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Behavioral nutrition and its benefits in the treatment of obesity in teenagers: A systematic
review.
Karina Alves Rodrigues¹, Odilon Paulino Ribeiro¹, Tamyres Corrêa Furtado¹, Priscilla Vogt
Fernandes de Souza².
¹ Graduandos do Curso de Nutrição do Centro Universitário IBMR.
²Preceptora do Curso de Nutrição do Centro Universitário IBMR.
Resumo
Abstract
The increase in obesity prevailed over the years, becoming a worldwide public health problem.
In adolescence, there is an obsession with the perfect body and, as a result of which, there is
an increase in inappropriate diets and emotional instability. Behavioral Nutrition aims to assist
in the demystification of diets and the search for the aesthetic standard imposed by society.
This study is a systematic review on the treatment of obesity in teenagers through Behavioral
Nutrition. Selected obesity articles showed an increase in teenagers. The treatment based on
Behavioral Nutrition proved to be effective in two of the selected articles. The mindfulness
article did not demonstrate a reduction in the value of the Body Mass Index (BMI), but there
were improvements in social aspects. There are not enough studies about some pillars of
Behavioral Nutrition in obesity in teenagers.
Para que esse processo ocorra de forma produtiva é adequado a criação de métodos
que vão auxiliar o paciente com obesidade na mudança de seu comportamento. É importante
ter em mente que o indivíduo precisa ter uma relação confortável, para que ele possa
trabalhar suas dificuldades em um ambiente no qual se tem empatia e nenhum julgamento.
O entendimento do histórico alimentar, pelo qual motivou esse ganho de tecido adiposo, a
dificuldade em perder peso e os hábitos alimentares vão proporcionar a compreensão de todo
o histórico clínico. Dessa forma é possível encontrar uma solução que irá contribuir para o
paciente viver em um bem-estar completo.
O período da adolescência é marcado pela falta de atividade física, uma vez que os
jovens tendem a ter uma rotina mais sedentária associada aos maus hábitos alimentares. ´´A
disciplina de educação física se torna um elo importante para permitir a ligação entre o
conhecimento e a realização de atividades que levam os alunos a essa percepção e
consciência sobre os riscos da doença``. (2).
Está relacionado a tudo que envolve a alimentação nos seus diferentes aspectos, desde
o local onde foi produzido até em qual quantidade e com quem o indivíduo come. Tem
influência de fatores biológicos, econômicos e culturais. Quando os hábitos alimentares não
são saudáveis contribuem para o aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
O fator biológico tem relação com a necessidade energética, preferência alimentar inata
pelo doce e gordura, e aversão inata ao amargo. Outro fator determinante para o hábito
alimentar é o econômico, ter acesso à renda modifica o tipo e a quantidade de alimentos que
aquele indivíduo irá ingerir. A população de baixa renda é atingida com a obesidade devido à
falta de educação nutricional, atividade física reduzida e pelo consumo de alimentos muito
calóricos que são de fácil acesso por serem mais baratos. (4)
É importante entender que a fome pode ser dividida em duas formas, a fome emocional
e a fome física. (6)
A fome física vai consistir na necessidade fisiológica que o corpo tem de comer. É
possível identificar através de seus sintomas como estômago roncando, a perda de energia e
o cansaço físico. Após um tempo o indivíduo passa a escolher desde sua última refeição
alimentos que não são necessariamente específicos para encontrar a satisfação.
É uma das ferramentas utilizadas para promover mudanças significativas nos maus
hábitos dos indivíduos, ela é dividida em cinco pilares, o primeiro a pré-contemplação, que
seria o primeiro momento de conversa para a mudança, é um período marcado por “negação”
por parte do indivíduo, etapa na qual é necessária uma conversa motivacional e sem
julgamentos, fazendo com que o indivíduo perceba a sua real situação e aceite-a. O segundo
pilar é a contemplação, período pelo qual o ser humano já reconhece sua “fraqueza” e possui
um desejo de mudança. (7)
O terceiro pilar é a preparação, é a etapa onde são definidas metas para a realização da
mudança desejada, também é marcada pela confiança do indivíduo. O quarto pilar é ação,
como o próprio nome já diz é o momento que é marcado a mudança, onde o ser humano já
está praticando a sua mudança de comportamento. O quinto e último pilar, a manutenção, é
marcado pelo avanço do indivíduo em ter sucesso na sua mudança, entretanto é um período
que pode haver recaídas, momento onde são estabelecidas novas metas para manter a
mudança comportamental. Em contrapartida, além do modelo transteórico, o ciclo social do
indivíduo está fortemente ligado aos seus hábitos comportamentais. (7)
Ainda que a entrevista motivacional tenha sido criada para ajudar no tratamento de
pessoas com dependência alcoólica, no âmbito da nutrição comportamental essa técnica vai
favorecer na mudança de comportamento referente a alimentação que visa o bem-estar do
paciente.
O profissional a realizar esse processo precisa ser treinado adequadamente para fazer
a entrevista, necessitando entender as motivações de cada um para que se tenha o resultado
esperado.
A regulação introjetada é a intenção de evitar a possível culpa, sendo uma técnica que
não possui muita autonomia na motivação. A regulação externa é caracterizada pelo seu
controle e também é apontada como uma forma menos autônoma da motivação. A regulação
integrada é refletida na motivação intrínseca, compreendendo as necessidades de cada
paciente. A regulação identificada é quando o indivíduo vai estar disposto a tentar, aceitando
o que é preciso realizar, mesmo que isso não gere prazer.
A teoria controlada ocorre quando a motivação acontece por meio de uma pressão
imposta no paciente, o que pode provocar a fuga de sentimentos negativos, culpa ou buscar
se recompensar.
A teoria autônoma sucede quando o indivíduo faz por vontade própria, por satisfação
com o desejo de mudar, aspirando resultados pessoais.
O estágio de mudança é imprescindível na mudança comportamental que vai visar a
saúde do paciente. É realizado pelo modelo transteórico, sendo uma teoria responsável por
trabalhar na determinação e prontidão do paciente na busca por resultados. Esse estágio
pode ser dividido em três formas, ressaltando que o profissional deve estar atento ao que é
dito pelo indivíduo, pela sua motivação ou a falta dela, sendo a conversa essencial na mudança
desejada pelo paciente.
É essencial que o profissional tenha uma postura de compaixão, permita que o paciente
se sinta confortável através da conversa para compreender os motivos que tornam possível
ou não a mudança de comportamento na rotina do paciente.
Portanto, é utilizado o espírito na entrevista motivacional na realização desse processo,
no qual vai direcionar o atendimento entre o profissional da saúde e seu paciente, visto a
forma como a comunicação acontece vai afetar diretamente em todo o processo. O espírito
pode ser dividido em quatro pilares. (9)
Evocação, o terapeuta nutricional vai classificar a motivação de cada indivíduo para essa
mudança.
O mindful eating, também conhecido como comer com atenção plena, é o ato de tentar
compreender todos os mecanismos que possam influenciar na hora de se alimentar. Faz com
que o indivíduo tenha uma melhor clareza do que está ingerindo, sabendo identificar a
associação das emoções com os alimentos, contribuindo com a maioria das crenças limitantes
relacionadas à comida. (10,11)
O processo para se tornar um indivíduo que come com atenção plena, respeitando e
atendendo seus sinais internos de fome e saciedade requer prática; deve ser contemplado
sem expectativas, mas com propósito claro de melhorar a relação com a alimentação e com
o corpo. Para ter como consequência a melhoria da saúde, bem-estar e, se for o caso, do peso.
(6)
1.7 Comer intuitivo
É responsável pela relação entre a mente e o corpo do indivíduo, onde esse irá buscar
uma relação saudável com a comida, por meio de três pilares: responsáveis pelo comer sem
restrições, comer para saciar as necessidades fisiológicas do corpo e não pela necessidade
emocional, e o comer seguindo a presença de fome até onde esteja presente. Ao alcançar a
relação plena entre a saciedade da fome com a mente, o paciente é capaz de compreender
suas necessidades tanto físicas quanto emocionais por meio de dez princípios. (6,12)
No segundo princípio busca que o paciente honre a fome seguindo os sinais do corpo
indicando a presença da mesma ou a falta dela. A criação de horários contribui para
regularizar a fome de modo que seja possível notar a diferença entre estar com fome da
saciedade completa. (6)
No oitavo princípio é incentivado a cultivar o respeito com o corpo. Este vai explorar a
aceitação pessoal sobre seu corpo, na medida em que cada indivíduo é único e não precisa se
modificar para estar dentro dos padrões impostos pela sociedade e a mídia, facilitando a ideia
de que a biodiversidade é importante e não há nada de errado em não possuir o corpo
ensinado como o ideal. (6)
No nono princípio é indicado o exercício físico em busca de sentir a diferença, visto que
é essencial quando usado para o bem-estar e não com o objetivo de perder peso. As atividades
físicas devem gerar prazer e conforto, permitindo que aconteça de forma livre e saudável.
Deve ser feita de forma controlada, nunca buscando a punição como incentivo. (6)
2 MÉTODO
Foi realizada uma revisão da literatura com abordagem descritiva de cunho qualitativo
e quantitativo a respeito do impacto da nutrição comportamental relacionado com a
obesidade. As informações foram coletadas a partir da base de dados eletrônicos do Scielo,
PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde e Google Acadêmico, utilizando as seguintes
palavraschave: obesidade, mindful eating, comer intuitivo, fome fisiológica e fome emocional,
transtorno de compulsão alimentar periódica e hábitos alimentares. Foram encontrados
1.330 artigos a partir do ano de 2014 dos quais 70 artigos foram analisados e 23 selecionados.
Também foram utilizados livros e relatórios públicos do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional.
Foram utilizados os seguintes critérios para a inclusão: estudos originais, artigos que
incluem a faixa etária de 10 a 19 anos, pesquisas que foram publicadas a partir do ano de 2014
com idiomas em português, inglês e espanhol. Foram excluídos artigos que não haviam
possibilidade de acesso, em idiomas distintos citados nos critérios de inclusão e precedente
ao ano de 2014.
3 RESULTADOS
Artigos de obesidade
obesidade em
adolescentes de
escolas públicas sobrepeso e
Municipais em obesidade em alunos
Campina do 5° ao 9° ano do
Grande - PB Ensino Fundamental,
com idade entre 10 a
16 anos de escolas
públicas municipais
da cidade de
Campina Grande
-PB.
4 DISCUSSÃO
Sabe-se que a obesidade é um dos graves problemas da atualidade, na fase da
adolescência é um período que requer uma atenção maior devido às suas diversas alterações
nos hábitos alimentares, psico-sociais e fatores hormonais que podem modificar o estilo de
vida do indivíduo.
Em um outro estudo por sua vez, mais recente e com um percentual maior de
adolescentes publicado em 2020, feito com 574 alunos, entre eles 294 (50,2%) do sexo
feminino e 280 (48,8%) do sexo masculino, trouxe um resultado de 79 alunos com sobrepeso
e 45 classificados com obesidade, totalizando 124 alunos (21,6%). Notou-se que a maior parte
dos adolescentes com sobrepeso foi do sexo feminino e com obesidade houve uma
predominância do sexo masculino, o método usado para as classificações dos adolescentes
foi o programa WHO AnthroPlus versão 1.4.
Apesar dos estudos em questão mostrarem uma prevalência dos indivíduos eutróficos,
o número de adolescentes com sobrepeso e obesidade chamam atenção, visto que apesar de
serem jovens, as condições de saúde no futuro poderão ser prejudicadas pelo seu estilo de
vida habitual, considerando outras questões relacionadas ao aumento do peso nessa fase da
vida como o ambiente familiar, sedentarismo, o relacionamento com a comida, sintomas
como ansiedade e depressão e fatores genéticos. Sendo necessário uma possível intervenção
nutricional para o acompanhamento adequado e melhora da saúde (15).
Foi realizado um estudo descritivo transversal com 140 adolescentes de ambos os sexos,
na faixa etária entre 10 e 18 anos, com o objetivo de avaliar a prevalência de transtorno de
compulsão alimentar periódica (TCAP) em indivíduos que ingressaram em um Programa
Multiprofissional de Tratamento da Obesidade (PMTO). Observou-se que o TCAP estava
presente em 34,3% da amostra total, no entanto foi mais presente no sexo feminino (44,1%)
do que no masculino (14,9%), devido à busca pelo corpo ideal. (17)
Os participantes foram divididos em dois grupos, sendo eles um grupo controle e outro
grupo TEENS. O grupo teens participou de sessões com conteúdos abordados da entrevista
motivacional e o grupo controle acessava conteúdos de atividade nutricional e atividade física
por meio de vídeos.(18)
No grupo TEENS os profissionais seguiram roteiro para cada sessão com os conceitos da
entrevista motivacional a fim de promover mudanças determinadas pelo participante,
destacando como o envolvimento no grupo é consistente com os objetivos e valores para
construir uma autoeficácia.(18)
Na primeira sessão os adolescentes tiveram que eleger 5 valores com relação ao seu
comportamento e controle de peso para estabelecer uma determinação interna de mudança.
Na segunda sessão os profissionais exploraram o progresso dos indivíduos, reexaminaram os
valores expostos da primeira sessão, elaboraram estratégias e os motivos dos participantes
para mudar e expressar confiança nas habilidades para alcançar seus objetivos. O grupo
controle se manteve assistindo vídeos de 30 minutos sendo supervisionados por profissionais
do estudo e mantiveram os mesmos intervalos das sessões da entrevista motivacional para
entrega de resultados. (18)
Os participantes envolvidos neste estudo obtiveram reduções no escore z do IMC e na
ingestão da energia, aumentaram as horas de atividade física moderada e intensa durante
três meses e permaneceram até o sexto mês. Após os seis meses, os participantes da
entrevista motivacional relataram reduções significativas na ingestão calórica em comparação
ao grupo de controle. (18)
O estudo mostrou redução do escore z de IMC para idade (-0,40) e na gordura visceral
(-0,89 cm), assim como também uma diminuição na porcentagem de gordura corporal (4%),
além do ganho de massa magra (3%). A técnica utilizada neste estudo forneceu evidências de
que o modelo transteórico juntamente com uma intervenção multidisciplinar pode ser
eficiente para mudar hábitos de vida assim como uma melhora do perfil antropométrico e da
composição corporal.
Durante a terceira sessão a técnica utilizada de forma lúdica teve destaque para
respiração seguida da importância da mastigação de maneira mais lenta. Na quarta sessão
ocorreu novamente a prática do mindfulness, dessa vez com o objetivo de como se comportar
em eventos sociais a partir de orientações fornecidas pelos responsáveis. Na quinta e última
sessão reforçou-se as atividades apresentadas. A cada encontro foi observado a mudança dos
hábitos alimentares, a aproximação familiar e o apoio durante o processo.
Os autores relataram que devido à baixa adesão da técnica em casa, o curto tempo de
seguimento e dificuldade na mudança de hábitos, o estudo não mostrou impacto expressivo
na redução do peso dos pacientes avaliados. No entanto, ocorreu uma melhora nos hábitos
alimentares e comportamento familiar aumentando o seu vínculo, podendo levar em longo
prazo a redução do peso.
5 CONCLUSÃO
A partir dos estudos apresentados, é possível observar que ao longo dos anos a
obesidade em adolescentes expressou um aumento significativo. Segundo os artigos, esse
crescimento pode estar relacionado com os fatores psico-sociais, hábitos alimentares,
inatividade física e no relacionamento com a comida. Sabe-se que a obesidade é um fator de
risco para doenças crônicas não transmissíveis e o seu não tratamento pode ocasionar danos
permanentes na saúde, podendo prevalecer na fase adulta. Os pilares da Nutrição
Comportamental mostraram-se eficazes no manejo da obesidade. A Entrevista Motivacional
e o Modelo Transteórico apresentaram redução do escore Z do IMC, o Mindfulness não
demonstrou diminuição relevante do IMC porém houve avanços psico-sociais dos
participantes envolvidos.
REFERÊNCIAS