, considerando o estado clínico como re-
ferência.
Para a triagem o máximo de pontos a ser atingido é de 14. O escore de 12
pontos ou mais considera o idoso como normal, sendo desnecessária a aplicação de
todo o questionário; para aqueles que atingem 11 pontos ou menos, deve ser consi-
derada a possibilidade de desnutrição e, portanto, o questionário deve ser continuado.
Para o questionário total da MNA os escores que devem ser considerados são:

– estado nutricional adequado: MNA ≥ 24;

– risco de desnutrição: MNA entre 17 e 23,5;


– desnutrição: MNA < 17.

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Índice de Massa Corpórea (IMC): O IMC é um bom indicador do estado nutrici-
onal do idoso e consiste em uma medida secundária obtida através de duas medidas
primárias: peso (kg) dividido pela estatura (m) ao quadrado.
Para a classificação do estado nutricional do idoso a partir do índice de massa
corpórea utilizam-se os pontos de corte que podem ser visualizados na Figura 2, qua-
dro 3:

Figura 2: Quadro 3

O IMC quando se apresenta com valores superiores às faixas de normalidade


representa um aumento no risco de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, en-
quanto um valor inferior à estas faixas associam-se positivamente com doenças infec-
ciosas e fome.
Circunferência da cintura: a circunferência da cintura apesar de ser uma me-
dida ainda sem pontos de cortes específicos para a população idosa é uma medida
prática e útil na monitoração do estado nutricional. Ela deve ser feita no ponto médio
entre a crista ilíaca e a última costela.
Para indivíduos adultos, consideram-se como riscos aumentados para proble-

mas cardíacos os pontos ≥ 80 cm para as mulheres e ≥ 90 cm para os homens. Estes

mesmos pontos devem ser aplicados à população idosa.


Circunferência do Braço (CB): é utilizada como indicador de reserva calórica
e proteica. Deverá ser feita no braço esquerdo, no ponto médio entre o acrômio da
escápula e o olécrano da ulna. O ponto médio é obtido com o braço fletido a 90o e o
valor da CB é obtido com o braço relaxado, tendo-se o cuidado para não se comprimir
partes moles.

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A classificação desta medida pode ser pela distribuição em percentil, sendo
considerados desnutridos aqueles idosos que se encontrarem no percentil igual ou
abaixo de 5% e obesos aqueles que se encontrarem igual ou acima de 85%.
Circunferência da panturrilha (CP): de acordo com a Organização Mundial
de Saúde, a circunferência da panturrilha é aquela que fornece a medida mais sensí-
vel da massa muscular nos idosos. Esta medida indica alterações na massa magra
que ocorrem com a idade e com o decréscimo na atividade física.
É particularmente recomendada na avaliação nutricional de pacientes acama-
dos.
A medida deverá ser realizada na perna esquerda, com uma fita métrica ine-
lástica, na sua parte mais protuberante. Deverá ser considerada adequada a circun-
ferência igual ou superior a 31 cm para homens e para mulheres.
Dobra cutânea Tricipital (DCT): é uma medida utilizada como indicador de
reserva calórica. Deverá ser realizada no braço esquerdo sobre o músculo tríceps, no
ponto médio entre o acrômio e o olécrano. O braço deverá estar relaxado e paralelo
ao tronco, com o indivíduo em pé ou deitado. O aparelho utilizado para a realização
desta medida é um “Skinfold Caliper” que deverá exercer pressão de 10 gramas por
mm2 de prega cutânea. O “caliper” deverá estar posicionado paralela ou perpendicu-
larmente ao piso para a medida realizada nos indivíduos em pé ou deitados, respec-
tivamente.
São considerados desnutridos aqueles idosos com valores abaixo do percentil
5% e obesos aqueles acima de 85%.
Dobra cutânea subescapular (DCSE): é utilizada como indicador de reserva
calórica. O instrumento utilizado para a realização desta medida é o mesmo “caliper”
utilizado para a medida da DCT. O indivíduo deverá flexionar o braço esquerdo atrás
das costas de modo a formar um ângulo de 90o na parte posterior do corpo. Após
demarcação do ponto anatômico, o indivíduo deverá ficar com os braços distendidos
ao longo do corpo. Com os dedos polegar e indicador da mão esquerda, o examinador
deverá destacar a dobra e coletar a medida em direção diagonal à escápula.
Serão considerados desnutridos aqueles idosos que se encontrarem abaixo do
percentil 5% e obesos aqueles acima de 85%.

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Força de Preensão Palmar: como ressaltado anteriormente, a força de preen-
são palmar (dinamometria) é um indicador de funcionalidade. Sua perda pode ser in-
dicativo de desnutrição, caracterizada por perda de massa magra, principalmente em
indivíduos idosos acamados, hospitalizados ou em instituições de longa permanência.
A dinamometria vem sendo descrita como um teste funcional sensível de de-
pleção protéica e consequentemente um indicador de desnutrição.
Desde 1981, a “American Society of Hand Therapists” recomenda que, para a
realização da medida da preensão palmar, o indivíduo permaneça com o ombro adu-
zido em posição neutra, cotovelo fletido a 90º e que as medidas sejam realizadas nos
dois braços. Devem ser feitas três medidas e considerado o maior valor obtido.
Klidjian et al (1980) sugeriram, que valores abaixo de 85% dos valores médios
de uma população de indivíduos saudáveis seriam um indicativo de desnutrição em
indivíduos hospitalizados.
Figueiredo et al, em 2000, sugeriram a utilização de equações na predição de
valores normais para a medida de força de preensão palmar (National Isometric Mus-
cle Strength Database Consortium).
Na realidade, ainda falta uma maior compreensão sobre a distribuição dessa
variável na população para que seja definido um ponto de corte que consiga predizer
o estado nutricional de um indivíduo.

Seção 1.3: Considerações sobre a avaliação nutricional em idosos

A prevenção e/ou controle da desnutrição em idosos, seja em nível ambulato-


rial ou hospitalar, deve ser uma meta considerada por toda a equipe de saúde envol-
vida nos serviços de atendimento a esta população.
A aplicação de métodos de avaliação nutricional que permitam uma vigilância
do estado nutricional deve englobar os três níveis de controle do processo saúde-
doença.
Assim, propomos que a vigilância nutricional, objetivando uma intervenção pre-
coce por parte dos serviços de saúde, seja dividida em:
Nível I – o controle dos condicionantes e determinantes da desnutrição que
podem ser exemplificados por: Condição bucal inadequada; dificuldade de acesso aos

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alimentos e preparo dos alimentos, diminuição da capacidade funcional; pobreza, iso-
lamento social, alcoolismo, entre outros.
Nível II – controle dos riscos: Alimentação inadequada; doenças crônicas não
transmissíveis como Diabetes, Dislipidemias, Hipertensão Arterial descompensadas;
baixa ingestão de alimentos; uso excessivo de medicamentos.
Nível III – controle dos danos: Internação hospitalar; quedas; infecções de re-
petição; institucionalização; doença consumptiva; cirurgias.
Para tanto, é necessário que os serviços apliquem rotineiramente instrumentos
sensíveis na identificação de alterações do estado nutricional, a fim de que se possa
identificar de forma mais precisa o déficit nutricional existente. Este procedimento per-
mitiria intervenções nutricionais mais precocemente.
A natureza qualitativa e quantitativa da MNA, permite o monitoramento de mu-
danças nutricionais nos três níveis da vigilância nutricional, sendo portanto um instru-
mento prático e rápido para avaliar o estado nutricional de idosos em ambulatórios,
hospitais e instituições de longa permanência. Ela é uma ferramenta sensível o sufi-
ciente para detectar pequenas mudanças no estado nutricional que podem ocorrer ao
longo do tempo, além de poder ser aplicada por qualquer profissional bem treinado.
Sempre que possível, o profissional nutricionista deve completar a avaliação nutricio-
nal com os inquéritos dietéticos, que possibilitarão maior compreensão dos déficits de
nutrientes que podem ocorrer.

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Unidade 2: Avaliação nutricional de idosos: desafios da
atualidade

Seção 2.1: Breve síntese dos desafios atuais

Entre os problemas de saúde pública no país atualmente, a maioria está rela-


cionada com o estado nutricional. Há uma crescente demanda de saúde atrelada à
dupla carga de doenças – doenças não transmissíveis como obesidade, diabetes e
doenças coronarianas; e fome/desnutrição e anemia. Esse cenário díspar e complexo
está relacionado com outra particularidade: o envelhecimento populacional. O enve-
lhecimento populacional é uma realidade nos países em desenvolvimento, o que traz
grandes desafios para a sociedade e especialmente para o setor saúde.
No Brasil, esse processo é acelerado e se dá de maneira desigual entre as
diferentes regiões do país. Dessa forma, torna-se premente o desenvolvimento de
ações intersetoriais articuladas de assistência e estímulo à inserção social de idosos
para a promoção de envelhecimento ativo. A atenção integral à saúde do idoso cons-
titui uma das prioridades no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
Nesse contexto, avaliação e monitoramento das condições de alimentação e
nutrição dos idosos são fundamentais. A avaliação nutricional nesse grupo etário deve
ser realizada de forma reflexiva, crítica e mais humanizada. Isso porque deve ser le-
vada em consideração uma rede complexa de fatores determinantes diretos e indire-
tos inerentes ao processo de envelhecimento, tais como: isolamento social, doenças,
incapacidades, alterações fisiológicas e biológicas.
Além dessas especificidades, os métodos de avaliação nutricional e o contexto
de vida da atualidade exigem a incorporação de uma perspectiva ampliada. Visto que
a nutrição tem papel importante na modulação do processo do envelhecimento, na
etiologia de doenças associadas com a idade, bem como no declínio funcional e sur-
gimento de deficiências, a avaliação e o monitoramento nutricional de idosos são ne-
cessários para uma assistência adequada e para o planejamento de ações de promo-
ção da saúde.

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A avaliação nutricional é a interpretação de informações obtidas de dados so-
cioeconômicos, dietéticos, bioquímicos, antropométricos e clínicos. Essas subsidiam
o diagnóstico coletivo, a identificação de indivíduos em risco, a vigilância nutricional,
o estabelecimento e avaliação de políticas e programas
No Brasil, ainda nos deparamos com importantes desafios para garantir o mo-
nitoramento da situação nutricional dos idosos. Questões relacionadas ao perfil epi-
demiológico, ao processo de envelhecimento, às alterações nos modos de vida e às
preocupações da vida moderna, incluindo a demanda por um corpo jovem e belo, os
valores simbólicos associados à comida, exemplificam a complexidade do tema.
O ajuste de indicadores do estado nutricional adequados às diversas modali-
dades de cuidado também são aspectos que merecem atenção, especialmente por-
que o enfoque central é promover a identificação de risco e a intervenção precoce, a
fim de reduzir o impacto da perda de funcionalidade.

Seção 2.1: Avaliação nutricional de idosos no SUS

O Ministério da Saúde lançou, em 2006, a Caderneta de Saúde da Pessoa


Idosa como instrumento de acompanhamento do idoso na atenção básica de saúde.8
A função primordial da Caderneta é permitir um monitoramento periódico de algumas
condições do indivíduo idoso e de outros aspectos que possam interferir em sua saúde
e bem-estar. Com relação às informações nutricionais, essa versão contém apenas o
registro de peso, pressão arterial e glicemia.
Em paralelo, a publicação do Caderno de Atenção Básica no.19 – Envelheci-
mento e Saúde da Pessoa Idosa reforçou a importância do uso da Caderneta, tra-
zendo orientações para os profissionais sobre a avaliação e a atenção integral à saúde
do idoso. Nesse são recomendados o registro semestral das medidas antropométricas
na Caderneta e/ou prontuário e o uso do Índice de Massa Corporal (IMC) como indi-
cador para o diagnóstico nutricional com pontos de corte diferenciados.
Destaca-se que a Antropometria Nutricional tem sido amplamente utilizada na
prática clínica e epidemiológica. É o método mais utilizado para avaliação do estado
nutricional por ser prático, de baixo custo, com uso de equipamentos portáteis e por
detectar alterações nutricionais precocemente. Dessa forma, a antropometria tem sido
priorizada nas ações de vigilância nutricional, cuja história está mais consolidada na
rede de saúde no monitoramento do crescimento infantil.

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Na população adulta, a antropometria tem como principal objetivo avaliar a
composição corporal, porém surgem mais dificuldades na sua aplicação quando se
trata de indivíduos idosos. Alterações físicas e de composição corporal observadas
com a idade, tais como: redução da estatura, problemas posturais ou de mobilidade,
presença de edema ou desidratação, redução de massa muscular e de densidade
óssea, aumento e redistribuição da gordura corporal, perda da elasticidade e com-
pressibilidade da pele, interferem na coleta e análise de medidas antropométricas.
Alterações fazem parte do processo fisiológico do envelhecimento humano, po-
rém, em dado momento e de acordo com a história do indivíduo, podem estar relaci-
onadas a riscos de agravos importantes para a saúde do idoso.
A tendência de aumento de massa corporal com a idade parece alcançar seu
platô aos 65 anos em homens e 75 anos em mulheres, quando esta começa a diminuir
associada à redução de água corporal e massa muscular, sendo maior em homens.
Nesse grupo é importante o acompanhamento da velocidade de perda de
massa corporal, sendo essa considerada um indicador de risco nutricional quando
relatada como mudança involuntária ou recente de peso. Na prática clínica, normal-
mente utiliza-se a classificação de gravidade pela porcentagem de perda de peso so-
bre o peso total do indivíduo relacionada ao tempo.
Há uma redução da estatura com a idade devido ao aumento da curvatura da
coluna em consequência do achatamento dos discos intervertebrais e devido a alte-
rações, tais como: osteoporose, cifose dorsal, escoliose, perda do tônus muscular,
arqueamento dos membros inferiores e/ou achatamento do arco plantar. Não existe
consenso quanto ao valor da redução da estatura com a idade, que parece ser de 0,5
a 2 cm/ década, após os 60 anos, acentuando-se nas idades mais avançadas, em
ambos os sexos.
Em situações posturais acentuadas que dificultam a obtenção da estatura ou
na impossibilidade de sua aferição (idoso acamado ou cadeirante), recomenda-se o
uso da medida “Knee height” – altura do joelho – para estimativa da estatura. Nos
casos em que o indivíduo não pode ser pesado com o auxílio de uma balança, pode-
se também estimar a massa corporal por meio da obtenção de outras medidas corpo-
rais (perímetros, dobras subcutâneas, altura do joelho).
O IMC tem sido apontado como importante preditor de morbimortalidade, apre-
sentando boa correlação com a massa corporal e gordura corporal nos indivíduos. De
acordo com publicação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do documento

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Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN do Ministério
da Saúde, o IMC é o índice preconizado para classificar o estado nutricional tanto de
adultos como idosos. Esse protocolo define para triagem e acompanhamento de ido-
sos em risco à saúde os seguintes parâmetros antropométricos: IMC ≥30 kg e perda
de peso não intencional ≥4,5 kg ou de 5% do peso corporal no último ano.
A recomendação do Protocolo SISVAN é a utilização de pontos de corte espe-

cíficos de IMC para idosos: <22 kg/m²– baixo-peso; ≥22 e <27 kg/m² – eutrofia; ≥2

kg/m² – sobrepeso. Esses se diferenciam dos pontos de corte de adultos, conside-


rando as modificações físicas e de composição corporal que ocorrem com o envelhe-
cimento. No entanto, a definição do critério de classificação mais adequado é polê-
mica, visto os diversos pontos indicados na literatura.
Ainda que o IMC seja um índice de fácil utilização na rotina dos serviços e um
bom preditor de saúde, sua análise apresenta algumas limitações em idosos:
a) Avaliação do real excesso de gordura corporal – esse índice não diferencia
massa gordurosa de massa magra (músculos) ou outros tecidos (exemplo: ósseo). Há
mudanças importantes na composição corporal a partir dos 60 anos que ocorrem em
proporção diferente com o avançar da idade;
b) decréscimo de estatura – mudanças no IMC não necessariamente refletiriam
uma mudança na massa corporal, como entre os adultos, mas poderiam refletir essa
mudança na estatura;
c) avaliação da distribuição de gordura – a não estimativa do real aumento (ou
diminuição) da gordura corporal, especialmente a gordura central, em indivíduos de
idade mais avançada, pode comprometer a avaliação do risco de muitas doenças.
Portanto, torna-se necessário complementar a avaliação do IMC com o acom-
panhamento de outras medidas antropométricas e informações obtidas por outros mé-
todos.
Em 2012, iniciou-se uma revisão e atualização da Caderneta de Saúde da Pes-
soa Idosa, objetivando a ampliação, instrumentalização e articulação das equipes da
Atenção Básica para o cuidado da pessoa idosa, à luz da necessidade de aperfeiço-
amento dos instrumentos no contexto atual do SUS.
A proposta de uma nova versão da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa pas-
sou por consulta pública no início de 2014 e está atualmente no prelo para publicação.

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No que diz respeito à avaliação nutricional, essa nova versão traz mudanças impor-
tantes com a possibilidade de registro em tabela e/ou gráfico de medidas e índices
antropométricos, como: peso; estatura; IMC com a classificação nutricional para ido-
sos, recomendada no Protocolo SISVAN; perda de peso não intencional (4,5 kg em
um ano, 6 kg em seis meses e 3 kg em um mês) e perímetro da panturrilha com os
pontos de corte de 34 e 31 cm para avaliar redução de massa muscular e risco de
sarcopenia. Caso seja realmente implantada, a nova Caderneta se constituirá em um
avanço para o monitoramento nutricional da população idosa na atenção primária de
saúde.
A perda de peso, como já mencionado, é um importante indicador na prática
clínica, porém pode ocultar importantes mudanças que ocorrem no estado nutricional
de idosos. Segundo a OMS, o perímetro da panturrilha é indicado para avaliação de
idosos por ser considerado mais sensível às alterações de massa muscular com a
idade, decréscimo da atividade física e da mobilidade.
A Caderneta contempla ainda importantes indicadores que complementam a
avaliação do estado nutricional, como o monitoramento de parâmetros clínicos e bio-
químicos, principalmente glicemia e pressão arterial. O Protocolo SISVAN propõe pa-
râmetros bioquímicos de glicemia (≥126 mg/dl); pressão arterial (pressão arterial sis-
tólica e diastólica ≥120 mmHg e 80 mmHg, respectivamente); colesterol (Low Density
Lipoproteins Oulipoproteínas de baixa densidade – LDL ≥160 mg/dl) ou outra altera-
ção no lipidograma. Todos esses parâmetros devem ser avaliados, mesmo que só
haja campo específico para o registro de glicemia e pressão arterial.
Outros pontos também abordados pela nova Caderneta são fundamentais para
entendermos o contexto socioeconômico, familiar e clínico-funcional do idoso. Desta-
cam-se as seguintes informações por sua relação com a situação alimentar e nutrici-
onal: sociodemográficas (escolaridade, situação conjugal, origem, raça/ cor, religião);
sociofamiliares (arranjo domiciliar, convívio social, situação de trabalho e fontes de
renda); condições de saúde; uso de medicamentos (fitoterápicos, suplementos ou vi-
taminas); Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional para Atenção Básica (IVCF-AB),
que utiliza marcadores de idade, autopercepção de saúde, atividades de vida diária,
cognição e humor, mobilidade, comunicação e comorbidades múltiplas; hábitos de
vida (tabagismo, álcool, atividade física e de lazer); e avaliação da equipe de saúde
bucal.

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Mesmo reconhecendo a importância da Caderneta, vale ressaltar que a avali-
ação nutricional de idosos deve ir além, englobando diferentes aspectos de forma in-
tegrada e multidisciplinar, em distintos níveis. Em relação à questão alimentar, tanto
no Caderno de Atenção Básica como no Protocolo SISVAN é destacada a necessi-
dade dos profissionais atentarem às seguintes questões:
• perda da autonomia para comprar os alimentos, inclusive financeira;
• perda da capacidade/autonomia para preparar os alimentos e para alimentar-
se;
• perda de apetite e diminuição da sensação de sede e da percepção da tem-
peratura dos alimentos;
• perda parcial ou total da visão que dificulte a seleção, o preparo e consumo
dos alimentos;
• perda ou redução da capacidade olfativa, interferindo no seu apetite;
• algum motivo que a faça restringir determinados tipos de alimentos, como
dietas para perda de peso, diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia;
• dificuldade de mastigação por lesão oral, o uso de prótese dentária ou proble-
mas digestivos.
Em nível individual, para avaliação do consumo alimentar, os instrumentos
mais utilizados para a obtenção de dados (grupos de alimentos, tipos de refeições,
locais e horários das refeições, tipos de preparações utilizadas) são o questionário de
frequência alimentar, o registo ou diário alimentar e o recordatório de 24 horas.
Diante da impossibilidade do emprego de métodos mais completos para análise
da dieta, podem ser usados métodos mais indiretos para caracterizar padrões de con-
sumo. Entre as possibilidades, encontram-se inquéritos que buscam identificar carac-
terísticas da dieta e/ou do comportamento alimentar reconhecidos como fatores de
risco e/ou de proteção para doenças crônicas e, também, aspectos associados à
maior longevidade com qualidade de vida. Esses itens podem ser analisados sob a
forma de questões isoladas e/ou combinadas e ser definidos como marcadores de
padrões alimentares. Como exemplos, têm-se: a associação do consumo de frutas e
hortaliças com desfecho favorável; e, por outro lado, o consumo diário ou quase diário
de refrigerantes, consumo habitual de alimentos fontes de gorduras saturadas de ori-
gem animal e consumo abusivo de bebidas alcoólicas, empregadas como marcadores
de desfecho desfavorável.

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O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crôni-
cas não Transmissíveis por Inquérito Telefônico, o Vigitel, exemplifica o emprego des-
ses marcadores de padrão alimentar. É um sistema de monitoramento que acompa-
nha essas condições por meio de entrevistas telefônicas realizadas continuamente
em amostras probabilísticas da população adulta de capitais brasileiras. Alguns des-
ses marcadores foram incorporados em questionário de avaliação de frequência de
consumo de itens alimentares para atenção básica, proposto no Protocolo SISVAN.
Entre os idosos, a escolha dos métodos para a avaliação do consumo precisa
considerar as características associadas ao processo de envelhecimento, como difi-
culdades de cognição, concentração, memória, visão ou audição. Nesse contexto, a
escolaridade, o arranjo domiciliar, o acesso aos alimentos (segurança alimentar ou
autonomia financeira e operacional quanto a aquisição, transporte e preparo de ali-
mentos) e o prazer associado ao consumo alimentar são também aspectos que me-
recem atenção.
Vale ressaltar que compreender a prática alimentar vai além desses métodos
de avaliação de consumo. As questões de natureza socioculturais influenciadas pela
história de vida, preferências e aversões construídas, tradição culinária, tabus e cren-
ças; e, na atualidade, pela industrialização e marketing de alimentos processados, o
consumo de alimentos fora de casa, valorização de alimentos considerados funcio-
nais, trazem novos elementos a essa complexa rede. A análise dessas informações
reforça a percepção de que as questões alimentares e nutricionais transcendem a
necessidade biológica e se constituem em um complexo sistema simbólico de signifi-
cados sociais, políticos, religiosos, éticos e estéticos.
Por outro lado, uma dimensão relevante se relaciona às modificações corporais
associadas com o envelhecimento, que incluem alterações da quantidade e distribui-
ção do tecido adiposo e de massa muscular. Essas podem ser analisadas de forma
quantitativa e qualitativa, por exemplo, por meio de métodos antropométricos e de
percepção da imagem corporal, respectivamente. A busca pelo corpo perfeito e reju-
venescido está entre as características da sociedade contemporânea e, em conse-
quência, a negação das transformações corporais associadas ao envelhecimento
pode contribuir para a piora do bem-estar e perda da identidade. Nesse sentido, a
análise das questões simbólicas e da percepção corporal, construção multidimensio-
nal que representa como a pessoa percebe seu próprio corpo, pode ser importante

18
componente da identidade pessoal dos idosos na atualidade. A associação entre es-
tado nutricional e a insatisfação da autoimagem corporal tem revelado que indivíduos
com IMC elevado tendem a ser mais insatisfeitos com sua imagem corporal. Tal fato
merece mais aprofundamento sobre os determinantes e os significados dessa insatis-
fação na complexa relação corpo, beleza, saúde e envelhecimento.

Seção 2.2: Processo de envelhecimento e avaliação nutricional

O envelhecimento é considerado o período da vida que sucede a fase da ma-


turidade e que é caracterizado pelo declínio das funções orgânicas e da capacidade
funcional do indivíduo, tornando-o mais suscetível à eclosão de doenças, que termi-
nam por levá-lo à morte. As alterações observadas ocorrem em todos os sistemas e
órgãos, atingem de maneira significativa seu estado nutricional e não ocorrem de ma-
neira uniforme em todos os indivíduos. Considerando a prevalência crescente dos
distúrbios nutricionais no idoso, torna-se imprescindível o conhecimento das altera-
ções morfológicas e das mudanças na composição corpórea que ocorrem nessa po-
pulação e o conhecimento de como elas devem ser interpretadas em uma avaliação
clínica nutricional.
Entre tantas mudanças, a sarcopenia, a osteopenia e a diminuição da água
corporal repercutem de maneira importante no estado nutricional do idoso e em parâ-
metros que são utilizados frequentemente na avaliação nutricional. A água é o princi-
pal componente da composição corpórea e com o envelhecimento há redução de 20%
a 30% da água corporal total. Além do exposto, o envelhecimento provoca diminuição
de 20% a 30% da massa muscular (sarcopenia) e da massa óssea (osteopenia), cau-
sada pelas alterações neuroendócrinas e inatividade física8.
A sarcopenia é definida como perda involuntária de massa, força e função mus-
culoesquelética, limitando a capacidade funcional do indivíduo. Ela interfere na capa-
cidade de locomoção e na força mandibular necessária para a oclusão mandibular,
afetando diretamente o consumo alimentar. Também está associada ao maior risco
de desenvolvimento de desidratação, pois a ocorrência de sarcopenia diminui a quan-
tidade de líquido do organismo.
Em relação à osteopenia, a redução da estatura observada nos idosos é uma
das suas consequências. A cifose torácica, a redução dos discos intervertebrais e o

19
achatamento plantar contribuem nesse processo. A redução chega a ser de 1 cm nos
homens e 1,5 cm nas mulheres por década, a partir dos 40-50 anos. Por outro lado, a
osteopenia, a diminuição da água corporal e, principalmente, a sarcopenia contribuem
na redução do peso, e essa última, especialmente, na redução dos tecidos metaboli-
camente ativos. Como consequência, há diminuição do metabolismo basal, que leva
à anorexia e à redução da ingestão alimentar. Essas mudanças no organismo do ge-
ronte o tornam mais suscetível a desenvolver um quadro de desnutrição.
Apesar da suscetibilidade para desenvolver desnutrição, o idoso tem um au-
mento de 20% a 30% na gordura corporal total (2% a 5%/década, após os 40 anos) e
modificação da sua distribuição, tendendo a uma localização mais central. No sexo
masculino, a gordura se deposita na região abdominal e, no feminino, na região das
coxas e nádegas. Há diminuição do tecido gorduroso nos membros superiores e di-
minuição da massa magra nas pernas. Em virtude dessas mudanças, o idoso pode
apresentar alterações em algumas variáveis antropométricas, como aumento da cir-
cunferência da cintura e diminuição da CB e da dobra cutânea triciptal.
Podem ser citadas outras alterações fisiológicas do envelhecimento que com-
prometem as necessidades nutricionais do idoso8:
- redução do olfato e paladar, devida à redução nos botões e papilas gustativas
sobre a língua;
- aumento da necessidade proteica;
- redução da biodisponibilidade de vitamina D;
- deficiência na absorção da vitamina B6;
- redução da acidez gástrica com alterações na absorção de ferro, cálcio, ácido
fólico, B12 e zinco;
- xerostomia;
- dificuldade no preparo e ingestão dos alimentos;
- tendência à diminuição da tolerância à glicose;
- atividade da amilase salivar reduzida;
- redução da atividade de enzimas proteolíticas como a amilase e a lipase pan-
creáticas;
- redução do fluxo sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular.
Outros fatores contribuem para o desenvolvimento da desnutrição: menor
acesso ao alimento devido a causas físicas, como sequela de acidente vascular en-

20
cefálico, ou sociais, como a institucionalização; uso de medicações que causam ina-
petência; depressão; desordens na mastigação, causadas por próteses mal adapta-
das; alcoolismo; entre outros.
O idoso, portanto, passa por uma série de alterações, que são, na verdade,
fisiológicas e naturais ao processo de envelhecimento, mas que, sem dúvida, o tornam
mais frágil ao desenvolvimento de distúrbios nutricionais e podem, por fim, agravar
seu estado de saúde e levá-lo à morte.

Seção 2.3: Processo de envelhecimento e avaliação nutricional

Uma das dificuldades de estudar o perfil nutricional do idoso é a utilização de


diferentes métodos de avaliação nutricional, dificultando a comparação entre os diver-
sos estudos. No entanto, no início do século XXI, diferentes estudos mostravam o
perfil nutricional que vem prevalecendo entre os idosos brasileiros: aumento da obe-
sidade, principalmente no sexo feminino.
Uma pesquisa realizada em 2001 com idosos ambulatoriais com 60 anos ou
mais retratou maior prevalência de obesidade entre as mulheres (23,8%), em relação
aos homens (9,3%). Na análise de acordo com a idade, foi observada menor preva-
lência da obesidade em homens octogenários e em mulheres.
Em 2004, um estudo realizado na cidade de Veranópolis evidenciou que a obe-
sidade, apesar de ser menos prevalente entre os octogenários, apresenta crescimento
relevante nesse segmento populacional. Neste estudo, foi encontrada prevalência de
23,3% de obesidade, sem diferença entre os sexos, quando utilizados os critérios da
OMS.
Em 2005, um trabalho realizado com mulheres entre 60 e 89 anos mostrou que
25,6% das idosas eram obesas, havendo um predomínio da obesidade na faixa etária
dos 60 aos 79 anos, com uma taxa de 28,8% na faixa de 60 a 69 anos e 24,6% entre
70 e 79 anos. Na zona da mata mineira, em 2006, a obesidade atingiu 40,8% dos
idosos estudados, sendo também o sexo feminino o mais atingido. Neste trabalho, a
desnutrição esteve presente em 15,1% dos idosos.
Em 2007, alguns autores identificaram maior prevalência de obesidade em re-
lação à desnutrição em idosos, com destaque para o sexo feminino. No ano seguinte,
um estudo realizado em um município da região metropolitana de Curitiba confirmou

21
essa tendência e mostrou que 57,4% dos idosos apresentaram obesidade e 9,6%,
baixo peso.
Quanto aos idosos hospitalizados, uma pesquisa realizada com 41 idosos hos-
pitalizados em Minas Gerais mostrou que 48,8% estavam em risco nutricional e que
36,6% estavam desnutridos.
O elevado índice de desnutrição em pacientes hospitalizados também é verifi-
cado em pacientes institucionalizados. Um estudo realizado em instituições privadas
e públicas de Santa Catarina, com 167 idosos (média de idade de 80 anos) de ambos
os sexos, mostrou uma prevalência de 45,5% de baixo peso, 7,85% de sobrepeso e
13,2% de obesidade. Foi observada uma taxa de desnutrição de 42,2% entre as mu-
lheres e 59,4% entre os homens. Em concordância com trabalhos mais antigos, este
estudo mostrou uma menor prevalência de obesidade e sobrepeso em idosos longe-
vos.
Em 2009, um estudo realizado com 596 idosos do município de Pelotas retra-
tou, como as demais pesquisas, um aumento da obesidade no idoso, em especial no
sexo feminino.

22
Unidade 3: A avaliação física em idosos

Seção 3.1 A importância da avaliação e do acompanhamento físico de


idoso

São cada vez mais os estudos que evidenciam a importância da atividade física
na minimização da degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao
idoso manter uma qualidade de vida ativa. O American College of Sports Medicine
(ACSM, 1998) refere que as causas que provocam o declínio físico, à medida que
envelhecemos, são múltiplas: vão desde o envelhecimento biológico, passando pelas
doenças, até aos níveis muito baixos de atividade física provocados por estilos de vida
muito sedentários. Sendo este, atualmente, referido como um dos principais fatores
que contribui para o envelhecimento precoce e o surgimento de doenças crónicas
degenerativas, como as doenças cardiovasculares (Spirduso et al., 2005).
Segundo Geis (1994), alguns estudos demonstram que a atividade/exercício
físico podem, no mínimo, atrasar algumas modificações decorrentes do declínio hu-
mano, e por isso, quanto mais cedo se começar a prática de atividade/exercício físico,
melhores serão os resultados obtidos.
O exercício físico apresenta benefícios ao nível da melhoria ou manutenção
de gestos e movimentos indispensáveis na realização de tarefas do dia-a-dia, bem
como no aumento da aptidão física através do aumento das capacidades de força, de
equilíbrio, de coordenação, de flexibilidade e de resistência (Carvalho & Mota, 2002).
Passando também a ter uma melhor relação com o mundo que o rodeia, diminuindo
os sentimentos de solidão e as frequentes depressões (Geis, 1994).
Uma prática regular de atividade/exercício físico produz efeitos positivos no
sistema musculoesquelético, cardiovascular, endócrino e respiratória, reduzindo a
prevalência de algumas doenças que mais afetam os idosos, levando assim a uma
diminuição dos internamentos, hospitalização e da mortalidade (Duarte & Nahas,
2003), reduzindo, consequentemente, os gastos ao nível da saúde.
A avaliação física é sempre necessária para quem quer iniciar uma pratica
regular de atividade/exercício físico. De várias existentes a utilizada foi a bateria de

23
testes "Fullerton Functional Fitness Test" (Rikli e Jones, 1999), por ser uma bateria
validada.

Seção 3.2 A Capacidade Funcional (CF) dos idosos

O envelhecimento é um assunto que tem sido tema de várias pesquisassem


todo mundo, principalmente ligadas aos profissionais da área da saúde que buscam
respostas para uma melhor qualidade de vida na terceira idade.
Com o avançar da idade os danos causados pelo processo do envelhecimento
são irreversíveis, progressivos e de soma gradativas das diminuições de vários seg-
mentos atribuídos à Capacidade Funcional (CF) e autonomia do ser humano, ocasio-
nados por perdas lentas identificadas a partir da terceira década de vida4 e impercep-
tíveis até os cinquentas anos, outros estudos apontam que a partir da 7° década de
vida o declínio e as perdas fiquem mais aceleradas.
Nesse período contínuo de transformações biológicas o corpo humano sofre
perdas as quais alteram os níveis de massa muscular e da capacidade funcional con-
trátil7 , acarretando a diminuição da agilidade, coordenação motora, mobilidade arti-
cular, flexibilidade e equilíbrio. Além destas mudanças há modificações também no
estado psicológico e social que somadas com as anteriores aumentam a susceptibili-
dade do idoso a doenças crônicas degenerativas e a dependência de terceiros.
A frente disso pressupõe que o envelhecimento e a diminuição da CF, acarrete
na vida do idoso problemas relacionados à autonomia para realizar com eficiência as
Atividades Básicas da Vida Diária (ABVDs), direcionadas com o autocuidado pessoal,
como se vestir, se alimentar, locomover-se, além das Atividades Instrumentais da Vida
Diária (AIVDs), ligadas a participação social do idoso, como por exemplo, realizar
compras, atender ao telefone e utilizar os meios de transporte pessoal ou público.
Nos países emergentes como o Brasil percebe-se uma mudança nos dados
demográficos relacionados ao envelhecimento, com o aumento da população adulta
atingindo a terceira idade, somando 5% nos últimos 60 anos, totalizando um acrés-
cimo de 15 milhões de pessoas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
(IBGE), ressalva que em 2013 a expectativa de vida da população brasileira chegou
a atingir74 anos em média, muito diferente da década de 50 quando essa expectativa
era apenas de 50 anos.

24
Corroborando com os dados do IBGE, a Organização Mundial de Saúde
(OMS), estima que o país se torne até 2025 o sexto no mundo com o maior número
de idosos.
Nessa perspectiva alguns estudos evidenciam para esse grupo especifico a
participação do idoso em programas de exercícios físicos que incluem trabalhos de
força, flexibilidade, coordenação motora, resistência aeróbica, agilidade e equilíbrio,
sendo pontos básicos para o idoso prolongar a sua independência por maior tempo
possível o que possibilitaria maior autonomia e saúde física. Neste contexto nota-se
também o maior controle de doenças coronarianas, obesidade, diabetes, além dos
níveis de estresse, a melhora do condicionamento cardiorrespiratório e as medidas
antropométricas.
O conceito atual de saúde envolve não somente a ausência de doença, mas
uma condição de completo bem-estar físico, mental. Sendo assim, tal conceito requer
uma abordagem holística do paciente e de modo específico o idoso. Por outro lado, o
desaparecimento da CF compõe uma das maneiras de apresentação de doenças
neste mesmo grupo, que se apresenta num conjunto formado por sintomas na esfera
física, psicológica e social. Apresenta seu pico com a imobilidade, ou seja, quando o
idoso fica confinado ao leito.
O conceito de CF pode ser compreendido como a eficiência do idoso em aten-
der às demandas físicas do seu dia a dia que envolve desde as atividades básicas
para uma vida independente até as ações mais difíceis de sua rotina. Na velhice é
comum a pessoa apresentar baixos níveis de CF, sobretudo em razão da diminuição
das funções físicas, como a redução da função dos sistemas osteomuscular, cardior-
respiratório e nervoso, circunstância que pode limitar os idosos de realizar suas ativi-
dades cotidianas com eficiência.
No entanto, para atender essas transformações, alguns estudos tem mostrado
a importância da realização dos testes de avaliação funcional, a fim de traçar melhores
estratégias e a criação de programas e métodos que otimizem as repostas frente as
deficiências identificadas pelo envelhecimento, pode balizar as intervenções direcio-
nadas a essa população, o que torna ponto fundamental para determinação do risco
de dependência futura, de complicação ou instauração das doenças crônicas, de pro-
babilidade de quedas e de índices de morbidade e mortalidade.
Os métodos habituais de se realizar uma avaliação funcional estruturada con-
sistem na observação direta (testes de desempenho) e por questionários aplicados ou

25
concebidos para entrevistas em contato com idoso, sistematizados por meio de uma
série de escalas que aferem os principais componentes da dimensão.
Tais escalas compõem o que se tem denominado instrumentos de avaliação
funcional. Dentre os métodos de avaliação funcional destacam-se duas escalas apre-
sentadas por Lawton e Brody, que classificam as atividades cotidianas de acordo com
o seu nível de complexidade. A classificação das AIVDs careteriza com oito ativida-
des: preparar refeições, fazer tarefas domésticas, lavar roupas, manusear dinheiro,
usar o telefone, tomar medicações, fazer compras e utilizar os meios de transporte.
Um dos testes mais utilizado para avaliar as ABVDs é chamado de índice de
Katz e foi criado por Sidney Katz, em 1963, sendo ele instrumento para mensurar a
capacidade funcional do indivíduo idoso. Katz elaborou uma lista de seis itens que se
relacionam entre si de maneira sobrepostas que refletem os padrões de desenvolvi-
mento infantil, isto é, o qual demonstra que a perda da função no idoso começa pelas
atividades mais complexas, como vestir-se, banhar-se, até chegar as de autorregula-
ção como alimentar-se e as de eliminação ou excreção.
O autor parte da ideia que o declínio funcional e a perda da capacidade para
executar as atividades da vida diária nos pacientes idosos ocorrem no mesmo padrão
de evolução, isto é, primeiro se perde a capacidade para banhar-se e, a seguir, para
vestir-se, transferir-se da cadeira para a cama (e vice-versa) e alimentar-se. Já a re-
cuperação acontece de modo inverso.
A avaliação da mobilidade é caracterizada por incluir estímulos mais específi-
cos para agilidade e equilíbrio, a partir da combinação de várias ações cotidianas. A
mobilidade também se estabelece como ponto fundamental da avaliação funcional,
pois se relaciona intimamente com a probabilidade de quedas e, por consequência,
impacto negativo na CF. Assim, este estudo teve como objetivo levantar informações
sobre a importância da avaliação funcional em idosos na prescrição de exercícios.

Seção 3.3 A importância da avaliação funcional em idosos

Vários estudos têm demonstrado a importância da avaliação funcional em ido-


sos. Isso porque se tem reconhecido que como passar dos anos a CF da pessoa
nessa faixa etária começa a entrar em declínio e assim a atividade da vida diária que
são consideradas ações muito simples, começam a se tornar difíceis.

26
Conforme demonstrado em Farias através de revisão da literatura a pessoa
idosa precisa de cuidados específicos no auxílio em todas as suas necessidades e
que para tanto se torna necessário desenvolver sistemas que possam oferecer a com-
pleta reintegração e ressocialização desse segmento para que por meio desse pro-
cesso os idosos possam usufruir de vários benefícios, inclusive de cuidados referen-
tes à autonomia em todos os seus aspectos. Tais cuidados são importantes, pois, a
diminuição da capacidade funcional é também um fator de aumento no risco de que-
das, principalmente devido ao comprometimento na realização de tarefas do dia a dia,
com limitações de força muscular, equilíbrio, marcha entre outros.
Barbosa em estudo utilizando Escala de Lawton e Brody junto a 286 idosos
com faixa etária entre 60 a 103 anos concluiu que mais da metade apresentaram in-
dependência no que se refere à CF. Em relação aos demais, o estudo sugeriu uma
maior atenção no que diz respeito à prevenção de doenças, e ainda recomenda inter-
venções terapêuticas que possam minimizar os fatores que se refletem na capacidade
funcional.
Câmara et al, em revisão bibliográfica realizada para identificar os testes mais
utilizados e o potencial de cada prova para identificação do nível de capacidade fun-
cional do idoso relatou que essa avaliação tende a ser mais completa quando inte-
grada com abordagens descritas, embora tais abordagens possam gerar custos e di-
ficultar um estudo mais aprofundado. Silva Neto5 buscou caracterizar o perfil sócio
demográfico dos idosos da área de abrangência das Unidades Saúde da Família do
Município de Jataí – Goiás (GO) com duzentos e noventa e nove idosos, de ambos
os sexos, com idade ≥ 60 anos, inscritos na referida UBS. Os resultados deste estudo
demonstram que a avaliação da CF é muito importante como indicador de qualidade
de vida dos idosos, isso porque essa avaliação permite mensurar minuciosamente a
capacidade que uma pessoa tem para desempenhar atividades da vida diária.
Outro estudo como o de Ferreira e colaboradores, buscaram avaliar a ocorrên-
cia da incapacidade funcional com relação aos níveis sociodemográficos em 47 paci-
entes idosos residentes no abrigo Pão de Santo Antônio em Belém – PA, apontaram
com o teste de Medida de Independência Funcional (MIF) a independência por maior
parte dos idosos com idade avançada e baixo grau de escolaridade. Paixão e Reiche-
nheim demonstraram por meio de revisão sistemática a utilização e adaptação dos
instrumentos de avaliação em nível internacional e nacional.

27
O amplo estudo realizado pelos autores demonstrou que esse tipo de pesquisa
ainda é pouco sistematizada no Brasil. Já a pesquisa de Frank et al junto aos idosos,
seus familiares e seus cuidadores em unidade de saúde e no domicílio com Older
Americans Resourcesand Services – OARS revelou que os idosos pesquisados ne-
cessitam de uma assistência voltada para recuperação ou promoção das Atividades
da Vida Diária e das Atividades Instrumentais da Vida Diária. Tal cuidado envolve
maior comprometimento da família e o auxílio de profissionais capacitados.
Bispo e colaboradores avaliaram a capacidade funcional de idosos cadastrados
na estratégia de saúde da família na comunidade do Pontal da Barra em Maceió/AL
com 43 idosos do sexo masculino e 52 do sexo feminino. Os resultados da pesquisa
demonstraram que a maior parte desses idosos não são considerados como incapa-
citados sendo que a maioria deles consegue desenvolver suas atividades da vida di-
ária.
Tenório e colaboradores ao avaliarem a capacidade funcional de idosos a partir
de pesquisa descritiva na Comunidade Alto das Estrelas, Moreno-PE, com 30 idosos
cadastrados no Programa Saúde da Família concluíram que dentro dessa amostra
foram encontrados três idosos dependentes do devido comprometimento por: aci-
dente vascular encefálico, doença osteoarticular e doença psiquiátrica. Ao constata-
rem tal realidade os autores sugeriram que fosse elaborada proposta de reabilitação
e manutenção da capacidade funcional de idosos atendidos em unidades de saúde a
fim de melhorar não somente a CF, como também proporcionar melhor qualidade de
vida a esse grupo.
Estudos têm confirmado a importância da avaliação funcional em pessoas ido-
sas. Tal importância se dá porque com o avanço da idade o idoso perde suas capaci-
dades funcionais e começa a sentir dificuldades para realizar atividades de vida diária.
Muitos idosos também apresentam outras complicações na saúde como doenças os-
teomoleculares, sequelas de acidente vascular encefálico entre outros que compro-
metem ainda mais a capacidade funcional.
Frente a essa realidade ressalta-se a importância de se realizar a avaliação da
capacidade funcional de idosos, pois a dependência nas ABVDs compromete e limita
o idoso além de reduzir a qualidade de vida. Estudos sobre capacidade funcional
neste grupo especifico sugerem a potencialização de ações e políticas de saúde pú-
blica e do apoio das redes sociais em atendimento à demanda da população idosa.

28
Segundo o American College of Sports Medicine, citado por Mazo & Lopes &
Benedetti (2001), torna-se imprescindível avaliação da saúde para a prática de ativi-
dade física, como também, a avaliação da eficiência dos programas de atividades,
para tanto há necessidade de conhecimento dos testes específicos para a realização
das avaliações em idosos em termos funcionais e físicos.
Os objetivos principais das avaliações com os idosos são:
• Diagnosticar e verificar eficiência dos programas quanto à aptidão física, ca-
pacidade funcional, aspectos psicossociais, ingestão alimentar e nível de atividade
física;
• Verificar a evolução da aptidão física e da capacidade funcional, em relação
ao processo de envelhecimento;
• Verificar as associações existentes nos aspectos antropométricos, neuromo-
tores e metabólicos da aptidão física, capacidade funcional, aspectos psicossociais e
nutricionais dos idosos;
• Determinar as variáveis que devem ser priorizadas na elaboração dos progra-
mas de intervenção (atividades físicas, exercício ou treinamento)
Considerando as diferenças apresentadas entre idosos, em relação ao pro-
cesso de envelhecimento que é individual e único, o que se deve levar em considera-
ção na escolha dos testes é as capacidades em realizar as atividades diárias com
competência (capacidade funcional), sua aptidão física, como também seu desempe-
nho para os esportes.
Levando em conta a classificação da capacidade funcional e de aptidão física
apresentada nos módulos anteriores serão abordados alguns protocolos de avaliação
específicos para cada nível de classificação.
NÍVEL I: Fisicamente Incapaz: tem dependência total de terceiros. Avaliação
de competência da equipe médica (geralmente composta pelo médico geriatra, enfer-
meiro (a) e dependendo do grau de incapacidade pelo fisioterapeuta e outros). São
levantados indicadores de severidade da doença, quantificação das necessidades e
uso dos serviços médicos, escalas específicas de classificação da doença, função
cognitiva e afetiva. Se houver melhora do quadro clínico é necessário aplicar as es-
calas das atividades da vida diária (que funções, o idoso já é capaz de executar, como
exemplo, alimentar-se com pouca ajuda).
NÍVEL II: Fisicamente Dependente: Segundo Spirduso (2005), a extensão da
incapacidade física sofrida por esses adultos muito idosos é medida pelo grau de sua

29
capacidade em realizar atividades da vida diária como se vestir, deitar-se e levantar-
se da cama levantar-se de uma cadeira, lavar o rosto e as mãos, comer e beber,
banhar-se, usar o toalete, mover-se dentro de casa, subir e descer escadas, andar
pelos arredores, em terreno plano e fazer mãos e pés. Dos instrumentos de avaliação
utilizados para essa população são os de autoavaliação, como também testes de fun-
ção motora para predizer a capacidade de um indivíduo de manter as atividades da
vida diária.

Testes usando autoavaliação ou avaliação por terceiros por meio de entrevis-


tas:
- Índice de AVD Katz: tomar banho, vestir-se, ir ao toalete, transferir-se, conti-
nência, alimentar-se. A ordem dos itens reflete a progressão natural na perda e recu-
peração da função.
- Classificação de cuidado pessoal de Barthel: Beber de uma xícara, alimentar-
se no prato, vestir-se, colocar uma atadura ou prótese, arrumar-se, lavar-se ou tomar
banho, continência, controle do períneo/ vestir-se no banheiro, transferir-se para uma
cadeira, transferir-se até ao toalete, transferir-se para a banheira ou chuveiro, cami-
nhar 50 metros, subir escadas, cadeira de rodas, caminhar do lado de fora.
- Older American Resources and Services (OARS) AVD físicas: Alimentar-se,
vestir-se arrumar-se, caminhar, deitar-se e levantar-se da cama, tomar banho de ba-
nheira ou chuveiro, ir ao banheiro a tempo, continência.

30
Unidade 4: Teorias do envelhecimento e atividades
físicas

Seção 4.1: O Envelhecimento

O envelhecimento é um processo inevitável do ser humano, que lida com a


perda progressiva da aptidão funcional do organismo e aumenta o risco de doença
(Kallinen & Markku, 1995). Estas alterações comprometem, os domínios biopsicosso-
ciais e a qualidade de vida da pessoa idosa, limitando a capacidade de realizar vigo-
rosamente as atividades do dia-a-dia e aumentam-lhe a vulnerabilidade do ponto de
vista da saúde (Spirduso, 1995).
Sabemos que com a idade existe uma perda de estatura, peso e tecido mus-
cular, uma modificação da textura da pele e uma diminuição da espessura das pregas
dos membros superiores e inferiores, embora pareça haver um aumento da gordura
subcutânea e interna do tronco (Fragoso & Vieira, 1993).
Os efeitos cumulativos da idade sobre o funcionamento orgânico são expressos
pelo declínio gradual das capacidades funcionais do indivíduo a partir da terceira dé-
cada de vida (Fragoso & Vieira, 1993). A título de exemplo, McArdle et al., (1981)
verificaram a diminuição de 10% a 15% na velocidade de condução do estímulo ner-
voso, o decréscimo de 20% a 30% da frequência cardíaca (entre os 30 e os 80 anos),
o declínio de 37% do número de axónios medulares, o decréscimo de 40 a 50% da
capacidade funcional do fígado e dos rins (entre os 30 e os 70 anos). E ainda a redu-
ção de 15 a 30% do tecido ósseo (a partir dos 70 anos), a diminuição da força mus-
cular em quase todos os músculos, atingindo-se aos 70 anos valores 30% inferiores
aos registados aos 20 anos.
Desta forma, verificamos que a senescência pode ser entendida como a perda
progressiva da capacidade homeostática do idoso, ou seja, redução do equilíbrio de
todos os processos e fenómenos adaptativos do organismo. O idoso responde mais
lentamente e menos eficazmente às alterações ambientais, devido a uma deteriora-
ção dos mecanismos fisiológicos, tornando-se mais vulnerável.
O processo de senescência, ou seja a perda progressiva das funções celulares
e corporais, possui uma elevada complexidade para ser descrita apenas por uma te-
oria.

31
Seção 4.2: O Envelhecimento biológico

As teorias biológicas tendem a focalizar os problemas que afetam a precisão


do sistema orgânico durante o processo de envelhecimento sejam eles de origem ge-
nética, metabólica, celular ou molecular, para Fonseca (2006) o envelhecimento bio-
lógico é um processo cujos efeitos são visíveis, mas cujo mecanismo interno perma-
nece, em grande medida, desconhecido. Com base em Farinatti (2002) as teorias bi-
ológicas podem-se dividir em duas categorias: as de natureza genético-desenvolvi-
mentista e as de natureza estocástica. No primeiro caso, o envelhecimento é visto
como uma caraterística geneticamente programada. Já as teorias estocásticas assu-
mem o envelhecimento como a acumulação de danos moleculares e da manutenção
das funções orgânicas e da vida.
A abordagem analítica das várias teorias biológicas explicativas do envelheci-
mento está, segundo as palavras de Rattan (2006), desatualizada e obsoleta. Deveria,
antes, ser proposta uma teoria biológica do envelhecimento unificadora, que fosse
inclusiva dos vários mecanismos, proporcionando as bases para testar e desenvolver
efetivas formas de intervenção, prevenção e modulação do envelhecimento. Com a
consciência de que será esse o caminho, no âmbito do presente trabalho não se pre-
tende uma reflexão a esse nível, pelo que serão analisadas separadamente as teorias
genéticas, as teorias dos danos ou do stress oxidativo e as teorias do desequilíbrio
progressivo.
De fato, ainda que a discussão seja efetuada de forma independente, parece
existir uma linha de entendimento mais ou menos consensual de que as várias teorias
não são independentes entre si. Alguns aspetos das várias teorias são complementa-
res e não exclusivos entre si, pelo que o envelhecimento será um processo que ocorre
sofrendo as consequências da interação genética, dos danos e dos desequilíbrios dos
sistemas.
Teorias com base genética
As teorias genéticas partem do princípio que a taxa de envelhecimento corporal
é determinada pela hereditariedade. É proposto que o processo de envelhecimento
está programado nos genes, e eventos como a puberdade, a menarca ou a meno-
pausa são regulados por relógios biológicos celulares. Assim, estas teorias sugerem
que o processo de envelhecimento, desde o nascimento até à morte, está programado
pelos nossos genes. Acontecimentos relacionados com a idade, como a puberdade

32
ou a menopausa, são sinais do relógio biológico programado dentro de cada célula.
Nestas teorias, a esperança de vida, como outros fatores relacionados com a idade,
deve estar controlada por um ou mais genes específicos que atuam independente-
mente ou com outros para a longevidade. Contudo, estes genes ainda não foram iden-
tificados. No entanto, estas teorias sugerem que um ou mais genes ditam a idade
celular dentro do núcleo das células ou que certos genes são desenvolvidos ou repri-
midos durante o desenvolvimento normal da vida.
Uma das teorias mais atuais dentro deste género é a das mutações do ADN na
mitocôndria, estas mutações aumentam durante a vida do indivíduo causando o en-
velhecimento do mesmo. Uma das teorias genéticas mais antigas sugere que o enve-
lhecimento celular tenha lugar a partir do momento em que, naturalmente, começam
a ocorrer erros em processos, tais como, a transcrição e transporte de material gené-
tico ou mutações somáticas. Esses erros trariam consequências negativas à renova-
ção celular, gerando células defeituosas ou empobrecendo a sua população repercu-
tindo, a longo prazo, na função de sistemas orgânicos inteiros.
Esta teoria recebeu o nome de teoria de Acúmulo de Erros ou Teoria dos Erros
Catastróficos (Spirduso, 1995). Outra destas teorias e uma das mais conhecidas, é a
do Doutor Lenard Hayfick (1965), a qual, sugere que as células se dividem e reprodu-
zem num número limitado de vezes geneticamente programado. Uma célula seria fi-
siologicamente tão mais jovem quão mais distante estivesse desse limite. Assim, a
idade fisiológica das células (o número de divisões permitidas antes de parar a repro-
dução) é determinado pelo material genético do núcleo das células, por exemplo,
como o processo da puberdade é ativado durante o período de crescimento, o pro-
cesso de senilidade é ativado em algum momento da meia-idade.
Esta teoria tenta fazer um paralelo entre os possíveis mecanismos de controlo
da senescência e o controlo da puberdade, ambas disparadas por um “gatilho” depen-
dente da distância do limite preestabelecido. O problema é que, enquanto o momento
do início da puberdade parece respeitar um padrão mais ou menos constante em to-
dos os indivíduos, o mesmo não se pode dizer do processo de envelhecimento
(Hayflick, 1985). Um outro argumento contra esta teoria afirma que ao longo e gradual
processo de envelhecimento não é de todo similar ao desenvolvimento acelerado que
acontece nos jovens. É mais provável que este crescimento acelerado na puberdade
seja causado pela ativação dos genes ao contrário do processo de envelhecimento
que é lento e progressivo.

33
A teoria de Hayflick tem sido posta em causa por alguns autores, uma vez que
são conhecidas diferentes taxas de replicação e envelhecimento para células de teci-
dos diversos. Por exemplo, é sabido que as células dos sistemas imunitário e endó-
crino se dividem poucas vezes, enquanto os neurónios e as fibras musculares pare-
cem nem sequer se dividirem, como pode ler-se em Jones e Rose (2005). As teorias
genéticas são, igualmente, questionadas num trabalho estimulante efetuado com
gémeos suecos (Ljungquist et al., 1998).
Os resultados indicaram reduzidos efeitos genéticos na longevidade e, para os
homens, talvez mesmo nulos. Os dados mostraram ainda que a maior parte da vari-
ância da longevidade é explicada por fatores ambientais. Os autores concluem que,
no máximo, um terço da variância é atribuída a fatores genéticos e a quase totalidade
remanescente é devida a fatores específicos do envolvimento, individuais e não par-
tilhados. A genética desempenhará, certamente, um papel na longevidade que contri-
buirá para explicar a disparidade existente entre as poucas semanas de vida de alguns
insetos e as centenas de anos de algumas árvores. Contudo, a controvérsia existe e
a validade dos argumentos dirimidos não parece permitir, no estado atual do conhe-
cimento, atribuir-lhe um papel definitivo.
Ainda dentro das teorias genéticas encontramos a teoria dos telómeros que nos
refere que em cada replicação do cromossoma, e considerando que a enzima telome-
rase fica reprimida, o telómero encurta, o que motiva a perda de algumas sequências
(Chui & Harley, 1997). Finalmente, deve-se ressaltar que a aceitação de um controle
eminentemente genético para o processo de envelhecimento implica aceitar que
pouco se pode fazer, em termos de intervenção, para retardá-lo. No nosso caso, difi-
cilmente estratégias como o exercício físico poderiam influenciar significativamente
em uma função celular geneticamente programada (Farinatti, 2002).
Teorias com base em dados de origem química
Este grupo de teorias aproxima-se da corrente genética no sentido de que a
senescência seria decorrente de disfunções no código contido nos genes. A diferença
entre as correntes reside no facto de que, para as teorias baseadas nos danos de
origem química, os problemas de funcionamento na reprodução e regeneração celular
não se encontrariam especificamente em sua programação. Os problemas de codifi-
cação genética seriam causados por subprodutos das reações químicas orgânicas
habituais que, pouco a pouco, causariam danos irreversíveis às moléculas das célu-
las. Tais reações poderiam ser potencializadas por fatores como a poluição, padrões

34
de alimentação ou AF (Farinatti, 2002). Desta forma, as teorias dos danos ou agressão
são baseadas no conceito de que as reações químicas que acontecem de forma na-
tural no corpo começam a produzir uma quantidade irreversível de deteriorações nas
moléculas (Llano et al., 2006).
Para além disto, deveremos considerar também a pequena, mas diária quanti-
dade de substâncias químicas que introduzimos no nosso organismo através de nu-
merosas fontes, tais como, o ar que respiramos, o tabaco, os alimentos e outras subs-
tâncias que ingerimos incluindo os próprios processos metabólicos do corpo. A ideia
dos defensores destas teorias é de que se todo este prejuízo fosse minimizado, tam-
bém o processo de envelhecimento poderia ser retardado e as pessoas poderiam vi-
ver mais tempo. Uma das teorias dos danos consiste na “Teoria dos Filamentos Cru-
zados”, na qual, alguns dos componentes celulares altamente reativos em forma de
átomos ou moléculas, têm zonas quimicamente ativas que podem unir-se ao ADN
dentro da célula.
Quando uma destas ligações se une a um filamento de ADN, os mecanismos
de defesa do corpo cortam a zona afetada de ADN (onde o agente está ligado) depois
repara o filamento usando o outro filamento da hélice. Mas se o processo de repara-
ção for muito lento ou se o agente do filamento cruzado também se une com outro
filamento do ADN, ambas as zonas são cortadas e entre as moléculas, formam uma
espécie de teia que impede o transporte intracelular de nutrientes e de informação o
que impede o reparo da porção comprometida em função de ausência de “espelho”
adequado. Isto acontece porque as ligações se produzem nos filamentos de ADN,
zonas de comunicação para as células, produzindo mudanças consideráveis nas mes-
mas (Spirduso, 1995).
Muitos destes agentes de ligações cruzadas são moléculas chamadas radicais
livres, produto do metabolismo do oxigénio. Estes componentes químicos contêm na
sua órbita um eletro impar desemparelhado de forma que podem fazer reações com
os tecidos provocando grandes danos. Os radicais livres oxidam e atacam outros com-
ponentes celulares causando alterações e disfunções que se acumulam ao longo da
nossa vida. Muitas agressões celulares acabam por matar as células, facto frequente
à medida que a idade aumenta. Esta é a “Teoria dos Radicais Livres” (Spirduso, 1995).
Muitos dos agentes reativos associados ao processo de ligação cruzada do ADN são
moléculas produzidas no metabolismo oxidativo, denominadas radicais livres de oxi-
génio.

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Assim, quanto maiores as taxas metabólicas ou exposição a radiações exter-
nas (como os raios ultravioleta), maior a formação de radicais livres. Os radicais livres
oxidam os componentes celulares provocando alterações e disfunções, que se acu-
mulam, até o ponto em que a própria célula morre. Com a idade, isso tende a aconte-
cer em número cada vez maior de células, por efeito de acumulação.
Na mesma linha Johnson (1985, cit. Llano et al., 2006) refere-nos que a partir
do momento em que nascemos estamos sujeitos a micro-agressões inevitáveis das
quais o corpo se defende de forma natural. Por outro lado, quanto o sistema de defesa
deixa de ser efetivo, como consequência do envelhecimento, pode levar a uma perda
de funcionalidade dos órgãos afetados e, no fim, pode acontecer uma falha no sis-
tema. Por isso, o autor argumenta que se a doença é considerada uma acumulação
gradual de “feridas” curadas de forma incompleta, devido a inumeráveis micro-agres-
sões, o envelhecimento em si deveria ser considerado como uma doença. Esta última
teoria, também conhecida por teoria do stress oxidativo, tem por base o conceito de
acumulação progressiva e irreversível de danos oxidativos causados por espécies re-
ativas de oxigénio, que tem impacto em aspetos críticos do processo de envelheci-
mento e contribui para a diminuição da função fisiológica para o aumento da incidência
de doença e redução do tempo de vida (Kregel & Zhang, 2007).
Teorias com base no desequilíbrio gradual
Este grupo de teorias levanta a hipótese dos sistemas corporais envelhecerem
a diferentes ritmos, muito particularmente no que respeita ao sistema nervoso central
e ao sistema endócrino, provocando desequilíbrios nas várias funções. Ou seja, o
sistema nervoso central, o sistema endócrino e também o sistema imunitário, que tra-
balham em estreita colaboração, à medida que envelhecem, vão diminuindo a sua
capacidade funcional, mas a diferentes taxas, o que desencadeia desequilíbrios entre
os próprios sistemas, assim como perda de eficiência de cada um deles.
A regulação neuro endócrina assume um papel central nesta visão do envelhe-
cimento. O hipotálamo e a hipófise são os locais principais de interação do sistema
nervoso e endócrino, cabendo ao hipotálamo a regulação secretora da hipófise. Como
consequência, o eixo hipotalâmico-hipofisário tem sido um alvo privilegiado das teo-
rias do envelhecimento, chegando mesmo a ser defendida a existência de uma espé-
cie de relógio biológico no hipotálamo, que controlaria a taxa de envelhecimento. Por
sua vez, a hipófise é uma glândula major que segrega um conjunto de hormonas que
regulam muitas das funções do organismo e a atividade secretora de várias outras

36
hormonas. As hormonas tiroideias exercem ação num vasto conjunto de tecidos do
organismo, embora provocando respostas diferenciadas. Enquanto em alguns tecidos
o principal efeito se relaciona com o metabolismo, noutros tem a ver com questões
relacionadas com o crescimento ou a maturação. Num quadro de hipotiroidismo veri-
fica-se um conjunto de alterações que incluem a diminuição da atividade metabólica,
da força muscular, lentificação dos movimentos, apatia, sonolência ou a diminuição
de parâmetros cardiovasculares, que podem ser associados a uma aceleração dos
sintomas do envelhecimento (Widmaier et al., 2006).
A constatação de que níveis adequados de estrogénios parecem exercer um
efeito protetor contra alguns efeitos do envelhecimento como, por exemplo, a deterio-
ração da força muscular, também implica o sistema neuro endócrino. Após a meno-
pausa, e num cenário de diminuição brusca dos níveis de estrogénios, o envelheci-
mento biológico parece sofrer uma aceleração. Numa interessante revisão de estudos
que analisaram a relação entre a terapia hormonal de substituição e a preservação da
massa muscular, Meeuwsen et al. (2000) verificaram que, embora a massa muscular
no idoso seja sensível à estimulação pela atividade física, esta não é suficiente para
compensar os decréscimos relacionados com a idade, pelo que será recomendável o
desenvolvimento de outros métodos preventivos.
Consideraram ainda que, à luz do conhecimento atual, existem todos os indí-
cios que esse outro método poderia passar pela terapia hormonal de substituição.
Contudo, em 2003, Kenny e a sua equipa observam que a sarcopenia é um fenómeno
tão comum nas mulheres com reposição de estrogénios como nas que não se sub-
meteram à reposição, o que sugere que a terapia de substituição de estrogénios não
exerceu efeitos protetores contra a perda de massa muscular, durante o processo de
envelhecimento. Com o avançar da idade parece verificar-se uma quebra do equilíbrio
entre os vários sistemas hormonais e fisiológicos. Este processo foi descrito por Finch
(1976), num trabalho que resultou de uma extensa análise da literatura existente,
como uma cascata de distúrbios metabólicos. Propôs o autor que as alterações rela-
cionadas com a idade, após a maturação, resultam de uma extensão dos mecanismos
endócrinos e neuronais que controlaram o desenvolvimento, que vão desencadear
uma cascata de alterações nas interações endócrinas, neuronais e tecidos-alvo. As
teorias imunológicas estão, igualmente, incluídas neste grupo de teorias do desequi-
líbrio progressivo.

37
A capacidade do sistema imunitário produzir anticorpos e certos tipos de linfó-
citos T diminui, o que estará relacionado com a involução do timo. Uma vez que esta
alteração morfológica e funcional do timo está associada ao envelhecimento e tam-
bém ao declínio do sistema imunitário, Nabarra & Andrianarison (1996) sugeriram que
este órgão funcionaria como um relógio do envelhecimento que quantifica as altera-
ções na disfunção imunitária relacionadas com a idade.
Teorias com base em restrição calórica
Outra hipótese que vem sendo investigada é a relação entre restrição calórica
sistemática e envelhecimento dos sistemas fisiológicos e celulares. De acordo com as
revisões de Masoro (2000) temos como principais teorias a redução da taxa metabó-
lica basal com atenuação dos danos advindos do stress oxidativo, uma vez que o
metabolismo energético gera moléculas reativas de oxigénio potencialmente danosas
às estruturas celulares.
Assim, menor ingestão calórica tende a atenuar o processo de dano celular à
medida que se envelhece através da redução de peroxidação lipídica, do menor acú-
mulo de proteínas oxidadas e da danificação oxidativa do ADN. Outra hipótese asso-
ciada à restrição calórica diz respeito aos efeitos da mesma sobre a modulação da
glicemia e da insulinémia, ou seja, a relação dos níveis aumentados de glicose e in-
sulina sanguínea com o envelhecimento advém da ação mitogénica da segunda e do
potencial da primeira em induzir processos de ligações cruzadas, proteínas modifica-
das e macromoléculas que, acumulando-se, predispõem à disfunção dos sistemas
orgânicos.
Por último, a hipótese da hormese, definida como ação(ões) benéfica(s) resul-
tante(s) da resposta do organismo a uma agressão de baixa intensidade, ou seja, a
restrição calórica, ao constituir-se como um agente agressor leve, induziria a reações
orgânicas positivas que pudessem representar uma ação antienvelhecimento (Farina-
tti, 2002). De facto, parece existir uma linha de entendimento mais ou menos consen-
sual de que as várias teorias não são independentes entre si, pelo que alguns aspetos
das várias teorias são complementares e não são independentes entre si, pelo que, o
envelhecimento será um processo, no qual, atuam mecanismos das diferentes teorias
biológicas, nomeadamente, genéticas, dos danos ou do stress oxidativo, as do dese-
quilíbrio progressivo e as com base na restrição calórica.

38
Ademais, As teorias psicológicas do envelhecimento visam proporcionar expli-
cações sobre os fatores psicológicos associados a um processo de envelhecimento
bem-sucedido (Martins, 2007a).

Seção 4.2: Envelhecimento ativo e qualidade de vida

Na generalidade das pessoas, durante o período ativo das suas vidas, a ativi-
dade profissional desempenhada é um fator de desenvolvimento e/ou manutenção do
nível cognitivo, do sentimento de utilidade, de pertença a um grupo ou organização,
de existência, de relações de amizade, de ter objetivos e horários para cumprir. Todas
estas premissas devem manter-se quando a pessoa passa à idade reforma, devem
existir todos estes aspetos que foram mencionados, (…)num sentido positivo, a adap-
tação social do idoso realiza-se através de um processo de substituição e redução de
atividades – substituem-se as atividades a que anteriormente se entregava por outras
que, não tendo a mesma finalidade (remuneração e reconhecimento profissional), po-
dem ser igualmente gratificantes, afirmando-se como úteis e proveitosas para a famí-
lia e para a sociedade e assegurando algum reconhecimento social(Pimentel, 2005,p.
46).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2002 definia o conceito de Enve-
lhecimento Ativo como o processo de otimização de oportunidades para a saúde, par-
ticipação e segurança, no sentido de aumentar a qualidade de vida durante o enve-
lhecimento, este conceito de saúde e bem-estar permite ao indivíduo realizar as ativi-
dades de vida diária e comunitárias de forma autónoma. Associado ao conceito de
Envelhecimento Ativo, surge por muitos autores o conceito de “velhice bem-sucedida”,
considerando a perspectiva de Fontaine (2000) o conceito de velhice bem-sucedida
tornou-se familiar desde há alguns anos.
A velhice bem-sucedida está associada à reunião de três grandes categorias
de condições: A primeira é a reduzida probabilidade de doenças, em especial as que
causam perdas de autonomia; A segunda consiste na manutenção de um elevado
nível funcional nos planos cognitivo e físico, o que por vezes se denomina velhice
ótima; A terceira é a conservação de empenhamento social e de bem-estar subjetivo.

39
Estes três tipos de condições reúnem-se em proporções variáveis, de acordo
com as diferentes influências de desenvolvimento que os indivíduos sofreram durante
a vida.
A saúde não se pode caracterizar apenas como um estado de ausência de
doença, mas como um estado de equilíbrio geral no indivíduo, nos diferentes aspetos
e sistemas que caracterizam o homem: biológico, psicológico, social, emocional, men-
tal e intelectual, resultando de sensações de bem-estar.
A saúde é assim um contínuo com polos positivos e negativos. Os polos posi-
tivos são associados à capacidade das pessoas de aproveitar a vida e de superar
desafios e não apenas ausência de doenças, enquanto o polo negativo é associado
com a morbilidade e, em seu extremo, com a mortalidade. Nos dias de hoje, é referido
muitas vezes o conceito de qualidade de vida, e como esta se pode alcançar de forma
plena, este conceito é demasiado ambíguo e específico de se alcançar, este depende
das caraterísticas de cada indivíduo e da forma como este se relaciona com o meio.
A qualidade de vida de um indivíduo não pode ser considerada, naturalmente,
apenas pela via da saúde. Esse conceito ainda está por amadurecer, mesmo porque,
se considerarmos saúde apenas como ausência de doenças, estamos perante uma
visão simplista e sectária desse conceito amplo que envolve outros fatores já citados
anteriormente.
Consideremos a boa condição física como um desses fatores importantes para
a prevenção e tratamento de doenças e manutenção da saúde, como um instrumento
precioso para a melhoria da qualidade de vida das pessoas (Araújo & Araújo, 2000).
Existem cada vez mais dados que demonstram que o exercício, a aptidão física
e a atividade física estão relacionados com a prevenção, com a reabilitação de doen-
ças e com a qualidade de vida (Faria, 1991).

Seção 4.3: Envelhecimento e atividade física

Quando nos referimos a atividade física devemos ter em conta segundo Vieira
e Ramos (1996), que para além do funcionamento orgânico do indivíduo, também o
seu estado psicológico, porque este também se revela determinante nessa mesma
atividade.

40
Para Horta e Barata (1995) a AF é natural e, portanto, biologicamente e psico-
logicamente necessária, é um meio formativo, não só no campo estritamente bioló-
gico, mas também influi decisivamente no crescimento, desenvolvimento e na criação
de estilos de vida saudáveis. Horta e Barata (1995) acrescentam que devemos sem-
pre ter em conta as atividades que vão para além da prática desportiva, de lazer ou
competitiva, pois, atividades diárias como jardinagem, a marcha, subir e descer esca-
das, danças e jogos são atividades físicas importantes no dia-a-dia das pessoas.
Graça e Almeida (1998) consideraram a AF como qualquer movimento produ-
zido por ação dos músculos esqueléticos que provoque gasto energético. A AF signi-
fica todo o tipo de movimento ou exercício que o indivíduo realiza utilizando o seu
corpo através das propriedades motoras que lhe são inerentes. É inerente ao ser hu-
mano e manifesta-se em todos os setores de sua vida em relação com o meio ambi-
ente (Okuma, 1998, cit. Hilgert & Aquini, 2003).
No idoso a AF não deve ser entendida como a preparação para fazer campe-
ões, mas única e simplesmente como práticas comportamentais que façam o orga-
nismo acordar e reabilitar a sua capacidade adaptativa, que é sempre treinável (San-
tos, 2002). De acordo com Barata (2006), a AF e esporte são conceitos diferentes
embora parecidos, sendo o primeiro mais abrangente que o segundo, uma vez que a
AF é tudo aquilo que implique movimento, força ou manutenção da postura corporal
contra a gravidade e se traduza num consumo de energia. Segundo o autor, a AF
pode ser classificada em dois grandes grupos: Atividade Física Espontânea (AFE) e
Atividade Física Organizada (AFO). Surge como pertinente clarificar os conceitos de
AFE e AFO, para que possamos compreender as diferenças e seja possível uma ade-
quada avaliação do grupo selecionado para amostragem. Desta forma, entende-se
por AFE toda aquela que está integrada nos hábitos da vida diária: deslocações a pé,
subir escadas, passatempos ou profissões fisicamente ativas, levar os filhos ou os
animais a passear, etc. As suas vantagens são estar sempre acessível, podendo ser
praticada todos os dias e a qualquer momento do dia, não obrigar a custos económi-
cos significativos, nem a deslocações aos locais da sua prática pois em qualquer lugar
se pode caminhar, subir escadas ou fazer certos movimentos. As suas limitações são
não desenvolver ao máximo as várias capacidades físicas, devido à sua baixa inten-
sidade e ao facto de não trabalhar as várias componentes da chamada condição fí-
sica.

41
AFO é a que se pratica em clubes desportivos, ginásios, instituições e afins.
Requer mais condições, mas traz benefícios adicionais em relação à primeira. As suas
vantagens e limitações são as inversas em relação à atividade física espontânea.
A AF apresenta um conjunto de benefícios e vantagens face aos condicionalis-
mos e necessidades impostas pelo processo de envelhecimento. Esses benefícios
situam-se a vários níveis: biológico-funcional, motor, cognitivo, psicológico, socioafe-
tivo, artístico e cultural.
O ciclo de vida do idoso na sua generalidade passa pela sequência acima re-
ferida e anteriormente já descrita, verificámos que os estudos indicam que os indiví-
duos podem contrariar esta tendência com a constante estimulação das habilidades
motoras e cognitivas.
O indivíduo idoso ao longo da sua vida está em constante estimulação ao che-
gar a etapa do envelhecimento essa reduz drasticamente, a nível físico, reduz a sua
atividade física que por sua vez leva à inaptidão física. Inicia-se uma fragilidade mus-
culoesquelética que conduz a perda de um estilo de vida independente, ao perder esta
autonomia física o indivíduo começa a sentir-se menos motivado, reduzindo os seus
níveis de auto estima. Por sua vez, aumentam os estados de ansiedade e de depres-
são conduzindo a uma maior inaptidão física, acelerando assim o processo de enve-
lhecimento.
As evidências na relação entre a qualidade de vida relacionada com a saúde e
AF foram classificadas por Rejeski et al. (1996) como diretas e indiretas. As evidências
diretas incluem, por exemplo, as funções sociais, físicas e emocionais. A Organização
Mundial de Saúde - Guidelines for Promoting Physical Activity Among Older Persons,
apresenta provas contundentes que a atividade física regular pode ajudar a evitar,
minimizar ou reverter muitos dos problemas físicos, psicológicos e sociais que muitas
vezes acompanham a idade (OMS Guidelines, 1997).
Zambrana (2001) refere que a atividade física é importante na saúde do idoso,
desde que acompanhada por profissionais com moderação e responsabilidade. A ati-
vidade física deve ser praticada com precaução, deve ser adequada e exercida sob
vigilância desses profissionais. A prática de AF é importante para todas as pessoas,
mas Fischer (2005) diz que, de todos os grupos etários, as pessoas idosas são as que
mais se beneficiam com os exercícios. O risco de muitas doenças e problemas de
saúde comuns na velhice (ex. doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão arterial,

42
depressão, osteoporose, fracturas ósseas e diabetes) diminui com a prática de ativi-
dade física regular.
Evidenciar que são inúmeros os benefícios que atividade física oferece para o
idoso, além de alterações no seu desenvolvimento, oferece também benefícios psico-
lógicos e sociais. Estudos de Matsudo (2000) verificaram uma diminuição da incidên-
cia das enfermidades quando adotados comportamentos positivos em relação à sa-
úde, entre eles, o estilo de vida ativo.
Vários estudos vêm evidenciando a AF como importante requisito para minimi-
zar a degeneração provocada pelo envelhecimento, permitindo ao idoso manter uma
qualidade de vida ativa.
De acordo com Okuma (1998), evidências mostraram que mais da metade do
declínio da capacidade física dos idosos se deve à depressão, inatividade e expetativa
de doenças, que a AF regular e sistémica aumenta ou mantém a ApF da população
idosa, tendo o potencial de melhorar o bem-estar funcional e, assim, diminuir a taxa
de mortalidade dessa população.
A prática de uma AF permite que o idoso se torne mais autónomo, mais inde-
pendente e mais saudável, e que com boas condições de saúde física. Estas interfe-
rem diretamente na diminuição da angústia, estando relacionada a altos níveis de in-
tegração social e autoestima, a atividade física não vai impedir que indivíduo não en-
velheça, mas vai permitir que sua velhice seja seguida de qualidade de vida.
Dada a sua importância sobre a saúde, condição física e funcionalidade e como
tal sobre a qualidade de vida da população, torna-se fundamental criar e promover a
ideia em todos os escalões de um estilo de vida ativo. Os programas de AF podem e
devem surgir como um interesse especial em todas as etapas da vida. Nesta linha de
orientação, parece importante aumentar a consciência e a participação das crianças,
adolescentes, adultos e séniores em programas regulares de AF, podendo estas ser-
vir como um meio determinante para fomentar as relações intergeracionais. Esta con-
sideração assume particular importância nas sociedades modernas e industrializadas
cujas condições tem contribuído para o maior distanciamento entre as gerações (Car-
valho et al., 2005).
Assim a AF pode construir uma adequada estratégia de aproximação, fomen-
tando a relação que se estabelece entre idosos e as demais gerações. A AF deve

43
surgir como elemento potenciador das relações intergeracionais, constituindo-se si-
multaneamente como um meio determinante para melhorar a saúde, funcionalidade e
qualidade de vida da pessoa idosa (Carvalho et al., 2005).
A percepção de qualidade de vida associada à saúde encontra-se intimamente
ligada à prática formal de AF (Mota et al., 2006), num estudo de natureza transversal
em indivíduos com mais de 65 anos divididos no grupo de exercício, envolvidos num
programa de exercício regular multicomponente (atividades de ritmo, consciencializa-
ção corporal, caminhada e trabalho de força, resistência, flexibilidade e equilíbrio),
duas vezes por semana durante dez meses, e no grupo de controlo verificaram dife-
renças estatisticamente significativas entre ambos os grupos. Num programa de treino
para idosos com condições crónicas de saúde com sessões de treino multicompo-
nente duas vezes por semana durante seis meses Hessert et al. (2005) observaram
um aumento na ApF, o que por sua vez aumentou o sentimento de independência e,
desta forma, uma elevada qualidade de vida.
A atividade física regular assegura que a função numa dada idade é pelo menos
20% maior que numa pessoa sedentária (Shephard, 1997). Uma ideia central conju-
gando aptidão física e a pesquisa sobre o envelhecimento é que indivíduos fisica-
mente aptos podem ser mais jovens que indivíduos menos fisicamente aptos da
mesma idade cronológica (ACE’s Guide for Fitness Professionals, 1998). Esta ativi-
dade regular e sistemática aumenta ou mantém a aptidão física da população idosa e
tem o potencial de melhorar o bem-estar funcional e, consequentemente diminuir a
taxa de morbidade e de mortalidade entre essa população (Hilgert & Aquini, 2003).
Desta forma, a AF é essencial na manutenção das funções do aparelho loco-
motor, principal responsável pelo desempenho das atividades da vida diária e pelo
grau de independência e autonomia do idoso (Pescatello & Di Pietro, 1993).
Um dos principais ingredientes para incrementar a qualidade de vida dos idosos
é praticar regularmente uma AF, modificando, desta forma, o estilo de vida, ou seja,
deixar de lado a vida sedentária e dar uma maior conotação para a vida ativa (Hilgert
& Aquini, 2003). A pessoa ativa tem um nível de função suficiente para reduzir a sua
idade biológica em 10 a 20 anos relativamente a um indivíduo sedentário (Shephard,
1997).
A adoção de um estilo de vida ativo aparentemente não interfere no processo
de envelhecimento, mas os ganhos de função induzidos pelo treino são suficientes
para terem consequências importantes na qualidade de vida da pessoa idosa

44
(Shephard, 1997). Indivíduos idosos que mantêm um nível tão elevado quanto possí-
vel de funcionalidade física aumentam a sua distância sobre a fadiga. Por isso, a
quantidade de atividade física no estilo de vida individual é um determinante significa-
tivo das diferenças individuais nas capacidades físicas nos idosos (Spirduso,1995).
Estudos populacionais criteriosos, tais como os realizados pelo Centers for Di-
sease Control and Prevention (CDCP, 1995) e pelo American College of Sports Medi-
cine (ACSM, 1995) permitiram estabelecer relações de causa e efeito entre atividade
física e a menor incidência de algumas doenças, destacando-se a doença coronária,
a hipertensão arterial, diabetes do tipo II, obesidade, osteoporose, neoplasias do có-
lon, ansiedade e depressão (Nieman, 1999).
Em 1996, o United States Surgeon General’s Report concluiu que a atividade
física regular tem efeitos positivos importantes nos sistemas musculoesquelético, car-
diovascular, respiratório e endócrino. Há uma associação favorável entre atividade
física, aptidão física fatores de risco para doenças cardiovasculares entre a população
idosa, sugerindo um efeito da atividade física como fator de proteção para esse grupo
de pessoas (Pescatello & Di Pietro, 1993). Atividade física moderada e regular tem
um valor significativo na prevenção primária e secundária de um certo número de
condições cardiovasculares, incluindo isquemia cardíaca, enfarto de miocárdio, hiper-
tensão, doença vascular periférica e doença renal secundária devido a hipertensão ou
diabetes. Exercício leve também aumenta a qualidade de vida em cuidados paliativos
(Shephard, 1997).
A ação preventiva do treino de resistência contra doenças degenerativas cardi-
ovasculares é bem conhecida de todos. O efeito protetor dos esforços de resistência
acentua-se pela participação num mínimo de três unidades de treino por semana,
sendo necessário chamar a atenção para os desportos de life-time, como a corrida de
percursos, o ciclismo, a natação e o ténis (Appel & Mota, 1991).
Outros problemas como a obesidade, diabetes e hipercolesterolémia podem
ser combatidos com um aumento da atividade física diária (Shephard, 1997). As re-
comendações do exercício físico para idosos do American College of Sports Medicine
(ACSM) em conjunto com a American Heart Association (AHA) são genericamente,
as reportadas no “2008 DHHS Physical Activity Guidelines for Americans” em que
deve realizar-se no mínimo 150 minutos de AF por semana de intensidade moderada
para obter-se benefícios para a saúde.

45
Contudo, os benefícios adicionais serão alcançados se a quantidade/qualidade
de AF aumentar através do aumento da intensidade, da frequência e/ou da duração.
Os idosos, que por motivos de debilidade crônico-degenerativa, não consigam acu-
mular os 150 minutos semanais de AF moderada devem ser tão fisicamente ativos
quanto as suas capacidades e condições o permitirem.
Desta forma, considera-se relevante a importância da relação do idoso com a
prática regular de atividade física, por forma, a melhorar a sua aptidão física. Aos
idosos, esperamos que reconheçam o valor do exercício não só para manter um corpo
saudável, mas como terapia para os que carecem de saúde. Cada vez se torna mais
evidente que praticar atividade física consciente é importante para prevenir e curar
(Hilgert & Aquini, 2003)

Seção 4.3: Considerações sobre a atividade física e a prevenção de doen-


ças
A prática regular de atividade física contribui, sobremaneira, para a redução
dos fatores de risco relacionados a doenças crônicas, como, por exemplo, as
cardiovasculares. Porém, para que a atividade física resulte em benefícios à saúde
cardiovascular do indivíduo, faz-se necessário um consumo mínimo de 2000 kcal
semanais. Este consumo semanal pode ser atingido, mediante a realização de
atividades de vida diária como, por exemplo: 6hs de caminhada no plano, 7hs e 30
min. de pedaladas, 4hs e 40 min. jardinagem, 9hs e 20 min. de dança de salão, entre
outros.
Informações, como estas, são transmitidas a pacientes interessados, e que
participam de programas de prevenção de doenças cardiovasculares, como os
envolvidos na amostra deste trabalho, porém, parece não apresentar grande
relevância, pois a amostra demonstrou-se pouco ativa. Estes resultados assemelham-
se aos achados de outros estudos na área epidemiológica no país. Muito se atribui à
falta de tempo, durante o dia, para a não prática dos exercícios de forma regular. A
industrialização e a sociedade capitalista levam as pessoas a destinarem cada vez
mais tempo do seu dia a atividades profissionais, comprometendo o tempo
relacionado às suas necessidades ou ao lazer. De acordo com Pitanga et al, existe a
tendência de uma maior prática de atividade física pelos idosos acima de 60 anos,

46
especialmente mulheres, em decorrência da aposentadoria. Porém, esta afirmação
não corresponde completamente aos achados desta pesquisa.
Com a aplicação da análise comparativa de frequências e de dependência das
variáveis gênero e Nível de Atividade Física Praticado, pode-se constatar que ambas
são dependentes, ou seja, nesta amostra, as mulheres demonstraram-se mais
sedentárias do que os homens, ou ainda mais irregularmente ativas. Seguindo
Cardoso et al, em decorrência das práticas domésticas, as mulheres são mais ativas
que os homens. É verdade que, quando praticantes de atividade física, as mulheres
demonstram maior adesão, quando comparadas aos homens, realizando atividades
mais vigorosas e por mais tempo, o que permite, de acordo com o IPAQ, classificá-
las como ativas ou muito ativas.
Faz-se importante ressaltar que o nível de escolaridade dos idosos pode ter
correlação direta com os níveis de atividade física praticada, nos seus momentos de
lazer. Isto pode justificar o fato de que alguns idosos, mesmo quando informados
sobre os riscos do sedentarismo, não conseguem compreendê-los, dificultando a
formação de conceitos que motivem a mudança do hábito. Conceitos sobre atividade
física e saúde devem ser trabalhados, desde o ensino escolar fundamental. Muitas
crianças realizam atividade física regular e cultivam este hábito, de forma adequada,
durante toda a infância e a adolescência.
Porém, com o início da fase adulta, os hábitos começam a mudar e muitas
vezes a prática do exercício é deixada de lado e os maus hábitos adquiridos nessa
fase são levados pelo resto da vida. Cheschini et al realizaram um estudo
demonstrando que acadêmicos do Curso de Educação Física tendem a diminuir os
níveis de atividade física praticado, com o passar dos anos da graduação, elevando
os índices de sedentários ou insuficientemente ativos na fase adulta. Os fatores de
risco para doenças crônicas seriam melhor controlados, se trabalhados desde a
infância. Formar conceitos nessa fase é mais fácil do que na fase adulta ou terceira
idade.
Atividade física é uma poupança que se faz ao longo da vida, para ser
aproveitada durante o processo do envelhecer. O controle dos fatores de risco, para
o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, é um problema de saúde pública
nacional. Tanto é verdade que, de acordo com Malta et al (2006), foi organizada uma
área específica na Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde
(Coordenação-Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT)); com intuito

47
de definir indicadores de monitoramento das doenças, dos seus fatores de risco e
proteção. Desta forma, o desenvolvimento de programas de prevenção primária ou
secundária deve ser incentivado por todo o país.
O sedentarismo é um fator de risco presente e de difícil resolução, pois,
aparentemente, a maior dificuldade é a conscientização das pessoas da necessidade
da mudança dos maus hábitos de vida. Isto por que, de acordo com Barreira et al22,
idosos têm dificuldade em iniciar uma prática de exercícios, por acreditar que já
fizeram muito ao longo da vida, ou ainda cresceram e passaram por uma fase adulta,
em que o exercício físico não era reconhecido como de fundamental importância para
prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. Cabe aos profissionais
responsáveis pela prescrição e supervisão dos exercícios, incentivarem sempre a sua
prática responsável, desenvolver estratégias técnicas de motivação, com objetivo de
aumentar a adesão e, por consequência, a prática. Ainda de acordo com Barreira et
al, a atividade física desenvolvida de forma gradual, dinâmica e variada, bem como
as atitudes profissionais, são fatores que facilitam a prática regular de atividades
físicas.

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