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Nutrição Comportamental e seus benefícios no tratamento da obesidade em

adolescentes: Uma revisão sistemática.

Behavioral nutrition and its benefits in the treatment of obesity in teenagers: A systematic
review.

Karina Alves Rodrigues¹, Odilon Paulino Ribeiro¹, Tamyres Corrêa Furtado¹, Priscilla Vogt
Fernandes de Souza².
¹ Graduandos do Curso de Nutrição do Centro Universitário IBMR.
²Preceptora do Curso de Nutrição do Centro Universitário IBMR.

Resumo

O aumento da obesidade prevaleceu ao longo dos anos, tornando-se um problema de saúde


pública mundial. Na adolescência, ocorre uma obstinação pelo corpo perfeito em resultado
disso há um aumento de dietas inadequadas e instabilidade emocional. A Nutrição
Comportamental tem o intuito de auxiliar na desmistificação das dietas e a busca pelo padrão
estético imposto pela sociedade. Este estudo é uma revisão sistemática sobre o tratamento
da obesidade em adolescentes através da Nutrição Comportamental. Os artigos selecionados
de obesidade demonstraram um aumento em adolescentes. O tratamento baseado em
Nutrição Comportamental mostrou-se eficaz em 02 dos artigos selecionados, o artigo de
mindfulness não demonstrou uma redução no valor do Índice de Massa Corporal (IMC),
porém houveram melhoras em aspectos sociais. Não há estudos suficientes a respeito de
alguns pilares da Nutrição Comportamental na obesidade em adolescentes.

Palavras-chave: obesidade, nutrição comportamental e adolescência.

Abstract

The increase in obesity prevailed over the years, becoming a worldwide public health problem.
In adolescence, there is an obsession with the perfect body and, as a result of which, there is
an increase in inappropriate diets and emotional instability. Behavioral Nutrition aims to assist
in the demystification of diets and the search for the aesthetic standard imposed by society.
This study is a systematic review on the treatment of obesity in teenagers through Behavioral
Nutrition. Selected obesity articles showed an increase in teenagers. The treatment based on
Behavioral Nutrition proved to be effective in two of the selected articles. The mindfulness
article did not demonstrate a reduction in the value of the Body Mass Index (BMI), but there
were improvements in social aspects. There are not enough studies about some pillars of
Behavioral Nutrition in obesity in teenagers.

Keywords: obesity, behavioral nutrition and teenagers.


1 INTRODUÇÃO

No Brasil, o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) considera a adolescência o período


de intervalo entre 10 e 19 anos. Esse período é marcado por modificações físicas, psíquicas,
comportamentais e sociais. É comum nessa fase o despertar pelo corpo ideal que é muitas
vezes imposto pela mídia, como também pelas relações sociais desse indivíduo (1). A falta de
informações corretas para uma mudança corporal saudável pode acarretar problemas, como
transtornos alimentares e insatisfação corporal, sendo esses problemas mais presentes em
meninas jovens. O desejo por um corpo ideal impede que esse adolescente possa se formar
corretamente e com saúde, uma vez que a visão errada de seu corpo, em vista dos parâmetros
atuais, vai influenciar diretamente em como esse indivíduo se alimenta, visto que
frequentemente optam por dietas por conta própria para alcançar suas metas pessoais.

Para que esse processo ocorra de forma produtiva é adequado a criação de métodos
que vão auxiliar o paciente com obesidade na mudança de seu comportamento. É importante
ter em mente que o indivíduo precisa ter uma relação confortável, para que ele possa
trabalhar suas dificuldades em um ambiente no qual se tem empatia e nenhum julgamento.
O entendimento do histórico alimentar, pelo qual motivou esse ganho de tecido adiposo, a
dificuldade em perder peso e os hábitos alimentares vão proporcionar a compreensão de todo
o histórico clínico. Dessa forma é possível encontrar uma solução que irá contribuir para o
paciente viver em um bem-estar completo.

O estímulo de exercícios físicos é essencial juntamente com o tratamento dietoterápico.


Quando é praticado de forma produtiva e não somente com o intuito de emagrecer, a
atividade física possibilita o paciente a perder peso de maneira saudável. A mudança dos
hábitos alimentares permite que o indivíduo diferencie a sua fome fisiológica da emocional,
percebendo se essa alimentação é realizada de forma intuitiva. Se torna fundamental a
mudança como esse indivíduo vê o seu corpo e a percepção que os danos pela busca do corpo
idealizado podem vir a causar.
A obesidade é a relação de um indivíduo ou grupo populacional que está com gordura
de forma exacerbada no corpo. Segundo o gráfico de IMC para idade do SISVAN de 2008,
adolescentes com o percentil maior que 97 e menor ou igual a 99 são diagnosticados com
obesidade, e o percentil maior que 99 obtém o diagnóstico de obesidade grave. De acordo
com o relatório do Estado Nutricional do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
(SISVAN) o Brasil tem cerca de 3.543.600 adolescentes, dentre eles 482,743 (13,59%) são
obesos.

A escassez da educação nutricional dentro de casa e nas escolas é fator determinante


para o crescimento da patologia. A obesidade está associada a diversas complicações como,
diabetes tipo 2, dislipidemias, doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, apneia do
sono, doenças osteoarticulares, hipertensão arterial, câncer, depressão, esteatose hepática
não alcoólica, doenças respiratórias, entre outras complicações clínicas.

O período da adolescência é marcado pela falta de atividade física, uma vez que os
jovens tendem a ter uma rotina mais sedentária associada aos maus hábitos alimentares. ´´A
disciplina de educação física se torna um elo importante para permitir a ligação entre o
conhecimento e a realização de atividades que levam os alunos a essa percepção e
consciência sobre os riscos da doença``. (2).

´´Geralmente o tratamento para obesidade é associado a dietas rígidas e exercícios


físicos`` (3), o que constata a falta de eficácia para um tratamento a longo prazo. Dietas
restritivas podem ser um agravo à saúde física e mental quando está relacionada a perda de
peso. A Nutrição Comportamental é uma abordagem científica que tem como objetivo utilizar
estratégias que abrangem o contexto biológico, psico-social e emocional, com isso o
nutricionista consegue atuar de forma mais ampla com indivíduos obesos e entender tanto o
comportamento quanto o sentimento em relação à comida.

1.1 Hábitos alimentares

Está relacionado a tudo que envolve a alimentação nos seus diferentes aspectos, desde
o local onde foi produzido até em qual quantidade e com quem o indivíduo come. Tem
influência de fatores biológicos, econômicos e culturais. Quando os hábitos alimentares não
são saudáveis contribuem para o aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
O fator biológico tem relação com a necessidade energética, preferência alimentar inata
pelo doce e gordura, e aversão inata ao amargo. Outro fator determinante para o hábito
alimentar é o econômico, ter acesso à renda modifica o tipo e a quantidade de alimentos que
aquele indivíduo irá ingerir. A população de baixa renda é atingida com a obesidade devido à
falta de educação nutricional, atividade física reduzida e pelo consumo de alimentos muito
calóricos que são de fácil acesso por serem mais baratos. (4)

O fator cultural envolve as crenças e religiões dos indivíduos que influenciam


diretamente na escolha dos alimentos diários. A alimentação sempre esteve relacionada à
escolha dos alimentos cotidianos, como por exemplo, o arroz e o feijão. O perfil alimentar
atual está relacionado ao maior consumo de alimentos ultraprocessados e menor consumo
de alimentos in natura, o que pode acarretar no aumento da obesidade.

1.2 Transtorno de compulsão alimentar periódica

Na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5


– AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION) foi apresentado o Transtorno da Compulsão
Alimentar Periódica (TCAP) também conhecido como comer compulsivo (CC) que é definido
por episódios recorrentes de uma grande ingestão de alimentos em um curto período e
sensação de perda de controle sobre o ato de comer seguido de remorso. Esse transtorno
tem múltiplas causas (culturais, sociais e predisposições genéticas) e pode desencadear outras
doenças crônicas como a obesidade. (5)

O TCAP difere de comer alguns alimentos em excesso em determinados momentos ou


do uso regular de comportamentos compensatórios inadequados, segundo o DSM-V esse
transtorno deve ocorrer em média pelo menos duas vezes ao dia por semana, durante seis
meses. O nutricionista deverá trabalhar junto com o psicólogo para evitar que o paciente
tenha o sentimento de frustração e incapacidade, com o objetivo de mudanças graduais como
melhorar o consumo dietético fazendo com que o paciente tenha melhores escolhas e cessar
os episódios da compulsão alimentar. Alguns indivíduos que têm o diagnóstico de TCAP
podem estar obesos, quando isto ocorre o profissional também deve auxiliar na perda de
peso.
1.3 Fome emocional e Fome fisiológica

É importante entender que a fome pode ser dividida em duas formas, a fome emocional
e a fome física. (6)

A fome física vai consistir na necessidade fisiológica que o corpo tem de comer. É
possível identificar através de seus sintomas como estômago roncando, a perda de energia e
o cansaço físico. Após um tempo o indivíduo passa a escolher desde sua última refeição
alimentos que não são necessariamente específicos para encontrar a satisfação.

A fome emocional acontece quando o paciente desconta um problema emocional na


comida tentando buscar sentimentos agradáveis ou uma válvula de escape. A ausência de
sintomas físicos e o desejo recorrente por um alimento específico vai permitir entender que
tipo de fome está sentindo. (10)

Desse modo é imprescindível procurar meios de não seguir os desejos da fome


emocional. O paciente deve deixar o ambiente onde a comida está presente e tentar
controlar suas emoções, se desligando de tudo o que pode estar provocando a ideia de que a
comida é a única opção. Espairecer muitas vezes ajuda o indivíduo a relaxar e assim deixar de
cogitar comer para se sentir melhor.

1.4 Modelo transteórico

É uma das ferramentas utilizadas para promover mudanças significativas nos maus
hábitos dos indivíduos, ela é dividida em cinco pilares, o primeiro a pré-contemplação, que
seria o primeiro momento de conversa para a mudança, é um período marcado por “negação”
por parte do indivíduo, etapa na qual é necessária uma conversa motivacional e sem
julgamentos, fazendo com que o indivíduo perceba a sua real situação e aceite-a. O segundo
pilar é a contemplação, período pelo qual o ser humano já reconhece sua “fraqueza” e possui
um desejo de mudança. (7)

O terceiro pilar é a preparação, é a etapa onde são definidas metas para a realização da
mudança desejada, também é marcada pela confiança do indivíduo. O quarto pilar é ação,
como o próprio nome já diz é o momento que é marcado a mudança, onde o ser humano já
está praticando a sua mudança de comportamento. O quinto e último pilar, a manutenção, é
marcado pelo avanço do indivíduo em ter sucesso na sua mudança, entretanto é um período
que pode haver recaídas, momento onde são estabelecidas novas metas para manter a
mudança comportamental. Em contrapartida, além do modelo transteórico, o ciclo social do
indivíduo está fortemente ligado aos seus hábitos comportamentais. (7)

Intervenções baseadas em TTM individualizadas, quando combinadas com os cuidados


habituais, podem oferecer uma solução viável e eficaz estratégia para perda de peso na
atenção primária à saúde e um impacto positivo nos marcadores inflamatórios. As
características das abordagens utilizadas estão de acordo com as diretrizes internacionais
voltadas à prevenção e controle das DCNT promovendo práticas interdisciplinares
indispensáveis para o sucesso do tratamento da obesidade. (8)

1.5 Entrevista motivacional

A entrevista motivacional corresponde a técnica de aconselhamento em saúde. É


realizada por meio de uma comunicação colaborativa que irá buscar as motivações intrínsecas
e extrínsecas do paciente, onde o entrevistador vai fazer as perguntas com o objetivo de
auxiliar esse indivíduo no que deseja mudar ou incluir em seu comportamento. (6)

Ainda que a entrevista motivacional tenha sido criada para ajudar no tratamento de
pessoas com dependência alcoólica, no âmbito da nutrição comportamental essa técnica vai
favorecer na mudança de comportamento referente a alimentação que visa o bem-estar do
paciente.

O profissional a realizar esse processo precisa ser treinado adequadamente para fazer
a entrevista, necessitando entender as motivações de cada um para que se tenha o resultado
esperado.

A motivação é parte fundamental durante a pesquisa, levando em conta que o paciente


não pode ser forçado a se motivar, mas sim condicionado a sua própria automotivação, essa
motivação pode ocorrer de diferentes formas, sendo elas divididas em internas e externas.
Na motivação intrínseca está presente a sensação de prazer e satisfação que pode ser
alcançada em três formas diferentes. Com o estímulo de sensações que causam prazer
relacionadas a mudanças, como estéticas ou na própria alimentação. A determinação para
conquistar algo que deseja ou a realização de uma tarefa pendente, criando novos objetivos
e desafios. Ao descobrir novas coisas que vão estimular o indivíduo a explorar diferentes
experiências.

Na motivação extrínseca está relacionada ao ambiente em que esse indivíduo vive,


tendo em foco o que esse paciente tem de influência em sua motivação com o que acontece
em seu entorno, podendo ser dividida em quatro formas diferentes.

A regulação introjetada é a intenção de evitar a possível culpa, sendo uma técnica que
não possui muita autonomia na motivação. A regulação externa é caracterizada pelo seu
controle e também é apontada como uma forma menos autônoma da motivação. A regulação
integrada é refletida na motivação intrínseca, compreendendo as necessidades de cada
paciente. A regulação identificada é quando o indivíduo vai estar disposto a tentar, aceitando
o que é preciso realizar, mesmo que isso não gere prazer.

É importante também perceber que a falta de motivação pode acontecer, portanto, é


indicado tanto a motivação intrínseca quanto a motivação extrínseca. Essas motivações
devem ser utilizadas corretamente, levando em conta o momento em que o paciente se
encontra, não deixando de lado sua prontidão para contribuir com o entrevistador. A TAD
corresponde a motivação da energia psíquica que vai ter um objetivo em particular,
possibilitando a compreensão da diferença entre motivação autônoma e controlada.

A teoria controlada ocorre quando a motivação acontece por meio de uma pressão
imposta no paciente, o que pode provocar a fuga de sentimentos negativos, culpa ou buscar
se recompensar.

A teoria autônoma sucede quando o indivíduo faz por vontade própria, por satisfação
com o desejo de mudar, aspirando resultados pessoais.
O estágio de mudança é imprescindível na mudança comportamental que vai visar a
saúde do paciente. É realizado pelo modelo transteórico, sendo uma teoria responsável por
trabalhar na determinação e prontidão do paciente na busca por resultados. Esse estágio
pode ser dividido em três formas, ressaltando que o profissional deve estar atento ao que é
dito pelo indivíduo, pela sua motivação ou a falta dela, sendo a conversa essencial na mudança
desejada pelo paciente.

Os três estágios de mudança correspondem a:

Pré-contemplação, o paciente se encontra em negação quanto a novas mudanças,


ficando muitas vezes na defensiva ou resistente, procurando formas de provar que não
necessita de uma mudança. Deve-se estabelecer uma relação de confiança, gerando um
vínculo com o paciente para que se incentive a mudança de forma confortável para que esse
perceba os riscos que seu comportamento pode causar.

Contemplação, apesar de saber que é fundamental uma mudança, o indivíduo tem


sentimentos ambíguos sobre mudar. O profissional auxilia na percepção do problema, criando
novas formas de avaliar os contras para que os pontos positivos sejam incentivados.

Decisão, o impulso de mudar é foco principal, o paciente está determinado a mudar e


participar por completo. O indivíduo então recebe a ajuda para identificar estratégias,
planejamentos e habilidades que vão tornar essa mudança possível.

A técnica da entrevista motivacional corresponde ao fato de que a aceitação do


tratamento vai variar de acordo com a motivação do indivíduo e do profissional responsável.
Essas mudanças comportamentais tendem a ser seguidas por sentimentos de ambivalência,
devido ao fato de que muitos pacientes desejam mudar, mas ficam presos a velhos hábitos e
deixam de progredir.

É essencial que o profissional tenha uma postura de compaixão, permita que o paciente
se sinta confortável através da conversa para compreender os motivos que tornam possível
ou não a mudança de comportamento na rotina do paciente.
Portanto, é utilizado o espírito na entrevista motivacional na realização desse processo,
no qual vai direcionar o atendimento entre o profissional da saúde e seu paciente, visto a
forma como a comunicação acontece vai afetar diretamente em todo o processo. O espírito
pode ser dividido em quatro pilares. (9)

Parceria, o profissional e o paciente precisam ser parceiros no processo de mudança,


respeitando as escolhas do paciente, permitindo que tenha opinião conjunta nas decisões a
serem tomadas.

Compaixão, o que está gerando um sofrimento ao paciente a respeito da mudança que


precisa ser observado e compreendido sem julgamentos, criando um espaço onde o paciente
se sente confortável o suficiente para contribuir na mudança para se alcançar o bem-estar,
sem deixar de valorizar suas necessidades.

Aceitação, o profissional precisa aceitar a capacidade de cada indivíduo, entendendo os


sentimentos que essa mudança pode provocar, incentivando a determinação em mudar,
focando nos pontos mais fortes do paciente para encontrar o resultado desejado.

Evocação, o terapeuta nutricional vai classificar a motivação de cada indivíduo para essa
mudança.

1.6 Mindful eating

O mindful eating, também conhecido como comer com atenção plena, é o ato de tentar
compreender todos os mecanismos que possam influenciar na hora de se alimentar. Faz com
que o indivíduo tenha uma melhor clareza do que está ingerindo, sabendo identificar a
associação das emoções com os alimentos, contribuindo com a maioria das crenças limitantes
relacionadas à comida. (10,11)

O processo para se tornar um indivíduo que come com atenção plena, respeitando e
atendendo seus sinais internos de fome e saciedade requer prática; deve ser contemplado
sem expectativas, mas com propósito claro de melhorar a relação com a alimentação e com
o corpo. Para ter como consequência a melhoria da saúde, bem-estar e, se for o caso, do peso.
(6)
1.7 Comer intuitivo

É responsável pela relação entre a mente e o corpo do indivíduo, onde esse irá buscar
uma relação saudável com a comida, por meio de três pilares: responsáveis pelo comer sem
restrições, comer para saciar as necessidades fisiológicas do corpo e não pela necessidade
emocional, e o comer seguindo a presença de fome até onde esteja presente. Ao alcançar a
relação plena entre a saciedade da fome com a mente, o paciente é capaz de compreender
suas necessidades tanto físicas quanto emocionais por meio de dez princípios. (6,12)

No primeiro princípio, sendo ele a rejeição da mentalidade da dieta restrita, o paciente


é estimulado a abandonar os parâmetros de uma dieta e todas as ideias para uma perda de
peso significativa e de forma rápida. A dieta é responsável muitas vezes pela mudança no
apetite e saciedade, provocando apenas uma fome muitas vezes carregada de culpa. Uma vez
que o indivíduo sente que não está obtendo sucesso ao não estar presente em uma dieta ou
alcançando suas metas com eficácia. É importante a busca do comer intuitivo, assim gerando
a sua saciedade de forma livre, conhecendo suas necessidades. (6)

No segundo princípio busca que o paciente honre a fome seguindo os sinais do corpo
indicando a presença da mesma ou a falta dela. A criação de horários contribui para
regularizar a fome de modo que seja possível notar a diferença entre estar com fome da
saciedade completa. (6)

No terceiro princípio é esperado alcançar “fazer as pazes” com a comida, permitindo o


paciente comer o que realmente deseja, sem limitações da culpa ou desconforto gerados pela
quebra de um padrão presente. Nessa dieta, deve-se auxiliar que faça escolhas de acordo com
seus desejos, questionando-se sobre o que realmente deseja comer, se o alimento irá gerar
prazer e saciedade para sentir-se em paz de corpo em mente com suas decisões. (6)

No quarto princípio é incentivado desafiar o policiamento alimentar, uma vez que


muitos indivíduos vivem constantemente presos em regras criadas de forma inconsciente,
como se estivessem sempre em total observação. Isso apresenta de forma negativa na mente
e no corpo ao não seguir uma dieta, ou ser lembrado por pessoas próximas ou profissionais
da saúde, podendo causar uma imensa frustração, portanto, o paciente deve buscar conhecer
suas necessidades e atendê-las sem julgamentos. (6)

No quinto princípio percebe-se a saciedade, a partir dos sinais demonstrados pelo


corpo, avaliando se a fome foi saciada de forma adequada ou se ela permanece. Para que
evite qualquer julgamento durante sua refeição e entender plenamente se as necessidades
da fome foram atendidas, gerando então a verdadeira saciedade. (6)

No sexto princípio refere-se a descobrir o fator da satisfação. Para conquistar a


saciedade e não apenas acabar com a fome, mas sim, para sentir-se realmente satisfeito, o
paciente vai entender que por meio da atenção ao alimento e suas sensações, passará a
comer menos vezes, levando em conta que vai estar de fato satisfeito. (6)

No sétimo princípio acontece o enfrentamento das emoções tanto positivas quanto


negativas sem utilizar a comida como mecanismo de fuga. Os alimentos podem causar tanto
prazer quanto frustração, uma vez que uma mudança no estado emocional pode acarretar o
aumento ou a perda significativa do apetite. (6)

No oitavo princípio é incentivado a cultivar o respeito com o corpo. Este vai explorar a
aceitação pessoal sobre seu corpo, na medida em que cada indivíduo é único e não precisa se
modificar para estar dentro dos padrões impostos pela sociedade e a mídia, facilitando a ideia
de que a biodiversidade é importante e não há nada de errado em não possuir o corpo
ensinado como o ideal. (6)

No nono princípio é indicado o exercício físico em busca de sentir a diferença, visto que
é essencial quando usado para o bem-estar e não com o objetivo de perder peso. As atividades
físicas devem gerar prazer e conforto, permitindo que aconteça de forma livre e saudável.
Deve ser feita de forma controlada, nunca buscando a punição como incentivo. (6)

No décimo princípio é proposto honrar a saúde, devido ao fato do bem-estar


consistir não apenas no físico, assim como no emocional e social. Compreender suas
necessidades e seu paladar contribui para que a refeição seja feita com aceitação, conforto e
sem julgamentos. Deve-se considerar então que o bem-estar somente existe quando a mente
aceita que a refeição não é algo para se policiar ou sentir culpa, mas sentir-se
verdadeiramente bem. (6)

2 MÉTODO
Foi realizada uma revisão da literatura com abordagem descritiva de cunho qualitativo
e quantitativo a respeito do impacto da nutrição comportamental relacionado com a
obesidade. As informações foram coletadas a partir da base de dados eletrônicos do Scielo,
PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde e Google Acadêmico, utilizando as seguintes
palavraschave: obesidade, mindful eating, comer intuitivo, fome fisiológica e fome emocional,
transtorno de compulsão alimentar periódica e hábitos alimentares. Foram encontrados
1.330 artigos a partir do ano de 2014 dos quais 70 artigos foram analisados e 23 selecionados.
Também foram utilizados livros e relatórios públicos do Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional.

Foram utilizados os seguintes critérios para a inclusão: estudos originais, artigos que
incluem a faixa etária de 10 a 19 anos, pesquisas que foram publicadas a partir do ano de 2014
com idiomas em português, inglês e espanhol. Foram excluídos artigos que não haviam
possibilidade de acesso, em idiomas distintos citados nos critérios de inclusão e precedente
ao ano de 2014.

3 RESULTADOS

Referência Local de Publicação Objetivos

Artigos de obesidade

Santos et al. (2018) Saber Digital, Revista Conhecer o perfil


Perfil nutricional de Eletrônica do CESVA nutricional de
estudantes de uma estudantes
escola estadual adolescentes no
municipalizada de município de Paty do
Paty do Alferes: um Alferes.
estudo
epidemiológico
Prevalência de Nascimento et al. Electronic Journal
préobesidade, (2019) Collection Health Investigar em
obesidade e práticas escolares a
saudáveis e não prevalência de
saudáveis associadas préobesidade,
obesidade e práticas
saudáveis e não
saudáveis
associadas.

Prevalência de Rodrigues et al. Brazilian Journal of Avaliar a prevalência


sobrepeso e (2020) health Review de

obesidade em
adolescentes de
escolas públicas sobrepeso e
Municipais em obesidade em alunos
Campina do 5° ao 9° ano do
Grande - PB Ensino Fundamental,
com idade entre 10 a
16 anos de escolas
públicas municipais
da cidade de
Campina Grande
-PB.

ERICA: prevalências Bloch et al. (2016) RSP- Revista de


de hipertensão Saúde Pública
arterial e Estimar as
obesidade em prevalências de
adolescentes hipertensão arterial e
brasileiros obesidade e a fração
atribuível
populacional de
hipertensão arterial
devida à obesidade
em adolescentes
brasileiros.
Transtorno de Bolognese et al. Psicologia, saúde e
compulsão alimentar (2018) doenças
periódica: fatores Analisar a
associados em prevalência de
transtorno de
adolescentes
compulsão
sobrepesados e alimentar periódica
obesos (TCAP) em
adolescentes que
buscam um
programa
multiprofissional de
tratamento da
obesidade e os
fatores associados a
esse transtorno.
Quadro 1 - Artigos de obesidade.

Artigos de N.C. Referência Local de Publicação Objetivos

Bean et al. (2018) HHS Public Access Examinar os


Impacto da entrevista resultados do MI
motivacional nos Values, uma
resultados de um intervenção de
tratamento de entrevista
obesidade motivacional (MI)
adolescente: implementada como
resultados do estudo
adjuvante ao
piloto controlado
tratamento da
randomizado MI
Values obesidade.
Intervenção Filgueiras e Sawaya Revista Paulista de Testar uma
multidisciplinar e (2018) Pediatria intervenção
motivacional para multidisciplinar e
tratamento de motivacional para o
adolescentes obesos tratamento de
brasileiros de baixa adolescentes obesos
brasileiros e de baixa
renda: estudo piloto
renda (escore Z>2
IMC-para-idade) que
utilizou o
aconselhamento
nutricional sem
controle dietético.

Mindfulness como Machado et al. HU Revista


estratégia para o (2018) Avaliar a prática
tratamento da mindfulness em
crianças e
obesidade infantil
adolescentes. Avaliar
sua aplicabilidade
aos pais no
tratamento da
obesidade infantil.

Quadro 2 - Artigos de nutrição comportamental.

4 DISCUSSÃO
Sabe-se que a obesidade é um dos graves problemas da atualidade, na fase da
adolescência é um período que requer uma atenção maior devido às suas diversas alterações
nos hábitos alimentares, psico-sociais e fatores hormonais que podem modificar o estilo de
vida do indivíduo.

Um estudo realizado em uma escola municipalizada do interior do Rio de Janeiro, onde


participaram 82 adolescentes sendo 37 do sexo masculino e 45 do sexo feminino demonstrou
um percentual de 40% dos alunos com sobrepeso e 1% com obesidade grave, através do
método Percentil e Escore z (13). Em um outro estudo conduzido com 255 adolescentes em
alunos de áreas urbanas e rurais mostrou uma prevalência de 41% dos adolescentes (51
alunos) com prevalência de sobrepeso ou obesidade, entretanto a maioria dos alunos com
excesso de peso realizava alguma atividade física (36 alunos), levantando a suspeita de que a
justificativa para o excesso de peso esteja nos maus hábitos alimentares e fatores genéticos e
psico-sociais (14).

Em um outro estudo por sua vez, mais recente e com um percentual maior de
adolescentes publicado em 2020, feito com 574 alunos, entre eles 294 (50,2%) do sexo
feminino e 280 (48,8%) do sexo masculino, trouxe um resultado de 79 alunos com sobrepeso
e 45 classificados com obesidade, totalizando 124 alunos (21,6%). Notou-se que a maior parte
dos adolescentes com sobrepeso foi do sexo feminino e com obesidade houve uma
predominância do sexo masculino, o método usado para as classificações dos adolescentes
foi o programa WHO AnthroPlus versão 1.4.

Apesar dos estudos em questão mostrarem uma prevalência dos indivíduos eutróficos,
o número de adolescentes com sobrepeso e obesidade chamam atenção, visto que apesar de
serem jovens, as condições de saúde no futuro poderão ser prejudicadas pelo seu estilo de
vida habitual, considerando outras questões relacionadas ao aumento do peso nessa fase da
vida como o ambiente familiar, sedentarismo, o relacionamento com a comida, sintomas
como ansiedade e depressão e fatores genéticos. Sendo necessário uma possível intervenção
nutricional para o acompanhamento adequado e melhora da saúde (15).

Em uma análise realizada em todas as regiões do brasil, avaliou-se cerca de 73.399


adolescentes do sexo masculino e feminino, verificou a predominância de 17,1% com
sobrepeso e 8,4% com obesidade. Essa pesquisa em questão mostrou a correlação com o risco
de hipertensão arterial, entretanto adolescentes com IMC elevado permanecem até a fase
adulta. Esses indivíduos tendem a desenvolver não só a hipertensão arterial, como outras
doenças cardiovasculares, favorecendo uma vida com menos qualidade (16).

Foi realizado um estudo descritivo transversal com 140 adolescentes de ambos os sexos,
na faixa etária entre 10 e 18 anos, com o objetivo de avaliar a prevalência de transtorno de
compulsão alimentar periódica (TCAP) em indivíduos que ingressaram em um Programa
Multiprofissional de Tratamento da Obesidade (PMTO). Observou-se que o TCAP estava
presente em 34,3% da amostra total, no entanto foi mais presente no sexo feminino (44,1%)
do que no masculino (14,9%), devido à busca pelo corpo ideal. (17)

Como alternativa no tratamento da obesidade, os estudos relacionados com Nutrição


Comportamental mostraram-se promissores. A Nutrição Comportamental possui uma
abordagem diferente relacionando não só a ingestão de energia e nutrientes, como também
os aspectos emocionais e sociais da alimentação.

Uma análise foi realizada em um centro médico acadêmico sobre o impacto da


entrevista motivacional nos resultados do tratamento de obesidade com 99 adolescentes de
11 a 18 anos no período de 3 a 6 meses a partir de avaliações basais de antropometria,
ingestão alimentar e atividade física. Para participar deste estudo foram incluídos parâmetros
de adolescentes com: IMC ≥ 85º percentil para idade e sexo, nenhuma etiologia secundária
subjacente de obesidade e um responsável/cuidador. (18)

Os participantes foram divididos em dois grupos, sendo eles um grupo controle e outro
grupo TEENS. O grupo teens participou de sessões com conteúdos abordados da entrevista
motivacional e o grupo controle acessava conteúdos de atividade nutricional e atividade física
por meio de vídeos.(18)

No grupo TEENS os profissionais seguiram roteiro para cada sessão com os conceitos da
entrevista motivacional a fim de promover mudanças determinadas pelo participante,
destacando como o envolvimento no grupo é consistente com os objetivos e valores para
construir uma autoeficácia.(18)

Na primeira sessão os adolescentes tiveram que eleger 5 valores com relação ao seu
comportamento e controle de peso para estabelecer uma determinação interna de mudança.
Na segunda sessão os profissionais exploraram o progresso dos indivíduos, reexaminaram os
valores expostos da primeira sessão, elaboraram estratégias e os motivos dos participantes
para mudar e expressar confiança nas habilidades para alcançar seus objetivos. O grupo
controle se manteve assistindo vídeos de 30 minutos sendo supervisionados por profissionais
do estudo e mantiveram os mesmos intervalos das sessões da entrevista motivacional para
entrega de resultados. (18)
Os participantes envolvidos neste estudo obtiveram reduções no escore z do IMC e na
ingestão da energia, aumentaram as horas de atividade física moderada e intensa durante
três meses e permaneceram até o sexto mês. Após os seis meses, os participantes da
entrevista motivacional relataram reduções significativas na ingestão calórica em comparação
ao grupo de controle. (18)

O estudo realizado sobre intervenção multidisciplinar e motivacional para o tratamento


de adolescentes obesos brasileiros de baixa renda do município de São Paulo, abrangeu a
realização periódica de oficinas de educação nutricional, aconselhamento nutricional
individual com auxílio do modelo transteórico de mudança do comportamento, prática de
exercícios físicos, aconselhamento psicológico, atividades recreativas e acompanhamento
clínico, durante 13 meses com 21 adolescentes de ambos os sexos (11 a 17 anos), sendo 12
meninas e 9 meninos.(19)

Os adolescentes foram submetidos a uma triagem incluindo hemograma e dosagem de


TSH, T4 livre e T3 livre, exame de urina tipo 1 e exame parasitológico com a finalidade de
checar o estado geral de saúde dos participantes. Após uma avaliação clínica, os indivíduos
que apresentaram anemia ou infecção foram devidamente tratados e incluídos no protocolo,
os que apresentaram outras alterações foram excluídos de modo que não interferissem na
evolução nutricional dos adolescentes durante a pesquisa.

A intervenção nutricional não foi feita a partir do controle de ingestão de alimentos ou


energia, ou dos resultados obtidos através dos inquéritos alimentares individuais, e sim pela
utilização dos estágios de mudança do comportamento alimentar do Modelo Transteórico
(MTT), com o objetivo de orientar a motivação e o desenvolvimento de metas para modificar
o comportamento alimentar. A orientação nutricional baseada nos 5 pilares
(précontemplação, contemplação, preparação, ação e manutenção) foi dividida em três
metas (fácil, média e difícil) para serem assistidas e modificadas, durante a primeira
consulta após 6 meses e ao final dos 13 meses de acompanhamento.
Neste estudo ocorreram oficinas de educação nutricional, educação física e psicologia
sendo organizadas em dois horários (manhã e tarde) com duração de 2 a 3 horas e estimavam
com a participação de 10 a 11 participantes. A educação nutricional abordou os seguintes
temas: frutas da época; obesidade e metabolismo; autoconhecimento e autoimagem;
percepção da fome e saciedade; planejamento e metas; dez passos para alimentação
saudável; comer durante as festas e férias; alimentos industrializados; e prática de atividade
física.

Foi utilizado o software AnthroPlus-2007, V.1.0.4 (OMS, Genebra, Suíça - disponível em


http://www.who.int/growthref/tools/en/) para avaliar o Estado Nutricional. O programa
fornece o escore Z para Índice de Massa Corpórea (IMC) e o escore Z de altura para idade.

O estudo mostrou redução do escore z de IMC para idade (-0,40) e na gordura visceral
(-0,89 cm), assim como também uma diminuição na porcentagem de gordura corporal (4%),
além do ganho de massa magra (3%). A técnica utilizada neste estudo forneceu evidências de
que o modelo transteórico juntamente com uma intervenção multidisciplinar pode ser
eficiente para mudar hábitos de vida assim como uma melhora do perfil antropométrico e da
composição corporal.

Foi realizado um estudo sobre mindfulness como estratégia para o tratamento da


obesidade na infância e na adolescência com 28 jovens obesos atendidos no ambulatório de
Endocrinologia Pediátrica do HU-UFJ no período de junho de 2016 a junho de 2018. Os
pacientes foram consultados por um médico de forma individual pelo menos uma vez e foi
recomendado atendimento em grupo operativo com cinco sessões mensais. Foram realizadas
avaliações antropométricas dos participantes em cada uma das sessões. Os indivíduos foram
divididos em três grupos em momentos diferentes conforme a data de início do atendimento,
no entanto, foram realizadas as mesmas atividades (20).

As cinco sessões ocorreram de forma dinâmica entre os pacientes e seus responsáveis,


ao final de cada prática foram elaboradas atividades domiciliares através do Week Plan-WP
com uma linguagem simplificada para fácil entendimento. O WP abordava temas relacionados
à percepção dos sentidos, ambientes ou das sensações do participante, com o intuito de
observar a sua respiração, os ruídos da sala de alimentação ou a necessidade de se alimentar.
Os pacientes também recebiam áudios das técnicas do mindfulness para relaxamento em
casa.
Foi proposto a técnica mindfulness na primeira sessão por 3 minutos com o intuito de
relaxar e prestar atenção na sua respiração de forma que estivessem atentos ao momento
presente. Após o final da prática, foram discutidas a responsabilidade do que se oferece e
manutenção dos alimentos saudáveis. Na segunda sessão o tempo da técnica foi aumentado
para 5 minutos a fim de promover concentração na respiração e nas sensações envolvidas.
Ocorreu uma atividade prática para preparação de lanches saudáveis, onde os participantes
foram incentivados a degustar alimentos diferentes ou alimentos preparados de formas
diferentes.

Durante a terceira sessão a técnica utilizada de forma lúdica teve destaque para
respiração seguida da importância da mastigação de maneira mais lenta. Na quarta sessão
ocorreu novamente a prática do mindfulness, dessa vez com o objetivo de como se comportar
em eventos sociais a partir de orientações fornecidas pelos responsáveis. Na quinta e última
sessão reforçou-se as atividades apresentadas. A cada encontro foi observado a mudança dos
hábitos alimentares, a aproximação familiar e o apoio durante o processo.

Os autores relataram que devido à baixa adesão da técnica em casa, o curto tempo de
seguimento e dificuldade na mudança de hábitos, o estudo não mostrou impacto expressivo
na redução do peso dos pacientes avaliados. No entanto, ocorreu uma melhora nos hábitos
alimentares e comportamento familiar aumentando o seu vínculo, podendo levar em longo
prazo a redução do peso.

5 CONCLUSÃO
A partir dos estudos apresentados, é possível observar que ao longo dos anos a
obesidade em adolescentes expressou um aumento significativo. Segundo os artigos, esse
crescimento pode estar relacionado com os fatores psico-sociais, hábitos alimentares,
inatividade física e no relacionamento com a comida. Sabe-se que a obesidade é um fator de
risco para doenças crônicas não transmissíveis e o seu não tratamento pode ocasionar danos
permanentes na saúde, podendo prevalecer na fase adulta. Os pilares da Nutrição
Comportamental mostraram-se eficazes no manejo da obesidade. A Entrevista Motivacional
e o Modelo Transteórico apresentaram redução do escore Z do IMC, o Mindfulness não
demonstrou diminuição relevante do IMC porém houve avanços psico-sociais dos
participantes envolvidos.

Em síntese, ocorreram dificuldades para encontrar trabalhos recentes envolvendo


Nutrição Comportamental e obesidade em adolescentes. Não foram encontrados estudos
sobre comer intuitivo e fome emocional em jovens. Portanto, torna-se necessário mais
estudos quantitativos relacionando os benefícios da Nutrição Comportamental para o
tratamento da obesidade em adolescentes.

REFERÊNCIAS

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